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FACULDADE ESTÁCIO DE TERESINA COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA: NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA PROFESSORA: ME. LILIA MONTEIRO PERÍODO: 2020.02 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMPONENTES GRUPO 4: KAIO RAVÍ COSTA ARAUJO KEVYN ROOBYSON RIBEIRO LOPES LAILHA QUEMIR PEREIRA DA COSTA LARYSSA RACKEL DOS SANTOS DA SILVA LEYCE MARIA DE SOUSA CAMPOS LUCAS OLIVEIRA RAMOS MARCELLO GABRIEL SOUSA DE ARAUJO TERESINA - PI 2020 Educação em Saúde: O que é, qual a sua importância e quais são os objetivos? O Ministério da Saúde define educação em saúde como: Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população [...]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. Sendo assim, é um processo que envolve a capacitação de pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, estimulando-os a agir conscientemente diante de cada ação do cotidiano, criando um espaço para o aprimoramento de novos conhecimentos e práticas. A educação em saúde serve para estimular a prevenção de doenças, para a promoção da saúde e o engajamento da população, e sua participação, em assuntos relacionados à saúde e qualidade de vida, através de ações educativas. É a busca da melhoria da qualidade de vida e de saúde das pessoas. Por isso, quando falamos em Educação em Saúde precisamos pensar em um conceito mais amplo, que vá além do não-adoecer e englobe aspectos físico e mental, ambiental, social, pessoal e emocional. As práticas de educação em saúde As práticas de educação em saúde envolvem três segmentos de atores prioritários: os profissionais de saúde que valorizem a prevenção e a promoção tanto quanto as práticas curativas; os gestores que apoiem esses profissionais; e a população que necessita construir seus conhecimentos e aumentar sua autonomia nos cuidados, individual e coletivamente. Embora a definição do MS apresente elementos que pressupõem essa interação entre os três segmentos das estratégias utilizadas para o desenvolvimento desse processo, ainda existe grande distância entre retórica e prática. A educação em saúde como processo político pedagógico requer o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo à sua autonomia e emancipação como sujeito histórico e social, capaz de propor e opinar nas decisões de saúde para cuidar de si, de sua família e de sua coletividade. A temática deve envolver a compreensão de projetos de sociedades e visões de mundo que se atualizam nas formas de conceber e organizar os discursos e as práticas educativas no campo da saúde. As práticas de educação em saúde são inerentes ao trabalho em saúde, mas muitas vezes estão relegadas a um segundo plano no planejamento e organização dos serviços, na execução das ações de cuidado e na própria gestão. A educação em saúde, então, é prática privilegiada no campo das ciências da saúde, em especial da saúde coletiva, uma vez que pode ser considerada no âmbito de práticas onde se realizam ações em diferentes organizações e instituições por diversos agentes dentro e fora do espaço convencionalmente reconhecido como setor saúde. A educação popular em saúde continua sendo hoje um desafio aos gestores e profissionais na busca por práticas integrais, mais voltadas às reais necessidades das populações e considerando, como suporte para essas práticas, tanto processos de informação e comunicação como de participação popular e participação social. Para promover a educação em saúde, também é necessário que ocorra a educação voltada para os profissionais de saúde, e se fala, então, em educação na saúde. Educação na saúde e os cenários de atuação dos profissionais da saúde Educação na saúde, de acordo com o glossário eletrônico da BVS, consiste na produção e sistematização de conhecimentos relativos à formação e ao desenvolvimento para a atuação em saúde, envolvendo práticas de ensino, diretrizes didáticas e orientação curricular. Os cenários de atuação dos profissionais da saúde são os mais diversos e com o rápido e constante desenvolvimento de novas tecnologias. Além de exigências diárias envolvendo inteligência emocional e relações interpessoais se faz necessário que haja algo para além da graduação, que possa tornar os profissionais sempre aptos a atuarem de maneira a garantir a integralidade do cuidado, a segurança deles próprios como trabalhadores e dos usuários e a resolubilidade do sistema. Nesse processo de múltiplas determinações e relações torna-se fundamental o papel das instituições de serviço para o desenvolvimento das capacidades dos profissionais, de maneira a contribuir para essa formação. Nesse contexto o traço original da educação deste século é a colocação do indivíduo nos contextos social, político e ético-ideológico. A educação no século XX tornou-se permanente e social e as ideias universalmente difundidas entre elas é a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e ela não é neutra, mas engajada. Educação Continuada e Educação Permanente Há duas modalidades de educação no trabalho em saúde: a educação continuada e a educação permanente. A educação continuada envolve as atividades de ensino após a graduação, possui duração definida e utiliza metodologia tradicional, tais como as pós-graduações, enquanto a educação permanente estrutura-se a partir de dois elementos: as necessidades do processo de trabalho e o processo crítico como inclusivo ao trabalho. Para o Glossário eletrônico da BVS, educação continuada, consiste no processo de aquisição sequencial e acumulativa de informações técnico- científicas pelo trabalhador, por meio de escolarização formal, de vivências, de experiências laborais e de participação no âmbito institucional ou fora dele. A educação continuada caracteriza-se por alternativas educacionais mais centradas no desenvolvimento de grupos profissionais, seja por meio de cursos de caráter seriado, seja por meio de publicações específicas em determinado campo. Já a educação permanente consiste em ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde e que tenham como objetivo a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, a reorganização da gestão setorial e a ampliação dos laços da formação com o exercício do controle social em saúde. O desafio da educação permanente é estimular o desenvolvimento da consciência nos profissionais sobre o seu contexto, pela sua responsabilidade em seu processo permanente de capacitação. Assim, é necessário que os serviços de saúde revejam os métodos utilizados em educação permanente, de forma que esta seja um processo participativo para todos. Ela tem como cenário o próprio espaço de trabalho, no qual o pensar e o fazer são insumos fundamentais do aprender e do trabalhar. Essa seria uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural. Educação em saúde na Atenção Básica A educação em saúde é um dos principais dispositivos para viabilizar a promoção da saúde na atenção básica no Brasil. O reconhecimento de que a saúde tem um caráter multidimensional e de que o usuário é um sujeito ativo da educação em busca de autonomia em seu cuidado são condições essenciais à prática neste âmbito da atenção. Nesse sentido, estratégias de educação em saúde se constituem como uma importante ferramenta a ser adotada pelos profissionais de saúde com vistas ao atendimento integral do indivíduo. A educação em saúdedeve constituir parte essencial na promoção da saúde, na prevenção de doenças, como também contribuir para o tratamento precoce e eficaz das doenças, minimizando o sofrimento e a incapacidade. A ação educativa na atenção básica estabelece-se a partir de programas determinados verticalmente, ou ligada às ações de promoção da saúde e prevenção da doença junto à comunidade, indivíduos ou grupos sociais, permeando densamente as atividades que os profissionais da saúde realizam no âmbito das unidades, no domicílio, em outras instituições e nos espaços comunitários. O trabalho de grupos em atenção básica é uma alternativa para as práticas assistenciais. Estes espaços favorecem o aprimoramento de todos os envolvidos, não apenas no aspecto pessoal como também no profissional, por meio da valorização de diversos saberes e da possibilidade de intervir criativamente no processo da saúde-doença de cada pessoa. A Estratégia Saúde da Família (ESF) serve como mecanismo de reorientação do modelo assistencial, à medida que proporciona ruptura com práticas tradicionais e hegemônicas de saúde que se mostram não resolutivas. Tal reorientação só é possível graças à adoção de tecnologias de trabalho pensadas como estratégias criativas e inovadoras. No contexto da atenção básica no Brasil, o trabalho com grupos é uma atribuição da equipe no Programa da Saúde da Família. Estudos sobre o trabalho na atenção básica refletem a diversidade das práticas desenvolvidas com grupos compostos por clientes oriundos dos programas implantados segundo as diretrizes nacionais, isto é, crianças, gestantes e portadores de doenças crônico degenerativas. Os grupos de educação em saúde se constituem em uma prática de saúde fundamentada no trabalho coletivo, na interação e no diálogo entre os seus participantes, além disso, seu caráter educativo é exercido bilateralmente, ou seja, aquele que educa é, também, o que aprende por meio de uma relação dialógica entre diferentes saberes o que caracteriza um processo mútuo, democrático e solidário. Educação em saúde e a Nutrição Os profissionais cujo trabalho tem relação com a promoção da saúde, prevenção de doenças ou recuperação da saúde devem conhecer o processo nutricional como fenômeno fisiológico, influenciado diretamente por condições ambientais, sociais e psicológicas. Neste sentido, a educação nutricional surge como área emergente para contornar os problemas nutricionais da população, desde que proferida e executada por um profissional com formação em nutrição humana, posto que somente assim, minimizar-se-ia o risco da difusão de conhecimentos equivocados baseados em senso comum ou formação precária e ineficiente em nutrição. A difusão da noção de promoção de práticas alimentares saudáveis vem sendo observada nas mais diversas ações políticas e estratégias relacionadas com alimentação e nutrição. Neste sentido, pode-se afirmar que essa noção é resultante do cruzamento entre o conceito de promoção da segurança alimentar e o da promoção da saúde. O contexto desafiador da educação nutricional exige o desenvolvimento de abordagens educativas que permitam abraçar os problemas alimentares em sua complexidade, tanto na dimensão biológica, como na social e cultural. Para isso, o setor de saúde deverá assumir a alimentação como o resultado das múltiplas relações entre o biológico e o sócio-cultural. Deste modo, seu papel- chave nessa abordagem interativa deve tomar como premissa o processo de aprendizagem constante e dinâmico, por meio da rede de serviços e programas, contribuindo para a formação da opinião confiável e segura para a população sobre os princípios e recomendações da alimentação saudável. Sendo assim, será necessário superar o paradigma de considerar o espaço da doença e assumir seu papel de agente de promoção da saúde, atuando com o indivíduo em toda a plenitude de seu ciclo de vida e não somente com a doença que ele apresenta. Por esta razão, atualmente, a educação nutricional deve agregar os conhecimentos do campo da antropologia da alimentação e os fundamentos teóricos do campo da educação, para que esteja inserida em um contexto político-social de promoção à saúde e qualidade de vida. Considerações Finais É possível perceber, voltando o olhar para o cenário atual, que há necessidade de complementação do atual modelo de atenção assistencialista, centrado na doença, excessivamente especializado e ainda prioritariamente hospitalar, por um modelo integral, que priorize a promoção da saúde e a prevenção de agravos, e que utilize a educação em saúde de forma participativa e dialógica. Contudo, alterações no processo de formação profissional e reflexão sobre suas práticas podem auxiliar nessa mudança de paradigma. É importante, então, a utilização de metodologias de ensino- aprendizagem participativas e dialógicas, tais como as utilizadas nas ações de educação popular em saúde, inseridas nos currículos de educação continuada e nas ações de educação permanente em saúde, visando uma formação profissional em saúde mais adequada às necessidades de saúde individuais e coletivas, na perspectiva da equidade e da integralidade. Na educação em saúde deve ser enfatizada a educação popular em saúde, que valoriza os saberes, o conhecimento prévio da população e não somente o conhecimento científico. Na educação na saúde deve ser enfatizada a educação permanente em saúde, de maneira a buscar nas lacunas de conhecimento dos profissionais, ações direcionadas a qualificação dos processos de trabalho em saúde considerando as especificidades locais e as necessidades do trabalho real. REFERÊNCIAS 1. FALKENBERG, Mirian Benites et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 847-852, Mar. 2014. Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232014000300847&lng=en&nrm=iso. Access on 21 Sept. 2020. 2. Sesc. O que é Educação em Saúde. Disponível em: https://www.sesc.com.br/portal/saude/educacao+em+saude/o+que+e/. Acesso em: 20/09/2020. 3. Instituto Lado a Lado pela Vida. Educação e Saúde. Disponível em: https://www.ladoaladopelavida.org.br/o-que-fazemos-educacao-e- saude#:~:text=Educa%C3%A7%C3%A3o%20em%20Sa%C3%BAde%20%C3 %A9%20um,de%20novos%20conhecimentos%20e%20pr%C3%A1ticas. Acesso em: 20/09/2020. 4. BRAGA, Érica Patrícia Pereira de Castro. A importância dos grupos de educação em saúde na atenção básica/Estratégia Saúde da Família. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva. Brumadinho, 2013. 26f. Monografia (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família). Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/A_importancia_dos_gr upos_de_educacao_em_saude_na_atencao_basica_Estrategia_Saude_da_Fa milia_/461. Acesso em: 20/09/2020. 5. VASCONCELOS, M.I.O. et al. Revista de APS. EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE DAS AÇÕES COM HIPERTENSOS. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/view/15943. Acesso em: 20/09/2020. 6. BRANDÃO, A. F. et al. EDUCAÇÃO EM SAÚDE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL. Disponível em: http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/1546/educacaoemsaude.pdf?seque nce=1. Acesso em: 20/09/2020.
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