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conceito direitos humanos

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20/08/2019 AVA UNINOVE
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“Assim, temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva
reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração
por parte do Estado e da comunidade, implicando, nesse sentido, um complexo de direitos
e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais
mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e
corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais
seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da
vida”.
Conceito de Direitos Humanos
DEFINIR DIREITOS HUMANOS E APRESENTAR AS TEORIAS FILOSÓFICAS ACERCA DA FUNDAMENTAÇÃO
DOS DIREITOS HUMANOS
AUTOR(A): PROF. LUIZ ROBERTO CARBONI SOUZA
I - Direitos Humanos: O que é isso?
Peres Luño define direitos humanos como “um conjunto de faculdades e definições que, em cada momento
histórico, concretizam as exigências da dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser
reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional” (RAMOS,
2014, p. 34).
André de Carvalho Ramos, simplificando o conceito do jurista espanhol Peres Luño, define direitos
humanos como “um conjunto mínimo de direitos necessário para assegurar uma vida do ser humano
baseada na liberdade, igualdade e na dignidade” (RAMOS, 2014, p. 34).
Destes conceitos, podemos extrair algumas conclusões:
Em primeiro lugar, direitos humanos não estão personificados em uma única pessoa, ou grupo de pessoas,
sejam elas ligadas ao Estado, ao governo ou particulares. Os direitos humanos não possuem (e não
deveriam ser assim tratados) um viés ideológico, seja ele político, ou partidário. Os direitos humanos são
“faculdades e definições”, “um conjunto mínimo de direitos”. Estamos a tratar, portanto, de direitos, com a
finalidade de assegurar a liberdade, a igualdade e a dignidade do ser humano.
Dignidade Humana
Ingo Sarlet define dignidade humana da seguinte forma:
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SARLET, 2011, P. 73
“são apreendidos pelos sentimentos morais. Assim, juízo valorativo da superioridade dos
direitos humanos sobre todo o ordenamento jurídico não pode ser justificado ou
fundamentado, pois é juízo de persuasão, tradução de emoção daquele que defende tal
posição”.
(RAMOS, 2014, P. 46)
Essa qualidade intrínseca do ser humano, chamada dignidade, faz com que todo homem seja merecedor de
respeito e consideração (pelo simples fato de ser um ser humano!) por parte do Estado e da coletividade (o
que implica em dizer que, ele também deve respeitar a dignidade dos demais membros desta coletividade).
Essa dignidade implica, ainda, na existência de um complexo de direitos e obrigações que tem dupla
finalidade: a) afastar qualquer ato desumano ou degradante – defesa; b) garantir condições mínimas de vida
saudável compatível com a natureza humana – exigência.
II - Fundamentação dos Direitos Humanos
Conforme assinala André de Carvalho Ramos, fundamentação dos direitos humanos deve ser compreendida
como “as razões que legitimam e motivam o reconhecimento dos direitos humanos” (RAMOS, 2014, p. 45).
Várias teorias apresentam uma fundamentação filosófica para os direitos humanos:
II.1 - Teoria Negacionista
Os adeptos desta teoria negam a possibilidade de os direitos humanos possuírem uma fundamentação
racional. Para os negacionistas os direitos humanos existem a partir de juízos de valor, de opções morais de
cada um, situação que não pode ser comprovada ou justificada cientificamente. Resulta de uma opção,
convicção pessoal de cada um.
Conforme ensina André de Carvalho Ramos, para os negacionistas, os direitos humanos
 
II.2 - Teoria Jusnaturalista
Para esta teoria os direitos humanos estão fundados no Direito Natural, pré-existente e superior ao direito
estatal.
Num primeiro momento o jusnaturalismo era fundado na religiosidade. A existência de uma lei divida que
se sobrepunha à lei dos homens.
No entanto, conforme nos ensina Ingo Sarlet, em razão do iluminismo, o jusnaturalismo desvinculou-se da
religiosidade, passando a ter como fundamento a razão humana:
 
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“a partir do século XVI, mas precisamente nos séculos XVII e XVIII, a doutrina
jusnaturalista, de modo especial por meio das teorias contratualistas, chega ao seu ponto
culminante de desenvolvimento. Paralelamente, ocorre um processo de laicização do
direito natural, que atinge seu apogeu no iluminismo, de inspiração jusracionalista”. .
SARLET, 2012, P. 39
Para a escola positivista, o fundamento dos direitos humanos consiste na existência de lei
positiva, cujo pressuposto de validade está em sua edição conforme regras estabelecidas
na Constituição. Assim, os direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal.
Ora, a justificação dos direitos humanos está na vontade da lei e a vontade da lei é que
fundamenta a preservação dos direitos humanos. Tal evidente tautologia enfraquece a
proteção dos direitos humanos, quando a lei for omissa ou mesmo contrária à dignidade
da pessoa humana.
RAMOS, 2014, P. 50
O Jusnaturalismo deslocou-se da religiosidade para a razão humana. Certos pensadores, como John Locke,
Jean-Jaques Rousseau, Cesare Becaria, Kant, dentre outros, foram fundamentais para dar um novo contorno
ao jusnaturalismo, fundado na razão humana.
Para a corrente jusnaturalista, portanto, a positivação de direitos humanos assume nítida natureza
declaratória. O Estado não cria direitos, apenas os declara, reconhece e os aprova formalmente.
II.3 - Teoria Positivista
Para os positivistas um preceito só pode ser considerado jurídico se estiver presente o caráter coercitivo,
que é inerente de uma norma posta pelo Estado. O direito natural, portanto, não passaria de meras
expectativas de condutas, de boas intenções, desprovidas de normatividade.
Conforme assinala André de Carvalho Ramos:
Para o positivismo, portanto, qualquer produção legislativa do estado consagrando direitos humanos,
tem natureza constitutiva, e não declaratória, pois é a lei que cria o direito.
II.4 - Teoria Realista
As teorias já apresentadas, André Ramos Tavares apresenta, a inda a Teoria Realista, acerca da
fundamentação dos Direitos Humanos:
 
A positivação não é considerada para a teoria realista um ponto final de um processo de consagração dos
direitos humanos, mas um ponto inicial. A positivação, portanto, é um pressuposto, uma condição para a
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“... este grupo é formado pelos que não outorgam ao processo de positivação um
significado declaratório de direitos anteriores (tese jusnaturalista), ou constitutivo (tese
positivista), mas entendem que tal processo pressupõe um elemento diverso, que deve ser
considerado para o efetivo e real desfrute desses direitos”.
TAVARES, 2010, P. 485
“... enquanto o jusnaturalismo situa o problema da positivação dos direitos humanos no
plano filosófico e o positivismo no jurídico, para o realismo se insere no terreno político,
ainda que também, como se verificou, outorgue uma importância decisiva às garantias
jurídico-processuais de tais direitos”.
TAVARES, 2010, P.486
real e efetiva consagração dos direitos humanos, possibilitando o seu real gozo.
Conforme assinala ainda André Ramos Tavares, citando Perez Luño:
ATIVIDADE
A respeito da fundamentação dos direitos humanos, é possível afirmar:
A. Para a teoria Realista, a positivação dos direitos humanos não possui
natureza declaratória ou constitutiva. Representa o ponto de partida
para um processo de concretização dos direitos do homem.
B. Para os jusnaturalistas, os direitoshumanos são temporais, inerentes a
qualidade de homem e seus titulares.
C. Para os positivistas, a ação estatal positivando um direito humano, tem
natureza declaratória.
D. Para os jusnaturalistas, a positivação dos direitos humanos pelo Estado
tem natureza constitutiva.
REFERÊNCIA
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 9ª ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 1992.
RAMOS. André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 4ª ed. , São Paulo:
Saraiva, 2014.
________. Curso de Direitos Humanos. 1ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
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SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de
1988. 9ª ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011.
_________. A Eficácia dos Direitos Fundamentais ¿ Uma Teoria Geral dos Direitos Fundamentais na
Perspectiva Constitucional. 11ª ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010.
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