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Introdução ao Direito Civil Antes de iniciarmos o estudo do Direito Civil se faz necessário entendermos alguns conceitos básicos 1. Conceito de Direito Definir o que é direito não é uma tarefa fácil, tendo em vista as inúmeras visões ideológicas que surgiram e surgem, pois o direito não é uma ciência estática no tempo, sempre sofre alterações. Uma das melhores definições é a do Jurista e professor de direito Gustav Radbruch: “O conjunto de normas gerais e positivas, que regulam a vida social.” A partir dessa definição entende-se que para que ocorra o fenômeno do direito é necessário que ocorra a interação social, pois, por exemplo, se existisse somente um homem na terra não haveria a necessidade de existir o direito sobre a propriedade. A vida em sociedade traz consigo a necessidade da criação de regras de conduta, e essas regras de conduta tem por finalidade a harmonia social. E a partir daí surge o direito, tendo por função garantir o cumprimento dessas condutas, a fim de garantir a harmonia entre os indivíduos da sociedade, utilizando o caráter punitivo do estado para chegar nesse objetivo. Nesse sentido encontramos 4 aspectos fundamentais do direito: a) A norma agendi: que seria o conjunto de regras sociais b) A facultas agendi: que disciplinam as obrigações e poderes c) O direito como justo: diferenciando o que é “o meu” do que é “o seu” d) A sanção do direito: Caráter punitivo do estado. 2. Fontes do direito A teoria das fontes do direito, aparece como um instrumento que busca garantir a segurança jurídica acerca do surgimento continuo de normas de conduta, como dito anteriormente, o direito não possui natureza estática. O artigo 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, deixa claro “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”. Dentro de outros dispositivos encontramos outros elementos utilizados como fontes do direito, por exemplo, o que encontramos no art. 8º da Consolidação das Leis do Trabalho, que permite a utilização, na falta de disposições legais, de jurisprudências, da analogia, da equidade, de princípios e normas gerais do direito, e por fim dos costumes. Vale destacar que a legislação é a fonte primária do direito, ou seja, deve-se primeiro consultá-la, existindo omissão na lei é que partimos paras as demais fontes do direito, por isso, as mesmas possuem caráter secundário. 2.1. Legislação A lei é a fonte mais importante em nosso ordenamento jurídico, sendo ela composta dos seguintes elementos: a generalidade (a lei deve ser dirigida a um número indeterminado de indivíduos); a abstração (a lei deve tratar de situações que poderiam ou não acontecer no futuro); a permanência (tem caráter imperativo durante seu tempo de vigência); a existência de sanção (um dos elementos de grande importância, pois dele decorre a obrigação de cumprimento); a edição por meio de autoridade competente (esse aspecto ressalta o aspecto formal da lei, evidenciando a limitação da ação dos agentes estatais); a obrigatoriedade (haja vista que o não reconhecimento da obrigatoriedade seria desmoralizante para a lei); o registro escrito da lei (garante maior estabilidade das relações jurídicas). 2.2. Costume O costume é uso geral, constante e notório, observado socialmente e correspondente a uma necessidade jurídica, ou seja, algo deve ser feito porque sempre o foi, tendo sua veracidade conferida no tempo e no uso continuo das normas. Enxergamos o costume como fonte do direito de duas formas: a primeira, quando o costume disciplina matéria que a lei desconhece, tendo a função de suprir a lei em eventuais omissões (ex.: a lei silencia quanto ao modo pelo qual o arrendatário deve tratar a propriedade arrendada, devemos então analisar os costumes locais); a segunda, quando a própria lei reconhece a eficácia do costume (ex.: a obrigação legal do locatário pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, porém se não houver os ajustes, deverá seguir os costumes locais, art. 569, II, do CC/2002) 2.3. Jurisprudência A jurisprudência surge quando o reconhecimento da obrigação de uma conduta se dá através de tribunais, seria portanto um costume jurídico e aqui já se entende a diferença de costume para jurisprudência, enquanto o costume é uma conduta rotineira da prática popular, nasce espontaneamente, a jurisprudência é fruto da reflexão dos operadores do direito, em litígios submetidos à sua apreciação. 2.4. Doutrina A doutrina é a opinião dos juristas, responsável pela definição de alguns conceitos jurídicos indeterminados, dessa forma permitindo o desenvolvimento de fórmulas interpretativas capazes de conferir uniformidade a termos vagos e ambíguo em nosso ordenamento jurídico (ex.: justa causa, absoluta impossibilidade). 2.5. Analogia Por meio da analogia, o juiz aplicará ao caso concreto a norma jurídica prevista em situação semelhante, desde que haja omissão legal em relação ao caso concreto (o contrato de hospedagem é considerado atípico em nosso sistema, pois não se encontra regulado em nenhuma lei, nesse caso, para resolver demanda, o juiz poderá invocar por analogia as regras dos contratos de deposito, locação de serviços e compra e venda.). 2.6. Princípios gerais do direito São postulados que procuram fundamentar todo o sistema jurídico, não tendo necessariamente uma correspondência positivada equivalente, sendo encontrados e sistematizados por cada disciplina jurídica. 2.7. Equidade O julgamento por equidade é quando o juiz tem a possibilidade, conferida por lei, de julgar conforme seus princípios próprios, trata-se pois da possibilidade de o juiz adequar a letra fria de lei a situação problema, por exemplo, o que encontramos no art. 723 do CPC de 2015, que nos diz que o juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna. 3. Civil law x Common law O sistema jurídico do civil law se apoia na ideia da positivação do direito pela norma legal, nesse sistema, a atuação do operador do direito tem de ser extremamente técnica, entender bem o que está disposto nas leis apesar de também conhecer as outras fontes de direito, é esse sistema aplicado no nosso ordenamento. O sistema do common law baseia-se na grande influência das decisões de juízes e tribunais, ou seja em jurisprudências, sistema este utilizado nos EUA, dentre os traços fundamentais desse sistema encontramos: o efeito vinculativo das decisões (os tribunais inferiores estão obrigados a acatar os entendimentos de tribunais superiores); a importância da decisão judicial por si só (toda decisão relevante de qualquer tribunal é uma argumento forte a ser levado em consideração);construção jurisprudencial da doutrina jurídica (o precedente faz parte das razões para o juiz decidir, sendo premissa para fundamentar a decisão); perpetuidade do precedente (as razões de decidir nunca perdem sua vigência podendo ser invocadas, desse que evidenciada sua utilidade para o caso). 4. Conceito doutrinário O Direito Civil é conceituado como o ramo do direito responsável por regular as relações jurídicas entre os indivíduos, sendo, desta maneira, chamado de direito privado. Importante destacar que mesmo as subdivisões do direito civil que possuem grande influência do estado (Direito do Consumidor, Direito do Trabalho) não deixam de figurar como direito privado, pois vão tratar das relações entre particulares em geral. Aproveitando o gancho, não é por se tratar de direito privado que as leis presentes no sistema do Direito Civil são de caráter individual, citando como exemplo o Direito de Família.
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