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Estudo Dirigido - Direito das Sucessões Discente: LUAN CERQUEIRA BRITO 1- Em que consiste o pacto de corvina? Analise a sua validade no direito brasileiro. O pacto de corvina consiste no acordo que tem como objeto a herança de pessoa viva. Isto é, quando uma pessoa celebra um acordo de vontades e coloca como objeto daquele acordo sua suposta herança, mesmo com o de cujus ainda vivo. Fato é que, o direito brasileiro veda este tipo de acordo, vide o art. 426 do Código Civil: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. Portanto, é nulo o contrato que tenha como objeto ou cláusula a herança, no bem dizer ainda inexistente, de pessoa que ainda não morreu. 2- Defina o Princípio de Saisine e identifique três efeitos. Sendo um dos princípios basilares do Direito Sucessório, o Princípio de Saisine visa garantir a transmissão da herança aos herdeiros necessários e testamentário desde logo a abertura da sucessão, como expresso no art. 1784 do Código Civil: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. Ora, significa dizer que automaticamente, após a abertura da sucessão, a herança será transmitida, tendo os herdeiros o direito de entrar na posse dos bens que constituem. Cabe mencionar, por fim, três efeitos trazidos por este corolário do direito hereditário, quais sejam: - Um dos principais efeitos, já mencionado, seria o fato da morte gerar de imediato a transferência da herança aos herdeiros do de cujos; - Outro efeito é em relação a legitimidade processual desde então adquirida pelos herdeiros. Estes passam a ter legitimidade ad causam na defesa dos bens havidos; - Por fim, outro efeito importante é que, com o falecimento do herdeiro após a abertura da sucessão, transmite-se a posse e propriedade da herança aos seus sucessores mesmo sem manifestação e aceitação; 3- Em que consiste a reserva da legítima, de acordo com o direito sucessório brasileiro? De acordo com o direito brasileiro, a reserva da legítima diz respeito ao percentual de 50% que deve ser resguardado aos herdeiros legítimos necessários, conforme dispõe o art. 1846 do Código Civil: “Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima”. Ademais, cabe salientar que tais herdeiros necessários, conforme expresso no Código Civil, trata-se dos descendentes, ascendentes e cônjuge. Significa dizer que, via de regra, nenhum destes sucessores legítimos necessários podem ser privados de receber a herança do falecido, em que pese o percentual respaldado pela lei. Complementarmente, para cálculo da legítima não se considera apenas o patrimônio puro do autor da herança, mas há que se abater os valores gastos com o funeral, bem como as dívidas pelas quais responde o espólio, além da incidência da meação, caso haja. 4- Como é possível dispor dos bens da herança antes da partilha? Indique os requisitos. O Código Civil dá a possibilidade do herdeiro dispor dos bens da herança antes da partilha através da cessão dos direitos hereditários. Conforme expressa o art. 1793: “O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública”. Isto é, pode o herdeiro ceder o seu direito hereditário a outrem. Tanto de forma gratuita, quando ele cede para os outros condôminos, como também de forma onerosa, a terceiros (cabe mencionar que o direito de preferência será dos outros herdeiros). Logo, do artigo supracitado se tira o primeiro requisito: a cessão deve ser realizada por meio de forma específica, no caso a escritura pública. Isso se justifica porque a herança é considerada um bem imóvel e indivisível, e desta última característica se tira outro requisito para a cessão de direitos hereditários: não pode ser realizada tendo como objeto um bem singular, ou seja, uma coisa determinada, mas sim a herança na sua integridade. Ademais, a cessão só pode ser realizada durante o período que compreende a abertura da sucessão até a partilha dos bens. Outrossim, cabe destacar que, nos casos em que o cedente é casado (exceto no regime de separação absoluta de bens), este dependerá da anuência do seu cônjuge (outorga uxória). Por fim, é valido pontuar que a lei irá considerar ineficaz a disposição por qualquer herdeiro, sem prévia autorização do juiz da sucessão, de bens do acervo hereditário pendente de indivisibilidade. Ou seja, para a cessão exige-se uma prévia autorização do juiz da sucessão. 5- Identifique e explique de forma objetiva três formas de exclusão da herança. No direito sucessório a exclusão da herança pode se dar tanto por indignidade como também por deserdação. O primeiro caso é aplicável a qualquer herdeiro, enquanto o segundo caso somente pode ser aplicado aos herdeiros necessários. Destarte, cabe mencionar que o código civil traz, em seu art. 1814, um rol taxativo de atos que, se praticados, levam o herdeiro a ser considerado indigno. Logo, este herdeiro indigno, por conseguinte, será excluído da herança. Ademais, cabe explicar de forma objetiva as três formas de exclusão da herança presentes no supracitado artigo, quais sejam: I - Quando o herdeiro ou legatário é autor, co-autor ou partícipe de homicídio doloso ou tentativa de homicídio contra o de cujus ou seu ascendente, descendentes, companheiro ou cônjuge. Por exemplo, quando um filho tenta matar a mãe (autora da herança), este será considerado indigno; II - Quando o herdeiro ou legatário for autor de crime contra a honra do de cujus ou de seu cônjuge ou companheiro. Como por exemplo, quando o herdeiro acusa caluniosamente o autor da herança em juízo; III - Por fim, quando o herdeiro ou legatário, por violência ou meio fraudulento inibe ou obsta o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade (testamento, legado ou codicilo). Equivale dizer, nos casos em que o herdeiro de alguma forma tenta manipular a vontade do autor da herança para se beneficiar com a sua morte; 6- Arthur morreu em 2009. À época, tinha dois filhos vivos, Luís e Clara, já que Ana, sua filha mais velha, morreu em 2005. Sabendo que Luís é pai de Júlio e renunciou a herança, bem como que Ana tinha um filho, Paulo, e um cônjuge, Kleber, indique o (s) beneficiário (s) do patrimônio de Arthur e o modo de suceder aplicável. Diante do caso concreto supracitado, cabe ressaltar primeiramente que os beneficiários do patrimônio de Arthur serão Clara e Paulo. De modo que, Clara herdará 50% do patrimônio por direito próprio/por cabeça e Paulo herdará 50% por direito de representação/estirpe. Vejamos: levando em consideração que Luís renunciou a herança, por óbvio ele não irá herdar e muito menos o seu filho Júlio, este não terá nenhum direito sucessório quanto a herança de Arthur, pois a renúncia não abrange o direito de representação, tendo em vista que o seu pai renunciante irá ficar como uma pessoa que se quer tenha sido chamada para a sucessão. Diferentemente do que ocorre nos caso em que há filho pré- morto, como é o caso de Ana. Esta faleceu em 2005, antes de Arthur, autor da herança. Nesse sentido o seu filho Paulo pode representar a sua mãe morta, sucedendo por representação. Por fim, destaca-se que o direito de representação não irá incidir sob o cônjuge de Ana (pré-morta). Logo, Kleber não terá direito a herança de Arthur.
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