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/ Anatomia Radiológica e Patologia Aula 1: Anatomia radiológica e patologias dos membros superiores Apresentação Nesta aula, você conhecerá os exames radiográ�cos realizados para a avaliação dos membros superiores. Muito mais que conhecê-los, é interessante que você saiba identi�car os pontos e as estruturas anatômicas importantes em cada incidência. Você precisa reconhecer cada estrutura anatômica na radiogra�a para que seja possível diferenciar uma imagem de aspecto normal de outra com possíveis problemas. Ao �nal desta primeira aula, você conhecerá algumas patologias mais recorrentes nos membros superiores. Conhecê-las agora será útil para a prática da diferenciação. De um modo geral, cada patologia apresenta um traço ou um sinal especí�co que facilita sua identi�cação na imagem radiográ�ca. Objetivos Identi�car as principais estruturas anatômicas de interesse; Diferenciar uma imagem radiográ�ca de membros superiores com aspecto normal de outra com suspeita patológica; Reconhecer, na radiogra�a, os principais traços e sinais que caracterizam determinadas patologias associadas aos membros superiores. / Primeiras palavras O estudo radiográ�co dos membros, sem dúvida, é um dos mais importantes para a radiologia. Pedidos de radiogra�as de membros superiores e inferiores representam boa parte das ocorrências em emergências, visto que respondem por boa parte das demandas em traumatologia e ortopedia. Em traumatologia, por exemplo, radiogra�as simples atendem su�cientemente a maior parte das necessidades clínicas. Outra demanda crescente é pela avaliação radiográ�ca de doenças reumatológicas. No entanto, lesões que acometem articulações, tendões e ligamentos carecem de métodos mais sensíveis, tais como a ressonância magnética e a ultrassonogra�a. Para avaliação óssea, uma radiogra�a simples, de rotina básica, além de ter baixo custo operacional, satisfaz a maioria dos critérios para a identi�cação de lesões. Dada a imagem bidimensional e a sobreposição de estruturas, o estudo radiográ�co de membros requer a realização de, no mínimo, duas incidências para a correta avaliação da anatomia e de alterações patológicas. Vamos conhecer as principais estruturas osteoarticulares que compõem os membros superiores, bem os processos patológicos mais recorrentes. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Médico analisando radiografia / Anatomia radiográ�ca da mão A mão é dividida em três regiões: carpo, metacarpo e falanges. Os dedos da mão são chamados de quirodáctilos . Os dedos são numerados de 1 a 5, e a contagem é feita a partir do polegar, ou seja, de forma látero- medial. Os ossos longos que dão forma e sustentação aos dedos são chamados de falanges. Cada dedo possui três, com exceção do polegar, que possui apenas duas, como você pode observar na ilustração a seguir. 1 Figura 1: Digrama ilustrado com as principais divisões ósseas da mão. Com base no plano mediossagital (PMS), os dedos possuem falanges proximais, mediais e distais. Cada falange é composta por uma cabeça (distal), um corpo e uma base (proximal), sobre a qual se articulam. No polegar, encontramos apenas as falanges proximal e distal. Como os ossos são compostos por minerais de peso atômico elevado (cálcio, fósforo e potássio), elas são densas, o que confere à imagem tons claros, bem delineados na radiogra�a. As articulações são compostas por cartilagem, menos densa que os ossos. Por isso, os espaços articulares aparecem como áreas escuras e bem de�nidas entre as falanges. Veja na imagem radiográ�ca a seguir. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0094/aula1.html / Figura 2: Imagem radiográfica da mão, incidência em posteroanterior, indicando a correta posição de ossos, articulações e tecidos moles. Quanto menos denso é o tecido, mais escuro se torna. Os ossos permanecem em tons claros, tecidos musculares têm cor acinzentada e a articulações possuem tons escuros. Entre as lesões mais recorrentes na avaliação dos dedos estão os edemas de partes moles, fraturas traumáticas, lesões in�amatórias e degenerativas, como artrite reumatoide, psoriásica e osteoartrite. A seguir veremos mais informações sobre as lesões in�amatórias e degenerativas. Lesões in�amatórias e degenerativas Clique no botão acima. / Lesões in�amatórias e degenerativas A artrite reumatoide é mais recorrente em articulações interfalangeanas. Os sinais básicos são o desalinhamento das falanges com o metacarpo e os edemas no tecido mole, que aumentam a radiopacidade local. Quando a lesão ocorre nas articulações interfalangeanas proximais, é classi�cada como nódulo de Bouchard. O edema nas interfalangeanas distais caracteriza o nódulo de Heberden. Na artrite psoriásica, as lesões comprometem a epí�se distal periarticular, avançando para a diá�se e assumindo, desse modo, o sinal radiográ�co conhecido como lápis no copo. / Um dos padrões radiográ�cos mais importantes na osteoartrite é a redução dos espaços articulares com esclerose (aumento da densidade) das bordas articulares e degeneração das superfícies, o que provoca perda da nitidez entre os ossos, com aumento da radiopacidade (zonas mais claras) nos espaços articulares. Figura 3: Na primeira imagem, há incidência em AP. Perceba a redução do espaço articular, a esclerose e a degeneração das bordas, sinais típicos de osteoartrite e artrite reumatoide em estágio inicial.Na segunda imagem, há incidência em oblíqua. A 4º falange proximal apresenta um desgaste periarticular da epífise distal, típico de artrite psoriásica. Fonte: RHM CORE CONDITIONS. Psoriatic arthritis. javascript:void(0); / Anatomia radiográ�ca no estudo dos metacarpos Os metacarpos são ossos longos com porte um pouco maior que as falanges. Sua identi�cação e sua contagem são feitas de forma semelhante à dos dedos. A estrutura anatômica também é similar, destacando-se apenas a cabeça metacarpiana mais protuberante. Essa estrutura é popularmente conhecida como nó dos dedos, comumente lesionadas em fraturas do boxeador. Cada falange proximal se articula com um metacarpiano, formando as articulações metacarpofalangeanas. Figura 4: Nesta imagem, há uma incidência em PA da mão. Observe a lesão traumática localizada na cabeça do 5º metacarpiano: sinal típico da fratura do boxeador. Fonte: KNIPE, Henry. Boxer fracture. Anatomia radiográ�ca da articulação do punho Juntamente com as porções distais do rádio e da ulna (ossos do antebraço), o carpo é um conjunto de ossículos que formam a base da mão e a estrutura articular do punho. São oito ossos, dispostos em duas �leiras (proximal e distal), com contagem similar à dos dedos, iniciando pela proximal: Proximal: Escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme; Distal: Trapézio, trapezoide, capitato e hamato. Veja a imagem a seguir. javascript:void(0); / Figuras 5 e 6: Diagrama ilustrado dos ossos do carpo da mão esquerda. Na radiografia, há incidência axial de punho com desvio ulnar. Você pode identificar os ossos conforme o diagrama. Note o processo estiloide mais afastado da cabeça da ulna, indicando que o exame foi realizado em incidência posteroanterior. Fonte da radiografia: MURPHY, Andrew. Normal wrist. Os processos estiloides da ulna e do rádio são protuberância ósseas nas epí�ses distais, cuja função é limitar os movimentos lateral e medial do punho. Quando o processo estiloide da ulna ocorre mais perto da extremidade do osso, é sinal de que foi realizada incidência em PA. Quando a estrutura está alinhada ao maior eixo da ulna, isso indica incidência em AP. Outra estrutura importante é a articulação radiocarpal, região mais larga e plana do rádio, em que os ossos escafoide, semilunar e piramidal se articulam para favorecer o movimento do punho. Anatomia radiográ�ca dos ossos do antebraço O antebraço é o segmento do membro superior compreendido entre o cotovelo e o punho. A radiogra�a pode ser muito útil para a avaliação de lesões e alterações ósseas nas partes moles e articulações.O antebraço é composto por dois ossos longos de porte médio: rádio e ulna. Anatomicamente, o primeiro é posicionado lateralmente e, o segundo, medialmente ao PMS. Unida ao carpo, a porção distal do antebraço forma a articulação do punho. Junto ao úmero, a porção proximal do antebraço forma a articulação do cotovelo. Dica Para facilitar seus estudos, os acidentes anatômicos ósseos serão tratados no estudo da articulação em questão, uma vez que a maioria deles estão localizados nas epí�ses ósseas. Você já estudou os acidentes anatômicos do punho no tópico anterior. Os demais serão detalhados na seção referente ao estudo da articulação do cotovelo. javascript:void(0); / As variações patológicas mais recorrentes no antebraço são as fraturas, luxações e alterações articulares e nas partes moles, como edemas ou corpos estranhos. A seguir, observe duas radiogra�as contendo uma luxação da articulação do cotovelo e um edema de partes moles devido a uma artrite gotosa. Figuras 7 e 8: Na primeira imagem, há incidência lateral do cotovelo. Note a perda total da comunicação entre a incisura troclear (ulna) e a tróclea (úmero), sinal típico de luxação completa do cotovelo. Na segunda imagem, vemos uma incidência posteroanterior da mão. Observe o aumento da radiopacidade no 3º quirodáctilo, na articulação interfalangeana proximal, típico de artrite gotosa. Fonte da primeira radiografia: PATEL, Maulik S. Elbow dislocation. Fonte da segunda radiografia: DAWES, Laughlin. Gout. javascript:void(0); javascript:void(0); / Anatomia radiográ�ca para o estudo da articulação do cotovelo O cotovelo é um importante local de lesões que acometem os ossos que se articulam – úmero, ulna e rádio – e de suas estruturas adjacentes. A avaliação de partes moles é bastante limitada em radiogra�as. Porém, processos de artrite, fraturas ou luxações podem ser identi�cados facilmente com raios X. Em radiogra�a de cotovelo em anteroposterior ou lateral, poucos acidentes anatômicos são visualizados facilmente quando o encaixe entre os ossos é perfeito. No úmero, é possível observar apenas os epicôndilos lateral e medial, e uma sombra radiotransparente referente à fossa olecraneana. No entanto, os acidentes anatômicos da ulna que realizam o encaixe com a porção distal do úmero não são visualizados, salvo em casos de luxação. Observe as estruturas anatômicas nas imagens radiográ�cas a seguir, com a devida numeração e coloração. Figuras 9 e 10: Imagens em anteroposterior e lateral de cotovelo, com a legenda das estruturas anatômicas indicadas: (1) úmero, (2) epicôndilo lateral, (3) capitulum, (4) articulação úmero-radial, (5) cabeça do rádio, (6) colo do rádio, (7) diáfise do rádio, (8) diáfise da ulna, (9) tuberosidade radial, (10) articulação rádio-ulnar proximal, (11) articulação úmero-ulnar, (12) tróclea, (13) olecrano, (14) epicôndilo medial, (15) fossa do olecrano, (16) incisura troclear, (17) fossa coronoide, (18) processo coronoide e (19) tuberosidade ulnar. Fonte da radiografia: SAMIR, Benoudina. Normal radiographic anatomy of the elbow. javascript:void(0); / Anatomia radiográ�ca para o estudo do úmero O úmero é o osso mais longo do membro superior, articulando-se proximalmente com a escápula e distalmente com a ulna. As incidências ideais para a avaliação do úmero são anteroposterior e lateral. Nessas radiogra�as, o objetivo é identi�car fraturas na diá�se, assim como alterações no tecido ósseo, nas partes moles e também a localização de corpos estranhos. A análise das articulações é feita por incidências especí�cas para cada local. Observe as imagens a seguir para compreender melhor. Figuras 11, 12 e 13: Radiografias do ombro, incidências em AP com rotação neutra, rotação interna e rotação externa. Note que é a posição do tubérculo maior (úmero) que define o tipo de rotação. Quando está em posição lateral, temos a rotação neutra; quando sua posição é anterior e a cabeça está totalmente medial, temos a rotação interna. Por fim, quando o tubérculo maior está medial, temos a rotação externa. Fonte da radiografia: GAILLARD, Frank. Normal shoulder. Anatomia radiográ�ca para o estudo do ombro A articulação da cavidade glenoide (escápula) com a cabeça do úmero dá origem à articulação glenoumeral, que é a principal estrutura do ombro. Devido ao tipo de movimentos realizados, a região é muito suscetível a lesões como luxações e, algumas vezes, a fraturas na borda da cavidade glenoide (lesão de Bankart) e na cabeça do úmero (lesão de Hill-Sachs). Observe as imagens a seguir. javascript:void(0); / Figuras 14 e 15: Radiografias de ombro, incidências em anteroposterior com rotação neutra. Veja que, na primeira imagem, a porção inferior da cavidade glenoide sofreu uma fratura por avulsão, sinal típico de lesões de Bankart. Na segunda, dado o processo de luxação da articulação glenoumeral, perceba que o colo anatômico da cabeça umeral sofreu fratura por compressão, que é um sinal típico das lesões de Hill Sachs. Fonte da primeira radiografia: PATEL, Maulik S. Bankart lesion. Disponível em: . Acesso em 28 jul. 2019. Fonte da segunda radiografia: GAILLARD, Frank. Hill- Sachs lesion. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Também podemos citar o acrômio e o processo coracoide, ambos na escápula, como pontos anatômicos importantes. O acrômio é uma protuberância lateral que forma a articulação acromioclavicular. O processo coracoide, por sua vez, é uma estrutura radiopaca, anterior, responsável pela �xação de músculos. Há ainda a clavícula, um osso longo e estreito que liga a o manúbrio do esterno ao acrômio da escápula e contribui para a estabilização do ombro. Radiogra�camente, comporta-se como qualquer osso longo: radiopaco, com margens escleróticas e bem de�nidas. javascript:void(0); / Avaliação radiológica das patologias traumáticas e articulares As lesões traumáticas são especialmente importantes por sua frequência e pelo papel de destaque que a radiogra�a simples tem nesses casos. Traumas ocorrem pela aplicação de uma energia externa sobre uma estrutura anatômica de forma que sua força vença a resistência do tecido. No caso das articulações, produzem entorses e luxações. Nos ossos, são produzidas �ssuras e fraturas. Já nos músculos, provocam contusões e estiramentos . As fraturas são de�nidas como um processo não natural de descontinuidade óssea que pode ser: 2 1 Completa Rompimento parcial do tecido cortical ósseo. 2 Incompleta Ruptura total da estrutura cortical, dividindo o osso em dois ou mais segmentos. Fraturas incompletas são mais recorrentes em ossos menos densos, como os infantis, ou em lesões que acometem a densidade óssea, como é o caso da Doença de Paget e da osteoporose. Fraturas identi�cáveis em radiogra�as de membros superiores Em radiogra�as de membros superiores, os seguintes tipos de fraturas podem ser identi�cados: Fraturas cominutivas; Fraturas por estresse; Fraturas de Barton; Fraturas de Colles; Fratura de Smith; Fratura do boxeador; Fratura de Bennet. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0094/aula1.html / Atividade 1. Qual a diferença entre fraturas completas e incompletas? A fratura em galho verde é completa ou incompleta? Explique como ela acontece. 2. Cite o nome de cada um dos ossos do punho. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online 3. Quando é realizada a incidência em PA, o processo estiloide da ulna: a) Aparece alinhado com o seu corpo. b) Aparece mais afastado da sua cabeça. c) Não aparece na imagem. d) Não aparece nítido na imagem. e) Nenhuma das respostas acima. / 4. Observe a imagem a seguir e responda ao que se pede. a. Qual a incidência utilizada na radiogra�a? b. Na imagem, há uma lesão conhecida como fratura do boxeador. Qual é o nome do osso em que se localiza essa lesão traumática? 5. Uma característica da imagem radiográ�ca em pacientes com osteoartrite ou artrite reumatoide na mão é a perda da nitidez entre os ossos com aumento da radiopacidade(zonas claras) nos espaços articulares. Indique a causa desse padrão na imagem. Notas Quirodáctilos 1 É o termo que tem origem no idioma grego, composto pelas palavras kyros (mão) e daktylos (dedo). O datilógrafo, por exemplo, era o pro�ssional que usava máquinas de escrever para digitar textos. / Estiramentos 2 Os estiramentos não são visíveis por meio de exames radiográ�cos. Por isso, vamos discutir apenas as lesões traumáticas ósseas e articulares. Referências BONTRAGER, K. L; LAMPIGNANO, J. Tratado de posicionamento radiográ�co e anatomia associada. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. DAFFNER, R. H. Radiologia clínica básica. 3. ed. São Paulo: Manole, 2003. GREENSPAN, A; BELTRAN, J. Radiologia ortopédica: uma abordagem prática. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Próxima aula Principais estruturas anatômicas dos membros inferiores; Estruturas nas incidências radiológicas básicas; Diferenças entre aspectos normais de padrões de imagens patológicos. Explore mais Para saber mais sobre os assuntos desta aula, acesse: Atlas online de anatomia, interativo e gratuito; Jogos; Casos clínicos para estudo. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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