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Apostila_Princípios do direito ambiental-2

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 
 
O conhecimento em legislação ambiental é um dos pilares em um curso em meio 
ambiente. É com esse conhecimento que o aluno se familiariza com os conceitos, os 
dispositivos legais para que os demais conteúdos possam ser melhor compreendidos, na 
medida em que a base legal foi ministrada. 
Apesar de se falar muito em meio ambiente, os profissionais, em geral, não conhecem 
os principais dispositivos legais que regem a matéria, bem como as suas inter-relações. 
 
CONCEITOS 
 
O processo de formulação de uma lei passa por várias etapas: iniciativa da lei, 
discussão, votação, aprovação, sanção, promulgação, publicação e vigência da lei. As 
leis apresentam uma hierarquia. Ou seja, umas são mais abrangentes que outras. A 
seguir é apresentado um exemplo de hierarquia das nossas leis: 
 
• constituição, lei complementar, lei ordinária, medida provisória, lei delegada, decreto 
legislativo, resolução. 
 
Nos estados e no Distrito Federal, obedecem-se, respectivamente, às Constituições 
estaduais e à Lei Orgânica. No entanto, esses dispositivos legais não podem vir de 
encontro à Constituição Federal. Nos municípios, obedecem- se às leis orgânicas. Estas 
devem está em conformidade com a Constituição Estadual. 
O conjunto de princípios e normas jurídicas que têm no ambiente o seu objetivo final é 
objeto do Direito Ambiental. Este inclui tanto normas encontradas na legislação com 
repercussões ambientais, como na ambiental. As primeiras constituem o Direito 
Ambiental material e a segunda o formal. Em realidade, inicialmente surgiu a legislação 
com repercussão ambiental, que “tinha o objetivo de proteger os recursos naturais mais 
intensamente utilizados pelo homem, e não o ambiente em si”. Já a legislação ambiental 
é o “conjunto de normas jurídicas que reconhecem o ambiente como o bem jurídico a 
ser protegido”(Pompeu 2004). 
 
 
 
Camila Kobayashi
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MEIO AMBIENTE 
 
“conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (art. 3.º, da Lei 
Federal n.º 6.938/81). 
Edis Milaré apresenta duas visões sobre o conceito de meio ambiente: estrita: 
foca no patrimônio natural e suas relações com os seres vivos (foco nos recursos 
naturais); e ampla: que abrange o meio natural e o artificial, além do cultural. 
Prof. José Afonso da Silva define o meio ambiente como “a interação do conjunto de 
elemento naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado 
da vida em todas as suas formas”. 
 
CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
 
Podemos classificar quatro aspectos ou particularidades do meio ambiente 
levando ã sua classificação em: 
Meio ambiente natural (também denominado físico) – é constituído pelo solo, água, 
ar, flora (é com relação a este aspecto que a Lei 6.938/81 define, no artigo 3o, o que se 
deve entender por meio ambiente. 
Meio ambiente artificial – composto pelo espaço urbano construído (conjunto de 
edificações) e pelos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas verdes) – fruto da 
interação do homem com o meio ambiente natural. 
Meio Ambiente cultural - integrado pelo patrimônio histórico, paisagístico, turístico – 
também considerado fruto da interação do homem com o meio ambinete natural, mas, 
diferindo do anterior pelo valor especial que adquiriu ou de que se impregnou. 
Meio ambiente do trabalho – entendido como o local onde se desenvolvem as 
atividades do trabalho humano. O complexo de bens móveis e imóveis de uma 
organização. Importante destacarmos que sua proteção é vital para a saúde e integridade 
física dos trabalhadores. 
Observação: no texto da Constituição Federal de 1988, encontramos dois artigos que 
tratam pontualmente do meio ambiente do trabalho: 
a) Art. 7o, XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança; 
Camila Kobayashi
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b) Art 200, VII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho. 
 
Interesses Difusos e Coletivos 
 
Difusos: são os chamados trans individuais, de natureza indivisível, de quem são 
titulares um número indeterminado de pessoa se ligadas por circunstâncias de fato. 
Significa que se o bem jurídico tutelado é indivisível, uma única ofensa é suficiente para 
a lesão de todos os seus titulares (“bem de uso comum do povo”–CF/88). 
Coletivos: são os trans individuais, de natureza indivisível, de quem são titulares um 
grupo, classe, ou categoria de pessoas ligadas entre si, ou com a parte contrária, por uma 
relação jurídica - base. 
 
FONTES DO DIREITO 
 
LEI 
 
Trata-s de uma previsão obrigatória e comum, que deriva de um Poder soberano e 
competente, com caráter sancionatório (sanção é o previsto em norma jurídica como 
conseqüência de sua violação). 
 
COSTUME 
Deriva de contínua prática uniforme, de geral e constante repetição de 
comportamentos. 
 
DOUTRINA 
Tem caráter hermenêutico (interpretação das leis) e funda- se nos pareceres de 
Juristas e dos Professores no sentido de clarear a aplicação do Direito, servindo de 
orientação para Julgador. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Refere-se à consolidação da opinião continuada dos Tribunais sobre determinada 
matéria. Possui caráter interpretativo e trata-se de uma fonte dinâmica e que oferece 
respostas mais rápidas à sociedade do que a própria lei. 
Camila Kobayashi
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Camila Kobayashi
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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBINETAL 
 
A Constituição Federal e a Lei 6.938/81 contem em diversos artigos alguns 
princípios básicos do Direito Ambiental. 
Os princípios servem tanto para orientar o legislador quanto o intérprete na 
aplicação da norma; 
Têm o caráter de estruturação, sendo gerais e abstratos, orientando a aplicação 
do Direito; 
Como as normas legais decorrem dos princípios, tem-se que a violação destes é 
até mais grave do que das leis. 
 
1. Princípio Do Desenvolvimento Sustentável (art. 170, VI; art. 225, V, ambos 
da Constituição Federal e arts. 4o e 50 da Lei 6938/81) 
Esse princípio procura compatibilizar desenvolvimento econômico-social e 
preservação da qualidade do meio ambiente. Assim, para alcançarmos o 
desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte 
integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente em 
relação a ele. 
A Constituição Federal de 1988, no artigo 225, inciso V prevê que o poder 
público, para assegurar o direito a um meio ambiente equilibrado ecologicamente 
deverá “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e 
substâncias que comportem risco para a qualidade de vida e o meio ambiente”. 
A Lei 6.938/81, quando cuida dos objetivos da Política Nacional do Meio 
ambiente, prevê no artigo 4o que tal política visará: I - à compatibilização do 
desenvolvimento econômico-social coma preservação da qualidade do meio ambiente e 
do equilíbrio ecológico. 
O artigo 5o, parágrafo único da referida lei, prevê que: “As atividades 
empresariais públicas ou privadas serão exercidas e consonância com as diretrizes da 
Política Nacional do Meio Ambiente”. 
A produção sustentável pode ser resumida em dois pontos básicos: economia e 
uso racional de energia e matéria prima, conservando-se os recursos naturais. 
Observação: o princípio do desenvolvimento sustentável não tem por finalidade 
impedir o crescimento econômico, mas procura determinar que as atividades sejam 
desenvolvidas utilizando todos os meios colocados à disposição para a menor 
Camila Kobayashi
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degradação possível. NA prática, esse princípio vem sendo cumprido mediante 
instalação de filtros nas chaminés das fábricas, correta disposição dos resíduos, 
utilização racional da;água, etc. 
Em resumo: 
Atender as necessidades da presente geração sem comprometer as necessidades das 
gerações futuras. 
Aliar atividades econômicas com proteção ambiental. 
 
 
 
2. Usuário-pagador e Poluidor-pagador (art. 225, § 3 da Constituição ederal e 
art. 4º, VII, e 14, § 1 da Lei 6.938/81) 
 
É um principio Econômico, pelo quel busca-se consagrar a idéia de que aquele 
que poluir terá de arcar com os custos da reparação do dano causado. Em outros 
ordenamentos jurídicos chama-se o princípio do causador ou responsável. 
A previsão constitucional desse princípio encontra-se no artigo 225, §3oda 
Constituição Federal de 1988, que determina: As condutas e atividades consideradas 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções 
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados”. 
Assim podemos identificar três orbitas de reparação do dano ambiental: civil, 
penal e administrativa. 
· Aquele que desempenhar qualquer atividade econômica deve arcar com 
os custos com tratamento de gases, efluentes, resíduos, etc. 
· Exemplo: Uma fábrica que libera do seu processo produtivo para o 
ambiente efluentes, emissões atmosféricas, resíduos sólidos... Ela deve 
inserir no seu custo de produção os gatos com gerenciamento – 
tratamento destes impactos. 
· Na ocorrência de dano ambiental, mesmo com medidas de tratamento, o 
poluidor deve arcar com os danos causados. 
 
3. Princípio da Prevenção: (Certeza do Dano Ambiental) (art. 225, IV, e art. 9, 
I, III, V da Lei 6.938/81) e Precaução (Incerteza do Dano) 
· Agir antecipadamente – Diante de um Risco Conhecido 
Camila Kobayashi
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 Exemplo: Sabe-se que a Atividade mineraria – garimpo (extração de ouro, manganês, 
bauxita) são causadoras de significativo impacto ambiental – Por isso preventivamente 
exige-se estudos como o EIA/RIMA. 
 
Princípio da precaução: 
· É o princípio da Prudência 
· Diante de um Risco Desconhecido – Incerto. 
· Não há informações suficientes para verificar a existência e o potencial do dano. 
· Exemplos: 
_ Organismos Geneticamente Modificados (OGM). 
_ Aquecimento Global 
 
4. Princípio da Participação (art. 225, § 1. VI da Constituição Federal, e art. 
13 da Lei 6.938/81) 
 
Esse princípio já elencado no caput do artigo 225, prevê uma atuação conjunta 
do poder público e da sociedade na proteção do meio ambiente. Para efetivação dessa 
ação em conjunto a informação e a educação ambiental são meios necessários. 
Nesse aspecto, ressaltamos a importância da implementação da Educação 
ambiental, já consagrada pela Lei 9.795/99 devidamente regulamentada pelo decreto 
4.281/02 que estabeleceu a Política Nacional da Educação Ambiental, que buscará 
preservar o meio ambiente por meio da construção de valores sociais e atitudes voltadas 
à preservação desse bem. 
Instrumentos de Implementação: 
 
• Direito de petição ao Poder-Público (CF/88 art. 5º, XXIV a); 
• Audiência Pública (Resoluções CONAMA 01/86 e 09/87); 
• Conselhos e Comitês(órgãos colegiados); 
• Plebiscito (CF art. 14, I) e referendum (CF art. 14, II); 
• Acesso à justiça (Ação Popular, Ação Civil Pública). 
 
5. Princípio da Função Socioambiental Da Propriedade (art. 170, III e VI da 
Constituição Federal e Art. 186) 
 
Camila Kobayashi
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Por esse princípio busca-se afirmar que o direito de propriedade deve ser 
exercido levando-se em conta a noção de sustentabilidade ambiental. A função social da 
propriedade não se limita à propriedade rural, mas também à propriedade urbana. 
Engloba também a propriedade dos bens móveis e imóveis. 
Ser dono de uma propriedade – urbana - rural – não me dá o direito de fazer dela 
o que quiser e como quiser – ela deve cumprir com a sua função sócio-ambiental. 
· Exemplo: Uma propriedade rural deve respeitar a área destinada a Reserva Legal. 
· Exemplo: Uma propriedade urbana deve respeitar o Plano Diretor do Município. 
6. Princípio do Limite (art. 225, §1, V da Constituição Federal e art. 4, III., 
art. 8, VII., art. 9, I da Lei 6.938/81) 
 
Por esse princípio a administração tem o dever de estabelecer os padrões de 
emissão de partículas, ruídos e a presença de corpos estranhos no ambiente, tendo em 
vista a necessidade de proteção da vida e do próprio ambiente. 
 
7. Princípio da Cooperação entre os Povos (art. 4, IX da Constituição Federal 
e art. 4. Da Lei 6.938/81; e art. 77 e 78 da Lei 9.605/98) 
 
Na área ambiental destaca-se este principio pelo fato de as agressões ao 
ambiente não ficam restritas ao limite territorial do país em que ocorrem, mas, pelo 
contrário podem espalhar-se para países vizinhos. 
Exemplos: a poluição do mar ocorrida em certo ponto pode ser levada pelas 
correntes marinhas e afetar cadeias de vida muito longe. Daí a necessidade de 
cooperação na divulgação de dados e informações ambientais. 
 
8. Princípio Direito à Sadia Qualidade de Vida ( art. 225 da Constituição 
Federal); 
È o princípio matriz da Constituição Federal, o meio ambiente aparece como um 
direito fundamental. 
· Faz menção à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado = sem poluição, com saúde. 
 
 
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – A CONSTITUIÇÃO VERDE 
A primeira Constituição a usar a terminologia “Meio Ambiente” e a dispor um capítulo 
inteiro a essa questão. 
O artigo que se refere diretamente à questão ambiental é o Artigo 225 – O mesmo pode 
ser dividido em três partes: 
Divisão do Artigo 225: 
1 – Norma Matriz – Caput 
2 – Norma de efetividade do caput – Parágrafo 1º 
3 – Normas especificas – Parágrafo 2º a 6º 
Camila Kobayashi
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