Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo Direito Civil VIII – 1º Bimestre (baseado na Sinopse Jurídica de Carlos Roberto Gonçalves) Condomínio Condomínio Geral: - Conceito: quando os direitos elementares do proprietário pertencerem a mais de um titular, existirá o condomínio ou domínio comum de um bem. - Espécies de condomínios: Quanto a origem: *Convencional ou voluntário: nasce de uma convenção entre as partes; *Eventual ou incidental: nasce de um evento, como por exemplo, no caso da herança para 02 ou mais herdeiros *Necessário ou legal: imposto por lei; Quanto a forma: *Pro diviso: nessa modalidade a comunhão existe de direito, porém, não existe de fato, uma vez que parte de determinada da coisa vem tocar à determinado condômino. Ex: edifício de apartamentos no qual cada unidade pertence exclusivamente à um condômino específico. *Pro indiviso: aqui a comunhão é de fato e de direito, ou seja, os condôminos não tem a posse de determinada parcela da coisa, sendo que tudo é de todos de forma igualitária. Ex: as áreas comuns como escadas, corredores, elevadores. Quanto ao objeto: *Universal: versa sobre todo o patrimônio abrangendo todos os bens, considerados um universo de coisas, como ocorrem nas sucessões hereditárias (transmissão aos herdeiros); *Singular: incide sobre coisa individualizada, determinada. Ex: muro divisório, doação conjuntiva. DO CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIO - Direito dos condôminos: a) usar da coisa conforme sua destinação, e sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão. Não pode, no entanto, alterar o modo como é tradicionalmente usada, “sem o consenso dos outros” (art. 1.314); b) reivindicá-la de terceiro. Aplica- -se à hipótese o art. 1.827, que autoriza o herdeiro a “demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros”; c) defender a sua posse contra ou- trem; d) alhear a respectiva parte indivisa, respeitando o direito de preferência dos demais condôminos (art. 504); e) gravar a respectiva parte indivisa, como, p. ex., dá-la em hipoteca (CC, art. 1.420, § 2o). d) alhear a respectiva parte indivisa, respeitando o direito de preferência dos demais condôminos (art. 504); e) gravar a respectiva parte indivisa, como, p. ex., dá-la em hipoteca (CC, art. 1.420, § 2o) e) gravar a respectiva parte indivisa, como, p. ex., dar em hipoteca (CC, art. 1.420, § 2o). - Deveres dos Condôminos: o dever de concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, na proporção de sua parte, bem como a responsabilidade pelas dívidas contraídas em proveito da comunhão, são impostos ao condômino nos arts. 1.316 a 1.318 do CC. - Extinção do Condomínio: *Bem divisível: — amigável: se todos os condôminos forem maiores e capazes; — Judicial: se divergi- rem ou se um deles for incapaz (CC, art. 2.016) *Bem indivisível: venda da coisa comum (CC, art. 1.322) - Administração do Condomínio: os condôminos podem usar a coisa comum pessoalmente. Se não o desejarem ou por desacordo tal não for possível, então resolverão se ela deve ser administrada, vendida ou alugada. Para que ocorra a venda, basta a vontade de um só condômino. Só́ não será́ vendida se todos concordarem que se não venda (CC, arts. 1.320 e 1.322). Neste caso, a maioria deliberará sobre a administração ou locação da coisa comum. Se resolverem que deve ser administrada, por maioria escolherão o administrador (art. 1.323). DO CONDOMÍNIO NECESSÁRIO É aquele imposto pela lei, como no caso de paredes, cercas, muros e valas, que se regula pelo disposto nos arts. 1.297 e 1.298, e 1.304 a 1.307 do CC. Nas referidas hipóteses, o “proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho, reembolsando-lhes metade do que atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado” (art. 1.328). Condomínio Edilício - Introdução: o CC/2002, apesar de expressa remissão à lei especial, que continua em vigor (Lei n. 4.591/64), contém dispositivos regrando os direitos e deveres dos condôminos, bem como a competência das assembleias e dos síndicos. Nesses assun- tos, a Lei n. 4.591/64 aplica-se apenas subsidiariamente. - Características: caracteriza-se pela apresentação de uma propriedade comum ao lado de uma propriedade privativa. Cada condômino é titular, com exclusividade, da unidade autônoma e titular de partes ideais das áreas comuns (CC, art. 1.331). - Natureza jurídica: prevalece o entendimento de que o condomínio não tem perso- nalidade jurídica. Entretanto, está legitimado a atuar em juízo, ativa e passivamente, representado pelo síndico (CPC/2015, art. 75, XI), em situação similar à do espólio e da massa falida. - Instituição do condomínio: Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo conter, além do disposto em lei especial, a individualização de cada unidade, a determinação da fração ideal atribuída a cada uma relativamente ao terreno e partes comuns, e o fim a que se destinam (CC, art. 1.332). - Constituição do Condomínio: a Convenção de Condomínio é o ato de constituição do condomínio edilício (CC, art. 1.333). É um documento escrito (escritura pública ou instrumento particular) no qual se estipulam os direitos e deveres de cada condômino. Deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais. A utilização do prédio é por ela regulada. Sujeita todos os titulares de direitos sobre as unidades, atuais ou futuros. - Regulamento: também denominado “Regimento Interno”, complementa a Convenção. Geralmente, contém regras minuciosas sobre o uso das coisas comuns. - Estrutura Interna do condomínio: a) unidade autônoma: pode consistir em apartamentos, escritórios, salas, lojas, abrigos para veículos ou casas em vilas particulares. Não pode ser privada de saída para a via pública. Pode o proprietário alugá-lá, cedê-lá, gravá-lá, sem que necessite de autorização dos outros condôminos, que não tem preferência na aquisição; b) áreas comuns: são insuscetíveis de divisão e de alienação, separadas da respectiva unidade. Cada consorte pode usá-las “de maneira a não causar incomodo aos de- mais condôminos ou moradores, nem obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos” (CC, art. 1.331, § 2o; Lei n. 4.591/64, art. 19). - Administração do condomínio: É exercida por um síndico, cujo mandato não pode exceder de dois anos, permitida a reeleição. Compete-lhe, dentre outras atribuições, representar ativa e passivamente o condomínio, em juízo ou fora dele. Pode ser condômino ou pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio. O síndico é assessorado por um Conselho Consultivo, cons.- titio de três condôminos, com mandatos que não podem exceder a dois anos, permitida a reeleição. Deve haver, anualmente, uma assembleia geral ordinária, convocada pelo síndico. A assembleia é o órgão máximo do condomínio, tendo poderes, inclusive, para modificar a própria Convenção. Da Propriedade Resolúvel: - Conceito: a propriedade é resolúvel quando o título de aquisição está subordinado a uma condição resolutiva ou ao advento do termo. Nesse caso, deixa de ser plena, assim como quando pesam sobre ela ônus reais, passando a ser limitada. - Efeitos: a) ex tunc: se a causa da resolução da propriedade constar do próprio título constitutivo (CC, art. 1.359); b) e nunc: se a resolução se der por causa superveniente (art. 1.360). Se alguém, p. ex., receber um imóvel em doação e depois o alienar, o adquirente será́ considerado proprietário perfeito se, posteriormente, o doador revogar a doação por ingratidão do donatário (art. 557). Da Propriedade Fiduciária - Conceito: Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor (CC, art. 1.361). - Partes: na alienação fiduciária em garantia dá-se a transferência do domínio do bem móvel ao credor (fiduciário), em garantia do pagamento, permanecendo o devedor (fiduciante) com a posse direta da coisa.- Regulamentação: A) o contrato deve ter a forma escrita, podendo o instrumento ser público ou particular, e conter: o total da dívida; o prazo ou a época do pagamento; a taxa de juros, se houver; a descrição da coisa objeto da transferência (CC, art. 1.362); b) a aquisição do domínio exige a tradição, que é ficta, na hipótese; C) o registro no Cartório de Títulos e Documentos confere existência legal à propriedade fiduciária, gerando oponibilidade a terceiros. - Direitos e obrigações do Fiduciante a) ficar com a posse direta da coisa e o direito eventual de reaver a propriedade plena, com o pagamento da dívida; b) purgar a mora, em caso de lhe ser movida ação de busca e apreensão; c) receber o saldo apurado na venda do bem efetuada pelo fiduciário para satisfação de seu crédito; d) responder pelo remanescente da dívida, se a garantia não se mostrar suficiente; e) não dispor do bem alienado, que pertence ao fiduciário, embora possa ceder o direito eventual de que é titular; f) entregar o bem, em caso de inadimplemento de sua obrigação, sujeitando-se ao pagamento de perdas e danos, como depositário infiel. - Obrigações do Fiduciário: a) a obrigação principal consiste em proporcionar ao alienante o financiamento a que se obrigou, bem como em respeitar o direito ao uso regular da coisa por parte deste; b) se o devedor é inadimplente, fica o credor obrigado a vender o bem, aplicando o preço no pagamento de seu crédito e acréscimos, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor (CC, art. 1.364) - Procedimento: 1. Pode o credor mover ação de busca e apreensão contra o devedor inadimplente, a qual poderá́ ser convertida em ação de depósito, caso o bem não seja encontrado; 2. A sentença, de que cabe apelação apenas no efeito devolutivo, em caso de procedência da ação, não impedirá a venda extrajudicial do bem e consolidará a propriedade e a posse plena e exclusiva nas mãos do proprietário fiduciário; 3. A venda pode ser extrajudicial ou judicial (CC, art. 1.364). Preferida esta, aplica-se o disposto no art. 730 do CPC; 4. Se o bem não for encontrado, o credor poderá́ requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito; 5. O STF pôs fim à prisão civil do depositário infiel. Da Superfície - Conceito: trata-se de direito real de fruição ou gozo sobre coisa alheia, de origem romana, pelo qual o proprietário concede a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis (CC, art. 1.369). O CC/2002 aboliu a enfiteuse, substituindo-a pelo direito de superfície gratuito ou oneroso. - Regulamentação: a) o superficiário, que tem o direito de construir ou plantar, responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (CC, art. 1.371); b) o proprietário (fundeiro) tem a expectativa de receber a coisa com a obra ou plantação (art. 1.375); — o direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros; Obs.: não poderá́ ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência (art. 1.372, parágrafo único). Da Enfiteuse - Conceito: Dá-se a enfiteuse, aforamento ou emprazamento “quando por ato entre vivos, ou de ultima vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro anual, certo e invariável” (CC/1916, art. 678). O art. 2.038 das Dispôs- coes Transitórias do CC/2002 proíbe a constituição de enfiteuses e subenfiteuses e subordina as existentes, até́ sua extinção, as disposições do CC anterior e leis poste- rigores. - Objeto: O contrato de aforamento só́ pode ter por objeto terras não cultivadas e terrenos que se destinem à edificação. A enfiteuse pode ser constituída também sobre terrenos de marinha (Dec.-Lei n. 9.760/46). - Características: — o contrato de enfiteuse é perpetuo. A enfiteuse por tempo limitado considera-se arrendamento e como tal se rege (CC/1916, art. 679); — O enfiteuta tem a obrigação de pagar ao senhorio uma pensão anual, também chamada cânon ou foro; — o senhorio, por sua vez, tem direito de preferência quando o enfiteuta pretende transferir a outrem o domínio útil em caso de venda judicial. Se não exercesse o direito de preferência, o senhorio teria direito ao laudêmio, isto é, uma porcentagem sobre o valor da transação, que podia ser convencionada livremente. - Extinção: *Por modos peculiares: a) pela natural deterioração do prédio aforado, quando chegue à não valer o capital correspondente ao foro e mais um quinto deste; b) pelo comisso, deixando o foreiro de pagar as pensões devidas por três anos consecutivos, caso em que o senhorio o indenizará das benfeitorias necessárias; c) pelo falecimento do enfiteuta, sem herdeiros, salvo o direito dos credores (CC/1916, art. 692) *Por outros modos: perecimento; desapropriação; usucapião; renuncia; consolidação; confusão; resgate. Das servidões - Conceito: constitui restrição imposta a um imóvel, para uso e utiliza de outro pertencente a dono diverso. Trata-se de direito real instituído em favor de um prédio (dominante) sobre outro (serviente) pertencente a dono diverso (CC, art. 1.378). - Características: a) a servidão é uma relação entre dois prédios distintos; b) os prédios devem pertencer a donos diversos; c) nas servidões, serve a coisa e não o dono; d) a servidão não se presume; e) a servidão é direito real, acessório, de duração indefinida e indivisível; f) a servidão é inalienável. - Classificação: *Quanto ao modo de exercício, podem ser: continuas e descontinuas, positivas e negativas; *Quanto à visibilidade: aparentes e não aparentes. Essas espécies podem combinar-se, dando origem as servidões: a) continuas e aparentes; b) continuas e não aparentes; c) descontinuas e aparentes; d) descontinuas e não aparentes. - Modos de Constituição: *Por ato humano: a) negocio jurídico; b) sentença; c) usucapião; d) destinação do proprietário. *Por fato humano: a) servidão de trânsito. - Ações que protegem as servidões: a) confessória; b) negatória; c) de manutenção e de reintegração de posse; d) de usucapião. - Extinção (art. 1388 a 1389 CC): a) pela renúncia; b) pela cessação, para o prédio dominante, da utilidade que determinou a constituição da servidão; c) pelo resgate; d) pela confusão; e) pela supressão das respectivas obras; f) pelo não uso, durante dez anos contínuos. DO USUFRUTO - Conceito: é direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade. Alguns dos poderes inerentes ao domínio são transferidos ao usufrutuário, que passa a ter, assim, direito de uso e gozo sobre coisa alheia. - Características: a) é temporário; b) é direito real sobre coisa alheia; c) é inalienável, permitindo-se, porém, a cessão de seu exercício (CC, art. 1.393); d) é impenhorável. - Constituição: a) por determinação legal; b) por ato de vontade; c) pela usucapião. - Objeto: podem ser objeto de usufruto um ou mais bens, moveis ou imóveis, um patrimônio inteiro ou parte deste (CC, art. 1.390). - Usufruto X Fideicomisso (diferenças) a) o primeiro é direito real sobre coisa alheia, enquanto o fideicomisso constitui espécie de substituição testamentaria; b) naquele, o domínio se desmembra, cabendo a cada titular certos direitos, ao passo que no fideicomisso cada titular tem a propriedade plena; c) o usufrutuário e o nu-proprietário exercem simultaneamente os seus direitos; já o fiduciário e o fideicomissário exercem-nos sucessivamente; d) no usufruto, são contempladas pessoas já existentes, enquanto o fideicomisso somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador, ou seja, em favor da prole eventual (CC, art. 1.952). - Espécies: 1. Quanto à origem: a) legal; b) convencional. 2. Quanto à duração: a) temporário; b) vitalício. Quanto ao objeto: a) próprio;b) impróprio. Quanto aos titulares: a) simultâneo; b) sucessivo. - Extinção (CC, art. 1.410) a) pela renúncia ou desistência; b) pela morte do usufrutuário; c) pelo advento do termo de sua duração; d) pela extinção da pessoa jurídica; e) pela cessação do motivo de que se origina; f) pela destruição da coisa, não sendo fungível; g) pela consolidação; h) por culpa do usufrutuário, quando falta ao seu dever de cuidar bem da coisa; i) pelo não uso da coisa em que o usufruto recai; j) pelo implemento de condição resolutiva estabelecida pelo instituidor. Do Uso - Conceito: trata-se de direito real que autoriza uma pessoa a retirar, temporariamente, de coisa alheia, todas as utilidades para atender as suas próprias necessidades e as de sua família. - Distinção Uso X Usufruto: embora seja considerado um usufruto restrito, o uso destino- guie-se deste instituto pelo fato de o usufrutuário auferir o uso e a fruição da coisa, enquanto ao usuário não é concedida senão a utilização restrita aos limites das suas necessidades e de sua família (CC, art. 1.412). - Regras gerais aplicáveis: regras do usufruto., salvo exceções. Da Habitação: - Conceito: ́é direito real temporário de ocupar gratuitamente casa alheia, para morada do titular e de sua família (CC, art. 1.414). É ainda mais restrito do que o uso. - Características: ́ direito real temporário, extinguindo-se pelos mesmos modos de extinção do usufruto (CC, art. 1.416). - Constituição: a) por lei (CC, art. 1.831); b) por ato de vontade (contrato e testamento), devendo ser registrado (LRP, art. 167, I, n. 7).
Compartilhar