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CAMILA DE SOUZA COENTRO CAROLINE DE CARVALHO VIEIRA JULIO CESAR SAURESSIG LUCAS EDSON SOARES AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DO SAE 4140 SOLDADO APÓS ALÍVIO DE TENSÕES CURITIBA 2019 CAMILA DE SOUZA COENTRO CAROLINE DE CARVALHO VIEIRA JULIO CESAR SAURESSIG LUCAS EDSON SOARES AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DO SAE 4140 SOLDADO APÓS ALÍVIO DE TENSÕES Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de projeto de graduação dos Cursos Engenharia Mecânica e Produção da FAE Centro Universitário. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Aleksandra Gouveia Santos Gomes da Silva CURITIBA MAIO 2019 CAMILA DE SOUZA COENTRO CAROLINE DE CARVALHO VIEIRA JULIO CESAR SAURESSIG LUCAS EDSON SOARES AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DO SAE 4140 SOLDADO APÓS ALÍVIO DE TENSÕES Este trabalho foi julgado adequado como requisito parcial para conclusão do curso de engenharia mecânica e engenharia de produção e aprovado na sua forma final pela Banca Examinadora da FAE Centro Universitário. Curitiba, 21 maio de 2019. BANCA EXAMINADORA Prof.ª Dr.ª Aleksandra Gouveia Santos Gomes da Silva Professora Orientadora Professor Convidado Professor Convidado RESUMO O metal adequado para ser utilizado em ambiente marítimo precisa apresentar grande resistência à corrosão e oxidação, o Inconel 625 é um exemplo de metal que possui essas características. No entanto o custo dessa liga metálica é bastante elevado, como alternativa a esse alto custo há a possibilidade que seja feito um revestimento do Inconel 625 em um metal menos oneroso, no caso desse estudo o aço baixa liga 4140, e o grande objetivo desse projeto é o estudo das características de resistência dessa liga metálica e a possibilidade de uma substituição pelo uso do Inconel 625. Para que fosse possível a análise da microestrutura do revestimento de Inconel 625 sobre uma matriz metálica, nesse caso o aço 4140, houve necessidade de alguns processos, são eles: um: Soldagem do revestimento para a formação da liga metálica, dois: Ensaio de dureza, três: Tratamento térmico para alívio de tensões, quatro: Ensaio de microscopia óptica. Com os resultados dessas etapas foi possível a análise de resultados. Palavras-chave: aço baixa liga. Inconel. revestimento. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Tabela 1 - Faixa de composição química do aço SAE 4140 conforme norma SAE J1268 ........................................................................................................................... 14 Tabela 2 - Composição química da liga inconel 625 ................................................. 16 Tabela 3 - Propriedades mecânicas da liga inconel 625 ........................................... 16 Figura 1 - Peça revestida com liga de níquel através do processo de soldagem ..... 17 Figura 2 - Processos de soldagem ............................................................................. 18 Figura 3 - Processo de soldagem TIG ........................................................................ 20 Figura 4 - Equipamento usado para soldagem tig (GTAW) automatizado................ 23 Figura 5 - Relações Aproximadas entre a Temperatura de Pico, a Distância da Interface de Solda e o Diagrama de Fase de Ferro-Carbono ................................... 24 Figura 6 - Soldagem e zona termicamente afetada sobre a superfície do material . 24 Figura 7 - Borda fraturada de um tubo de descarga de fluído ................................... 25 Figura 8 - Fotografia de uma superfície de fratura frágil mostrando nervuras radiais em formato de leque .......................................................................................................... 26 Figura 9 - Fratura frágil visualizada através microscopia eletrônica de varredura.... 27 Figura 10 - Diagrama TTT (Tempo – Temperatura – Transformação)...................... 28 Figura 11 - Diagrama TTT do aço SAE 4140 ............................................................. 30 Figura 12 - Normas e suas abordagens ..................................................................... 36 Figura 13 - Tipos de conexões indústria óleo e gás .................................................. 37 Figura 14 - Metodologia para alcançar objetivos do trabalho .................................... 38 Tabela 4 - Cronograma de atividades 2° semestre .................................................... 39 Figura 15 - Desenho corpo de prova .......................................................................... 40 Tabela 5 - Composição química do ERNICRMO-3 utilizado neste trabalho. ............ 41 Figura 16: Durômetro de bancada LABFAE ............................................................... 41 Figura 17 – Forno industrial LABFAE ......................................................................... 42 Figura 18 - Cortadora automática LABFAE ................................................................ 42 Figura 19 - Embutidora LABFAE ................................................................................ 43 Figura 20 - Politriz automática LABFAE ..................................................................... 43 Figura 21 - Microscópio óptico LABFAE ..................................................................... 44 Tabela 6: Ensaio de dureza pré soldagem ................................................................. 45 Tabela 7: Informações acerca da soldagem .............................................................. 46 Tabela 8: Resultados obtidos pelo ensaio de dureza pós soldagem ........................ 48 Tabela 9: Dureza pós tratamento térmico de recozimento ........................................ 49 Figura 22 – Resultados da liga ................................................................................... 51 Figura 23 – Medições de dureza realizadas na amostra ........................................... 52 Figura 24 – Medições de dureza e análise comparativa ........................................... 52 Tabela 10 - Composição química do aço AISI 4140 em peso ................................... 53 Tabela 11: Dureza média das amostras ..................................................................... 54 Figura 25 – Comparativo alívio de tensões ................................................................ 54 Figura 26 - Aço 4140 sem e com solda por revestimento e ZTA das peças soldadas por revestimento de inconel 625 com tratamento térmico de recozimento para alivio de tensões com temperatura de patamar de 300°C 500°C e 700°C, respectivamente. (ampliação 50X) .......................................................................................................... 56 Figura 27: Comparação entre aço 4140 sem e com solda. (ampliação 50X) ........... 56 Figura 28: ZTA da peça soldada por revestimento de inconel 625 com tratamento térmico de recozimento para alivio de tensões com temperatura de patamar de 300°C(ampliação 50X) ................................................................................................ 58 Figura 29: ZTA da peça soldada por revestimento de inconel 625 com tratamento térmico de recozimento para alivio de tensões com temperatura de patamar de 500°C(ampliação 50X) ................................................................................................ 59 Figura 30: ZTA da peça soldada por revestimento de inconel 625 com tratamento térmico de recozimento para alivio de tensões com temperatura de patamar de 700°C (ampliação 50X ............................................................................................................ 59 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................7 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................... 7 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 8 1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 8 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................ 8 1.2.3 Delimitação do projeto .............................................................................. 8 1.3 JUSTIFICATIVA DO PROJETO ................................................................. 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 11 2.1 Aços Carbono ........................................................................................... 11 2.1.1 Aços alta resistência baixa liga ............................................................. 13 2.1.2 Soldabilidade aços baixa liga ................................................................. 13 2.1.3 Aço 4140 .................................................................................................... 13 2.1.4 Liga de níquel ........................................................................................... 14 2.1.5 Soldabilidade liga de níquel ................................................................... 15 2.1.6 Inconel 625 ................................................................................................ 16 2.2 SOLDAGEM ............................................................................................... 18 2.2.1 Soldagem TIG (GTAW) ............................................................................ 19 2.2.2 Fonte de energia ...................................................................................... 20 2.2.3 O gás de proteção .................................................................................... 21 2.2.4 Eletrodo de tungstênio ............................................................................ 21 2.2.5 Processo de alimentação do arame de soldagem............................... 22 2.2.6 Corrente elétrica ....................................................................................... 22 2.2.7 Soldagem TIG GTAW (automatizado).................................................... 23 2.3 REGIÕES DA JUNTA SOLDADA ............................................................ 23 2.4 FRATURA .................................................................................................. 25 2.4.1 Fratura frágil ............................................................................................. 25 2.4.2 Fratura dúctil ............................................................................................ 26 2.5 TRATAMENTO TÉRMICO ........................................................................ 27 2.5.1 Fatores com influência nos tratamentos térmicos.............................. 29 2.5.2 Recozimento para alívio de tensões ..................................................... 31 2.6 FASES DOS MATERIAIS ......................................................................... 32 2.6.1 Martensita ................................................................................................. 32 2.6.2 Baianita...................................................................................................... 32 2.6.3 Esferoidita ................................................................................................. 32 2.6.4 Austenita ................................................................................................... 33 2.6.5 Ferrita ........................................................................................................ 33 2.6.6 Cementita .................................................................................................. 33 2.7 Dureza ........................................................................................................ 34 2.8 Análise Metalográfica .............................................................................. 34 2.9 Ataque De Superfície ............................................................................... 35 2.10 Normas E Especificações ....................................................................... 35 2.10.1 Classe de pressão ................................................................................... 36 2.10.2 Junta de vedação ..................................................................................... 36 2.10.3 Conexões .................................................................................................. 36 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO...................................................... 38 3.1 METODOLOGIA ........................................................................................ 38 3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ............................................................. 40 3.2.1 Corpos de prova ....................................................................................... 40 3.2.2 Metal de adição ........................................................................................ 41 3.2.3 Equipamentos utilizados ........................................................................ 41 3.3 ENSAIOS ................................................................................................... 44 3.3.1 Confecção dos corpos de prova para soldagem ................................. 44 3.3.2 Soldagem de revestimento ..................................................................... 45 3.3.3 Realização do ensaio de dureza pós soldagem .................................. 47 3.3.4 Tratamento térmico de alívio de tensões ............................................. 48 3.3.5 Ensaio de dureza pós alívio de tensões ............................................... 49 3.3.6 Fabricação dos corpos de prova para ensaio metalográfico ............ 49 3.3.7 Ensaio metalográfico ............................................................................... 50 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................ 51 5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 60 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 62 7 1 INTRODUÇÃO A fabricação de equipamentos da indústria de óleo e gás offshore demanda materiais com excelentes características mecânica e metalúrgica por operar em águas profundas e ambientes altamente agressivos. Para garantir a resistência mecânica destes equipamentos são utilizados aços carbono denominados de alta resistência e baixa liga (ARBL) como o 4140. Estes aços possuem alta resistência mecânica e alta tenacidade. Porém os ARBL não possuem grande proteção contra a corrosão. Para suprir essa necessidade são empregados revestimentos sobre o aço principalmente em regiões internas de tubulações, conexões e áreas de vedação para transporte de fluídos. As ligas mais usadas como revestimento contra a corrosão em equipamentos da indústria de óleo e gás são as de base níquel. O método de união do aço e do revestimento é a soldagem, processo que implica em alterações microestruturas e de propriedades mecânica do aço, sendo necessário pós-tratamento térmico de alivio de tensões. O presente trabalho busca estudar a influência dos parâmetros de tratamento térmico de alívio de tensões em peças de aço revestidas com níquel, com foco na recuperação da microestrutura e propriedades mecânicas. Para tanto foram utilizados corpos de prova em aço 4140 soldados com a liga de níquel inconel 625 pelo equipamento TIG (GTAW) automatizado e submetidos a variações de temperatura de tratamento térmico de alívio de tensões, conseguinte análise microestruturae ensaio mecânico de dureza. 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Os materiais empregados na fabricação de equipamentos submarinos estão condicionados a trabalhar com elevado nível de pressão em situações que não pode ocorrer falhas do equipamento. Se houver falhas resulta em desastres ambientais de grande magnitude, assim sendo o desenvolvimento de estudos pesquisas de materiais e novas tecnologias é constante e de vital importância. Ao submeter um material à soldagem de revestimento, este processo resulta em diversas alterações de propriedades mecânicas e microestruturas favorecendo o aparecimento de regiões 8 frágeis no aço suscetíveis a fratura. A fim de minimizar as distorções geradas pela soldagem de revestimento o presente trabalho busca estudar e ensaiar as variáveis do tratamento térmico de alívio de tensões. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral Propor tratamento térmico de alívio de tensões com características controladas para minimizar os efeitos da soldagem de revestimento tornando o material aplicável a sua operação, com foco na recuperação da microestrutura e propriedades mecânicas como ductilidade, tenacidade e dureza do metal de base aço 4140. 1.2.2 Objetivos específicos Para atender o objetivo geral do presente trabalho foram definidos os seguintes objetivos específicos: A. Contextualizar conceitos relacionados à: revestimento superliga inconel 625 baixa liga 4140 soldagem automática TIG (GTAW), ensaio mecânico de dureza e mecanográfico. b. Analisar a influência do tratamento térmico de alívio de tensões nas propriedades mecânica do aço 4140 c. Submeter corpo de prova a ensaio de micro dureza Rockwell C e microscopia óptica. d. Identificar as variáveis ou parâmetros de tratamento térmico que melhor se adaptem a recuperação da microestrutura afetada pela soldagem de revestimento. 1.2.3 Delimitação do projeto O presente projeto será restrito a propor variações de microestrutura do material estudado que contemplem as especificações das normas vigentes de dureza e tempo de tratamento térmico máximo 10 horas dados estes referentes a procedimentos encontrados na norma API 6A direcionada a equipamentos de extração de petróleo (Xmas tree specification 1999) e procedimentos internos de projeto de indústria de petróleo e gás, pesquisa de materiais e métodos para atingir e 9 guiar os resultados esperados, confecção de corpo de prova com dimensões reduzidas aos utilizados no processo de fabricação com a mesma finalidade e exposto a todas as etapas requeridas ao processo, de forma a garantir a qualidade do produto final. 1.3 JUSTIFICATIVA DO PROJETO A grande quantidade de equipamentos necessários à extração de petróleo traz inúmeras vantagens ao cenário atual do país como: trabalho, emprego, renda desenvolvimento tecnológico entre outros (PETROBRAS, 2014), mas também diversos desafios de um lado à competitividade do mercado, de outro as intempéries que os equipamentos estão expostos em alto mar devido às condições de extração em águas profundas. A maioria dos metais e ligas expostos a ambientes agressivos como o marítimo se deterioram. Não há nenhum material que possa ser empregado em todas as aplicações (PETROBRAS, 2002). A fim de evitar a corrosão, ligas à base de Níquel são amplamente utilizadas pela sua excelente propriedade mecânica. As ligas mais comuns de Níquel são: Monel, Inconel e Hastelloy (VALENTE 2017). O inconel 625 é uma opção interessante para revestimentos superficiais de componentes de equipamentos em meios agressivos marítimos. A excelente e versátil resistência à corrosão da liga INCONEL 625 sob uma ampla gama de temperaturas e pressões é a principal razão para a sua ampla aceitação no campo de processamento químico. (SPECIAL METALS). O inconel 625 se caracteriza por ser uma liga de alto custo tendo sua aplicação normalmente restrita a áreas de vedação de equipamentos marítimos caracterizado como revestimento depositado sob matriz de menor custo como o aço carbono (substrato). Os processos de soldagem e aspersão térmica são os mais utilizados para obtenção do aço revestido (ANTOSZCZYSZYN, 2014). A soldagem TIG (GTAW) possui ampla aceitação para soldagem de revestimento do inconel 625, processo que resulta da deposição de material fundido (revestimento) em material base de menor custo (substrato). Tal procedimento implica em diversas alterações na microestrutura de união dos metais como o surgimento da zona termicamente afetada A ZTA é uma região subjacente à solda que não sofreu fusão, mas foi aquecida acima de uma temperatura crítica de forma geral é uma zona propícia a defeitos. (CARVALHO, 10 2012). É de extrema importância que sejam analisadas as mudanças superficiais causadas por um ambiente ou por uma condição de trabalho, para determinar a seleção do material para o revestimento e seu processo de aplicação (ANTOSZCZYSZYN, 2014). Ao realizar o revestimento de INCONEL 625 sobre o aço carbono podem surgir, em regiões adjacentes áreas com grande alteração micro estruturais e elevado gradiente químico. Nestas regiões podem ocorrer alterações de propriedades mecânicas provocando o aumento da dureza e a queda da tenacidade devido à presença da fase martensítica, as regiões adjacentes à solda de revestimento Níquel 625, podem se tornar regiões frágeis quando a peça ou equipamento for submetido a tensões decorrente da sua aplicação. Uma alternativa ao aumento de dureza na interface da solda, gerado pela presença da fase martensítica é a realização de tratamento térmico de alívio de tensões. (Cantarin 2011). 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Aços Carbono O aço é uma liga de ferro com menor teor de carbono e seu processo de fabricação conhecido como “Siderurgia”. Para produzi-lo a partir do ferro-gusa basta, portanto, retirar dele, em estado de fusão, parte do carbono e de outros elementos, o que se faz por oxidação dos mesmos. O preparo do aço constitui, em última análise, o objetivo maior de todo o processo siderúrgico. (SCHEID, 2010) O processo Siderúrgico está dividido em três grandes etapas: Redução, Refino e Conformação Mecânica. A redução é a etapa que visa transformar os minérios de Ferro em Ferro gusa (redução em alto forno) ou Ferro esponja (redução direta). O refino envolve os processos de transformação dos produtos da redução dos minérios de Ferro em aço, com composição química adequada ao uso. Por último, a conformação mecânica visa à transformação mecânica dos aços em produtos que possam ser utilizados pela indústria e envolve, de forma geral, a laminação, trefilação e o forjamento. (SCHEID, 2010) Os aços são ligas metálicas compostas basicamente por ferro e carbono com percentagens deste último variando entre 0,008 e 2,14%. Distinguem-se do ferro fundido, que também é uma liga de ferro e carbono, mas com teor de carbono entre 2,14% e 6,67%. Usualmente são acrescidos outros elementos de ligas a fim de se obter as propriedades desejadas para uma determinada aplicação. A diferença fundamental entre ambos é que o aço é facilmente deformável por forjamento, laminação e extrusão, enquanto que uma peça em ferro fundido é fabricada pelo processo de fundição (CALLISTER, 2002). Existem inúmeros tipos de aços, diferindo uns dos outros pela composição, que lhes comunica variadas características mecânicas. Há aços comuns, aços inoxidáveis e ainda os aços especiais destinados à fabricação de ferramentas e utensílios. Na produção de aços especiais, entram na liga, além do carbono, vários outros elementos como o cromo, o níquel, o fósforo, que lhes dão as propriedades particulares. Além do carbono, eliminam-se também todas as substâncias e tais são, principalmente, óxidos e carbonetos de ferro, de silício e de manganês, além de alguns elementos em bem menor quantidade. Entre estes, em particular,destacam-se o enxofre e o fósforo, cuja presença altera em muito as propriedades do aço. (SCHEID, 2010) 12 A classificação mais comum é de acordo com a composição química e dentre os sistemas de classificação química o SAE é o mais utilizado, e adota a notação ABXX, em que AB se refere a elementos de liga adicionados intencionalmente, e XX ao percentual em peso de carbono multiplicado por cem. (CHAVERINI, 2008) Além dos componentes principais indicados, o aço incorpora outros elementos químicos, alguns prejudiciais, outros são adicionados intencionalmente para melhorar algumas características do aço, como por exemplo, aumentando-se a resistência, dureza, ou para facilitar algum processo de fabricação. No aço carbono o teor de liga (elementos além do ferro e do carbono) estará sempre abaixo dos 2%. Acima dos dois até 5% de outros 26 elementos já é considerado aço de baixa liga, acima de 8% é considerado de alta-liga. Sendo assim, os aços podem ser classificados como (CALLISTER, 2002): Aços carbono: são ligas de ferro-carbono contendo geralmente entre 0,008% e 2,14% de carbono, além de certos elementos residuais resultantes dos processos de fabricação, tais como: a. Baixo carbono: o teor de carbono é menor que 0,3%, são aços que possuem grande ductilidade, bons para o trabalho mecânico e soldagem (construção de pontes, edifícios, navios, caldeiras e peças de grandes dimensões em geral). Estes aços convencionalmente não são temperáveis; b. Médio carbono: o teor de carbono está entre 0,3 e 0,7%; são aços utilizados em engrenagens, bielas, etc. São aços que, temperados e revenidos, atingem boa tenacidade e resistência; c. Alto carbono: o teor de carbono está entre 0,7 e 2,1%, são aços de elevada dureza e resistência após tempera, e são comumente utilizados em molas, engrenagens, componentes agrícolas sujeitos ao desgaste, pequenas ferramentas, etc.; Aços ligados: contém outros elementos de liga, além do carbono, e são divididos em: a. Baixa liga: o teor de elemento de liga menor que 5,0%; b. Alta liga: o teor de elemento de liga maior que 8,0%. Atualmente, emprega-se o aço devido a sua nítida superioridade frente às demais ligas considerando-se o seu preço, pois apresenta uma interessante 13 combinação de propriedades mecânicas que podem ser modificadas dentro de uma ampla faixa variando-se os componentes da liga e as suas quantidades, e mediante a aplicação de tratamentos térmicos e termomecânicos. Além disso, a experiência acumulada na sua utilização permite realizar previsões de seu comportamento, reduzindo custos de projetos e prazos de colocação no mercado. A composição, o processo de solidificação e tratamentos térmicos posteriores influencia decisivamente a microestrutura do aço. (CARODOSO, 2011). 2.1.1 Aços alta resistência baixa liga Aços de alta resistência e baixa liga, são aços com baixos teores de liga com altos limites de resistência, eles possuem o chamado micro adições de elementos de liga e associados com os tratamentos termomecânicos têm microestrutura com grãos finos, apresentando como principais características: são mais resistentes e tenazes que os aços carbono convencionais, são dúcteis, facilmente conformados e são soldáveis. (ASM, 1990). 2.1.2 Soldabilidade aços baixa liga Aços de baixa liga são materiais soldáveis que com controle de temperatura de aquecimento e pós-aquecimento propiciam materiais de ótima qualidade que podem ser usados nas mais diversas aplicações metal mecânicos. (ASM 1993) O aparecimento de trincas em um produto soldado constituído de aço baixa liga e um material revestido é muito mais suscetível no material de adição do que no metal de base devido o metal de base ter maior tensão de ruptura onde o material de adição tenta se equiparar ao metal de base pela sua quantidade de elementos de liga. (ASM 1993). 2.1.3 Aço 4140 O aço escolhido para o desenvolvimento deste trabalho foi o 4140, pertencente à categoria dos aços ARBL (Alta Resistência e Baixa Liga), também considerado um produto estrutural, o qual apresenta o elemento carbono na faixa de 0,38 a 0,43%, e com destaque para dois elementos de liga, ou seja, cromo (0,80 a 1,10%), que possibilita o aumento da resistência à corrosão e à oxidação; melhora o limite elástico, 14 a tenacidade, a resiliência e a resistência ao desgaste, e o segundo elemento é o molibdênio (0,15 a 0,25%), tendo como características principais o aumento da resistência mecânica; redução da tendência à fragilidade do revenido e melhoria das propriedades mecânicas quando o aço é utilizado em temperaturas mais elevadas. Este aço é pouco aplicado quando se apresenta em seu estado bruto de laminação, sendo requerido algum tipo de tratamento térmico para que possa ser processado até atingir as propriedades mecânicas, formas e dimensões de um produto final. Podemos citar como exemplo, o tratamento térmico de normalização sendo que, na sequência, o material poderá ser usinado e utilizado em articulações; partes de bombas; suportes, ou seja, aplicações que não exigem solicitações significativas de resistência e dureza, principalmente atendendo o segmento de máquinas e equipamentos. (ZUPPO, 2011) Todavia, tradicionalmente, o tratamento térmico mais utilizado para o 4140 é a têmpera e revenimento, pois, além de ser um aço que apresenta boa temperabilidade, proporciona bons resultados no que diz respeito ao limite de resistência a tração, limite de escoamento e dureza, podendo sofrer, após o tratamento térmico, algum tipo de conformação mecânica, processo este amplamente utilizado na indústria automobilística na fabricação de virabrequins; eixos traseiros e hastes de pistão, além de outros segmentos e aplicações, tais como parafusos de alta resistência e grampos para feixes de molas. Tecnicamente, uma possível alternativa em substituição ao tratamento de têmpera e revenimento é o tratamento térmico de austêmpera, o qual visa obter materiais com alta ductilidade e tenacidade, sem diminuição excessiva de dureza (SILVA e MEI, 2006). Tabela 1 - Faixa de composição química do aço SAE 4140 conforme norma SAE J1268 SAE C(%) Mn(%) Si(%) Ni(%) Cr(%) Mo(%) V(%) 4140 0,38 - 0,43 0,75 - 1,00 0,15 - 0,35 ----- 0,80 - 1,10 0,15 - 0,25 ---- *Fonte: (SILVA e MEI 2006) 2.1.4 Liga de níquel Apontado na dissertação de mestrado de Aguiar WN, o níquel é um metal que é facilmente soldado com outros materiais é um material que possui boa soldabilidade 15 com o ferro. O níquel possui matriz cúbica de face centrada excelente resistência à corrosão em ambientes críticos. As ligas de níquel em sua grande maioria são compostas de vários elementos de liga, mas o principal constituinte deve ser o próprio níquel. A existência das superligas de níquel com diferentes composições químicas se justifica pela sua excelente resistência mecânica numa ampla faixa de temperatura. A estrutura cristalina compacta cúbica de face centrada (CFC) da matriz austenítica das superligas de níquel, apresenta grande capacidade de manter resistência à tração, à ruptura e boas propriedades de fluência em temperaturas muito mais altas do que as ligas de matriz cúbica de corpo centrado (CCC) por causa de vários fatores, incluindo o excelente módulo de elasticidade e a alta difusividade que os elementos secundários possuem nesse tipo de matriz. A grande solubilidade de muitos elementos de liga na matriz austenítica e a capacidade de controle da precipitação de fases intermetálicas como a gama linha (γ’) é muito importante, pois conferem alta resistência mecânica. Pela formação de carbonetos pode-se aumentar o endurecimento e pela dissolução de alguns elementos na matriz também pode aumentar o endurecimento, que seria o endurecimento por solução sólida. Esta capacidade de endurecimento dessas ligas austeníticas de níquel, de cobaltoe de ferro as torna adequadas para aplicações em turbinas de jato e motores de foguetes, que exigem alta resistência mecânica em média e alta temperatura. (Oliveira 2014) 2.1.5 Soldabilidade liga de níquel Durante a soldagem de ligas de níquel podem ocorrer trincas em sua microestrutura devido à ocorrência de fases líquidas no contorno de grão durante a solidificação. (ASM 1993). Na solidificação da soldagem, em consequência da diferença de solubilidade formam-se fases segregadas, que podem gerar fases de baixo ponto de fusão, aumentando a possibilidade de ocorrer trincas durante a solidificação. Elementos como fósforo e enxofre, aumentam a possibilidade de ocorrer trincas de solidificação em ligas da série 600, em consequência da tendência de expandir o intervalo de temperatura de solidificação. A tendência destes elementos é segregar no líquido durante a solidificação e pode reduzir a energia interfacial na interface sólido-líquido, que provoca um espalhamento dos filmes líquidos nos contornos de grãos e com a presença de tensões residuais durante o processo de soldagem, aumenta-se a 16 possibilidade de trincas durante a solidificação com a utilização de material de adição à base de níquel. (oliveira 2014) 2.1.6 Inconel 625 Inconel 625 que é uma superliga desenvolvida em 1950, cuja composição química e propriedades mecânicas, são apresentadas na tabela 1 e 2, respectivamente. A superliga é caracterizada com alta resistência a corrosão, ductilidade e solvabilidade. (EISELSTEIN E TILLACK, 1991). As superligas à base de níquel constituem uma importante classe de materiais de engenharia, por ser caracterizada com elevada resistência mecânica à alta temperatura com excelente resistência à oxidação, o que as tornaram especialmente destinadas a aplicações em alta temperatura, tensões e fadiga. (PEREPEZKO, 2009) São notados na construção de turbinas a jato, em proteção corrosiva de materiais expostos a ambiente marítimo e agressivos, como indústrias de processamentos e produtos químicos. (GANESAN, 1991) Tabela 2 - Composição química da liga inconel 625 Elementos C S Cr Ni Mn Si Mo Ti Nb Fe P Al Co Ta % (peso) 0,023 0,001 22,3 61,04 0,04 0,13 9 0,21 3,45 3,4 0,004 0,16 0,1 0,02 Fonte: (GANESAN, 1991) Tabela 3 - Propriedades mecânicas da liga inconel 625 Dureza Tensão Máxima Deformação Máxima 96 HRB 891 Mpa 58% Fonte: (GANESAN, 1991) A excelente característica presente no Inconel 625 se deve principalmente ao alto teor de Ni (60%), Cr (20%) e adição de Mo (9%) e baixos teores de ferro e carbono que propiciam ao Inconel propriedades de resistência à corrosão localizada, especialmente em componentes soldados uma vez que minimizam precipitação de ferro nos contornos de grão. (SILVA, 2012). No artigo técnico “Caracterização de Uma Junta Dissimilar entre Aço Carbono e Inconel 625 Obtida por Soldagem” de 2016 realizado na UENF e escrito por Rodrigo Andrade Ribeiro, foi caracterizada uma junta dissimilar entre aço carbono e Inconel 625 obtida pela soldagem, os resultados mostraram forte deformação dos grãos na 17 proximidade da interface, tanto do lado do material base quanto do lado do Inconel, tendo sido verificado significativo aumento da dureza. A proteção corrosiva oferecida por revestimentos à base de níquel é devido à formação de uma camada passiva de óxido sobre esta superfície que tem por finalidade proteger o metal base contra a oxidação. (HODGE, 2006). A proteção corrosiva oferecida pelo Inconel 625 abrange diversos tipos de corrosão em diferentes ambientes. Em meio aquoso, devido às altas concentrações de molibdênio, o Inconel 625 promove efetividade quanto à corrosão localizada. Além do molibdênio, Al e W também podem participar da formação da camada passiva. (COSULTCHI, 2001). A alta resistência à corrosão é alcançada similarmente aos aços inoxidáveis através da formação de um filme passivo de óxido de cromo sobre a superfície da liga, protegendo o material contra a ação do meio corrosivo. No entanto, como o preço destas ligas é elevado, o custo passa a ser um fator limitante para o uso destas ligas. Neste contexto, a soldagem de revestimento torna-se uma excelente opção para a fabricação de equipamentos para inúmeros setores industriais, cujas superfícies internas ou externas necessitam de características específicas para garantir um bom desempenho em serviço, como por exemplo, resistência à corrosão (NAFFAKH, 2008). Figura 1 - Peça revestida com liga de níquel através do processo de soldagem Fonte: (CLADDING 2019) 18 2.2 SOLDAGEM Processo que consiste em unir dois componentes metálicos de forma permanente, podendo ser classificado como “fusão” ou “pressão”, conforme exposto na Figura 2, dependendo do tipo de energia aplicada para unir os metais. Classificada como soldagem por “fusão” a energia é aplicada para produzir calor capaz de fundir o material de base, a soldagem é obtida pela solubilização na fase líquida das partes a unir, e subsequentemente, da solubilização da junção. Soldagem por “pressão” a energia é aplicada para provocar uma tensão no material de base, capaz de produzir a solubilização na fase sólida, caracterizando a soldagem por pressão. (TANIGUCHI e OKAMURA, 1982). Os processos de soldagem a arco podem ser divididos entre os que envolvem alimentação descontínua do arame de adição, como a solda TIG e aqueles que envolvem a alimentação contínua, como o de proteção gasosa, com arco submerso e com eletro escória, que no caso, o arame de adição é o eletrodo. (TANIGUCHI e OKAMURA, 1982). Figura 2 - Processos de soldagem Fonte: (TANIGUCHI 1982) Os princípios da soldagem com arco protegido por gás começaram a ser entendido no início de 1800, depois que Humphry Davy’s descobriu o arco elétrico e inicialmente usava um eletrodo de carbono. Em 1890 C. L. Coffin teve a ideia de usar o arco elétrico, dentro de um gás inerte, mas as dificuldades de soldar materiais não ferrosos como alumínio e magnésio continuaram, porque estes materiais reagiam rapidamente com o ar, gerando porosidade e, consequentemente, soldas de 19 baixíssima qualidade. Em 1941 o processo estava completo e ficou conhecido como processo “Heliarc” ou “tungsten inert gas”, abreviado para processo TIG, isto porque o processo utilizava um eletrodo de tungstênio e hélio como gás de proteção. O processo foi considerado “perfeito”, quando se começou a utilizar corrente alternada com adição de alta frequência, a partir de onde se conseguia um arco estável que permitia soldar ligas de alumínio e magnésio com perfeição e boa qualidade de solda. Já nos anos de 1950 o processo se tornou popular, passando a ser utilizado o argônio como gás de proteção no lugar o hélio, por ser economicamente mais barato. Uma das inovações durante a criação do processo como conhecemos hoje, foi à utilização da “corrente pulsada”. (DBC Oxigênio, 2014). A soldagem por fusão a arco tipo TIG tem destaque por produzir uma solda limpa e de alta qualidade. Como não é gerada escória, a chance de inclusão da mesma no metal de solda é eliminada, e a solda não necessita de limpeza no final do processo é considerado tradicionalmente um processo aplicado com baixa velocidade de soldagem, e também por isso, classificado popularmente como um processo de baixa produtividade. As aplicações deste processo de solda são mais utilizadas em metais sofisticados, alumínio e em ligas de aço inoxidável e de metais reativos, onde a integridade da solda é de extrema importância e quando um bom acabamento e uma elevada qualidade das soldas são requeridos. Especialmente nestes casos, variações expressivas no formato do cordão associadas, por exemplo, com mudanças pequenas de composição química do metal base, usualmente dentro do permitido por normas técnicas, são altamente indesejáveis. Frequentemente,o processo é aplicado de forma mecanizada ou automatizada. Desta forma, alguns métodos de soldagem permitem rápida montagem em máquina e leva a ser visto com economias significativas, o que aumenta a sua atratividade. A aplicação é desde pequenos componentes eletrônicos até grandes estruturas e equipamentos (pontes, navios, vasos de pressão, etc.). (TANIGUCHI e OKAMURA, 1982). 2.2.1 Soldagem TIG (GTAW) TIG proveniente da sigla (Tungsten Inert Gas) ou GTAW proveniente da sigla (Gas-Shielded Tungsten Arc. Welding) é a soldagem com arco formado por um eletrodo sólido de tungstênio operando com determinado tipo de corrente, o qual aquece a área soldada também chamada de “poça de fusão”. O eletrodo, o arco e a 20 área em volta poça de fusão da solda são protegidos contra os efeitos do ar atmosférico por um gás inerte, cujo fluxo é direcionado por um bocal que circunda o eletrodo. O arco elétrico é gerado por um gerador de faísca entre o eletrodo e a peça. O eletrodo representa apenas o terminal de um dos polos e não é adicionado à poça de fusão (eletrodo não consumível). Consequentemente são utilizados eletrodos de material de alto ponto de fusão e de alta emissão termiônica (o ponto de fusão do tungstênio é acima de 3.500°C). (Soldag. Insp. São Paulo, Vol.16, No. quatro p.333- 340, Out/Dez 2011). Figura 3 - Processo de soldagem TIG Fonte: (WAINER 1992) 2.2.2 Fonte de energia A fonte pode ser corrente contínua (CC- ou CC+) ou corrente alternada (CA). Cada uma dessas alternativas irá influenciar fortemente os mecanismos de emissão de elétrons e consequentemente as características de soldabilidade. Quando grande número de elétrons escoa do polo negativo para o polo positivo em uma fração de segundos, as suas respectivas colisões geram um arco extremamente quente. Para solda de aço é utilizada corrente contínua com polaridade direta (eletrodo conectado ao terminal negativo) aquecendo menos o eletrodo se comparado com a polaridade inversa. Utilização de correntes muito baixas - haverá instabilidade no arco, devido ao superaquecimento. (Soldag. Insp. São Paulo, Vol.16, No. quatro p.333-340, Out/Dez 2011). 21 A abertura convencional do arco elétrico na soldagem TIG envolve o arraste (ou "risco") do eletrodo na peça. Esse procedimento contamina e danifica o eletrodo, além de poder causar inclusões de tungstênio no metal de solda gerando sérios problemas no cordão. A indústria visando eliminar o problema utiliza fontes de energia com um estabilizador de alta frequência, em que não é necessário encostar o eletrodo na peça para iniciar o arco. Uma tensão de alta frequência ioniza o gás de proteção, tornando-o condutor, e um arco elétrico é estabelecido. A alta frequência é automaticamente desligada imediatamente após o início do arco. (Soldag. Insp. São Paulo, Vol.16, No. quatro p.333-340, Out/Dez 2011). 2.2.3 O gás de proteção Os tipos de gases mais indicados para o processo TIG são argônio, hélio ou mistura entre esses dois gases. A escolha do gás de proteção para vários metais base e suas ligas: Argônio é o gás de proteção mais utilizado em soldagem pelo processo TIG. Hélio (He), misturas de Argônio/Hélio ou a mistura de Argônio/Hidrogênio são utilizados em casos específicos. (Soldag. Insp. São Paulo, Vol.16, No. quatro p.333-340, Out/Dez 2011). 2.2.4 Eletrodo de tungstênio O eletrodo de tungstênio funciona como terminal do arco é consumível, embora chamados de permanentes, em condições normais, os eletrodos mais comuns (150 mm e 170 mm) duram cerca de 30 horas de arco aberto. É ele que gera o calor para a abertura do arco de solda e inicia o processo de solda. São de suma importância o conhecimento do tipo de eletrodo de tungstênio correto e a forma mais eficiente para utilização no processo de soldagem TIG para maior proveito e benefício. Para que isto aconteça o eletrodo deve possuir excelentes qualidades termiônicas, ou seja, ele deve alcançar temperaturas suficientemente altas para causar a emissão de elétrons por agitação térmica sem que seja consumido. A utilização de eletrodo de tungstênio como polo positivo em corrente contínua - necessita de diâmetros de eletrodos de tungstênio bastante superiores para uma mesma corrente, se comparado com eletrodo de tungstênio no polo negativo com corrente contínua. Utilização do eletrodo de tungstênio no polo positivo em corrente contínua - permite uma corrente de apenas 22 aproximadamente 10 % da utilizada para um mesmo eletrodo de tungstênio em corrente contínua com eletrodo de tungstênio no polo negativo. Os eletrodos de tungstênio são produzidos através de acabamento químico ou mecânico para remoção de imperfeições e impurezas na sua superfície. (Soldag. Insp. São Paulo, Vol.16, No. quatro p.333-340, Out/Dez 2011). 2.2.5 Processo de alimentação do arame de soldagem A soldagem TIG pode ter duas variantes para o processo de adição do metal Hot Wire e Cold Wire. O processo Hot Wire consiste em aquecer o metal de adição próximo a temperatura de fusão pouco antes do contato com a zona de fusão o arame é alimentado automaticamente, o arame é pré-aquecido por resistência elétrica em corrente alternada, a corrente é utilizada para preservar o arco e pré aquecer o arame já o processo Cold Wire não ocorre o pré-aquecimento do metal de adição dessa forma sua produtividade é menor (ASM. 1993). 2.2.6 Corrente elétrica As influências da corrente elétrica sobre a soldagem de revestimento é percebida quando, por exemplo, ao aumentar a corrente aumenta a temperatura da poça de fusão consequentemente maior penetração e maior quantidade de material depositado, aumentando a troca química entre o material depositado e material substrato. Por outro lado valores de corrente elétrica baixa diminuem a energia de soldagem dificultando a fusão do material de base (substrato) favorecendo o aparecimento de defeitos como falta de fusão. Portanto baixos valores de corrente não garantem a união metalúrgica entre o revestimento e o material de base. (Silva Filho 2007) Parâmetros do equipamento a serem controlados durante a soldagem que afetam o revestimento. • Corrente de soldagem • Velocidade de alimentação do metal de adição • Temperatura de pré-aquecimento do metal de adição 23 2.2.7 Soldagem TIG GTAW (automatizado) A soldagem de revestimento é um processo no qual um material de adição é depositado sobre um material matriz a fim de proporcionar a estas características que não possui como resistência ao desgaste corrosão entre outros. Portanto é considerado um processo alternativo de fabricação onde é possível conciliar propriedades diferentes no núcleo e superfície do material (Costa e Payao 1994). No processo de soldagem automatizado, também chamado de tig alimentado o material de adição fornecido em forma de bobinas de arame e chega à poça de fusão por um meio de alimentação automático. A figura abaixo representa equipamento de soldagem TIG (GTAW) automatizado. Figura 4 - Equipamento usado para soldagem tig (GTAW) automatizado Fonte: (CLADDING 2019) 2.3 REGIÕES DA JUNTA SOLDADA Durante a soldagem diversas fases podem aparecer na microestrutura do material devido à alta temperatura que o material se encontra quando depositado sobre outro com menor gradiente térmica variável essas que influenciam na forma e na constituição da região soldada com a figura 5. 24 Figura 5 - Relações Aproximadas entre a Temperatura de Pico, a Distância da Interface de Solda e o Diagrama de Fase de Ferro-Carbono Fonte: (WELDING 2018) Zona de fusão região onde o material é fundido pelo calor da soldagem; Zona afetada pelo calor região adjacente à solda pertencente à região da junta que recebe a soldagem onde foi alterada pela alta temperatura da zona de fusão. A figura abaixo representa uma peça soldada com os contornosda zona termicamente afetada. Figura 6 - Soldagem e zona termicamente afetada sobre a superfície do material Fonte: (CLADDING 2019) Zona de ligação corresponde à região que fica entre o material de solda depositado na junta e o material que foi soldado. (Cantarin 2011) 25 2.4 FRATURA Fratura pode ser considerada como a segmentação de corpo sólido em duas ou diversas partes sobtensão, podendo ser dúctil ou frágil, a diferença de ambas é que a fratura dúctil é acompanhada de intensa deformação plástica enquanto a frágil não. A classificação está baseada na habilidade de um material apresentar deformação plástica. Os metais dúcteis exibem tipicamente uma deformação plástica substancial com grande absorção de energia antes da fratura. Por outro lado, acompanhando uma fratura frágil, há normalmente pouca ou nenhuma deformação plástica e baixa absorção de energia. (Callister 2008). A figura 7 representa fratura em equipamento empregado no mar de Bohai na china, fratura em decorrência de vibração desencadeando ruptura de gasoduto. Figura 7 - Borda fraturada de um tubo de descarga de fluído Fonte: Journal of Marine Science and Engineering (2019) 2.4.1 Fratura frágil A fratura frágil pode ser determinada através de um ensaio de impacto onde através da deformação da superfície é possível a detectar seu formato por não haver nenhuma deformação plástica, através da formação de marcas de sargento em formato de v. Quando um material sofre fratura frágil à mesma ocorre de forma brusca sem deformação plástica desta forma materiais que se caracterizam por fratura frágil 26 não podem ser aplicados a situações onde sejam comuns esforços bruscos como eixos de máquinas bielas entre outras aplicações. Para a maioria dos materiais cristalinos frágeis, a propagação da trinca corresponde a uma ruptura sucessiva e repetida de ligações atômicas ao longo de planos cristalográficos específicos. (Callister 2008) Figura 8 - Fotografia de uma superfície de fratura frágil mostrando nervuras radiais em formato de leque Fonte: (Callister 2008) 2.4.2 Fratura dúctil Caracteriza-se por uma superfície deformada com aparência fibrosa, ocorrem em materiais que têm a característica de absorver energia e dissipa-la antes que ocorra a fratura, ou seja, em materiais tenazes. O tipo mais comum de perfil de fratura por tração para os metais dúcteis é precedido por apenas uma quantidade moderada de estrangulamento. Normalmente, o processo de fratura ocorre em vários estágios Primeiro, após o início do empescoçamento, pequenas cavidades ou micro vazios se formam na seção transversal do material. Em seguida, com o prosseguimento da deformação, esse micro vazio aumenta em tamanho, se aproximam e coalescem para formar uma trinca elíptica, que tem seu eixo maior perpendicular à direção da tensão. A trinca continua a crescer paralela à direção do seu eixo principal, por meio desse processo de coalescência de micro vazios. Finalmente, a fratura ocorre pela rápida propagação de uma trinca ao redor do perímetro externo do pescoço, mediante uma deformação 27 cisalhante que ocorre em um ângulo de aproximadamente 45° em relação ao eixo de tração — esse é o ângulo no qual a tensão de cisalhamento é máxima. Algumas vezes, uma fratura que possui esse contorno superficial característico é denominada fratura taça e cone, pois uma das superfícies possui a forma de uma taça, enquanto a outra lembra um cone. Nesse tipo de amostra fraturada, a região interna central da superfície tem uma aparência irregular e fibrosa, que é indicativo de deformação plástica. (Callister 2008 pág. 234) Figura 9 - Fratura frágil visualizada através microscopia eletrônica de varredura Fonte: (Callister 2008) a. Fractografia eletrônica de varredura mostrando micro cavidades esféricas, características de uma fratura dúctil resultante de cargas de tração uniaxiais. Ampliação de 3300×. b. Fractografia eletrônica de varredura mostrando micro cavidades com formato parabólico, características de fratura dúctil resultante de uma carga cisalhante. Ampliação de 5000×. Fonte: Callister 2008 2.5 TRATAMENTO TÉRMICO Tratamentos térmicos é, por conceituação, um conjunto de trabalhos realizados sobre o material de forma controlada acerca dos seguintes itens: Temperatura de aquecimento, tempo na mesma temperatura, atmosfera onde ocorrerá o tratamento térmico e velocidade de aquecimento e resfriamento. O procedimento pode fazer 28 grandes mudanças na microestrutura do material sem haver a necessidade de modificação em sua forma. (Chiaverini, 2008) Variando os itens descritos, podem ser encontradas diferentes propriedades no material: Remoção de tensões internas; modificação na dureza; Aumento da resistência mecânica; Melhora na tenacidade e ductilidade; Melhora na; Melhora da resistência ao desgaste; Melhora das propriedades de corte; - melhora da resistência à corrosão; Melhora da resistência ao calor; Modificação das propriedades elétricas e magnéticas. Considera-se também que certas propriedades devem ser adquiridas em detrimento de outras, quando se aumenta a dureza de um material, é reduzido sua ductilidade, por exemplo. (Chiaverini, 2008) Figura 10 - Diagrama TTT (Tempo – Temperatura – Transformação) Fonte: (Callister 2008) A transformação do aço, representando a velocidade de resfriamento com o tipo de microestrutura que o aço terá quando chegar à temperatura ambiente podendo ser perlita, bainita ou martensita. A posição da curva TTT pode ser modificada de três formas: com a mudança da composição química, o tamanho do grão e a homogeneidade da austenita. Toda inserção de elemento, com exceção do cobalto, deslocam a curva da esquerda para a direita, ou seja, retardam o tempo para formação de martensita, desta forma, facilmente um aço com elementos de liga se torna mais duro que um aço puro. Da mesma forma um tamanho de grão maior desloca a curva para a direita, como a perlita inicia a formação a partir da periferia do grão, existe um tempo maior para a martensita aparecer. Quando maior for à concentração de carbonetos na austenita, 29 ou seja, menor for sua homogeneidade, mais a curva se deslocará para a esquerda, dificultando a criação de martensita. (Chiaverini, 2008) 2.5.1 Fatores com influência nos tratamentos térmicos Segundo Chiaverini (2008), os fatores (temperatura, tempo, resfriamento e atmosfera) podem ser modificados de forma a atender a determinadas necessidades, os quais podem ser vistos abaixo: A. Aquecimento: Pode ser desmembrado em mais dois fatores que são a temperatura e velocidade de aquecimento. A velocidade de aquecimento não afeta ligeiramente na propriedade final do material, mas pode prejudicar a peça causando empenamento ou agravando tensões internas, porém, após a zona crítica, em um aquecimento lento, existirão modificações no grão. A temperatura de aquecimento pode variar dependendo do tipo de tratamento térmico utilizado (um recozimento não ultrapassa a zona crítica diferentemente da normalização), assim como a composição do aço que afeta na temperatura crítica. B. Tempo de permanência a temperatura de aquecimento: Para se calcular o tempo que o material permanece aquecido, primeiro deve ser considerado que, à medida que o tempo aumenta estando acima da temperatura crítica, aumenta a modificação de toda a peça para austenita pura da mesma forma como aumenta o tamanho do grão. Devem ser avaliadas as medidas da peça assim como capacidades do forno, uma má formação da austenita cria tensões residuais na peça e o aumento do grão reduz a dureza. Para reduzir tais problemas, pode ser utilizada uma temperatura de aquecimento maior sendo reduzido o tempo de permanência. C. Velocidade de resfriamento: Fator de maior importância no tratamento térmico, ele que irá dizerqual microestrutura, seguindo o diagrama TTT (figura XX) para aquele tipo de aço, terá no material após o resfriamento. Para o resfriamento, seguindo do menos para o mais rápido, pode ser utilizado o próprio ambiente do forno, ao ar, óleo ou água, caso agitados, aumenta a velocidade de saída de calor do material. No final podem ser encontrados perlita, bainita ou martensita, considerando também que as dimensões da peça afetam na velocidade de resfriamento assim como a microestrutura encontrada. D. Atmosfera: Assim como o meio em que o material irá utilizar para ser resfriado, o ambiente em que o material permanece influência no tratamento térmico. 30 Como no caso da cementação, utilizando de outro elemento como o carbono, se produz camadas externas da peça impregnadas com esse elemento melhorando certas propriedades. Os tipos de tratamentos térmicos são diferenciados nas propriedades finais que se almejam para o material, o qual tem processos distintos modificando os fatores acima descritos, dentre os mais utilizados são o recozimento, a normalização, a têmpera e o revenido. O aço utilizado para estudo nessa pesquisa é o aço SAE 4140, sendo uma liga de aço com aproximadamente 0,4% de carbono e adição de cromo, molibdênio, silício e manganês. Como já foi visto anteriormente, a mudança na composição química do aço faz modificações na curva TTT representada na figura 14, considerando a quantidade de carbono e a adição de outros elementos, a curva se desloca para a direita favorecendo a obtenção de martensita. Figura 11 - Diagrama TTT do aço SAE 4140 Fonte: (Voort 1991) 31 Como consequência de uma solda, por exemplo, que causa modificações grandes de temperatura com espaços curtos de tempo em um aço como o SAE 4140, existe a modificação de sua microestrutura, para isso é utilizado um novo tratamento térmico de recozimento para alivio de tensões na peça, a fim de retornar parte de sua resistência mecânica original. 2.5.2 Recozimento para alívio de tensões O recozimento é um tratamento térmico diferenciado quanto à exposição do material à determinada temperatura por um tempo mais prolongado sendo o tempo o fator mais importante nesse tratamento. O recozimento é utilizado quando se procura aliviar tensões, deixar o material mais dúctil e tenaz ou encontrar determinada microestrutura. O procedimento passa por aquecimento, depois é mantida a temperatura e seguido de resfriamento à temperatura ambiente. O tempo e temperatura utilizados dependem das propriedades mecânicas desejadas assim como a composição química do material e suas dimensões. (Callister, 2013) O ato da soldagem em aços, em geral, decorre do aquecimento até temperatura de fusão dos materiais e então resfriamento, por consequência, esse tratamento térmico que acaba sendo ocasionado na peça cria uma região afetada pela solda. Dependendo da velocidade de resfriamento e composição química do material é possível encontrar martensita nessas regiões que, por modificar o formato e tamanho do grão, cria tensões residuais na peça que reduz a resistência mecânica do material, dependendo do trabalho ou futuros processos que a peça irá realizar, pode ser prejudicial. Quando determinado material recebe uma solda ele normalmente passa por um tratamento térmico de recozimento para alívio de tensões que é utilizado com o intuito de manter as propriedades mecânicas originais do material. Nesse tratamento térmico, o aço passará pelos processos de forma controlada e uniforme, tendo seu aquecimento até uma temperatura recomendada para o material e sendo mantida essa temperatura até que toda a peça esteja uniforme seguido de resfriamento lento. A temperatura do recozimento é normalmente baixa (visto que o processo já se inicia em temperaturas logo acima da temperatura ambiente) pensando-se em não serem perdidas propriedades vindas de outros tratamentos térmicos ou possíveis 32 deformações plásticas, por outro lado, temperaturas mais próximas do limite inferior da zona crítica causam melhores resultados (Callister, 2013). 2.6 FASES DOS MATERIAIS 2.6.1 Martensita Segundo (Callister 2008) a martensita que se configura como fase ou constituinte se forma quando as ligas ferro carbono são austenitizadas e resfriadas rapidamente até uma temperatura relativamente baixa. A martensita é uma estrutura monofásica fora do equilíbrio que resulta de uma transformação da austenita onde não ocorre difusão pode se dizer que é um produto da transformação que concorre entre a bainita e a perlita. A austenita CFC sofre uma alteração alotrópica para uma martensita tetragonal de corpo centrado, todos os átomos de carbono permanecem com impurezas intersticiais na martensita, assim eles formam uma solução sólida supersaturada capaz de se transformar rapidamente em outras estruturas. 2.6.2 Baianita Segundo (Callister 2008) os aços bainíticos apresentam uma estrutura mais refinada, em geral os aços Bainíticos são mais duros que os perlíticos ainda assim apresentam uma combinação desejável de resistência e ductilidade. A Bainita é uma microestrutura que se forma abaixo da temperatura de transformação da perlita a temperatura de transformação da Bainita é em torno de 215 °C a 540 °C. 2.6.3 Esferoidita Conforme (CALLISTER, 2008) os aços com esferoidita são extremamente dúcteis muito mais que aqueles com perlita fina ou grosseira, eles são notavelmente mais tenazes, pois qualquer trinca pode encontrar uma fração muito pequena das partículas frágeis de cementita na medida em que ela se propaga através da matriz dúctil de ferrita. 33 2.6.4 Austenita Segundo (CALLISTER, 2008) a austenita é a solução sólida no carbono no ferro gama também é o ponto de partida para vários tratamentos térmicos nas ligas de ferro, pois partindo da austenita é possível a transformação da liga em vários microconstituintes. É uma solução sólida de carbono em ferro gama. Somente são estáveis as temperaturas superiores a 723 ºC, desdobrando-se por reação eutetóide, a temperaturas inferiores, em ferrita e cementita. Somente pode aparecer austenita a temperatura ambiente nos aços austeníticos, nesse caso, a austenita é estável a temperatura ambiente. É deformável como o ferro gama, pouco dura, apresenta grande resistência ao desgaste, é magnética, e é o constituinte mais denso dos aços e não é atacada por reagentes. Apresente rede cristalográfica cúbica de face centrada. 2.6.5 Ferrita Este constituinte está formado por uma solução sólida de inserção de carbono em ferro alfa. É o constituinte mais mole dos aços, porém é o mais tenaz, e o mais maleável. A ferrita apresenta-se nos aços como constituinte e misturada com a cementita para formar parte da perlita. Se o aço é muito pobre em carbono, sua estrutura está formada quase que totalmente por grãos de ferrita cujos limites podem ser revelados facilmente com o microscópio, depois de um ataque com ácido nítrico diluído. Os grãos são axiais. (CALLISTER, 2008) 2.6.6 Cementita É o constituinte que aparece em fundições e aços também conhecido como carbeto de ferro. É o carboneto de ferro, de fórmula Fe3C. É muito frágil e duro, e é muito resistente ao cisalhamento. Em baixas temperaturas é ferromagnético e perde esta propriedade a 212 ºC (ponto de Curie). O ponto de fundição acima de 1950 ºC, e é termodinamicamente instável a temperaturas inferiores a 1200 ºC. (CALLISTER, 2008) 34 2.7 Dureza O ensaio de Brinell é o modelo com maior utilização na Engenharia, geralmente realizado para corpos de alumínio, latão e aço recozido. Através de um penetrador de aço temperado com formato esférico são empregadas cargas. O procedimento se resume em reprimir lentamente o penetrador mediante a execução de uma carga acima de uma extensão plana e polida por um tempo fixado. O resultado dessa compressãoserá uma impressão definitiva no metal com o formato esférico do penetrador, esse formato é medido por meio de um microscópico óptico. Os criadores do ensaio de dureza de Vickers foram Sandler e Smith em 1925, o modelo foi denominado dessa maneira, pois a companhia Vickers-Armstrong Ltda. fabricou a maioria das máquinas que operavam através desse tipo de dureza. Esse modelo nos permite operar com diversas categorias de metais, eis a sua grande vantagem. Nesse caso, o penetrador possui o molde de pirâmide de base quadrada, as faces opostas estão dispostas a um ângulo de 136º. Esse ângulo nos permite o resultado da impressão parelho ao de Brinell, o penetrador é produzido por diamante e não é possível que haja deformação. A impressão possui formato de losango e o microscópico realiza a análise da medida das suas diagonais. Ensaio de dureza de Rockwell possui formato de ensaio destinado a corpos de aço temperado. Rockwell criou esse modelo em 1922 e possui grande utilização mundial por conter algumas vantagens acima dos demais. O tempo utilizado para medição da impressão é eliminado, visto que a própria máquina de ensaio lê o resultado da dureza obtida, portanto, possui a duração mais curta e menor possibilidade de erro humano. Aliás, geralmente não há dano causado ao corpo de prova por se tratar de um penetrador pequeno. Esse tipo de ensaio é fundamentado por meio da profundidade da penetração, há a imposição da carga de metal sobre o penetrador, já a pré-carrega, a qual possui uma carga menor, utilizada para suprimir os efeitos da deformação elástica do material. (Manual de Ciência dos Minerais, 2011). 2.8 Análise Metalográfica Segundo Colpaert (2008), o ensaio da técnica metalográfica consiste na segmentação do material a ser estudado em partes menores para realização da 35 análise da estrutura do material a nível atômico, onde se observa as fases constituintes presentes no material e identificam a textura, granulação do material, a natureza e a forma, a quantidade e a distribuição dos constituintes e inclusões O conhecimento da microestrutura do material assim como de sua modificação é de fundamental importância para a compreensão do seu comportamento. ( Lima Filho 2013) Para análise microscópica dos materiais há diversas técnicas como: a. Microscopia eletrônica de varredura; b. Microscopia óptica; c. Microscopia eletrônica de transmissão; d. Microscopia de força atômica; e. Microscopia Confocal. 2.9 Ataque De Superfície Para Colpaert (2008) o processo de ataque químico da superfície é realizado submergindo o corpo de prova com a superfície polida no reativo colocado em um recipiente de vidro fundo côncavo adequado. O tempo médio para aços e ferros fundidos é de 5 a 15 segundos. Após o ataque, o corpo de prova é lavado em sua superfície com álcool e não com água, em seguida é feita a secagem primeiramente com algodão e após com jato de ar quente. A fim de visualizar a estrutura de um material uma amostra é submetida a mecanismos de criação de contrastes tornando assim possível a visualização de sua estrutura. (Lima Filho 2013) 2.10 Normas E Especificações Mathias (2014) assegura que entre as sociedades técnicas, associações de comércio e agências de governo as mais conhecidas normas e especificações de válvulas tubulações são: API, UL, ASME, ASTM. A tabela 1 apresenta as respectivas normas e suas abordagens. 36 Figura 12 - Normas e suas abordagens Fonte: (Ribeiro 1999) 2.10.1 Classe de pressão Na designação utilizada por Ribeiro (2008) a classe de pressão das válvulas fabricadas conforme a norma ASME e API é um número apenas para orientação e adimensional, que define os limites de pressão mínimo e máximo com os quais ela pode operar, de acordo com certa temperatura e material de construção. Variam de forma inversamente proporcional à temperatura do fluido. 2.10.2 Junta de vedação Mathias (2015) explica que na união entre corpo e castelo e entre flanges de válvula com a tubulação há sempre uma junta para impedir o vazamento do fluido para fora da válvula, quando esta trabalha em pressão positiva, ou entrada de ar no sistema quando operando no vácuo, como no caso das válvulas instaladas em linhas de sucção de bombas. 2.10.3 Conexões Segundo Neves (2010) as conexões estabelecem a ligação da válvula com a tubulação e podem ser flangeadas, soldadas ou rosqueadas. De acordo com o autor, 37 as flangeadas são as mais utilizadas por serem mais fáceis de instalar e substituir, sendo esse tipo de conexão utilizada para a maioria dos fluidos, com exceção daqueles que não podem, em hipótese alguma, vazar para o meio ambiente. Nesses casos utilizam-se válvulas soldadas. Figura 13 - Tipos de conexões indústria óleo e gás Fonte: (Meireles 2015) 38 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO O trabalho consiste em uma pesquisa empírica conclusiva causal, onde serão realizados ensaios e análises a respeito das propriedades dos materiais sobre corpos de prova fabricados em aço 4140 revestido com inconel 625 por soldagem Tig (GTAW) automática. A fim de reduzir as tensões internas geradas durante a soldagem de revestimento foram propostos três tratamentos térmicos de alívio de tensões com diferentes temperaturas e conseguintes ensaios de dureza, os corpos de prova estes segmentados a partir de cada um dos três corpos de prova revestidos. Para levantamento de dados para a metodologia foi considerado a consulta em normas técnicas, livros técnicos da área de metal mecânicos direcionados a indústria de petróleo e gás como a norma API seis A específica para a fabricação de árvore de natal molhada, e profissionais da área professores de engenharia e fabricante de equipamentos da indústria de petróleo. 3.1 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos deste trabalho foi desenvolvido o roteiro de atividades da Figura 14: Figura 14 - Metodologia para alcançar objetivos do trabalho Fonte: Os autores (2019) ETAPA 1 Confecção de corpos de prova para soldagem ETAPA 2 Soldagem de revestimento ETAPA 3 Realização de ensaio de dureza pós soldagem ETAPA 4 Tratamento térmico de alívio de tensões ETAPA 5 Ensaio de dureza ETAPA 6 Fabricação dos corpos de prova para ensaio metalográfico ETAPA 7 Ensaio metalográfico ETAPA 8 Análise dos resultados de todos os ensaios ETAPA 9 Relacionar os resultados dos ensaios com revisão bibliográfica e objetivos 39 Etapas da metodologia: I. Foram confecção dos corpos de prova em aço 4140 utiliza equipamentos e ferramentas disponíveis no laboratório de manufatura da FAE; II. A soldagem de revestimento é realizada em indústria fabricante de equipamentos para indústria de óleo e gás da região metropolitana de Curitiba/PR; III. O ensaio de dureza realizado no LABFAE de materiais tenta identificar a dureza superficial encontrada sem o tratamento térmico de alívio de tensões; IV. Tratamento térmico de alívio de tensões para reduzir a dureza superficial e melhorar propriedades mecânicas e microestruturas realizadas no LABFAE de materiais; V. O ensaio de dureza realizado no LABFAE de materiais tenta identificar a dureza superficial encontrada após o tratamento térmico de alívio de tensões; VI. A fabricação dos corpos de prova para ensaio mecanográfico é realizado no LABFAE de materiais a partir da segmentação dos corpos de prova revestidos; VII. O ensaio mecanográfico é realizado no LABFAE de materiais; VIII. Com todos os ensaios realizados são feitas as análise dos resultados; IX. Finalmente a comparação dos resultados com os objetos de pesquisa, conclusão. Tabela 4 - Cronograma de atividades 2° semestre Etapa Data 1. Confecção dos corpos 29/06/2019 2. Soldagem de revestimento 13/07/2019 3. Ensaio de dureza 20/07/2019 4. Tratamento térmico de alívio de tensões 27/07/2019 5. Ensaio de dureza 03/08/2019 6. Corposde prova - ensaio mecanográfico 17/08/2019 7. Ensaio mecanográfico 31/08/2019 8. Análise dos resultados 12/10/2019 9. Conclusão 02/11/2019 Fonte: Os autores (2019) 40 A metodologia empregada busca relacionar os dados obtidos com o presente trabalho aos objetivos propostos desde a confecção dos corpos de prova para testar os parâmetros e variáveis do tratamento térmico de alívio de tensões até a análise dos resultados para conseguinte conclusão. 3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS 3.2.1 Corpos de prova Para fabricação dos corpos de prova levou se em consideração requisitos de trabalho aço 4140 ou 75K conforme API 6A seventeenth edition may 2000 para aplicação de até 20000 psi ou 138 MPA composição química conforme o fabricante de porcentagem de carbono e baixa liga, os corpos de prova foram confeccionados conforme desenho conforme API 6A seventeenth edition may 2000 nome de anel de vedação para teste do material. As propriedades mecânicas do aço SAE 4140 estão conforme tabela 1 do referencial teórico. Para estudo das propriedades mecânicas e microestruturas foram desenvolvidos três corpos de prova de forma e tamanho iguais conforme figura barra redonda de 120,65mm de diâmetro por 48 mm de espessura conforme desenho abaixo. Figura 15 - Desenho corpo de prova Fonte: Os autores (2019) 41 3.2.2 Metal de adição O metal de adição é o ERNICRMO-3 (UNS N06625) conhecido como Inconel 625 com diâmetro máximo de 1,2mm com composição química informada pela tabela 5. Tabela 5 - Composição química do ERNICRMO-3 utilizado neste trabalho. C Mn Fe P S Si Cu Ni Al Ti Cr Nb + Ta Mo Outros 0,02 0,03 0,32 <0,003 <0,001 0,07 <0,01 64,50 0,09 0,19 22,24 3,65 8,68 <0,50 Fonte: (Calister 2018) 3.2.3 Equipamentos utilizados Para a realização deste ensaio foi utilizado o durômetro de bancada do Laboratório de Materiais da FAE, Figura 16: Durômetro de bancada LABFAE Fonte: Os autores (2019) 42 Forno industrial câmara da marca Jung foi utilizado para o ensaio de alívio de tensões: Figura 17 – Forno industrial LABFAE Para utilização do ensaio metalográfico foi utilizado à norma ABNT-NBR 9769 e para fabricação dos corpos de prova NBR 13284 - NM 88. Outubro 2002. A figura 21 mostra a cortadora metal da FAE. Figura 18 - Cortadora automática LABFAE Fonte: Os autores (2019) Na sequência do corte, foi realizado o embutimento com a resina DUROFAST a fim de facilitar o lixamento, do fabricante Struers com a máquina embutidora de amostras para análise mecanográfica – Struers. 43 Figura 19 - Embutidora LABFAE Fonte: Os autores (2019) Posteriormente a preparação seguiu para a máquina Politriz automática, onde as amostras passaram a ser polidas com panos específicos e com adição de abrasivos, chegando assim ao seu estado final. A figura 23 apresenta a politriz automática. Figura 20 - Politriz automática LABFAE Fonte: Os autores (2019) 44 A análise da microestrutura foi realizada utilizando do microscópio Axiovert 40 MAT da marca Zeiss com ampliações de 100x, 200x, 500x e 1000x. Figura 21 - Microscópio óptico LABFAE Fonte: Os autores (2019) 3.3 ENSAIOS A etapa de ensaio está consiste em quatro principais etapas, são elas: Soldagem, ensaio de dureza, tratamento térmico e ensaio metalográfico. As etapas são premissas para as posteriores. O subcapítulo de ensaios apresentará maior detalhamento das etapas citadas anteriormente e os resultados obtidos com o SAE 4140 soldado após alívio de tensões. Seu objetivo é relatar os ensaios, circunstâncias, espaço e decisões consideradas com intuito de cumprir os padrões determinados em normas e compará- los com os resultados alcançados nos ensaios. 3.3.1 Confecção dos corpos de prova para soldagem 45 Para execução desse estudo foram selecionadas quatro amostras nas quais o Iconel 625 foi depositado, foram amostras de Society of Automotive Engineers (SAE) 4140 nas quais o Iconel 625 foi inserido por meio de soldagem TIG. Antes do procedimento de soldagem, foi realizado o teste de dureza para posterior análises e comparações, segue abaixo resultados obtidos: Tabela 6: Ensaio de dureza pré soldagem Dureza anterior a soldagem em HRC 25,77 26,58 23,86 23,79 26,81 28,24 27,89 27,92 28,02 27,99 Fonte: Os autores (2019) 3.3.2 Soldagem de revestimento A soldagem dos corpos de prova foi realizada em equipamento Fronius composto por uma fonte de soldagem tipo corrente contínua (cc) modelo trans TIG 2200 Job para aquecimento do arame um controlador FPA 9000 para ajuste dos parâmetros de soldagem, mesa rotativa para movimentação da peça e demais acessórios como tocha e cabo de energia. A tocha de soldagem contém bocal com eletrodo de tungstênio e dupla alimentação de arames, o bocal possui 16 mm de diâmetro e o eletrodo 3,2mm. Para realização do pré-aquecimento e manutenção da temperatura da peça foram utilizadas resistências elétricas. Para a soldagem dos corpos de prova o processo foi baseado na norma N-133 Petrobras/Soldagem de junho de 2004 quanto aos seguintes tópicos para evitar poros e trincas e em posição plana: 46 Limpeza das superfícies: As juntas a serem soldadas devem estar isentas de óleo, graxa, óxido, tinta, resíduos de exames de líquido penetrante, areia e fuligem do pré-aquecimento a gás numa faixa de 20 mm de cada lado das bordas interna e externamente. Consumível: Deve ter registro de rastreabilidade, isento de defeitos e armazenamento de modo a manter as características de fabricação. A deposição do material foi na posição plana. Outro parâmetro que foi controlado foram os ciclos térmicos dos corpos de prova o material utilizado como substrato para os corpos de prova possui carbono equivalente a um máximo de 0,74% neste caso seguindo a folha de processo da empresa é necessário um aquecimento mínimo de 150°c com a utilização de resistências elétricas. Durante a soldagem os corpos de prova permaneceram aquecidos por resistência elétrica após a soldagem as peças foram resfriadas ao ar com manta térmica de modo a possibilitar resfriamento lento. O gás de proteção utilizado foi o argônio é um gás de proteção que possui ótimas características se comparado a outros gases com menor custo possui um arco estável e promove ação de limpeza da região de soldagem. É um gás inerte não possui interação química com outros materiais sendo adequado para soldagem de materiais como o alumínio e o aço inoxidável (weman 2012). A soldagem de revestimento foi realizada em uma empresa cujo nome deve ser restrito a sigilo, visto que não foi permitida a divulgação, conforme tabela abaixo: Tabela 7: Informações acerca da soldagem Pré-aquecimento Pré-aquecimento 200 ºC Temperatura interpasse 350 ºC Tratamento térmico Faixa de temperatura 620 ºC a 645 ºC Taxa de aquecimento 222 ºC/h, por polegada Tempo de permanência 1h por polegada de solda Taxa de resfriamento 278 ºC/h, por polegada Obs 1: Mínimo de 2,3 horas e máximo de 20,2 horas, para atender API 6A-PSL3 47 Obs 2: Controle a partir de 400 ºC / até 350 ºC Gás tocha Tipo Argônio Composição 99,995% Vazão 13 a 24l/min Características elétricas Corrente CC- Amperagem 100 - 280 A Tipo de amperagem Direta Voltagem 8 - 20 V Eletrodo de tungstênio - Diâmetro de 2,4 ou3,2 mm Tipo AWS EWTh-2 Processo TIG Metais de adição AWS ERNiCrMo-3 Diâmetro 1,2 mm Técnica Passe retilíneo Eletrodo simples Método de limpeza inicial Solvente/Escovamento Fonte: Empresa de óleo e gás 3.3.3 Realização do ensaio de dureza pós soldagem O ensaio de dureza pós soldagem foi realizado no laboratório LABFAE da FAE Business School, através de um durômetro Wolpert Wilson Instruments. O objetivo desse ensaio foi realizar a análise
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