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2008 estratégia e planejamento logístico Profª. Patrícia de Oliveira Ferreira Prof. Eduardo Garcia Copyright © UNIASSELVI 2008 Elaboração: Profª. Patrícia de Oliveira Ferreira Prof. Eduardo Garcia Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. F383c Ferreira, Patrícia de Oliveira. Caderno de estudos : estratégia e planejamento logístico / Patrícia de Oliveira Ferreira [e] Eduardo Garcia, Centro Universitário Leonardo Da Vinci. – Indaial : ASSELVI, 2008. x ; 128 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-089-0 1. Administração de materiais. 2. Planejamento estratégico – Logística. 3. Processo logístico. 3. Cadeia de suprimentos – Abastecimento. I. Garcia, Eduardo. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Núcleo de Ensino a Distância. III. Título. 658.7 III apresentação Iniciamos os estudos a respeito da Estratégia e Planejamento Logístico. Nosso escopo é a construção em parceria com vocês, leitores, dos conhecimentos necessários para a compreensão e aplicabilidade de tão importante tema. Após a leitura deste Caderno de Estudos, bem como a realização das autoatividades e avaliações, entende-se que vocês estarão habilitados a discorrer a respeito do tema sob uma ótica moderna e geradora de vantagens competitivas na área logística, em que administradores e organizações são avaliados por desempenho produtivo e qualitativo. E, assim, a estratégica logística é responsável pelo conjunto de decisões que implicam desde o acesso a materiais e insumos distribuídos por todo o planeta, bem como à forma como deverão ser entregues, mantendo as características exigidas pelo consumidor final em qualquer mercado e tempo que ele deseje. O Caderno de Estudos de Estratégia e Planejamento Logístico foi desenvolvido com o intuito de ser uma das ferramentas facilitadoras na busca e aplicação desse conhecimento. Dessa forma, foi estruturado em três unidades. Na Unidade 1, iniciamos nossa busca do conhecimento por meio da definição dos conceitos de administração estratégica, com o detalhamento dos tipos, níveis, formas de concepção, implementação e desenvolvimento de um plano estratégico. Na Unidade 2, tratamos sobre a Importância da Estratégia no Processo Logístico, seus fundamentos, os valores por ela desenvolvidos e seus objetivos. Serão identificadas as principais áreas do planejamento logístico e as medidas de desempenho adotadas. Na Unidade 3, abordamos as cadeias de abastecimento, a evolução do conceito em função do novo ambiente competitivo, os motivos que levam ao investimento na construção de cadeias de suprimentos. Descrevemos também as características necessárias às Cadeias de Suprimentos ágeis, além de apresentar os desafios para sua implantação. Chegou o momento de trabalharmos. Contamos com vocês! Profª. Patrícia de Oliveira Ferreira Prof. Eduardo Garcia IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA ................................................................................................... 1 TÓPICO 1 – DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA ........................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 ESTRATÉGIA – CONCEITOS E EVOLUÇÕES ............................................................................. 3 2.1 OS 5 Ps DA ESTRATÉGIA .............................................................................................................. 5 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 7 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 9 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 10 TÓPICO 2 – A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA ....................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 11 2 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA ............................................................................................... 11 2.1 OS TIPOS E NÍVEIS DAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ..................................................... 16 2.2 O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA ............................................................ 20 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 22 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 23 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 24 TÓPICO 3 – TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO ......................................................................................... 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 O PROCESSO ESTRATÉGICO .......................................................................................................... 28 3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – BREVE REVISÃO ............................................................. 29 3.1 DESENVOLVIMENTO DO PLANO ESTRATÉGICO LOGÍSTICO ........................................ 32 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 35 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 37 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38 UNIDADE 2 – IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NO PROCESSO LOGÍSTICO ................. 39 TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA LOGÍSTICA .................................................. 41 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41 2 FUNDAMENTOS E IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NO PROCESSO LOGÍSTICO ............................................................................................................ 44 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 50 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 51 TÓPICOS 2 – ÁREAS ESTRATÉGICAS DO PLANEJAMENTO LOGÍSTICO ......................... 53 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 53 2 PRINCIPAIS ÁREAS DO PLANEJAMENTO LOGÍSTICO ........................................................ 54 2.1 ESTRATÉGIA DE LOCALIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ....................................................... 55 sumário VIII 2.2 DECISÕES SOBRE ESTOQUES ..................................................................................................... 56 2.3 ESTRATÉGIA DE TRANSPORTE ................................................................................................. 56 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 60 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61 TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO LOGÍSTICO ....................................................... 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2 OBJETIVOS DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO LOGÍSTICO ................................................ 63 2.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO LOGÍSTICO – PERSPECTIVAS FUNCIONAIS ............. 65 2.1.1 Custos ....................................................................................................................................... 65 2.1.2 Serviço Básico aos Clientes ................................................................................................... 66 2.1.3 Qualidade ................................................................................................................................ 67 2.1.4 Produtividade ......................................................................................................................... 67 2.1.5 Gestão de ativos ...................................................................................................................... 67 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75 UNIDADE 3 – A CADEIA DE SUPRIMENTOS ................................................................................ 77 TÓPICO 1 – AS CADEIAS DE SUPRIMENTOS E SUA EVOLUÇÃO ......................................... 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 EVOLUÇÃO E CONCEITOS DE CADEIA DE SUPRIMENTOS ............................................... 79 2.1 POR QUE INVESTIR EM CADEIA DE SUPRIMENTOS .......................................................... 82 2.2 CARACTERÍSTICAS DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS ÁGEIS ......................................... 83 2.3 DESAFIOS PARA IMPLANTAÇÃO DE CADEIAS DE SUPRIMENTO ................................. 84 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 86 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 89 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90 TÓPICO 2 – DESENVOLVIMENTO DE PARCERIA E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS COM OS FORNECEDORES .......................................................... 91 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91 2 RELACIONAMENTOS DE CONCORRÊNCIA X RELACIONAMENTOS DE COLABORAÇÃO..................................................................................................................................... 91 2.1 ESTÍMULO À CONFIANÇA E AOS VALORES MÚTUOS ...................................................... 92 2.2 LIDERANÇA E RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS ............................................. 92 2.3 PREPARAÇÃO PARA GERENCIAR CRISES ............................................................................. 93 2.4 PARCERIAS E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS ............................................................................. 94 2.4.1 Joint Ventures ............................................................................................................................ 96 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................102 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104 TÓPICO 3 – CONDOMÍNIO INDUSTRIAL E CONSÓRCIO MODULAR .............................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 CONDOMÍNIO INDUSTRIAL .......................................................................................................106 3 CONSÓRCIO MODULAR ...............................................................................................................107 3.1 QUADRO COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS CONDOMÍNIO INDUSTRIAL E CONSÓRCIO INDUSTRIAL .........................................................................108 IX LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................114 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115 TÓPICO 4 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DAS CADEIAS DO ABASTECIMENTO ................................................................................................117 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117 2 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO NA SCM (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT) .....................117 2.1 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO NA SCM POR NÍVEL DE PROCESSO .............................120 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................122 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................127 X 1 UNIDADE 1 A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • analisar as questões relativas à administração estratégica; • esquematizar o raciocínio estratégico e a avaliação de estratégias; • possibilitar o reconhecimento da importância do desenvolvimento de es- tratégias como fonte de vantagens competitivas; • entender os benefícios da administração estratégica Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que no final de cada um deles você encontrará atividades que o(a) auxiliarão a fixar os conhecimentos desenvolvidos. TÓPICO 1 – DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA TÓPICO 2 – A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA TÓPICO 3 – TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA 1 INTRODUÇÃO A estratégia, nos dias de hoje, é um tema abordado com frequência, pois a cada dia edifica-se seu desempenho na sobrevivência de uma organização. De acordo com Chiavenato (2004), todas as organizações vivem dentro de um complexo contexto caracterizado por uma multiplicidade de outras Organizações enfrentando forças diferentes que provocam as mudanças. Face ao crescimento acelerado das organizações, sua complexidade estrutural e a velocidade do ritmo das mudanças ambientais, as organizações passaram a ser exigidas em uma maior capacidade de adaptação, construção e implementação de estratégias que possibilitem superar os crescentes desafios de mercado e atingir os seus objetivos no curto, médio e longo prazo. Entretanto, de maneira paradoxal, muitos não admitem que o conceito de estratégia, sua finalidade e seu entendimento nem sempre estejam claros. Estratégia é um daqueles termos que todos pensam saber o que significa, mas, quando confrontados, apresentam diversas interpretações! Para entender a palavra estratégia, nada melhor do que procurar pela leitura daqueles autores que se dedicam a apresentar o entendimento deste tema. 2 ESTRATÉGIA – CONCEITOS E EVOLUÇÕES Para Chiavenato e Sapiro (2003), o conceito de estratégia não é recente, pois para os autores, desde quando o homem das cavernas se pôs a caçar, pescar ou lutar para obter sua sobrevivência, a estratégia sempre se fez presente como um plano antecipado do que fazer para ser vitorioso. Ao buscar em dicionários, a primeira definição de estratégia é a arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos. Estratégia é uma palavra de origem grega. Strategus, para os gregos antigos, significava o general superior ou generalíssimo; e strategia significava a arte deste general. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 4 Para os pesquisadores do termo, seu primeiro uso foi feito há, aproximadamente, 3.000 anos pelo estrategista chinês Sun Tzuo (2002), que afirmava: “todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes vitórias são obtidas”. No livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu (2002, p. 149), explicita-se que “as manobras estratégicas significam escolher os caminhos mais vantajosos”. O militar prussiano Carl von Clausewitz (1780-1831), um reconhecido e revolucionário estrategista, ao definir táticas e estratégia, afirmou que táticas se referem ao planejamento e à condução de batalhas, enquanto a estratégia é o uso das batalhas com o objetivo da guerra. No período de Alexandre O Grande (330 a. C.), a estratégia adquiriu o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e criar um sistema unificado de governança global. Então, face ao exposto, o termo Estratégia significava, inicialmente, a ação de comandar ou conduzir exércitos em tempo de guerra – um esforço de guerra (GHEMAWAT, 2000), um meio de vencer o inimigo, um instrumento de vitória na guerra, mais tarde estendido a outros campos do relacionamento humano, como o político, o econômico e o contexto empresarial. Em todos os seus usos, mantém- se a mesma raiz semântica, qual seja, a de estabelecer caminhos. Para Camargos e Dias (2003), o termo originou-se assim como um meio de “um vencer o outro”, como a virtude de um general de conduzir seu exército à vitória, utilizando-se, para isso, de estratagemas e instrumentos que assegurassem a superioridade sobre o inimigo. A estratégia teve várias fases e significados, evoluindo de um conjunto de ações e manobras militares para uma disciplina do Conhecimento Administrativo, a Administração Estratégica, dotada de conteúdo, conceitos e razões práticas, que vem conquistando espaço tanto no âmbito acadêmico quanto no empresarial. DICAS Você pode perceber o quanto a área militar influenciou o início da conceituação acadêmica da palavra ESTRATÉGIA. A seguir, você vai encontrar um pouco mais de ideias a respeito de estratégias, que ilustram o pensamento de Sun-Tzu (2002), no livro A ARTE DA GUERRA: 1 A maior habilidade de um militar é conquistar as tropas inimigas sem lutar. 2 Atentar para as regras da guerra: se suas forças estão na proporção de dez para um em relação ao inimigo, faça-o se render; se forem cinco para um, ataque-o; se duas vezes mais numerosas, divida seu exército em dois: um para atacar o inimigo pela frente e outro pela retaguarda; se ele responder ao ataque frontal, pode ser esmagado pela retaguarda; se responder ao da retaguarda, pode ser esmagado pela frente. TÓPICO 1 | DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA 5 3 Quando em região difícil, não acampe. Em regiões que se cruzam boas estradas, una- se a seus aliados. Não demore em posições perigosamente isoladas. Numa posição desesperada, deve lutar. Há estradas que não devem ser percorridas e cidades que não devem ser sitiadas. 4 Não marche a não ser que veja alguma vantagem, não use suas tropas a não ser que haja algo a ser ganho; não lute a menos que a posição seja crítica. Nenhum dirigente deve colocar tropas em campo apenas para satisfazer seu humor; nenhum general deve travar uma batalha apenas para se vangloriar. A ira pode se transformar em alegria, o aborrecimento pode ser seguido de contentamento. Porém, um reino que tenha sido destruído jamais tornará a existir, nem os mortos podem ser ressuscitados. 2.1 OS 5 Ps DA ESTRATÉGIA Corroborando com os diversos conceitos que o termo estratégia apresenta, Mintzberg e Quinn (1991) ampliam o conceito do termo, por acreditar que assim como as pessoas desenvolvem personalidades através da interação de suas características, também a organização desenvolve um caráter a partir da interação com o mundo, através de suas habilidades e propensões naturais. Os cinco entendimentos que se pode ter do conceito são apresentados como: • Estratégia como Plano: a estratégia é entendida como sendo um curso de ação, algo intencional e planejado, através do qual se buscam objetivos predeterminados. É a interpretação mais comum do termo. • Estratégia como Trama: a estratégia pode ser aplicada com a finalidade de confundir, iludir ou comunicar uma mensagem falsa ou não, aos concorrentes. • Estratégia como Padrão: quando um determinado curso de ação traz resultados positivos, a tendência natural é incorporá-lo ao comportamento. Se como plano, as estratégias são propositais ou deliberadas, como padrão, as estratégias são emergentes, surgindo sem intenção. • Estratégia como Posição: a organização busca, no nicho ou indústria em que atua, um posicionamento que lhe permita sustentar-se e defender sua posição dentro desta indústria. Refere-se a como a empresa é percebida, externamente, pelo mercado. • Estratégia como Perspectiva: refere-se ao modo como a organizaçãose percebe frente ao mercado. Identificam sua relação com a cultura, a ideologia e a percepção interna da organização. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 6 DICAS Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar seu estudo, sugiro a leitura do texto: Estratégia – Conceitos. Disponível em: <http://www.escolaestrategia.com.br/noticias2. asp?id=2>. Acesso em: 20 abr. 2008. Mintzberg e Quinn (2001) defendem ainda a necessidade da definição mais completa de estratégia, baseado na complementaridade das cinco definições, escrevendo que, como plano, a estratégia tem por finalidade estabelecer direções para a organização. Como trama, a estratégia é aplicada como manobra para ameaçar e confundir os concorrentes, na busca de ganho de vantagem. Como padrão, a estratégia leva em conta o comportamento e a assimilação de ações de sucesso no processo decisório da organização. Como posição, a estratégia encoraja as organizações a analisarem o ambiente, buscando uma posição que as proteja, visando se defender e influenciar a competição. Como perspectiva, a estratégia traz questões referentes à intenção e ao comportamento em um contexto coletivo. Dessa forma, amparados pelos pensamentos de Mintzberg e Quinn (2001), podemos entender que o conflito em torno da estratégia dá-se, em grande parte, devido ao uso contraditório e incorretamente definido do termo estratégia, acreditando que o uso de várias definições poderia ajudar a debelar este problema. TÓPICO 1 | DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA 7 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Caio César Ferrari Santângelo Quando se pensa em planejamento de estratégia, a imagem que nos vem na cabeça é de gerentes, grupos, formulando cursos de ação que todos os demais vão implementar ou programar. Quando se imagina alguém moldando a estratégia, vem à mente uma imagem totalmente diferente. Moldar evoca habilidade tradicional, dedicação, perfeição por meio do domínio dos detalhes. O que vem à cabeça não é a razão e o pensamento, mas sim envolvimento, sentimentos de intimidade e harmonia com os materiais disponíveis, desenvolvidos através de longa experiência e comprometimento. A imagem da moldagem captura melhor o processo por meio do qual ganham vida as estratégias efetivas. Como exemplo, o oleiro senta-se em frente a uma massa de argila que fica girando. A cabeça dele está na argila, mas ele também está atento às suas experiências passadas e suas projeções. Ele sabe os sucessos e insucessos e conhece muito bem o seu trabalho, suas habilidades e seu mercado. Trazendo para nossa realidade, gerentes são artesãos e a estratégia é sua argila. Como o oleiro, eles ficam entre o passado das capacidades corporativas e o futuro das oportunidades de mercado. E, se forem verdadeiros artesãos, trarão para seu trabalho um conhecimento igualmente íntimo dos materiais que têm em mãos. Essa é a essência da criação de estratégia. Estratégias são planos para o futuro e também modelos do passado. As estratégias podem ser planejadas e pretendidas, como também podem ser adotadas e realizadas (ou não). O modelo de ação é o que chamamos de estratégia realizada. No processo de formulação de estratégia, uma ideia leva a outra até que um novo padrão se forme. A ação conduziu o pensamento, uma estratégia surgiu. As estratégias podem se formar e também serem formadas. Uma estratégia realizada pode surgir em resposta a uma situação que evolui, ou pode ser criada deliberadamente, por meio de um processo de formulação seguido por implementação. A estratégia puramente deliberada impede o aprendizado, uma vez que a estratégia é formulada, a estratégia emergente promove o aprendizado. As pessoas executam ações uma a uma e respondem a elas, de maneira que os padrões acabam sendo formados. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 8 Na prática, evidentemente, toda elaboração de estratégia tem dois caminhos: um deliberado, outro emergente. Assim como a elaboração de estratégia puramente deliberada impede o aprendizado, a elaboração de estratégia puramente emergente impede o controle. Estas estratégias passam a ser organizacionais quando passam a ser coletivas ou quando proliferam para guiar o comportamento da organização como um todo. Administrar estratégia é criar pensamento e ação, controle e aprendizado, estabilidade e mudança. O ambiente não muda em bases regulares ou ordenadas e raramente passa por mudanças drásticas, apesar das alegações sobre nossa “era da descontinuidade”. Os gerentes que estão pensando em mudanças radicais precisam manter a teoria súbita em mente. Alguns novos padrões devem ser mantidos em observação até que a organização esteja pronta para uma revolução estratégica, ou pelo menos para um período de divergência. Os gerentes obcecados por mudança ou por estabilidade podem vir a prejudicar suas organizações. Embora estratégia seja uma palavra habitualmente associada ao futuro, sua ligação com o passado não é menos importante. FONTE: SANTÂNGELO, Caio César Ferrari. Estratégia Empresarial. Disponível em: <http://www. administradores.com.br/artigos/estrategia_empresarial/22409/>. Acesso em: 1 maio 2008. 9 Neste tópico, você foi apresentado aos conceitos e evoluções do termo estratégia. Tomou conhecimento que é uma palavra de origem grega e nascida sob a visão militar: significa a parte da arte militar que trata das operações e dos movimentos de um exército até chegar à presença do inimigo. A Estratégia sempre esteve ligada fortemente à política, no sentido de arte ou ciência de governar. Em âmbito estratégico, a política estabelece os objetivos para atender aos interesses do Estado. Assim, cabe à estratégia, o planejamento, a preparação e a aplicação dos meios de que dispõe o Estado para atingir os objetivos estabelecidos pela política. A política é escrita com substantivo (coisas a fazer) e a estratégia com verbos (ações). Em seu processo evolutivo, a estratégia deixa os campos militares e adota um papel no mundo empresarial, sendo então definida como a arte de aplicar os meios disponíveis para a consecução de objetivos específicos. Nas organizações, a estratégia não é apenas algo idealizado, ao contrário, surge constantemente à medida que diferentes pessoas respondem e reinterpretam o próprio sentido de identidade e propósito da organização. RESUMO DO TÓPICO 1 10 Desenvolva um texto comparando os conceitos de estratégia no campo militar com sua utilização nos dias de hoje no mundo corporativo: “O general que vence uma batalha fez muitos cálculos no seu templo, antes de ser travado o combate. O general que perde uma batalha fez poucos cálculos antes. Portanto, fazer muitos cálculos conduz à vitória e poucos à derrota; até onde mais, levará a falta de cálculo! É graças a esse ponto que posso prever quem, provavelmente, vencerá ou perderá.” (TZU, 2002, p. 20). AUTOATIVIDADE 11 TÓPICO 2 A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A Administração Estratégica apresenta um importante papel na administração contemporânea, pois busca utilizar os conceitos de estratégia de forma integrada às diversas variáveis e componentes do mercado, buscando sempre atingir o cumprimento dos objetivos corporativos. Ela busca estabelecer a forma e os meios que implicarão na melhor direção a ser seguida pela empresa, visando aperfeiçoar o grau de interação com os fatores externos e internos à organização, atuando de forma inovadora e diferenciada. Esse tópico apresentará o conceito de Administração Estratégica, bem como uma breve revisão dos tipos descritos na literatura. 2 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA A Administração Estratégica é definida como um processo contínuo e interativo, que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente. No passado, o processo de administração estratégica era influenciado em grande parte pelo departamento de planejamento das organizações. Os integrantesdesses departamentos eram envolvidos pelo projeto e implementação dos sistemas de administração estratégica dentro de suas organizações. Entretanto, Certo e Peter (1993) reforçam que, mais recentemente, os departamentos de planejamento perderam um pouco de sua influência. O processo atual de administração estratégica tende, especialmente em organizações menores, a ser dominado pelo diretor-presidente (CEO - Chief Executive Officer) da companhia. O presidente é também considerado primariamente como o principal responsável pelo sucesso do processo. Isso não significa, contudo, que o presidente execute o processo de administração estratégica independentemente. Pelo contrário, o CEO bem- sucedido nessa área geralmente esboça um processo de administração estratégica que envolve membros de diversas áreas e diferentes níveis da organização. Já Camargos e Dias (2003), apresentam que o surgimento da Administração Estratégica (AE) tem uma constituição tardia em relação a outras disciplinas tradicionais do conhecimento administrativo. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 12 Para os autores, somente a partir da década de 1950, passou-se a receber maior atenção da Academia e do meio empresarial, quando então alavancou seu desenvolvimento, notadamente, a partir dos anos 60 e 70. Até os anos 50, a preocupação dos empresários era restrita aos fatores internos da empresas, como a melhoria da eficiência dos mecanismos de produção, uma vez que ainda não existia um ambiente de hostilidade competitiva, o mercado não era muito diversificado e oferecia oportunidades de crescimento rápido e não muito complexo. Acelerada pelos esforços do pós-guerra, a partir dos anos 50, a complexidade do mundo empresarial aumentou, passando a exigir um perfil gerencial mais empreendedor, respostas mais rápidas e corretas à ação de concorrentes, uma redefinição do papel social e econômico das empresas e uma melhor adequação à nova postura assumida pelos consumidores. Esse é o cenário que se estabeleceu a Administração Estratégica (AE). Seu objetivo principal pode ser definido como uma adequação constante da organização ao seu ambiente, de maneira a assegurar a criação de riquezas para os acionistas e a satisfação dos seus stakeholders (reclamantes da empresa: acionistas, empregados, clientes e fornecedores). O conceito de estratégia aplicado ao campo dos negócios, aqui denominada estratégia empresarial, absorve ideias do conceito original aplicado à área militar. Entretanto, na maioria das ocasiões, este conceito está dissociado do campo militar. Mesmo que, para alguns autores, a comparação entre as guerras e a acirrada competitividade hoje existente no mundo empresarial possam ser sinônimos, cabe salientar que a passagem do conceito de competição militar para a competição nos negócios segue um modelo de mudanças evolutivas e graduais. As fases da competição nos negócios são apresentadas como: • Revolução Industrial: os estudiosos consideram essa fase como sendo o marco na competição nos negócios. Neste período, surgiram as primeiras organizações industriais e comerciais e, em consequência, a competição pelo mercado de commodities: algodão, ferro, aço e produtos agrícolas. A competição pelo mercado passa a utilizar a estratégia como meio de controlar as forças de mercado e modelar o ambiente competitivo. Com o surgimento do capitalismo industrial, aumenta a oferta de capital e de créditos, ocorre a expansão de mercados e com a ampliação do transporte ferroviário, abertura de estradas e o início da economia de escala. TÓPICO 2 | A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 13 IMPORTANT E Você sabe o que são commodities? Não? Então veja o que dizem sobre o termo Chiavenato e Sapiro (2003, p. 35): “produtos que não apresentam diferenças entre si e são regulados pela lei de oferta e procura”. • O Início do século XX: essa fase inicia-se com a produção em massa, tendo em Henry Ford o seu maior expoente com a inauguração das linhas de montagem. Mais tarde, a General Motors desenvolve sua estratégia de diversificação com base nas forças e fragilidades da Ford: oferece uma variedade de opções aos clientes. DICAS Quando prestamos atenção na situação Ford x General Motors, percebemos que, para ser ultrapassado, “Basta ficar parado e praticar a miopia de mercado!”. Para ler um pouco mais a respeito do tema Miopia de Mercado, sugiro a leitura do livro: Miopia de Marketing – Theodore Levitt (1960), um clássico sempre muito bem empregado nos dias de hoje. • O Planejamento estratégico formal e tradicional: após o fim da Segunda Guerra Mundial, surgem os primeiros conceitos tradicionais de planejamento estratégico transferidos da área militar para o mundo empresarial. Chiavenato e Sapiro (2003) sugerem que, em 1956, 8% das grandes empresas norte- americanas utilizavam o planejamento estratégico. Em 1966, esse percentual subiu para 85%, ou seja, o planejamento estratégico passou a ser a maneira pela qual a organização aplica uma determinada estratégia para alcançar seus objetivos globais. • Modelo de Harvard: na década de 1960 surgiu a análise SWOT, ou comumente chamado de “modelo de Harvard”, como uma ferramenta de diagnóstico na elaboração da estratégia empresarial. A SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threats) baseia-se na análise interna dos pontos fortes e fracos da organização e das oportunidades e ameaças do ambiente externo, como apresentados a seguir no Quadro 1. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 14 DICAS Caro(a) acadêmico(a), como complementação ao termo SWOT, Mintzberg e Lampel (2000, p. 28) dizem que o objetivo era enfocar a combinação das “forças e fraquezas” de uma organização com as “oportunidades e ameaças” provenientes ao cenário a qual a organização pertencia. Para este desenvolvimento, utiliza-se a técnica do Brainstorming, agrupando e distribuindo as informações em “Pontos Fortes x Oportunidades” e “Pontos Fracos x Ameaças”. Os resultados obtidos com a análise SWOT podem ser utilizados no desenvolvimento de estratégias que procurem a sobrevivência, manutenção, crescimento e desenvolvimento da organização frente à predominância de pontos fortes ou fracos, ameaças e oportunidades. Unidades estratégicas de negócio: Ansoff (1977) criou e sistematizou modelos de planejamento estratégico que até hoje alicerçam a formulação de estratégias empresariais, representadas na Figura 1. Esses modelos procuravam um modo de planejamento de maior dinamicidade, em função da complexidade crescente do ambiente externo, pois o planejamento tradicional – global e de longo prazo com seu enfoque na projeção das condições presentes – mostrou-se muito estático às mudanças do mercado. E assim, a partir desse modelo de Ansoff, os autores Wright, Kroll e Parnell (2000) desenvolveram, na administração estratégica, um modelo mais amplo, que tomou por base uma série de passos inter-relacionados, de forma que uma mudança em um estágio do processo pode afetar os demais. Esses passos são descritos na Figura 2. As Figuras 1 e 2 apresentam os modelos em questão: QUADRO 1 – POSTURAS ESTRATÉGICAS ATRAVÉS DO SWOT ANÁLISE INTERNA PONTOS FRACOS PONTOS FORTES A N Á LI SE E XT ER N A A M EA Ç A S Sobrevivência Manutenção O PO RT UN ID AD ES Crescimento Desenvolvimento Fonte: Adaptado de Muhana (2003, p. 34) TÓPICO 2 | A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 15 FIGURA 1 – MODELO DE TOMADA DE DECISÕES ESTRATÉGICAS Formulação de objetivos e escolhas de metas Avaliação interna da empresa e avaliação das oportunidades externas Escolha entre estratégias de expansão e estratégias de diversificação Definição dos componentes da estratégia Decisão de diversificar ou não FONTE: Adaptado de Ansoff (1977) FIGURA 2 – MODELO DE TOMADA DE DECISÕES ESTRATÉGICAS Controle estratégico visando a assegurar o alcance dos objetivos organizacionais. Implantação das Estratégias. Definiçãoda missão e dos objetivos gerais da organização. Análise dos pontos fortes e fracos do ambiente interno á organização. Análise de oportunidades e ameaças ou limitações que existam no ambiente externo á organização. Formulação das estratégias de âmbito corporativo, unidades de negócios e funcional, que permitam á organização combinar seus pontos fortes e fracos com as oportunidades e ameaças do ambiente. FONTE: Adaptado de Wright, Kroll e Parnell (2000) • Fase do Ouro: o planejamento estratégico atingiu seu auge nos anos 70. Chiavenato e Sapiro (2003, p. 37) dizem que “a recessão da década de 1980 e os consequentes prejuízos das empresas produziram um movimento de críticas e revisionismo”. • Competências Organizacionais: Hamel e Prahalad (1995) adotaram o conceito de competência essencial (core competence). Ferreira (2004, p. 75) sugere que é um conjunto de habilidades e tecnologias que fazem com que uma organização se destaque das outras. É tudo aquilo que torna uma empresa diferente sob o ponto de vista dos seus clientes. Considera-se que uma organização tem uma competência essencial quando essa competência é única sob o ponto de vista de competitividade, o que a deixa em posição de destaque perante os concorrentes, por um tempo determinado, até que estes consigam imitá-la e até superá-la. As competências compreendem a soma dos conhecimentos presentes nas habilidades individuais e nas unidades organizacionais, ou seja: seu conhecimento é vital no desenvolvimento de uma estratégia, pois as competências diferenciam a empresa das demais e geram vantagem competitiva. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 16 NOTA Sobre o conceito de competência essencial, veja o que dizem Prahalad e Hamil (2002, p. 39): “Capacidades exclusivas de determinada empresa, difíceis de imitar pela concorrência, por um determinado espaço de tempo [...]” • Atualidade: num mercado globalizado, cujas características são as fortes mudanças e a concorrência acirrada, o planejamento estratégico tornou-se indiscutivelmente uma ferramenta indispensável para o sucesso organizacional. A grande diferença hoje é que o planejamento estratégico deixa de ser anual ou quinquenal para contínuo e ininterrupto, torna-se flexível e adaptável e, principalmente, deixa de ser monopólio da alta direção para alcançar o compromisso e o comprometimento de todos os membros da organização. E, assim, a evolução e as fases da estratégia apresentadas por Chiavenato e Sapiro (2003) destacam como relação evolutiva a diferença com que os estrategistas empresariais podem usar a imaginação e a capacidade de raciocínio lógico para acelerar os efeitos da competição e a velocidade das mudanças. Para os autores, é a imaginação e a lógica que tornam possível a estratégia. Sem esses dois fatores, o comportamento e a tática seriam apenas intuitivos ou resultados de reflexos condicionados. IMPORTANT E Cabe ressaltar então que para a construção de estratégias não basta a utilização de imaginação e o raciocínio lógico, pois ambas são simplesmente dois dos muitos fatores que determinam deslocamentos no equilíbrio competitivo. A estratégia requer a compreensão da complexa trama da competição natural. 2.1 OS TIPOS E NÍVEIS DAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Boaventura (2008) afirma que é habitual atribuir à estratégia empresarial algumas categorias, como se fossem níveis, em que os níveis mais comuns são: corporativa, de uma unidade de negócios e funcional ou operacional. • Estratégia Corporativa: são estratégias em que os objetivos são voltados para os interesses dos acionistas. Para Porter (1999), a estratégia corporativa justifica-se em situações naturais e inevitáveis, características da diversificação TÓPICO 2 | A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 17 empresarial, as quais, se ignoradas, podem levar ao fracasso toda a estratégia de uma organização. O autor ainda apresenta quatro conceitos de estratégias corporativas apresentadas no quadro 2. QUADRO 2 – TIPOS DE ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS Estratégia Corporativa Definição/Execução Gestão de Portfólio É a mais utilizada, exige uma grande quantidade de informações, disposição para se desfazer rapidamente de unidade de negócio com baixo desempenho. Consiste na diversificação por meio de aquisições de empresas que estejam subavaliadas e na autonomia das uniades de negócio. Reestruturação A empresa se transgorma em uma reformadora ativa das unidades de negócio ou de setores subdesenvolvidos, enfermos ou ameaçados. Exige uma capacidade gerencial para reverter o quadro de desempenho da nova unidade de negócio, uma grande quantidade de informações, uma ampla semelhança entre as UN, as quais permanecem autônomas. Transferência de Atividades Pressupõe a existência de sinergias, uma alta dependência e a necessidade de captação dos benefícios dos relacionamentos entre as UNs, além de alta capacidade de execução da transferência de habilidades entre elas. As UNs permanecem autônomas, mas em estreita colaboração com a alta administração, desempenhando um papel integrador. Compartilhamento de Atividades Os benefícios do compartilhamento superam os custos, a utilização de novas empreas e de aquisições como meio de entrar em novos mercados, além da resistência organizacional, e promovem a integração da UN. As UNs estratégicas são motivadas a compartilhar atividades, e a alta administração tem um papel integrador nesse processo. A estratégia corporativa é o nível mais elevado da estratégia empresarial e abrange questões de vulto, como a determinação da forma de competição e diversificação das unidades de negócio (UNs), englobando assim os outros dois níveis da estratégia. A diversificação no contexto da estratégia corporativa representa a presença empresarial em mais de um setor, com o intuito de reduzir as incertezas e dificuldades enfrentadas por empresas que atuam em um único setor. Quando se dá em negócios não relacionados (conglomerado), é motivada pelo desejo de capitalização das oportunidades de lucro em qualquer setor. Já a diversificação em negócios relacionados implica a atuação em negócios com semelhanças ou complementaridades entre si, em importantes dimensões estratégicas, resultando, geralmente, em ganhos sinérgicos e em riscos e incertezas menores (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). Os autores apresentam, no quadro 3, a caracterização sob sua visão das estratégias corporativas. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 18 UNI Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar seus estudos, sugerimos a leitura do texto “A Grande Estratégia nas Empresas”, disponível em: <http://www.revistabsp.com. br/0608/artigo1.pdf>. QUADRO 3 – TIPOS DE ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS Estratégia Corporativa Tipos Definição/Execução Crescimento Interno Aumento das vendas e da capacidade de produção da força de trabalho. Integração Horizontal Expansão da empresa por meio da aquisição de outras que atuam na mesma unidade de negócios. Diversificação Horizontal Relacionada Aquisição de outra empresa de um setor externo a seu campo de atuação atual, mas relacionada a suas competências essenciais, para aproveitar sinergias e criar valor. Diversificação Horizontal não Relacionada Aquisição de outra empresa de um setor não relacionado, geralmente por motivo de investimento financeiro, para aproveitar oportunidades de investimento. Integração Vertical de Empresas Relacionadas Aquisição de empresa por meio de transferência ou partilha de competências essenciais semelhantes ou complementares no canal de distribuição vertical. Integração Vertical de Empresas não Relacionadas Aquisição de empresa com diferentes competências essencias, o que limita a sua transferência ou partilha. Fusões União de duas empreas por meio de uma permuta de ações, com o objetivo de partilha ou transferência de recursos e ganho em força competitiva. Alianças Estratégias Parcerias em que duasou mais empresas realizam um projeto específico ou cooperam em determiandas área de negócio. Estabilidade Para empresas que atuam em mais de um setor: manutenção do conjunto atual de empresas. Para uma empresa que atua em um único setor: manutenção das mesmas operações sem busca de um crescimento significativo nas receitas ou no tamanho da empresa. Redução Reviravolta (turnround) Visa a tornar a empresa mais enxuta e eficaz, ao eliminar resultados não lucrativos, diminuir ativos, reduzir o tamanho da força de trabalho, cortar custos de distribuição e reconsiderar as linhas de produtos e os grupos de clientes da empresa. Desinvestimento Ocorre quando uma empresa vende ou faz um spin- off(segregação parcial) de uma de suas unidades de negócio, se esta apresentar um desempenho ruim ou deixar de se adequar ao perfil estratégico da empresa. FONTE: Adaptado de Wright, Kroll e Parnell (2000) TÓPICO 2 | A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 19 • Estratégia de uma Unidade de Negócios (UN): nesse tipo de estratégia, os objetivos são definidos pela administração da corporação, seu desenvolvimento implica como competir com êxito em determinado setor, podendo ser considerada um conjunto de estratégias genéricas para orientar as organizações. Wright, Kroll e Parnell (2000) explicam que são consideradas genéricas, porque podem ser adotadas por qualquer tipo de unidade de negócio. Mesmo que desenvolvida de forma genérica, são destacados cinco elementos considerados críticos na gestão da estratégia das UNs, representados na figura a seguir: FIGURA 3 – ELEMENTOS CRÍTICOS DAS UNIDADES DE NEGÓCIO Definição do escopo da unidade de negócios Estabelecimento das metas das unidades de negócios Definição das bases pretendidas para a vantagem competitiva Projeto da constelação de valores Gestão da cadeia de valores interna da unidade de negócios e da sua integração com as cadeias de valores dos parceiros e clientes FONTE: Adaptado de Gupta (1999 apud BOAVENTURA, 2008) E, assim, uma vez que as estratégias de alto nível estão desenvolvidas, as unidades de negócio traduzem em planos de ação o que cada departamento ou divisão deve obter para que a estratégia alcance sucesso. • Estratégia Funcional: essas estratégias são desenvolvidas por critérios de atividades e seus objetivos são definidos pela administração da unidade de negócios. São estratégias desenvolvidas pelas áreas funcionais de uma unidade de negócio, com funções inter-relacionadas, que podem assumir várias formas, dependendo da estratégia genérica adotada (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000), ou seja, consistem no desenvolvimento de estratégias conjuntamente por todas as áreas funcionais: finanças, produção e operações, compras e materiais, pesquisa e desenvolvimento, sistemas de informação, marketing e recursos humanos. Apresenta-se em nível dos departamentos e das divisões de operação, diz respeito a processos de negócio e cadeia de valor. Envolve o desenvolvimento e a coordenação de recursos através dos quais as estratégias das unidades de negócio possam ser eficientes e eficazmente executadas. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 20 UNI EVIDENCIAR UM ERRO COMUM A confusão: Ações estratégicas não são a Estratégia: cabe salientar aqui o pensamento de autores a respeito da confusão comumente feita quando tratamos de estratégias e ações estratégicas. Para Andrews (1991) existem estratégias estáveis e um outro nível que deve se adaptar ao ambiente. Porter (1996) faz uma diferença entre eficácia operacional e estratégia, afirmando que, enquanto eficácia operacional é pré-requisito, estratégia é o que diferencia os concorrentes. Mintzberg (1991) complementa a linha de raciocínio, dizendo que o uso contraditório e deficiente do termo estratégia gera confusão, fazendo com que a estratégia se confunda com as ações estratégicas ou táticas. Para facilitar o entendimento, apresenta- se a seguinte metáfora. Se a organização é um trem, tendo uma cidade X como destino, a estratégia é o caminho a ser percorrido até que se chegue à cidade. Dependendo da distância, para chegar até o destino, você terá que parar em várias estações e se alimentar. As estações podem representar as unidades de negócio. Se houver algum problema técnico durante a viagem, como maquinista doente ou um percurso interditado, recursos ou trilhas alternativas terão de ser buscadas ou construídas. Os trilhos podem representar as estratégias funcionais, que viabilizam a estratégia corporativa e de negócio e podem ser escolhidas em função das contingências que podem acometer a organização. As ações estratégicas se adaptam para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. Após a apresentação dos conceitos, tipos e níveis da estratégia, a próxima seção demonstra o processo do desenvolvimento da Administração Estratégica. 2.2 O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Administração Estratégica envolve um processo ou uma série de etapas. As etapas básicas incluem: Etapa 1 - Execução de uma análise do ambiente O processo de Administração Estratégica tem início com a análise do ambiente, isto é, com o processo de monitorar o ambiente organizacional para identificar os riscos e as oportunidades presentes e futuras. Nesse contexto, o ambiente organizacional encerra todos os fatores, tanto internos como externos à organização, que podem influenciar o progresso obtido através da realização de objetivos da organização. Os administradores devem compreender o propósito da análise do ambiente, reconhecer os vários níveis existentes no ambiente organizacional e entender as recomendações das normas para realizar uma análise do ambiente. TÓPICO 2 | A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 21 Etapa 2 - Estabelecimento de uma diretriz organizacional A segunda etapa do processo de Administração Estratégica é o estabelecimento da diretriz organizacional ou determinação da meta da organização. Há dois indicadores principais de direção para os quais uma organização é levada: a missão e os objetivos organizacionais. A missão organizacional é a finalidade de uma organização ou a razão de sua existência. Os objetivos são as metas das organizações. Há outros dois indicadores de direção que, atualmente, as empresas estabelecem: a visão, que é o que as empresas aspiram a ser ou se tornar, e os valores: expressam a filosofia que norteia a empresa e a que a diferencia das outras. Etapa 3 - Formulação de uma estratégia organizacional A terceira etapa do processo é a formulação da estratégia. Esta é definida como um curso de ação com vistas a garantir que a organização alcance seus objetivos. Formular estratégias é projetar e selecionar estratégias que levem à realização dos objetivos organizacionais. O enfoque central está em como lidar satisfatoriamente com a concorrência. Assim que o ambiente tenha sido analisado e a diretriz organizacional estipulada, a administração é capaz de traçar cursos alternativos de ação em um esforço conhecido para assegurar o sucesso da organização. Etapa 4 - Implementação da estratégia organizacional Nesta quarta etapa, colocam-se em ação as estratégias desenvolvidas logicamente que emergiram de etapas anteriores ao processo de administração estratégica. Sem a implementação efetiva da estratégia, as organizações são incapazes de obter os benefícios da realização de uma análise organizacional, do estabelecimento de uma diretriz organizacional e da formulação da estratégia organizacional. Portanto, a administração estratégica começa com a determinação de fatores que podem ser estabelecidos por meio da análise de SWOT, determinando a missão e os objetivos de uma empresa, identificando os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças. Após a implementação, a ênfase e os esforços são direcionados para o controle estratégico como forma de garantir que as estratégias tenham sucesso para se atingir os objetivos. A Administração Estratégica é um grande diferencialpara competitividade entre as organizações. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 22 LEITURA COMPLEMENTAR ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA: CONJUNTO DE COMPETÊNCIAS, HABILIDADES, CRENÇAS E VALORES Paulo Ricardo Silva Ferreira “Em longo prazo, um comportamento ético acaba se refletindo nos resultados da empresa.” (Robert Haas, Presidente Mundial da Levi Strauss) Talvez correlacionar o tema Administração Estratégica com a citação de Haas seja forçar demais nosso pensar, mas Administração é um substantivo descrito nos dicionários como “Gerência de negócios; pessoal que administra, local onde se administra; secretaria ou repartição de que é chefe o administrador; ato de ministrar (sacramento); dar a tomar (medicamento); aplicação”. Já a palavra Estratégica é definida como “Arte de traçar os planos de uma guerra”. Portanto, para que possamos compreender esta técnica – Administração Estratégica – deve- se considerar o tempo/espaço de observação. Neste novo século, imaginar que administrar seja reduzido ao significado descrito nos dicionários seria tão absurdo como entender que estratégia é um tema restrito à guerra. Administração Estratégica deve ser entendida como um conjunto de competências, habilidades, crenças e valores que influenciam pessoas a assumir atitudes construtivas por consenso em direção a atingir metas, e estas devem ser compatíveis com sua época/espaço. Em qualquer plano estratégico, deve existir coerência entre análise externa e interna. Não podemos imaginar que em uma instituição policial seus colaboradores sejam criativos, pois isto colocaria a organização sob riscos. Nós, administradores, estamos neste ano completando 40 anos de profissão. Muito mudou neste período. As organizações se tornaram muito complexas. Costumamos lembrar aos administradores que se não analisarem corretamente o cenário atual, não existirá nenhuma chance de alcançar seus objetivos. Não podemos abrir mão da informação, do conhecimento, nem da habilidade das outras profissões para alcançar resultados, mas trabalhar com pessoas e decidir ainda é nosso dia a dia. Tenho certeza de que embora sejamos jovens profissionais comparados a outras profissões, Administrar Estrategicamente nossas carreiras e profissão passa por referenciais e atitudes éticas. FONTE: FERREIRA, Paulo Ricardo Silva. Administração Estratégica. 01 jan. 2006. Disponível em: <http://www.fars.org.br/artigos.php?artigo=7&pg=>Acesso em: 4 maio 2008. 23 RESUMO DO TÓPICO 2 Este tópico apresentou o conceito de Administração Estratégica, bem como alguns dos diversos tipos de estratégias apresentadas pela academia. No mundo globalizado, imaginar que a Administração Estratégica seja reduzida ao significado descrito nos dicionários seria tão absurdo como entender que estratégia é um tema restrito à guerra. Afinal, a Administração Estratégica deve ser entendida como um conjunto de competências, habilidades, crenças e valores que influenciam pessoas e organizações a assumirem atitudes construtivas por consenso em direção a atingir metas, e estas devem ser compatíveis com sua época, recursos e espaço. Lembrando que em qualquer plano estratégico, que será o tópico 3 desse Caderno de Estudos, deve existir coerência entre análise externa e interna e as reais capacidades da organização para o alcance de seus objetivos. 24 Vamos agora realizar exercícios para fixação do conteúdo? 1 Com relação à definição de Administração Estratégica, assinale a alternativa correta: ( ) É a ferramenta da administração que diz respeito a todas as decisões ligadas somente aos canais de distribuição dos produtos. ( ) A Administração Estratégica busca a atuação da alta direção no desenvolvimento de ações isoladas que atendam cada setor da organização. ( ) A Administração Estratégica pretende estabelecer a forma e os meios que implicarão a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando aperfeiçoar o grau de interação com os fatores externos e internos à organização, atuando de forma inovadora e diferenciada. ( ) Diz respeito a estratégias de alto nível, desenvolvidas para unidades de negócio e que são operacionalizadas por planos de ação para cada departamento ou divisão envolvido nos objetivos corporativos. 2 De acordo com os conceitos dos tipos de estratégias apresentadas no Tópico 2, complete as definições, utilizando os seguintes termos: a) Estratégia Corporativa. b) Estratégia Unidade de Negócios. c) Estratégia Funcional. ( ) A _________________ é desenvolvida por critérios de atividades e seus objetivos são definidos pela administração da UN. São estratégias desenvolvidas pelas áreas funcionais de uma UN, com funções inter- relacionadas, que podem assumir várias formas. ( ) ___________________, nesse tipo de estratégia, os objetivos são definidos pela administração da corporação, seu desenvolvimento implica como competir com êxito em determinado setor, podendo ser considerada um conjunto de estratégias genéricas para orientar as organizações. ( ) O nível mais elevado da estratégia empresarial e que abrange questões de vulto, como a determinação da forma de competição e diversificação das UNs, englobando assim os outros dois níveis da estratégia, é a ________________. 3 Quando a estratégia empresarial não é bem definida no negócio: a) ( ) A empresa fica completamente dependente dos fatores externos. b) ( ) Existe a flexibilidade de agir de várias maneiras. c) ( ) Facilita a alocação de recursos nas coisas mais importantes. d) ( ) Os objetivos acontecem de forma natural. AUTOATIVIDADE 25 4 Assinale a alternativa INCORRETA, com relação aos fundamentos das estratégias: a) ( ) As metas indicam o que se deseja atingir; e a estratégia responde como chegar lá. b) ( ) O que a estratégia empresarial procura – o que a distingue de todos os outros tipos de planejamento empresarial – é, em poucas palavras, a vantagem sobre a concorrência. c) ( ) O desenvolvimento de estratégias não é um fato isolado na empresa, a interação entre os ambientes é indispensável a essa etapa. d) ( ) Quando a empresa desenvolve suas estratégias não leva em consideração seu posicionamento estratégico. 26 27 TÓPICO 3 TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Este tópico busca apresentar a você a operacionalização dos conceitos apresentados nos Tópicos 1 e 2, pois é justamente na etapa de desenvolvimento de um plano estratégico que procedemos à aplicabilidade dos conceitos. Como apresentado, a estratégia é uma palavra de origem grega e remota sua primeira utilização nos campos militares. Era a arte de construir o meio e a forma para o alcance da vitória. Frente à acirrada concorrência e constantes e velozes alterações no ambiente que cerca o mundo corporativo, a estratégia hoje é como a arte de aplicar os meios disponíveis para alcançar objetivos específicos. De forma integrada, essa “arte” é desenvolvida sob a metodologia de um Plano Estratégico, pois desenvolver um plano estratégico significa a adoção de um modelo que privilegie a pesquisa, em todos os setores do processo, na busca de informações que subsidiem o futuro da empresa. Planejar estrategicamente significa conhecer (e acompanhar) o presente, perceber as próprias limitações e prerrogativas e trabalhar para que o futuro seja melhor, por meio da adoção de políticas e diretrizes que orientem as empresas. As empresas precisam saber quais fatores devem ser levados em conta para maximizar suas chances de sucesso e de sobrevivência, não só no curto prazo, mas, principalmente, em um horizonte mais distante e, a partir daí, formular e executar as estratégias. O desenvolvimento do plano estratégico auxilia na sistematização de dados, informações, análises sobre os concorrentes e competências necessárias para explorar todos os recursos informacionais e identificar oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos. 28 UNIDADE 1| A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA DICAS Nunca é demais lembrar, caro(a) acadêmico(a), que “Uma estratégia bem formulada, mas mal implementada de nada serve!”. Não basta apenas formular estratégias. Para o sucesso de um plano estratégico, sua implementação e execução são fatores-chave. Assim, as ações devem ser efetivas, acompanhadas e mensuradas, para que se possa antever e corrigir situações. 2 O PROCESSO ESTRATÉGICO De acordo com Chiavenato e Sapiro (2003), o processo estratégico vem sendo representado como o resultado de um longo e árduo aprendizado organizacional, uma vez que, durante décadas, as organizações utilizaram o processo estratégico para alcançar diversas finalidades que sofreram alterações e sofisticações gradativas ao longo do tempo. As dificuldades enfrentadas nesse aprendizado estão relacionadas à falta de clareza na determinação das intenções estratégicas, bem como sua capacidade de operacionalização. Ela somente pode existir quando todas as pessoas da organização, em todos os níveis e áreas, estão empenhadas na busca de um desempenho que seja único e importante. Você sabe o que são intenções estratégicas? Elas representam a alavancagem de todos os recursos internos, capacidades e competências essenciais de uma organização, com a finalidade de cumprir suas metas no ambiente competitivo. (HAMEL; PRAHALD. Stategic Intent. Harvard Business Review, v. 67 (3), 1989, p. 64). ATENCAO As palavras de Chiavenatto e Sapiro (2003) reforçam o pensamento de Hamel e Prahalad (1989) ao afirmarem que é justamente a intenção estratégica que proporciona aos membros da organização a meta que justifica o seu esforço, dedicação e compromisso pessoal de permanecer o melhor no mercado ou tirar da zona de conforto a empresa concorrente. Para os autores, esse momento só ocorrerá quando todos na organização tiverem um forte sentimento de positividade em relação aos produtos e serviços que oferecem e quando o escopo estiver voltado para a competência da empresa em desempenhar o seu papel melhor que a concorrência. TÓPICO 3 | TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO 29 DICAS Que tal agora parar um pouco e refletir a esse respeito: “Toda organização tem alguma intenção estratégica que seja abertamente comunicada ou oculta”! Qual a diferença entre esses comportamentos? O que a organização pretende quando não revela abertamente suas intenções? Uma vez que as intenções estratégicas estejam bem definidas pela empresa, ou seja, no que elas desejam estar, qual ou quais objetivos que buscam ser alcançados, a quem querem atender, é necessário o desenvolvimento de uma metodologia, concebida sob a forma de um planejamento e apresentada como um plano estratégico para a alocação dos recursos humanos, estruturais e financeiros, com ações estratégicas efetivas e eficazes. De acordo com Oliveira (2003, p. 64), através do planejamento estratégico, a empresa espera: Conhecer e melhor utilizar seus pontos fortes. Ponto forte é a diferenciação conseguida pela empresa (variável controlável) que lhe proporciona uma vantagem operacional no ambiente empresarial. Conhecer e eliminar ou adequar seus pontos fracos. Ponto fraco é uma situação inadequada da empresa (variável controlável) que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente empresarial. Conhecer e usufruir as oportunidades externas. Oportunidade é a força ambiental incontrolável pela empresa, que pode favorecer sua ação estratégica, desde que conhecida e aproveitada, enquanto perdura. Conhecer e evitar as ameaças externas. Ameaça é a força ambiental incontrolável pela empresa, que cria obstáculos a sua ação estratégica, mas que poderá ou não ser evitada, desde que conhecida em tempo hábil. Ter um efetivo plano de trabalho, estabelecendo: as premissas básicas que devem ser consideradas no processo; as expectativas de situações almejadas pela empresa; os caminhos, inclusive os alternativos, a serem seguidos pela empresa; o quê, como, quando, por quem, e onde devem ser realizados os planos de ação; e como e onde alocar recursos. 3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – BREVE REVISÃO De acordo com Chiavenato e Sapiro (2003, p. 39), o planejamento estratégico “é um processo de formulação de estratégias organizacionais no qual se busca a inserção da organização e de sua missão no ambiente em que ela está atuando”. 30 UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA DICAS Vamos lembrar dos conceitos de eficiência, eficácia e efetividade? Acompanhe esses princípios no quadro a seguir. QUADRO 4 – PRINCÍPIOS DE EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE EFICIÊNCIA É: EFICÁCIA É: EFETIVIDADE É: • Fazer as coisas de maneira adequada. • Fazer as coisas certas. • Manter-se sustentável. • Resolver problemas. • Produzir alternativas criativas. • Apresentar resultados globais ao longo do tempo. • Cuidar dos recursos aplicados. • Maximizar a utilização de recursos. • Coordenar esforços e energias sistematicamente. • Cumprir o dever. • Obter resultados. • Reduzir custos. • Aumentar o Lucro. FONTE: Adaptado de Chiavenato e Sapiro (2003, p. 40) Para Oliveira (2003, p. 47-48), “o planejamento estratégico é o procedimento administrativo que proporciona sustentação metodológica para se constituir a melhor direção a ser adotada pela empresa”, visando aperfeiçoar o grau de influência com o ambiente e desenvolvendo ações de maneira inovadora e diferenciada. Cooper, Innis e Dickson (1992, p. 3) definiram o planejamento estratégico como “O processo de identificação das metas de longo prazo de uma entidade (onde queremos estar) e os passos necessários para atingir essas metas sob a perspectiva de longo prazo (como chegar lá), incorporando as preocupações e as expectativas futuras dos principais acionistas”. A importância no desenvolvimento de um Plano Estratégico está centrada no fato de que a velocidade da mudança em um ambiente de negócios aumenta o risco de fracasso ou a perda de posição no mercado de um empreendimento, principalmente àquelas empresas cuja administração negligenciou considerar alternativas para cenários futuros. O planejamento estratégico está relacionado com os objetivos estratégicos de médio e longo prazo que afetam a direção e a viabilidade da empresa. Busca maximizar os resultados e minimizar as deficiências, utilizando princípios de maior eficiência, eficácia e efetividade. TÓPICO 3 | TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO 31 Na ausência de um plano estratégico, os gerentes consomem uma quantidade desproporcional de seu tempo “apagando incêndios”, ou seja, reagindo às crises, em vez de antecipar estratégias de mudança e desenvolvimento para lidar com elas e resolvê-las de forma permanente. Na literatura, consideram-se duas formas de plano: o operacional, que inclui um período de um ou dois anos, e o estratégico, que abrange um período de cinco ou mais anos. O plano estratégico é composto por um conjunto de pontos de referência que mantém o plano operacional direcionado ao cumprimento dos objetivos, sendo o mesmo construído minuciosamente para demonstrar como os objetivos serão atingidos e para justificar os desembolsos do orçamento. DICAS Vamos pensar um pouco a respeito da importância do plano estratégico? Veja a situação a seguir: Considere o caso de um fabricante que organizou todo o programa de consolidação de carga com base no envio para mais de 2.000 lojas de uma cadeia varejista. Como deveria reagir o marketing se, nas negociações para o próximo ano, a cadeia solicitar que as entregas sejam feitas nos seus centros de distribuição em troca de uma redução no preço? Uma infinidade de perguntas requer respostas. Qual é a importância dos negócios da cadeia para os objetivos globais da empresa de penetração no mercado? O negócio é lucrativo? Será lucrativo se as novas condições forem aceitas? O que acontecerá ao custo ou à frequência de entregas aos outrosclientes da empresa se as condições da cadeia forem aceitas? O que acontecerá à lucratividade das contas que não pertencem à cadeia? Quão importantes são essas contas à lucratividade da empresa no longo prazo? Qual será a provável demanda da cadeia no futuro? Para responder à solicitação do varejista de maneira inteligente, a gerência deve responder a essas perguntas antecipadamente e incluir a logística no processo de planejamento. A ênfase tradicional sobre as vendas poderá fazer com que muitos gerentes, ao depararem com uma situação similar, protejam o volume de vendas, aceitando as condições da cadeia sem considerar o impacto sobre a lucratividade global da empresa. Partindo da premissa que o plano fornece um conceito gerencial, um guia operacional para o dia a dia e uma base para medir o desempenho individual da empresa como um todo, a próxima seção apresenta as etapas de desenvolvimento de um plano estratégico para nossa área de estudo: a logística. 32 UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 3.1 DESENVOLVIMENTO DO PLANO ESTRATÉGICO LOGÍSTICO O desenvolvimento de um plano logístico eficiente depende de várias entradas-chave do marketing, da produção, do departamento financeiro/ contabilidade e da logística. O marketing deve fornecer as estratégias para o produto proposto, estabelecer o preço e as promoções para cada canal de distribuição utilizado. Isto deve incluir total conhecimento da linha de produto, conjugado à introdução do produto planejado e à sua retirada; programas de fixação de preços, incluindo descontos por volume e termos de venda; planejamento de programas de promoções e incentivos para vendas, previsão de volumes mensais de vendas por área geográfica, por tipo de conta e por cliente, se disponível; e políticas de serviço ao cliente por tipo de conta e área geográfica. O planejamento de políticas de serviço ao cliente é especialmente significativo ao estrategista logístico, que deverá estabelecê-lo. As políticas de serviço ao cliente devem incluir os seguintes elementos, com base na classe do cliente ou na área geográfica: método para transmissão do pedido, entrada do pedido e processamento do pedido; período do ciclo de pedido desejado; nível aceitável de variabilidade no período do ciclo de pedido; nível do ponto do estoque disponível; as políticas de expedição e transbordo; e as políticas de substituição do produto. A fabricação deve fornecer uma relação das instalações para produção, incluindo capacitação fabril e a produção planejada para cada produto. Quando os produtos podem ser fabricados em mais de uma fábrica, a logística e a fabricação devem determinar onde os produtos podem ser produzidos com maior economia, considerando totalmente a previsão de vendas e as trocas compensatórias dos custos. Já a área de Finanças/Contabilidade é a fonte de dados sobre o custo exigido para fazer uma análise segmentada do desempenho e uma análise das trocas compensatórias do custo. Além disso, o departamento de finanças/contabilidade fornece informações sobre as taxas mínimas de retorno e a disponibilidade de capital para financiar os ativos logísticos, tais como estoque, instalações e equipamento. A logística deve fornecer informações que descrevem a rede logística existente em termos de local para armazenagem do produto em fábricas ou depósitos; ligações de transporte entre vendedores e fábricas, fábricas e centros de distribuição, centros de distribuição e clientes; e as características operacionais dos centros de distribuição em termos de tamanho, volume e mix de produto. Além disso, a logística deve identificar os custos associados ao fluxo de materiais e à armazenagem. TÓPICO 3 | TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO 33 Caracteristicamente, os custos logísticos incluem os custos fixos e variáveis de armazenagem e movimentação por local; custos de transporte por ligação no canal de distribuição; custos de processamento de pedido; custos de manutenção de estoque e custos de compras/aquisição. Após o estabelecimento das estratégias globais da empresa e os planos de marketing, o planejador logístico deve avaliar alternativas básicas e recomendar a configuração do sistema que melhor satisfaz as exigências do consumidor, ao custo total mais baixo. Consequentemente, o processo deve iniciar com a identificação e a documentação das metas e estratégias do serviço ao cliente. A gerência pode utilizar uma pesquisa sobre serviço ao cliente, para determinar as necessidades e os requisitos específicos dos clientes de uma empresa - tanto quanto o desempenho da empresa em comparação com os concorrentes. A pesquisa pode ser suplementada com entrevistas pessoais. O plano deve considerar os requisitos específicos dos clientes, dos níveis competitivos de serviço, das mudanças do ambiente e da quantidade de serviço que a empresa deseja oferecer. Assim, o plano estratégico deve apresentar: 1 Resumo da gerência, descrevendo a estratégia logística em termos gerais e seu relacionamento com outras funções do negócio. 2 Um relatório dos objetivos da logística relacionados ao custo e serviço para produtos e consumidores. 3 Uma descrição individual das estratégias de serviço ao cliente, estoque, armazenagem, processamento de pedido e transporte necessários para sustentar o plano global. 4 Esquema descritivo e detalhado dos principais programas logísticos ou planos operacionais, para documentar planos, custos, escolha do tempo oportuno para agir e seus impactos sobre o negócio. 5 Uma previsão da força de trabalho necessária e exigências de capital. 6 Um relatório financeiro de logística, detalhando os custos operacionais, exigências de capital e fluxo de caixa. 7 Uma descrição do impacto da estratégia logística sobre o negócio, em termos de lucros da empresa, desempenho do serviço ao cliente e impacto sobre distintas funções do negócio. 34 UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA IMPORTANT E O desenvolvimento de um plano estratégico de logística requer o seguinte: • Completo conhecimento e análise das estratégias e planos de marketing do ano estratégico da empresa, para servir como base para o planejamento estratégico e produzir um sistema logístico que equilibre eficiência em custo e serviço. • Um estudo sobre o serviço ao cliente para determinar quais são os elementos-chave do serviço, como ele é mensurado, quais são os níveis de desempenho esperados e como é o desempenho da empresa em comparação com determinados concorrentes. • Determinação dos custos totais associados aos sistemas logísticos alternativos, para identificar a rede de menor custo que satisfaz as exigências da empresa, do marketing e do cliente. Após a apresentação dessa etapa, cabe ressaltar que o processo de planejamento logístico é uma extensão natural do processo de planejamento da empresa. Este capítulo é dedicado à discussão de detalhes do desenvolvimento de um plano estratégico de logística. TÓPICO 3 | TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO 35 LEITURA COMPLEMENTAR O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO LOGÍSTICO Romeu Zarske de Mello Há muitas razões para se planejar. Como diz um ditado popular: “se você não sabe para onde está indo, como quer chegar lá?”. Quando se está planejando, a gerência deve considerar a missão da organização por completo e desenvolver planos de ações específicos e atividades para levar a organização na direção desejada. No atual ambiente de rápida transformação de negócios, é essencial para os administradores antecipar as mudanças e preparar suas organizações, para melhor incorporar, responder e lucrar com tal mudança. Sem ter uma abordagem preventiva, os administradores estarão constantemente reagindo de modo emergencial (de crise) e não serão capazes de progredir no alcance da missão de suas companhias. Então, o processo de planejamento estratégico existe para patrocinar a estratégia da
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