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Livrinhos do Danilo Volume 5 Técnicas de tradução inglês- português © Danilo Nogueira, 2020 danilo.tradutor@gmail.com Estou postando alguns escritos mais ou menos completos, que andavam meio que largados no meu HD. Pretendo ir adicionando materiais novos quando possível. Por isso, venha me visitar de vez em quando para baixar a nova edição. Espero que você goste. ➢ São arquivos *.pdf, que podem ser abertos de várias maneiras, até em certos navegadores. Entretanto, recomendo a edição grátis do PDF-XChange® Editor. Só baixar a instalar. ➢ Para procurar uma frase, aperte Ctrl+F, que aparece a caixinha de busca. Se apertar Ctrl+Shift+F, a pesquisa vai achar todas as frases em que a palavra pesquisada é usada no documento. É muito mais prático, porque pode haver formas um pouco diferentes da mesma frase e, assim, é mais fácil pegar todas. O Ctrl+Shift+F não está disponível nos navegadores, mas está no PDF-XChange® Editor. ➢ Estou atualizando este e os outros “Livrinhos” (nem todos foram publicados) constantemente — se você não encontrou o que queria na edição que tem, pode já estar na edição mais recente. Se tiver algum comentário, faça, por favor, pelo endereço danilo.tradutor@gmail.com. Esta publicação é grátis. Distribua como quiser, desde que não faça alteração nenhuma nem cobre por ela. Os “Livrinhos” moram aqui e estão em constante atualização. A data da edição está no nome do arquivo e você pode clicar no link para ver se tem edição nova e baixar. Agradeço a quem divulgar. mailto:danilo.tradutor@gmail.com https://www.tracker-software.com/product/pdf-xchange-editor https://www.tracker-software.com/product/pdf-xchange-editor https://www.tracker-software.com/product/pdf-xchange-editor mailto:danilo.tradutor@gmail.com https://www.dropbox.com/sh/mpzreiydmdi4fti/AAD6lY0jiGI4UNp4EWY3xel7a?dl=0 Técnicas de tradução inglês-português Danilo Nogueira 2ª edição, fevereiro de 2018 © 2018 Reprodução permitida – desde que integral e gratuita. ESTE LIVRO está no forno há anos. Pronto, nunca vai estar, mas estou publicando uma segunda edição agora, antes que seja tarde demais. Logo, espero, virá a terceira, um pouco melhor. Leia, consulte à vontade e forme sua própria opinião. Espero que goste. Se gostar, recomende a seus amigos, que eu fico grato. Se não gostar, recomende a seus inimigos, que fico grato do mesmo jeito. Boa parte do que foi publicado na primeira edição foi discutido com Kelli Semolini, durante os longos anos que trabalhamos juntos. Atendendo ao pedido dela própria, a única referência a seu nome é esta. Os erros, que espero não sejam tantos assim nem comprometam a utilidade do texto, são de inteira responsabilidade minha. Este livro: …bem como tudo o que eu escrevi e fiz de bom profissionalmente na vida é fruto da influência de Gilberto Rizzo, meu professor de inglês durante anos no Ascendino Reis, uma escola pública no Tatuapé, bairro de São Paulo ao qual ele se referia, jocosa e afetuosamente, como Armadillo on Foot. … é, e sempre será, distribuído gratuitamente. Peço desculpas pela diagramação tosca e pelos erros de revisão. Deveria ter contratado profissionais da revisão e diagramação para o serviço, mas, como o livro é grátis, não teria como pagar. …pode ser copiado e distribuído por qualquer um, desde que mantenha o texto como está aqui e que não cobre nada por ele. O arquivo não tem vírus nem nenhum programa escondido nem é anzol para vender coisa nenhuma. A próxima edição será melhor – assim espero. Gostaria que você me escrevesse, respondendo a três perguntas: 1) Do que você mais gostou? 2) Do que você menos gostou? 3) Quais são suas sugestões para a próxima edição? Claro, se tiver alguma correção, agradeço muito. Como agradeço a todos os colegas que me escreveram apontando erros na primeira edição. Se quiser me escrever, clique aqui. Se quiser me adicionar no Facebook, clique aqui. No Facebook tenho também uma página profissional, clique aqui para seguir. Caso tenha recebido este livro de alguém, saiba que meu blogue fica aqui. Danilo Santo André, abril de 2018 mailto:danilo.tradutor@gmail.com https://www.facebook.com/DaniloNogueiraTradutor https://www.facebook.com/tradutorprofissional/?ref=bookmarks https://textoecontexto.trd.br/ Sugestões para uma leitura mais proveitosa COMECE ONDE QUISER, o livro não tem princípio nem fim. Passeie pelos diversos verbetes a seu bel-prazer. Os verbetes têm indicações de outros correlatos, onde o assunto recebe maior desenvolvimento, indicados por uma cabeça de seta, assim: ➢ Can … Significa que existe um verbete para “can“. Para buscar alguma informação, use Ctrl Shift F, assim, você vai descobrir todas as vezes que a palavra ou frase aparece no texto. o Ctrl Shift F é um truquinho bobo que funciona no Acrobat Reader (que é grátis) e em vários outros programas leitores de arquivos pdf. O que está entre parênteses é opcional: (Ele) chegou tarde …significa que tanto Ele chegou tarde como só Chegou tarde são válidos. O tachado indica que a construção não é recomendável: Irei fazer amanhã Se quiser fazer um comentário, escreva para mim. Se aceita uma sugestão, comece por Procedimentos Fundamentais de Tradução. É um bom ponto de partida – mas não é o único. Como disse no princípio, o livro não tem princípio nem fim. Só. mailto:danilo.tradutor@gmail.com Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 1 Aclimatação A aclimatação não faz parte dos procedimentos fundamentais de tradução descritos por Vinay e Darbelnet. É uma variante do empréstimo, em que a ortografia é ajustada de acordo com as regras da língua de chegada. Por exemplo, futebol é a aclimatação de football; Ótava é a aclimatação de Ottawa. Algumas aclimatações pegam; outras, não pegam. Futebol pegou; Ótava não pegou. Por que umas pegam e as outras não, é assunto para muito papo de mesa de boteco, mas não existe explicação. Quando se trata de uma aclimatação ao português, às vezes falamos em aportuguesamento – mas aportuguesamento pode se referir também a outros processos. A aclimatação pode ser proposital, obra de alguém irritado com os anglicismos do texto, como lay-out, que alguns aportuguesam como leiaute. Também pode ser acidental: quem não sabe inglês, tem dificuldade para escrever LAN house e, depois de mil vacilações, acaba escrevendo lã rause, como já se vê por aí. Quem conhece a grafia original, ri do disparate, lamenta a ignorância geral do nosso povo, fala mal do ensino e, depois, liga a TV para assistir a um joguinho de futebol. ➢ Procedimentos fundamentais de tradução ➢ Empréstimo A aclimatação, muitas vezes, reflete uma situação temporária. Começamos com um empréstimo puro back, para o jogador defensivo de futebol, que foi aclimatado para beque, que sofre concorrência de zagueiro um termo considerado mais português, mas que é uma importação do espanhol platino e do árabe. Adaptação A adaptação faz parte do elenco dos procedimentos fundamentais de tradução descritos por Vinay e Darbelnet. Por ficar num dos extremos da gama (o outro extremo é o empréstimo), está escarranchado em cima do muro, com uma perna na tradução propriamente dita e outra na criação de uma obra nova. Nem sempre é fácil saber em que lado estamos nós. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 2 Na prática, adaptação se refere a uma gama enorme de procedimentos, que inclui, num extremo, decisões quase inocentes, como traduzir: They stopped at a drugstore for a soda. Deram uma parada numa lanchonete, para tomar um refrigerante. ➢ Transposição …em vez de They stopped at a drugstore for a soda. Deram uma parada num(a) drugstore, para tomar um refrigerante. …onde drugstorevira lanchonete, porque não há nada na cultura brasileira que se compare com uma drugstore americana da primeira metade do século vinte e, no caso, presume-se que a diferença não tinha relevância. ➢ Relevância … até o outro extremo, encontram-se tarefas mais heroicas, como a adaptação de Lady Chatterley’s Lover para o público infantil, que ficam fora de nosso escopo. Aqui, vamos nos limitar a falar de adaptação do lado de cá do muro. Prós e contras Os partidários da adaptação afirmam, não sem razão, que, com esse procedimento, substituímos informações irrelevantes, que só prejudicam o entendimento, por informações que, por serem mais conhecidas do leitor, não desviam sua atenção do foco do texto. Os adversários da adaptação afirmam, não sem razão, que essa exclusão impede o leitor de se aproximar da cultura do original, que consideram uma das funções principais da tradução e que, lá pelas tantas, o texto do autor vira o texto do adaptador. Em outras palavras, o que quer que você faça, vai haver quem critique. Faz parte. A gente sabe onde começa, não sabe aonde vai parar Num texto bem urdido, as palavras se enlaçam e entrelaçam em uma teia infinita e de imensa complexidade. Como resultado, quando mexemos em alguma coisa, afetamos o equilíbrio dessa delicada trama e colocamos em risco o texto todo, criando a necessidade de mexer em Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 3 mais mil coisas, correndo o risco de ficar perdidos em incoerências. Esse é o maior perigo da adaptação. Além disso, a gente sabe onde começa, mas não sabe onde termina. Você começa com alguma coisa simples – como trocar New York por São Paulo – e aos poucos se vê em palpos de aranha, porque as adaptações se tornam cada vez mais difíceis, trabalhosas e indispensáveis. Lá pelas tantas, Chicago virou Rio de Janeiro, mas a Mary, que tinha virado Maria, continua reclamando do frio, da neve e da ventania. O pior E, ainda por cima o cliente geralmente quer pagar o trabalho ao preço normal de tradução, a despeito do trabalhão que dá. ➢ Procedimentos fundamentais de tradução ➢ Empréstimo Adições do tradutor O leitor está interessado no que o autor disse, não no que o tradutor pensa que ele deveria ter dito. Por isso, limite as adições ao essencial para ajudar o leitor entender o texto. Há três níveis de adição: expansão, explicitação e nota do tradutor. ➢ Expansão ➢ Explicitação ➢ Nota do tradutor As adições devem ser tão discretas e objetivas quanto possível, para não desviar a atenção do leitor do seu foco principal. Por isso, não se faz uma nota quando a explicitação basta, não se explicita quando expandir é suficiente. Adjetivos em sequência A tradução fica mais natural se as sequências de dois adjetivos em inglês forem traduzidas por dois adjetivos separados (ou unidos, sei lá) pela conjunção “e”: He was riding his shiny new motorbike. Estava pilotando sua moto nova e brilhante. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 4 Adjuntos adverbiais introdutórios Estes são os introductory adverbials, que costumam exigir, além da transposição do advérbio, a criação de um entorno adequado: ➢ Transposição ➢ Transposição do advérbio para substantivo Perhaps most importantly, the consumer sector is doing considerably better… Talvez o mais importante seja lembrar que o setor de consumo está se saindo consideravelmente melhor. Oddly enough, he has not said anything about it. Por (mais) estranho que pareça/possa parecer, (ele) não disse nada a esse respeito. Note que o pronome é opcional em português e, no mais das vezes, desnecessário. Sempre pense duas vezes antes de reproduzir no português os pronomes de terceira pessoa ingleses ➢ Termo vicário Luckily, for Herbert, the gun was not loaded. Para a sorte de Herbert, a arma não estava carregada. Gun pode ser qualquer arma de fogo, não só um revólver. O contexto pode deixar claro se é um revólver, uma pistola ou uma arma longa. Mesmo que o contexto explique ser um revólver, arma pode ser usada aqui ou lá para dar variedade, porque o inglês weapon, é bem menos usual. Annoyingly for Jack, his brother was late arriving. O que irritou Jack foi o atraso do irmão. ➢ Advérbios terminados em -ly ➢ Transposição Advérbios terminados em –ly O problema dos advérbios em -ly é que temos uma certa birra dos advérbios portugueses homólogos terminados em -mente. Essa aversão, entretanto, é um problema de estilo: não há regra de gramática Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 5 proibindo o uso de advérbios em -mente, nem sequer de três ou mais advérbios terminados em -mente em sequência. ➢ Estilo ➢ Gramática e norma culta ➢ Homólogo Muitas vezes, a repetição desses advérbios é até proposital e um recurso de retórica: Falou claramente, lentamente, pausadamente, como se estivesse tentando deixar uma marca indelével em nossas mentes. Costumamos evitar esses advérbios, entretanto, mesmo quando não vêm aos magotes, porque mesmo dois ou três espalhados num parágrafo podem causar um eco desagradável, e tornar o texto pesado e arrastado. O -ly parece mais aceitável que o -mente, talvez por ser monossilábico. Qualquer que seja a razão, é mais frequente do que o - mente seria desejável em português. ➢ Vício de frequência Como não há regras aplicáveis a problemas de estilo, cada um resolve conforme lhe dá na veneta e nem sempre a solução dada por um vai agradar ao seguinte. Aqui, apresento alguns métodos para você escolher o que mais se adapta a seu contexto e seu gosto particular. Seu revisor e seu leitor podem discordar, mas isso faz parte da vida. Começo com os dois mais comuns, mas apresento outros que me parecem muito úteis e produtivos. Todas as soluções aqui propostas são casos de transposição. ➢ Transposição Fatoramento/fatoração O método mais simples e trivial – que todos nós aprendemos no colégio – para reduzir o número de advérbios terminados em -mente é transformar todos os membros de uma série, menos o último, no seu adjetivo feminino homólogo, procedimento às vezes chamado fatoramento ou fatoração, por analogia a um processo usado em matemática. ➢ Homólogo Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 6 Answer the following questions clearly, concisely, and completely. Responda as perguntas abaixo clara, concisa e completamente. Funciona, sem dúvida, e é muito recomendável, quase uma praxe. Tem a limitação de que só funciona em séries e não nos ajuda em nada quando se trata de um advérbio isolado. Mesmo quando funciona, nem sempre melhora as coisas: Sometimes, instead of showing an object clearly, try deliberately photographing it vaguely, obscurely, or unclearly. Algumas vezes, em vez de mostrar um objeto claramente, tente fotografá-lo vaga, obscura ou não claramente. O exemplo em inglês é canhestro, não há como negar. Mas é autêntico: tirei da Internet. Lembre-se de que traduzimos textos mal escritos a toda hora, mesmo nos melhores autores, e temos de aprender a lidar com eles. Neste caso, o método do fatoramento deixa de funcionar, porque repetir o não torna a frase ainda mais pesada. Felizmente, há outras soluções. Desdobramento em “de forma“, “de modo“, “de maneira“ + adjetivo. É muito comum, também, substituir o advérbio por de + [substantivo muleta] + adjetivo. Assim: em vez de falou claramente, falou de modo claro. Chamo a esse substantivo de "muleta" porque só serve de apoio ao adjetivo, o qual, sem ser o núcleo sintático da expressão, é seu núcleo semântico. Trata-se de um caso de transposição. ➢ Muleta ➢ Transposição Answer the following questions clearly, concisely, and completely. Responda as perguntasabaixo de modo claro, conciso e completo. É um método muito querido, mas tem um inconveniente: poucos substantivos podem servir de muleta. Quantos você conhece? De modo, de forma, de maneira… quantos mais? Aí, então, a tradução salta da frigideira para o fogo: sai dos istomente, issomente, aquilomente, para cair nos de modo isto, de forma isso, de maneira aquilo… Não resolve muito. Troca do advérbio por adjetivo Em vez do advérbio, use um adjetivo. Assim: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 7 The teacher spoke very clearly. O professor falou muito claro. Se alguém reclamar, convide para tomar aquela cerveja que desce redondo, que tudo se resolve. Troca do verbo por substantivo Também podemos fazer a transposição do verbo em substantivo. Essa é uma das operações mais frequentes e úteis para quem traduz do inglês para o português. Funciona assim: procure um substantivo português que seja homólogo do verbo inglês. Por exemplo: With my glasses on, I can see perfectly. Com os óculos, tenho visão perfeita. … onde o verbo see é substituído por seu substantivo homólogo visão. Essa troca tem duas consequências. Em primeiro lugar, como os substantivos são modificados por adjetivos, não por advérbios, o perfectly vai ser traduzido por perfeita. A segunda é que ficamos sem verbo na frase, o que nos obriga a achar um verbo-muleta, o que pode ser fácil ou não. ➢ Colocação ➢ Homólogo ➢ Muleta ➢ Transposição Podemos dar um passo adiante e formar locuções adverbiais com as preposições com ou sem somadas a um substantivo homólogo do advérbio, num processo de transposição: ➢ Homólogo ➢ Transposição He speaks very clearly. Ele fala com grande clareza. The importance of clearly and precisely defining biblical truth. A importância de definir a verdade bíblica com clareza e precisão. Elocution is the art of speaking clearly and precisely. Elocução é a arte de falar com clareza e precisão. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 8 He folded the letter carefully. (Ele) dobrou a carta com cuidado. She drove extremely slowly. (Ela) dirigia com extrema lentidão. Nos dois últimos exemplos, e melhor omitir o pronome da terceira pessoa na tradução. O inglês precisa muito de pronomes, dada a pobreza de sua morfologia verbal. Em português, entretanto, elipse de pronome é sempre algo a considerar, My intent is to sleep carelessly with a smile on my lips and nothing on my mind. Minha intenção é dormir sem preocupações, com um sorriso nos lábios e nada na cabeça. …bem melhor que de modo despreocupado, concorda? Além disso, é uma solução especialmente útil quando temos um advérbio modificando outro, porque, ao transpormos um advérbio para substantivo, o anterior tem que ser transposto para um adjetivo: He folded the letter very carefully. (Ele) dobrou a carta com muito cuidado. He talks exceptionally loudly. Ele fala numa altura excepcional. The Chinese vase was packed more carefully. O vaso chinês foi embalado com mais cuidado. The Chinese vase was packed a little more carefully. O vaso chinês foi embalado com um pouco mais de cuidado. A solução com em é menos comum, mas igualmente útil: They had breakfast silently. Tomaram café em silêncio. On the Reeperbahnstrasse of Hamburg, Germans drink excessively and act incredibly stupidly. Na Reeperbahnstrasse de Hamburgo, os alemães bebem em excesso e se comportam com incrível estupidez. Outro exemplo, talvez um tanto mais difícil: They acted strongly. Tomaram medidas enérgicas. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 9 Johnson & Johnson is uniquely positioned… A Johnson & Johnson ocupa uma posição ímpar… Sujeitos impessoais O português faz largo uso de sujeitos impessoais que, muitas vezes, podem ser a melhor tradução para um advérbio inglês. Mary Jones reportedly turned down the job offer. Ao que se diz, Mary Jones rejeitou a oferta de emprego. Sadly, when the rising chorus of cries … É lamentável que, … É triste dizer que… Agentes ocultos O português aceita, com bem mais naturalidade do que o inglês, as construções em que o agente não fica claro. ➢ Vício de frequência Coisas como They gave us cookies. …onde o agente é o mesmo que o sujeito they, epodem muito bem ser traduzidas por Eles nos deram biscoitinhos. … mas ficam muito melhor se traduzidas A gente ganhou biscoitinho(s). Ganhamos biscoitinhos. … onde o deslocamento do objeto para sujeito acaba ocultando o agente. (Espero que você tenha entendido bem essa explicação – não sou muito bom nessas coisas e, para resumir, pior ainda. Se não entendeu bem, escreva para mim e reclame). Uma transformação dessas envolve modulação, ou seja uma mudança de perspectiva: em inglês o sujeito é quem deu os biscoitinhos, em português. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 10 ➢ Modulação …e tem mais uma vantagem: livra o tradutor da praga do pronome do caso oblíquo ➢ Pronome oblíquo Artigos “Meu filho é um médico”, disse a mãe orgulhosa de seu rebentinho. Até aí, nada de especial: muita gente tem filhos médicos. De especial seria se o filho fosse dois médicos, em vez de um só. De interessante há o fato de muitas vezes usarmos na tradução artigos que são desnecessários ou não existem em português, ou deixarmos de adicionar artigos quando não existem em inglês, mas são necessários ou talvez recomendáveis em português. O português não usa artigos: …entre o verbo e o nome de profissões: Her other son is a doctor. O outro filho dela é médico. …credos, religiões, ideologias, posturas filosóficas: She’s become a vegetarian. Ela virou vegetariana. …instrumentos musicais: Jane played the piano just for herself. Jane tocava piano só para si própria …doenças: On and off she suffers from a stomachache. Volta e meia ela tem dor de estômago. ➢ Equivalência She has the flu. Ela está com gripe. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 11 I have a fever, so I’m staying in bed today. Estou com febre, então vou ficar de cama hoje. O português exige artigos Antes de tarefas ou papéis únicos: Maureen is captain of the team. Maureen é a capitã do time. FBI chief J. Edgar Hoover… O chefe do FBI, Edgar Hoover… Chelsea centre-forward Milton Smith… O centroavante Milton Smith, do Chelsea … …e em lugar do possessivo com órgãos e partes do corpo: Close your eyes. Feche os olhos. Have you broken your arm? Você quebrou o braço? Ever since my teeth were pulled out I can’t eat anything solid. Desde que arranquei/extraí os dentes, não consigo comer nada sólido. Note que, em português, a gente extrai os dentes, ao passo que em inglês a gente tem os dentes extraídos. Essa mudança de ponto de vista é um caso de modulação. ➢ Possessivos ➢ Modulação She’s become a vegetarian. (Ela) virou vegetariana. ➢ He/she O pronome da terceira pessoa, como tantas vezes, pode ser omitido sem perda. ➢ Vício de frequência Although his father was an Anglican Bishop, he is a Roman Catholic. Embora seu pai tenha sido bispo da igreja anglicana, (ele) é católico. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 12 …com nacionalidades Germans are good musicians. Os alemães são bons músicos. …e antes de adjetivos Her other son is a great doctor. O outro filho dela é um grande médico. He is a good auto mechanic. (Ele) é um bom mecânico (de automóveis) He is a very good auto mechanic. Ele é um mecânico (de automóveis) muito bom. Ele é um ótimo mecânico (de automóveis). She has a bad flu. Ela está com uma gripe forte. O artigo pode ser opcionalem português, mas inexistente em inglês. Está se tornando cada vez mais comum em português usar artigos antes de nomes próprios: Mary wanted more coffee. (A) Maria queria mais café. O uso do artigo, nestes casos, varia conforme a região, embora mesmo quem use artigo, como eu, considere as construções sem artigo mais formais. Atenuação A atenuação, também chamada de adoçamento e mitigação, é a prática de traduzir palavras ou expressões consideradas ofensivas ou duras demais por termos mais amenos – ou mesmo omitir o que possa ser considerado ofensivo Muitas vezes, o tradutor recebe ordem para atenuar, e faz coisas como traduzir Fuck you! Vá para o inferno! Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 13 ... para que o filme escape das restrições da censura por faixa etária. Acho lamentável e gostaria de viver num mundo em que o tradutor traduzisse o que encontrava no original e pronto. Outras vezes, ninguém manda, mas o profissional sabe o que é bom para seu couro: não faz muito tempo, um intérprete adoçou umas frases que criticavam o país onde vivia, não por alguém ter mandado, mas por amor ao pescoço, seu e da família já que nunca falta quem queira decapitar o mensageiro e mesmo sua parentela. Atacado ferozmente pela imprensa, alegou que não podia traduzir mentiras. Que outra mentira podia alegar em sua defesa? Há, principalmente na interpretação, quem ache que deva adoçar para evitar brigas: If you don’t deliver this fucking order before the end of the month we will find a better provider. Seria muito importante se sua empresa pudesse fazer a entrega antes do fim do mês. Se você não entregar essa porra desse pedido antes do fim do mês vamos procurar um fornecedor melhor. …o que, aliás, nos leva à dificuldade de traduzir literalmente xingamentos, palavrões, baixo calão, impropérios e quejandos. Não gosto da prática, salvo nos casos, como o mencionado acima, onde o profissional corre perigo. Acho que cada orador deve assumir a responsabilidade pelo seus atos e que o receptor tem o direito de saber o que foi dito para dar resposta à altura. Numa das raríssimas vezes em que servi de intérprete, um dos participantes estava insultando seu interlocutor o tempo todo, e eu seguindo a orientação que tinha lido alhures, atenuando. Lá pelas tantas, me cansei e traduzi os insultos com casca e tudo. O ouvinte, que me conhecia havia anos, me olhou furioso e eu lembrei que era só o tradutor. Ele entendeu e deu uma resposta boa ao mal-educado, que enfiou o digníssimo rabinho no meio das pernas e parou de se exibir. Acho que agi bem. Be able to Can, como todos os auxiliares modais é defectivo e os buracos na sua conjugação são preenchidos por torneios com be able to. Como o nosso verbo poder não tem nada de defectivo, pode tranquilamente ser usado onde em inglês é necessário usar uma forma de be able to: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 14 Spending limits are part of a limits package and will be able to be configured… Os limites para gastos fazem parte de um pacote de limites e vão poder ser configurados… Soluções como …terão a possibilidade de serem configurados … embora perfeitamente corretas, é bom evitar, porque transferem para o português um problema que nossa língua não tem. Note que, em português, a colocação mais comum é fazer parte, ao passo que em inglês é are part. ➢ Can ➢ Colocação Belles Infidèles Essa expressão francesa significa tanto “as belas que são infiéis” como “as infiéis que são belas”. Esse fato, associado ao fato de que “tradução” e seus homólogos são do gênero feminino em todas as línguas românicas, deu origem a numerosas histórias de gosto duvidoso sobre a infidelidade de mulheres belas e sobre a beleza das mulheres infiéis. Tecnicamente, entretanto, o termo se aplica a publicações que passam por traduções, mas são adaptações de textos em língua estrangeira àquilo que seu redator julga ser o gosto de seu povo e sua época. Dependendo da habilidade de quem faz, podem até ter mérito literário, mas como traduções não servem de parâmetro de qualidade – pelo menos na minha opinião. Não deixam de ser uma forma de adaptação, mas como digo no verbete apropriado, a adaptação fica escarranchada em cima do muro, com uma perna na tradução e outra fora dela e, no meu entender, as belles infidèles estão na perna externa à tradução. ➢ Adaptação Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 15 Bíblia Como os originais da Bíblia estão em hebraico, aramaico e grego, toda citação bíblica em inglês é uma tradução – mas aquele caso interessante em que a tradução se torna um novo original. Porém, tanto em inglês como em português, há várias traduções da Bíblia e as divergências entre elas – queiramos ou não – são muito significativas. Por isso, se topar com uma citação bíblica no seu texto, não adianta tentar procurar uma “boa tradução” em português, para copiar o que diz lá, porque a “boa tradução” pode dizer alguma coisa bem diferente do que disse o autor do original. O que você precisa é de uma tradução bem próxima da tradução usada no seu texto inglês. Isto significa que a melhor solução pode ser você traduzir o texto, preservando os atributos relevantes que o autor achou relevantes, sem se preocupar com qualquer tradução existente em português. Se for leitor da Bíblia, não se deixe levar pela sua tradução predileta: a do texto que você está traduzindo pode dizer algo bem diferente. Se não acredita, veja estes exemplos, todos de Juízes, 3:24: Primeiro em inglês: King James: Surely he covereth his feet in his summer chamber. Douay-Rheims: Perhaps he is easing nature in his summer parlour. God’s Word: “He must be using the toilet,” they said. New King James Version: He is probably attending to his needs in the cool chamber. Bible in Basic English: It may be that he is in his summer-house for a private purpose. … e agora em português: João Ferreira de Almeida: Sem dúvida está cobrindo seus pés na recâmara da sala de verão. J. F. Almeida atualizada: Sem dúvida ele está aliviando o ventre na privada do seu quarto. A Bíblia na linguagem de hoje: Então pensaram que o rei tinha ido ao banheiro. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 16 Bíblia de Jerusalém: Sem dúvida, ele cobre os pés no retiro da sala arejada. Por mais que se aceite que covereth his feet seja um eufemismo para evacuando e por mais que a fé do tradutor leve a preferir “A Bíblia na linguagem de hoje”, se o original disser Surely he covereth his feet in his summer chamber, não cabe traduzir a citação dele por Então pensaram que o rei tinha ido ao banheiro. ➢ Original ➢ Fidelidade ➢ Relevância ➢ Voz do tradutor Bibliografia Este tópico fala sobre como tratar das bibliografias incluídas em uma tradução. Para saber quais livros consultamos para escrever este texto, veja Obras consultadas. ➢ Obras consultadas Bibliografia é uma lista padronizada dos livros consultados pelo autor. Por isso, os nomes dos livros não devem ser traduzidos. Se o autor diz que consultou: Karl Popper: The Logic of Scientific Discovery (Routledge Classics) 2nd Edition. …não é correto dizer que ele tenha consultado A lógica da pesquisa científica. Karl A. Popper. Tradução de Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. Editora Cultrix. São Paulo 1985. …em primeiro lugar, porque não é esse o livro que ele consultou. Em segundo, porque a tradução em português talvez difira do original e, sabendo você como sabe, que Murphy reina, é bem possível que a diferença esteja exatamente naquele ponto que o autor está elaborando, como, aliás, se vê pelo título da obra de Popper citada. Se houvertradução portuguesa – e se o cliente pedir e pagar – acho válido adicionar: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 17 Publicado no Brasil como: A lógica da pesquisa científica. Karl A. Popper. Tradução de Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. Editora Cultrix. São Paulo 1985. Mesmo que o livro seja originalmente brasileiro, se a edição consultada estava em inglês (ou qualquer outra língua), é essa a que deve ser constar da tradução brasileira: Chapters of Brazil’s Colonial History 1500-1800 (Library of Latin America), by João Capistrano de Abreu (Author), Arthur Brakel (Translator), Stuart Schwartz (Introduction), Fernando A. Novais (Contributor) … não diga que ele leu os Capítulos de história colonial. Abreu, João Capistrano de. Itatiaia. …embora possa adicionar esse dado à informação bibliográfica. Caçar traduções brasileiras de livros estrangeiros, não é tarefa do tradutor, mas sim de bibliotecário. Caso o tradutor se julgar capacitado para a tarefa e resolver aceitar, deve contratar separadamente, com preço superior ao da tradução, porque, lauda por lauda, palavra por palavra, ficar atrás de traduções brasileiras de livros estrangeiros demora bem mais do que traduzir e, portanto, deve custar bem mais caro. Cacófatos A cacofatomania, a mania de encontrar cacófatos em todo o canto, é uma patologia que afeta a tradutores, revisores, críticos e leitores igualmente. Para ela, o único remédio é o bom senso. Este livrinho não tem um verbete sobre “bom senso”. No primeiro livro que traduzi, levei um puxão de orelhas por ter usado “por causa”, sob a justificativa de que “por causa” ia ser lido como “porca usa”. Desculpe, mas não acredito que qualquer pessoa com mentalidade normal fosse ler “por causa” como “porca usa”. Continuo usando “por causa”. Aliás, estou em boa companhia: encontrei exemplos em Machado e no Padre Vieira, que, ao que eu saiba, são melhores conselheiros que o revisor da editora. Claro, se o cliente quiser, a gente troca. Mas continua sendo bobagem. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 18 Can/could Can é um verbo auxiliar modal. Como todos eles, é defectivo. Onde falta, muitas vezes é substituído por circunlóquios formados a partir de be able to. Mesmo assim, é carente de tempos progressivos. ➢ Verbos auxiliares ➢ Be able to Sua tradução canônica é poder: Can we start? Podemos começar? You can’t go swimming. Você não pode ir nadar. Entretanto, temos também conseguir e ser capaz, que refletem melhor a ideia de que é preciso fazer algum esforço, de que talvez seja impossível: Can you lift this table? Você consegue levantar esta mesa? Você é capaz de levantar esta mesa? Ser capaz e conseguir não são sempre intercambiáveis: Can’t find the specific download you want? Não é capaz de encontrar o programa que quer baixar? Não está conseguindo encontrar o programa que quer baixar? … têm sentidos diferentes. A primeira é quase uma acusação de incompetência, ao passo que a segunda é mais genérica e inclui a possibilidade de que a pessoa não esteja conseguindo encontrar o programa por problema ou deficiência do sistema. Note que, na segunda opção, estamos usando um tempo progressivo em português, opção que seria impossível em português. Cabe ao tradutor o dever de explorar esses recursos do português de que o inglês não dispõe em vez de ficar preso às construções paralelas. Num texto mais coloquial, dar pode ser a melhor tradução: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 19 You can't swim in that beach. Não dá para nadar naquela praia. É proibido nadar naquela praia. Não se pode nadar naquela praia. ➢ You Can you lift this table? Dá para você levantar esta mesa? Saber normalmente é a tradução mais correta quando se trata de habilidade ou capacidade intelectual, como, por exemplo, falar uma língua ou tocar um instrumento musical: Few of the tourists could speak English. Poucos dos turistas sabiam falar inglês. Magda could speak three languages by the age of six. (A) Magda sabia falar três línguas aos seis anos de idade. She can play the piano very well. Ela sabe tocar piano muito bem. Entretanto, nesses casos, muitas vezes é mais idiomático simplesmente nem traduzir o can: Few of the tourists could speak English. Poucos dos turistas falavam inglês. Poucos dos turistas sabiam falar inglês. Magda could speak three languages by the age of six. Magda falava três línguas aos seis anos de idade. Magda sabia falar três línguas aos seis anos de idade. She can play the piano very well. Ela toca piano muito bem. Ela sabe tocar piano muito bem. É só o contexto que pode nos dizer quando can é poder e quando significa saber: She can play the piano very well. Ela sabe tocar piano muito bem. Mas: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 20 She can play the piano, but she will not be allowed to dance. Ela pode tocar piano mas não vai poder dançar. Note a diversidade de traduções no português: He can’t ride a bike. Ele não pode andar de bicicleta. (Tem um problema físico que impede.) Ele não sabe andar de bicicleta. (Não aprendeu.) Ele não pode andar de bicicleta. (Não é permitido, não deixam.) Ele não consegue andar de bicicleta (Até se esforça, mas tem um problema físico que impede.) É só uma leitura cuidadosa do contexto que pode dizer qual a alternativa correta e cabe a nós a escolha da tradução correta. Numa pergunta, é bem idiomático usar frases auxiliares, do tipo de será que, principalmente num registro informal: Can he ride that bike? Seems too big for him. Será que ele consegue andar naquela bicicleta? Acho que é grande demais para ele. Quando o verbo principal exprime uma sensação, tal como ver ou ouvir, é o verbo estar que traduz melhor: Can you see the small boat? Está vendo o barquinho? Can you hear me clearly? Está me ouvindo bem? Can com verbo principal na passiva muitas vezes pode ser melhor traduzido por possível (ou sua negação) como parte de um predicado nominal: That guard cannot be bribed. Não é possível subornar aquele guarda. É impossível subornar aquele guarda. Não dá para subornar esse guarda. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 21 Could Em teoria, could é só o passado de can. Na prática, é também uma forma mais atenuada e cortês: Could you please help me? …está longe de ser o passado de Can you please help me? … é muito mais uma forma mais suave e delicada de pedir ajuda. Às vezes, dependendo do contexto, e do registro Será que você pode me ajudar? …seria uma tradução adequada. Os tempos progressivos Como todos os auxiliares, can não pode ser usado nos tempos progressivos, o que significa que temos uma escolha a fazer, uma decisão tradutória a tomar. I cannot see the §§§ Chavões Um chavão, também chamado “clichê”, é uma expressão, batida, fossilizada. Clichês devem ser traduzidos por clichês, até para manter o estilo. Às vezes é fácil: He was drunk as a skunk. Estava bêbedo como um gambá Neste caso, a tradução é literal e até tenho uma leve impressão de que o português é um decalque do inglês, já enraizado na nossa fraseologia. ➢ Tradução literal Nem sempre é tão fácil: She avoided him like the plague. Ela fugia dele como o diabo foge da cruz. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 22 …, que é uma equivalência, exige um pouco de memória e um repertório um pouco maior do português. ➢ Equivalência Às vezes, as diferenças de sentido podem parecer significativas, mas não são: His bark is worse than his bite. Cão que ladra não morde. Quando o autor usa muitoschavões, mesmo que não consigamos traduzir todos eles por chavões portugueses, é um sinal de que a compensação pode se fazer necessária. ➢ Compensação Colocação Embora a Nomenclatura Gramatical Brasileira reserve colocação para a ordem das palavras na frase, o termo é cada vez mais usado como referência para o que se chama em inglês collocation, quer dizer, combinações vocabulares convencionais. Casaco, a gente veste; sapato, a gente calça. Ficaria muito estranho dizer “calça o casaco, veste o sapato”. São chamadas convencionais por serem fruto da convenção, nada mais. A gente calça (e não veste) sapato porque sapato se calça, não se veste. Ou seja, não há uma explicação mais lógica do que a famosa explicação da mamãe: porque é assim que se diz e pronto. No entanto, é comum ver jogar um papel em vez de desempenhar um papel, ou fazer uma decisão em vez de tomar uma decisão. ➢ Contaminação Muitos erros bisonhos podem ser evitados lembrando destas três regras: O objeto condiciona o verbo: Make a box of tools. Fazer uma caixa de ferramentas. …mas… Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 23 Make a decision. Tomar uma decisão. O verbo determina a preposição: Dream of… Sonhar com …mas… Think of… Pensar em… …mas… Like Gostar de O substantivo determina o adjetivo: Grey suit Terno cinza …mas… Grey hair Cabelo grisalho …mas… Brown suit Terno marrom …mas… Brown eyes Olhos castanhos Compensação A compensação não faz parte dos procedimentos fundamentais de tradução descritos por Vinay e Darbelnet. Seu objetivo é restaurar num ponto da tradução uma perda inevitável sofrida em outro. É uma espécie de revanche: a gente apanha lá, mas se vinga aqui. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 24 ➢ Procedimentos fundamentais de tradução Um exemplo: She ain’t no good! Ela não vale nada. O original, com sua dupla negativa e ain’t mostra uma violação da norma culta, que marca o locutor como pessoa pouco culta, uma característica que não é fácil reproduzir em português nesta frase. Há quem, nesses casos, use num em vez de não, o que, a meu ver, não resolve o problema. Frustrante. Mas, aí a gente se vinga na outra frase, onde diz: Last week we went to the movies… …que é gramaticalmente correto e estilisticamente mais neutro em inglês, e ataca de Semana passada nós foi no cinema… …provando que um dia é do caçador, mas o outro é da caça. Contaminação Contaminação é a absorção indevida de características da língua de partida no texto de chegada. É o escrever português com “sotaque” inglês, embora o português seja nossa língua nativa. Um mal que aflige a maioria de nós e do qual muitos não se dão conta. ➢ Estilo ➢ Gramática e norma culta Nossos tempos de escola Um bom modo de abordar a contaminação é lembrar do seu tempo de escola? Como era difícil entender que: – Entendeu a pergunta? – Entendi! Entendi muito bem! …em inglês deveria ser… “Did you understand the question?” “Yes I did! I understood it very well.” Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 25 … quando a nós parecia muito mais natural dizer… “Understood the question?” “Understood! Understood it very well.” Por que a professora sofria tanto (e nós com ela) para aprendermos a dizer essas coisas? Ensinar a todos nós que os pronomes do caso reto eram indispensáveis, quando, na aula anterior, o professor de português tinha puxado nossas orelhas pelo excesso de pronomes em nossas redações, deve ter custado muito aos professores, como também deve ter custado ensinar o uso apropriado dos auxiliares como termo vicário. Na ânsia de aprender inglês, muitas vezes nos esquecemos do nosso português e deixamos nosso texto ser contaminado pela montoeira de pronomes e outros termos vicários que no inglês são essenciais, por torneios e colocações que são diferentes nas duas línguas. ➢ Termos vicários ➢ Colocações Para traduzir bem do inglês para o português, é bom lembrar das aulas de inglês do colégio e fazer tudo ao contrário, assim, a gente escreve português direito. Além disso, é necessário ler em português furiosamente para internalizar coisas a que muitos de nós deixaram na fúria de aprender inglês. A contaminação cria o tradutorês. ➢ Tradutorês Contexto Mais importante do que qualquer dicionário ou glossário, é o contexto, ou seja, o texto que está à volta da palavra ou expressão que você está traduzindo. Por isso, pedir ajuda a alguém para traduzir um termo sem dar contexto é errado. Também é errado, em vez de contexto, dizer o assunto de que trata o texto ou dar a definição do termo. Contexto é uma ou mais frases do texto. O contexto nos ajuda, também a identifica erros no original. É só o contexto que permite saber que: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 26 Principle parts of the Greek verb …são os Tempos primitivos do verbo grego e não Partes do princípio do verbo grego ➢ Erros no original ➢ Relevância Também é o contexto que nos ajuda a acertar o estilo da tradução quando é necessário usar o recurso de compensação. ➢ Compensação Correção política As escolhas do autor refletem seus próprios vieses políticos e filosóficos, que fazem parte integrante da mensagem e, por isso, devem ser respeitadas, mesmo que não estejamos de acordo com elas. A stinking jew Um judeu fedido Um judeuzinho fedido Outras vezes, o termo politicamente incorreto reflete a idade do texto: A cripple Um aleijado …pode indicar um texto anterior ao momento em que a palavra cripple se tornou socialmente inaceitável e traduzir A poor cripple, unable to walk beyond the limits of her own garden. Uma senhora com necessidades especiais, incapaz de caminhar além dos limites de seu próprio jardim. ...é uma traição a Trollope, o autor da frase. Melhor traduzir por: A poor cripple, unable to walk beyond the limits of her own garden. Uma pobre aleijada, incapaz de caminhar (/ir/passar) além dos limites de seu próprio jardim. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 27 Se Trollope tivesse escrito nos tempos de hoje, talvez não tivesse usado a palavra cripple, mas sucede que ele não escreveu nos tempos de hoje e não usar o termo aleijado, seria uma adaptação, não uma tradução. ➢ Adaptação Claro que, pelo andar da carruagem, vai chegar um tempo em que pouca gente ainda saiba o que é um aleijado e então, as novas traduções vão ter que fazer opções diferentes, mas toda tradução é passageira. Muitas vezes, o texto chega a ser revoltante: A dirty nigger. Um negrinho sujo. Se não tiver estômago para traduzir, recuse o encargo. Mas se aceitar, traduza direito. Cortes Eliminar partes do texto sob a alegação de que não interessariam ao leitor brasileiro ou ao leitor moderno é crime de lesa-original, salvo se ficar claramente indicado que se trata de um resumo ou adaptação. Se o cliente mandar, bom, paciência, mas, nesses casos, não gostaria de ver meu nome associado à tradução. ➢ Adaptação ➢ Belles infidèles Decalque Este é um dos procedimentos fundamentais de tradução descritos por Vinay e Darbelnet. No decalque, os elementos constitutivos de um sintagma são traduzidos literalmente, criando algo de novo na língua de chegada. Foi por decalque que muitas palavras entraram na língua: All he wanted was a Coke and a hot dog. Tudo o que (ele) queria era uma Coca e um cachorro-quente. Neste caso, em que cachorro-quente se refere ao sanduíche e não ao animal propriamente dito (espera-se), temos um decalque. Podíamos ter dito hot-dog, mas isso seria um empréstimo. Muitasvezes, o decalque compete com o empréstimo: há quem diga cachorro-quente, Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 28 mas há quem diga hot dog – e há quem diga ora um, ora outro. Parece que, neste caso, o empréstimo está vencendo. ➢ Empréstimo Por outro lado, outras vezes vence o decalque. Os nomes das posições no jogo de futebol, que antigamente eram todos em inglês, hoje são todos em português e, em vários casos, são decalques, como center- forward que virou centroavante, antes tendo passado por um processo de aclimatação. ➢ Aclimatação Os mais velhos vão se lembrar do tempo em que: Give me a ring! Telefona para mim! ➢ Transposição … era a frase normal, até que surgiu Give me a ring! Me dá um toque! …um decalque hoje plenamente aceito. Alguns torneios de frase são tão bem-sucedidos que deixam de ser percebidos como decalque e se integram à língua de chegada. Por isso, nem sempre é fácil determinar o que seja decalque. O termo, em si, reflete um momento histórico, uma transição. Já ninguém precisa explicar o que é um cachorro-quente. Por outro lado, já ouvi mais de uma pessoa dizendo um sanduíche (ou: um lanche) de cachorro-quente, o que indica que até os decalques podem mudar de sentido com o tempo. Os decalques costumam ser mal recebidos e tachados de anglicismo, nefastas ameaças à sobrevivência da língua. Se vão ser absorvidos na estrutura geral do português, só o tempo pode dizer. Delimitação em sintagmas nominais Nem sempre é fácil delimitar corretamente os sintagmas nominais. Veja este exemplo: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 29 The instructor will present, model, and discuss presentation concepts and techniques. Não há recurso sintático que nos permita saber se o presentation se refere tanto a concepts como a techniques. O sentido nos faz crer que seja a ambos, então, podemos traduzir sem (muito) medo como The instructor will present, model, and discuss presentation concepts and techniques. O instrutor vai apresentar, modelar e discutir conceitos e técnicas de apresentação. Às vezes, entretanto, a coisa complica: International trading and liquidity O adjetivo se refere a ambos os substantivos, ou só a trading? Na verdade, só a trading, mas é algo que só o conhecimento e o contexto nos ajudam a entender. Não há uma regra para definir a referência do adjetivo que eu conheça. Existe, sim, o cuidado de ir do primeiro adjetivo até o substantivo final, que constitui o núcleo sintagmático e analisar a situação. ➢ Contexto Dicionários Por bons que sejam, todos os dicionários e glossários são incompletos e contêm erros. Por isso, devem ser usados sempre com uma pitada de bom senso. Este livrinho não tem um verbete sobre “bom senso”. Além disso, nunca se esqueça que a tradução começa depois de você fechar o dicionário. Do lado inglês É sempre bom lembrar que o seu texto pode estar usando uma palavra ou expressão numa acepção que não conste no dicionário, ou por ser um neologismo, ou por erro de revisão, ou por, simplesmente, erro do autor. Nesses casos, como sempre, manda mais o contexto que o dicionário. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 30 Do lado português Não é por a palavra estar no dicionário que você pode usar. O dicionário, qualquer dicionário, tem uma quantidade enorme de palavras que existem, já foram usadas e tal, mas são absolutamente impróprias para o texto que você está escrevendo. Por outro lado, não é por que a palavra não está no dicionário que não pode ser usada: todo dicionário está, por natureza, desatualizado e o seu texto pode exigir o uso de um neologismo. ➢ Neologismo ➢ Gramática e norma culta ➢ Estilo Dinheiro De modo geral, valores monetários não devem ser convertidos em moeda brasileira, principalmente na tradução literária e mesmo na tradução editorial em geral. Num livro, …a fifty-dollar bill …uma nota de cem cruzados …é o tipo da tradução que eu não recomendo. Em primeiro lugar, não se tratava de uma nota de cem cruzados. Em segundo lugar, converter valores monetários abrevia a vida do texto: a taxa de câmbio muda, muda até o nome da moeda e a tradução envelhece com maior rapidez. Quem sabe hoje o que eram cem cruzados? Depois, porque muda, sem necessidade, o ambiente dos EUA para o Brasil e, ainda por cima, fixa um período (1986-1989) durante o qual essa moeda foi usada. Vários países usam dólar como moeda e às vezes, o original marca de que tipo de dólar estamos falando: She found a Canadian Dollar in her purse. Encontrou um dólar canadense na bolsa. Note, também a omissão do pronome e do possessivo, que são indispensáveis em inglês, mas peso morto em português. ➢ Relevância ➢ He/she Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 31 Em textos mais formais, como contratos ou tratados internacionais, prefiro dólares dos Estados Unidos da América a simplesmente dólares. Dólar é palavra aclimatada e dicionarizada, portanto se escreve de acordo com as regras ortográficas e morfológicas do português: acento agudo na primeira vogal, plural em -es e maiúscula só quando as regras de ortografia exigirem, o que significa, na maioria das vezes, só quando iniciar período. Em outras palavras, escrever dollar em português é simples erro de ortografia. ➢ Aclimatação Em trabalho de ficção, é preferível escrever os nomes das moedas estrangeiras por extenso. Quando tiver de usar símbolos use US$ como símbolo do dólar dos EUA, em vez de só o cifrão, como fazem nos EUA. Se o original usar USD, use o USD também na tradução. Reserve o cifrão simples para símbolo de “qualquer moeda”, como, por exemplo, se usa em textos de economia, contabilidade ou matemática financeira, onde… Consider the hypothetical returns on $100 invested in Stock A and Stock B. Considere o retorno hipotético de $ 100 investidos na Ação A e na Ação B. …não significa um investimento de 100 dólares dos EUA. Trata-se do enunciado de um problema de matemática financeira e não faz diferença usarmos dólares, dracmas, dinares da Baixa Eslobóvia ou qualquer outra moeda. Deixe um espaço entre o cifrão e o primeiro algarismo (sim, sei que em inglês vai tudo junto). Para impedir que o cifrão fique numa linha e o algarismo em outra, use o espaço inseparável (Ctrl Shift Espaço no Windows, Option-Space no Mac). Exceções Em textos jornalísticos, ou outros textos para os quais se espere vida breve, pode-se agregar um valor aproximado em moeda nacional, entre parênteses ou como aposto. Nesse caso, arredonde o valor em moeda nacional: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 32 Lunch for two cost us less than $50. Um almoço para dois custou menos de US$ 50 (cerca de R$ 200,00, pelo câmbio de hoje). ➢ Explicitação Arredondamento Mesmo que pelo câmbio do dia US$ 50,00 correspondam mais exatamente a R$ 198,57, não faz sentido chegar a esse nível de precisão, não só porque as taxas variam de um dia para o outro, mas também porque o próprio less than indica que mesmo o inglês é uma aproximação. Moeda britânica antiga Até 1971, a libra esterlina se dividia em 20 shillings e o shilling em 12 pence, que era o plural de penny, abreviados £, s, d. Em 1971, foram abolidos os schillings, mas ficaram os pence, com valor diferente, primeiro como new pence, mas o new foi abandonado em 1981. Em português, há quem prefira grafar pêni, como está no Houaiss, por ser a forma "correta". O Houaiss também diz que o plural de pêni é pênis, mas não pegou e, para evitar o pênis, havia até quem pudicamente escrevesse peniques, o que etimologicamente está até que bom, mas também não pegou. Também se recomendava escrever xelim,o que também não pegou. O uso é, realmente, manter os nomes originais. ➢ Empréstimo Os ingleses tinham outras moedas, como a crown, que valia 5 shillings e normalmente se traduz por coroa e a half-crown, que se traduz por meia coroa. O guinea, normalmente traduzido como guinéu valia 21 shillings. Hoje, embora oficialmente não exista, entende-se que valha £ 1,05. Esses nomes ainda são usados eventualmente, mas as moedas não são mais cunhadas. Na tradução literária e em textos antigos, aparecem o tempo todo. O sovereign é uma moeda de uma libra e, muitas vezes, se traduz por soberano. Como nem todos os leitores sabem dessas coisas, pode ser útil traduzir por uma moeda de... A box containing a shiny half-crown and three handkerchiefs…. Uma caixa com uma moeda brilhante de meia coroa e três lenços… Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 33 ➢ Explicitação Em todos esses casos, é desnecessário apor notas de tradutor longas e eruditas. Quanto menos, melhor. Distorção Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma – ou ao menos era o que dizia Lavoisier. Em tradução, sempre alguma coisa se cria e sempre se perde alguma coisa, o que talvez prove que tradução não é uma atividade natural. O que ganha e o que se perde é o que chamo distorção. Quanto menor a distorção, melhor a tradução. Mesmo numa frase simples como They had breakfast silently. Tomaram café em silêncio. …estamos agregando um café, que os personagens talvez não tenham tomado. Seria mais preciso dizer: They had breakfast silently. Tomaram o de(s)jejum em silêncio. …mas é uma palavra bem mais rara, que levaria a tradução a um registro que ela não tem em inglês. Para minimizar a distorção, é essencial preservar o que é mais relevante. No caso, tomaram o café em silêncio, indica que, ao ver do tradutor, é mais relevante referir-se à refeição matinal pelo nome que ela normalmente traz em português do que não se referir a uma bebida que pode ter sido consumida ou não. ➢ Vício de frequência ➢ Relevância Do/did O uso do verbo pleno to do, não nos causa grandes problemas. Entretanto, seu uso como verbo vicário ou elemento de ênfase podem nos dar dores de cabeça. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 34 Verbo vicário Do/did são usados como verbos vicários para responder a perguntas feitas com o próprio do. Nestes casos, prefiro dar a resposta com o próprio verbo principal: Did you read the book? Yes, I did. Você leu o livro? Sim, eu o fiz! Sim, li. Essa construção me parece mais idiomática (ainda lembro quanto me custou para aprender a responder yes, I did em vez de yes, I read). Além disso, evita um pronome oblíquo, algo que, no meu entender, é sempre uma vantagem. Pronomes oblíquos trazem consigo os problemas de colocação que costumam ser complicados: aquilo que a gramática e o revisor exigem, nem sempre é o que a língua acha natural. Melhor evitar. ➢ Contaminação ➢ Termo vicário ➢ Pronomes oblíquos She said she would write John, but she didn’t. Disse que ia escrever para o John, mas não escreveu. Will she come? She may do. Será que ela vem? É (bem) capaz de vir. Será que ela vem? Talvez venha. Muitas vezes, o melhor é omitir: You know as much as I do. Você sabe tanto quanto eu. ➢ Economia vocabular Também são usados como vicários nas tag guestions: She spoke German at home, didn’t she? Ela falava alemão em casa, não falava? Nesses casos, sempre prefiro, reutilizar o verbo principal do que traduzir o do literalmente. A mim, parece mais idiomático repetir o Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 35 verbo principal do que inçar meu texto de formas do verbo fazer – o que é pular da frigideira para o fogo. … warned the West to stay out, and threatened World War III if they didn’t. … avisou o Ocidente que devia manter distância e ameaçou começar a Terceira Guerra mundial, caso não mantivesse ➢ Modulação Enfatizador Do aparece muito em afirmativas no presente, só para dar ênfase: Should you come to London, do come have lunch with me. Se vier a Londres, não deixe de vir almoçar comigo. Se vier a Londres não se esqueça de vir almoçar comigo. Além do uso especial de should, temos o tratamento da ênfase como, digamos, a “negativa de privação”, o que é um caso de modulação. ➢ Should ➢ Modulação Economia vocabular O princípio da economia vocabular diz que, em igualdade de condições, a tradução mais breve é a melhor. Veja os exemplos: A charming image of a peasant woman. Uma imagem encantadora de uma mulher camponesa. Uma imagem encantadora de uma camponesa. A black man Um homem negro Um negro To many people, the arguments presented… Para muitas pessoas, os argumentos apresentados… Para muitos, os argumentos apresentados… Uma das principais ofensas a esta lei está no hábito de traduzir todos os pronomes e possessivos ingleses pelos seus homólogos portugueses: Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 36 I sold my house last year. Eu vendi minha casa no ano passado. …que podia ser facilmente substituído por I sold my house last year. Vendi minha casa no ano passado. …aliás, em muitos contextos, I sold my house last year. Vendi a casa no ano passado. …daria conta do recado, já que, em português, a explicação de qual casa foi vendida geralmente é necessária só quando não se trata da residência do locutor. ➢ Possessivos Também temos os casos dos aumentativos e diminutivos, tão comuns em português e tão raros nas traduções Can you see the small boat? Está vendo o pequeno barco Está vendo o barquinho? ➢ Pronomes ➢ Possessivos ➢ Vício de frequência Empréstimo O empréstimo é um dos procedimentos fundamentais de tradução descritos por Vinay e Darbelnet. Por estar num dos extremos da gama (o outro extremo é a adaptação), é um procedimento limítrofe entre a tradução propriamente dita e a não tradução. Consiste em usar, no texto de chegada, o mesmo termo encontrado no texto de partida. The images provide a fascinating insight into the prejudices… As imagens dão um insight fascinante sobre os preconceitos… Um insight, na opinião de quem traduziu – porque tradução é, entre outras coisas, uma questão de opinião – é diferente de uma ideia, de compreensão ou entendimento ou de qualquer outra palavra portuguesa. Outros podem – e vão – divergir. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 37 A rigor, não há palavra portuguesa que tenha exatamente o mesmo sentido que uma palavra inglesa, o que, em princípio, justificaria todo e qualquer empréstimo – e já vi um tradutor atarantado com judge, que não queria traduzir por juiz, porque há diferenças enormes entre o cargo, funções e desempenho de e de outro. Por isso, a decisão entre usar ou não um empréstimo deve se basear não na existência de diferenças, mas sim na sua relevância no contexto. ➢ Contexto Com o tempo, se a palavra ou expressão se tornarem comuns, a língua muitas vezes acaba por adotar uma solução mais portuguesa, talvez um decalque, ou ao menos, uma simples aclimatação. All downloads are provided under the terms and conditions… Todos os programas que você baixar estão sujeitos aos termos e condições… Football is the most popular sport in Brazil. O futebol é o esporte mais popular no Brasil. ➢ Aclimatação ➢ Decalque Outras vezes, a importação se dá só por exotismo ou para manter o prestígio: usar palavras estrangeiras é e sempre foi considerado chique, não só em português, isso não é de hoje – nem vai mudar nunca. Tratamento dos empréstimos Teoricamente, todos os empréstimos deveriam ser grafados em itálico. Entretanto, emcertas áreas, são tantos que, esse tratamento se torna impossível. Aqui, além das preferências do cliente, importa o bom senso. Este livrinho não tem um verbete sobre “bom senso”. Quando o empréstimo é um verbo, vai automaticamente para a primeira conjugação, mas quando tomamos emprestado um substantivo, é necessário determinar seu gênero morfológico. O problema é que não existem regras infalíveis para determinar o gênero gramatical em português. Temos diversos exemplos de palavras que ainda causam confusão, nesse sentido: algumas pessoas dizem o cheesecake (pensando em cake, bolo, faz sentido), outras dizem a cheesecake (pensando que é muito mais uma torta que um bolo, o que também faz muito sentido). Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 38 Em informática, é comum dizermos a URL, apesar de ser um localizador. No mesmo caminho, pen drive, HD e outros termos também são usados como masculino por uns e feminino por outros. Qualquer escolha é um risco, neste e em outros casos. Havendo tempo, é bom perguntar a duas ou três pessoas que gênero acham que cabe bem – mas nunca há tempo. Ouvir a opinião do cliente, aqui, é importante. Manter a uniformidade, quer dizer, usar sempre o masculino ou o feminino para um determinado termo emprestado é essencial. O empréstimo é uma das portas de entrada lógicas para novidades na língua (o outro é o decalque). Por isso seu uso é muito comum nas traduções, principalmente nos gêneros menos literários. Saber quando usar um empréstimo ou uma aclimatação, quando cunhar um neologismo ou usar uma palavra já existente na língua é uma questão de bom senso. Este livrinho não tem um verbete sobre “bom senso”. Empréstimos são empréstimos? Há quem prefira se referir a esses casos como importações, sob a justíssima alegação de que se presume que algo deva ser devolvido enquanto que ninguém supõe que uma língua vá devolver algum dia as palavras que tomou emprestadas das outras. Mas acho que, aí, estamos sendo mais realistas que o rei. Equivalência Equivalência é um dos procedimentos fundamentais de tradução descritos por Vinay e Darbelnet. A equivalência reflete a mesma situação do original usando meios linguísticos e estilísticos totalmente distintos, como mostram os exemplos abaixo. ➢ Procedimentos fundamentais de tradução Where there is a will, there is a way. Querer é poder. Birds of a feather flock together. Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Yours truly, Atenciosamente, Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 39 He charged an arm and a leg. Enfiou a faca até o cabo. Nem sempre é fácil encontrar equivalências em dicionários. Às vezes, é possível traduzir mais literalmente, às vezes até com resultados interessantes: Where there is a will, there is a way. Onde houver a vontade, haverá um caminho. Ou, com modulação: Where there is a will, there is a way. Quem tem vontade, acha o caminho. ➢ Modulação Entretanto, não é uma boa tradução, porque o original é uma forma fossilizada na língua inglesa, ao passo que a tradução não é uma forma usual no português. Em outras palavras, transformamos um chavão numa inovação, algo que não deixa de ser uma distorção. ➢ Distorção Note que o termo tem sentido diferente na obra de outros autores. Aqui, uso estritamente no sentido usado por Vinay e Darbelnet. Erros no original Uma tradução exige uma leitura tão atenta do texto de partida que muitas vezes notamos erros que o autor e os revisores deixaram passar. Poucas coisas alegram mais um tradutor do que encontrar um desses erros. Dá uma enorme vontade de pavonear-se numa nota, explicando com detalhes e não sem um tostãozinho de ironia, que, onde o autor deveria ter escrito X, escreveu Y. Esse costuma ser o pior modo de lidar com o erro. Muitos erros carecem de relevância e, nesses casos, é melhor traduzir o texto como se nem existissem. Por outro lado, em alguns casos, manter o erro pode ser importante quando o for um elemento relevante do texto. Já traduzi um texto que tinha dado origem a uma reclamação judicial e, nesse caso, preservar os erros era essencial, para que o leitor percebesse em que encrenca sua empresa tinha se metido Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 40 ➢ Relevância Os erros podem ser formais e materiais. Erros formais A maioria dos erros encontrados são meramente formais, quer dizer, atentados contra a gramática e ortografia. Por exemplo, The principle parts of a Greek verb are… Os tempos primitivos de um verbo grego são… …encontrado em uma gramática grega publicada pelo MIT, deveria ser: The principal parts of a Greek verb are… Os tempos primitivos de um verbo grego são… Salvo se o objetivo da tradução for demonstrar que o livro continha erros de ortografia, o melhor é traduzir direito e deixar o erro para lá, algo que, vamos e venhamos, é bem mais fácil. Erros materiais Os erros materiais, ou seja, os de conteúdo, são mais problemáticos. A gente encontra até nos melhores autores. Horácio, na Arte Poética, já dizia Quandoque bonus dormitat Homerus, o que significa “de vez em quando, o bom Homero cochila”, porque, aparentemente, na Ilíada, há uma que outra incoerência. O sujeito que morre numa luta qualquer e depois vence alguém mais em outra, ou coisa parelha. Aqui, o problema é mais complexo e envolve inclusive questões de ética. As soluções vão desde consultar o cliente ou o autor até adicionar uma nota de tradutor ou, em casos extremos, recusar o encargo, uma decisão heroica que nem sempre nosso bolso permite. Pontos com que você não concorda Nem sempre o tradutor concorda com o autor e é muito difícil resistir à tentação de “corrigir” certos “erros” do original, principalmente quando o tradutor tem formação técnica na área. Nunca se esqueça que o leitor quer saber o que o autor disse, não o que tradutor acha que o autor deveria ter dito. Nos meus tempos de editora, um revisor técnico alterou totalmente o sentido de um parágrafo de um livro de economia que eu tinha traduzido. Quando fui perguntar o que havia de errado com a minha Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 41 tradução, ele respondeu “Nada! É que o autor é um imbecil e eu não posso permitir que um de nossos livros contenha uma besteira dessas.” Sim, o autor talvez fosse um imbecil, mas era prêmio Nobel e professor na Universidade de Chicago e quem comprava o livro era para saber o que o homem tinha dito, não para saber o que um mestrando aqui da terra achava que devia ser dito. ➢ Adições do tradutor Em casos extremos, cabe ao tradutor o direito de exigir que a tradução seja assinada com pseudônimo, ou até, quando o bolso permite, recusar o trabalho. ➢ Ética Responsabilidade do tradutor O tradutor não tem obrigação nem de notar nem muito menos de corrigir erros do original. Quando notar, quiser e puder corrigir, é melhor que faça correções discretas, até para não irritar egos inflados. Alguns autores são muito abertos a discussão e sabem que raramente o tradutor reclama sem alguma razão, outros, entretanto, consideram qualquer reparo ao seu trabalho um insulto. Outros, simplesmente, estão mortos e não podem ser consultados – o que nem sempre é uma desvantagem. Com os editores, a situação é semelhante: há quem aceite sugestões do tradutor, há quem rejeite. Convém dançar conforme a música. Entre uns e outros, todo tipo de gente. Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém. De qualquer forma, o tradutor jamais deve assumir perante o cliente a responsabilidade de identificar os erros no original. Na maioria dos casos, não temos os conhecimentos nem o material de consulta necessários para esse tipo de serviço. Seo autor faz uma citação, não cabe a você verificar se ele citou direito ou se – como de vez em quando acontece – usa um tantichinho de, digamos, imaginação criativa. Quando temos conhecimento e material, não temos tempo, porque o serviço é urgente. E quando temos o conhecimento e o tempo, não querem nos remunerar pelo tempo gasto – porque é só uma olhadinha. Uma olhadinha, sei. A remuneração e o prazo são sempre um problema. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 42 Especificações Tradução é um serviço e para todo serviço há especificações. Boa parte das especificações é implícita. Por exemplo, salvo ordem em contrário, quem recebe um arquivo .docx para traduzir devolve um arquivo .docx traduzido. Outras vezes, as especificações são explícitas e transmitidas ao tradutor de maneira mais ou menos formal, em forma de mensagem ou num guia de estilo. Para alguns serviços, as especificações incluem um glossário. Muitos tradutores chegam a se ofender com essas especificações, sentidas como uma limitação à sua liberdade profissional – o que não deixam de ser. Às vezes, nem cumprem, sob a alegação de que já têm experiência suficiente para saber como se traduz, uma postura eivada de estrelismo que, quando se trata de trabalho de equipe, causa inúmeras dificuldades a quem tiver de uniformizar o texto. Mas o cliente tem todo o direito de impor especificações, assim como nós nos damos o direito de impor especificações a quem nos prestar serviços e, por exemplo, ficaríamos indignados se o pintor exercesse sua liberdade profissional pintando nosso escritório de cor de burro quando foge em vez de pintar de azul-neve com bolinhas cor de cenoura, como pedimos. E, vamos e venhamos, é bem melhor o cliente nos dar especificações, por mais odientas que nos pareçam, do que reclamar que nosso serviço entregue não está da cor que ele queria. Essas especificações variam do perfeitamente aceitável, por exemplo, traduzir instruções sempre no infinitivo ou sempre no imperativo: Check Confira Conferir Até coisas indescritivelmente horríveis como traduzir Public-address system Sistema de endereçamento ao público …como apareceu num glossário que recebi de um cliente há anos. As especificações evitam uma grande quantidade de problemas de revisão e, quando se trabalha em grupo, como é cada vez mais comum atualmente, permitem oferecer ao leitor um texto mais homogêneo. Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 43 Muitas vezes, principalmente em trabalhos mais longos, as especificações vão se desenvolvendo ao longo do trabalho, para enfrentar problemas que não tinham sido previstos e cabe ao revisor ou ao coordenador de equipe voltar a arquivos já traduzidos, para fazer um ajuste às novas especificações. Cabe ao tradutor o direito – quando não o dever – de propor melhoras ao guia de estilo, apontando os eventuais desacertos ou pontos dúbios, mas cabe ao cliente a decisão final, quando o cliente é do tipo que aceita sugestões. Surge, então, um problema quando as especificações são absolutamente inaceitáveis. O ideal, nesses casos, seria recusar o serviço. Mais fácil dizer do que fazer, porque quando a barriga ronca de fome, a boca não sabe dizer não. Nesses casos, se o serviço for anônimo, como são os serviços para agências, o sapo fica mais fácil de engolir Estilo O estilo é a fisionomia do texto. Alguns estilos são facilmente reconhecíveis; outros são menos característicos. Mas todo texto tem estilo. Você pode não gostar do estilo do autor, mas, como tradutor, tem de respeitar suas opções estilísticas. O problema é decidir que construção portuguesa melhor reflete o estilo do texto inglês. Algumas editoras têm um estilo da casa, que reduz as peculiaridades estilísticas de todos os autores a um texto claro e correto, porém muitas vezes chocho e insosso. Esse tipo de aplainamento estilístico pode ser aceitável – e até desejável – em certas obras coletivas, não autorais, principalmente em livros de consulta. Nesses casos, normalmente, o estilo já chega aplainado às nossas mãos e não há nada que tenhamos a fazer salvo respeitar o que o original diz. Mas corre muito sangue quando o tradutor faz um baita dum esforço para reproduzir o estilo enviesado do autor e alguém na editora simplifica, para “ficar melhor”. Por outro lado, há os tradutores que se julgam ourives da língua e optam por escrever num estilo barroco com agravantes em rococó “porque esse é o bom português”. Se você estiver traduzindo um texto barroco, é a solução, mas, salvo isso, não tem motivo. Uma vez um tradutor argumentou que fazia parte de nossa missão ressuscitar belos recursos da língua como a mesóclise, por exemplo. Em primeiro lugar, acho que não é. Em segundo, mesóclise num daqueles Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 44 romances de ler em aeroporto é besteira, salvo se o personagem for empolado pela própria natureza. ➢ Registro Ética Tradutores traduzem, essa é a verdade. E leitores leem traduções porque querem saber o que o autor disse, não o que o tradutor acha que o autor deveria ter dito. Então, exima-se de tentar “melhorar” o texto. Traduza bem o que o autor disse, que já é o suficiente. Cada minuto que você emprega tentando melhorar a forma ou o conteúdo do original, é um minuto que poderia ser mais bem usado melhorando sua tradução. Nunca mude um texto para se adequar aos seus próprios conceitos e ideologias. Se achar que, por motivos éticos, não consegue fazer uma boa tradução, recuse o serviço. Se for obrigado a aceitar, engula o sapo e traduza direito, sabendo que este mundo não é justo. Lembre, também, que o problema ético está mais ligado ao uso que se vai fazer da tradução do que realmente ao que a tradução diz. Por exemplo, traduzir um texto sobre pedofilia para um site pedófilo é um horror, mas traduzir o mesmo texto (por nojo que nos possa dar) para uso do ministério público em uma ação judicial já não é. ➢ Estilo ➢ Correção política Exotismo Algumas escolhas tradutórias são motivadas pelo desejo de manter o exotismo do original. Não estou me referindo, aqui, só aos casos em que o original, em si, contém vocabulário exótico, como, por exemplo, um romance ambientado na Mongólia cheio de palavras que tinham até correspondentes decentes em inglês mas são mantidas em mongol para dar “cor local” ao texto. Estou falando de palavras simples, do dia a dia inglês, como breakfast. Se você está traduzindo um guia turístico, talvez valha a pena manter breakfast para descrever a refeição matinal em um hotelzinho poético da Nova Inglaterra, em vez de traduzir por café da manhã. ➢ Empréstimo Técnicas de Tradução (2ª Ed.) Danilo Nogueira 45 Expansão Quando o autor usa uma abreviatura inglesa que talvez o leitor brasileiro não conheça, é melhor expandir a abreviação, com os ajustes necessários. He used to work at a gas station in Tampa, Fla. (Ele) trabalhava em um posto de gasolina em Tampa, na Flórida. …mas essas intervenções devem ser reduzidas ao mínimo. Explicação aposta Muitas vezes, em vez de uma nota do tradutor, é melhor usar uma explicação aposta, entre vírgulas, parênteses ou meias riscas. Meia risca é o nome técnico daquele sinal que se obtém digitando Alt 150 (–) e que muitas vezes é chamado de travessão, que é um pouco mais longo. The humor of Laurel and Hardy, like that of many great comics, … O humor de Laurel e Hardy, – ou “Gordo” e o “Magro” como são conhecidos no Brasil – como o de muitos outros cômicos… A Knesset committee recently approved a draft law… Um comitê do Knesset, o parlamento de Israel, aprovou um projeto de lei… …sem necessidade de informar que se trata de adição do tradutor. ➢ Adições do tradutor
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