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Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 1 Aula 02 Farmacodinâmica Farmacologia www.profcacardoso.com.br http://www.profcacardoso.com.br/ Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 2 1. INTRODUÇÃO Caro aluno (a), em nossa última aula trabalhamos o tema Farmacocinética (estudo das ações do organismo sobre o fármaco). Nessa aula, estudaremos a outra divisão da Farmacologia: A Farmacodinâmica. De maneira mais abrangente, podemos dizer que a farmacodinâmica descreve a relação entre concentração do fármaco no sítio de ação e o efeito resultante, incluindo o desenvolvimento ou aparecimento do efeito e intensidade dos efeitos terapêuticos e adversos. Para iniciar o estudo da farmacodinâmica é importante que tenhamos o conceito de “FÁRMACO” bem sedimentado. Então, vamos lembrar: Na maioria dos casos, o fármaco interage com um RECEPTOR (molécula do nosso sistema biológico que possui um papel regulador). Farmacodinâmica - Estuda as ações dos fármacos no organismo - Está relacionada ao mecanismo de ação Fármaco -Qualquer substância que altera a função biológica por meio de suas ações químicas. ou - Substância química que é o princípio ativo do medicamento, ou seja, é o responsável pelo efeito terapêutico do medicamento. Princípios de Farmacodinâmica Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 3 Nessa interação, os fármacos podem se comportar, de maneira geral, de duas formas: AGONISTAS (ativadores) ou ANTAGONISTAS (inibidores): Assim, de maneira geral, para que um fármaco consiga desencadear um mecanismo de ação e consequente efeito terapêutico, ele precisará se ligar a um receptor. De maneira geral, o fármaco ao se ligar em seu receptor, modifica uma via de sinalização e, consequentemente, gera um efeito biológico. • Ativador • “Efeito semelhante”Agonista • Inibidor • “Efeito Oposto” - BloqueioAntagonista Fármaco + Receptor Via Sinalização Efeito biológico Para interagir com seu receptor, o fármaco deve ter o tamanho, a carga elétrica, o formato e a composição atômica apropriados. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 4 2. CONCEITOS EM TERAPIA Dois conceitos que são importantes na terapêutica e que advém de mecanismos farmacodinâmicos são: SELETIVIDADE e JANELA TERAPÊUTICA. SELETIVIDADE Propriedade que o fármaco tem de atuar SELETIVAMENTE em um grupo de receptores. Quanto MAIS Seletivo, em MENOR grupo de receptores um fármaco age. Isso garante que MENOS efeitos adversos. Vamos ver um exemplo para simplificar. É importante notar também que, quanto MAIOR a dose utilizada, de forma MENOS seletiva o fármaco tende a se comportar (+ efeitos adversos). JANELA TERAPÊUTICA SELETIVO AÇÃO EM MENOS GRUPOS DE RECEPTORES EFEITOS ADVERSOS A B O fármaco A (um antidepressivo tricíclico, como a amitriptilina) é MENOS seletivo que o fármaco B (um inibidor da recaptação de serotonina, como a sertralina). Perceba que o fármaco A atua em 5 grupos de receptores. Desses, apenas 2 grupos são responsáveis pelos efeitos terapêuticos. Os outros 3 grupos apenas são responsáveis por efeitos adversos (os quais também são causados pelos grupos responsáveis pelo efeito terapêutico). Já o fármaco B atua unicamente em um grupo de receptores. A atuação nesse grupo gera tanto o efeito terapêutico como os efeitos adversos. Entretanto, por ser mais seletivo, tende a gerar menos efeitos adversos do que o fármaco A. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 5 A janela terapêutica é a faixa de doses de um fármaco que produz uma resposta terapêutica, sem efeitos adversos inaceitáveis (toxicidade). A janela terapêutica pode ser quantificada pelo ÍNDICE TERAPÊUTICO (IT) Diferença entre a dose necessária para produzir efeito terapêutico e um efeito tóxico. Matematicamente, o IT é representado pela seguinte fórmula: Para os medicamentos de baixo índice terapêutico (como lítio, digoxina, entre outros), uma ação que aumenta a segurança no uso é a dosagem dos níveis séricos. Dessa forma, obtém-se a concentração sanguínea dos fármacos, permitindo a realização de ajustes que garantam doses inferiores a doses tóxicas. Medicamentos com índice Terapêutico baixo (estreito) Dose Terapêutica é muito próxima à dose tóxica Medicamentos pouco seguros. Ex: digoxina Medicamentos com índice Terapêutico Alto (amplo) Dose Terapêutica é muito distante à dose tóxica Medicamentos muito seguros. Ex: Benzodiazepínicos dose que produz uma resposta letal em 50% da população dose que produz uma resposta efetiva em 50% da população DL50 DE50 Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 6 3. RECEPTORES O estudo da farmacodinâmica baseia-se no conceito da ligação fármaco– receptor. Logo, vamos estudar os tipos de receptores e como ocorrem as ligações entre o fármaco com o receptor. PRINCIPAIS TIPOS DE RECEPTORES DE FÁRMACOS A maioria das interações fármaco–receptor podem ser classificadas em 6 grandes grupos. Esses grupos compreendem as interações entre fármacos com: Para concursos, os mais importantes tratam-se dos 4 primeiros. Vejamos características importantes de cada tipo de receptor: A. Canais iônicos (Ionotrópicos) Os Canais Iônicos regulam a passagem de íons e de outras moléculas hidrofílicas através da membrana plasmática. Para que essa passagem de íons ocorra, o canal pode ser regulado de 3 formas: ligação de um ligante; alteração de voltagem; regulagem por um segundo mensageiro: Fonte: David E Golan 1. Canais iônicos transmembrana 2. Receptores acoplados a Proteínas G 3. Receptores Transmembrana com domínios citosólicos enzimáticos (ligado à quinase) 4.Receptores intracelulares 5. Enzimas extracelulares 6. Receptores de adesão de superfície Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 7 Pense em canais iônicos como comportas. Sem regulagem, essas comportas estão fechadas. Com algum estímulo (ligante, voltagem ou segundo mensageiro) essa comporta se abre e permite a passagem de íons. A figura abaixo traz uma representação esquemática de um canal iônico regulado por ligante: Esse tipo de receptor é de ação RÁPIDA (ordem de milissegundos): depende apenas da abertura do canal. B. Receptores transmembrana acoplada à Proteína G (Metabotrópicos) o Classe mais abundante de receptores; o Possuem 7 elementos transmembrana (atravessam a membrana) acoplados a proteínas G intracelular. o Produzem seu efeito iniciando uma cascata de eventos intracelular com a produção de um segundo mensageiro. o Principal função da proteína G: ativar a produção de segundos mensageiros; Segundos Mensageiros moléculas de sinalização que transmitem o sinal fornecido pelo 1º mensageiro (fármaco)— a efetores citoplasmáticos. Ex: AMP cíclico; GMP cíclico Comporta fechada: íons não atravessam a membrana Ligação do fármaco: abre o canal – íons atravessama membrana Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 8 o Possuem função lenta (segundos) – Dependem de toda a cascata de sinalização. C. Receptores Transmembrana com Domínios Citosólicos Enzimáticos o Receptores transmembrana que transduzem uma interação de ligação com ligantes extracelulares em uma ação intracelular através da ativação de um domínio enzimático ligado. o A maior parte é da família das tirosinoquinases. o Após ativação induzida pelo ligante, esses receptores sofrem dimerização e fosforilam resíduos de tirosina no receptor. o Ex: Receptor de Insulina o Possuem ação em minutos. D. Receptores Nucleares o Ligam-se ao DNA. Vejamos como: o Fármaco (lipofílico) sofre difusão através da membrana plasmática e ligar-se a fatores de transcrição intracelulares. o A ligação do ligante desencadeia uma mudança na conformação do receptor que determina o transporte do complexo ligante– receptor para o núcleo. o O complexo ligante–receptor liga-se ao DNA e, a seguir, pode recrutar co-ativadores e co-repressores. o Esses complexos alteram a taxa de transcrição gênica, resultando em alteração (para cima ou para baixo) na expressão das proteínas celulares. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 9 o Exemplo de fármaco que se liga a esse tipo de receptor: corticóides. o Ação lenta: em horas (vários processos envolvidos). E. Enzimas Extracelulares o Tratam-se de enzimas localizadas no meio extracelular e que são alvos da ação de fármacos. o Ex: A enzima Conversora de Angiotensinogenio (ECA) é um tipo de enzima extracelular, sendo o alvo dos IECA’s, como o captopril. F. Receptores de Adesão o A região de contato entre duas células é denominada adesão, e as interações de adesão entre células são mediadas por pares de receptores de adesão sobre as superfícies de cada célula. o Ex: Receptores de adesão envolvidos na resposta inflamatória são alvos para inibidores seletivos A figura abaixo representa os 4 tipos principais de receptores: canais iônicos, receptores acoplados à proteína G, receptores com domínios citosólicos enzimáticos, nucleares. Fonte: David E Golan A ligação fármaco–receptor resulta de interações químicas entre as duas moléculas. Vejamos alguns aspectos importantes de cada tipo de interação química. Tipo de Ligação Força da Ligação Características Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 10 Van der Waals Fraca (+) Representa a maior parte de ligações entre fármaco e receptor Ligação de Hidrogênio Intermediária (++) Os átomos de hidrogênio ligados ao N ou O tornam-se mais positivamente polarizados, permitindo a sua ligação a átomos de polarização mais negativa. Iônica Intermediária (+++) Ocorrem entre átomos de cargas opostas, • mais fortes do que as ligações de hidrogênio; • menos fortes do que as ligações covalente Covalente Forte (++++) São tão fortes que na maioria dos casos são irreversíveis (estáveis) A ligação fármaco–receptor raramente é produzida por um único tipo de interação; na verdade, é uma combinação dessas interações de ligação que proporciona ao fármaco e a seu receptor as forças necessárias para formar um complexo fármaco–receptor estável. • Interações mais comuns: interações fracas (Van der Waals e ligações de hidrogênio) – lembre-se que o fármaco se liga e se desliga; • Interações menos comuns: interações fortes (interações iônicas e a ligação covalente) Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 11 (2014 – IADES –EBSERH) - A maior parte do mecanismo de ação de fármacos se dá por meio da associação destes às macromoléculas específicas, de forma a alterar as atividades bioquímicas e biofísicas dessas macromoléculas. Acerca desse assunto, é correto afirmar que a interação de um fármaco a um receptor a) metabotrópico produz o seu efeito, ao ser ativado, permitindo a passagem de íons, como com Na+, K+, ou Cl-. b) acoplado funcionalmente a proteínas G intracelulares, ao ser ativado, produz seu efeito sofrendo dimerização e transfosforilam resíduos de aminoácidos no receptor e, com frequência, em proteínas citosólicas-alvo. c) ionotrópico, que ao ser ativado gera uma alteração de sinalização no interior da célula, causando a ativação ou inibição de um domínio intracelular enzimático. d) transmembrana com domínios citosólicos enzimáticos transduzem uma interação de ligação com ligantes extracelulares em uma ação intracelular através da ativação de um domínio enzimático ligado. e) nuclear produz seu efeito iniciando uma cascata de eventos intracelular com a produção de um segundo mensageiro. COMENTÁRIOS: Vamos analisar cada uma das alternativas separadamente: A- ERRADA – Receptor metabotrópico = receptor acoplado à proteína G -> alternativa traz a definição de canais iônicos. B- ERRADA –Dimerização e transfosforilação – ocorrem na ativação de receptores com domínios citosólicos enzimáticos C- ERRADA - Ionotrópico = canal iônico -> alternativa traz a definição de receptores com domínios citosólicos enzimáticos D- CORRETA E- ERRADA – A produção de segundos mensageiros ocorre com a ativação de receptores acoplados à proteína G (e não a nucleares). GABARITO: D Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 12 4. RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA A farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação entre a dose (concentração) do fármaco e a resposta do organismo (do paciente) a este fármaco. Vejamos alguns conceitos importantes acerca dessa relação. Afinidade: Capacidade de o fármaco formar um complexo com o receptor Quanto MAIOR a afinidade, MENOR a concentração necessária de fármaco (menor a dose) para a formação do complexo fármaco-receptor para produzir determinado efeito. A afinidade pode estimada em função da KD (constante de dissociação do complexo fármaco-receptor – Lembre-se que a ligação fármaco + receptor não se trata de uma ligação estática. O fármaco liga-se e desliga-se de seu complexo ao longo do tempo). Kd = constante de dissociação de equilíbrio para a interação fármaco– receptor Quanto MENOR a KD (constante de dissociação do complexo fármaco- receptor), MAIOR é a afinidade. Menor será a concentração de fármaco necessário para 50% dos receptores Maior a afinidade Menor a concentração necessária de fármaco Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 13 Vamos analisar o gráfico abaixo: Observe que a Kd corresponde à concentração do fármaco (eixo X) em que 50% dos receptores estão ligados (ocupados) pelo fármaco (eixo Y) Assim, um valor mais baixo de Kd indica uma interação fármaco–receptor mais firme (de maior afinidade) – Portanto o Fármaco A (Kd menor) tem mais afinidade pelo receptor do que o Fármaco B. Logo, o Fármaco A, que apresenta uma Kd mais baixa, irá se ligar a uma maior proporção de receptores totais do que o Fármaco B em qualquer concentração de fármaco. Quanto menor é a Kd Maior é a afinidade Concentração do fármaco Receptores ocupados Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br14 (2008-FUNRIO-Corpo de Bombeiros Militar/RJ)- A teoria da ocupação dos receptores assume que a resposta do fármaco é proveniente da interação do fármaco com receptores específicos. A quantificação da interação fármaco- receptor pode ser realizada através de experimentos in vitro para estimar as constantes de afinidade do agonista (Kd) ou do antagonista (Ki). Baseado no conceito de Kd, pode-se afirmar que: A) Kd é a relação das constantes das velocidades de associação (k1) sobre a dissociação (k2) da interação fármaco-receptor. B) Kd é a concentração do fármaco que ocupa a metade dos receptores disponíveis. C) uma alta afinidade dos agonistas pelos receptores determina valores de Kd elevados. D) Kd é a concentração do fármaco que produz 50% do efeito máximo. E) Kd é importante para determinar a eficácia do fármaco. COMENTÁRIOS: Vamos analisar cada uma das alternativas. A- ERRADA- Kd trata-se de uma CONSTANTE e não de uma relação de constantes. B- CORRETO – Conforme vimos a Kd expressa a concentração do fármaco em que metade dos receptores estão ocupados. C- ERRADA – Alta afinidade: Valores baixos de Kd (relação inversa!). D- ERRADA- Kd não expressa efeito máximo. O conceito apresentado é o de potência (veremos mais à frente). E- ERRADA-Kd está relacionada à afinidade e NÃO à eficácia. GABARITO: B Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 15 Curva- Dose-Resposta Como vimos, a farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação entre a dose (concentração) do fármaco e a resposta do organismo (do paciente) a este fármaco. Parte-se do princípio de que a resposta a um fármaco é proporcional à concentração de receptores que estão ligados (ocupados) pelo fármaco Veja que as curvas de dose–resposta demonstram o efeito de um fármaco como função de sua concentração. Vamos analisar cada componente: • Dose (concentração do fármaco em log): é representada no eixo X (horizontal) e é crescente da esquerda (inicia em 0) para direita. • Resposta: é representada no eixo Y (vertical) – Ex de resposta: diminuição da Pressão Arterial. • EC50: é a potência do fármaco => a concentração em que o fármaco produz 50% de seu efeito máximo. o o Fármaco A é mais potente do que o Fármaco B; o Veja que o fármaco A precisa de uma dose menor para produzir metade do seu efeito máximo, quando comparado ao fármaco B. • Eficácia: Os Fármacos A e B exibem a mesma eficácia (resposta máxima ao fármaco). Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 16 • Resumindo, a partir da curva Dose-Resposta, dois parâmetros importantes podem ser deduzidos: Vejamos os detalhes de cada um desses conceitos: Eficácia ou Atividade Intrínseca • Capacidade de gerar efeitos bioquímicos intracelulares; • Indução de resposta celular e molecular no receptor Os fármacos podem ser classificados em função do potencial de ligação ao receptor e da atividade intrínseca da seguinte forma: • Atividade intrínseca = 1 => Fármaco Agonista Total • Atividade intrínseca entre 0 e 1 => Agonista parcial • Atividade intrínseca = 0=> Antagonista • Atividade intrínseca = -1=> Agonista inverso Vejamos cada um dos tipos de agonistas e antagonistas. Eficácia • Refere-se à resposta máxima produzida pelo fármaco. • Estado em que a sinalização mediada pelo receptor torna- se máxima, de modo que qualquer quantidade adicional do fármaco não irá produzir nenhuma resposta adicional Potência • Concentração em que o fármaco produz 50% de sua resposta máxima. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 17 AGONISTAS Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o estabiliza numa determinada conformação (ativa). Aumentam a atividade do receptor. Podem ser classificados em: • Agonista TOTAL => alcança eficácia máxima; • Agonista PARCIAL=> liga-se a um receptor em seu sítio ativo, mas só produz uma resposta parcial, mesmo quando todos os receptores estão ocupados (ligados) pelo agonista. • Agonistas INVERSOS- Ligam-se ao receptor estabilizando-o em sua conformação inativa- REDUZEM o nível de ativação constitutiva do receptor. É possível identificar agonistas totais e parciais por meio da curva dose- resposta. Os totais atingem 100% de reposta, enquanto os parciais não. Agonistas Agonista Total Eficácia = 1 Agonista Parcial Eficácia entre 0 e 1 Produz uma resposta parcial Agonista Inverso Eficácia = -1 Redução do nível de ativação do receptor Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 18 Nesse gráfico: Butila e Hexila representam agonistas totais (alcançam 100% de resposta) e Heptila e Octila representam agonistas parciais (não chegam aos 100%). ANTAGOSNITAS Os antagonistas não apresentam atividade intrínseca (eficácia = 0), isso porque os antagonistas são moléculas que unicamente inibem a ação de um agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista. Podem ser classificados em: Competitivos e Não Competitivos. ANTAGONISTAS COMPETITIVOS o Ligam-se ao receptor estabilizando-o em sua forma inativa. o Ligam-se ao mesmo receptor que o agonista (ligante endógeno) e impedem a ligação deste agonistas (competem pelo receptor). ▪ Temos aqui uma situação de competição entre duas moléculas: o ligante endógeno e o fármaco antagonista. Ambas, competem pelo mesmo receptor. ▪ Pensando no exposto, facilmente conseguimos entender que o aumento da concentração do ligante endógeno pode deslocar o fármaco antagonista. Ou seja, é possível reverter a ação do antagonista aumentando a dose do ligante endógeno. ▪ Parece óbvio, não é mesmo? Trata-se de uma competição. O “time” com mais “jogadores” tem mais chance de “ganhar”. Perceba que na presença de um antagonista competitivo, diminui a POTÊNCIA do ligante endógeno, pois haverá necessidade de aumento da concentração para deslocar o antagonista. • Lembre-se: quanto MAIOR a concentração para atingir 50% da eficácia, MENOR é a Potência. Antagonistas Competitivos Não Competitivos (alostéricos) Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 19 É possível observar essa diminuição de potência na curva dose-resposta do ligante endógeno (agonista), pois sua curva é deslocada para direita (representando um aumento de dose). Vamos analisar essa informação por meio de uma Curva Dose-Resposta: Perceba que a curva em azul representa o comportamento do agonista (ligante endógeno). Quando na presença de um Antagonista COMPETITIVO, a curva é deslocada para a DIREITA. O que isso significa? • A potência do agonista diminui (a dose para atingir 50% da eficácia máxima AUMENTA): No gráfico passa de 15 para 25. • A eficácia não sofre variação (perceba que sozinho ou com o antagonista competitivo o agonista mantém sua capacidade de atingir 100% de resposta). Foco nesse ponto! Essa relação é MUITO cobrada em provas de concursos que abordam a temática farmacodinâmica. Portanto, estude, entenda e decore: Agonista Antagonista Competitivo Curva Dose- Resposta deslocada para Direita Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 20 ANTAGONISTAS NÃO-COMPETITIVOS o Podem ligar-se: ao mesmo sítio ativo ou a um sítio alostérico (diferente) de um receptor. o Por que nãohá competição quando a ligação é no mesmo sitio do agonista? Porque o antagonista não competitivo se liga de maneira IRREVERSÍVEL (de maneira covalente ou de muita afinidade). Não adianta aumentar a dose. Não há viabilidade para competição. o A ligação em um sítio diferente (alostérica) provoca uma modificação no sítio do agonista. Também não adianta aumentar a dose do agonista (não se trata de uma relação de competição). o Um receptor ao qual está ligado um antagonista não-competitivo não pode mais responder à ligação de um agonista. • Consequência: a resposta máxima (EFICÁCIA) do agonista é REDUZIDA. Vejamos esse comportamento na Curva Dose Resposta: Perceba a diferença: • Na presença de Antagonista Não-Competitivo: há diminuição de EFICÁCIA; • Não presença de Antagonista Competitivo: há diminuição de POTÊNCIA. Não-Competitivo Redução de Eficácia! Agonista + Antagonista Não Competitivo: Não alcança 100% de resposta Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 21 Potência: Depende de AFINIDADE e EFICÁCIA Já vimos a definição de potência. Entretanto, é importante perceber que a potência depende tanto da AFINIDADE quanto da EFICÁCIA do fármaco. Dessa forma, as seguintes relações são verdadeiras: • Quanto MENOR a dose para produzir o efeito, MAIOR a potência; • Quanto MAIS potente, MENOS receptores precisam ser ocupados para produzir o efeito; • Quanto MENOR a KD (constante de dissociação do complexo fármaco- receptor), MAIOR é a potência. Como vimos, uma forma de comparar a potência dos fármacos é através da concentração requerida para atingir 50% do efeito máximo, denominada de concentração efetiva 50% ou EC50. Quando dois fármacos são comparados, o fármaco com menor EC50 será considerado mais potente. Vejamos agora como o assunto Curva Dose-Resposta foi cobrado em questões de concursos anteriores. Mais Potente Menor a EC50 (concentração requerida para atingir 50% do efeito máximo) Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 22 (2013 – CETRO-ANVISA) - Quando um fármaco se liga a um receptor, pode estabilizá-lo em uma conformação ativa ou inativa; a partir deste conceito, é possível dividir os fármacos em agonistas e antagonistas. A esse respeito, marque V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) Agonista é uma molécula que se liga a um receptor, estabilizando-o na conformação ativa. ( ) Antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas não exerce nenhum efeito na ausência deste. ( ) Uma das maneiras de os antagonistas não competitivos reduzirem a ação dos agonistas é por sua afinidade muito maior com o receptor (sítio ativo). ( ) Pode-se reverter a ação de antagonistas não competitivos, pelo aumento da concentração de agonista próximo ao receptor. ( ) Um antagonista competitivo liga-se reversivelmente ao sítio de um receptor, estabilizando-o em uma conformação ativa. a) F/ F/ V/ V/ V b) F/ F/ F/ V/ V c) V/ V/ F/ F/ V d) V/ V/ V/ F/ F e) V/ F/ V/ V/ F COMENTÁRIOS: Vamos analisar cada uma das afirmações: (V) Agonista = Estabiliza receptor em sua forma ativa. (V) Antagonista = Inibe ação do agonista. E se não houve agonista? Não exerce efeito. (V) Lembre-se de que os antagonistas competitivos podem ser ligar em um sítio ativo diferente ou no mesmo sítio ativo do agonista. Ocorre que esta ligação é IRREVERSÍVEL (é de muita afinidade). (F) O aumento de concentração do agonista apenas consegue reverter a ação de antagonistas COMPETITIVOS. (F) Os antagonistas estabilizam os receptores em sua conformação INATIVA. GABARITO: D Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 23 (2016 – CESPE- Polícia Científica/PE) Relativamente às figuras A, B e C mostradas, e sabendo que, na figura A, está representado um receptor não ligado, assinale a opção correta. a) Caso a figura B represente o agonista em seu sítio de ligação, a figura C representará um antagonismo alostérico. b) Caso a figura B represente o agonista endógeno em seu sítio de ligação, a figura C representará a ligação de um fármaco sintético agonista competitivo. c) A figura C poderia representar a competição entre um agonista e um antagonista. d) A figura C poderia representar o mecanismo de antagonismo químico. e) Analisando-se isoladamente as figuras A e B, é correto afirmar que a figura B representa tanto a ligação de um agonista quanto a de um antagonista. COMENTÁRIOS: Essa figura é CÓPIA de uma figura apresentada no David E Golan (Princípios da Farmacologia) que trata dos agonistas e antagonistas. Vejamos: Agora vamos analisar cada uma das alternativas: A-ERRADA- C: antagonista competitivo (lembre-se que alostérico refere-se à ligação em um sítio da ação diferente). B-ERRADA- C: representará a ligação de um fármaco antagonista competitivo. C-CORRETA- C: representa competição entre agonista e antagonista. D-ERRADA- No antagonismo químico há sequestro do agonista e, por conseguinte, impossibilidade da interação do agonista com o receptor. E-ERRADA-B: agonista. Perceba que a alternativa pede que sejam analisadas apenas a figura A e B: lembre-se sem a presença de um agonista, um antagonista não exerce efeito, logo, não há sentido na representação de um antagonista. GABARITO: C Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 24 (2016 – CESPE- Polícia Científica/PE) Em relação ao gráfico acima, que ilustra os efeitos de um antagonista sobre a relação de dose-resposta, assinale a opção correta. a) O gráfico é relativo a um antagonismo competitivo, pois a curva dose-resposta não é alterada na presença do antagonista b) No gráfico, está representado um antagonismo competitivo, pois há diminuição da eficácia do agonista. c) O gráfico é relativo a um antagonista do tipo não competitivo. d) Na presença do antagonista, há diminuição da potência do agonista. e) O gráfico ilustra um antagonismo alostérico, uma vez que o antagonista isolado não produziu resposta. COMENTÁRIOS: Temos apresentado uma Curva Dose-Reposta de um agonista na presença de um antagonista competitivo. Dessa relação temos que lembrar que: Há deslocamento da curva do agonista para a DIREITA o que significa que há diminuição de POTÊNCIA do agonista (aumento de dose para alcançar 50% do efeito máximo) A-ERRADA- A curva é alterada (para a direita) na presença do antagonista. B- ERRADA- Não há alteração de eficácia e sim de POTÊNCIA. C- ERRADA- É possível evidenciar que se trata de antagonismo competitivo pelo comportamento da curva do agonista na presença do antagonista; D-CORRETA E- ERRADA- O antagonista isolado nunca produz resposta (independente de ser competitivo ou alostérico). O gráfico representa um antagonista competitivo (evidenciado pelo deslocamento à direita do agonista). GABARITO: D Eficácia Potência Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 25 (2007-FJPJ-MAPA-) Quando se descreve a potência de um fármaco está se fazendo referência à: a) eficácia clínica que reflete a constante de afinidade; b) eficácia máxima para atingir um objetivo terapêutico; c) afinidade pelos receptores e eficiência do acoplamento d) dose máxima capaz de causar algum efeito tóxico; e) concentração ou dose necessária para produzir 50% do efeitomáximo COMENTÁRIOS: Conforme vimos, a potência depende da eficácia e da afinidade, podendo ser expressa pela dose necessária para produzir 50% do efeito máximo. Portanto, gabarito, letra: E. GABARITO: E (2016 – IADES –PC/DF) - A associação de dois fármacos (A e B) pode alterar a curva dose-resposta. Se essa associação deslocar a curva para a direita, reduzindo a potência de A, o fármaco B é um a) aloligante parcial. b) coagonista alostérico. c) antagonista competitivo. d) agonista alotópico. e) antagonista não competitivo. COMENTÁRIOS: Lembre-se: redução de potência + deslocamento de curva à direita = antagonista competitivo GABARITO: C Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 26 (2010 – FGV – FIOCRUZ) - O fármaco A apresenta afinidade (Ki= 30 nM) e atividade intrínseca (I= 1) diferente do fármaco B (Ki= 0,15nM; I= - 1). Considerando os valores de Ki e I, pode afirmar-se que: I. O fármaco B é um agonista inverso. II. O fármaco A é um agonista total. III. O fármaco A apresenta potência 50 vezes maior que o fármaco B. a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. d) se todas as afirmativas estiverem corretas. e) se apenas a afirmativa I estiver correta. COMENTÁRIOS: Vamos analisar os valores indicados dos 2 fármacos apresentados: Analisando os valores de Atividade Intrínseca: A -> Atividade Intrínseca = 1: Fármaco agonista total B-> Atividade Intrínseca = -1: Fármaco agonista inverso. A afinidade de um inibidor de uma enzima é dada pela Ki: quanto menor for o Ki, maior a afinidade. Perceba que segue o mesmo raciocínio de Kd (apenas especifica que trata-se de um fármaco inibidor enzimático). Quanto MENOR a Ki, MAIOR a afinidade e MAIOR a potência. Diante disso vamos analisar as afirmações: I – CORRETA – Atividade intrínseca de B = -1: agonista inverso. II – CORRETA- Atividade intrínseca de A = 1: agonista total III – ERRADA – O fármaco B é mais potente que A, já que o valor de Ki de B (0,15) é menor que o valor de Ki de A (30). GABARITO: A Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 27 5. VARIAÇÃO NA CAPACIDADE DE RESPOSTA A FÁRMACOS É facilmente notável que os indivíduos têm respostas variáveis ao mesmo fármaco. Conseguimos notar até mesmo que um mesmo paciente responde de maneiras diferentes ao MESMO fármaco em tempos diferentes ao longo da terapia. As variações quantitativas na resposta dos fármacos são as mais comuns e mais importantes. Assim, um paciente pode ser hiporreativo ou hiper-reativo a um fármaco quando a intensidade do efeito de uma dada dose do mesmo fármaco é diminuída ou aumentada (em comparação com o efeito visto na maioria dos indivíduos). Para concursos, é MUITO importante lembrar que a intensidade da resposta a uma dada dose pode MUDAR durante a terapia. Geralmente a capacidade de reposta diminui gradualmente como consequência da administração continuada do fármaco produzindo um estado de TOLERÂNCIA. Quando essa capacidade diminui RAPIDAMENTE após a administração do fármaco, temos o fenômeno da TAQUIFILAXIA (termo adorado por banca de concursos!). Um exemplo prático de TAQUIFILAXIA: a resposta celular à estimulação repetida dos receptores Beta-adrenérgicos pela epinefrina diminui uniformemente com o decorrer do tempo. Tolerância •Redução gradual da reposta à droga após administração repetida, sendo necessário aumento de dose para obter os mesmos efeito. Taquifilaxia (ou Dessensibilização) •Perda de efeito em um período muito curto (minutos). • Tolerância rapidamente adquirida. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 28 Outras modificações dos efeitos dos fármacos pelo uso repetido (além de tolerância e taquifilaxia) são: (2016 – CESPE – Polícia Científica PE) - Após administrações repetidas de efedrina a um paciente, observou-se perda rápida dos efeitos farmacodinâmicos, ou seja, a reaplicação das doses não acarretou resposta satisfatória. Nessa situação, pode ter ocorrido: A. sensibilização B. tolerância inata C. efeito idiossincrásico D. taquifilaxia E. anafilaxia COMENTÁRIOS: Perceba os termos chaves para reconhecer o conceito de taquifilaxia: “perda de efeitos” e “RÁPIDA”. Falou em tolerância (redução da reposta – perda de efeito) de maneira RÁPIDA: não pense duas vezes -> TAQUIFILAXIA! GABARITO: D •Refere-se a falhas terapêuticas. •Os receptores que assumem um estado refratário após ativação necessitam de um certo período de tempo para que possam ser novamente estimulados Refratariedade •Expressão usada para referir a perda de eficácia de agentes antimicrobianos e antitumorais. Resistência Farmacológica •Resposta exacerbada a um fármaco •Ocorre por mecanismos inversos aos ocorridos para redução de efeito. Supersensibilização Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 29 Ainda sobre as variações na capacidade de resposta a fármacos, são 4 os mecanismos gerais que contribuem para tais variações: 1. Alterações na concentração do FÁRMACO A concentração do fármaco que alcança o receptor pode ser modificada em função de diferenças em sua ABSORÇÃO (processo farmacocinético). Lembre- se que para estar disponível, antes de tudo, o fármaco deve ser absorvido. 2. Variação na concentração de um LINGANTE ENDÓGENO do receptor Mecanismo que contribui para a variação de resposta a antagonistas. 3. Alterações de número ou função de RECEPTORES O número e funções de receptores podem ser modificados, de maneira geral, de algumas formas: -> O próprio ligante agonista pode induzir a diminuição do número (regulação para baixo) ou diminuição de eficiência de acoplamento (ex: dessensibilização). Como consequência, temos 2 efeitos clínicos significativos: o Já vimos o conceito de taquifilaxia. Vejamos agora o conceito de Efeito Rebote. ▪ O efeito rebote é a produção de sintomas opostos aumentados após a retirada do fármaco. Ex: hipertensão 1. Alteração na concentração do fármaco que alcança o receptor 2. Variação na concentração de um ligante endógeno do receptor 3. Alterações de número ou funções de receptores 4. Mudanças em componentes da resposta distais ao receptor Taquifilaxia Rebote Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 30 grave com a interrupção de tratamento com clonidina (um anti-hipertensivo). Ocorre em função da modificação do número de receptores induzida pelo próprio fármaco. -> A ligação fármaco-receptor pode, ainda, ser alterada em função de: o Alteração estrutural dos receptores; o Modificação de pontos de ligação; o Internalização dos receptores; o Perda de receptores; o Adaptação fisiológica; 3. Mudanças em componentes da RESPOSTA Mudanças nos processos PÓS-receptores (processos bioquímicos na célula) representam a maior e mais importante classe de mecanismos que causam variação na capacidade da resposta. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 31 6. CONSIDERAÇÕES DA RELAÇÃO ENTRE A FARMACODINÂMICA E A FARMACOCINÉTICA NA FARMACOTERAPIA. A correlação entre: Possibilita o gerenciamentodo tratamento farmacológico. A manutenção da eficácia, pela utilização de determinado regime posológico, nas doses terapêuticas usuais, pode ser garantida pelo estabelecimento de correlação entre “efeito e concentrações plasmáticas efetivas”. Pensando no processo da farmacoterapia e/ou de otimização da terapia farmacológica não é possível considerar o processo farmacodinâmico isolado É necessário considerar, a ocorrência das três fases, de maneira integrada. dose administrada efeito farmacológico obtido concentrações do fármaco no plasma e no fluido que banha o sítio de ação biofarmacêutica farmacocinética farmacodinâmica Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 32 Vamos lembrar as características de cada uma dessas fases para depois entender como tais fases são integradas para garantir uma farmacoterapia eficaz. Fase Biofarmacêutica (ou Fase Farmacêutica) • Envolve a liberação do fármaco da forma farmacêutica (ex: desintegração de comprimidos no TGI, liberando o fármaco). • É nesta fase que o fármaco se torna disponível para a absorção (primeira fase da farmacocinética). • Vários fatores interferem nessa fase e devem ser monitorados para que se alcance uma farmacoterapia eficaz, entre eles: o Fatores físico-químicos relacionados ao fármaco, à formulação farmacêutica e o Fatores fisiológicos e fisiopatológicos relacionados ao paciente. Fase Farmacocinética • Como vimos em nossa última aula, na fase farmacocinética ocorrem os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção do fármaco, os quais são influenciados por inúmeros fatores relacionados ao indivíduo, ao fármaco e à via de administração. • Está relacionada à curva de concentrações plasmáticas do fármaco versus tempo, variando com a dose administrada, a formulação farmacêutica, a frequência de dose e a via de administração • É por meio da farmacocinética que o fármaco se torna disponível para a ação farmacológica (farmacodinâmica). Fase Farmacodinâmica O monitoramento do efeito farmacológico após a administração da medicação ocorre na fase farmacodinâmica, pela: • variação das concentrações do fármaco no local de ação, em função do tempo, relacionando-se: Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 33 A variabilidade na resposta do paciente é influenciada por inúmeros fatores, entre eles pelos fatores farmacocinéticos e farmacodinâmicos. É importante perceber a relação fundamental entre a cinética do fármaco e a resposta farmacológica. A farmacocinética determina as concentrações sanguíneas atingidas para um regime de dose prescrito. Assume-se que a concentração sanguínea será um reflexo da concentração no sítio receptor, e é principalmente esta concentração no sítio receptor que determina a intensidade do efeito do fármaco. Assim, a correlação entre as fases FARMACOCINÉTICA e FARMACODINÂMICA permite que o objetivo terapêutico seja alcançado, a partir do estabelecimento de um regime de dose adequado. Vamos dar um exemplo para simplificar. Imagine um indivíduo internado em regime hospitalar que esteja em Insuficiência Renal Aguda (IRA). Nessa condição, o funcionamento dos rins está diminuído e, portanto, há DIMINUIÇÃO da capacidade de excreção (fase da farmacocinética) de fármacos por esse órgão, com consequente ACÚMULO do fármaco na corrente sanguínea, podendo levar a um AUMENTO da intensidade de efeitos (inclusive os ADVERSOS – fase farmacodinâmica)! Imagine que esse indivíduo em IRA necessite iniciar antibioticoterapia com uso de Amicacina. Um dos principais efeitos adversos desse fármaco é a ototoxicidade. Em função desse indivíduo estar com a excreção renal prejudicada, a dose desse fármaco deverá ser ajustada (diminuída). Caso isso não ocorra, mais fármaco estará disponível na corrente sanguínea e maior será o risco do indivíduo desenvolver a perda de audição. Percebe como a cinética e a dinâmica estão completamente ligadas? :) à instalação do efeito e magnitude do efeito máximo produzido duração do efeito máximo tempo necessário ao desaparecimento do efeito. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 34 (2017-FCC-DPE/RS)- O sucesso no manejo terapêutico de doenças depende de bases farmacológicas para escolha do medicamento mais adequado, com base na farmacodinâmica e farmacocinética, sendo que: a) um esquema posológico segundo idade, peso, insuficiência renal e hepática é orientado por princípios da farmacodinâmica. b) a característica do diclofenaco atuar sobre a atividade da ciclooxigenase, promovendo a diminuição da produção de prostaglandinas, é relacionada a aspectos de farmacocinética. c) a atividade de um antiinflamatório de interferir e diminuir a vasodilatação e permeabilidade vascular no local da lesão está ligada às suas propriedades farmacocinéticas. d) a via metabólica hepática e de excreção renal de um medicamento tem a ver com aspectos da farmacodinâmica. e) quando um comprimido de diclofenaco é desintegrado e absorvido no sistema gastrointestinal e segue para a corrente sanguínea onde é transportado até o local da inflamação, trata-se de fases da farmacocinética. COMENTÁRIOS: Vamos analisar cada uma das alternativas separadamente: A-ERRADA- Perceba que as variáveis influenciam em processos farmacocinéticos: idade: influencia na absorção de crianças e idosos; insuficiência hepática e renal: influenciam nos processos de metabolização e excreção. B- ERRADA - Note que está sendo descrito o mecanismo de ação do diclofenaco, portanto, trata-se de um processo farmacodinâmico. C- ERRADA- Perceba que estão sendo descritos efeitos clínicos, portanto, trata-se de processo farmacodinâmico. D- ERRADA – Metabolismo e excreção: processos farmacocinéticos. E-CORRETA – Veja que há descrição de processos da farmacocinética: absorção e distribuição (“segue para corrente sanguínea onde é transportado ao local da inflamação”). GABARITO: E Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 35 7. INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS As interações farmacodinâmicas são as que ocorrem entre dois ou mais fármacos, através de seus próprios mecanismos de ação, de duas formas: • Competindo junto aos receptores específicos ou; • Independentemente de receptores. Fármacos de Efeitos Opostos As interações entre fármacos de efeitos opostos são de fácil detecção e caracterizam um antagonismo mútuo. Ex: a ação da pilocarpina (fármaco colinérgico) é antagonizada pelos anticolinérgicos (como escopolamina). Há casos em que se utiliza o fenômeno de antagonismo para reduzir o efeito colateral de um medicamento. A benzotropina, um antiparkinsoniano (agonista de receptores de dopamina D2), reduz o efeito extrapiramidal de clorpromazina (que ocorre por antagonizar os receptores D2). Fármacos de Efeitos Semelhantes A associação de fármacos de efeitos semelhantes pode resultar em: • Efeito aditivo pelo mesmo mecanismo de ação. • Ex: Dipirona + Paracetamol (efeito analgésico)Adição • Efeito aditivo por mecanimos de ação de ação diferentas. • Ex: Dipirona + Codeína (efeito analgésico) Somação • O efeito da associação é MAIOR do que sua soma ou adição. • Ex: Benzodiazepínicos + Álcool (depressão do SNC) Potencialização Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 36 Perceba que no caso da associação de Benzodiazepínicoscom álcool ocorre potencialização da toxicidade: no caso, depressão do sistema nervoso central. Alteração de Níveis Eletrolíticos Ex: Os diuréticos do grupo sulfonamídico (como a furosemida) causam, como efeitos colaterais, excessiva excreção de potássio (hipocalemia). Administração prolongada de corticosteroides igualmente leva à hipocalemia. A hipocalemia torna o miocárdio mais sensível às ações de digitálicos e susceptível à arritmia. Modificação da Flora Intestinal Ex: Agentes antimicrobianos, tais como tetraciclinas e cloranfenicol, podem afetar a flora gastrintestinal, que é importante na síntese de vitamina K. Como consequência, haverá potencialização do efeito de agentes anticoagulantes (como varfarina), com o aumento do risco de causar hemorragia. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 37 (2016-CIAAR-Aeronáutica)- Considerando Storpirtis (2011), associe as duas colunas relacionando as seguintes definições com seus respectivos fenômenos. DEFINIÇÃO (1) Interação por adição (2) Interação por somação (3) Incompatibilidade medicamentosa FENÔMENO ( ) dois fármacos atuam simultaneamente, promovendo mesmo efeito, porém por mecanismos diferentes. ( ) ocorre quase sempre fora do organismo, às vezes na seringa de injeção, quando se misturam dois ou mais medicamentos para uma aplicação única. ( ) associação de dois fármacos que promovem efeitos semelhantes e por mecanismos de ação também semelhantes. A sequência correta dessa classificação é: a) 3 – 1 – 2 b) 1 – 2 – 3 c) 2 – 3 – 1 d) 2 – 1 – 3 COMENTÁRIOS: Embora essa questão não trate exclusivamente de interações de farmacodinâmica, é facilmente resolvida apenas com o conhecimento acerca das interações farmacodinâmicas por efeito semelhante. Perceba que “o pulo do gato” é saber diferenciar as interações de ADIÇÃO das interações de SOMAÇÃO. Lembre-se: Adição = mesmo efeito com mecanismos iguais; Somação = mesmo efeito com mecanismos diferentes. Com isso, já conseguirmos resolver a questão: A sequencia necessariamente deve iniciar com 2 e finalizar com 1. O número do meio será o 3, correspondendo à definição de interação físico-química (a qual não se trata de um tipo de interação farmacodinâmica, ok?) GABARITO: C Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 38 Finalizamos aqui essa aula. Não deixe de resolver a lista de questões abaixo para treinar! Até nosso próximo encontro! LISTA DE QUESTÕES 1. (2013- IBFC- PC/RJ)- A dose necessária do fármaco para produzir um efeito específico em 50% da população é conhecida como DE50. Em estudos pré-clínicos de fármacos a dose letal determinada em animais de laboratório é representada pela DL50. A razão entre a DL50 e a DE50 é uma indicação de: a) Índice terapêutico. b) Frequência de distribuição. c) Concentração efetiva. d) Potência relativa e) Interação farmacogenética 2. (2016 – Pref. Fortaleza)- Os fármacos que são aplicados em emergências hospitalares, como é o caso do Instituto Dr. José Frota, necessitam exercer suas atividades rapidamente. Assim, via de regra, de acordo com os conceitos farmacodinâmicos, os receptores que possuem maior velocidade de resposta, quando ativados por fármacos, são os: a) metabotrópicos. b) inotrópicos. c) que produzem segundos mensageiros. d) presentes nos núcleos celulares. 3. (2014 – IADES –EBSERH) - A maior parte do mecanismo de ação de fármacos se dá por meio da associação destes às macromoléculas específicas, de forma a alterar as atividades bioquímicas e biofísicas dessas Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 39 macromoléculas. Acerca desse assunto, é correto afirmar que a interação de um fármaco a um receptor a) metabotrópico produz o seu efeito, ao ser ativado, permitindo a passagem de íons, como com Na+, K+, ou Cl-. b) acoplado funcionalmente a proteínas G intracelulares, ao ser ativado, produz seu efeito sofrendo dimerização e transfosforilam resíduos de aminoácidos no receptor e, com frequência, em proteínas citosólicas-alvo. c) ionotrópico, que ao ser ativado gera uma alteração de sinalização no interior da célula, causando a ativação ou inibição de um domínio intracelular enzimático. d) transmembrana com domínios citosólicos enzimáticos traduzem uma interação de ligação com ligantes extracelulares em uma ação intracelular através da ativação de um domínio enzimático ligado. e) nuclear produz seu efeito iniciando uma cascata de eventos intracelular com a produção de um segundo mensageiro. 4. (2016 – CESPE- Polícia Científica/PE)- Considerando as bases fisiológicas da farmacologia e os sistemas efetores-receptores, assinale a opção que apresenta um exemplo de mensageiro secundário. a) trifosfato de adenosina (ATP) b) difosfato de adenosina (ADP) c) adenosina monofosfato cíclico (AMPc) d) adrenalina e) noradrenalina 5. (2010 – FGV – FIOCRUZ) - O fármaco A apresenta afinidade (Ki= 30 nM) e atividade intrínseca (I= 1) diferente do fármaco B (Ki= 0,15 ?M; I= - 1). Considerando os valores de Ki e I, pode afirmar-se que: I. O fármaco B é um agonista inverso. II. O fármaco A é um agonista total. III. O fármaco A apresenta potência 50 vezes maior que o fármaco B. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 40 a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. d) se todas as afirmativas estiverem corretas. e) se apenas a afirmativa I estiver correta. 6. (2013 – CETRO-ANVISA) - Quando um fármaco se liga a um receptor, pode estabilizá-lo em uma conformação ativa ou inativa; a partir deste conceito, é possível dividir os fármacos em agonistas e antagonistas. A esse respeito, marque V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) Agonista é uma molécula que se liga a um receptor, estabilizando-o na conformação ativa. ( ) Antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas não exerce nenhum efeito na ausência deste. ( ) Uma das maneiras de os antagonistas não competitivos reduzirem a ação dos agonistas é por sua afinidade muito maior com o receptor (sítio ativo). ( ) Pode-se reverter a ação de antagonistas não competitivos, pelo aumento da concentração de agonista próximo ao receptor. ( ) Um antagonista competitivo liga-se reversivelmente ao sítio de um receptor, estabilizando-o em uma conformação ativa. a) F/ F/ V/ V/ V b) F/ F/ F/ V/ V c) V/ V/ F/ F/ V d) V/ V/ V/ F/ F e) V/ F/ V/ V/ F 7. (2016 – CESPE- Polícia Científica/PE) Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 41 Relativamente às figuras A, B e C acima mostradas, e sabendo que, na figura A, está representado um receptor não ligado, assinale a opção correta. a) Caso a figura B represente o agonista em seu sítio de ligação, a figura C representará um antagonismo Alostéricos. b) Caso a figura B represente o agonista endógeno em seu sítio de ligação, a figura C representará a ligação de um fármaco sintético agonista competitivo. c)A figura C poderia representar a competição entre um agonista e um antagonista. d) A figura C poderia representar o mecanismo de antagonismo químico.e)Analisando-se isoladamente as figuras A e B, é correto afirmar que a figura B representa tanto a ligação de um agonista quanto a de um antagonista. 8. (2016 - PR-4/UFRJ – UFRJ) - O antagonismo não competitivo é produzido por um fármaco que está ligado a um sítio no receptor distinto daquele que o agonista se liga. Esse fármaco pode ser classificado como antagonista: a) alostérico. b) pseudo-irreversível. c) de ação. d) parcial. e) covalente. 9. (2008-FUNRIO-Corpo de Bombeiros Militar/RJ)- A teoria da ocupação dos receptores assume que a resposta do fármaco é proveniente da interação do fármaco com receptores específicos. A quantificação da interação fármaco- receptor pode ser realizada através de experimentos in vitro para estimar as Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 42 constantes de afinidade do agonista (Kd) ou do antagonista (Ki). Baseado no conceito de Kd, pode-se afirmar que A) Kd é a relação das constantes das velocidades de associação (k1) sobre a dissociação (k2) da interação fármaco-receptor. B) Kd é a concentração do fármaco que ocupa a metade dos receptores disponíveis. C) uma alta afinidade dos agonistas pelos receptores determina valores de Kd elevados. D) Kd é a concentração do fármaco que produz 50% do efeito máximo. E) Kd é importante para determinar a eficácia do fármaco 10. (2007-FJPJ-MAPA-) Quando se descreve a potência de um fármaco está se fazendo referência à: a) eficácia clínica que reflete a constante de afinidade; b) eficácia máxima para atingir um objetivo terapêutico; c) afinidade pelos receptores e eficiência do acoplamento d) dose máxima capaz de causar algum efeito tóxico; e) concentração ou dose necessária para produzir 50% do efeito máximo 11. (2013 –IBFC- PC/RJ) - A representação gráfica sigmóide da curva dose- resposta (ou dose-efeito) de um agonista pleno na presença de um antagonista competitivo reversível é vista: a) Sem alterar o desvio b) Com desvio não paralelo para a esquerda c) Com redução da eficácia máxima. d) Sem mudança da potência e) Com desvio paralelo para a direita. 12. (2014 – COSEAC – UFF) - Um fármaco com afinidade por seu receptor, mas sem eficácia intrínseca, compete com o agonista pelo sítio de ligação primário do receptor. O padrão característico desta interação é a produção concentração-dependente de um desvio proporcional à direita da curva de Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 43 dose-resposta do agonista, sem qualquer alteração da resposta máxima. A magnitude do desvio da direita depende da concentração do antagonista e da sua afinidade pelo receptor. A descrição acima refere-se ao: a) agonista parcial. b) antagonista competitivo irreversível. c) antagonista não competitivo. d) antagonista competitivo reversível. e) agonista. 13. (2016 – IADES –PC/DF) - A associação de dois fármacos (A e B) pode alterar a curva dose-resposta. Se essa associação deslocar a curva para a direita, reduzindo a potência de A, o fármaco B é um a) aloligante parcial. b) coagonista alostérico. c) antagonista competitivo. d) agonista alotópico. e) antagonista não competitivo. 14. (2016 – CESPE- Polícia Científica/PE) Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 44 Em relação ao gráfico acima, que ilustra os efeitos de um antagonista sobre a relação de dose-resposta, assinale a opção correta. a) O gráfico é relativo a um antagonismo competitivo, pois a curva dose- resposta não é alterada na presença do antagonista b) No gráfico, está representado um antagonismo competitivo, pois há diminuição da eficácia do agonista. c) O gráfico é relativo a um antagonista do tipo não competitivo. d) Na presença do antagonista, há diminuição da potência do agonista. e) O gráfico ilustra um antagonismo alostérico, uma vez que o antagonista isolado não produziu resposta. 15. (2016- CESPE- Polícia Científica de PE)- Após administrações repetidas de efedrina a um paciente, observou-se perda rápida dos efeitos farmacodinâmicos, ou seja, a reaplicação das doses não acarretou resposta satisfatória. Nessa situação, pode ter ocorrido: A. sensibilização. B. tolerância inata C. efeito idiossincrásico D. taquifilaxia E. anafilaxia 16. (2011-CESGRANRIO - SEPLAG) - O termo taquifilaxia significa: (A) interação entre fármacos de estruturas químicas semelhantes (B) desenvolvimento rápido de tolerância ao fármaco, devido à prévia exposição, com consequente redução na responsividade tissular ao fármaco (C) aumento na responsividade tissular ao fármaco, com duração de dias a semanas para o surgimento (D) aumento na meia-vida de eliminação do fármaco (E) redução na meia-vida de eliminação do fármaco Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 45 17. (2017-FCC-DPE/RS)- O sucesso no manejo terapêutico de doenças depende de bases farmacológicas para escolha do medicamento mais adequado, com base na farmacodinâmica e farmacocinética, sendo que: a) um esquema posológico segundo idade, peso, insuficiência renal e hepática é orientado por princípios da farmacodinâmica. b) a característica do diclofenaco atuar sobre a atividade da ciclooxigenase, promovendo a diminuição da produção de prostaglandinas, é relacionada a aspectos de farmacocinética. c) a atividade de um antiinflamatório de interferir e diminuir a vasodilatação e permeabilidade vascular no local da lesão está ligada às suas propriedades farmacocinéticas. d) a via metabólica hepática e de excreção renal de um medicamento tem a ver com aspectos da farmacodinâmica. e) quando um comprimido de diclofenaco é desintegrado e absorvido no sistema gastrointestinal e segue para a corrente sanguínea onde é transportado até o local da inflamação, trata-se de fases da farmacocinética. 18. (2016-CIAAR-Aeronáutica)- Considerando Storpirtis (2011), associe as duas colunas relacionando as seguintes definições com seus respectivos fenômenos. DEFINIÇÃO (1) Interação por adição (2) Interação por somação (3) Incompatibilidade medicamentosa FENÔMENO ( ) dois fármacos atuam simultaneamente, promovendo mesmo efeito, porém por mecanismos diferentes. ( ) ocorre quase sempre fora do organismo, às vezes na seringa de injeção, quando se misturam dois ou mais medicamentos para uma aplicação única. ( ) associação de dois fármacos que promovem efeitos semelhantes e por mecanismos de ação também semelhantes. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 46 A sequência correta dessa classificação é: a) 3 – 1 – 2 b) 1 – 2 – 3 c) 2 – 3 – 1 d) 2 – 1 – 3 19. (2012- PC/DF – UNIVERSA) - No que se refere à interação droga- receptor, assinale a alternativa correta. a) Se uma droga possuir um par de enantiômeros espera-se que o uso da mistura racêmica gere um efeito aditivo mais intenso do que o uso de apenas um deles. b) Enzimas intracelulares não são hoje alvos farmacológicos de drogas, pois as drogas não conseguem difundir-se pela membrana plasmática. c) Se as curvas dose-resposta forem colocadas em um gráfico de log(concentração) × resposta, a curva de um agonista parcial irá gerar um deslocamento para a direita, em relação à curva de um agonista total. d) As interações covalentes droga-receptor são mais estáveis do que as iônicas. e) Receptores farmacológicos do tipo canais iônicosmudam de conformação em resposta à ligação com agonista, permitindo a internalização celular deste. 20- (2016 – CESPE- Polícia Científica/PE) De acordo com as informações do gráfico acima, que mostra a curva dose- resposta graduada na escala semilogarítmica para os fármacos A e B, em Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 47 que E é uma resposta quantificável do fármaco e [L], a concentração do fármaco, assinale a opção correta. a) Os fármacos A e B têm o mesmo índice terapêutico. b) Os dados do gráfico em apreço são suficientes para se afirmar que 50% dos indivíduos tiveram início da resposta mais rapidamente quando utilizaram o fármaco A. c) O fármaco A é mais potente que o fármaco B. d) O fármaco A é mais tóxico que o fármaco B. e) O fármaco B apresenta um valor de Emáx maior que o do fármaco A. 21- (2018-UFLA)-O agonista inverso é um agente que: (A) Possui eficácia intrínseca. (B) Estabiliza o receptor em uma conformação inativa. (C) Aumenta a afinidade do receptor por um agonista endógeno. (D) Comporta-se como agonista parcial quando interage sintopicamente com um agonista pleno. 22- (2019 – UFF) Nos processos de sinalização celular e transdução de sinais celulares o fenômeno de ativação na face extracelular dos receptores é muito importante para ativação e modificação protéica que causa a sinalização. São receptores nos quais ocorre o fenômeno acima descrito, EXCETO: A) Receptor metabotrópico. B) Receptor acoplado a proteína G. C) Receptor ionotrópico. D) Receptor intracelular. E) Receptor de insulina. Aula 02- Farmacodinâmica Princípios de Farmacodinâmica Prof. Cá Cardoso profcacardoso@gmail.com | www.profcacardoso.com.br 48 GABARITO 1-A 2-B 3-D 4-C 5-A 6-D 7-C 8-A 9-B 10-E 11-E 12-D 13-C 14-D 15-D 16-B 17-E 18-C 19-D 20-C 21-B 22- D
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