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Revista Época setembro 2020

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HORADE
VOLTAR
O QUE JÁ SE SABE QUE
FUNCIONA E O QUE DEVE SER
EVITADO NO RETORNO
DOS ALUNOS À ESCOLA
porUllissesCampbell,
Ana Letícia Leão e Bruno Alfano
EPOCA
_
MENOS IGREJA,
MAIS BOLSONARO
O PARTIDO DA
UNIVERSAL SE TRAVESTE
PARA CRESCER
por Gustavo Schmitt
e Bernardo Mello
UM GIGANTE
EM BAIXA
A PETROBRAS ENCOLHE,
INVESTE MENOS
E PERDE ESPAÇO
por Ramona Ordoñez
e Bruno Rosa
STREAMING
OU CINEMA
ESTREIAS DE MULAN
E TENET INDICAM O
CAMINHO PÓS-COVID
por Pedro Willmersdorf
21.09.20
EPOCA.GLOBO.COM
Nº1158
CARGATRIBUTÁRIAFEDERAL
APROXIMADAMENTE4,65%
EXEMPLARDOASSINANTE
VENDAPROIBIDA
Exclu
sivo!!
partic
ipante
s Prim
e 
Select
!
CONTRAQUEIMADAS,
MAISPASTO
Que coincidência macabra vive o Brasil,que, num intervalo de um ano, assistiu a
dois de seus principais biomas serem atingi-
dos por queimadas em proporções jamais vis-
tas — e que transcorreram ao longo de uma
gestão do Executivo que prega sem qualquer
recato o afrouxamento de regras ambientais, a
exploração das terras protegidas e o abandono
das populações nativas.
Segundo o MapBiomas, uma parceria en-
tre universidades, ONGs e institutos de pes-
quisa, os alertas de desmatamento no Panta-
nal quadruplicaram em um ano. Em 2020, fo-
ram61 emuma área de 11mil hectares. Apenas
um era autorizado pelo Ibama. O restante, ile-
gal. Com maior área desmatada, multiplica-
ram-se as queimadas propositais, feitas para
“limpar” a terra para o plantio— omesmo re-
ceituário visto na Amazônia no último ano.
Com o desmatamento como política de
governo, desmatadores se sentem cada vez
mais convidados a se apropriar de terras das
quais não têm necessariamente a posse e pro-
mover queimadas para torná-las aptas ao
plantio. Antes comum para a pecuária, a terra
pantaneira tem sido usadamais recentemente
para o cultivo da soja, o que implica o uso de
mecanismos de “limpeza” da vegetação nati-
va. Na segunda-feira, a Polícia Federal defla-
grou uma operação que investiga cinco fazen-
deiros suspeitos de terem ateado fogo no Pan-
tanal, num movimento orquestrado similar
ao chamado “Dia do Fogo”, registrado na
Amazônia no ano passado e cujas imagens
correram e chocaram o mundo.
O descaso ganhou contornos desmorali-
zantes quando, só depois de quase 20% do ter-
ritório do Pantanal esvair-se em cinzas, o go-
verno federal finalmente reconheceu se tratar
de uma emergência, na tarde da segunda-fei-
ra — mesma data em que o governo do pró-
prio estado de Mato Grosso do Sul declarou
estado emergencial. Enquanto a polícia vas-
culhava endereços de pecuaristas em Campo
Grande, o texto redigido pelo governador
Reinaldo Azambuja apontava uma “grave es-
tiagem” somada a “outros fatores” para justi-
ficar as queimadas, sem fazer qualquer refe-
rência a suspeitas de ações criminosas.
O Pantanal é o maior bioma úmido do
mundo. Tão inédita é a tragédia que se abate
sobre a região que o Ministério do Meio
Ambiente não dispunha de mecanismos pa-
ra dar conta do estrago: não há técnicos,
equipamentos nem logística suficientes para
cuidar dos animais feridos, resultando nas
cenas chocantes exibidas nas últimas sema-
nas na TV e em redes sociais, em que volun-
tários tiveram de cumprir o papel que seria
dos órgãos ambientais.
Por respeito a um patrimônio único dos
brasileiros, o Ministério do Meio Ambiente
teria de, por obrigação, expor um plano de
combate ao desastre. Em vez disso, o minis-
tro Ricardo Salles postou um vídeo com con-
teúdo de desinformação negando queima-
das na Amazônia e depois disse que, por “ra-
zões ideológicas”, o manejo do fogo não foi
feito corretamente no Pantanal. Salles suge-
riu que, se os pecuaristas tivessemmais espa-
ço para pasto, o gado comeria a matéria
orgânica acumulada no solo— que, segundo
ele, é a principal causa do alastramento do fo-
go. A conclusão do ministro é estarrecedora:
contra queimadas que destroem os biomas
brasileiros, a solução é mais pasto.
doseditores
6
ORLANDODINIZ
Em nova fase da Operação Lava
Jato, o Ministério Público Federal
aponta o envolvimento de
advogados renomados em um
esquema de tráfico de influência
que desviou R$ 151 milhões para
manter o empresário no comando
do Sistema S do Rio
Nessa milionária história do empre-
sárioOrlandoDiniz, no comando do
surrupiado Sistema S do Rio de Ja-
neiro, sigla famosa por abrigar várias
instituições de vital importância pa-
ra o desenvolvimento do estado, o “S”
parece representar muito mais “subor-
no” a tribunais superiores, paramanter
Diniz à frente do sistema, que “servi-
ços”, para treinamento demão de obra,
mantidos por federações da Indústria e
Comércio. Foi necessária a intervenção
daOperação Lava Jato, sempre ela, para
mostrar que advogados ligados a pes-
soas públicas— entre eles FredericWa-
seff, que defendia Fabrício Queiroz e
Flávio Bolsonaro — advogavam para
facilitar as traficâncias do empresário.
Talvez esse seja o motivo de o ministro
Paulo Guedes nunca ter passado a te-
soura no sistema, prometida desde o
começo do governo Bolsonaro.
Abel Pires Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ
A FÓRMULA ERRADA
O quemotiva a subida de preço
dos alimentos e o que a história
mostra que não se deve fazer para
tentar contê-la
A questão que ora levanto não tem
nada a ver com a lei da oferta e procu-
ra; diz respeito aos diversos indexado-
res da inflação, que servirão de base
para o aumento dos salários e dos
contratos, principalmente o reajuste
dos aluguéis e das tarifas públicas. Há
umadiscrepância gritante entre o IPCA,
do IBGE e o IGP-M e o IGP-DI da
FGV. De janeiro a agosto, o acumula-
do do IPCA é 0,70%, enquanto o
IGP-M atinge 9,64% e o IGP-DI
11,13%. Os índices da FGV sempre fo-
ram, ao longo dos anos de inflação, os
balizadoresmais confiáveis domerca-
do. Costumam ser mais elevados por
capturarem os aumentos ocorridos
no atacado, porém, numperíodomais
longo, costumam se ajustar aos de-
mais. No caso em questão, há uma di-
ferença considerável, que, se não for
reduzida drasticamente, punirá indis-
tintamente os assalariados, principal-
mente os mais pobres.
Dirceu Luiz Natal, Rio de Janeiro, RJ
PENSAMENTOCRÍTICO
Monica de Bolle escreve que
a economia está ideologizada há
tempos, sobretudo no Brasil
Monica de Bolle levanta mais um te-
ma interessantíssimo para nossas re-
flexões: pensamento crítico. Nestes
tempos de debates com o fígado, é de
suma importância pensar antes de
verbalizar ou postar. Ciência é inques-
tionável por obviedade. Economia é
pensar “fora da caixa” às vezes, para
saber se adaptar aos imprevistos que
nos são impostos. Referências antes ti-
das como inquestionáveis precisam
ampliar o leque de possibilidades sem-
pre. Novas janelas sempre se abrem
emmeio ao caos reinante. O ambiente
precisa sempre estar arejado. Ainda
mais em tempos de pandemia.
Márcio Barbosa, Rio de Janeiro, RJ
do leitor
escrevapara
epoca@edglobo.com.br
ÉPOCA1157
8
EDITORA-CHEFE Ana Clara Costa
epocadir@edglobo.com.br
EDITORES EXECUTIVOS – INTEGRADAMaria Fernanda Delmas (coordenadora),
Alessandro Alvim, André Miranda e Flávia Barbosa
EDITOR Eduardo Salgado
COLUNISTAS Guilherme Amado, Helio Gurovitz, Larry Rohter
e Monica de Bolle
ÉPOCA ON-LINE Fábio Brisolla (editor), Paolla Serra
e Rodrigo Castro
EDITOR DE ARTE Mateus Valadares
DESIGNERS Daniel Vides Veras e Gustavo Amaral
SECRETARIA EDITORIALMarco Antonio Rangel
FOTOGRAFIA | EDITOR André Sarmento
REVISÃOAraci dos Reis Galvão de França (coordenadora),
Kátia Regina de Almeida Silva e Mariana Rimoli Dumans
CARTAS À REDAÇÃO | EPOCA@EDGLOBO.COM.BR
ASSISTENTE EXECUTIVA Jaqueline Damasceno
REDAÇÃO | RIO DE JANEIRO | EPOCA@EDGLOBO.COM.BR
Rua Marquês de Pombal, 25,
3º andar, Cidade Nova,
CEP 20.230-240 – Rio de Janeiro – RJ
SUCURSAIS | BRASÍLIA | EPOCASUC_BSB@EDGLOBO.COM.BR
DIRETOR Paulo Celso Pereira
SCN, Quadra 5 – Bloco A, nº 50, s. 301
Brasília Shopping and Towers
CEP 70.715-900 – Brasília – DF
SÃO PAULO | SUCURSALSP@EDGLOBO.COM.BR
DIRETORA Letícia Sander
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ÉPOCA É UMA PUBLICAÇÃO SEMANAL DA EDITORA GLOBO S.A. Avenida 9 deJulho, 5229 01407-907 São Paulo SP
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foi elaborado em conformidade com a NBR ISO 14064-1:2007 e Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol.
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DIRETOR-GERAL Frederic Zoghaib Kachar
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DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO COMERCIALTiago Afonso
DIREÇÃO DE AUDIÊNCIA Ricardo Fiorotto e Silvio Dias
DIREÇÃO EDITORIAL Daniela Tófoli e Sandra Boccia
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Manso | EXECUTIVOS DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA Robert Correa
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(Governo) | COORDENADOR DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA (PEQUENOS E
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Luciana Gomes Burnett | CONTATO PUBLICIDADECandida Ana Vieira
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Miguel del Ciello | GERENTE MULTIPLATAFORMA Thais Éboli Haddad |
DESENVOLVIMENTO COMERCIAL | G.LAB Edward Pimenta | PROJETOS ESPECIAIS
SP/RJ:Leonardo André | EVENTOS SP:Daniela Valente | EVENTOS RJ:Claudia
Lobo | OPERAÇÕES ESPECIAIS:Anderson Góes (gerente)
DEONDE VEMA RESISTÊNCIA
ÀS VACINAS?
Helio Gurovitz afirma que quem
não toma se beneficia dela sem
arcar com nenhum ônus e que
vacinar envolve responsabilidade
diante dos outros
Acho que a resistência a vacinas vem de
uma errada interpretação do que é liber-
dade. Podemos dizer que liberdade é se-
melhante ao amor, ou seja, não prejudi-
ca, não machuca, não põe o outro em
risco. Quando você prejudica o outro de
qualquer maneira que seja, mesmo que
minimamente, você não está usufruindo
de sua liberdade. No mínimo você está
confundindo direito pessoal com dever
de cidadão. Mesmo que a maioria esteja
vacinada, muitos dos vacinados podem
ter suas imunidades estremecidas por
várias situações, facilitando assim pe-
gar as doenças que já são protegidas por
vacinas. Assim, se todos estão vacina-
dos, a chance de isso acontecer com
quemestámais fragilizado,mesmo vaci-
nado, diminui demais. As vacinas que
são oferecidas para a população têm
comprovação de qualidade e eficácia
científica. Governo nenhum vai querer
aplicar vacina para botar a população
doente e ele mesmo ter de pagar para
curá-la. Portanto, sejamos sensatos, as
vacinas devem ser sempre muito bem-
vindas, aceitas e tomadas por todos.
Mônica Delfraro David, Campinas, SP
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CADA VEZ MAIS
REVENDEDORES
ESCOLHEM SER
BANDEIRA BRANCA.
E A GENTE TEM
A CERTEZA QUE
ESTAMOS NO
CAMINHO CERTO.
COMBUSTÍVEIS
COMBUSTÍVEIS
COMBUSTÍVEIS
COMBUSTÍVEIS
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16. PERSONAGEM
DA SEMANA
PANTANAL
Inoperância do governo,
ação criminosa de
fazendeiros e uma das mais
graves secas dos últimos
anos foram o combustível
perfeito para uma
das maiores tragédias
ambientais do país
20. RECUPERAÇÃO
PRECISAMOS FALAR
SOBRE EDUCAÇÃO
Mesmo com o comércio
reabrindo, as escolas
seguem fechadas
em quase todo o país.
O que a experiência
internacional e a deManaus
ensinam sobre a retomada
das aulas presenciais
28. DIREITA UNIVERSAL
SUBMISSÃO
REPUBLICANA
A estratégia do partido
da igreja de Edir Macedo
de se distanciar da religião
e se aproximar cada
vez mais de Jair Bolsonaro
36. CONCORDAMOS
EMDISCORDAR
IRAPUÃ SANTANA ×
FERNANDOHOLIDAY
O advogado e o vereador
discordam sobre a divisão
proporcional de recursos
do fundão para
candidaturas negras
40. TANQUE BAIXO
UMNOVO
INFERNOASTRAL
Afetada pela crise
e pelos males
do passado, a Petrobras
encolhe e perde
protagonismo entre as
petrolíferas mundiais
AMANDAPEROBELLI/REUTERS
46. VIVI PARACONTAR
HÁDOIS VÍRUS:
MADURO EO
CORONAVÍRUS
Refugiado na embaixada
do Chile, líder opositor
venezuelano conta como
foiganhar a liberdade
depois de acordo costurado
por Henrique Capriles
50. PANDEMIA DIGITAL
INFLUENCERS
IMUNIZADOS
O avanço dos testes
da vacina contra a Covid-19
no país faz aumentar
o debate sobre a eficácia
do tratamento e voluntários
se tornam influenciadores
nas redes
54. LONGE DO PÓDIO
UMMALOLÍMPICO
Um documentário
e o movimento de atletas
acendem debate sobre
assédio moral na ginástica
e os limites da relação entre
professores e ginastas
58. 7 PERGUNTAS PARA...
REGINA NAVARRO LINS
A psicanalista diz que a
busca da individualidade
é o grande componente das
relações contemporâneas—
e que se tornou ainda mais
importante com a pandemia
62. TESTE DE AUDIÊNCIA
DE VOLTA À SALA ESCURA
A chegada de Tenet e Mulan
às telas indicará se os
lançamentos de filmes terão
melhor desempenho no
cinema ou em streaming
após a pandemia
COLUNISTAS
39. MONICADE BOLLE
O espectro do populismo
na América Latina
49. HELIOGUROVITZ
A importância do racismo
nas eleições americanas
61. ALLAN SIEBER
66. LARRY ROHTER
Sobre provar
o próprio veneno
GUILHERME AMADO
O colunista está de férias
sumário21.09.20
capa: Raphael Alves
DIVULGAÇÃO
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DE ATÉ
PERSONAGEMDASEMANA
por LeandroPrazeres
PANTANAL
Na manhã de quarta-feira, a procuradorada República Samara Dalloul e o dele-
gado da Polícia Federal Alan Givigi acorda-
ram cedo e preparavam o espírito para um
dia que prometia ser agitado. Pelos planos
feitos havia algumas semanas, os dois deve-
riam se dirigir ao aeroporto de Corumbá,
em pleno Pantanal sul-mato-grossense, e
embarcar em um helicóptero para deflagrar
a Operação Matáá, que investiga incêndios
criminosos em fazendas da região. O voo,
porém, nunca aconteceu. Foram paralisados
pelo que combateriam. “A fumaça das quei-
madas não deixou. Os pilotos não tinham
visibilidade para decolar. Em vez do heli-
cóptero, usamos um barco”, contou Dalloul.
A ação contra fazendeiros foi a primeira
resposta na esfera criminal contra uma tra-
gédia de proporções sem precedentes que se
abateu sobre a maior planície alagada do
mundo e uma das regiões mais ricas em bio-
diversidade do planeta.
Há semanas, o fogo consome o bioma a ta-
xas avassaladoras sem que as autoridades con-
sigam dar mostras de reação à altura. De acor-
do com o Instituto Nacional de Pesquisas Es-
paciais (Inpe), entre 1º de janeiro e 15 de se-
tembro, o Pantanal registrou 15.477 focos de
incêndio. Isso representa um aumento de 213%
em relação ao mesmo período de 2019, que já
havia registrado números extremamente altos
em comparação aos anos anteriores.
Além da quantidade, o que assombra é o
apetite do fogo. No dia 3 de agosto, os in-
cêndios haviam destruído 1,2 milhão de
hectares da área. Pouco mais de um mês
depois, a estimativa do Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e Recursos Naturais Re-
nováveis (Ibama) é que a destruição tenha
chegado a 2,9 milhões de hectares, equiva-
lente a 19% de todo o bioma. É como se
uma área do tamanho de cinco Distritos
Federais pegasse fogo destruindo a vegeta-
ção nativa, matando ou afugentando milha-
res de animais como a onça-pintada e crian-
do uma nuvem de fumaça tóxica que amea-
ça chegar nos próximos dias a centros ur-
banos como São Paulo.
Diante de tamanha catástrofe, a primeira
pergunta óbvia é: como isso pôde acontecer?
Para o pesquisador Antônio Nobre, do Cen-
tro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe,
a tragédia no Pantanal pode ser comparada
a um acidente aéreo. “Quando um avião cai,
nunca é por um único motivo. O Pantanal
está queimando por conta de uma conjun-
ção de fatores”, afirmou Nobre, que fez par-
te do Painel Intergovernamental de Mudan-
ças Climáticas (IPCC).
Para o cientista, esses incêndios são re-
sultado de alterações no clima e na geografia
da região causadas pelo homem. Por um la-
do, o aquecimento global vem aumentando
as temperaturas no planeta, e no Pantanal
não é diferente. Por outro, o desmatamento
desenfreado da Amazônia e do Cerrado nos
últimos anos fez diminuir a capacidade de
produção de chuva que abastece os rios que
alagam o bioma. Com temperaturas altas e
chuvas mais escassas, disse Nobre, as condi-
ções para o fogo estão dadas. Bastou mais
um “empurrãozinho” humano: as queima-
das feitas por fazendeiros da região.
“Não pode ser acidente”, disse o delega-
do Alan Givigi ao comentar as queimadas
na região. As suspeitas da PF são de que fa-
zendeiros estejam aproveitando a temporada
seca para queimar a vegetação nativa e abrir
mais espaço às criações de gado. Em alguns
casos, os investigadores constataram que, lo-
go depois de uma área ter sido destruída pe-
lo fogo, já era possível ver gado pastando no
local. “O Brasil se dedicou muito para che-
gar a esse ponto. Chegamos à distopia cli-
mática”, lamentou Antônio Nobre.
Mas como em quase toda catástrofe, as
proporções do desastre não se explicam ape-
nas pelos fatores externos. O tamanho da
Inoperância do governo, ação criminosa
de fazendeiros e uma das mais graves
secas dos últimos anos foram o combustível
perfeito para uma das maiores tragédias
ambientais do país
Uma área equivalente
ao tamanho de cinco
Distritos Federais
queimou só neste ano no
bioma. É um aumento de
213% em relação ao
mesmo período de 2019
FOTO:MAUROPIMENTEL/AFP
PERSONAGEM DA SEMANA 17
tragédia também pode depender da perícia
(ou imperícia) da “tripulação”.
E não é possível dizer que os “tripulantes”não podiam imaginar que algo assim pu-
desse acontecer. ÉPOCA analisou notas téc-
nicas e boletins meteorológicos produzidos
pelo Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e
pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos do Inpe (CPTEC) ao longo deste
ano e constatou que, pelo menos desde abril,
os dois órgãos federais já haviam produzido
dados que indicavam que a estiagem e as
temperaturas no Pantanal poderiam ser seve-
ras no trimestre entre junho, julho e agosto,
início da temporada de fogo na região.
Mesmo com todas essas informações à
disposição, o Ibama só lançou o edital para
contratar brigadistas em junho e só termi-
nou o processo seletivo no final de julho,
quando os incêndios já haviam destruído
centenas de milhares de hectares e estavam
praticamente fora de controle.
“Quando você tem os brigadistas mais
cedo, eles conseguem fazer ações preventi-
vas. Neste ano, não tivemos tempo para fa-
zer isso”, afirmou o analista ambiental do
Ibama em Mato Grosso do Sul Alexandre
Pereira. A região de Corumbá conta com
apenas 30 homens do instituto. Em nota, o
Ibama disse que o servidor responsável pe-
lo atraso foi substituído.
O governo ainda cortou parte das verbas
destinadas ao combate a incêndios flores-
tais. Os orçamentos das duas principais
ações caíram 30% — de R$ 83 milhões em
2019 para R$ 57 milhões em 2020. Além
disso, técnicos com décadas de experiên-
cia foram afastados de postos-chaves, dan-
do lugar a militares e civis com pouca ou
nenhuma experiência nessa área.
Mesmo sabendo da crise em potencial,
o Ibama atrasou-se na contratação de
brigadistas que poderiam ter minimizado
os impactos das queimadas na região
PERSONAGEM DA SEMANA
A Polícia Federal suspeita
que as queimadas foram
impulsionadas por ações
criminosas de fazendeiros
MANDAPEROBELLI/REUTERS
18
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RECUPERAÇÃO
PRECISAMOS
FALAR
SOBRE
EDUCAÇÃO
20
As escolas particulares de
Manaus, com protocolos
sanitários mais exigentes,
também têm observado
a resistência dos
pais em mandar os filhos
para o colégio por medo
de contágio
por UllissesCampbell, deManaus, Ana Letícia Leão, deSãoPaulo,
e BrunoAlfano, doRiode Janeiro
Mesmo com o comércio reabrindo, as escolas
seguem fechadas em quase todo o país.
O que a experiência internacional e a deManaus
ensinam sobre a retomada das aulas presenciais
RECUPERAÇÃO
Passados seis meses desde a suspensão das aulas em todo o Brasilpor causa da pandemia do novo coronavírus, pais, alunos, profes-
sores, governos estaduais e municipais, especialistas em educação, médi-
cos e, em alguns casos, até juízes se perguntam se é hora de voltar às
escolas e como esse processo deve se dar. Uma boa medida do interesse
por essa discussão é o gráfico que registra a procura no Google usando
as palavras “retorno aulas presenciais”. Desde o final de agosto, o núme-
ro de buscas por esses termos só faz crescer. Com bares e shopping cen-
ters abertos em várias cidades, a pergunta em quase todo o país é: quan-
do as escolas voltarão a funcionar presencialmente?
21
No Rio de Janeiro, o governo estadual
marcou o retorno para o dia 5 de outubro,
mas a batalha judicial em que se transformou
a reabertura das escolas privadas em meados
de setembro colocou em dúvida se a data será
mantida. Em São Paulo, 20% dos municípios
retomaram as aulas nas escolas para reforço e
acolhimento de alunos. A volta definitiva de-
verá ocorrer em 7 de outubro, segundo o go-
verno estadual. Como datas já foram anuncia-
das antes e depois adiadas, muitos duvidam
que desta vez as escolas vão reabrir. Outros
nove estados estão realizando planos de reto-
mada, segundo o Conselho Nacional de Se-
cretários de Educação. Apenas o Rio Grande
do Norte comunicou que o ensino presencial
está suspenso até o ano que vem.
Na discussão que tomou conta do país,
há geralmente dois lados digladiando. Os
que defendem o adiamento por acreditarem
que retomada é obrigatoriamente sinônimo
de aumento do contágio e os que querem
uma volta total para estancar os enormes
prejuízos educacionais. No meio dessa guer-
ra, existem grupos de especialistas em saúde
e também em educação tentando promover
um debate que analise caso a caso. “A ideia
de que o retorno será possível apenas depois
da vacina é inviável, já que a previsão de
imunização é incerta”, disse Lígia Bahia,
professora do Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Priscila Cruz, presidente da
ONG Todos pela Educação, com sede em
São Paulo, é outra que argumenta em favor
de um plano de ação. “Por mais difícil que
seja, essa é uma discussão que precisamos
ter. O calendário eleitoral não ajuda. Com
Manaus foi a primeira cidade
a reabrir escolas públicas
e privadas. O número de contágios
e de mortes não subiu, mas
o desleixo na aplicação de protocolos
sanitários assustou parte
dos pais e enfraqueceu a adesão
às aulas presenciais
Em Manaus, as escolas
particulares (acima)
foram reabertas em julho
e as públicas em agosto,
apenas para alunos
do ensino médio.
O governo do Amazonas
agora planeja liberar o
ensino básico
FOTOS:RAPHAELALVES
RECUPERAÇÃO22
medo de desagradar a parte do eleitorado, po-
líticos têm optado por adiar, em vez de fazer
uma análise mais realista da situação”, disse.
De todas as cidades do país, Manaus é oúnico laboratório a céu aberto. Ao todo,
são 123 colégios públicos estaduais já funcio-
nando há mais de um mês para atender 106
mil estudantes de ensino médio e um núme-
ro menor de escolas privadas abertas desde o
começo de julho. Nenhuma outra cidade rea-
briu nessa escala e há tanto tempo. Na avalia-
ção das primeiras cinco semanas desde o rei-
nício da rede pública, houve um ou outro
ponto positivo, como a decisão de dividir
turmas em grupos menores. Mas se a cidade
fosse receber uma nota pelo processo de rea-
bertura, ela muito provavelmente seria baixa.
Usando como parâmetro os protocolos de-
fendidos pela Organização Mundial da Saúde
e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), re-
ferência no Brasil, a conclusão, até o momen-
to, é que Manaus cometeu muitos erros.
As aulas nas escolas públicas foram reini-
ciadas em 10 de agosto sem previsão de testes
para professores que eventualmente apresen-
tassem sintomas do vírus. Por pressão do
Sindicato dos Trabalhadores em Educação do
Amazonas, o governo estadual começou a
oferecer esse serviço, mas com testes rápidos,
não com o exame conhecido por RT-PCR, o
melhor disponível. Feitos os testes, o governo
estadual contou 361 professores com corona-
vírus. Esses profissionais acabaram sendo
afastados, mas os alunos que tiveram contato
com eles não foram testados nem obrigados a
ficar em quarentena, como preconizam os
protocolos. Na terceira semana de setembro,
ÉPOCA visitou oito escolas públicas de Ma-
naus. Nas duas indicadas pela Secretaria de
Educação do Amazonas, todos os alunos usa-
vam máscaras, havia álcool em gel àdisposi-
ção e distanciamento social. Nos seis colégios
a que a reportagem teve acesso sem acompa-
nhamento das autoridades locais, o quadro
era bem distante do ideal, com estudantes
com máscaras no queixo, aglomerações e fal-
ta de álcool em gel na entrada dos prédios.
A seu favor, a Secretaria de Educação ar-
gumenta que o número de casos confirmados
de Covid-19 na cidade caiu desde o início das
aulas e o de óbitos tem se mantido numa
mesma média diária. Não há consenso sobre
o que tem feito esses indicadores apresenta-
rem esse viés, mesmo com tanto descuido nas
escolas. Manaus foi uma das cidades que mais
sofreram com a pandemia e é possível que te-
nha atingido um certo grau de imunidade.
“Estamos fazendo monitoramento detalhado
desses dados diariamente no município”, dis-
se Luis Fabian Pereira, secretário estadual da
Educação, que pretende reiniciar as aulas do
ensino básico antes do final de setembro.
O placar geral da evolução do coronaví-
rus em Manaus pode ser favorável à política
de reabertura do governo, mas não tem sido
RECUPERAÇÃO 23
suficiente para conquistar a confiança de boa
parte dos pais. Pelas contas do sindicato dos
professores, que faz campanha contra a volta
às aulas presenciais, somente 30% dos alunos
têm frequentado as escolas. Já a Secretaria de
Educação afirma que o percentual é de 70%.
Sem um levantamento independente, é difí-
cil saber quem está mais perto da realidade.
Mas o que os números das duas entidades
mostram é que o estado tem falhado na
campanha de convencimento dos pais para
que mandem os filhos para o colégio.
Quando ÉPOCA visitou a Escola Estadual
Vasco Vasquez, na Zona Leste de Manaus, ha-
via salas de aulas com apenas seis alunos,
quando deveriam ter pelo menos 20. “Profes-
sores da Vasco Vasques pegaram Covid-19 e
os alunos correram de medo”, relatou Ana
Cristina Pereira Rodrigues, presidente do sin-
dicato dos professores do estado. Nas escolas
particulares, os cuidados com prevenção são,
em geral, maiores. Na Martha Falcão, uma
das mais caras e tradicionais de Manaus, os
alunos entram separadamente e deixam os sa-
patos do lado de fora das salas. Entre as ca-
deiras há lâminas de plástico. Mesmo com in-
vestimentos em prevenção como esses, cerca
de 27 mil alunos da rede privada preferiram
continuar apenas com o ensino remoto. “As
pessoas estão inseguras, e com razão. A incer-
teza é enorme. Para haver adesão, as escolas
precisam mostrar aos pais que seguem à risca
os protocolos”, disse Ricardo Henriques, supe-
rintendente executivo do Instituto Unibanco,
entidade voltada à educação. Há um mês, uma
consulta do instituto de pesquisa Datafolha re-
velou que 78% dos brasileiros acreditavam que
a volta às aulas agravaria a pandemia.
MARIANAGREIF/REUTERS
RECUPERAÇÃO
O Uruguai é reconhecido
como um modelo a ser
seguido pelos municípios
brasileiros (acima). No
país vizinho, foi dada
prioridade às populações
mais vulneráveis e sem
acesso à internet
A lessandra Cristina Araújo, de 44 anos,ainda não permitiu que seu filho de 15
anos volte a frequentar a Escola Estadual
Ruy Araújo, no bairro Cachoeirinha, em
Manaus. “Em casa, todo mundo se abraça e
se beija o tempo todo. Acho que ainda não é
o momento de voltar para a escola”, disse.
Ela contou que visitou o colégio do filho pa-
ra ver como estava o “novo normal”, mas
não gostou do que viu. Em sua opinião, to-
dos agiam como se não houvesse pandemia.
Os dados gerais de contágio em Manaus po-
dem mostrar uma realidade positiva, mas
ela não pretende mandar o filho para o que
vê como um foco de coronavírus. Admite
que o rapaz não se concentra nas aulas re-
motas e provavelmente perderá o ano. “Pre-
firo que reprove a alguém de minha família
morrer com Covid 19”, afirmou.
No plano individual, a decisão de Araújo
de manter o filho em casa e cogitar que repi-
ta o ano pode até ter um final feliz. Com o
apoio da mãe, ele provavelmente continuará
seus estudos. Numa escala maior, o déficit de
aprendizagem provocado pelo fechamento
das escolas como um todo é gigante. Não es-
tá descartada a hipótese de que governos op-
tem por aprovar todos os alunos, indepen-
dentemente de terem tido aulas pela internet
ou um bom aproveitamento nas atividades
on-line. Com a crise econômica, ainda existe
o temor de que muitos desistam de estudar.
Se o que deixou de ser ensinado aos alu-
nos não for compensado, os efeitos serão
duradouros, acredita o Banco Mundial. A
perda de renda para cada um dos jovens e
crianças da América Latina ao longo da vida
como trabalhadores é estimada em US$ 10
Para Priscila Cruz, presidente da ONG Todos
pela Educação, o calendário eleitoral está
atrapalhando o debate sobre a volta às aulas.
Commedo de sofrer nas urnas, prefeitos
candidatos à reeleição estão empurrando
o assunto com a barriga
O Rio de Janeiro
se tornou um ringue
judicial sobre
a reabertura das
escolas (acima)
DIVULGAÇÃO/CPII
RECUPERAÇÃO 25
mil, medida por uma paridade que leva em
conta o poder de compra. “A geração Covid
tem seu futuro colocado em perigo. Deve-
mos fazer todo o possível para reduzir as
perdas de aprendizado, com ações concretas
para mitigá-las enquanto as escolas estejam
fechadas, e remediá-las uma vez que rea-
bram”, disse João Pedro Azevedo, econo-
mista líder da área de educação do Banco
Mundial e um dos principais autores do es-
tudo sobre queda futura de renda. Uma ou-
tra projeção, feita pelo Insper, uma institui-
ção de ensino de São Paulo, e pela Fundação
Roberto Marinho, estima que cada jovem
brasileiro que não concluir o ensino básico
gerará uma perda de R$ 372 mil.
A experiência internacional mostra queexiste um caminho a ser seguido. Um
levantamento realizado pela Vozes da Edu-
cação, uma consultoria técnica, analisou o
processo de retomada das aulas em 20 paí-
ses. Foram escolhidos lugares com diferen-
tes realidades, como África do Sul e Alema-
nha. Em comum, os casos de reabertura de
sucesso contaram com queda na curva de
casos do vírus, rígido cumprimento dos pro-
tocolos sanitários e comunicação eficiente e
transparente dos governos para ganhar o
apoio da opinião pública. “A redução da ta-
xa de transmissão comunitária é o primeiro
parâmetro que precisa ser considerado. Só
quando isso estiver controlado é que se po-
de garantir a segurança para professores,
funcionários e alunos”, disse Natalia Pas-
ternak, presidente do Instituto Questão de
Ciência e colunista de O GLOBO.
Quando se fala no que aconteceu em ou-
tros países, o caso de Israel costuma ser mui-
to citado. As aulas foram retomadas em
maio, houve aumento do contágio em ques-
tão de dias e o governo teve de voltar atrás.
O problema lá foi que várias questões hoje
defendidas em protocolos foram negligencia-
das. O uso da máscara, por exemplo, foi displi-
cente, toda a rede foi chamada de uma vez e
não foram feitos grupos menores de alunos
com horários de chegada e saída diferentes.
Parte dos estados brasileiros que estão prepa-
rando a volta tem levado em conta os erros
dessas experiências malogradas. “Não estamos
falando de uma volta com 30, 40 alunos por
sala, mas oito. Sem dúvida, o ensino híbrido
— meio presencial, meio à distância — veio
para ficar”, disse Rossieli Soares, secretário es-
tadual de Educação de São Paulo.
Outro ponto que costuma ser lembrado
nas discussões sobre a volta às aulas é que o
Brasil nunca vai ter a organização da Ale-
manha ou da Dinamarca. Felizmente, não se
precisa ir tão longe em busca de uma referên-
cia bem-sucedida. “O modelo de abertura das
escolas seguido pelo Uruguai, mundialmente
elogiado, pode ser algo para o Brasil se espe-
lhar”, disse Carolina Campos, fundadora do
Pelos cálculos do BancoMundial,
cada estudante da “geração Covid” perderá
US$ 10 mil ao longo da vida ativa se
as lacunas provocadas pelo cancelamento
de aulas presenciais não forem preenchidas
Videoconferência
da Organização Mundial
da Saúde, órgão que
tem ajudado os
países-membros com
conselhos sobre a
retomada das aulas
presenciais
OMS/AFP
RECUPERAÇÃO26
Vozes da Educação. “É verdade que o Uru-
guai é um paíspequeno, mas ainda assim
pode nos ajudar a pensar sobre nossos mu-
nicípios”, completou. Os uruguaios, por
exemplo, iniciaram o processo de reabertura
com os estudantes de populações vulnerá-
veis e sem conexão com a internet.
Entre os especialistas da área médica, exis-te o entendimento de que os parâmetros
para a tomada de decisões precisam ser pen-
sados da forma mais territorial possível. “Ci-
dades grandes como Rio e São Paulo têm in-
dicadores diferentes em diferentes bairros
ou regiões. Por isso, esses indicadores de-
vem ser pensados, de preferência, escola por
escola”, disse Patrícia Canto, pneumologista
da Fiocruz que coordenou o estudo sobre o
retorno às aulas presenciais.
Foi pensando numa análise focada em
cada colégio que a ONG Impulso, de São
Paulo, criou uma ferramenta digital, dispo-
nível no site Coronacidades.org, que reúne
materiais e ferramentas para apoiar gestores
públicos. Foram montados questionários pa-
ra entender a realidade de cada escola, abor-
dando assuntos como gestão escolar, distan-
ciamento social e limpeza. Depois de res-
ponder “sim” ou “não” a 74 tópicos, o gestor
pode avaliar o que precisa ser feito para ga-
rantir segurança na retomada. “Sem um pla-
nejamento adequado, é muito difícil que
uma escola tenha 100% de aprovação, até
mesmo na rede privada. O questionário dá
um norte dos protocolos necessários”, res-
saltou João Abreu, que antes de fundar a
Impulso fez parte da consultoria em gestão
pública da Universidade Harvard.
Infectologistas fazem
coro em favor da
reabertura apenas em
cidades com índices
decrescentes da taxa de
transmissão do novo
coronavírus. Tudo para
evitar a lotação de UTIs
BRUNOROCHA/FOTOARENA
RECUPERAÇÃO 27
28
BUDAMENDES/GETTY IMAGES
SUBMISSÃO
29
No último dia 7 de setembro, data daconvenção que oficializou a candida-
tura à reeleição do prefeito do Rio, Marce-
lo Crivella, o auditório reservado pelo Re-
publicanos em um shopping da Zona Nor-
te da cidade, a cerca de 500 metros da sede
da Igreja Universal do Reino de Deus
(IURD), estava lotado. Respeitando parcial-
mente os protocolos sanitários de distancia-
mento, os membros do partido de Crivella e
de sete outras legendas que lhe davam apoio
ficaram aglomerados de pé. Presidente esta-
dual do PP e político acostumado a falar
com diferentes públicos, o deputado Dioni-
sio Lins se empolgou com as analogias reli-
giosas e afirmou que considerava Crivella
“um homem tocado pelo Espírito Santo”,
representando uma suposta “luta do Bem
contra o Mal” nesta eleição municipal. Con-
vidado a falar em seguida, o deputado fede-
ral Jorge Braz (Republicanos-RJ) — ele,
sim, pastor da Universal — abriu seu dis-
curso, religiosamente comedido, com iro-
nia: “Parece que o deputado Dionisio está
mais pastor do que eu”.
Apesar de a proximidade com a igreja
render créditos num período de ascensão
das denominações neopentecostais na polí-
tica, o Republicanos (antigo PRB), criado
em 2005 sob forte influência da Igreja Uni-
versal, quer agora desvencilhar-se da ima-
gem de partido a serviço de Edir Macedo
para tentar postular-se como conservador.
O objetivo é atrair um leque mais diverso
de candidatos não necessariamente associa-
dos à igreja e aumentar seu protagonismo
político. E Crivella, único prefeito que a si-
gla já elegeu numa capital, é hoje o princi-
pal símbolo desse grande mosaico identitá-
rio. A vitória do bispo e sobrinho de Mace-
do entusiasmou os evangélicos em 2016,
quando o presidente da sigla, Marcos Perei-
ra, afirmou a ÉPOCA que, um dia, um
evangélico seria presidente do Brasil. A
previsão não se concretizou, mas a chegada
de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto
Jair Bolsonaro recebe
de Marcelo Crivella
a Medalha Marechal
Zenóbio da Costa.
O presidente tem evitado
associar seu nome às
eleições municipais, mas
deu apoio à reeleição
de Crivella no Rio
A estratégia do partido da igreja
de Edir Macedo em se distanciar
da religião e se aproximar
cada vez mais de Jair Bolsonaro
por GustavoSchmitt e BernardoMello
DIREITA UNIVERSAL
REPUBLICANA
30
deu uma guinada na legenda. Com isso, a
sigla hoje busca se apresentar como um
partido conservador de direita, colado à
imagem de Bolsonaro e com o discurso
neutro em relação à igreja. Em abril, foram
filiados os filhos do presidente Carlos e o
senador Flávio, além da ex-mulher Rogéria
Bolsonaro. O zero quatro, Jair Renan, tam-
bém já ouviu que, caso decida entrar para a
política, será bem-vindo na sigla.
Mas a transformação moralizante busca-
da pelos caciques do partido, expoentes do
centrão e aliados de todos os governos, en-
frenta alguns desafios práticos: as acusações
de corrupção que se empilham nos tribunais
envolvendo alguns de seus representantes.
Tais suspeitas de irregularidades atingem o
presidente Marcos Pereira e principalmente
o prefeito Marcelo Crivella, cuja administra-
ção enfrenta uma série de denúncias. Pereira
foi acusado na delação da JBS de acertar um
pagamento de R$ 6 milhões, a título de pro-
pina, quando era ministro da Indústria e
Comércio Exterior do presidente Michel Te-
mer. Ele também foi acusado por recebi-
mento ilegal de dinheiro da Construtora
Odebrecht. Ele nega irregularidades
Crivella, por sua vez, esteve em foco nas
últimas semanas em razão de investigações
do Ministério Público (MP) sobre o chama-
do “QG da Propina”. Trata-se de um supos-
to esquema de corrupção em que credores
da prefeitura do Rio pagariam propina para
receber por serviços não prestados. O caso
mostra o empresário Rafael Alves, filiado ao
Republicanos e ligado a contraventores, co-
mo um dos nomes de maior influência no
governo Crivella. Segundo os investigadores,
Alves cuidava de pagamentos e nomeações
em um cardápio variado de serviços, desde a
iluminação pública até o turismo. Um de
seus principais aliados nessa atividade
transversal na máquina pública era, ainda
segundo o MP, Mauro Macedo, tesoureiro
ADRIANOMACHADO/REUTERS
DIREITA UNIVERSAL
O bispo da Universal,
Edir Macedo (abaixo). A cúpula
quer que o partido se distancie
da igreja para atrair candidatos
e eleitores de outras
denominações evangélicas
e até mesmo católicos
Flávio e Carlos Bolsonaro
se filiaram ao Republicanos
no Rio de Janeiro, assim
como sua mãe, Rogéria
31
de Crivella nas últimas campanhas eleitorais
e primo de Edir Macedo.
O envolvimento de Mauro Macedo, mais
do que Rafael Alves, empurra o prefeito para
o olho do furacão. Apelidado de Mestre dos
Magos por sua onipotência na campanha vi-
toriosa à prefeitura, em 2016, Mauro Macedo
é um dos aliados mais antigos e próximos a
Crivella justamente pela relação que antece-
de a política. “O Mauro é a família. É por isso
que o Rafael Alves fala que poderia derrubar
não só o Crivella, mas a igreja, se falasse o
que sabe”, disse um ex-funcionário do pre-
feito, referindo-se a mensagens obtidas pelos
investigadores no celular de Alves.
Até agora, o principal problema que Cri-
vella havia arrumado pela atenção dedicada
às igrejas foi um pedido de impeachment,
que virou também investigação do Ministé-
rio Público, motivada pelo evento Café da
Comunhão, realizado em julho de 2018, na
sede da prefeitura. Nele, Crivella prometeu
vantagens na fila de hospitais públicos a
pessoas indicadas por pastores de diferentes
denominações, cunhando o famoso bordão
“fala com a Márcia”, assessora do prefeito à
época. A investigação pode até deixar Cri-
vella inelegível, mas o prefeito já conseguiu
arquivar pedidos de afastamento e a abertu-
ra de uma CPI sobre o assunto.
Há quatro anos, a força da Universal nasurnas do Rio de Janeiro se traduziu na
eleição de apenas três vereadores ligados à
igreja: João Mendes de Jesus, Bispo Inaldo
Silva e Tânia Bastos. Neste ano, a aproxima-
ção de Crivella com o presidente Jair Bolso-
naro poderá se traduzir numa ampliação
sem precedentes da base parlamentar do Re-
publicanos. Enquanto os três vereadores
eleitos em 2016 deverão concentrar os votos
da igreja na busca por mais um mandato, a
nova leva de candidatos do partido terá no-
mes que vão desde o ator Paulo Cinturaao
DJ Tubarão, conhecido no funk carioca. Na
esteira do alinhamento a Bolsonaro, o Repu-
blicanos terá ainda ao menos meia dúzia de
candidatos ligados à área de segurança, sen-
do três egressos da Polícia Militar, um da
Marinha, um inspetor penitenciário e a ins-
petora-geral da Guarda Municipal, Tatiana
Mendes. A pedido de Carlos, o partido abra-
çou também seu principal colega na Câmara
Municipal, o vereador Leandro Lyra, eleito
pelo partido Novo. Luis Carlos Gomes da
Silva, bispo da Universal e presidente esta-
dual do Republicanos, enxergou a onda Bol-
sonaro como chance de estimular mais
membros da igreja a também tentarem a
sorte de ser “puxados” nesta eleição. “A po-
lítica só chegou a esse ponto porque ficamos
de fora dela. Agora, o partido vai fazer mais
de dez vereadores”, calculou Silva.
Nesta eleição, o Republicanos lançará ca-
beças de chapa em capitais de nove estados
(RJ, SP, AM, PA, RO, MA, MG, ES e RS). A
maioria deles se esforça para associar suas
A nova leva de candidatos do partido
nas eleições municipais será ummosaico
identitário, com nomes que vão
do ator Paulo Cintura ao DJ Tubarão,
conhecido no funk carioca
CHIQUITOCHAVES/AGÊNCIAOGLOBO
DIREITA UNIVERSAL
32
propostas ao presidente — e aguarda retri-
buição. Embora tenha dito que não se en-
volveria no pleito, Bolsonaro tem deixado
sua participação mais evidente nas disputas
nas duas principais capitais do país. Em São
Paulo, em sua primeira entrevista como can-
didato, o deputado Celso Russomanno deu
logo o recado de que é “alinhado” a Bolso-
naro. Sua fala buscava contrapor o PSDB,
que domina a prefeitura e o governo estadual
e vive às turras com o presidente. Bolsonaro
chegou a tentar, sem sucesso, interferir no
PSL — partido que o levou ao Planalto e
com o qual rompeu logo depois — para tro-
car a deputada Joice Hasselmann por um vi-
ce na chapa do Republicanos, na capital
paulista. No Rio, o candidato do PSL à pre-
feitura, Luiz Lima, não terá o apoio da famí-
lia presidencial, aliada de Crivella.
Ao oficializar a candidatura de Celso
Russomanno à prefeitura de São Paulo num
pequeno auditório de um antigo casarão na
Avenida Indianópolis na última quarta-feira,
na Zona Sul de São Paulo, Marcos Pereira
buscou explicar a recente proximidade com
o presidente. Trata-se de uma mudança e
tanto para um político que, apesar de ocu-
par o posto de vice-presidente da Câmara
dos Deputados, não era sequer recebido por
Bolsonaro no Palácio do Planalto até poucos
meses atrás. Pereira jura não se tratar de
oportunismo. “O Republicanos não se decla-
ra conservador para se aproveitar da ascen-
ção do presidente. Essa nossa mudança veio
ao encontro do que a sociedade brasileira e
paulistana querem”, disse. Mas, a exemplo
do que ocorre em todo o centrão, o conser-
vadorismo é um conceito bem mais elástico
do que se imagina. Na eleição municipal, a
legenda terá coligações com partidos de to-
do o espectro político, inclusive da esquer-
da: DEM, PROS, PSDB, Progressistas, MDB,
PSD, PSB e PDT. No Recife, o socialista João
Campos, filho do ex-governador Eduardo
Campos, morto em um acidente aéreo em
2014, contará com o apoio do Republicanos.
Em Aracaju, será Edvaldo Nogueira, do
PDT, o depositário dos votos da Universal.
Em sua estratégia de diversificação, o Re-publicanos tem aberto as portas a mem-
bros das mais variadas denominações cris-
tãs e até a políticos de outras religiões. Em
março, já havia filiado o também deputado
Marco Feliciano, aliado de primeira hora
de Bolsonaro, que é de uma igreja evangéli-
ca ligada à Assembleia de Deus, concorren-
te da Universal. Diante dos novos quadros,
o presidente Marcos Pereira refuta a tese de
influência da igreja, afirma que há indepen-
dência no partido e cita dados de que, dos
34 deputados da bancada federal, só 14 são
da igreja. “A maioria são pessoas de outras
denominações religiosas ou de outras áreas”,
disse Pereira. Mas há dúvidas sobre tal inde-
pendência ser colocada em prática. O depu-
tado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) afirmou
O presidente Marcos Pereira refutou a tese
de influência da igreja nas decisões
internas, afirmou que há independência
no partido e disse que, dos 34 deputados
da bancada federal, só 14 são da Universal
DIREITA UNIVERSAL
JORGEWILLIAM/AGÊNCIAOGLOBO
33
que já foi convidado para migrar para o Re-
publicanos, mas explicou que nos momen-
tos decisivos a palavra final sempre é da
Igreja Universal. “Vejo a Igreja Universal
muito exclusivista no segmento evangélico.
Só querem misturar-se quando tem conve-
niência pra eles. Tenho meus dois pés atrás.
No fundo, os nomes da Universal sempre
prevalecem”, disse.
Sob o comando de Pereira desde 2011,
quando tinha oito deputados federais elei-
tos, a sigla mais que quadruplicou a bancada
na Câmara dos Deputados, ultrapassando
partidos tradicionais como PSDB, PDT e
DEM. Os planos para o futuro são ambicio-
sos. Nesta eleição, a “meta” é triplicar o nú-
mero de prefeitos, que hoje são cerca de 100,
e também de vereadores nas Câmaras —
eles somam 1.200 cadeiras pelo país.
Marcos Pereira reforçou que a guinada
conservadora começou antes do fenômeno
do bolsonarismo, quando uma pesquisa en-
comendada pelo partido nos idos de 2017
mostrava certa simpatia do eleitorado às
ideias defendidas pela direita, sobretudo no
campo econômico. Em maio de 2019, quan-
do o nome PRB foi abandonado em detri-
mento de Republicanos, houve até mesmo a
adoção de um pensador para lastrear a nova
fase da legenda: o filósofo político america-
no Russell Kirk (1918-1944), amplamente ci-
tado por Olavo de Carvalho em suas “aulas”.
Os novos tempos de proximidade com o
poder trouxeram também uma boa dose de
autoestima para os integrantes do partido,
com destaque para o próprio Marcos Perei-
ra, que não esconde a vaidade ao ver seu no-
me hoje na bolsa de apostas para a vaga
“terrivelmente evangélica” que poderá vir a
surgir no STF com a aposentadoria de Cel-
so de Mello. “Eu me sinto honrado, mas
meu foco é o Legislativo”, disse ele. A mo-
déstia é colocada à parte, porém, quando
Pereira é confrontado sobre as articulações
que conduz para a substituição de Rodrigo
Maia na presidência da Câmara dos Deputa-
dos. Aí, com voz entusiasmada, não esconde
a empolgação. “Estamos trabalhando.”
CLAUDIOBELLI/AGÊNCIAOGLOBO
DIREITA UNIVERSAL
O presidente do
Republicanos, Marcos
Pereira (à esq.), comanda
o partido desde 2011.
No período, a bancada
na Câmara dos
Deputados saltou de
oito para 34
parlamentares
Celso Russomanno
(abaixo) selou sua
candidatura à prefeitura
de São Paulo pelo
partido com o aval de
Jair Bolsonaro
APRESENTADO POR
Quem diria que o vinho e a internet
se tornariam uma dupla tão perfeita?
Durante a quarentena, as conversas
on-line, acompanhadas de brindes à
distância, ajudaram a amenizar a saudade
e se tornaram a marca de um tempo. Por
isto, nadamais natural que omaior evento
de vinhos portugueses do Brasil ganhar
uma edição digital em 2020. Os ingressos
para a 7ª Edição do Vinhos de Portugal já
estão à venda e várias atrações já podem
ser acompanhadas pelo site.
Do dia 23 ao dia 25 de outubro serão
realizadas lives para todo o país, com
62 produtores e 15 provas com críticos
brasileiros e portugueses. Quemmora no
Grande Rio e na Grande São Paulo tem
a opção de adquirir ingresso e receber
vinhos em casa. Mas, mesmo quemmora
em outras cidades pode comprar as lives,
as provas e os vinhos.
O evento será pela primeira vez reali-
zado no país inteiro. Qualquer pessoa em
qualquer lugar do Brasil pode comprar os
ingressos, já que a plataforma do evento
tem a lista de importadoras de cada
cidade, onde pode-se encontrar os vinhos.
O participante que adquirir o ingresso
com a gift box receberá em casa um rótulo
surpresa de umdos produtores presentes,
a revista do evento e brindes como o guia
de enoturismo do Centro de Portugal.
Das 15 provas, quatro serão inéditas
com a presença do produtor e duração de
uma hora. Os participantes terão a opor-
tunidade de sorver até quatro vinhos
premium,muitos dos quais não são vendi-
dos no Brasil.Será uma ótima oportuni-
dade de compartilhar este momento com
a família, o companheiro ou aquele amigo
querido, mesmo à distância.
SALÃODEDEGUSTAÇÃO
Nesta 7ª Edição do Vinhos de Portugal,
cinco críticos do evento conduzem o
Vinhos de Portugal se torna on-line em 2020, com provas de rótulos
inéditos, envio de garrafas aos participantes e passeio virtual
Para degustar em casa
Maior evento de vinhos portugueses
do Brasil ganha edição digital em 2020
23 a 25 de outubro
Ingressos:
vinhosdeportugal2020.com.br
VINHOS PREMIUM
EM CASA PROVAS ESPECIAIS GIFT BOX
Os participantes das
provas que moram
no Grande Rio e
na Grande São
Paulo recebem de
3 a 4 garrafas de
vinhos premium,
muitos dos quais
não são vendidos
no Brasil.
Das 15 provas,
quatro serão
especiais, com a
presença dos
produtores: Luís
Pato, João Portugal
Ramos, Pedro
Baptista e o casal
Jorge Serôdio Borges
e Sandra Tavares.
Moradores do
Grande Rio e da
Grande São Paulo
podem receber em
casa uma gift box com
um rótulo surpresa de
um dos produtores
presentes, a revista
do evento e outros
brindes.
62 PRODUTORES
O evento reúne 62
produtores de nove
regiões: Alentejo,
Bairrada, Beira
Interior, Dão, Lisboa,
Porto e Douro, Tejo,
Vinhos Verdes e
Península de
Setúbal.
UM ENCONTRO
DE SABORES E
APRENDIZADO
CONTEÚDO PUBLICITÁRIO PRODUZIDO POR
Evento serápela
primeira vez realizado
simultaneamenteno
Brasil e emPortugal
Salão de Degustação. Estarão presentes
o único Master of Wine de língua portu-
guesa, Dirceu Vianna Junior; o crítico
brasileiro do Valor Econômico, Jorge
Lucki; o diretor do jornal Público,Manuel
Carvalho; e os críticos portugueses Luís
Lopes e Rui Falcão.
Outra novidade é que, pela primeira
vez, haverá uma prova especial de azei-
tes com Ana Carrilho, do Esporão; e as
jornalistas Luciana Fróes, de O Globo,
e Alexandra Prado Coelho, do jornal
Público. A prova é gratuita para os cem
primeiros consumidores que compra-
rem ingressos.
Vinhos de Portugal é uma realização
dos jornais O Globo, Valor Econômico e
Público, com parceria de ViniPortugal,
apoio do Instituto dos Vinhos do Douro
e Porto (IVDP), Comissão Vitivinícola do
Alentejo, Agência Regional de Promoção
Turística do Centro de Portugal,
Associação Portuguesa de Cortiça
(APCOR), Mozak e AGO, participa-
ção da Comissão Vitivinícola do Dão e
Azeites Esporão, projeto da Out of Paper,
rádio oficial CBN e apoio institucional
do SindRio.
PASSEIOVIRTUALNASVINÍCOLAS
Uma plataforma digital leva o consumi-
dor a uma viagem pelomundo dos vinhos
portugueses das oito regiões vinícolas, de
norte a sul do país. Nos meses de julho e
agosto, uma equipe viajou pelas quintas de
62 produtores para fazer vídeos e fotogra-
fias que ilustram o passeio virtual.
Com acesso gratuito, a plataforma
já pode ser acessada para esta incrível
viagem virtual! Trata-se do único conte-
údo digital que revela ao consumidor o
mundo dos produtores de vinho, com
histórias e imagens inéditas das quintas
e informações sobre os vinhos que vão
desde as fichas técnicas até onde comprá-
-los no Brasil. Cada produtor terá uma
página exclusiva.
TOMARUMCOPO
Uma das mais populares das edições
anteriores, a sessão “Tomar um Copo”
também terá formato digital. Vinte e
dois produtores, a maioria do Alentejo,
do Porto e Douro recriaram a atividade
em vídeos onde degustam vinhos e falam
sobre cultura. Nenhum país do mundo
reúne informações de produtores agre-
gadas em um só espaço e com este forte
apelo visual.
A cantora e compositora Adriana
Calcanhotto, que há quatro anos é
presença garantida no evento, também
viajou pelas regiões do Douro e Dão e
encabeça uma série de três vídeos inéditos.
VINHOSCOM
Em2020, haverá tambémo “VinhosCom”,
com viagens que unem a enologia com a
sustentabilidade. Umdos principais desti-
nos desta incursão em vídeo é o centro de
Portugal, onde o passeio começa na Serra
da Estrela, na praia fluvial mais alta do
país, atravessa uma vila e termina em um
hotel, campeão de sustentabilidade e para-
íso dos surfistas de todo omundo.
Vinícolas portuguesas poderão ser
visitadas em passeio virtual
Foto FernandoDonasci/Divulgação
FERNANDOHOLIDAY, 23 anos, paulista
O que faz e o que fez: vereador de São Paulo
pelo Patriota. Foi eleito em 2016 com48mil votos,
depois de ganhar projeção noMovimento Brasil Livre
(MBL), uma das organizações responsáveis
por convocar protestos de rua pelo impeachment
da ex-presidenteDilmaRousseff
SANTANA×HOLIDAY
porMarlenCouto
IRAPUÃSANTANA, 33 anos, fluminense
O que faz e o que fez: advogado e consultor jurídico da
Educafro e do Livres. Deu suporte à consulta feita ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que levou aCorte a
decidir pela divisão de recursos do fundo eleitoral para
candidatos negros. É doutor emDireito pela
Universidade do Estado doRio de Janeiro (Uerj)
Oadvogado e o vereador discordam
sobre divisão proporcional de recursos
do fundão para candidaturas negras
MONTAGEMSOBREFOTOS:KARIMEXAVIER/FOLHAPRESS | ROBERTOCASIMIRO/FOTOARENA
CONCORDAMOS EM DISCORDAR36
A distribuição proporcional de recursos do fundo eleitoral e
do tempo de rádio e TV para candidaturas negras, como deci-
diu o TSE, é necessária? O que explica o baixo número de
candidatos negros eleitos no Brasil?
IRAPUÃ SANTANA Historicamente, os partidos políticos investem me-
nos tempo e dinheiro nas candidaturas de pessoas negras. Em 2016,
dos 5.500 municípios, em mais de 2.500 não existia sequer um candi-
dato a prefeito negro. Fui pesquisar o porquê disso e a primeira hipótese
em que pensei foi a distribuição demográfica de brancos e negros no Bra-
sil. Achei que boa parte desses casos de cidades sem candidatos negros
estaria na Região Sul, por ter proporcionalmente menos negros em sua
população. Mas verifiquei que havia discrepância em todas as regiões do
país. A partir disso, comecei a observar como se deram as eleições an-
teriores e vi que, quanto maior o cargo disputado, menor o número de
negros candidatos. Além disso, em algumas cidades, os candidatos
brancos chegavam a ter três vezes mais investimento de verba pública
do que os candidatos negros. Entendi que o que efetivamente modifica
esse panorama é o dinheiro investido. Se estamos falando de dinheiro
público, temos de nos perguntar por que esse dinheiro não está che-
gando às pessoas negras. A Constituição veta esse tipo de discrimina-
ção, afinal de contas todos são iguais perante a lei. Todos têm de ter a
mesma chance de concorrer.
FERNANDO HOLIDAY Sou contra essa medida. Acredito que, para que
os negros alcancem posições de destaque, especialmente nas eleições,
eles precisam ter um caminho respeitável até a vitória. E, para ter um
caminho respeitável, eles não podem ter uma ajuda que os outros não
tiveram, porque acabam não sendo dignos dos votos das pessoas. Isso
está relacionado a um problema mais grave no país, que é o racismo
enraizado. Para que o racismo seja vencido, os negros precisam ser
respeitados. A meu ver, essa política instituída pelo TSE, de garantir
verbas para candidaturas negras somente por conta da cor da pele, não
ajuda na superação desse preconceito e não ajuda a alcançar esse res-
peito que todos nós queremos.
O plenário do TSE decidiu que a mudança deveria valer ape-
nas em 2022, mas o ministro Ricardo Lewandowski, do Supre-
mo Tribunal Federal (STF), determinou em decisão liminar que
a divisão proporcional comece a valer a partir deste ano. Em
sua avaliação, a regra deve valer já para esta eleição?
IS O que ficou decidido por uma votação apertada no TSE é que valeria
só a partir de 2022, por conta do artigo 16 da Constituição. Entretanto,
existem precedentes no Supremo Tribunal Federal. O próprio artigo 16
fala especificamente de casos em que a lei eleitoral venha a ser modifi-
cada, para os quais se aplicaria o princípio da anterioridade, o que exige
que a mudança ocorra um ano antes da eleição. Mas a gente não está
falando de lei, e sim de uma interpretação dentro de um procedimento.
E houve precedente justamente nas cotas femininas em relação a isso,
que foram aplicadas no mesmo ano também.FH A decisão do plenário do TSE era muito clara em relação à validade a
partir da próxima eleição. Uma decisão monocrática como essa, de um
único ministro, acaba desrespeitando a própria Corte. Apesar de discordar
da política como um todo, acho pior ainda o fato de a decisão de um mi-
nistro prevalecer sobre um plenário. É evidente que isso vai interferir nas
eleições de forma que nenhum candidato esperava. Vai bagunçar o jogo.
CONCORDAMOS EM DISCORDAR 37
Que impacto as mudanças terão nas eleições?
IS Deverão ter impacto positivo nas eleições e na sociedade brasilei-
ra. Com mais representantes negros em cargos públicos, teremos um
olhar mais acurado para as populações marginalizadas das cidades.
Saneamento, assistência de saúde e outros assuntos ficam mais evi-
dentes na atuação de pessoas mais periféricas, por exemplo, nas câ-
maras municipais e prefeituras. Um exemplo: existe um plano nacio-
nal para saúde integral da população negra no SUS, mas ele foi im-
plantado em apenas 57 municípios. Esse tipo de política poderá ser
reavaliado a partir do momento em que mais candidaturas negras
sejam efetivamente eleitas.
FH Possivelmente, teremos mais candidatos negros, mas no fim do
dia não teremos muitos mais políticos negros eleitos, porque as pes-
soas não vão votar por conta da cor da pele do candidato, mas pelas
ideias que defendem. Se as ideias da maioria dos candidatos negros
não condisserem com os desejos da sociedade, de nada vai adiantar,
a não ser para aumentar a tensão racial no Brasil.
Há risco de os partidos deixarem de lançar candidatos ne-
gros para não terem de destinar mais recursos para essas
candidaturas?
IS As pessoas mal-intencionadas sempre vão tentar burlar regras fei-
tas para o bem. A partir do momento em que se observar má-fé dos
partidos, existem duas consequências possíveis. A primeira é o julga-
mento das contas eleitorais ser rejeitado. A segunda é a reação da pró-
pria sociedade. Vai pegar muito mal para o partido se ela verificar
que a sigla está impedindo candidaturas negras.
FH É possível. Na prática, acredito que alguns partidos vão manter os
candidatos negros que avaliam ter potencial e eliminar os que não
tenham. Dessa forma, vão evitar dar uma porção grande do fundo
eleitoral para candidatos negros. De todo modo, os candidatos que
forem eleitos e que usarem essa verba vão ser desrespeitados de algu-
ma maneira por isso, por terem tido acesso a um tipo de privilégio.
Além das mudanças definidas pelo TSE, que medidas po-
dem ser tomadas para que o país tenha mais candidatos ne-
gros eleitos?
IS O principal é o financiamento das campanhas, o dinheiro e o
tempo de rádio e TV, que significam a possibilidade de chegar ao
eleitor. Entendo que as cotas para as candidaturas negras são impor-
tantes também, mas isso vai ficar para o debate no Legislativo.
FH Existe um problema. Claro que as pessoas não estão votando
em candidatos negros. A gente vê isso pelo retrato do Congresso e
da Câmara dos Vereadores. Só que a cota racial não resolve o pro-
blema. O problema está na educação. Os negros, de uma forma ge-
ral, precisam ascender socialmente para que tenham condições de
se candidatar e ter meios de divulgar suas ideias. Alguns poucos
conseguem, como eu consegui por meio das redes sociais. O me-
lhor meio para isso acontecer, a opção mais imediata que nós te-
mos, é uma ampliação de cotas sociais nas universidades em detri-
mento das cotas raciais, e haver uma conscientização para que mais
pessoas privadas doem para candidaturas negras, mas não porque
são negros, e sim porque verdadeiramente representam causas
demandadas pela sociedade.
CONCORDAMOS EM DISCORDAR38
JairBolsonaro eAndrésManuel LópezObrador (AMLO)pareciam, no ano longínquo de 2018, duas figuras políti-
cas diametralmente opostas. De um lado, um ex-deputado
candidato à Presidência nitidamente reacionário — extre-
ma-direita passou a ser o termo para designar aqueles que
antes eram mais diretamente identificados. Bolsonaro é
não apenas reacionário, mas abertamente refratário às ins-
tituições que compõem a democracia brasileira. Do outro
lado, tínhamos um político de esquerda, com experiência
em gestão — havia sido prefeito da Cidade do México —,
defensor da democracia e dos direitos dos mais pobres.
Ambos demonstravam inclinações populistas, é verdade,
mas em todo o resto as diferenças erambrutais. Veio a pan-
demia. Veio a pandemia e a resposta de um e de outro foi
praticamente a mesma. Ignoraram a gravidade do quadro,
não adotarammedidas para frear a disseminação do vírus,
não fizeram políticas adequadas para resgatar suas econo-
mias do desastre. Contudo, gozamde índices de aprovação
razoáveis, e, de ummodo geral, o povo nas ruas os enxerga
com bons olhos. Notem: falei do povo nas ruas.
Tanto AMLO quanto Bolsonaro
foram às ruas dizer a ambulantes
e outros trabalhadores que essa
história de quarentena não fazia
sentido pois perderiam seus meios
de sobrevivência.
Ambos usam um linguajar simples e não escondem seu
ladomais rude. Não têm diplomas para ostentar, tampou-
co acreditamnesses diplomas. Pelopoder da retórica junto
ao povo, pela essência de seu populismo desvelado, impu-
seram suas próprias narrativas sobre o que está acontecen-
do em seus países. Conseguiram, cada um a seu modo,
calar a oposição e não lhe oferecer qualquer alternativa de
engajamento com o povo que eles agora chamam de seu.
Dói constatar isso? Claro. Mas é essa a realidade das duas
maiores economias da América Latina.
O que se passa nas outras? No Chile e na Colômbia, dois
países sempre elogiadospela boa conduçãodapolítica econô-
mica, pelo respeito às instituições, pelas difíceis transforma-
ções pelas quais passaram esses países, estão à beira do caos
social. Na recente reunião anual da Corporação Andina de
Fomento(CAF) tiveaoportunidadededividirumpainel com
cientistas políticos desses dois países. A avaliação que fizeram
foidura.Disseramque tantoSebastiánPiñeranoChile, quan-
to IvánDuque na Colômbia estão extremamente frágeis ante
a frustração da população. Os problemas econômicos e de
saúdepúblicadesses países estão sendoatribuídos às falhas de
seus respectivos governos. Há risco de revoltas sociais, quiçá
piores do que as que testemunhamos em outro ano longín-
quo, a segunda metade de 2019. Detalhe mais do que impor-
tante: Piñera e Duque são de centro-direita, tecnocráticos,
com currículos para esbanjar. O que lhes falta? A capacidade
deconectar-secomopovo.MartínVizcarra,doPeru, também
se enquadra nesse critério de falta incapacitante.
Haverá eleições presidenciais no Peru em 2021. Haverá
eleições presidenciais noChile em 2021. O desfecho desses
pleitosmuito dirá sobre os rumosdaAmérica Latina.Com
eleitores frustrados vítimas da pandemia, da crise e da de-
sigualdade, não é irrazoável supor que haja uma guinada
para o populismo. Nesse caso, a Colômbia será a próxima
—por lá, hámuitos arrependidos de terem votado no cen-
trista Duque e não nos candidatos dos polos.
A pandemia tem oferecido múltiplas oportunidades
para que os populistas façam aquilo que sabem fazer me-
lhor: encantadores de serpentes, prometem para o povo
uma vida melhor enquanto garantem seu próprio futuro
político aniquilando a oposição. Se os demais países da
região olharem não para as péssimas lições evidentes nas
ações do México e do Brasil, mas em como esses líderes
foram capazes de superar desafios que pareciam insuplan-
táveis, poderemos vir a testemunhar algo que não é nada
raro na América Latina: o retorno dos populistas. Não da-
quelesde traçosmais leves, comovimosnosanos2000,mas
daqueles que sempre foram responsáveis, no decorrer da
história, pelos piores desastres dessa pobre regiãomarcada
por oportunidades perdidas e desperdiçadas.
M.B. mbolle@edglobo.com.br
MONICA DE BOLLE É PESQUISADORA SÊNIOR
DO PETERSON INSTITUTE FOR INTERNATIONAL
ECONOMICS E PROFESSORA
DA UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS
O ESPECTRO DO POPULISMO
NA AMÉRICA LATINA
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TANQUE BAIXO40
Terminal da Transpetro
em São Sebastião.
A estratégia de Roberto
Castello Branco é

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