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ARTIGO ORIGINAL ISSN: 2178-7514 Vol. 12| Nº. 3| Ano 2020 OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO DE QUEIMADURA APÓS PROCEDIMENTO DE CRIOLIPÓLISE: RELATO DE CASO Luana Caroline Pereira Rodrigues¹, Caroline Prudente Dias2, Aline Leal de Oliveira3, Rodrigo Santiago Barbosa Rocha4, Larissa Salgado de Oliveira Rocha5 RESUMO Objetivo: Verificar a influência de um protocolo na otimização do processo de cicatrização de queimadura decorrente do uso da criolipólise. Métodos: Trata-se de um relato de caso descritivo, em um indivíduo do sexo feminino o qual se submeteu ao procedimento de criolipólise na região abdominal superior e inferior, sendo que após o procedimento a paciente foi acometida por queimadura grau 2 na região do abdômen superior. Foi aplicado protocolo de otimização do processo cicatricial com o uso do laser vermelho 660nm, carboxiterapia e fator de crescimento. Resultados: Após sete dias, a pele da região da queimadura apresentou-se com aspecto vermelho escuro no centro e nas bordas ainda com processo inflamatório, sem prurido e sem bolhas. No décimo quinto dia de tratamento, verificou-se delimitação da área dos piltiers e a pele com sinais de cicatrização, com a área de queimadura delimitada. No segundo mês, observa- se processo de cicatrização das bolhas e com melhora da coloração e pigmentação. Posteriormente, com três meses de tratamento da queimadura, visualiza-se uma pele firme, lisa e sem cicatriz aparente demonstrando total recuperação do tecido. Conclusão: O protocolo demonstrou-se eficaz para a otimização de cicatrização da queimadura pela criolipólise, melhorando de maneira satisfatória a textura e pigmentação da pele, bem como o processo cicatricial, quando comparadas com o tecido não lesado pela queimadura. Palavras-chave: Fator de crescimento; Laser Vermelho; Queimadura; Cicatrização ABSTRACT Objective: To verify the influence of a protocol in the optimization of the burn healing process resulting from the use of cryolipolysis. Methods: This is a descriptive case report, in a female individual who underwent a cryolipolysis procedure in the upper and lower abdominal region, and after the procedure the patient was affected by a grade 2 burn in the abdomen region. higher. A protocol for the optimization of the healing process was applied with the use of the 660nm red laser, carboxytherapy and growth factor. Results: After seven days, the skin of the burn region was dark red in the center and on the edges, still with an inflammatory process, without itching and without bubbles. On the fifteenth day of treatment, there was delimitation of the area of the piltiers and the skin with signs of healing, with the area of burn delimited. In the second month, there is a healing process of the blisters and an improvement in color and pigmentation. Subsequently, with three months of treatment of the burn, a firm, smooth skin with no apparent scar is visible, showing total tissue recovery. Conclusion: The protocol proved to be effective for optimizing the healing of burns by cryolipolysis, satisfactorily improving the texture and pigmentation of the skin, as well as the healing process, when compared to the tissue not injured by the burn. Keywords: Growth Factor; Red Laser; Burn; Healing Autor de correspondência Luana Caroline Pereira Rodrigues E-mail: carollynne_0000@hotmail.com 1 Pós graduanda em Fisioterapia Dermatofuncional Internacional na Faculdade Inspirar (INSPIRAR) 2 Graduanda do Curso de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) 3Pós graduada em Fisioterapia Dermatofuncional (UNISANTANA) e Fisioterapia Estética (IBRAPE) 4Doutor e docente do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) 5 Doutora em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) e da Pós graduação da Faculdade Inspirar Optimization of burn healing procedure after criolipolysis procedure: case report DOI: doi.org/10.36692/v12n3-14 https://doi.org/10.36692/v12n3-14 Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 2 INTRODUÇÃO Os aspectos socioculturais e mídias sociais tem influenciado em parte a população na busca do corpo magro e belo. Assim, dietas, exercícios e procedimentos estéticos são modalidades bastante procuradas. A criolipólise por ser uma forma segura e não invasiva de esculpir o corpo e reduzir a gordura localizada, é um dos tratamentos mais procurados (1). Com isso, a maioria da população do gênero feminino que busca pelo “corpo perfeito”, procura centros, clínicas e consultórios estéticos que oferecem procedimentos como a criolipólise, sendo as regiões que geram mais incômodos são o abdômen superior e inferior, flancos e região dorsal, no entanto se faz imprescindível a avaliação global e criteriosa para o desenvolvimento do plano de tratamento(2). Desenvolvida por pesquisadores em Harvard nos Estados Unidos, a criolipólise é considerada uma técnica não invasiva, com eficácia comprovada em estudo piloto, em uma espécie de suíno submetido ao frio extremo e após três meses da exposição foi mensurado redução do tecido, sem danos locais (1,2). A técnica mais utilizada é a acoplação da manopla na superfície da pele, com resfriamento controlado e localizado na região adipocitária, por um período de 40 a 60 minutos(3). Devido à prolongada exposição ao frio, é utilizada uma manta de proteção com agentes anticongelantes sobre a pele antes da acoplação da ponteira. Ela deve estar esticada cobrindo toda a região tratada e placas com a pele da paciente, sendo essencial para a proteção, diminuindo o risco de queimaduras (1,2). Apesar de todos os cuidados e orientações podem ocorrer queimaduras quando não se utiliza a manta anticongelante ou quando é reutilizada, ou quando a máquina de criolipólise está descalibrada ou sem a devida manutenção, que se dá quando os piltiers que ficam dentro das placas oscilam não mantendo a temperatura que está descrita no aparelho, fazendo com que não resfrie as placas ou congele muito ao ponto lesar a pele por congelamento (4). Ademais, as queimaduras podem ser visualizadas mais comumente em pessoas com pouco tecido adiposo as quais são submetidas ao procedimento, por isso é de suma importância durante a avaliação para verificar a espessura da camada adiposa, e os fatores relacionados a circulação, para evitar qualquer intercorrência. Além disso, pode influenciar também no processo de queimadura, se o aparelho estiver com a pressão muito forte ou quando a máquina de criolipólise estiver sem a manutenção adequada (5). Desta forma, considerando as lesões desencadeadas pelo frio destacam-se quatro fases, a primeira é a pré-congelamento que ocorre o processo de resfriamento da pele levando a alterações de vasoplasticidade e filtração plasmática, quando o tecido é Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 3 submetido a temperaturas de 3 a 10ºC. A segunda é a fase de congelamento, onde a pele atinge -4ºC, a propriocepção já está abolida e não há circulação sanguínea e a partir dessa fase há a cristalização, em que a temperatura dos tecidos cai num intervalo de 0,5ºC/min (6). A fase três é a de estase vascular, na qual já há alteração dos vasos sanguíneos desencadeando espasticidade, consequentemente extravasamento do plasma caracterizando a estase celular. A isquemia é a última fase, tendo como resultado trombose, disfunções autonômicas, gangrenas e isquemias(6). Alguns recursos eletrotermofototerapêuticos podem ser utilizados para a otimização do processo de cicatrização da queimadura como a alta frequência que auxilia notratamento de lesões cutâneas, pelo efeito cicatrizante, analgésico, anti-inflamatório, ação bactericida e antisséptico (7). Durante a cicatrização, favorece no processo de neoformação, com aceleração dos fibroblastos e organização do colágeno (8), bem como a Carboxiterapia, para melhora da cicatrização e aumento do fluxo sanguíneo (9). A fotobiomodulação é uma modalidade não invasiva, com efeito cicatricial, anti- inflamatório e bioestimulador (10), a luz retarda o crescimento de bactérias, melhora a circulação local, oxigenação, vasodilatação e angiogênese (11). Estudos apontam que os fatores de crescimento, quando associados adequadamente, obtêm-se resultados no estimulo e reparo tecidual mais rápidos e eficazes. O Fator de Crescimento Epidérmico (EGF), é um peptídeo que produz uma variedade de respostas biológicas, contribui para a proteção epitelial contra agressões, reparo na mucosa pós lesão, além de estar envolvido na regulação da replicação, movimento e sobrevivência celular, sendo fundamental no processo cicatricial (12). Diante disso, há necessidade de conhecer os malefícios que o procedimento causa quando sua aplicabilidade ocorre de forma incorreta e por isso este estudo teve por objetivo demonstrar os efeitos de um protocolo de tratamento fisioterapêutico para um caso de queimadura com criolipolise na região de abdomem superior. MÉTODOS O presente estudo refere-se a um estudo de caso que teve caráter descritivo e retrospectivo, o qual foi desenvolvido em uma Clínica de Fisioterapia em Estética Avançada no Estado do Pará, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, Termo de Autorização de Fotografias e Filmagens. Neste estudo, participou uma paciente do sexo feminino, de 31 anos de idade, brasileira, a qual se submeteu ao procedimento de criolipólise na região abdominal superior e inferior, acometida por queimadura em grau 2 na região de abdômen superior. A voluntária procurou o atendimento estético por queixas de incômodo de gordura localizada na região abdominal, não havendo realizado Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 4 nenhum tipo de tratamento estético na região anteriormente. Na avaliação, foi observada gordura adiposa densa e localizada, identificados pela adipometria tendo como referência dois centímetros à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal e perimetria da região abdominal superior, umbilical e inferior, além de fotos da região tratada em vista de perfil, anterior e posterior. Durante todos os procedimentos avaliativos a paciente estava em posição ortostática. Após processo avaliativo antes da ocorrência da queimadura foi traçado como tratamento, duas sessões de criolipólise e 10 sessões de pós criolipólise, que corresponderiam a procedimentos utilizando ultrassom 3MHz, massagem modeladora e carboxiterapia, procedimentos estes que auxiliariam na perda da circunferência abdominal. A paciente se submeteu ao procedimento onde foi acoplado duas manoplas no abdômen (superior e inferior) uma de cada vez. Após quatro minutos do início da acoplação da criolipólise com aparelho Coolshuping®, a voluntária relatou dor na Escala Visual Analógica (EVA) em grau 9, no entanto, não foi retirado a manopla pois no ato da acoplação, ocorre dor devido a pressão sucção da manopla e esse desconforto dura em torno de 3 a 4 minutos até a analgesia causada pelo frio. Após percorrido quatro minutos do início da acoplação a mesma ainda relatava dor EVA em grau 9, então a manopla e a manta anticongelante foram retiradas. Quando retirada a manta anticongelante foi avaliado que na região de abdômen superior havia ocorrido uma queimadura grau 2, pois a pele se apresentava com o aspecto liso, brilhante, com hipóxia, além da formação de flictenas. A coleta foi iniciada imediatamente após ter ocorrido a queimadura por criolipólise, com isso, houve uma conversa com a paciente onde foram explicados e esclarecidos o protocolo proposto e os objetivos. O protocolo seguido após a constatação da queimadura de criolipólise foi: massagem local com as falanges médias e distais dos dedos com a glicerina da manta anticongelante, para a melhora da circulação e para que não haja um dano celular local¹. A massagem foi realizada por um tempo médio de dois minutos, até ser desfeito totalmente o gelo seguida da aplicação da Carboxiterapia com o aparelho ARES- IBRAMED® com fluxo de 200ml por minuto, agulha (13/3) com ângulo de 15º, circundando toda a região lesionada com intuito de oxigenar e melhorar a circulação local, sendo o tempo total de uso da carboxiterapia foram de dois minutos, sendo infundido 400ml de gás. Nesse caso a quantidade de gás injetada não é relevante, pois o intuito não é lipólise e sim apenas a oxigenação local. Posteriormente, o Laser da marca DMC foi aplicado na região para cicatrização e reparo tecidual e para acalmar e evitar proliferação de bactérias, com a dosimetria de 9 Joules, e caneta de 660nm pontualmente. A corrente de alta frequência da marca HTM Beauty Face, com aplicação direta/efluviação, através do eletrodo de vidro plano, ou seja, eletrodo do tipo cebola no tempo de dois minutos foi utilizado para Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 5 finalizar o protocolo de eletroterapia. Ao final dos procedimentos, foi realizado curativo local sendo aplicado Nebacetin (Sulfato de Neomicina), orientado pela fisioterapeuta Dermatofuncional e médica dermatologista da clínica, com gases secas e micropore, para evitar riscos de qualquer contaminação. Foi realizada a captação de imagens nos primeiros dias pós queimadura, compreendendo o período de 7, 15 dias e depois aos 30 e 90 dias, sendo o protocolo realizado durante três meses. O primeiro mês foi dividido em duas etapas. A primeira etapa ocorreu nos primeiros 15 dias, onde foram realizados todos os dias a alta frequência e a laserterapia, e na segunda etapa, ou seja, outros 15 dias, a voluntária tinha a frequência de quatro vezes na semana e nesses dias era realizado laser vermelho da marca DMC® 9J com a caneta 990nm e alta frequência com aplicação direta na região. No segundo mês, a voluntária passou a ir duas vezes por semana, sendo utilizado somente a laserterapia em seu tratamento, para potencializar o processo de cicatrização, quanto ao uso do Cicaplast, foi mantido durante todo o segundo mês. Terceiro mês de procedimento, a voluntária retornava a clínica para a realização do laser apenas uma vez na semana e o uso do Cicaplast foi suspenso, e foi indicado de acordo com orientação médica o fator de crescimento (EGF+ TGFmg/5ml + REV- FACE – 1Amp/5ml – Dmae 1.5% - Silício Orgânico 0.1% - Coenzima Q.10- 0,6% - Lidocaina 0.5%), em dias alternados. RESULTADOS A figura 1 ilustra a paciente no dia da avaliação. Observa-se adiposidade localizada densa e espessa na região de abdômen superior, inferior, flancos direito e esquerdo. Figura 1. Avaliação da paciente previamente ao procedimento de criolipólise. Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 6 A figura 2A, corresponde a sete dias após a queimadura, na qual esta região de abdômen superior apresenta-se com pele em aspecto vermelho escuro no centro e nas bordas ainda com processo inflamatório, sem prurido e sem bolhas. Na figura 2B, que demonstra 15 dias de tratamento, verifica-se que há a delimitação da área dos piltiers e a pele já apresenta sinais de cicatrização, com a área de queimadura delimitada. No segundo mês de tratamento (Figura 2C) observa-se um processo de cicatrização das bolhas e com melhora da coloraçãoe pigmentação. A figura 3, demonstra o resultado final de três meses de tratamento da queimadura por criolipólise, no qual visualiza-se uma pele firme, lisa e sem cicatriz aparente de queimadura demonstrando total recuperação do tecido. Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 7 DISCUSSÃO Queimaduras de grau II geralmente são queimaduras clínicas que acometem a camada epidérmica e uma parte parcial ou total da derme. Apesar de ser uma queimadura não letal e com tratamento, a sua cicatrização tem um processo dinâmico onde ocorrem vários eventos celulares e moleculares, com alto grau de sobreposição e interdependência e durante esse processo cicatricial pode ocorrer a formação de uma cicatriz hipertrófica, queloide entre outras afetando diretamente a autoestima dos pacientes (13). No estudo em questão, a voluntária apresentou uma queimadura em grau II cujo agente causal foi o frio gerado pelo equipamento de Criolipólise, devido a este não estar possivelmente com a manutenção adequada, o que configurou este grau de queimadura tendo assim que iniciar os procedimentos imediatos com auxílio de uma médica dermatologista para reverter o quadro circulatório de isquemia causado pelo agente agressor em baixa temperatura. O cuidado com a queimadura influencia diretamente no tempo de cicatrização, na qualidade e aparência ao longo prazo, além de minimizar o risco de infecção. O curativo pós queimadura também auxiliará no processo de cicatrização. O estudo de Wasiak et al (14), demonstrou que os curativos devem absorver o fluido e manter a umidade, o que é enfatizado no estudo, com o uso do micropore seco e Nebacetin para hidratar a pele. A massagem manual local foi utilizada inicialmente, pois aumenta o fluxo sanguíneo local, o que cria o estresse de cisalhamento estimulando a produção endotelial de substâncias vasodilatadoras como o óxido nítrico, prostaglandina e histamina, que são induzidos pela hiperemia causada pela pressão mecânica das mãos, aumentando a taxa de fluxo sanguíneo (15). Quanto ao uso da carboxiterapia foi imprescindível pois, como o local da queimadura se encontrava com aporte sanguíneo insuficiente/abolido, o uso do dióxido de carbono (CO2) condições fisiológicas resultaram em aumento do metabolismo celular, atuando assim, na regulação da reperfusão tecidual. Devido o PH tornar-se alcalino quando em contato com o gás, produz um efeito anestésico e espamolítico, com aumento de temperatura cerca de 1ºC. O PH reduzido e a hiperoxidação contribuem para microcirculação de vasos, arteríolas e pré capilares, por tanto esse processo promove a liberação de fatores de crescimento locais o que inclui os endoteliais e vasculares, estimulando a angiogênese (10). Quanto ao uso da fotobiomodulação refere-se ao uso de fótons com irradiação Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 8 não térmica com capacidade de alteração da atividade biológica. Sendo sua principal aplicação na redução da dor e inflamação, aumento do reparo tecidual e promoção e regeneração de diferentes tecidos (14). No estudo onde houve aplicação de laser 660nm 20 J/ cm2 em queimaduras de grau 2 em ratos, tanto o grupo laser inicial, onde houve a aplicação do laser logo após a queimadura, quanto o grupo laser tardio onde houve aplicação após 4 dias da lesão, os autores observaram a aceleração da reepitelização entre 14 e 21 dias o que pode configurar possivelmente o ciclo do colágeno apesar de que ocorre a diferença entre espécies se comparado ao presente estudo (16). Esses dados corroboram com o estudo, que demostra que o laser tanto imediatamente quanto tardio, contribui para a reparação tecidual das queimaduras, além de sua ação ser fundamental durante a fase proliferativa e no final do processo de reparo (17). No estudo de Jin et al.(18) a fotobiomodulação na crioterapia e na anticoagulação local precoce, foi utilizado o comprimento de onde de luz na faixa de 600 a 700 nm, para induzir reações fotoquímicas locais e promover a proliferação celular e reduzir a necrose e apoptose, além de evitar o aumento da profundidade da queimadura. No presente estudo optou-se por aplicar o laser 660 nm, o que demonstrou a melhora nas respostas inflamatórias e promoveu a liberação de fatores de crescimento por meio das reações bioquímicas. Em estudo com nove pacientes com queimaduras de segundo grau, a aplicação do laser 1 vez por dia durante uma semana, foi observada a cicatrização 50% mais rápida. O que corrobora com estudo, que logo após a queimadura foram realizados o laser nos primeiros 15 dias ininterruptamente associado a alta frequência para prevenir a proliferação de bactérias (14). A alta frequência demonstrou o quão foi essencial no processo de reparação tecidual da queimadura, além de evitar quaisquer processos infecciosos, reafirmando a sua utilização todos os dias durante os primeiros 15 dias da lesão. A passagem da corrente pelo eletrodo de vidro promove a ionização das moléculas de gás, ocasionando faíscas, produzindo ozônio em torno da região aplicada. Por ser muito instável durante a aplicação o ozônio quando em contato com a pele e o oxigênio atmosférico, ele se decompõe facilmente em oxigênio (O2) e oxigênio atômico (O). Tal evento bioquímico promove aumento do metabolismo celular, reparação tecidual, efeitos antimicrobianos, bactericidas e fungicidas, além de desenvolver tecido de granulação, o que possivelmente favoreceu os resultados promissores no estudo Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 9 em questão (19). Em uma revisão sistemática no ano de 2016, analisaram a terapia com fatores de crescimento, fator de crescimento epidermal (EGF), Fator de Crescimento Fibroblastos (FGF) e Fator Estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF) com aplicação tópica, onde houve aumento da cicatrização e redução do seu tempo médio de cicatrização. Os fatores EGF e FGF quando em contato nas células endoteliais e fibroblastos dérmicos, aceleram a reepitelização, aumentam a proliferação e a resistência à tração da derme cicatrizada, pois cicatrizes tratadas com FGF apresentam melhor processo de remodelação da pele e podem evitar o desenvolvimento de distúrbios fibro-proliferativos e clareamento da região (13). Desta forma, devido aos possíveis benefícios dos fatores de crescimento enfatizou-se o uso dos mesmos no presente estudo no ultimo mês de tratamento, como o fator de crescimento epidérmico (EGF) por ter ação reepitelizante, estimular a diferenciação de queratinócitos, proporcionar a substituição do tecido lesionado ou necrosado e acelerar a formação de tecido de granulação saudável, diminuindo a pigmentação da pele em decorrência de processo inflamatório. Já o TGF atua em sinergismo com o Fator de Crescimento Fibroblástico Básico no estímulo da produção de matriz extracelular servindo de principal sinalizador para fibroblasto na síntese e maturação de colágeno (12). Outro recurso elencado no tratamento da paciente queimada do presente estudo foi o DMAE (Dimetilaminoetanol), caracterizado por uma substância precursora da acetilcolina, utilizada para combater a flacidez, promover efeito lifting e diminuir as rugas finas. Foi utilizado para obtenção do efeito lifting no tecido em cicatrização, evitando assim a formação de linhas ou marcas na região (20). Além disso, é considerado um modulador de citocinas e regulador da função celular, crescimento e diferenciação da pele (21).Já o silício orgânico por desempenhar o papel de síntese das fibras de colágeno e elastinas, sendo capaz de devolver até 40% da firmeza e tonicidade da pele, reduzir a flacidez, além de ajudar na cicatrização de feridas, queimadura, acnes, eczemas, entre outros (22). A coenzima Q10 tem capacidade antioxidante por fazer a remoção direta de radicais livres, ou indireta pela regeneração da vitamina E (23). Sendo assim, para garantia do reparo tecidual no presente estudo foi necessário a associação de diversos recursos e trabalho em equipe multiprofissional do médico dermatologista e fisioterapeuta, o que gerou resultados promissores devido a ação destes recursos favoreceram todas as etapas Otimização do processo de cicatrização Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.12| Nº. 3| Ano 2020| p. 10 do processo de cicatrização estimulando a circulação sanguínea com consequente oxigenação do tecido, aumento da síntese de fibroblastos seguido da neocolagenogenese e neoelastogenese favorecidas por ação de fatores de crescimento e um ambiente propicio na matriz extracelular. CONCLUSÃO Os resultados do presente estudo onde visava a otimização do processo de cicatrização de queimadura após procedimento de criolipólise, demonstrou-se eficaz e seguro, apesar de ser realizado apenas em um único voluntário, o processo cicatricial, a textura e a pigmentação ao final do tratamento foram consideradas satisfatórias, quando comparadas com o tecido sadio, não lesado pela queimadura. No entanto, há poucas evidências relacionadas a queimaduras por frio e/ou criolipólise, no que limitou a pesquisa. REFERÊNCIAS 1. Falster M, Schardong J, Santos DP, Machado BC, Peres A, Rosa PV, et al. Effects of cryolipolysis on lower abdomen fat thickness of healthy women and patient satisfaction: a randomized controlled trial. Brazilian Journal of Physical Therapy, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.bjpt.2019.07.005 2. Tagliolatto S, Toschi A, Benemond TMH, Wu SLC, Yokomizo VMF. Criolipolise – revisão da literatura, relato e análise de complicações. 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