9_ANO (1CORREÇÃO )

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9 ANO 
	
	
Questão 1
Leia o trecho de notícia a seguir:
Chega ao país tendência estrangeira de cobranças a bordo
Pagar por água, sanduíche, refrigerante ou uma opção melhor de cardápio. A tendência que já se consagrou em companhias aéreas europeias e americanas começa a chegar por aqui e já preocupa entidades de defesa do consumidor. O movimento acontece de forma simultânea à tramitação no Congresso do projeto de lei 5.994/09, que cria uma tarifa de 0,5% sobre o preço das passagens aéreas de voos domésticos e internacionais que partirem do Brasil para subsidiar as linhas aéreas regionais.
(...)
– Tudo o que envolve a prestação do serviço deve ser informado previamente ao cliente, antes de ele assinar qualquer contrato. (...).
A advogada diz ainda que as companhias devem ter bom senso na hora de cobrar a bordo. Ela defende que apenas produtos que fogem do cardápio usual devem ser vendidos. 
– Se o passageiro precisar tomar um remédio em pleno voo, por exemplo, ele terá que comprar um copo d’água? Isso vai de encontro a princípios constitucionais, como o direito à dignidade.
Fonte: CASEMIRO, Luciana; SETTI, Rennan. "Chega ao país tendência estrangeira de cobranças a bordo". O Jonal Globo, 13 jul. 2010. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/chega-ao-pais-tendencia-estrangeira-de-cobrancas-bordo-2979317#ixzz1dkT1iSFc>. Acesso em: 29 mar. 2012.
Refletindo sobre a oração destacada, é incorreto o que se afirma em:
a) A advogada considera que a venda de todas as mercadorias e bens de consumo disponíveis dentro do avião contraria princípios básicos de dignidade.
b) A advogada considera que a venda de água, por exemplo, dentro do avião pode criar situações que contrariam princípios constitucionais.
c) A advogada considera que a venda de todos os bens de consumo disponíveis dentro do avião está de acordo com princípios constitucionais.
d) A advogada considera que a venda de apenas alguns produtos mais incomuns dentro do avião não fere princípios de dignidade.
e) A advogada considera que os produtos básicos não devem ser cobrados dentro do avião.
Gabarito:
C
Resolução:
Aproveite o texto para relembrar a importância da clareza na construção dos processos anafóricos para a estruturação textual.
Questão 2
Leia a explicação de Mário Prata para um ditado popular:
Desse mato não sai coelho.
– Significado: Podemos desistir porque aqui não vai acontecer nada.
– Histórico: É notório o duelo – com espingardas – entre Olavo Bilac e Coelho Neto na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, em 1908. A frase, dita na presença de toda a imprensa por Bilac, ficou famosa: “deste mato não sai Coelho” vivo. Em tempo: ambos os tiros não acertaram. Anos depois fizeram as pazes.
Fonte: PRATA, Mário. Mas será o Benedito? São Paulo: Planeta, 2011. p. 73.
O autor oferece uma explicação para o surgimento da expressão após fornecer o seu significado. As afirmações a seguir se referem a tal explicação; marque V (verdadeiro) ou F (falso) em cada uma delas.
(   ) O autor utiliza personalidades reais do universo literário brasileiro, mas, provavelmente, distorce a realidade para inventar uma explicação engraçada e ao mesmo tempo plausível.
(   ) O autor cria um trocadilho com a grafia do substantivo comum “coelho” e do nome próprio do escritor Coelho Neto, daí o efeito cômico da explicação.
(   ) O efeito de humor é construído, principalmente, pelo fato de os escritores terem mira ruim, já que ambos erraram o tiro.
(   ) Na explicação histórica de Mário Prata, não há construção de humor, já que seu relato procura ser o mais fiel possível à realidade.
Gabarito:
V,V,F,F
Resolução:
É recomendável apresentar aos alunos algumas informações sobre os escritores citados no texto de Mário Prata, já que a classe pode não estar familiarizada com as personalidades históricas e o momento mencionado.
Questão 3
Leia este trecho de "O alienista", de Machado de Assis.
D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência, – explicável, mas inqualificável, – devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes.
 
ASSIS, Machado de. "O alienista". In: Papéis avulsos. Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/images/stories/html/contos/macn003.htm#capum_alien_abaixo>. Acesso em: 21 set. 2012.
Por que é usado o pronome "desse" e não "deste"? 
 
 
Gabarito:
No caso destacado, deve-se usar "desse" e não "deste" porque o pronome demonstrativo refere-se a tempo transcorrido.
Resolução:
Questão 4
Leia este trecho de "O alienista", de Machado de Assis.
D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência, – explicável, mas inqualificável, – devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes.
 
ASSIS, Machado de. "O alienista". In: Papéis avulsos. Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/images/stories/html/contos/macn003.htm#capum_alien_abaixo>. Acesso em: 21 set. 2012.
Qual pronome demonstrativo poderia ser usado para substituir a expressão "A ilustre dama" no texto?
a) "Essa", para indicar a pessoa que está próxima do interlocutor (nesse caso, o próprio leitor).
b) "Essa", para indicar a pessoa que está próxima de quem fala (nesse caso, o próprio narrador).
c) "Esta", para relacionar o pronome ao elemento do discurso mais próximo (a palavra "mulher").
d) "Esta", para relacionar o pronome ao elemento do discurso que vem depois (a palavra "mulher").
e) "Aquela", para relacionar o pronome ao elemento do discurso mais distante (a palavra "mulher").
Gabarito:
C
Resolução:
Professor, se julgar necessário, destaque que a norma-padrão da língua portuguesa relaciona o pronome "este(a)" ao elemento mais próximo e o pronome "aquele(a)" ao elemento mais distante no discurso.
Questão 5
Leia um trecho do poema "Um lance de dados jamais abolirá o acaso", do poeta francês Stéphane Mallarmé.
 
[...]
O ACASO
 
Cai
    a pluma
             rítmica pausa do sinistro
                                       sepultar-se
                                 nas escumas originais
    donde há pouco sobressaltara-se seu delírio até o cimo
                                                esmaecido
            pela neutralidade idêntica do abismo
[...]
MALLARMÉ, Stéphane. "Um lance de dados jamais abolirá o acaso". Em: GRÜNEWALD, José Lino (Org., trad.). Poetas franceses do século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
 
O que podem significar as expressões "Cai/ a pluma" e "escumas originais" no poema?
 
Gabarito:
Sugestão de resposta: As expressões podem significar a morte e o leito de morte, respectivamente.
Resolução:
Professor, é interessante resolver possíveis dúvidas de vocabulário antes de interpretar o poema com a turma. Além disso, é possível aceitar outras respostas, conforme o encaminhamento da interpretação do poema.
Questão 6
Leia os versos a seguir de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, que integram o poema "Tabacaria".
 
[...]
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobree nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno – não concebo bem o quê –,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
[...]
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/pe000010.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2012.
 
Extraia um pleonasmo do poema e explique seu efeito de sentido.
 
 
Gabarito:
"[...] invoco / A mim mesmo e não encontro nada."
O pleonasmo, possivelmente, revela um eu lírico ensimesmado e atribulado.
Resolução:
Professor, convém ler enfaticamente o poema de Pessoa, além de abordar os recursos gramaticais presentes no texto.
Há ainda outra possibilidade de resposta, mais próxima da resposta de um aluno nessa faixa etária: O uso da expressão "(...) invoco / A mim mesmo (...)" reforça a ideia de que os sentimentos expressos pelo eu lírico são vivenciados por ele mesmo.
Questão 7
Leia o poema a seguir, de Luís Vaz de Camões.
 
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
 
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
 
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
 
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2012.
 
Em aspectos gerais, pode-se atribuir um sentido hiperbólico à mensagem poética? Explique.
 
Gabarito:
É possível reconhecer um teor hiperbólico, se considerarmos uma supervalorização dos atributos do amor como elemento contraditório e, simultaneamente, essencial da vida humana; ainda que esse sentimento seja, a rigor, incompreensível.
Resolução:
Professor, aborde a contradição como o principal efeito de sentido desencadeado pelo soneto; daí, portanto, a presença necessária de pares antitéticos/paradoxais.
Questão 8
Leia o seguinte poema de Cruz e Sousa.
 
Sinfonias do ocaso
 
Musselinosas como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
 
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
 
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
 
Os plenilúnios mórbidos vaporam...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos...
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000073.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2012.
 
Identifique a ocorrência de uma aliteração na primeira estrofe do poema.
 
 
 
 
Gabarito:
Sugestão de resposta: No primeiro verso ("musselinosas como brumas diurnas"), o eu lírico recorre à reiteração excessiva do /s/.
Resolução:
Questão 9
Leia a fábula de La Fontaine a seguir.
 
A reunião geral dos ratos
 
Uma vez os ratos, que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião para encontrar um jeito de acabar com aquele transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No fim, um rato jovem levantou-se e deu a ideia de pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse perto, eles ouviriam a sineta e poderiam fugir correndo. Todo mundo bateu palmas: o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o tempo todo calado levantou-se de seu canto. O rato falou que o plano era muito inteligente, que com toda certeza as preocupações deles tinham chegado ao fim. Só faltava uma coisa: quem iria pendurar a sineta no pescoço do gato?
 
Moral: Inventar é uma coisa, fazer é outra.
Disponível em: <http://www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php?topic=30392.0>. Acesso em: 6 nov. 2012. Texto adaptado.
 
a) Em que consiste a presença de personificação no texto?
 
b) Por que a personificação atende à moralidade final do texto?
Gabarito:
a) A personificação, na fábula de La Fontaine, consiste na atribuição de qualidades humanas (como o raciocínio lógico e a capacidade de realizar uma reunião complexa, uma assembleia) a ratos.
b) Ao atribuir a ratos comportamentos humanos, o autor quer mostrar os defeitos dos próprios homens, com o objetivo de criticar ou ensinar. Para o bem coletivo, todos concordam que é necessário correr determinado risco, mas ninguém, em particular, dispõe-se a fazê-lo. Trata-se, enfim, de um contraponto entre a solidariedade e o egoísmo; o coletivo e o particular; o real e o imaginário; a necessidade e a coragem.
Resolução:
Questão 10
Em muitas situações informais, o enunciador do discurso emprega eufemismos de toda ordem. Imagine, por exemplo, num diálogo informal, que um falante afirme que uma pessoa tenha “faltado com a verdade”, quando, nas entrelinhas, queira sugerir que essa pessoa tenha mentido. Em caso semelhante, imagine que se refira a alguém que “tenha passado dessa para melhor”. A que se refere este eufemismo?
 
Gabarito:
Em geral, o emprego de eufemismos atende à expectativa social de polidez e suavização ao enunciar determinadas mensagens que precisam ser transmitidas. Ao dizer que alguém passou dessa para melhor, a sutileza da expressão quer dizer que alguém faleceu.
Resolução: