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2 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 2 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 3 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 3 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A SNúcleo de Educação a Distância R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05 Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111 www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300 GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO. Material Didático: Ayeska Machado Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 4 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profi ssionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora Stefânia Rosa Santos O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profi sisional. Esta unidade analisará os fundamentos históricos e epistemo- lógicos da Psicologia, a partir de um breve panorama da história da Psicologia e suas bases epistemológicas. Em outras palavras, esta unidade faz um esboço geral da Psicologia antes mesmo da Psicolo- gia, ou seja, desde o seu caráter pré-científi co até a consolidação e o desenvolvimento dos arcabouços teórico-metodológicos deste campo do saber, na contemporaneidade. Especifi camente, foram enfocados: a) os caminhos percorridos pelo pensamento fi losófi co ocidental – e os saberes e refl exões acerca do próprio homem; b) o desenvolvimento da Psicologia pré-científi ca e sua consolidação como ciência. Para tanto, foi utilizada uma bibliografi a específi ca, que abrange alguns aspectos: em primeiro lugar, a fi losofi a e suas contribuições para o conhecimento do ser humano; em segundo lugar, as principais correntes teóricas do campo da Psicologia moderna. Filosofi a, História da Psicologia, Psicanálise, Psicologia Social. 9 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 9 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES – O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO: Apresentação do módulo ______________________________________ 11 13 CAPÍTULO 02 A PSICOLOGIA NOS CAMINHOS DA CIÊNCIA O Pensamento Medieval _______________________________________ CAPÍTULO 03 PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES O Mundo Moderno e o Racionalismo Científi co __________________ Recapitulando _________________________________________________ 20 23 27 Contextualização: O Surgimento Da Psicologia __________________ Subjetividade Humana: Algumas Defi nições ____________________ O Objeto de Investigação da Psicologia: O Desafi o da Cientifi cidade _________________________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 34 36 38 47 Gestalt ________________________________________________________ Behavorismo __________________________________________________ Psicanalise ____________________________________________________ 53 55 57 Psicologia Social _______________________________________________ 61 A Filosofi a Grega e suas Contribuições para a Refl exão da Existência Humana ____________________________________________ Sócio-Histórica ________________________________________________ 62 Psicologia e Saúde ____________________________________________ 64 10 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 10 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Recapitulando _________________________________________________ 67 Indicações Bibliográfi cas ______________________________________ Referências ___________________________________________________ 74 78 Fechando Unidade ____________________________________________ 72 11 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S A História da Psicologia, muitas vezes, é minimizada ou deixada em segundo plano, seja em razão da natureza prática da atuação profi ssio- nal ou, ainda, pelas vertentes dos cursos de graduação e pós-graduação, que seguem linhas específi cas de trabalho. De qualquer forma, é preciso valorizar a história das ciências, das profi ssões, principalmente, seu desen- volvimento ao longo do tempo. Reconhecer os caminhos percorridos, no caso da Psicologia, é compreender a relação passado-presente e todos os elementos que formaram este saber atéaqui. Independentemente da área profi ssional, da linha de pesquisa e do campo de atuação, é importante que a (o) psicóloga (o) entenda como, quando e quais foram as condições para o surgimento e desenvolvimento de sua profi ssão. O capítulo 1 tem como objetivo principal fazer um resgate da his- tória da fi losofi a e do pensamento ocidental – base para a compreensão do homem e suas relações com o mundo. Este panorama, ainda que breve, trouxe alguns dos principais fi lósofos desde a antiguidade clássica, pas- sando pela visão de mundo medieval e, fi nalmente, chegando aos tem- pos modernos, a era da ciência. A partir das dicas de leitura, fi lmes e sites é possível complementar os estudos fi losófi cos e aprofundar-se mais nas ideias de cada fi lósofo apresentado, como também outros que não foram contemplados neste estudo. É importante salientar que o presente capítulo teve como eixo principal trazer um pouco da história da fi losofi a como um dos fundamentos epistemológicos da Psicologia. O capítulo 2 desta unidade tem como principais pontos: o contexto do surgimento da Psicologia; a Psicologia como ciência e a cientifi cidade de seu objeto e, por fi m, um breve esboço sobre o tema da subjetividade e alguns debates que permeiam suas defi nições. Longe de esgotar os assun- tos supracitados, o capítulo busca trazer algumas discussões que auxiliam no desenvolvimento desta unidade e, principalmente, na compreensão da Psicologia enquanto um saber-fazer e sua trajetória no debate científi co. É de suma importância que o profi ssional desta área não esteja alheio à construção histórica do campo em que escolheu atuar, uma vez que seu trabalho também é construído cotidianamente, num movimento incessante que requer qualifi cação e aprimoramentos permanentes. O terceiro e último capítulo desta unidade tem como proposta uma apresentação geral das principais abordagens da Psicologia, com destaque para os principais conceitos e seus respectivos representantes. É importan- te enfatizar, que o objetivo geral foi sintetizar as principais ideias e, por isso, torna-se imprescindível aprofundar-se nos temas através das leituras e dos complementos indicados. A partir de cada corrente teórica e seus métodos, é possível compreender a constituição da subjetividade e o desenvolvimen- to psíquico dos sujeitos, daí a importância da psicoterapia e do processo do autoconhecimento. 12 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES “Quando, por ignorância, seus amigos se encontravam em apuros, procurava livrá-los por intermédio de conselhos”. (Platão. Apologia de Sócrates). “Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos...”. (Heráclito de Éfeso) Para compreender os fundamentos teóricos da Psicologia é importante resgatar o seu processo histórico e a formação dos paradig- mas que delinearam essa área do saber. De forma geral, contextualizar a Psicologia é percorrer os principais caminhos da constituição de sua base científi ca (e pré-científi ca), assim como reconhecer a importância da história do pensamento ocidental. O ponto de partida passa a ser a Filosofi a e suas valiosas contribuições para uma ‘escavação’ da mente humana – proposta que pertence ao campo da Psicologia, mas não exclusivamente. É a partir das questões fi losófi cas elementares: men- F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 13 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S te-corpo/ homem-mundo/ razão-emoção, que é possível traçar a fonte comum das investigações propostas tanto pela Filosofi a quanto pela Psicologia. A forma como o desejo humano é abordado/explorado está in- timamente relacionada ao contexto sócio-histórico e cultural do qual se fala, daí a importância do estudo acerca dos paradigmas científi cos e seus respectivos processos históricos. São eles os responsáveis pela visão de mundo que é construída em determinados contextos, por dif- erentes indivíduos e grupos. Assim, é possível afi rmar que o estudo dos fundamentos históricos da Psicologia é também o desenvolvimento de tradições do pensamento: História da psicologia é história da cultura. Como história da cultura, é história de culturas psicológicas e fi losófi cas, bem como é história das ideias. Como história de culturas psicológicas é história de tradições de pensamento psi- cológico. Tradições são práticas sociais de longa duração, ou simplesmente culturas, consequentemente, tradições de pensamento psicológico são cultu- ras, ou práticas culturais (ABIB, 2009, p.199). Isto posto, entede-se que o estudo que fundamenta a Psico- logia e suas vertentes teorico-metodológicas passa pela constituição do pensamento humano: o pensar sobre si, que também diz respeito ao pensar as relações e a realidade concreta. Dessa forma, compreen- der a história ‘das Psicologias’ é adentrar o processo de formação do pensamento histórico, cultural e fi losófi co, pois são inquestionáveis as contribuições desses saberes no desenvolvimento deste processo. A FILOSOFIA GREGA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLE- XÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA Heráclito de Éfeso Um dos grandes pensadores gregos pré-socráticos, Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C), a partir da visão do devir, do vir-a-ser e do fl uxo, apresenta um conjunto de ideias voltadas para a refl exão do individuo diante das vicissitudes da vida. 14 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Imagem 1. Heráclito de Éfeso Fonte: Super Interessante, 2015. Nada mais humano e dialético: as mudanças e transformações que contribuem para a construção do sujeito. Para ele, ninguém entra duas vezes no mesmo rio, pois ao entrar no rio pela segunda vez, nin- guém é o mesmo e o rio também não. De acordo com tal pressuposto, qual a relação entre Heráclito e o sentido da Psicologia? Para responder esta questão vale ressaltar a dimensão psíqui- ca presente nas experiências fi losófi cas dos gregos, a partir do exercí- cio da refl exão e, principalmente, da auto-percepção. De acordo com o pensamento de Heráclito, tudo fl ui, nada permanece estático, “o rio nunca é o mesmo”. Assim, surge a necessidade de compreensão em torno do emaranhado de ações e acontecimentos que cercam a vida humana: a relação do mundo externo com o mundo subjetivo, interno, individual. Essa é uma relação em constante movimento, pois o que está fora também é parte constituinte de quem nos tornamos, ou seja, o indivíduo é capaz de afetar e transformar seu meio, assim como é afetado e transformado, constantemente, por ele. A fi losofi a de Heráclito infl uenciou muitos pensadores contem- 15 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S porâneos (ver capítulo 3) e contribuiu para a uma compreensão mais integral da existência humana, à medida que explorou o indivíduo em relação ao movimento de sua própria vida e os desdobramentos que todo fl uxo pode gerar. São as forças contrárias que impulsionam as mu- danças e, consequentemente, a forma como o homem se coloca no mundo. A partir desta ideia do fl uxo e do vir-a-ser das coisas é possível fazer uma associação, em linhas gerais, entre essa base fi losófi ca da Antiguidade e os caminhos percorridos posteriormente pela “ciência da mente”, independentemente do eixo teórico-metodológico. Neste blog, o autor Bruno Carrasco apresenta diversos artigos que podem complementar seus estudos sobre Filosofi a e Psicologia. Vale a pena a leitura referente ao pensamento de Heráclito. Acesse: http://www.ex-isto.site/2017/06/heraclito-fi losofo-do-devir.html. Em conclusão,os princípios da Psicologia também passam pela busca em compreender as dimensões de nossas próprias esco- lhas, além de compreender os desdobramentos desses fl uxos intermi- tentes que, ora desconstroem ora reconstroem o sentido de ser/estar no mundo. Essas e outras questões serão levantadas no decorrer desta unidade como uma forma de intervenção refl exiva ou, parafraseando Heráclito: um fl uxo inconstante de ideias. Sócrates Sócrates (470 a.C – 399 a.C), grande mestre do pensamento ocidental, já trazia ao mundo antigo a preocupação com o sentido do autoconhecimento e da problemática do homem. Para ele, a prática do diálogo é o caminho para a construção das ideias, do debate e da busca pelo saber que passa, sobretudo, pelo questionamento daquilo que é imposto. Esse método socrático fi cou conhecido como maiêutica, a arte de parturejar ideias através da ironia fi losófi ca como forma de provoca- ção intelectual, que questionava a ordem estabelecida. Outra importan- te discussão em torno do pensamento do fi lósofo é com relação à alma humana. Nesse sentido, afi rma-se que: 16 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S É a partir de Sócrates que surge a concepção de alma como sede da cons- ciência moral e do caráter, a alma que no cotidiano de cada um é aquela realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que, por isso, deveria ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem (PESSA- NHA, 2004, p. 30). Uma das mais conhecidas máximas fi losófi cas, “conhece a ti mesmo”, foi inscrita no Templo de Apolo, em Delfos e, apesar de não ser de autoria de Sócrates (como é atribuída muitas vezes) é muito associada ao seu pensamento, pois resume, com precisão, o exercício do olhar para si próprio e pensar a existência de uma forma crítica e refl exiva. O saber de si, como um posicionamento ativo diante da vida, pode parecer óbvio por um lado, mas, sua prática complexa exige um intenso esforço que, por sua vez, é um dos grandes trabalhos propostos pela Psicologia. Leandro Karnal, professor e historiador brasileiro, faz uma análise bastante apropriada do assunto que abordamos neste capítulo. Confi ra o vídeo: “Conhece a ti mesmo” (Fragmento da palestra: “A vida que vale a pena ser vivida em tempos líquidos”). Acesse o canal Saber fi losófi co, através do link: https:// www.youtube.com/channel/UCWdXgfpEIZIGzah9_yCL-Xw 17 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Platão e o Dualismo Corpo/Alma Imagem 2. Platão Fonte: Instituto Sócrates, 2017 Outro fi lósofo que marcou a formação do pensamento ociden- tal foi Platão (428-427 a.C. - 348-347 a.C.), cujo pensamento central consistiu no dualismo mente/corpo, mundo sensível/mundo inteligível. Em seu mito da caverna, o fi lósofo questiona o aprisionamento dos ho- mens, suas amarras, quando só conhece aquilo que vê e o que seus sentidos proporcionam. Para Platão, os sentidos podem enganar e im- pedir que os indivíduos conheçam o mundo existente fora da caverna. Nota-se que a fi losofi a de Platão buscava ressaltar a importân- cia do conhecimento e dos dilemas humanos através de um caminho autônomo, no qual é preciso enxergar muito além do que está aparen- te. A alma é a principal motivação de suas refl exões, sendo o corpo uma espécie de cárcere. Na visão platônica, a matéria está vinculada ao mundo sensível, concreto, e pode fornecer apenas representações distorcidas da realidade. Já o mundo das ideias seria um campo re- fl exivo, que busca o real através do conhecimento. É a partir dele que os homens constroem possibilidades de uma vida mais livre e menos superfi cial. A refl exão que permeia o dualismo corpo/alma suscita diver- sas questões no campo fi losófi co, como por exemplo, a forma como o homem se relaciona com seu próprio desejo – elemento protagonista para a Psicologia. A manisfestação do desejo é fonte de muitos debates 18 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S e está relacionada, muitas vezes, à diferentes visões de mundo, con- cepções e modos de explorar (e até mesmo controlar) os fl uxos dese- jantes que movimentam a vida humana. Imagem 3. Pensamento platônico Fonte: Sabedoria Política, 2016. SAIBA MAIS Neste site você encontra cinco dicas de fi lmes para compreender a fi losofi a de Platão. Vale a pena conferir: Acesse: https://www.pensarcontemporaneo.com/5-fi lmes- para-entender- fi losofi a-de-platao/. Destaque para: ”O show de Truman: o show da vida”, 1998, direção de Peter Weir. Nesta obra é possível identifi car muito do pensamento de Platão, principalmente no que se refere ao mito da caverna e às formas contemporâneas de aprisionamento de nós mesmos. Bom fi lme! 19 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Aristóteles e o Conceito de Virtude Por fi m, para complementar este esboço geral da formação do pensamento fi losófi co grego, Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz, en- tre outros conceitos importantes, a noção de virtude, forma pela qual os homens constroem uma boa vida. Essas atitudes, que também são éticas e políticas, (de acordo com o fi lósofo “homem é um animal políti- co”) contribuem para o exercício da felicidade – uma das mais antigas preocupações fi losófi cas. Dessa forma, afi rma-se que: Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade da alma conforme a virtude perfeita, é necessário considerar a natureza da virtude, pois isso talvez possa nos ajudar a compreender melhor a natureza da felicidade (ARISTÓTELES, 2005, p. 36). As virtudes equilibram a vida do homem em sociedade, pois são elas que o conduzem à temperança. Assim, seria legítima a busca de um caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e as faltas. Na perspectiva aristotélica, os os homens possuem a capacidade de desenvolver, pela prática, suas virtudes e sua moral. Assim, nessa perspectiva: Se cada homem é de certo modo responsável por sua disponsição moral, será também de certo modo responsável pela aparência; se não for assim, ninguém seria responsável pelos maus atos que praticar, pois todos os pra- ticariam por ignorância dos fi ns, julgando que com eles conseguiriam o me- lhor. Visar ao fi m não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido com uma visão moral, por assim dizer, que nos permita julgar corretamente e escolher o que é verdadeiramente bom (ARISTÓTELES, 2006, p.67). A partir disso, entende-se que é pelo hábito, pelo costume (“éthos”) que torna-se possível desenvolver, racionalmente, um modo de vida mais próximo da felicidade. Por fi m, vale ressaltar que Aristóte- les é considerado o “pai” da psicologia, uma vez que, entre seus princi- pais estudos, está presente a precoupação com os processos subjeti- vos da alma humana. 20 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Aqui, você encontra diversos artigos interessantes sobre os temas abordados neste capítulo. Aos amantes de Filosofi a, uma ótima fonte de artigos e discusssões pertinentes ao estudo da psique e sua relação com outras áreas do conhecimento. Acesse: http://fi losofi acienciaevida.com.br/fi losofi a-e-psico logia/. O PENSAMENTO MEDIEVAL: A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO Para pensar o contexto medieval e o do desenvolvimento do pensamento dominante ocidental, é necessário levantar a questão em torno do conceito de “homem”. Para melhor compreendê-lo há um ele- mento decisivo que marca toda a sociedade da época: a religiosidade, principalmente, a consolidação do cristianismo. A partir disso, foi defi - nido um modelo a ser seguido socialmente e que incidia diretamente sobreas formas de vida. O exemplar ideal era, portanto, o ser cristão. Dessa maneira, o homem sem fé, nos princípios cristãos, estava fora de um padrão e, apesar das particularidades e diferenças, havia um elo que fazia daque- les homens um só ser - a criatura de Deus, segundo a antropologia cris- tã medieval. A fi m de corroborar com uma das questões fundamentais da formação do pensamento ligado à Idade Média, cabe aqui a seguinte colocação: Ora, Filosofi a e Religião são excludentes, metodologicamente excludentes: a Filosofi a, por defi nição, só admite a argumentação racional e exclui qualquer concessão à autoridade (como já dizia Aristóteles paradigmaticamente: “sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade...”). A Religião, por sua vez, deve prescindir da razão e afi rmar a autoridade (do “Livro” e/ou da hierarquia religiosa): o dogma expressa a revelação de um mistério inapreensível ra- cionalmente e afi rmado pela fé. Então, como ser simultaneamente fi lósofo e religioso? (ESTEVÃO, 2011, p.18). Dentro deste contexto religioso, o pensamento fi losófi co era construído, também, em uma base cristã, através de uma perspectiva racional. Diferentemente da busca pelo conhecimento da verdade, a fi losofi a da Idade Média se propõe a investigar a verdade já revelada por Deus (VASCONCELLOS, 2007). Nesse sentido, a razão não deixa de ser um elemento constituinte do pensamento, mas o seu exercício é destinado à compreensão da fé, a grande e principal fonte de pensa- mento do medievo. A seguir, serão elucidados dois grandes pensadores que representam este período. 21 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Agostinho de Hipona (354 – 430) “Compreendo para crer, creio para compreender”, esta frase ilustra e resume, com muita clareza, o pensamento de Agostinho, co- nhecido também como Santo Agostinho, um dos principais pensadores da chamada fi losofi a patristica, e contextualizado na chamada antigui- dade tardia (embora muito conhecido como um dos precursores do pen- samento medieval). Em sua concepção, a fé é o ponto de partida para o caminho de compreensão de todas as outras coisas, até mesmo da razão, que estaria, portanto, subordinada à verdade divina. Ao longo de todo o percurso religioso e fi losófi co, Agostinho desenvolve o pensa- mento da chamada fi losofi a cristã: Deus e a alma não são conhecimentos distintos em Agostinho. Um e outro estão intimamente ligados, pois a alma é o meio do qual parte, a fi m de atingir o conhecimento de Deus, uma vez que este não pode ser atingido imediata- mente pela razão, só pela fé. A alma, o homem interior, no entanto, pode ser conhecido pela razão (...) (Idem, p.229). A vida e obra de Agostinho de Hipona, também conhecido como Santo Agostinho, é um caminho de busca por respostas e expli- cações acerca da existência, dos dilemas da alma, da fi gura de Deus. Foi no ano de 386, que se deu sua conversão ao cristianismo, após uma trajetória de vivências e experiências variadas. Em sua obra Confi ssões (escrita entre 397 e 398), ele desenvolve seu pensamento fi losófi co-teo- lógico, autobiográfi co, que contribuiu para uma visão de mundo cons- truída, ainda que não somente, pelos dogmas da fé cristã. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a Filosofi a Medieval e seus principais representantes, recomendamos a leitura: A Filosofi a Medieval. Das Origens Patrísticas à Escolástica Barroca, de Josep-Ignasi Saranyana. Boa leitura! Tomás de Aquino Tomás de Aquino foi um dos representantes da chamada fi lo- sofi a escolástica, desenvolvida entre os séculos IX – XV. Este foi um momento de gradativas mudanças no mundo medieval, entre elas, o declínio do sistema feudal, a partir do século XIII, que marcou o perío- do da Baixa Idade Média. Este quadro histórico tornou-se um cenário 22 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S propício para o surgimento de novas formas de pensar e viver. É neste cenário que a fi losofi a de Tomás de Aquino foi elabora- da e desenvolvida, tornando-se uma parte importante na representação da produção fi losófi ca medieval. Suas ideias reuniam as premissas de um tempo que já notava as mudanças de um novo paradigma que se aproximava. Com isso, é importante ressaltar a aproximação do fi lósoso com o pensamento racional - não sem o respaldo da fé - mas como uma forma de alcança-la e compreendê-la. Ao aproximar-se das ideias de Aristóteles, Aquino buscava conciliar a fé com a razão, assim como comprovar a existência de Deus. Mas como seria essa tentativa de explicar a verdade divina através da razão? De acordo com esta premissa, é possível chegar à uma ideia Deus a partir de fundamentos lógicos e até empíricos, ou seja, a própria existência de um ser superior demandava uma forma de racionalidade. Imagem 4. Filosofi a medieval Fonte: Estadão, 2017. Pode-se dizer que o universo da fé, antes restrito ao mundo re- ligioso, transformava-se, aos poucos, em um campo de estudos da Filo- 23 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S sofi a. Com relação ao pensamento de Tomás de Aquino, Tarnas afi rma: Tomás sustentava que o reconhecimento da ordem da natureza aperfeiçoava a compreensão humana da criatividade divina de Deus e de modo algum diminuía a onipotência divina (...). Estava convencido que a Razão e a liber- dade humana tinham valor em si (TARNAS, 2000, p.203-204). Sendo assim, considera-se que, ao fi nal da Idade Média, o pensamento fi losófi co e intelectual começava a desvincular-se do domí- nio religioso, predominantemente cristão e fudamentado na fé católica, para, mais tarde, incorporar os princípios e metódos racionalistas ba- seados na visão antropocêntrica da Era Moderna. A partr daí, a ciência surge com toda a sua inquietude para transcender os limites do homem de outrora e criar caminhos para a invenção humana. SAIBA MAIS Dica: fi lme e livro Quer saber mais sobre a formação do pensamento medieval? “O nome da rosa” (1986), direção Jean-Jacques Annaud, é um grande clássico para uma boa aproximação com o contexto. Além disso, o fi lme é baseado na obra, de mesmo nome, do autor italiano Umberto Eco. O PENSAMENTO MODERNO E A INFLUÊNCIA DO RACIONALISMO Do ponto de vista histórico, a transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcada por muitas mudanças, entre elas, a passa- gem do teocentrismo (visão de mundo baseada em Deus) para o an- tropocentrismo (o homem como centro, não mais Deus). Tendo esta tranformação de mentalidade como foco, é possível levantar a seguinte questão: Qual é a relação do homem com o conhecimento a partir de uma perspectiva antropocêntrica? Este é o ponto que o presente tópico terá como tema. Com o fi m do período medieval (fi nal do século XIV), o mundo europeu presenciou um rompimento signifi cativo com o domínio religioso (cristão/católico) marcado por um movimento artístico e cul- tural que infl uenciou o desenvolvimento das ideias antropocêntricas: o Renascimento. Muito além de um acontecimento histórico, o movimen- to renascentista construiu as bases do pensamento moderno, centrado nas ações e potencialidades do homem e, principalmente, pela busca de um conhecimento pautado na razão. 24 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Entre os grandes teóricos que destacam-se neste contexto es- tão: Francis Bacon, René Descartes, John Locke (1632-1704), entre muitos outros. De forma geral, o debate moderno foi formulado a partir do tema do conhecimento, da forma como o homem conhece, aprende e desenvolve o pensar. Cada um a sua maneira, os fi lósofos raciona- listas buscavam consolidar o cientifi cismo a fi m de superar as explica- ções de caráter não racional. Dessa forma, a “verdades” construídas ao longo do tempo passaram porum processo de ruptura decorrente dos novos paradigmas teórico-metodológicos. Segue-se, abaixo, um pano- rama geral das principais ideias suscitadas por esses fi lósofos. Francis Bacon (1561-1626) Considerado um dos precursores do pensamento moderno, o britânico Francis Bacon valorizava as experiências com base na via da indução, que consistia nas observações de casos através de suas parti- cularidades, para chegar às verdades mais gerais. Este método diferen- ciava-se da dedução, cujas fundamentações partiam das observações gerais para explicar os casos específi cos (Galileu Galilei era um dos expoentes). Uma das principais ideias de Bacon está em sua teoria dos ídolos*, uma crítica às formulações baseadas em verdades que podem distorcer a realidade e comprometer o caráter científi co do conhecimen- to. De acordo com o fi lósofo: (...) Cada um tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza; seja devido à natureza própria singular de cada um; seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram (Apud ARANHA & MARTINS, p. 173). Esse fragmento possibilita um debate acerca das dimensões sociais do pensamento humano, como também, o comportamento do homem de seu tempo, e das diversas infl uências que incidem sobre a forma como o homem enxerga a realidade ao seu redor. É possível pensar nas mais variadas formas de manipulação criadas para iludir e dominar os indivíduos, transformando-os em meros reprodutores e es- pectadores de suas vidas. Mais adiante, essa temática será desenvolvi- da tanto pelas Ciências Sociais como pela Psicologia. Em resumo, para Bacon: “Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências” (1988, p. 20-21). 25 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S FIQUE LIGADO Saiba mais sobre a teoria dos ídolos, de Francis Bacon: Novum organum, ou, Verdadeiras indicações acerca da inter pretação da natureza. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988. Sugestão de blog: Ensaios e notas, por Leonardo Alves: https://ensaiosenotas.com/2016/10/08/francis-bacon-os-qua tro-idolos-da-mente/ René Descartes (1596-1650) O fi lósofo francês Descartes, muito conhecido por sua máxima ““cogito ergo sum”, traduzida como “penso, logo existo”, foi um impor- tante pensador racionalista do século XVII, que propôs um novo método para a Filosofi a Moderna, que consistia em construir caminhos através do rigor do pensamento, por meio da razão e da dúvida metódica. Descartes destaca três tipos de ideias: as inatas, as externas e as factícias.O cogito cartesiano, portanto, não seria formado pelos sentidos nem pela imaginação, mas sim pelo espírito (ARANHA & MAR- TINS, 2004). E sua obra O discurso do método1, o autor expõe os caminhos que devem ser traçados para a busca de um conhecimento verdadeiro, sem as interferências dos sentidos, mas pelo exercício da dúvida. Para ele, a existência depende do ato pensante e somente é possível co- nhecer a realidade através do questionamento. Assim, faz-se necessá- rio desvencilhar-se de todo o pensamento incutido pelo mundo externo para, então, construir uma nova forma de pensar, livre de interferências que diminuem a veracidade dos fatos. Dessa forma: (...) o pensador francês promove a razão, informada pelas regras do método, à condição de guia supremo do processo de conhecer. Ao teorizar sobre a racionalidade, ele promove uma separação entre mente e corpo, entre ma- téria e pensamento, e entre a razão e as demais formas de conhecimento, nascendo daí a ruptura da ciência com o sensível, a natureza, a imaginação e o sagrado (ÁVILA ARAÚJO, 2004, p.133-134). Para atingir esse método, Descartes propõe quatro regras: evi- dência, análise, síntese e enumeração. Tais regras seriam uma forma 1 DESCARTES, RENÉ. Discurso do método. São Paulo: Escala Educacional, 2006. 26 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S de organização sistemática do pensamento, para a investigação minu- ciosa do conhecimento verdadeiro, autêntico e autônomo. Em suma, o princípio fundamental de todo o método cartesiano era a dúvida – este seria o ponto de partida para a sabedoria do homem moderno. INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Para complementar o tema abordado neste capítulo, indicamos a seguinte leitura: A Filosofi a Explica As Grandes Questões da Humanidade, dos autores Clóvis de Barros Filho e Júlio Pompeu. Ano: 2013. Bons estudos! 27 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 (Adaptada) Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: SECULT-CE Cargo: Analista de Cultura Relacione corretamente as frases e ideias apresentadas a seguir com os respectivos autores, numerando a Coluna II de acordo com a Coluna I. Coluna I 1. Tudo é fl uxo. 2. Conhece-te a ti mesmo. 3. Virtudes para uma boa vida 4. Mito da caverna Coluna II ( ) Platão ( ) Sócrates ( ) Heráclito ( ) Aristóteles Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: A) 3, 4, 2, 1. B) 4, 2, 3, 1. C) 2, 4, 1, 3. D) 4, 2, 1, 3. QUESTÃO 2. Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor Chaui (2005) afi rma que Aristóteles considerava o ponto mais alto da Filosofi a, a metafi sica e a teologia, de onde se derivam todos os outros conhecimentos. Afi rma também, que a partir daí, defi niu-se o grande campo da investigação fi losófi ca que se desdobrou, até o século XIX, em 3 aspectos: o da ontologia, o dos valores e o epistemológico. Levando-se em conta o que é dito pela autora, os campos de investigação da Filosofi a derivados da posição aristotélica são os conhecimentos: A) cosmológico, antropológico e teologia B) gnosiológico, empírico-formal e lógica C) do senso-comum, mítico e cientifi co D) abstrato, formal e empírico E) do ser; das ações humanas e da capacidade humana de conhecer 28 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO 3. Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor Sócrates nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por seus discípulos Platão e Xenofonte. Nas conversas com seus dis- cípulos, privilegia as questões morais. Aprendemos de Sócrates que o conhecimento resulta de uma busca contínua, enriquecida pelo diálogo, que corresponde ao fi losofar. Sócrates é responsável por um método dialógico que se compõe de dois momentos. As etapas do método socrático são: A) a dialética e a argumentação B) a ironia e a maiêutica C) o juízo e o raciocínio D) a proposição e a discussão E) a tese e a antítese QUESTÃO 4 Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Cargo: Professor São Tomás de Aquino, principal representante da __________, desenvolve um pensamento profundamente ligado ao de __________. Seu papel principal foi o de organizar as verdades da religião e de harmonizá-las com a fi losofi a. Para ele, então, a __________ criada por Deus, e a __________, revelação de Deus, não podem entrar em __________, porque procedem do mesmo Princípio. Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do texto apresentado. A) Escolástica – Aristóteles – razão – fé – contradição. B) Patrística – Platão – razão – fé – confl ito. C) Escolástica – Aristóteles – fé – razão – acordo. D) Patrística – Platão – fé – razão – contradição. E) Sofística – Sócrates – razão – fé – confl ito QUESTÃO 5 Leia o trecho a seguir: “[…] é quase impossível que nossos juízos sejam tão puros e tão sólidos como teriam sido se tivéssemos tido inteiro uso de nossa razão desde a hora de nosso nascimento, e se tivéssemos sido conduzidos sempre por ela.” (DESCARTES,René. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fon- tes. 1996, p. 17). A Razão Cartesiana inaugurou, na modernidade, uma forma de se pensar a partir de uma linguagem racionalista, inspirada em mo- 29 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S delos matemáticos. Esse modelo racional pretendia servir como guia para o conhecimento da realidade. Sobre o método cartesia- no, é correto afi rmar que: A) tem sua formulação mais bem acabada na obra “Crítica da Razão Pura” B) consistia em colocar o mundo, a realidade, “entre parênteses”, ope- rando assim em uma “redução fenomenológica” C) foi duramente combatido pelos fi lósofos contemporâneos a Descar- tes, não tendo assim exercido infl uência em nenhuma geração posterior D) consistia em duvidar de tudo e, a partir da dúvida, reconduzir o pen- samento à possibilidade da realidade, processo que se sintetiza na fra- se: “penso, logo existo” E) tem seu apogeu no século XV, quando a entra em declínio a fi losofi a escolástica QUESTÃO DISSERTATIVA Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEDUC-AL Cargo: Professor - Filosofi a Texto associado Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem co- nhecer-se mutuamente enquanto não houverem “provado sal juntos”; e tampouco podem aceitar um ao outro como amigos enquanto cada um não parecer estimável ao outro e este não depositar confi ança nele. Os que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser amigos, mas não o são a menos que ambos sejam estimáveis e o sai- bam; porque o desejo da amizade pode surgir depressa, mas a amizade não. Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 382 (com adaptações) Tendo o texto precedente como referência inicial – Explique o con- ceito de virtude, em Aristóteles. QUESTÃO INÉDITA Analise o trecho da canção “Como uma onda”, de Lulu Santos, e assi- nale a alternativa correta: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XFa73hlzR-4 30 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S “Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa Tudo sempre passará/ A vida vem em ondas Como um mar/ Num indo e vindo infi nito”. A) o trecho destacado pode ser relacionado com o pensamento racional de René Descartes B) a ideia de uma onda que vai e vem remonta ao fi lósofo Platão e o dualismo corpo e alma C) é possível compreender, a partir da canção, um pouco da concepção de fl uxo, de Sócrates D) a trecho pode ser relacionado com a fi losofi a de Heráclito e sua ideia de fl uxo E) não é possível relacionar este trecho da canção com a Filosofi a NA MÍDIA FILOSOFIA É USADA COMO GUIA PARA VIVER MELHOR Ensinamentos de pensadores clássicos prometem revolucionar até mesmo a terapia. Entenda como esses sábios do passado podem nos ajudar com os problemas de hoje Tiago Cordeiro | Ilustrações: André Bergamin Veja a matéria na íntegra em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common /0,,ERT299871-17773,00.html NA PRÁTICA As indagações acerca dos dilemas e das questões que permeiam a vida humana, fazem parte de uma longínqua trajetória percorrida pela his- tória do pensamento ocidental. O dia-a-dia do trabalho, as obrigações cotidianas, as preocupações diversas, muitas vezes impossibilitam o olhar mais atento e refl exivo para a vida. Ao negligenciar os sentimentos e as emoções, o sujeito passa a alienar-se de suas próprias necessida- des e desejos, por não ter um conhecimento profundo sobre si mesmo. A fi losofi a se coloca como uma base para uma série de conhecimentos 31 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S práticos, sobretudo o autoconhecimento, a tomada de decisões, a sabe- doria, a maturidade – que são elementos fundamentais num processo psicoterapêutico. Assuntos como: amor, trabalho, política, problemas sociais, modos de vida, costumes, crenças, enfi m, uma série de temáti- cas que, inevitavelmente, chegam para o psicólogo todos os dias, seja no campo clínico ou institucional, social ou organizacional. INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Para um aprofundamento na leitura sobre a formação do pensamento ocidental, recomendamos a seguinte obra: TARNAS, Richard. A epopeia do pensamento ocidental: para compreender as ideias que moldaram nossa visão de mundo. Trad. Beatriz Sidou. -2.ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2000. DICA DE VÍDEO Filosofi a e felicidade, com Marcia Tiburi e Mario Sergio Cortella “O que é felicidade? Essa é uma pergunta que acompanha a humani- dade, há séculos, e que, com o passar do tempo vai ganhando inter- pretações diferentes, de acordo com o comportamento, a cultura e a identidade de uma época”. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=W_1EtLeJEh0 32 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S “A história das ciências é um tecido de juízos implícitos sobre o valor dos pensamentos e das descobertas científi cas. O papel da epistemologia é de explicitá-los”. (JAPIASSU, Hilton) “Cada indivíduo aprende a ser homem”. (LEONTIEV) O presente capítulo “A psicologia como ciência” tem como ob- jetivo central contextualizar a Psicologia e seu desenvolvimento cientí- fi co, assim como suscitar uma breve discussão em torno de seu objeto de estudo: a subjetividade humana. A partir disso, buscar-se-á ressaltar uma das grandes questões no campo das ciências: a relação sujeito- -objeto e o debate acerca da dicotomia objetividade-subjetividade. A discussão em torno da ciência – principalmente quando se trata do grau de cientifi cidade de um saber – aponta para um aspecto importante na construção do conhecimento: a objetividade. Ora, aquilo que é cientí- fi co é comprovado e torna-se um estudo objetivo, delimitado pelo seu campo de atuação e seu arcabouço teórico-metodológico. Mas, como lidar com essa questão quando o interesse científi co é voltado para os A PSICOLOGIA NOS CAMINHOS DA CIÊNCIA F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 33 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S elementos subjetivos da vida humana? Como analisar comportamento e subjetividade? Estes e outros questionamentos são inerentes ao pro- cesso de consolidação do campo da Psicologia. No site do Conselho Federal de Psicologia você pode conferir uma linha do tempo da Psicologia no Brasil. O material faz parte do Projeto Memórias da Psicologia Brasileira. Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias- da-psicologia-brasileira/outros/ Para BOCK (1989, p. 23) “a identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de ma- neira particular”. Dessa forma, o tema da subjetividade suscita inúmeras questões para debate, principalmente no que se refere à formação do sujeito enquanto ser biopsicossocial. Este é o principal papel da Psico- logia: compreender a diversidade que marca os aspectos subjetivos, sociais e cognitivos dos indivíduos em permanente construção. Além disso, é importante ressaltar que toda subjetividade é situada sócio-his- toricamente e, por isso, cada sujeito possui sua singularidade e sua for- ma de ser/estar no mundo. Diante desse debate, a Psicologia percorre diferentes caminhos (às vezes divergentes) para estudar e compreen- der as dimensões da vida humana: comportamentos, sentimentos, rela- ções, políticas, questões sociais. Assim, é possível afi rmar que: Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suasexpressões, as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos to- dos assim) – é o homem – corpo, homem afeto, homem ação e tudo isso está sintetizado, isso está no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural (BOCK, 1989, p. 24). Através de diversos olhares, por meio de múltiplos instrumen- tos, esse campo do conhecimento busca cada vez mais engajar-se na vida social e possibilitar novas formas de enxergar as pessoas. Barros e Passos analisam a noção de ‘campo’ da Psicologia e afi rmam que “es- tamos frequentemente tão engajados nele que já não poderíamos dis- criminar as forças que o constituem, ao mesmo tempo que nele somos 34 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S constituídos como uma de suas partes integrantes”. Os autores também alertam para a condição crítica das práticas psicológicas em seu duplo signifi cado: pela atividade de crítica e como situação de crise – aspec- tos que marcam o processo de consolidação deste campo. Por fi m, eles apontam para o seguinte questionamento: “E do que partimos quando nos engajamos neste campo?” (BARROS & PASSOS 2000, p.78). CONTEXTUALIZAÇÃO: O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA E SEU DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO Imagem 5. Wilhelm Wundt Fonte: Psicoativo, 2016. A Psicologia surgiu, enquanto uma disciplina científi ca, a partir do século XIX, através dos estudos de Wilhelm Wundt e William James, com o objetivo principal de investigar o comportamento humano através de estudos experimentais acerca do funcionamento da mente. Um dos precursores deste campo foi o médico Wilherm Wun- dt (1832 – 1920). Considerado o “pai da Psicologia”, fundou o primeiro laboratório experimental na área, no ano de 1879, na Alemanha. Ele marca uma divisão da ciência psicológica experimental e social. Seu método era baseado na percepção sensorial e na descrição de elemen- tos da experiência imediata por indivíduos treinados. Segundo Abib: 35 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Para Wundt [1897]), psicologia como ciência é psicologia empírica. E, como tal, interpreta a experiência psíquica a partir da própria experiência psíqui- ca; deduz os processos psíquicos de outros processos psíquicos; faz uma interpretação causal de processos psíquicos com base em outros processos psíquicos; não recorre a substratos diferentes desses processos, tais como uma mente-substância ou processos e atributos da matéria, para explicá-los (ABIB, 2009, p.197). A partir dos estudos de Wundt, a Psicologia passava a ocupar um lugar no campo da ciência, através do princípio da comprovação sis- temática e da experimentação. Dentro de um ideal positivista (corrente fi losófi ca predominante no século XIX) as ciências humanas buscavam consolidar-se, com seus métodos e objetivos próprios e a preocupação do estudo do homem e suas relações em sociedade. Segundo Freire (1997), Wundt estudava os processos mentais através de métodos ex- perimentais pertencentes às outras ciências. Os fundamentos de seu trabalho consistiam na observação, experimentação e quantifi cação. William James (1842 – 1910), por sua vez, é considerado o pai da psicologia funcional. Considerado o pai da nova psicologia ame- ricana, sua ênfase no funcionalismo era baseada na teoria da evolução humana e, por isso, para ele a Psicologia era uma ciência natural, ou uma “esperança de ciência” relacionada diretamente com os aspectos físicos e cerebrais (ABIB, 2009). Imagem 6. William James Fonte: Livraria Cultura, 2017. 36 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O funcionalismo, de forma geral, tratava do caráter adaptativo da consciência e questionava qual seria a função da mente, através de uma visão pragmática e instrumental. Dessa forma, Freire (1997, p.102) enfatiza que a questão passa a ser de ordem mais prática, dentro da qual o homem se adapta ao meio físico e social, pois: “a psicologia, para o funcionalismo, é o estudo da vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio”. Em suma, as primeiras experiências da Psicologia buscaram desenvolver um papel teórico e metodológico de acordo com as pre- missas científi cas modernas, voltadas às ciências naturais. Segundo Nunes: Apesar da unidade do homem com a natureza, as ciências naturais são com- pletamente diferentes das ciências humanas. Há dois tipos de experiências a serem apreendidas: a externa e a interna (...). O objeto das ciências huma- nas consiste em apreender a realidade histórica e social naquilo que ela tem de singular e individual, bem como estabelecer as regras e os fi ns de seu desenvolvimento (NUNES, 2003, p.67). É dentro deste contexto maior que surge a necessidade de di- ferenciação entre as ciências naturais e exatas e as ciências cujo princi- pal foco de análise era o homem e sua relação com o meio, e ainda, dos fenômenos psíquicos e subjetivos. Dilthey (1883 apud NUNES, 2003), foi um historiador que defendeu uma epistemologia autônoma das ciên- cias humanas e conferiu a elas um caminho próprio através de um mé- todo compreensivo, diferentemente do explicativo atribuído às ciências naturais. De acordo com o autor, o homem é o criador do meio social em que vive e é isso que confere às ciências humanas uma historicidade. Assista ao vídeo: Wilhelm Wundt: Por que ele é o Pai da Psicologia Moderna? do canal Psicoativo TV. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DA PSICOLOGIA: O DESAFIO DA CIENTIFICIDADE A partir das transformações ocorridas na sociedade ocidental, sobretudo no século XIX, as ciências humanas começaram a conquis- 37 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tar um espaço no estudo e na compreensão do homem, não somente como um corpo biológico, mas um ser social, que vive, que trabalha, se relaciona com o mundo. Toda a esfera na qual ele está inserido deve- ria, pois, ser analisada, compreendida. Desse modo, disciplinas como a Sociologia, Antropologia, Psicologia, vão de encontro com essa nova preocupação científi ca. É nessa perspectiva que DOSSE (2004) pensa as ciências humanas como disciplinas interpretativas, que outrora se separaram da Filosofi a, na tentativa de adquirir sua autenticidade como ciência. Mas atualmente se reaproxima, assimilando as teorias fi losófi - cas em suas abordagens. A consolidação da Psicologia no meio científi co construiu-se, principalmente, em torno da natureza de seu objeto de investigação: a subjetividade humana - as questões mentais, os sentimentos, o com- portamento de forma geral. De acordo com este pressuposto, Castañon (2009) elucida alguns dos problemas ontológicos da Psicologia quanto à inserção de seu objeto de estudo no campo científi co: da natureza in- quantifi cável do objeto da psicologia; da impossibilidade de o sujeito ser ao mesmo tempo objeto; da indivisibilidade do fenômeno psíquico; da alteração do objeto da psicologia pela interação e pelo conhecimento, entre outros. Nota-se que um dos objetivos centrais nessa discussão acerca da cientifi cidade era a questão do método como uma importante ferra- menta das produções científi cas. Figueiredo aponta para a constituição de um “sujeito epistêmico pleno”, consciente de si e senhor absoluto de sua consciência, ou seja, um sujeito construído metodologicamente. “Ao método caberia a tarefa de expurgar de cada sujeito tudo aquilo que o tornasse suspeito, não confi ável, irregular” (FIGUEIREDO, 1995, p.17). INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Recomendamos uma boa leitura sobre o tema da epistemologia e do processode consolidação da Psicologia moderna: Revisitando as psicologias: Da epistemologia à ética das práticas e discursos psicológicos, de Luís Cláudio Figueiredo. Boa leitura! 38 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Portanto, o desafi o principal era conferir cientifi cidade a um material incomensurável, não quantifi cável como outros processos ex- perimentais relativos a diferentes áreas do conhecimento. Diante deste pressuposto, como seria defi nida a subjetividade? De que forma passou a ser estudada cientifi camente? Essas questões são de grande rele- vância no processo de consolidação do campo da Psicologia, principal- mente no que se refere à delimitação de seu “objeto” de estudo. Diante disso, é válido ressaltar que: Tratar do nascimento de um sujeito nos domínios da Psicologia implica fa- lar da sua colocação como objeto para um discurso científi co socialmente autorizado a enunciar verdades a respeito de instâncias psicológicas que compõem este sujeito (...) universalizando-as, substancializando-as e natu- ralizando-as ancorado nas objetividades do corpo e da natureza, bem ao estilo do modelo de ciência da época (PRADO FILHO, 2007, p.14). Nesse sentido, as temáticas referentes ao universo psíquico direcionavam-se para a “compreensão do signifi cado da experiência humana, e não a busca de teorias de aplicação generalizada” (CAS- TAÑON, 2009). Essa discussão sobre o caráter científi co da Psicologia (e das ciências humanas em geral) ainda persiste até os dias atuais, tanto no universo acadêmico como no mercado de trabalho. É importan- te reconhecer esse histórico de construção do conhecimento, pois é a partir dele que se edifi cam as bases da profi ssão do psicólogo (a), suas formas de atuação, suas ferramentas teórico-metodológicas, enfi m, seu espaço singularizado na sociedade. Sobre o papel do (a) psicólogo (a) na sociedade, recomendamos o Vídeo Institucional - Papel do psicólogo em todos os lugares, no canal do CRP – SC. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=Oc1vjYVT5ak A SUBJETIVIDADE HUMANA: ALGUMAS DEFINIÇÕES 39 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Imagem 7. Fluxos mentais Fonte: YouTube, 2017. Segundo o dicionário Michaelis2, sub·je·ti·vi·da·de signifi ca: 1. Caráter ou qualidade de subjetivo; 2. Filos. Aquilo que se relaciona unicamente a um indivíduo, sendo inacessível a outrem; 3. Característica de todos os fenômenos psíquicos que se relacionam ao próprio indivíduo e considerados por ele seus. O conceito de subjetividade é intrínseco ao paradigma histórico e cultural de cada teoria. Em linhas gerais, há vários olhares e defi ni- ções diferentes, a partir de estudos e suas respectivas linhas teóricas, mas é possível destacar, pelo menos, duas concepções que norteiam essa discussão: de um lado, a subjetividade pode ser explicada a partir do campo intrapsíquico, diretamente ligado aos aspectos mentais e in- dividuais. Por outro lado, o sentido pode estar relacionado com o meio no qual o indivíduo vive, suas experiências, sua relação com o contexto social. É importante compreender que uma visão não exclui a outra, necessariamente, uma vez que a subjetividade não é cindida, fragmen- tada entre individual/social. Ela é composta por esses dois universos repletos de outros fatores. Entretanto, do ponto de vista teórico-metodológico, ao longo da história da Psicologia, essa questão protagoniza uma série de con- cepções que se complementam e também se distanciam. Este capítulo 2 Dicionário eletrônico. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/ busca/portugues-brasileiro/SUBJETIVIDADE/ 40 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S não alongará o tema, mas o próximo fará um apanhado geral das prin- cipais vertentes da Psicologia, o que explica, de certa forma, o sentido da subjetividade e como ela se constrói de acordo com cada visão. De acordo com esta premissa, Abib entende que: “Como práticas culturais ou culturas, tradições de pensamento psicológico se constituem como práticas de pesquisa, com desfechos favoráveis para algumas e desfa- voráveis para outras” (ABIB, 2009, p. 199). São estas práticas culturais formadoras do pensamento psi- cológico que infl uenciam na forma como o comportamento humano é trabalhado e na construção de sentido da subjetividade, ou melhor, das subjetividades múltiplas. Portanto, enquadrar o comportamento humano e todas as suas formas de relação com o mundo numa visão determi- nista é reduzir demasiadamente seu caráter diverso. Um dos principais conceitos que marcam os estudos e práticas em Psicologia é a ideia do inconsciente e sua infl uência na formação do sujeito. De acordo com uma visão psicanalítica, o aparelho psíquico possui compartimentos em que censura e reprime determinados fatos da vida. SAIBA MAIS Para complementar o assunto, recomendamos a você a fala do professor Christian Dunker: “Nascimento da Psicologia: Sujeito ou objeto?”. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=i3t5PH0kAbE Dessa forma, essas lembranças que ressurgem no decorrer do tempo trazem à tona questões que atuam diretamente na subjetividade, uma vez que: O processo de constituição subjetiva está intimamente relacionado com a concepção de que o campo do sujeito é efeito, em especial, da linguagem e de uma trama de relações pré-existentes ao nascimento, constituindo o que será o mito fundador de uma história singular. O sujeito, para a psicanálise, é aquele que se constitui na relação com o Outro através da linguagem (TO- REZAN e AGUIAR, 2011). O sujeito, de um ponto de vista psicanalítico, compõe-se por meio do desejo, e é ele que vai “guiar” a sua construção subjetiva e a forma como se coloca diante da vida. A partir dessa dinâmica psíquica os processos de subjetivação se desenvolvem com base nos impulsos do Inconsciente (o capítulo 3, desta unidade, abordará com mais deta- lhes a Teoria Psicanalítica). Dentro de uma visão histórico-cultural, Gonzáles Rey enfatiza a noção de sujeito e subjetividade de acordo com um processo dialético. 41 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Sua ideia consiste em anular a dicotomia entre social e individual, numa tentativa de apresentar o sujeito como um agente ativo dentro de seu contexto histórico-social. Para ele, a subjetividade não se internaliza, não vem como algo externo ao indivíduo, ou seja: Trata-se de compreender que a subjetividade não é algo que aparece somen- te no nível individual, mas que a própria cultura dentro da qual se constitui o sujeito individual, e da qual é também constituinte, representa um sistema subjetivo, gerador de subjetividade (REY, 2005, p. 78). Entende-se, assim, que o conceito de subjetividade não é fi xo e imutável, como, por exemplo, ocorre com a personalidade. Muitas ve- zes, os dois termos se confundem, sugerindo a forma de ser/estar de um sujeito. Entretanto, ao falar em personalidade, vem à tona uma ideia de ‘jeito’ de ser ou maneiras de se comportar, como um conjunto de atributos de um indivíduo. Assista à palestra do professor citado acima, Fernando Gonzaléz Rey: “A Teoria da Subjetividade e a Epistemologia Qualitativa na Pesquisa”. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=lnRAwQUjjLs A subjetividade, por sua vez, pode apontar para uma noção de constituição e formação do ser humano que é constante e está vin- culada a uma variedade de fatores. Ela representa uma das categorias mais singulares do sujeito. É aquilo que ele pode ter de mais genuíno e autêntico. De acordo com um enfoque Histórico-cultural, a subjetivi- dade é constituída dentro do quadro social. “Todo processo psicológico é volitivo, sendo que a vontade é inicialmente social,interpsicológica e posteriormente intrapsicológica” (MOLON, 2003, p.91). Nesse sentido, a Teoria Histórico-cultural propõe uma relação dialética das dimensões interpsicológica e intrapsicológica. Para Vygo- tsky, as funções psicológicas superiores formam-se primeiro no coletivo para, depois, transformarem-se em funções da personalidade. O social constitui o sujeito ao mesmo tempo em que é constituído por ele. Na atividade animal, o desenvolvimento biológico é dado de modo imediato, ausente de consciência, sem constituir cultura e sem apropriação de um conhecimento histórico de atividades, exercendo apenas as funções psicológicas inferiores (inatos como, por exemplo, 42 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S virar o pescoço na direção de um ruído) de acordo com sua fi logênese (naturais da espécie). O homem, por sua vez, além de apresentar essas funções psi- cológicas inferiores, dadas a priori, apresenta as funções psicológicas superiores que se originam de modo sociocultural, como a apropriação da linguagem, a sua lógica e capacidade de aprendizado social media- do. “O homem defi nitivamente formado possui já todas as propriedades biológicas necessárias ao seu desenvolvimento sócio-histórico ilimita- do” (LEONTIEV, 1978, p. 263). Assim, o que constitui o ser humano é a sua capacidade de apropriação e objetivação da realidade por media- ção. SAIBA MAIS! Para complementar seus estudos acerca das defi nições do conceito de subjetividade, indicamos a seguinte leitura: LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: O desenvolvimento do psiquismo. Apropriação/ objetivação Na Teoria Histórico-cultural apropriação e objetivação são con- ceitos fundamentais para o processo de humanização. Apropriação é a reorganização das habilidades motoras e psíquicas, é através dela que o individuo cria novas aptidões; já a objetivação é o resultado de uma prática social. De acordo com Duarte, a relação entre apropriação e objetivação se dá na produção de instrumentos: “o homem se apropria da natureza objetivando-se nela para inseri-la em sua atividade social” (DUARTE, 1996, p. 35). Essa relação impulsiona o desenvolvimento histórico e, ao mesmo tempo, é constituída por ele. Nesse processo dialético, a apro- priação de um objeto gera novas necessidades e, na medida em que o homem se apropria, ele se objetiva, se humaniza. Ambos os processos, apropriação e objetivação, acontecem constantemente durante toda a vida do indivíduo, aprimorando cada vez mais suas capacidades mo- toras e psíquicas. “Cada processo de apropriação e objetivação gera a necessidade de novas apropriações e novas objetivações” (Ibidem, p.120). 43 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Para resumir o pensamento central de Vygotsky destacam-se algumas palavras-chave, tais como: sociabilidade do homem; intera- ção social; signo e instrumento; cultura; história; entre outros conceitos (IVIC, 1994). Mediação Para Vygotsky, mediação é a principal categoria da Teoria His- tórico-cultural, ao contrário de Luria e Leontiev, que a consideravam apenas um conceito. Não é propriamente um conceito, mas sim, uma categoria pela qual o homem consegue chegar à aprendizagem, não é um terceiro na relação sujeito-objeto, mas está inserido dentro dela. Dessa forma, afi rma-se que: A mediação é processo, não é o ato em que alguma coisa se interpõe; me- diação não está entre dois termos que estabelecem uma relação. É a própria relação. (...) A mediação não é presença física do outro, não é a corporeidade do outro que estabelece a relação mediatizada, mas ela ocorre através dos signos, da palavra, da semiótica, dos instrumentos de mediação. A presença corpórea do outro não garante a mediação (MOLON, 2003, p.102). Os instrumentos têm a função de transformar o objeto, ope- rando exatamente dessa forma. Para Vigotski todo instrumento é um estímulo, mas nem todo estímulo é um instrumento (VIGOTSKI, 1996). Ambos (signos e instrumentos) são atividades mediadas que possuem naturezas diferentes, mas que estão interligadas. A partir desse pres- suposto observa-se que o mais subjetivo dos pensamentos é também intermediado por aspectos do processo histórico-social da vida de um indivíduo. A subjetividade é construída, portanto, no decorrer da história de cada um. O homem é um ser de natureza social e constrói-se como humano a partir de suas relações em sociedade. 44 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Imagem 8. Lev Vygotsky Fonte: Instituto Net Claro Embratel, 2018. São inúmeras as defi nições acerca do tema da subjetividade, sobretudo ao se tratar das questões: indivíduo/sociedade, psíquico/so- cial e tantas outras refl exões que este assunto promove. Não se trata aqui de abarcar toda essa discussão, mas de apresentar alguns eixos para desenvolver o debate em questão neste tópico. Falar em subjetivi- dade é como pensar no “objeto primordial”, quase mítico que é a mente, como um resultado e efeito das relações diversas e não universais. “A subjetividade se produz na relação das forças que atravessam o sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 2007, p.17). Este mundo psíquico precisa ser pensado dialeticamente com outros elementos da vida humana, pois pensar o indivíduo é também refl etir toda a sua história, sua cultura, seu modo de viver. De acordo com Rey (2005), a subjetividade não é internalizada pelo sujeito, como algo externo, mas sim, forma-se através de um sistema subjetivo que considera o social e o individual em relação, e não isolados um do outro. Assim, é possível defi nir que: A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único na ontogênese humana. A singularidade é produto da história das condições sociais e materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza e com outros homens. Conforme a complexifi cação dessas relações (que foram perdendo o caráter eminentemente imediato para mediato), o indivíduo se distancia das relações imediatas, apropria-se das mediações e objetiva outras (SILVA, 2009, p. 172). Diante desses apontamentos, é possível pensar numa clínica transdisciplinar, que se constitui não somente como espaço físico, mas 45 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S como sistema aberto, no qual são construídos os modos de subjetiva- ção, a partir de uma polifonia que contempla as inúmeras variáveis da subjetividade humana, pois “não se trata de modo algum de reunir, uni- fi car, mas de construir redes por ressonâncias, deixar nascer mil cami- nhos que nos levariam a muitos lugares” (PASSOS & BARROS, 2000, p.78). SAIBA MAIS No site do Conselho Federal de Psicologia você pode ter acesso à diversas indicações bibliográfi cas dessa área. Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias- da-psicologia-brasileira/livros/ Imagem 9. O grito, de Edvard Munch. 1893. Fonte: Cultura Mix, 2011. Assim, o estudo desse emaranhado subjetivo deve ser caute- loso quanto às visões reducionistas, que ora podem ser pautadas so- mente na perspectiva individual (como se a relação sujeito-subjetivida- de fosse exclusivamente interna, sem outras associações), ora na visão restrita no meio social, internalizado pelo sujeito e responsável por todo o seu desenvolvimento psíquico. Nas palavras de Bock: 46 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas for- mas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento à perda de memória imposta pela fugacidade da informação(...). Estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica (BOCK, 1989, p. 24). Portanto, entende-se que a Psicologia direciona-se à multipli- cidade dos sujeitos e oferece seu repertório para compreendê-la, res- peitá-la e potencializá-la, diante de toda imprevisibilidade que marca a existência humana. Não há como restringir a subjetividade a um objeto inerte e mensurável, dada a complexidade de sua natureza. No próximo capítulo desta unidade serão abordadas algumas das principais linhas teóricas da Psicologia através de um panorama geral que busca com- preender o sujeito e a formação da subjetividade. 47 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2012 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: MPE-AL Cargo: Psicólogo Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como disciplina acadêmica formal. Ele instalou o primeiro laboratório, lançou a primeira revista especializada e deu início à Psicologia Experimental como ciência. Qual a opção abaixo sobre esta fase das bases das Teorias e Sistemas Psicológicos está correta? A) Sensação, percepção, atenção, sentimentos, reação e associação não foram temas das pesquisas de Wundt. B) As criações de Fechner são posteriores a Psicologia como ciência. C) O uso do termo “Psicologia Experimental” não é de autoria de Wundt. D) A Psicologia Experimental de Wundt tratou do desenvolvimento men- tal humano expresso na linguagem, nas artes, nos mitos, nos costumes sociais, na lei e moral. E) As publicações de Wundt inauguram a divisão da ciência psicológica entre Psicologia Experimental e Psicologia Social. QUESTÃO 2 (Adaptada) Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social Philip Zimbardo, conhecido pesquisador estadunidense e pro- fessor da Universidade de Stanford, foi responsável por um polêmico estudo experimental no qual simulou num laboratório as condições de uma prisão (1971). O experimento precisou ser cancelado, mas repercute até hoje. Inspirado neste experimen- to, foi realizado um fi lme em 2010 que, em português, recebeu o nome de: A) A noite dos desesperados B) Fome de viver C) Acossados D) O experimento E) Experiência macabra QUESTÃO 3 Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: CFP Cargo: Especialista em Psicologia - Clínica Na questão da validação do conhecimento psicológico que se apresenta como sendo científi co, é correta a afi rmação de que: A) há um abandono no intento de fazer repousar o conhecimento cien- 48 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tífi co em bases sólidas e inquestionáveis. B) há que se atingir um conhecimento imediato e indiscutível. C) é consenso que o conhecimento científi co só é reconhecido com bases na tradição cartesiana. D) não se pode fugir de projetos epistemológicos da modernidade, de inspiração Baconiana. E) todos os pressupostos deverão ser verifi cados ou refutados. QUESTÃO 4 Ano: 2016 Banca: Gestão Concurso Órgão: Consurge - MG Cargo: Psicólogo Há uma afi rmativa no senso comum que diz: “de psicólogo e lou- co, todo mundo tem um pouco”; como, por exemplo, quando se ouve o problema de um amigo, ajudando a solucioná-lo. No entan- to, o senso comum não é ciência. Para ser uma ciência, torna-se necessário fundamentá-lo em bases científi cas. Nesse contexto, é CORRETO afi rmar: A) A Psicologia é um ramo das ciências naturais que utiliza métodos científi cos para o estudo do ser humano em toda a sua amplitude de mente e de corpo. B) A Psicologia utiliza-se de técnicas como o tarô, a astrologia, a qui- romancia, entre outras práticas associadas ao saber psicológico para resolução dos problemas humanos. C) A Psicologia é uma área das Ciências Humanas que estuda o com- portamento e a psique humana e vem se desenvolvendo na história desde 1875, quando Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Ex- perimentos em Psicofi siologia. D) A psicologia é uma área das Ciências Sociais que parte de observa- ções empíricas do comportamento humano no cotidiano com foco em condutas anormais como: fobias, alucinações, agressividade, descon- trole emocional, entre outros aspectos. E) Todas as afi rmativas estão corretas. QUESTÃO 5 Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social De acordo com Furtado, O.: “... o repertório de ‘ideias’ de uma determinada cultura, de uma determinada nação, de um grupo so- cial, tem como base o processo histórico do desenvolvimento das forças produtivas e, ao mesmo tempo, acaba infl uindo no próprio processo econômico, ou seja, no desenvolvimento das formas subjetivas de expressão desse processo de desenvolvimento”. 49 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O autor está discutindo: A) que a subjetividade coincide com a noção popular de “ideia” B) sobre as “dimensões subjetivas da realidade” C) sobre desenvolvimento humano como foco da análise psicológica D) que a objetividade é central no estudo da psicologia social E) que o repertório de “ideias” enquanto ideologia infl uencia as forças produtivas QUESTÃO DISSERTATIVA Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social - (Adaptada) GONZÁLEZ REY (2004, p.125) afi rma: “A subjetividade permite uma reconstrução não só da psique individual, como também das várias for- mas de produção psíquica, próprias dos cenários sociais em que vive o homem, assim também da própria cultura”. De acordo com o fragmento citado, explique o conceito de subjetividade proposto pelo autor. QUESTÕES INÉDITAS QUESTÃO 1 Um dos principais desafi os da Psicologia científi ca moderna foi: A) a sua indissociabilidade da Filosofi a B) o caráter especulativo de seus estudos C) a natureza não quantifi cável de seu objeto de estudo D) a falta de observação em suas pesquisas E) nenhuma das alternativas QUESTÃO 2 William James é considerado o pai do funcionalismo. A principal característica dessa abordagem era: A) explicações meramente fi losófi cas B estudo do inconsciente C) o caráter adaptativo da consciência D) o método da introspecção E) todas as alternativas estão corretas 50 F U N D A M E N TO S TE Ó R IC O S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO 3 “A subjetividade se produz na relação das forças que atravessam o sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetiva- ção pelo saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 2007, p.17). De acordo com o fragmento acima: A) a subjetividade não faz parte do campo científi co B) existem forças que impedem o sujeito de construir sua subjetividade C) a produção de subjetividade faz parte de um jogo de forças D) não há subjetividade nas práticas de objetivação E) o conceito de subjetividade é unilateral, fi xo e individual. NA MÍDIA O controverso ‘Experimento de Aprisionamento de Stanford’, inter- rompido após sair do controle. Estudo conduzido pelo professor de Psicologia Social Philip Zimbardo em 1971 deveria se estender por duas semanas, mas não passou de seis dias. Esse é um dos experimentos sociais mais famosos da história, contado tantas vezes que alguns o consideram um mito. Talvez você já tenha escutado: um professor universitário de Psicologia recruta um grupo de estudantes e lhes pede que imaginem que estão em uma prisão. Fonte: BBC Data: 02/12/2018 Disponível em: tps://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/12/02/o-controverso- -experimento-de-aprisionamento-de-stanford-interrompido-apos-sair- -do-controle.ghtml NA PRÁTICA A subjetividade humana é um tema fundamental no campo da Psico- logia e infl uencia diretamente nos trabalhos realizados no cotidiano da
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