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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – AD1 Período – 2020/2º Disciplina: Cultura Brasileira Coordenador: Maria Amália Aluno: Mateus Pereira dos Santos / Matrícula: 19215100093 Observações: Essa avaliação contém uma questão no valor de 10,0 (dez) pontos. Questão Única: Faça a leitura atenta das orientações abaixo para a realização de uma resenha crítica. 1- Formatação: a resenha deverá ser desenvolvida em no máximo três páginas e no mínimo uma. Deverá ser utilizado espaçamento 1,5 entrelinhas, a fonte é Times New Roman ou Arial e o tamanho é 12. O texto deverá estar no modo justificado. (vide normas ABNT) 2- Elaboração da resenha a) Definição: as resenhas são um tipo de síntese de artigos ou livros, porém não são simplesmente resumos. Para a realização da sua resenha siga os passos abaixo: 1. Leia o texto em sua totalidade tentando identificar qual é o tema central, quais são os temas secundários, a hipótese, o objetivo do autor e a argumentação utilizada para sustentar a tese proposta. 2. Toda resenha deve ter uma primeira parte introdutória, na qual se aborda o tema principal do texto. São algumas linhas gerais, uma apresentação da resenha. 3. Logo a seguir vem o desenvolvimento, o corpo da sua resenha. Nesta parte, aprofunda-se as idéias do autor do texto resenhado. Isto pode ser: argumentos, debates, resultados de pesquisas, teorias ou questões metodológicas. 4. Ao final, as idéias apresentadas no decorrer do seu texto são arrematadas. A conclusão deve apresentar um desfecho coerente para as idéias, uma finalização da argumentação desenvolvida. 3- AD1: * Resenha de um capítulo de livro. O livro é "As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição" de Mário Theodoro (org.). Brasília : Ipea, 2008 (link: texto) Deste livro será cobrada resenha do capítulo 1 intitulado "A formação do mercado de trabalho e a questão racial no Brasil" de Mário Theodoro. Estudos contemporâneos sobre a cultura brasileira apontam que o trabalho escravo, núcleo do sistema produtivo do Brasil Colônia, foi sendo gradativamente substituído pelo trabalho livre no decorrer dos anos 1800. Essa substituição, no entanto, deu-se de uma forma particularmente excludente. Nesse contexto, a consolidação da visão, de cunho racista, de que o progresso do país só se daria com o “branqueamento”, suscitou a adoção de medidas e ações governamentais que findaram por desenhar a exclusão, a desigualdade e a pobreza que se reproduzem no país até os dias atuais. A partir da segunda metade do século XIX, a mão de obra estrangeira ganha importância devido ao fim do tráfico legal de escravos em 1850 e os setores ligados a produção de café passam a absorver escravos de outras regiões do país, principalmente do nordeste. Os negros e mulatos, ditos “livres e libertos”, constituiram o subgrupo populacional que mais cresceu no decorrer do século XIX, muitos entretanto, não encontravam outras atividades além do trabalho ocasional em atividades de pequenos serviços, quando não se encontravam em situação de privação de trabalho. Situação essa que segundo KOWARICK, 1994, p. 58 define-se assim: “Exploração do tipo compulsório, de um lado, a massa marginalizada, de outro constituem amplo processo decorrente do empreendimento colonial escravocrata, que iria se reproduzir até épocas tardias do século XIX. Sistema duplamente excludente, pois a um só tempo cria a senzala e gera um crescente número de livres e libertos, que se transformam nos desclassificados da sociedade.” Efetivamente, o racismo, que nasce no Brasil associado à escravidão, consolida-se após a abolição, com base nas teses de inferioridade biológica dos negros, e difunde-se no país como matriz para a interpretação do desenvolvimento nacional. Não houve a valorização dos antigos escravos ou mesmo dos livres e libertos com alguma qualificação. O nascimento do mercado de trabalho ou, dito de outra forma, a ascensão do trabalho livre como base da economia foi acompanhada pela entrada crescente de uma população trabalhadora no setor de subsistência e em atividades mal remuneradas. Esse processo vai dar origem ao que, algumas décadas mais tarde, viria a ser denominado “setor informal”, no Brasil. Na segunda metade do século XIX, a mão-de-obra imigrante começa a substituir a dos escravos: “Nas vésperas da abolição, enquanto os escravos dos cafezais fugiam das fazendas, muitos dos quais desciam a serra do Mar amontoando-se nas favelas de Santos, imigrantes italianos faziam o percurso inverso, dirigindo-se para as plantações” (KOWARICK,1994, p. 86). No Rio de janeiro e em São Paulo, observou-se, com o desenvolvimento do comércio e da indústria, o nascimento de um proletariado e também de uma classe média urbana , mas os trabalhadores negros não tiveram oportunidade de engrossar as fileiras daqueles grupos, a região nordeste, menos rica, entrou em um período de crise econômica sem precedentes, a ausência de oportunidades de trabalho para a população ativa liberada pela abolição foi uma das características mais marcantes do processo de urbanização da região na época. No final do século XIX, já ocorria o início de um processo de aglomeração da pobreza e da exclusão nas cidades, resultante da chegada em massa de contingentes de ex-escravos. Em resumo, nessa época, já proliferavam, nas maiores cidades, as favelas, verdadeiros guetos onde se encontravam os pobres. No que concerne aos primeiros anos de trabalho livre, pode-se constatar que, em 1900, a população total do Brasil era de 16,5 milhões de habitantes, dos quais 1,1 milhão eram imigrantes, os quais se concentravam nos setores de atividade mais dinâmicos da economia. De fato, durante os últimos anos da escravidão, ganhavam força no país as ideias que privilegiavam a mão-de-obra de origem europeia em detrimento dos trabalhadores nacionais. De um lado, os nativos livres e libertos eram considerados como inaptos ao trabalho regular. De outro lado, no que tange aos antigos escravos, as fugas organizadas nas fazendas eram cada vez mais frequentes, o que contribuiu tanto para promover a ideia de que a mão-de-obra negra era indolente e inapta para a relação assalariada, bem como para reforçar a ideologia do embranquecimento. A abolição da escravidão colocou a população negra em uma situação de igualdade política e civil em relação aos demais cidadãos, porém as possibilidades de inclusão socioeconômica dessa população foram extremamente limitadas. As medidas anteriores ao fim da escravidão haviam colocado a população livre e pobre em uma situação de completa exclusão em termos de acesso à terra. Por sua vez, o acesso à instrução também não foi garantido por políticas públicas, não sendo sequer acolhido como objetivo ou garantia de direitos na Constituição Republicana de 1891. No mercado de trabalho, a entrada massiva de imigrantes europeus deslocava a população negra livre para colocações subalternas, ou seja, nunca houveram políticas públicas em favor dos ex-escravos mas sim iniciativas que contribuíram para que o horizonte de integração deles ficasse restrito às posições subalternas da sociedade, como por exemplo a Lei das Terras de 1850 que foi promulgada no mesmo ano em que se determinou a proibição do tráfico de escravos (Lei Euzébio de Queiroz), marco da transição para o trabalho livre. É nesse contexto que a nova medida legal começa a vigorar, praticamente impossibilitando o acesso à terra na transição do regime escravista para o de trabalho livre. O período que se seguiu à abolição foi caracterizado pela aceleraçãodo desenvolvimento econômico e pela abertura de novas oportunidades de ascensão social, mas essas oportunidades, não foram aproveitadas pelos ex- escravos ou mesmo pela população negra livre mas sim pela crescente imigração europeia, realizada com o aporte de importantes fundos públicos. Efetivamente, os preconceitos vigentes difundiam a crença da menor capacidade do trabalhador negro face ao branco, ampliando à expectativa favorável que cercava a entrada de trabalhadores europeus. Observa-se, assim, que a transição do trabalho escravo para o trabalho livre foi feita via intervenção direta e decisiva do Estado e sob inspiração da ideologia racista que então se consolidava. Conclui-se que as desigualdades observadas no processo de inclusão e mobilidade econômica devem ser explicadas não apenas como fruto de diferentes pontos de partida mas também como reflexo de oportunidades desiguais de ascensão social. Após a abolição o recém liberto não teve qualquer mecanismo de proteção ou ajuda mas ao contrário foi discriminado e perdeu seu lugar no mercado de trabalho o que gerou a perpetuação de uma situação de pobreza e miséria. O mercado de trabalho livre no Brasil, foi assim moldado, por uma política que favoreceu a imigração e excluiu os negros recém libertos da escravidão.
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