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O ENFRENTAMENTO DO CUIDADOR DIANTE DO MAL DE ALZHEIMER Juliane Guerra de Paiva Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada CEAFI PÓS-GRADUAÇÃO www.ceafi.com.br Orientadora: Profª. Ms. Thays Candida Flausino Mestre em Ciências Ambientais e Saúde, PUC-GO RESUMO O enfrentamento do cuidador diante do mal de Alzheimer Introdução: O envelhecimento da população mundial, inclusive da brasileira, decorre com maior incidência de doenças crônico degenerativas causadoras de demência, dentre elas a doença de Alzheimer (DA) que tem o cuidador como uma figura importante na vida deste portador. Objetivo: O objetivo deste estudo foi relatar quais são as possíveis alterações físicas e/ou psicológicas que o cuidador do portador de Alzheimer pode apresentar. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica no período entre 2002 e 2012, existentes na base da BIREME, Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Discussão: Alterações como sobrecargas físicas e psíquicas a que os cuidadores de idosos com diagnóstico de demências estão expostas, não raro, levam à má qualidade de vida desses indivíduos. Conclusão: Em meio a todas as dificuldades encontradas no ato de cuidar do outro, o cuidador abre mão da própria vida, do lazer, e algumas vezes da própria família e da saúde. A atenção aos cuidadores de pacientes demenciados é essencial, pois se reflete em uma melhor qualidade de vida não só para o cuidador, mas principalmente para o paciente. Palavras chave: Doença de Alzheimer, Cuidador, Demências. ABSTRACT Facing the caregiver before the evil of Alzheimer Introduction: The aging of the world population, including the Brazilian, due to higher incidence of chronic degenerative diseases that cause dementia, among them Alzheimer's disease (AD) that has the caregiver as an important figure in the life of this carrier. Objective: The aim of this study was to report the possible changes which are physical and / or psychological caregiver of patients with Alzheimer's can present. Methods: We performed a literature review between 2002 and 2012 in the base of BIREME Literature Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SciELO). Discussion: Changes to the physical and psychological burdens that caregivers of patients with diagnosed dementias are exposed, often lead to poor quality of life of these individuals. Conclusion: In the midst of all the difficulties encountered in the act of caring for others, the caregiver gives up his life of leisure, and sometimes their own family and health. The attention http://www.ceafi.com.br/ to caregivers of dementia patients is essential, as is reflected in a better quality of life not only for the caregiver, but mainly for the patient. Key Words: Alzheimer's disease, Caregiver, Dementia. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é uma realidade amplamente conhecida nos países desenvolvidos e se encontra como demanda latente nos países em desenvolvimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a expectativa de vida no Brasil aumentou cerca de três anos em uma década, passando a ser de 73,1 anos (IBGE, 2010). O envelhecimento da população mundial, inclusive da brasileira, decorre em maior incidência de doenças crônico-degenerativas causadoras de demência, entre as quais se destaca a Doença de Alzheimer (DA) (JORM, 1998 apud VILELA, 2006). Dentre as doenças demências, a DA é a mais prevalente em todos os continentes, podendo se destacar o resultado sul americano, onde se situa o Brasil, que apresenta uma razão duas a três vezes maiores em relação às outras doenças demências (BOTTINO et al., 2006). Estudos relatam que oito milhões de pessoas serão acometidas por essa doença no ano 2040, o que trará um impacto econômico consideravelmente elevado (KWENTUS, 2002 apud FREITAS et al., 2008). As demências são atualmente as doenças neurodegenerativas mais impactantes na população acima de 65 anos (PAULA et al., 2008); sendo a DA responsável por aproximadamente 55% dos casos(FALCÂO et al., 2009; PAVARINI et al., 2008). A DA tem curso lentamente progressivo, com duração média de oito anos, entre o início dos sintomas e o óbito (VILELA et al., 2006). Além da idade, existem possíveis fatores de risco para a DA que incluem história familiar, mal de Parkinson, Síndrome de Down, idade terna acima de 40 anos, sexo feminino, doença da tireóide, hipotitreoidismo, baixa formação educacional, traumatismo craniano, depressão de início tardio. (VILELA et al., 2006). O quadro clínico desta demência é caracterizado por alterações comportamentais e cognitivas, incluindo o comprometimento da memória, do pensamento e do raciocínio. O sintoma mais evidente no início da doença é o comprometimento da memória recente (CARAMELLI, 2002). A evolução é de caráter descendente e o nível de gravidade é comumente dividido em três estágios: leve, moderado e grave (ABREU et al., 2005). Em cada uma das fases observa-se uma gradativa perda da autonomia e o consequente aumento das necessidades de cuidados e supervisão de terceiros para os portadores da doença (ABREU et al., 2005). Paralelamente às alterações cognitivas características da doença, transtornos de comportamento são comuns, sobretudo nas fases mais avançadas, representando significativo fator de estresse para os familiares e cuidadores (CHAVES, 2000 apud VILELA, 2006). Os transtornos de comportamento são comuns, o idoso pode apresentar sinais de agressividade, sobretudo nas fases mais avançadas da patologia, representando significativo fator de estresse para os familiares que muitas vezes são responsáveis pelos cuidados desses idosos, desempenhando um papel essencial na vida diária do portador de DA. O cuidador pode apresentar um alto nível de ansiedade, tanto pelo sentimento de sobrecarga, quanto por constatar que a sua estrutura familiar está alterada. (ENGELHARDT et al., 2005 apud CRUZ, 2008). No Brasil, o número de idosos com demência tem crescido rapidamente, mas há carência de dados empíricos sobre o impacto em cuidadores informais (GARRIDO et al., 2004). Buscou-se por meio de essa revisão bibliográfica relatar quais são as possíveis alterações físicas e/ou psicológicas do cuidador de pacientes com DA, demonstrando assim a importância da qualidade de vida do cuidador refletindo no seu bem estar e consequentemente no portador de demência. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica, com limitação temporal de 2002 a 2012. A busca foi realizada, tendo como critérios de inclusão os seguintes descritores, existentes na base da BIREME: Alzheimer/ Alzheimer, Cuidador/ Caregiver, Demências/dementias, Família/ family, Convivendo/ living. A busca também foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, utilizando-se as bases de dados da Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). DISCUSSÃO Embora a Doença de Alzheimer seja o tipo mais comum de demência, aumentando evidências de longo prazo de observação e autópsia, estudos indicam que muitas pessoas com demência têm no cérebro anormalidades associadas com mais de um tipo de demência (VISWANATHAN et al., 2009; JELLINGER, 2007). Entre os problemas de saúde que acometem as pessoas idosas, as síndromes demenciais estão entre o grupo de afecções que vem causando forte impacto na estrutura familiar e na sociedade. (ARRUDA, 2008). Esta doença pode ser entendida como uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, caracterizada por perda de memória e diversos distúrbios cognitivos (SMITH, 1999 apud FONSECA, 2007). A DA caracteriza-se, histopatologicamente,pela maciça degeneração sináptica e morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas (SELKOE, 2001 apud SERENIKIet al., 2008). (Fig.1). Segundo FONSECA, (2007) ocorre também a deposição de placas senis no córtex cerebral, assim como a formação de emaranhados neurofibrilares. Figura 1: O tecido com Alzheimer possui um número bem menor de células nervosas e de sinapses do que um cérebro saudável. Fonte: Alzheimer'sAssociation, 2008. O processo degenerativo da DA afeta a atividade dos neurônios e reduz os níveis das substâncias que afetam a ligação química entre os neurônios, os neurotransmissores. Este quadro é geralmente crônico e progressivo que interfere diretamente na vida do indivíduo. A perda de células cerebrais é um processo natural, mas em doenças que conduzem à demência isso ocorre a um ritmo acelerado e faz com que o cérebro da pessoa não funcione de uma forma normal (RIBEIRO, 2008). A DA pode ser divida em três fases – leve, moderada e grave – de acordo com o nível de comprometimento cognitivo e o grau de dependência do indivíduo. Na fase leve da doença, o paciente mostra queda significativa no desempenho de tarefas instrumentais da vida diária, mas ainda é capaz de executar as atividades básicas do dia a dia, mantendo-se independente. Na fase moderada, o comprometimento intelectual é maior e o paciente passa a necessitar de assistência para realizar tanto as atividades instrumentais como as atividades básicas do dia a dia. Na fase grave, o paciente geralmente fica acamado, necessitando de assistência integral. Nessa fase, o paciente pode apresentar dificuldades de deglutição, sinais neurológicos, como, por exemplo, as mioclonias e crises convulsivas. Pode apresentar também incontinência urinária e fecal (BOTTINO et al., 2002). Esses sintomas são frequentemente acompanhados por distúrbios comportamentais como agressividade, alucinações, hiperatividade, irritabilidade e depressão. Transtornos do humor afetam uma porcentagem considerável de indivíduos que desenvolvem Doença de Alzheimer, em algum ponto da evolução da síndrome demencial. Sintomas depressivos são observados em até 40-50% dos pacientes, enquanto transtornos depressivos acometem em torno de 10-20% dos casos. Outros sintomas, como a apatia, a lentificação (da marcha ou do discurso), a dificuldade de concentração, a perda de peso, a insônia e a agitação podem ocorrer como parte da síndrome demencial. (WRAGG, 1989; RASKIND, 1995; EASTWOOD apud SERENIKI et al., 2008). Nos critérios anteriores, a DA somente era diagnosticada quando havia demência enquanto na nova proposta a DA pode ser diagnosticada em três fases ou estágios: DA pré-clínica, comprometimento cognitivo leve(CCL) devido a DA e demência, sendo que o diagnóstico da fase pré-clínica deve ser restrito á pesquisa (FROTA et al., 2011). O momento no qual é feito o diagnóstico da Doença de Alzheimer representa um marco para os familiares, pois a partir daí veem-se tomados por diferentes sentimentos: a esperança na cura; a eleição do cuidador; a questão financeira ao considerar o alto custo do tratamento medicamentoso; a busca por autoajuda. (COELHO, 2004). Com a progressão da doença, surge à demanda por cuidados especiais, função importante desempenhada pelos cuidadores. (HALEY, 1997 apud CRUZ, 2008). No cenário domiciliar, estudos mostram que a esposa é, com frequência, a cuidadora primária de idosos, seguida da filha. E que o ato de cuidar, dentro de sua complexidade, gera sentimentos diversos, como: medo, angústia, cansaço, tristeza e choro (NASCIMENTO et al., 2008). Os familiares cuidados também apresentam alterações de humor e têm, algumas vezes, reações intempestivas, violentas/agressivas, atirando objetos, batendo no cuidador, gritando ou xingando (KARCALDAS, 2003 apud SILVEIRA et al., 2006). O cuidador é uma importante fonte de apoio para o enfrentamento de dependência imposta pela demência, sendo assim, o estímulo e o fortalecimento de parcerias entre cuidadores familiares e profissionais pode minimizar as dificuldades vivenciadas (PAULA et al., 2008). O primeiro fator a ser considerado em relação ao impacto ao cuidador é o posicionamento da família diante da doença. Assim como a doença passa por vários estágios, a família passa por diferentes etapas. A princípio, a família não sabe o que está acontecendo diante das manifestações de déficit do paciente, gerando sentimentos de hostilidade e irritação. Do outro lado, o paciente pode perceber as próprias deficiências, correndo o risco de deprimir-se. À medida que a doença vai evoluindo, ocorre a busca por um diagnóstico, porém, nem sempre os familiares o aceitam rapidamente, podendo negá-lo, na tentativa de recuperar a “pessoa de antes”. Após a aceitação do diagnóstico, pode haver uma sensação de catástrofe. As famílias reagirão de maneiras diferentes, dependendo das próprias características (GOLDFARB, 1996 apud CRUZ, 2008). A qualidade dos cuidados se dá, em geral, em decorrência das limitações econômicas multigeracionais e das limitações educacionais dos cuidadores (RAMOS, 2002). Os cuidadores se deparam com numerosos fatores, que incluem a aceitação do diagnóstico, lidar com um stress cada vez maior, administrar o conflito dentro da família e planejar o futuro. Com isso, o cuidador ficará vulnerável a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia, e abusar física e verbalmente do paciente, de álcool e de medicamentos psicotrópicos (CALDEIRA; RIBEIRO, 2004). Assim, o cotidiano do núcleo familiar tem uma profunda mudança nos hábitos, pois acompanhar a progressiva involução (intelectual, afetiva e mais tarde física) de uma pessoa que se conviveu por vários anos e que se tem algum afeto é, muitas vezes, permeado por sentimentos diversos, oriundos de quem acompanha o processo, dentre eles pode-se citar o abatimento, desespero, depressão, pena, sobrecarga física e emocional, dentre tantos outros (FREITAS et al., 2008). Em média, os cuidadores despedem, em média, 60 horas por semana em responsabilidades de cuidador (MOHIDE, 1993; HALEY, 1997 apud CRUZ, 2008). O cuidador geralmente é escolhido dentro do círculo familiar e, muitas vezes, a tarefa é assumida de maneira inesperada, sendo ele conduzido a uma sobrecarga emocional (TAUB et al., 2004). A qualidade de vida de pacientes com demência depende, primordialmente, daqueles que são responsáveis por seu cuidado (BOTTINO et al.,2002). Conforme ocorre à mudança das fases da doença, as perdas vão se tornando cada vez mais reais e palpáveis ocorrendo uma inversão de papéis, isto é, o familiar cuidador passa a viver a vida do portador, sobrevindo com isso sentimentos de raiva, tristeza, angústia, medo, culpa e depressão. Isso ocorre, mesmo diante dos esclarecimentos sobre as mudanças decorrentes da doença (LUDERS, 2002 apud FREITAS et al., 2008). Uma pesquisa recente avaliou o significado de qualidade de vida na visão do cuidador de portadores de demência de Alzheimer e procurou identificar fatores que alterassem a sua qualidade e vida, para melhor ou pior. Neste estudo os cuidadores associaram boa qualidade de vida ao bem estar psicológico, serenidade, bem estar geral, estabilidade financeira, liberdade e tranquilidade; já em relação ao idoso cuidado, esses cuidadores informais referiram que fatores como boa saúde e maior independência do idoso, associado a presença de alguém que prestasse auxilio aos cuidadores, melhorariam a sua qualidade de vida (PAULA et al., 2008). Além da privação do convívio social e do acometimento físico e mental, o cuidador frequentemente não possui tempo para lazer ou mesmo para si próprio, tendo, muitas vezes, que abdicar de seus ideais e ambições para dedicar-se ao paciente. O fato de não participar de atividades sociais e o distanciamento dos amigos pode desencadear o sentimento deabandono e isolamento por parte do familiar (GWYTHER, 1998 apud LAWAL, 2008). Com isso, segundo FREYNE et al., 2009, os cuidadores de pacientes dementes apresentam níveis mais elevados de estresse e morbidade em comparação com cuidadores de indivíduos idosos não dementes. O grau desta estirpe é referido como sobrecarga do cuidador, que é mais elevado no inicio da demência. Aproximadamente 22% dos cuidadores de demência experimentam um transtorno depressivo, e o risco de um cuidador experimentar um este transtorno é de aproximadamente 3-38 vezes maior do que a de não cuidadores (MAUSBACH, 2008). Os cuidadores relatam cansaço, desgaste, revolta, depressão e somatizações. Embora cuidar possa ser sofrido, a evolução da doença e a aceitação da nova realidade podem conduzir a mudanças. Alguns cuidadores relatam que passaram por várias etapas e que hoje são outras pessoas. Essas mudanças apontam para a legitimidade do suporte grupal para cuidadores de pessoas idosas com alto nível de dependência. A dor, a dificuldade, as preocupações referentes ao ato de cuidar conduzem à busca de um significado para esse ato. É importante significar o sofrimento para aprender e crescer do ponto de vista existencial (SILVEIRA et al., 2006). Estudos têm mostrado que os transtornos psíquicos do paciente possuem ligação direta com os índices de depressão desenvolvida pelos cuidadores (KARSH, 2003 apud ALMEIDA, 2009). Além disso, os autores mencionam que grande parte dos cuidadores utiliza alguma medicação psicotrópica, que lhes auxiliam no enfrentamento da situação que estão vivenciando (ALMEIDA, 2009). Os cuidadores ao se perceberem sobrecarregados, tendem a sentir maiores níveis de tensão e, consequentemente, a desempenharem suas funções aquém de suas capacidades, o que resulta numa situação de cuidado desequilibrada, normalmente acompanhada por resultados insatisfatórios (FERNANDES et al., 2009). O sentimento de solidão experimentado pelos cuidadores parece estar ligado ao fato de eles acharem que não devem pedir ajuda, mesmo quando estão assoberbados com as tarefas (SILVEIRA et al., 2006). A ligação entre o cuidador e seu familiar com Doença de Alzheimer acontece em um movimento ininterrupto entre o sensível e o objetivo, o impessoal e o pessoal, a intuição e a linguagem, em fim, o mundo perceptivo e o mundo cultural ou humano (SENA, 2008). Tanto o estresse crônico quanto a depressão podem produzir efeitos sobre a saúde mental e física dos cuidadores, que incluem desde menores níveis de bem-estar subjetivo e diminuídos índices de qualidade de vida até a potencialização de doenças (VITALINO et al., 1993, 2002; PINQUART, 2003; THOMAS, 2006 apud BALARDIN et al., 2007). Sommerhalder (2001) apud Resende et al., (2008) afirma que é importante ressaltar que a relação cuidador-cuidado não é somente fonte de experiências negativas na dimensão física e emocional do cuidador. É importante destacar que nenhuma condição é boa ou má em si mesma e consiste numa variedade de circunstâncias, de capacidades para lidar com as demandas do idoso e com os próprios sentimentos e de uma multiplicidade de elementos individuais, sociais, psicológicos, históricos e situacionais, que variam entre os diferentes cuidadores e no mesmo cuidador ao longo do tempo. A atenção aos cuidadores de pacientes demenciados é essencial, pois se reflete em uma melhor qualidade de vida não só para o cuidador, mas principalmente para o paciente (CRUZ, 2008). Para o idoso, morar com o cuidador traz benefícios, uma vez que sua demanda de cuidado tem maior possibilidade de ser atendido de forma imediata e ininterrupta dia após dia. Em contrapartida, para os cuidadores, aumenta a exposição aos efeitos negativos dessa atividade e, consequentemente, eleva seus níveis de tensão (FERNANDES, 2003 apud SANTOS et al., 2007) Apesar da vasta literatura sobre as alterações físicas e psicossociais associadas à função de cuidar, o funcionamento cognitivo dos indivíduos que exercem essa função é pouco explorado (BARLADIN, 2007). Restrições no funcionamento cognitivo dos cuidadores podem comprometer sua habilidade de cuidar, tanto do paciente incapacitado como de si mesmos, dificultando a implementação de comportamentos saudáveis (BARLADIN, 2007). Em assumindo o papel de cuidar, o cuidador retoma a sua história e vivência nesse sentido, em seu presente no cotidiano do cuidar, estão co-presentes os eventos que marcaram sua vida e também o seu horizonte de futuro. Neste ponto, notamos que o horizonte de futuro dos cuidadores parece tornar-se extremamente prejudicado. Muitos chegam a expressar e demonstrar, em sua gestualidade, uma falta de perspectivas de vida (SENA, 2008). O cuidador familiar, em virtude de sua exposição prolongada aos diferentes estressores presentes na situação de cuidado, está sob risco de apresentar problemas de saúde semelhantes aos evidenciados pela pessoa para qual ele provê cuidado, tai como artrite, hipertensão arterial, doenças coronarianas, processos dolorosos, alterações ponderais, modificações no sistema imunológicos, dispepsia, úlceras e outras (DOORNBOS, 2002). Cuidadores de DA que têm estresse crônico demonstra comprometimento endotelial, e têm sido associados com risco aumentado de eventos cardiovasculares (MAUSBACH, 2010). Somado a isso, o comportamento de pacientes com demência é um problema e a avaliação negativa por parte do cuidador que parece contribuir para o estado de baixo grau de hipercoagulabilidade em cuidadores de Alzheimer. Esta relação pode ajudar a explicar o maior risco de AVC nos cuidadores( VON KÄNEL, 2010). A extensão e a complexidade de patologias crônicas, progressivas e degenerativas com frequência repercutem negativamente sobre o cuidador, sendo esse, portanto, merecedor de atenção de profissionais e serviços de saúde, no que diz respeito à educação em saúde. Nesse sentido, o cuidador pode vir a apresentar elevado grau de ansiedade, tanto pela sobrecarga de cuidados quanto pelas modificações em sua estrutura familiar (LUZADO et al., 2006 apud ALMEIDA, 2009). Prestar cuidados a idosos fragilizados pode ser entendido pela maioria das pessoas como o despenho de um papel normativo da família em um dado momento de seu curso de vida, de acordo com seus padrões culturais e historicidade. Entretanto proporcionar cuidados ininterruptos ao idoso demenciados acarreta inúmeras demandas aos cuidadores representadas um ônus extraordinário que precisa ser compartilhado com outras pessoas (LUZADO, 2004). O alto custo emocional e físico da função de cuidar tem sido frequentemente citado pelos estudiosos que, entre outras coisas, o associam ao despreparo dos cuidadores informais. (MAFFIOLETTI, 2006.) Os aspectos relacionados com o cuidador, tais como percepção e avaliação do seu bem estar, parecem estar fortemente associados com a sobrecarga, o mesmo não se verificando com as características do doente. Constituindo predictores importantes a percepção da saúde física e psicossocial (SANTOS, 2004). O desequilíbrio entre atividade e repouso foi identificado nas cuidadoras através da investigação de fadiga, distúrbio do sono e déficit de lazer. No tocante à fadiga 28 (93,3%) cuidadoras referiram indisposição para realizar as atividades cotidianas usuais, sendo 16 (53,3%) de modo frequente e 12 (40%) casualmente. Da mesma forma, 28 (93,3%) cuidadoras relataram cansaço físico e mental como resultado da provisão de cuidado, sendo 18 (60%) frequentemente e 10 (33,3%) às vezes( FERNANDES et al., 2009). Cuidadores capazes de manter atitudes positivas perante estresse crônico, como a manutenção de uma rede social ativa, parecem manifestar características de personalidade, como otimismo e resiliência, que os tornam capazes de ter pensamentos motivadores, apesar da sua rotina de cuidados (BARLADIN, 2007). Apesar da vasta literatura internacionalconsolidada sobre o tema, entende que os processos psicológicos e psicossociais envolvidos no ato de cuidar variam de acordo com o contexto cultural e social dos indivíduos envolvidos nesse papel (VALENTINI et al., 2010). Os efeitos psicossociais da doença fazem do cuidador alvo de investigações científicas acerca da Doença de Alzheimer e da consequente sobrecarga, termo traduzido da língua inglesa e conhecido internacionalmente como BURDEM: “Sentimento de sobrecarga experimentado pelo cuidador ao realizar uma gama de atividades potencialmente geradoras de estresse e efeitos negativos” (LUZARDO et al., 2006). CONCLUSÃO É preciso repensar a concepção do que é velhice, do que é cuidar na velhice e os conceitos que orientam a preparação de cuidadores de idosos ou a formação de profissionais na área da saúde. O cuidar é concebido pelos cursos como um potencial do humano, referido a uma atitude diante da vida, diante do outro, do social. Atitude que depende de o indivíduo reconhecer a condição humana do outro; a importância do respeito ao próximo. A análise dos achados dos estudos revisados mostra que há presença de estresse físico e mental dos cuidadores. Apesar das distintas opiniões dos autores acerca da Doença de Alzheimer (DA) e dos seus cuidadores, todos convergem para o mesmo raciocínio, ressaltando a sobrecarga e os impactos na vida dos cuidadores. Concomitantemente, identifica-se que o contexto de vida do cuidador e os problemas por ele enfrentados em seu cotidiano, não adquiriram visibilidade social diante da sociedade e o real afastamento desta. Apesar, de ser uma realidade constantemente vivenciada por milhares de famílias e cuidadores, ainda sem solução, sugere-se para tal situação a necessidade de se instituir políticas públicas de saúde abrangendo os aspectos relativos à DA e seus cuidadores. AGRADECIMENTOS A Deus, por nunca me abandonar, pelo seu amor único e verdadeiro, por segurar em minhas mãos e me levantar nos momentos de dificuldades, em que chegamos ao ponto de pensar em desistir, Deus me sustentou e mostrou quem realmente tem sonhos nunca desisti. Aos meus pais, por acreditar em mim, e esta ao meu lado em todos os momentos, pelo amor e força que tem me dado. Ao CEAFI pós-graduação e a toda sua equipe, pelas experiências vividas e oportunidade como no Instituto Movimento, e pela colaboração em todo o processo que me fez uma pessoa e uma profissional melhor e realizada, e com certeza acrescentou com tudo que podia oferecer na minha vida. REFERÊNCIAS ALMEIDA K. S.; LEITE M. T.; HILDEBRANDT L. M. Cuidadores familiares de pessoas portadoras de Doença de Alzheimer: revisão da literatura. Revista Eletrônica, v. 11, n.2, p. 403-12, 2009. ABREU, I. D.; FORLENZA, O.; V.; BARROS, H. L. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia.Revista Psiquiatria Clínica, v. 32, n.3, p. 131- 136, 2005. ARRUDA, M.C.; ALVAREZ, A. M. A.; GONÇALVES, L. H. T. Revista Ciências cuidador e Saúde,v. 7, n.2, p.339-345, 2008. BALARDIN, J. B. et al. 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