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Livro Texto BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE - Unidade I - EDUCAÇÃO FÍSICA UNIP

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Katia Brandina
Colaboradoras: Profa. Vanessa Santhiago
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Biomecânica 
Aplicada ao Esporte
2
Professora conteudista: Katia Brandina
É graduada em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (1997). Possui mestrado (2004) e doutorado 
(2009) em Biodinâmica do Movimento Humano pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo 
(EEFE-USP). Atualmente, é professora titular da Universidade Paulista (UNIP). Coordena e ministra aulas nos cursos de 
pós-graduação da Universidade Estácio de Sá (Reabilitação de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas), da Universidade 
de São Caetano do Sul (Reabilitação e Exercício Físico nas Lesões e Doenças Musculoesqueléticas) e da FMU (Lesões 
e Doenças Musculoesqueléticas: Prevenção e Condicionamento Físico). Ministra aulas como professora convidada no 
curso de pós-graduação da Fefiso (Fisiologia do Exercício: Avaliação e Prescrição de Atividade Física). Os temas de 
estudo de maior interesse na área da Biomecânica são: locomoção humana, reabilitação de lesões musculoesqueléticas, 
calçado esportivo e eletromiografia.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B642b Brandina, Katia.
Biomecânica aplicada ao esporte / Katia Brandina. – São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
172 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Biomecânica. 2. Atividade eletromiográfica. 3. Treinamento 
de força. I. Título.
CDU 577.3
U507.23 – 20
3
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Elaine Pires
5
Sumário
Biomecânica Aplicada ao Esporte
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 BIOMECÂNICA DO TREINAMENTO DE FORÇA.........................................................................................9
1.1 Tipos de contração e características estruturais do músculo ............................................ 10
1.2 Influência do comprimento do sarcômero e do ciclo alongamento- 
-encurtamento na produção de força muscular ............................................................................ 12
2 TORQUE E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUÇÃO DE FORÇA MUSCULAR ........................................ 19
2.1 Análise dos braços de alavanca nos exercícios de academia ............................................. 32
2.1.1 Exercício peitoral ..................................................................................................................................... 32
2.1.2 Exercício dorsal ........................................................................................................................................ 39
2.1.3 Exercícios de ombro ............................................................................................................................... 42
2.1.4 Exercício de cotovelo ............................................................................................................................. 45
2.1.5 Exercício de membros inferiores ....................................................................................................... 47
2.1.6 Características e importância da eletromiografia na análise do movimento humano ...........51
2.1.7 Atividade eletromiográfica dos músculos nos exercícios ....................................................... 55
Unidade II
3 BIOMECÂNICA DA CORRIDA E DO CALÇADO ESPORTIVO .............................................................. 70
3.1 Características cinemáticas da corrida e influência do calçado esportivo ................... 71
3.2 Características cinéticas da corrida e influência do calçado esportivo ......................... 82
4 ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS NA CORRIDA ................................................ 95
4.1 Características da economia de corrida e influência do calçado esportivo 
no rendimento do corredor ...................................................................................................................100
Unidade III
5 BIOMECÂNICA DA GINÁSTICA .................................................................................................................112
5.1 Ginástica olímpica e artística: biomecânica do equilíbrio .................................................113
5.2 Treinamento proprioceptivo ..........................................................................................................121
6 GINÁSTICA DE ACADEMIA .........................................................................................................................126
6.1 Modalidade step .................................................................................................................................126
6.2 Ginástica de academia: modalidade aeróbia ..........................................................................129
6
Unidade IV
7 BIOMECÂNICA DAS MODALIDADES ESPORTIVAS ............................................................................134
7.1 Análise e controle da sobrecarga .................................................................................................134
8 SALTO VERTICAL: PARÂMETROS BIOMECÂNICOS PARA EFICIÊNCIA DO MOVIMENTO ..............136
8.1 Salto triplo: parâmetros biomecânicos para controle de carga mecânica 
e propulsão ...................................................................................................................................................142
7
APRESENTAÇÃO
Os movimentos corporais e a interação de forças geradas entre corpo e meio ambiente em sua 
execução são o foco de estudo da área da Biomecânica. Para que o movimento aconteça, forças são 
produzidas e sustentadas pelo corpo, provocando ajustes do movimento que propiciaram o controle 
de cargas mecânicas e a geração de impulsos para propulsionar o aparelho locomotor (HALL, 2013; 
AMADIO; SERRÃO, 2004; AMADIO; SERRÃO, 2011).
Essa mecânica de movimento pode ser evidenciada em gestos motores do cotidiano, tais como a 
caminhada, subir um degrau de uma escada ou alcançar objetos, mas também se aplica aos movimentos 
complexos vivenciados em modalidades esportivas e em atividades de academia.
Para garantir uma técnica de execução correta dos movimentos esportivos complexos, é necessário 
analisá-los e discuti-los por meio dos instrumentos da Biomecânica, tais como câmeras, eletromiógrafos, 
plataforma de força de reação do solo, entre outros. O estudo do movimento por essa ótica define a área 
de atuação da Biomecânica, conhecida por Biomecânica Aplicada ao Esporte.
A Biomecânica Aplicada ao Esporte evidencia as estratégias usadas pelo aparelho locomotor para 
garantir maior eficiência nos gestos motores esportivose as desenvolve nas sessões de treino, sendo 
estas estratégias e seu uso no treino esportivo os assuntos a serem discutidos nesta disciplina.
Portanto, a disciplina tem os seguintes objetivos:
• entender as características das diferentes modalidades esportivas e de treinamento;
• aprender a controlar a sobrecarga para diminuir a incidência de lesões;
• saber quais aspectos precisam ser treinados nas modalidades para melhorar o rendimento.
Ao final do estudo desta disciplina o aluno deve ser capaz de:
• analisar e manipular as forças presentes no movimento humano;
• manipular as forças produzidas no movimento humano para prevenir o surgimento de lesões e 
melhorar a eficiência do movimento;
• adequar os exercícios e o treinamento para evitar o surgimento de lesões.
INTRODUÇÃO
O aparelho locomotor possui muitos sistemas capazes de interagirem e se organizarem para 
produzirem movimentos bastante complexos, como os evidenciados em modalidades esportivas e 
em atividades de academia. Essa resposta em forma de gesto motor pode ser melhorada no aspecto 
mecânico quando bem conhecida e treinada.
8
Para programar sessões de treino que permitam desenvolver as capacidades físicas relevantes para 
aperfeiçoar a técnica do movimento de cada indivíduo é importante conhecer como o gesto motor 
usado é executado, que forças estão presentes nessa ação, como controlá-las e torná-las favoráveis 
para facilitar a execução do movimento com menos gasto energético. São vários os fatores que afetam 
o movimento humano.
Um dos sistemas de grande relevância do nosso corpo capaz de produzir força e controlar as 
que incidem sobre ele é o sistema muscular. Para desenvolver as qualidades mecânicas do músculo é 
necessário entender e discutir a melhor estratégia a ser usada no treinamento de força. A estruturação 
da sessão de treino em acordo com os princípios do treinamento de força, a aplicação dos conceitos 
de torque e braço de alavanca e o uso dos registros eletromiográficos em exercícios de musculação 
serão alguns dos temas abordados a seguir, que favorecem o desenvolvimento das capacidades físicas 
musculares de força e potência.
Além do entendimento sobre o desenvolvimento geral das características mecânicas do tecido 
muscular pelo treinamento de força, o livro contém a discussão de dados de registro e análise de 
movimentos esportivos, obtidos por meio das áreas de investigação da Biomecânica: Cinemetria, 
Dinamometria, Eletromiografia e Antropometria.
Para a corrida, os parâmetros cinemáticos, cinéticos e eletromiográficos serão apresentados e 
discutidos, com o objetivo de explorar os fatores treináveis e não treináveis para melhorar a técnica e a 
eficiência da corrida. A influência das características de construção do calçado esportivo na técnica de 
movimento da corrida também será debatida, por este ser o principal acessório usado nesta modalidade.
Para os movimentos da ginástica (olímpica, artística e de academia), os conceitos de equilíbrio e 
controle de sobrecarga foram os principais assuntos explorados. Com a leitura desse documento, é 
possível entender a relevância de se controlar a intensidade e a duração dos estímulos aplicados ao 
aparelho locomotor, bem como entender os riscos de se usar movimentos complexos, que exigem grande 
controle motor, para sujeitos com pouca habilidade. O controle motor pode ser aperfeiçoado com o 
treinamento proprioceptivo, sendo essa outra modalidade de academia discutida para compreensão da 
importância de desenvolver o equilíbrio dos movimentos.
Por fim, os parâmetros cinemáticos e cinéticos do salto vertical são descritos para entendimento 
dos fatores que interferem no rendimento desse movimento, comum a muitas modalidades esportivas.
9
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Unidade I
1 BIOMECÂNICA DO TREINAMENTO DE FORÇA
O movimento humano é gerado quando um conjunto de músculos é acionado para produzir força. A 
ação conjunta dos músculos deve garantir gestos motores eficientes com técnica de movimento correta 
(HALL, 2013; AMADIO; SERRÃO, 2011; AMADIO; SERRÃO, 2004).
A capacitação do músculo para produção de força no movimento humano é conquistada com o 
treinamento de força. Essa estratégia de treino tem como princípios a sobrecarga, a especificidade e a 
reversibilidade do sistema locomotor (FLECK; KRAEMER, 2016; FLECK; KRAEMER, 2017).
Promover maior sobrecarga no músculo para otimizar sua capacidade de produção de força implica 
fazer o corpo sustentar uma carga adicional maior, com maior frequência ou com maior velocidade do 
que aquela que ele está acostumado a sustentar em seu cotidiano. Essa estratégia produzirá alterações 
na estrutura muscular que o farão executar movimentos mais complexos e com maior exigência de 
força (FLECK; KRAEMER, 2016; FLECK; KRAEMER, 2017).
O ganho de força em movimentos melhora a funcionalidade do corpo para atender às demandas 
do cotidiano de cada sujeito (FLECK; KRAEMER, 2016; FLECK; KRAEMER, 2017). Para o idoso, melhorar 
a capacidade de produção de força implica subir e descer escadas com maior autonomia, levantar 
de uma cadeira ou sentar nela sem perder o equilíbrio, retomar o equilíbrio de uma caminhada ao 
tropeçar na rua, reduzindo o risco de queda; para um adulto, implica melhorar e manter os movimentos 
repetidos em ambiente de trabalho, e, para um atleta, a capacidade de produzir força garante medalhas 
ou recordes em competições de alto nível esportivo.
Para que o ganho de força seja realmente representativo com a prática do treinamento de força, 
cada sujeito deve treinar o movimento da forma como ele o executa em seu dia a dia. A especificidade do 
gesto motor no treinamento de força é fundamental para promover a adaptação dos grupos musculares 
que devem ser acionados em cada movimento (FLECK; KRAEMER, 2016; FLECK; KRAEMER, 2017). Por 
exemplo, se um idoso quer melhorar sua capacidade de produzir força para levantar de uma cadeira e 
sentar-se nela, ele deverá usar movimentos no treino de força similares ao movimento de sentar em 
uma cadeira e levantar-se dela. O movimento que mais se assemelha a essa ação é o agachamento.
É importante destacar que a força usada ao sentar em uma cadeira e levantar-se dela é dinâmica, 
portanto, adicionar carga e manter o idoso parado em um único ângulo do movimento de flexão e 
extensão de joelhos compromete a especificidade do treino e a adaptação do músculo para o ganho de 
força em uma ação dinâmica como essa. Assim, além de considerar o tipo de exercício, é preciso também 
definir sua forma de execução no treino, que deve ser compatível com o movimento executado no dia 
a dia do sujeito.
10
Unidade I
Um atleta de alto nível que compete nas argolas, como é o caso do medalhista olímpico Arthur 
Zanetti, para tornar o treino de força específico às ações dessa prova, precisa fortalecer os músculos do 
ombro em posturas estáticas. Realizar o movimento de flexão de cotovelo com carga adicional e com os 
pés apoiados em um espaldar para ficarem alinhados com o tronco e solicitar ao atleta que ele execute 
uma flexão de cotovelos e mantenha os cotovelos flexionados por um período de tempo, sustentando 
a força, torna essa ação mais específica para a adaptação do músculo na prova de argolas. Esse é um 
exemplo de movimento que imita o que é usado por um atleta na competição de argolas e que exige 
um trabalho de fortalecimento muscular em postura estática, respeitando o princípio da especificidade 
do treino de força.
Todo o esforço feito para treinar o tecido muscular para ganho de força, independentemente da 
atividade a ser realizada ou do tipo de público (adulto, idoso, atleta), só será mantido se o treinamento 
não for interrompido e se o nível de esforço do sujeito para realizar o exercício for modificado sempre 
para um patamar de maior exigência, com cargas mais pesadas, aumento no tempo de permanência 
de execução do gesto motor ou velocidade de movimento maior do que a de costume. Essa descrição 
explica o princípio da reversibilidade dotreinamento de força (FLECK; KRAEMER, 2016; FLECK; KRAEMER, 
2017). Se o tecido muscular parar de receber estímulos ou se eles forem equivalentes aos recebidos no 
cotidiano, com o processo de envelhecimento contínuo do corpo, a capacidade de produção de força 
muscular diminui. Então, o treino de força só será eficiente se houver sobrecarga no sistema corporal, 
específica ao trabalho que será exigido do corpo.
A discussão anterior mostra que o protagonista do corpo usado para realizar movimentos mais 
eficientes é o tecido muscular e este pode se adaptar para melhorar a capacidade de produzir e de 
sustentar a força. Dada a importância dessa estrutura para o corpo, as características estruturais e 
biomecânicas desse tecido serão consideradas a seguir.
1.1 Tipos de contração e características estruturais do músculo
Por sua capacidade de produzir força, o músculo é considerado o tecido ativo do corpo humano, que 
realiza movimentos ao encurtar e oferece proteção aos ossos e articulações ao alongar para oferecer 
resistência às forças externas aplicadas ao corpo (HALL, 2013).
As funções que o músculo cumpre para produzir movimento e resistir às forças externas são garantidas 
por contrações musculares distintas, que dependem do comprimento assumido pelo músculo e da 
relação de forças estabelecidas entre ambiente e corpo humano. As contrações dinâmicas, concêntrica 
e excêntrica, e a contração estática, isométrica, são as que definem as relações de comprimento e força 
destacadas anteriormente (NORDIN; FRANKEL, 2014; HALL, 2013).
A contração dinâmica excêntrica é definida quando o músculo alonga com o aumento gradativo 
do seu comprimento até o limite máximo, sem gerar lesão. O corpo cede à ação da força da gravidade 
e desloca a porção do corpo movimentada em direção ao solo ou a favor da gravidade. Com isso, a 
força interna ou produzida pelo músculo é menor do que a força externa ou resistente no movimento 
(NORDIN; FRANKEL, 2014; HALL, 2013).
11
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Já a contração dinâmica concêntrica é definida quando o músculo encurta com a diminuição gradativa 
do seu comprimento. O corpo supera a ação da força da gravidade e desloca sua parte em movimento para 
cima ou contra a ação da gravidade. Com isso, a força interna ou produzida pelo músculo é maior do que 
a força externa ou resistente no movimento (NORDIN; FRANKEL, 2014; HALL, 2013).
Quando o músculo não está nem totalmente alongado e nem totalmente encurtado, a contração 
isométrica, muitas vezes estática, é visualizada no gesto motor. O músculo assume seu comprimento 
intermediário e não há variação aparente em seu comprimento total; esses dois fatores caracterizam a 
contração isométrica. Dessa forma, a produção de força interna ou muscular se iguala à força resistente 
ou da gravidade que atua no corpo (NORDIN; FRANKEL, 2014; HALL, 2013).
O comprimento assumido pelo músculo no movimento altera sua capacidade de produção de força 
muscular devido ao número de interações entre actina e miosina. Este é um aspecto biomecânico 
importante característico do músculo que influencia o treinamento de força (TRICOLI, 2013).
Em acordo com o Modelo Biomecânico (NORDIN; FRANKEL, 2014) ilustrado a seguir, o tecido 
muscular é composto por dois componentes principais: o contrátil e o elástico.
Componente elástico em paralelo 
(epimísio, permísio e endomísio)
Componente elástico 
em série (tendão)
Componente contráril 
(actina e miosina)
Figura 1 – Ilustração do Modelo Biomecânico do Músculo
O retângulo representa o ventre muscular. A parte superior do retângulo possui uma mola que 
simula as várias camadas de membrana formadas por fibras de colágeno que envolvem: a fibra muscular 
(endomísio), o conjunto de fibras musculares (perimísio) e o ventre muscular (epimísio). Essas camadas 
de membrana são conhecidas como componente elástico em paralelo em relação ao componente 
contrátil e têm a importante função de resistir às forças de tração, protegendo o músculo de lesões e de 
acumular e restituir energia elástica no movimento.
Na parte inferior do retângulo verificam-se duas extremidades com aspecto de garfo se encaixando, 
esses são os componentes contráteis do Modelo Biomecânico do Músculo. Os componentes contráteis, 
12
Unidade I
actina e miosina, interagem entre si para encurtar o músculo e produzir o movimento humano, por isso 
uma representação que lembra a conexão entre as duas proteínas contráteis do músculo no modelo. 
Quanto maior for a quantidade de actinas e miosinas conectadas, maior será a capacidade de produção 
de força pelo músculo.
Das extremidades do retângulo saem duas linhas (uma delas com uma mola) que também representam 
um componente elástico no músculo. Como estes componentes estão ao lado das proteínas contráteis 
de actina e miosina, são conhecidos por componente elástico em série em relação ao componente 
contrátil. No músculo, o componente elástico em série é o tendão muscular e tem estrutura e função 
similar à do componente elástico em paralelo. São elas: resistir às forças de tração no movimento para 
evitar lesão muscular por estiramento e acumular e restituir energia elástica para potencializar a força 
muscular no movimento.
Mas como a capacidade de força muscular pode ser afetada ao considerar os componentes contrátil 
e elástico representados no Modelo Biomecânico do Músculo?
Ela é afetada quando se considera:
• o comprimento assumido pelo sarcômero nas diferentes contrações musculares sem o uso do 
componente elástico;
• o uso do componente elástico em um movimento contínuo e com sobrecarga adequada – ciclo 
alongamento-encurtamento.
1.2 Influência do comprimento do sarcômero e do ciclo alongamento- 
-encurtamento na produção de força muscular
A capacidade de produção de força pelo músculo mudará quando o sarcômero ficar muito alongado 
ou muito encurtado em comparação à condição em que fica em seu comprimento intermediário, 
conforme evidenciado na figura a seguir (NORDIN; FRANKEL, 2014; HALL, 2013).
13
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Fo
rç
a
1.0
0.5
1.27 1.65 2.0 3.602.24
Comprimento do sarcômero
Z Z
M A
2.25 - 3.6 µm
2.0 - 2.25 µm
<1.65 µm
Figura 2 – Ilustração da curva de comprimento-tensão. Produção de força do sarcômero (eixo y) em função do seu comprimento 
(eixo x): de 2,25 a 3,6 µm comprimento alongado (contração excêntrica); de 2,0 a 2,25 µm comprimento intermediário (contração 
isométrica); <1,65 µm comprimento encurtado (contração concêntrica)
O eixo y do gráfico anterior indica a quantidade de força produzida pelo músculo, e o eixo x, a 
variação do comprimento assumido pelo sarcômero. Quando o sarcômero está entre 2.25 e 3.6µm, 
verifica-se o maior comprimento assumido pela fibra muscular, portanto o tipo de contração realizada 
é a excêntrica. No intervalo entre 2.0 e 2.25µm, o sarcômero está em seu comprimento intermediário, 
então o tipo de contração assumida é a isométrica. E no intervalo no qual o sarcômero encontra-se com 
o comprimento menor do que 1.65 µm, o tipo de contração é a concêntrica.
Ao comparar o comprimento do sarcômero com a capacidade de produção de força do músculo, 
verifica-se no gráfico que, em contração excêntrica e concêntrica, a capacidade de produção de força do 
músculo diminui gradativamente quando o sarcômero se aproxima dos valores extremos de alongamento 
e encurtamento, respectivamente. Na contração isométrica, a produção de força muscular é máxima.
As diferenças de produção de força muscular em acordo com o tipo de contração assumido pelo músculo 
são explicadas pela quantidade de interações entre actinas e miosinas. Em contração isométrica, todas as 
cabeças de miosinas estão alinhadas e conectadas aos sítios de ligação da actina. Com maior quantidade de 
“engrenagens” trabalhando dentro do músculo, essa “máquina” consegue produzir mais força.
Em contração excêntrica, os sítios de ligação da actina se afastam das cabeças de miosina devido 
ao maior comprimento do sarcômero. Com isso, o músculoperde parte das interações entre actina e 
miosina, o que diminui sua capacidade de produção de força muscular.
14
Unidade I
Em contração concêntrica, com a grande aproximação das paredes dos sarcômeros pelo 
encurtamento muscular, as actinas são sobrepostas e as extremidades das miosinas são “esmagadas” 
contra as paredes do sarcômero. Isso faz com que haja menos quantidade de sítios para interação entre 
actina e miosina e menos cabeças de miosinas alinhadas às actinas para conexão e produção de força 
muscular, respectivamente.
Você deve estar se perguntando em qual situação essa forma de produção de força muscular é vista 
na prática. É possível citar duas situações:
• no início do movimento a partir de uma contração excêntrica;
• quando ocorre uma pausa no movimento entre a contração excêntrica e concêntrica do músculo.
Quando o músculo principal do movimento está alongado por muito tempo antes de iniciar a ação, 
ele só tem os componentes contráteis para produzir a força necessária para o gesto motor. Por exemplo, 
quando um sujeito faz o movimento de flexão de cotovelo (rosca direta) com carga de treino alta 
(maior do que a condição basal). No início do movimento o cotovelo está estendido, o músculo bíceps 
braquial, que é um dos responsáveis pelo movimento de flexão de cotovelo, está alongado ao máximo, 
em contração excêntrica. Se nos reportarmos ao gráfico anterior (lendo-se da direita para esquerda), em 
contração excêntrica, a quantidade de interação entre actina e miosina é pequena, o que compromete 
a produção de força muscular. Iniciar o movimento de flexão de cotovelo é difícil, principalmente se a 
carga estiver muito alta. É por isso que, algumas vezes, verifica-se em academias um sujeito forçando a 
coluna em extensão para iniciar esse movimento. Trata-se de um erro comum que pode lesionar o corpo. 
O ideal é diminuir a carga de treino ou solicitar a ajuda de outra pessoa para iniciar o movimento.
 Lembrete
Condição basal é a condição em que o corpo consegue manter todo seu 
funcionamento sem esforço, com pouco gasto energético. Nesse caso, para 
ganho de força, é preciso deixar a carga mais pesada do que a quantidade 
de peso que o sujeito ergue no seu dia a dia, ou seja, é preciso superar a 
condição basal de carga do sujeito.
Depois do início da flexão do cotovelo no movimento de rosca direta, o bíceps braquial migra da 
contração excêntrica para contração isométrica. Perceba que a variação do comprimento do músculo do 
início para o meio do movimento faz com que o número de interações entre actina e miosina aumente 
(parte central do gráfico anterior). Com o cotovelo alcançando o ângulo de 90 graus, a produção de 
força muscular é máxima no movimento de rosca direta e a sensação que o exercício ficou mais fácil 
nesse instante do movimento é percebida pelo sujeito que o executa.
Ao dar continuidade à execução do movimento da contração isométrica para contração concêntrica, 
tem-se nova alteração de comprimento do sarcômero, do intermediário para o mais encurtado (parte 
esquerda do gráfico); a produção de força no final da fase ascendente do movimento de flexão de 
15
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
cotovelo diminui devido ao encurtamento total do músculo, que, nessa condição, perde parte das 
conexões entre actina e miosina.
A variação de força na primeira repetição de movimentos que se iniciam com o músculo alongado 
sempre ocorrerá da forma como exemplificada no movimento de rosca direta (flexão de cotovelo). Para 
evitar compensações no movimento é importante:
• adequar a carga de treino à condição física do sujeito; 
• auxiliar o início do movimento, se a carga de treino for alta e estiver compatível com o 
condicionamento físico do sujeito;
• ajustar a máquina na qual o sujeito fará o movimento para que seu início ocorra com o músculo 
principal da ação mais próximo da contração isométrica. Isso facilitará a produção de força para 
iniciar o movimento. É importante destacar que o ângulo de execução do movimento nas repetições 
subsequentes não pode ser comprometido pelo ajuste inicial do movimento na máquina.
Até o momento, somente o componente contrátil do músculo foi usado na produção de força. E o 
componente elástico do músculo? Será que esse outro componente não teria participação nenhuma na 
capacidade do músculo de produzir força? Sim, ele tem. A capacidade de acumular e restituir energia 
elástica é fundamental para produzir maior quantidade de força muscular e essa capacidade é vista nos 
componentes elásticos do músculo.
O gráfico a seguir mostra a capacidade de produção de força do músculo, atentando para a ação 
dos componentes musculares separadamente, quando somente o componente contrátil (CC) age no 
movimento (curva vermelha) e quando o componente elástico (CE) acumula energia elástica (curva 
verde). De igual modo, a capacidade de produção de força atenta-se para a ação combinada dos 
componentes musculares, quando a ação dos componentes contrátil e elástico se somam para produzir 
o movimento (curva azul).
Comprimento muscular
CC CE
CC + CE
Pr
od
uç
ão
 d
e 
fo
rç
a
Figura 3 – Ilustração da curva de comprimento-tensão. Produção de força do sarcômero (eixo y) em função do seu comprimento 
(eixo x). Curva vermelha: participação do componente contrátil para a produção de força; curva verde-clara: participação do 
componente elástico para produção de força, curva verde-escura somatória da produção de força dos componentes elástico e 
contrátil
16
Unidade I
Para entendimento, considere apenas a curva vermelha do gráfico anterior. Lendo-a da direita para 
esquerda, ela ilustra o que acontece na primeira repetição do movimento de rosca direta discutido 
anteriormente. No início do movimento, o músculo produz pouca força por estar em contração 
excêntrica e sem energia elástica acumulada; no meio do movimento, produz força máxima em 
contração isométrica, e, no final, com o encurtamento demasiado do músculo, a produção de força cai. 
Isto ocorre devido à quantidade de interação entre actina e miosina em função do tipo de contração 
muscular e do comprimento adotado pelo músculo.
Após a primeira flexão de cotovelo, o sujeito deverá estendê-lo para continuidade do movimento. 
Quando o sujeito estende o cotovelo, o músculo sai da contração concêntrica, migra para a contração 
isométrica e, em seguida, para a contração excêntrica (ler o gráfico da esquerda para a direita). 
Note que, ao passar da contração isométrica para a contração excêntrica na extensão do cotovelo, 
a curva verde aparece e tem um formato crescente para a produção de força com o aumento do 
comprimento muscular. Essa curva indica o início da participação dos componentes elásticos no 
movimento de rosca direta.
Como um elástico, esses componentes são tracionados e acumulam energia elástica da contração 
isométrica para contração excêntrica na fase descendente do movimento de rosca direta.
Como a intenção é repetir várias vezes o movimento de rosca direta, assim que o sujeito atinge 
o ângulo de extensão de cotovelo desejado, ele já inverte a ação para erguer novamente o peso. A 
passagem da fase descendente (contração excêntrica) para a fase ascendente (contração concêntrica) 
do movimento de rosca direta, sem pausas, garante a soma da ação dos componentes musculares 
contrátil e elástico, conforme demonstra a curva azul do gráfico.
Perceba que, quando há a soma da participação dos componentes contrátil e elástico do músculo, 
a partir da segunda repetição do movimento de rosca direta, mesmo em contração excêntrica, a 
capacidade de produção de força é máxima (curva azul lado direito), diferente do observado na primeira 
repetição do movimento, quando o músculo está em contração excêntrica e somente o componente 
contrátil participa do movimento (curva vermelha, lado direito).
Portanto, é possível entender que, quando a ação do componente elástico é somada à ação do 
componente contrátil, a capacidade de produção de força muscular é maior no movimento,fato que 
facilita sua execução.
Para o componente elástico acumular e restituir energia elástica, é imprescindível que o músculo 
sofra um alongamento (contração excêntrica) seguido de um imediato encurtamento (contração 
concêntrica). Esse ciclo de ação muscular para otimizar a produção de força é conhecido como ciclo 
alongamento-encurtamento, que viabiliza a produção de força potente no movimento (TRICOLI, 2013; 
NICOL; KOMI, 2006).
17
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
 Observação
A força potente é uma capacidade física que depende do uso de força 
submáxima ou máxima em alta velocidade de movimento. Entretanto, a 
capacidade do músculo para produzir força em alta velocidade diminui 
com o aumento da intensidade da carga. Assim, considerando o aspecto 
mecânico, o desenvolvimento da potência muscular é muito desafiador para 
o aparelho locomotor, mas este se adapta positivamente se o planejamento 
do treino físico for adequado.
Caso haja pausa ou um atraso mínimo entre o alongamento e o encurtamento do músculo no 
movimento, toda ou parte da energia elástica se dissipará em forma de calor, e o músculo produzirá força 
somente com a participação do componente contrátil, comprometendo seu rendimento no movimento.
Para explorar mais este conceito do ciclo alongamento-encurtamento, atente para os exemplos em 
discussão a seguir.
O supino, movimento ilustrado na figura a seguir, pode ser realizado com ou sem o uso do ciclo 
alongamento-encurtamento.
Figura 4 – Ilustração do movimento supino
Na posição inicial ilustrada na figura anterior, quando o sujeito desce a barra em direção ao tronco, 
os músculos peitoral maior e tríceps braquial são alongados e, com isso, acumulam energia elástica. Se 
o executor do movimento fizer uma pausa em abdução horizontal dos ombros e flexão dos cotovelos, 
mesmo após alongar os principais músculos do movimento, a energia elástica se dissipará em forma de 
calor, e a ação de erguer a barra ocorrerá somente com o uso do componente contrátil. Tal ação será muito 
mais difícil de ser realizada porque o músculo não usará sua capacidade máxima de produzir força.
Percebe-se, então, que o descanso deste movimento para uma próxima repetição jamais poderá ser 
feito entre o final da fase descendente e início da fase ascendente, porque a pausa nesse instante do 
movimento comprometerá o uso da força muscular total (componente contrátil e elástico) no supino.
18
Unidade I
Entretanto, considerando-se a especificidade do treinamento de força de um atleta de supino 
olímpico, efetuar a pausa entre a ação excêntrica e concêntrica do músculo pode favorecer o atleta na 
conquista de resultados mais expressivo nas competições.
Em competições de supino olímpico, existe o juiz da prova ou um sensor de toque posicionado 
na parte anterior do tronco dos atletas para validar a única tentativa de abaixar e erguer uma barra 
com peso máximo. O competidor é obrigado a esperar a autorização do juiz da prova para erguer a 
barra ou obriga-se a acionar o sensor pelo toque da barra no final da descida antes de erguê-la para 
ter sua tentativa validada na competição. Em ambas as situações, ocorrerá um pequeno atraso entre 
o alongamento e o encurtamento do músculo para um ciclo completo do movimento supino. Esse 
pequeno atraso será suficiente para dissipar parte da energia acumulada pelo componente elástico do 
músculo, e a força final usada pelo atleta na competição não será a máxima.
Sabendo da dinâmica dessa competição, o treino de força de um atleta de supino olímpico deve 
obrigatoriamente evitar o uso do componente elástico do músculo, forçando o atleta a parar o 
movimento entre o final da fase descendente e o início da fase ascendente. Caso contrário, a estratégia 
de treino não será especificamente a usada na competição, e o atleta não conseguirá bons resultados.
Vale lembrar que a soma da força produzida pelos componentes elástico e contrátil do músculo é 
a melhor estratégia para economizar energia no movimento. Sem o uso da força elástica, o músculo 
produzirá mais força contrátil para realizar o movimento, e tal força dependerá somente da quantidade 
de interação entre as proteínas actina e miosina (HALL, 2013).
Para ter grande interação entre as proteínas contráteis, é necessário usar os estoques de ATP (energia) 
do músculo. Solicitar o uso de grande estoque de ATP para produzir força no movimento implica facilitar 
a ocorrência de fadiga muscular (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002).
A fadiga muscular compromete tanto a ação do músculo de produzir a força adequada para o movimento 
como a manutenção da postura e a proteção das estruturas passivas do corpo (ossos e componentes 
articulares), essa condição de treino é propícia para que aconteçam (TRICOLI, 2013; NICOL; KOMI, 2006). 
Portanto, a estratégia de uso exclusivo do componente contrátil para a produção de força no treino deve 
ser muito bem pensada e usada quando necessária, como no caso de exercícios que precisam da pausa 
entre a ação excêntrica e concêntrica para respeitar a especificidade do movimento a ser treinado.
Outro movimento que tem rendimento alterado em acordo com a forma de execução é o salto vertical. Na 
fase preparatória para um salto, o executor flexiona as articulações dos membros inferiores para adquirir impulso 
para o movimento. O impulso é garantido pelo acúmulo de energia elástica nos músculos do quadríceps, tríceps 
sural, isquiotibiais e glúteo máximo por conta da tração exercida nesses músculos (contração excêntrica – fase 
descendente) com os movimentos de flexão de joelho, tornozelo e quadril, respectivamente, e pela participação 
do componente contrátil dos mesmos músculos para produção de força (fase ascendente).
Após a aquisição do impulso, se o sujeito der continuidade ao salto realizando a fase aérea sem 
pausa, o deslocamento vertical do salto será muito eficiente; entretanto, se entre a fase descendente 
e a ascendente da preparação do salto o sujeito parar, o deslocamento vertical será menor devido 
19
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
à dissipação de parte da energia elástica acumulada pelos músculos dos membros inferiores. Nessa 
segunda situação, somente o componente contrátil produzirá a força usada no salto, e o rendimento do 
movimento será visivelmente prejudicado – a altura de salto será inferior à máxima.
Exemplo de aplicação
Um atleta de handebol executa dois arremessos distintos. No primeiro, ele prepara o arremesso 
acelerando o braço para trás e alongando os principais músculos. Imediatamente após a preparação, 
acelera o braço para a frente e arremessa a bola. No segundo, ele prepara o arremesso acelerando o 
braço para trás, faz uma pausa no movimento e, em seguida, acelera o braço para a frente.
Sabendo que o músculo possui dois componentes em sua estrutura que podem produzir força, o 
contrátil e o elástico, cite e explique em qual arremesso o atleta teve seu melhor rendimento.
Além do uso dos componentes musculares, destaca-se a influência do torque para produzir gestos 
motores com execução mais fácil ou mais difícil, dependendo da postura adotada para o movimento e 
da quantidade de peso usada. Ambos os fatores podem alterar a ativação muscular em dado movimento 
e esse é o assunto a ser discutido na sequência.
 Saiba mais
A respeito do tema, leia:
BARROSO, R.; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Adaptações neurais e 
morfológicas ao treinamento de força com ações excêntricas. Revista 
Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 2, n. 13, p. 111-122, 2005. 
Disponível em: <http://www.nutricaoemfoco.om.br/NetManager/
documentos/adaptacoes_neurais_e_morfologicas_ao_treinamento_de_
forca_com_acoes_excentricas.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2016.
KOMI, P. V. Força e potência no esporte. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2006. 536 p.
2 TORQUE E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUÇÃO DE FORÇA MUSCULAR
Para caracterizar o conceito de torque, é importante lembrar os tipos de movimento que o corpo 
humano é capaz de produzir. Eles são conhecidos como movimentos de translação(linear) e de 
rotação (angular).
No movimento de translação, todas as partes do corpo são deslocadas com a mesma velocidade, a 
mesma direção e o mesmo sentido. Esse movimento pode ocorrer de duas formas: retilínea ou curvilínea.
20
Unidade I
Um movimento de translação retilíneo ocorre quando um sujeito anda de patins em linha reta. Nesse caso, 
tanto os patins quanto as partes do corpo da pessoa deslocam-se com a mesma velocidade, direção e sentido.
No entanto, imagine que o mesmo patinador em vez de se deslocar em linha reta, resolva se deslocar em 
torno de um cone. Ele manterá o deslocamento de translação, só que agora curvilíneo. Apesar da alteração de 
linear para curvilíneo, as velocidades entre os patins e as partes do corpo do patinador são iguais.
É um tipo de movimento igual ao que o planeta Terra faz em torno do Sol. Ao se movimentar ao 
redor do Sol, todas as porções da Terra se deslocam com a mesma velocidade, em um movimento de 
translação curvilíneo.
O planeta, contudo, não realiza apenas o movimento de translação; ele também está em movimento 
de rotação em torno de seu próprio eixo. Nesse movimento, as camadas da Terra serão deslocadas em 
velocidades lineares diferentes. A camada subterrânea, mais próxima do eixo de rotação da Terra, se 
desloca mais lentamente, e a camada superficial, mais distante do eixo de rotação, mais rapidamente.
Se nos reportarmos ao exemplo da patinação novamente e pensarmos em dois patinadores se 
deslocando ao redor de um cone lado a lado, um mais próximo do cone do que o outro, ambos estariam 
realizando o movimento de rotação ao redor do cone. Para se manterem lado a lado e ao redor do cone, 
a velocidade de deslocamento angular dos patinadores é a mesma. Entretanto, o patinador que está 
mais afastado do cone deverá se deslocar com maior velocidade linear para manter-se ao lado do outro 
patinador mais próximo do cone. Então, reforça-se o conceito de que quanto mais longe uma pessoa 
(ou objeto) está do eixo de rotação, maior será sua velocidade linear.
O mesmo ocorre entre os segmentos do nosso corpo que giram em torno das articulações para 
promover os movimentos. Veja o caso do arremesso de martelo: o atleta realizará vários giros em torno 
de seu próprio eixo para que o martelo seja arremessado o mais longe possível. Se observarmos a 
velocidade de deslocamento linear do braço do atleta e compararmos com a do martelo, é possível 
calcular que a velocidade linear do martelo (objeto mais distante do eixo de rotação) é maior do que a 
do braço do atleta. Então, as distâncias dos objetos ou dos segmentos em relação ao eixo de movimento 
são um dos fatores que influenciam a execução de um movimento de rotação.
Independentemente do tipo de movimento, para produzi-lo, é necessário aplicar uma força para 
iniciá-lo ou alterá-lo. Por exemplo, o cotovelo só se move se o músculo bíceps braquial acelerar o antebraço 
para cima ou se a força da gravidade empurrar o antebraço para baixo. Para entender as condições de 
repouso e movimento do corpo é preciso relembrar as Leis de Newton (ÖZKAYA; NORDIN, 1999).
A Primeira Lei de Newton, também conhecida como Princípio da Inércia, define que um corpo sempre 
tem a tendência de manter o seu estado de movimento, em repouso ou não, enquanto a resultante das 
forças que atuam sobre ele for igual a zero. Nessa condição, um corpo que está em repouso ficará nesse 
estado e um corpo que se movimenta em linha reta manterá sua velocidade constante e seu estado 
de movimento. Tal conservação no estado de movimento do corpo (em repouso ou parado) define o 
conceito de inércia. A massa de um corpo é a medida da sua inércia. Portanto, quanto maior for a massa 
de um corpo, mais difícil será tirá-lo do estado de repouso ou alterar seu movimento.
21
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Por exemplo: um lutador de sumô aumenta suas massas corporal, muscular e gorda, para que seu 
oponente tenha de fazer mais força para deslocar o seu corpo. Com isso, a inércia do lutador torna-se 
maior, tanto para deslocá-lo como para alterar o seu deslocamento. Essa estratégia de aumento de 
massa é extremamente eficiente em aumentar a aptidão desses lutadores para a modalidade.
A Segunda Lei de Newton, também conhecida como Princípio da Dinâmica, determina que quando 
um corpo sofre a ação de uma ou mais forças cujas resultantes são diferentes de zero, ele acelerará na 
direção da resultante da força, de forma proporcional a sua magnitude. Em outras palavras, para alterar 
o estado de movimento de um corpo, é necessário que haja uma força aplicada sobre ele. É claro que se 
o corpo estiver sob a ação de duas forças que se anulam, não haverá alteração no estado de movimento, 
por isso a resultante das forças deverá ser diferente de zero.
Se um corpo não muda seu estado de movimento sem a aplicação de uma força, por que um skate 
tem seu deslocamento interrompido? Por que uma bola para de rolar mesmo que seja lisa e esteja em 
uma superfície perfeitamente plana? E por que cai após ser arremessada para o alto?
Esses fenômenos são observados porque na natureza, em muitos casos, temos a interação de dois 
corpos gerando forças que nem sempre vemos claramente. Por exemplo, temos forças de atrito, de 
resistência do ar e a força peso, que surgem pela ação da aceleração da gravidade. O tempo inteiro 
nossos corpos estão sujeitos a forças que podem alterar nosso movimento.
Ao discutir o conceito de torque, convém lembrar que o tipo de força externa ou observada na 
natureza que influencia diretamente os movimentos de rotação das articulações do corpo é a força 
peso. Em uma academia, normalmente os sujeitos só consideram que estão suspendendo um peso 
quando adicionam uma carga extra ao corpo, por meio de anilhas, caneleiras ou da carga de algum 
equipamento. Entretanto, é importante lembrar que nossos segmentos corporais também pesam!
Imagine que em um estudo com cadáveres o pesquisador tenha que verificar o peso de cada 
segmento do corpo. Ele separaria por meio de um corte, por exemplo, o segmento mão do segmento 
antebraço, colocaria o segmento mão (já separado do resto do corpo) em uma balança e poderia fazer o 
registro do peso do segmento mão isolado do restante do corpo. Com isso, é possível perceber que, cada 
um dos nossos segmentos corporais tem ossos, músculos, pele e outras estruturas, que, juntas, definem 
a massa do segmento e essa massa, sob influência da força da gravidade, será acelerada para baixo, 
caracterizando a força peso do segmento.
 Observação
A fórmula da força peso é definida da seguinte forma:
P = mxg (N)
Onde:
22
Unidade I
P = força peso cuja unidade de medida é Newton (N).
m = massa corporal do sujeito ou objeto.
g = aceleração da força da gravidade na direção vertical para baixo.
Por que esse conceito foi enfatizado? Porque se um sujeito com muita dificuldade em realizar o 
movimento de levantar o braço for para a academia para treinar força, o fato de ele não conseguir levantar 
uma carga adicional ao seu corpo não implicará ausência de treino. Lembre-se de que o treino pode 
ser manipulado pela frequência de execução do movimento e não somente pela carga adicional usada 
no movimento. Com o aumento da frequência do movimento, o sujeito aumentará a força resistente e 
melhorará suas funções no cotidiano e sua força muscular para adicionar uma carga extra na sequência.
Portanto, a quantidade de peso que é usada em determinado movimento depende também 
dos segmentos que são movimentados pelos músculos principais da ação. Esse fator influenciará a 
quantidade de torque produzida pelo músculo.
A Terceira Lei de Newton, também conhecida como Princípio da Ação e Reação, determina que para 
cada ação haverá sempre uma reação. As forças de ação e de reação são de igual magnitude, igual 
direção e sentidos opostos. Essa lei é fundamental para entender a interação dos corpos que se chocam. 
Esse princípio explica, por exemplo, por que sentimos dor ao dar um soco na parede.
A força aplicada pelonosso punho é a ação. A mesma força se encontra na parede. Quando a ação 
for executada (o soco), ocorrerá uma reação (da parede) com força de igual magnitude e direção, porém 
de sentido oposto. Portanto, nesse exemplo, essa força de reação será aplicada na mão, gerando a dor.
Outro exemplo da aplicação do Princípio da Ação e Reação ocorre durante os saltos verticais. Imagine 
uma pessoa parada e pronta para realizar um salto. Para que essa pessoa possa elevar-se do chão, ela 
aplicará uma força no chão para baixo (ação), e o chão a empurrará para cima (reação). A força recebida do 
chão terá a mesma magnitude e a mesma direção, mas sentido oposto ao da força que a pessoa aplicou.
Você pode estar pensando: “Por que somente a pessoa se deslocou? Por que a Terra não foi empurrada 
também?”. A resposta é simples: porque a massa da pessoa é muito menor que a massa do planeta. Por 
isso a Terra tende a permanecer no lugar, e somente a pessoa se desloca.
Com base no que foi discutido, podemos perceber que os movimentos dos corpos se iniciam pela 
aplicação de uma força, mas vimos anteriormente que os movimentos podem ser de translação ou de 
rotação. Como podemos diferenciar as forças que geram translação das que geram rotação? Podemos 
fazer essa diferenciação usando os conceitos de força e de torque. A força sempre produzirá um 
movimento de translação, o que significa que o corpo não apresentará rotação. Se o corpo estiver em 
rotação, significará que não foi aplicada uma força, mas sim um torque.
Podemos exemplificar isso por meio de uma bola de futebol. Ao aplicar um chute, que passa exatamente pelo 
centro de massa da bola, ela se deslocará na direção e no sentido do chute, com velocidade inicial proporcional 
23
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
à magnitude da força. Em condições perfeitas, não será observada rotação na bola, pois a força foi aplicada na 
direção do centro de massa. Por outro lado, se a direção da força não passar pelo centro de massa da bola, ou 
seja, se o chute ocorrer com a borda medial do pé (chute de chapa), a bola apresentará uma rotação que afetará 
sua trajetória da bola. Nesse caso, o que observamos é que o chute aplicado produziu um torque na bola.
 Observação
O centro de massa é o ponto de equilíbrio do objeto ou segmento 
corporal. Ao redor desse ponto, a distribuição de massa do objeto ou 
segmento se dá de forma homogênea. Portanto, se o objeto ou segmento 
for suspenso por um fio exatamente pelo centro de massa, ele ficará em 
equilíbrio (MCGINNIS, 2015; HALL, 2013).
Os movimentos de rotação produzidos pelas articulações só são possíveis devido à sua capacidade de 
produzir torques. O torque é definido como uma força rotacional. Para tanto, não basta definir a magnitude, 
direção e sentido da força, deve-se saber o local exato de sua aplicação e, para isso, a distância na qual a 
força está em relação ao eixo de rotação deve ser observada (MCGINNIS, 2015; HALL, 2013).
 Observação
A fórmula do torque é definida da seguinte forma:
T = F x d (Nxm)
Onde:
T = força rotacional.
F = força produzida pelo músculo (interna ou potente) ou recebida do 
meio ambiente (externa ou resistente).
d = distância perpendicular à F ou braço de alavanca, que pode ser 
interno/potente ou externo/resistente.
A unidade de medida da força torque é Newton (N)/metro (m).
As variáveis torque, força e distância, na equação de torque, estão na mesma linha, o que significa 
que seus valores mudam de forma proporcional, ou seja, quando o valor da força e/ou o valor da 
distância aumenta, a força de rotação (torque) também aumentará, e o contrário também é verdadeiro. 
Em uma situação prática, se o sujeito adicionar um peso sobre o corpo (aumento de força) e também 
afastar o peso do eixo de rotação (articulação principal do movimento), o torque externo aumentará, o 
que obrigará o corpo a produzir um torque interno maior.
24
Unidade I
Dois tipos de torques em um mesmo movimento? Isso é possível? Sim, lembre-se da segunda Lei de 
Newton: o movimento sofre ação de forças externas (como a força da gravidade) que podem mudar sua 
condição de realização. Então, o corpo sempre produzirá o torque interno ou potente, que interage com 
o torque externo ou resistente.
O torque potente ou interno é caracterizado pela força que o principal músculo do movimento 
produz para executá-lo e pela distância que a força mantém em relação ao eixo articular. Para 
produzir a força no movimento rotacional, o músculo faz contração concêntrica. O músculo 
está conectado ao osso em determinado ponto (inserção), dessa forma, a distância do ponto de 
aplicação da força no osso em relação ao eixo articular é conhecida por braço de alavanca potente 
(MCGINNIS, 2015; HALL, 2013).
O torque resistente ou externo é caracterizado pelas forças pesos que são movimentadas no 
exercício e pela distância entre o centro de massa de cada segmento e implemento em relação 
ao eixo articular. Por definição, sempre a força da gravidade atuará no centro de massa para 
tentar empurrar (acelerar) o objeto ou segmento para baixo, isso define a força peso. Em um 
exercício, todos os pesos movimentados (de segmentos e implementos) devem ser considerados; 
bem como suas distâncias. Elas são caraterizadas pela distância entre o Centro de Massa de cada 
peso (segmento e/ou implemento) e o eixo articular. Em um exercício, é muito comum haver vários 
torques resistentes (MCGINNIS, 2015; HALL, 2013).
Uma vez que a articulação recebe um torque potente ou interno gerado pelos músculos, que favorece 
sua movimentação, e um torque resistente ou externo imposto pelos pesos dos segmentos corporais e 
dos implementos, que impede sua movimentação, fica claro que existe uma relação de balança entre 
torque potente e torque resistente.
Se o torque potente for maior do que o resistente, a articulação se movimentará de acordo com a 
ação do músculo principal do movimento. Entretanto, se o torque potente for menor do que o resistente, 
a articulação se moverá contra a ação do músculo da alavanca e a favor da força da gravidade, e o 
músculo perderá para as forças ambientais.
A compreensão desse conceito pelos profissionais que trabalham na área da saúde é de fundamental 
importância para determinar a intensidade do exercício em uma sessão de treino.
O exemplo visto na sequência mostra como os torques, potente e resistente, são representados no 
movimento de elevação frontal.
25
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Figura 5 – Representação dos torques potente e resistente no movimento de elevação lateral
Na figura anterior, temos a seguinte correspondência: FM é a força muscular, BAP é o braço de 
alavanca potente, Pb é a força resistente do peso do braço, BARPb é o braço de alavanca resistente 
do peso do braço, Pab é a força resistente do peso do antebraço, BARPab é o braço de alavanca 
resistente do peso do antebraço, Pm é a força resistente do peso da mão, BARPm é o braço de 
alavanca resistente do peso da mão, Pi é a força resistente do peso do implemento, BARPi é o braço 
de alavanca resistente do peso do implemento. O eixo articular do movimento está representado pelo 
triângulo e é a articulação do ombro.
O músculo principal do movimento é o deltoide e sua força para executar está representada pela 
seta de sigla FM (força muscular). Como o músculo deltoide se conecta na tuberosidade deltoidea do 
úmero, a distância perpendicular entre a seta FM, posicionada na tuberosidade deltoidea do úmero, e a 
articulação do ombro foi traçada. Essa distância é conhecida por braço de alavanca potente (BAP).
Com a determinação da FM e do BAP, o torque potente do movimento foi identificado.
Para realizar a elevação lateral, o torque potente deverá vencer os torques resistentes definidos 
nesse movimento, como: peso do braço (Pb) e braço de alavanca resistente do peso do braço (BARPb), 
peso do antebraço (Pab) e braço de alavanca resistente do peso do antebraço (BARPab), peso da mão 
(Pm) e braço de alavanca resistente do peso da mão (BARPm)e peso do implemento (Pi) e braço de 
alavanca resistente do peso do implemento (BARPi).
É importante lembrar que cada peso está a uma determinada distância do eixo articular do 
movimento e para traçar essa distância considera-se o centro de massa de cada segmento ou objeto e o 
eixo articular. Assim, no movimento de elevação lateral, são quatro os torques resistentes que tentarão 
impedir a execução do exercício.
26
Unidade I
Como o sujeito conseguiu erguer os pesos na mesma linha do ombro, o torque potente foi maior do 
que o torque resistente – o músculo deltoide, por meio da contração concêntrica, realizou o exercício.
 Observação
Tipos de contração e sua relação com os torques potente (TP) e 
resistente (TR):
TP = TR (contração isométrica);
TP> TR (contração concêntrica);
TP <TR (contração excêntrica).
Existe uma forma de manipular o torque resistente para dificultar o movimento de elevação lateral 
da figura anterior e duas formas de manipular o torque resistente para facilitar a execução do exercício.
A dificuldade será aumentada se o peso do implemento for aumentado. Uma vez que o torque depende 
da força e do braço de alavanca, quando o peso do implemento do torque resistente é aumentado, 
obrigatoriamente o músculo deltoide deverá produzir mais força para continuar a execução do movimento.
Veja na equação:
TP > TR (a)
Onde
TP é o torque potente do movimento.
TR é o torque resistente do movimento.
Se
TP = FM x BAP (b)
e
TR = (Pb x BARPb) + (Pab x BARPab) + (Pm x BARPm) + (Pbi x BARpi) (c)
então, TP> TR é:
FM x BAP = (Pb x BARPb) + (Pab x BARPab) + (Pm x BARPm) + (Pbi x BARPi) (d)
27
BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Com o aumento de Pi, para TP continuar maior do que TR, FM deverá aumentar. Como já dissemos, 
as variáveis das equações de torque se alteram de forma proporcional, se de um lado da equação algum 
valor aumenta, do outro lado algum valor também deverá aumentar para conservar o movimento.
Deve-se lembrar que o torque potente só pode ser alterado com as mudanças de forças, já que o 
braço de alavanca potente não pode ser mudado porque a inserção do músculo no osso não é passível 
de alteração.
O exercício de elevação lateral ficará mais fácil de ser executado se o Pi for removido ou diminuído, 
dessa forma, FM poderá ser menor. Entretanto, é possível também manipular alguns braços de alavancas 
desse exercício.
Se em todo movimento de elevação lateral o sujeito mantiver os cotovelos flexionados, em relação 
à figura anterior, haverá a diminuição das distâncias do Pab, Pm e Pi em relação ao eixo articular do 
ombro. Com a diminuição dos BARs do torque resistente, a FM do torque potente poderá diminuir e, 
ainda assim, a execução do exercício será possível (TP será maior do que TR).
Outro fator que pode facilitar ou dificultar a realização de um movimento é o tipo de alavanca usado 
pela articulação. O corpo humano é capaz de produzir três tipos de alavancas (conforme figura a seguir): 
interfixa ou de primeira classe; inter-resistente ou de segunda classe; e interpotente ou de terceira 
classe. Cada uma dessas alavancas apresenta diferentes características que precisam ser discutidas para 
entender a facilidade ou a dificuldade que o músculo apresentará para produzir movimento (HAMILL; 
KNUTZEN, 2003; MCGINNIS, 2015; HALL, 2013).
F
R
F
R
F
R
Segunda classe
Terceira classe
Primeira classe
Figura 6 – Ilustração das alavancas do corpo humano em que F é a força potente e R é a força resistente
28
Unidade I
 Saiba mais
Para mais informações, ler a seguinte obra:
SMITH, L. K.; WEISS, E. L.; DON LEHMKUHL, L. Cinesiologia clínica de 
Brunnstrom. 5. ed. São Paulo: Manole, 1997.
A alavanca interfixa ou de primeira classe é definida por ter o eixo de rotação do movimento 
localizado entre os torques potente e resistente. Na prática, todos os movimentos nos quais a coluna 
vertebral precisa fazer a estabilização postural têm como característica a alavanca interfixa (ressaltando 
que a coluna não é a principal articular do movimento). Veja o exemplo da figura a seguir:
Figura 7 – Representação da alavanca interfixa no movimento de extensão de cotovelo na máquina crossover
Na figura anterior, a correspondência se dá da seguinte forma: P é a força muscular, BAP é o braço 
de alavanca potente, R é a força resistente, BAR é o braço de alavanca resistente e o triângulo representa 
o eixo articular da coluna lombar.
No movimento de extensão de cotovelo na máquina crossover a articulação do cotovelo é a principal; 
entretanto, a análise para definição da alavanca interfixa será feita na articulação da coluna lombar.
Considerando a articulação da coluna lombar como o eixo principal da alavanca interfixa, os 
músculos eretores de espinha deverão trabalhar em contração isométrica para evitar que a coluna faça 
movimentos no plano sagital (flexão ou extensão de coluna) quando a carga for movimentada. É uma 
alavanca que trabalha com o objetivo de controlar a postura do movimento.
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BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Então, a força potente (P) da alavanca será posicionada sobre a inserção dos eretores de espinha 
com o vetor apontando para baixo, e o braço de alavanca potente (BAP) será determinado pela distância 
entre a força muscular (P) e o eixo articular da coluna, representado na figura pelo triângulo verde.
Do lado oposto ao torque potente está o torque resistente do movimento, representado na figura 
pela força resistente (R) e pelo braço de alavanca resistente, caracterizado pela distância entre a força 
resistente e a coluna lombar.
A disposição dos torques potente e resistente nas extremidades e do eixo da alavanca no centro é 
o que define o tipo de alavanca interfixa no movimento. Ela é observada nos vários movimentos em 
que a coluna vertebral precisa ficar estática para preservar a técnica do movimento. Os movimentos de 
agachamento, elevação frontal, elevação lateral, rosca direta (flexão de cotovelo) são outros exemplos 
de movimentos nos quais a coluna vertebral atua como uma alavanca interfixa.
Deve-se destacar a importância de controle sobre o BAR da alavanca interfixa com eixo na coluna, já 
que quanto mais afastada a força resistente estiver do eixo articular, mais força potente será necessária 
para estabilizar a coluna vertebral. Entre as vértebras da coluna, encontram-se os discos intervertebrais, 
que serão sobrecarregados, se o BAR for grande, e/ou terão distribuição de força desproporcional em 
sua superfície, se a força muscular falhar no movimento. Ambos os fatores podem favorecer a lesão da 
coluna conhecida por hérnia de disco (WILKE et al., 1999).
A alavanca inter-resistente ou de segunda classe é definida por ter o eixo de rotação do movimento 
localizado na extremidade, o torque resistente fica no meio do sistema e o torque potente na outra 
extremidade da alavanca. Esse tipo de alavanca é muito rara no corpo humano e isso é vantajoso 
quando se pensa no ganho de força muscular.
Se o torque resistente fica mais próximo do eixo articular em relação ao torque potente, o BAR será 
menor do que o BAP. Isso significa que o músculo tem uma vantagem mecânica no movimento, porque 
se o BAP é maior do que o BAR, sua produção de força não precisará ser tão alta, e o movimento ficará 
mais fácil de ser executado.
O exercício que exemplifica a alavanca inter-resistente no corpo humano é o de extensão de 
tornozelo em pé (panturrilha em pé). Veja a disposição do torque potente, resistente e do eixo articular 
na figura a seguir.
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Unidade I
Figura 8 – Representação da alavanca inter-resistente no movimento de extensão de tornozelo (panturrilha)
Na figura anterior, a correspondência se dá da seguinte forma: P é a força muscular, BAP é o braço 
de alavanca potente, R é a força resistente, BAR é o braço de alavanca resistente e o triângulo representa 
o eixo articular do tornozelo.
É possível observar que, na figura anterior, o eixo do movimento é a articulação metatarsofalângica, 
e o torque resistente localiza-selogo após o eixo do movimento. Com essa disposição, o BAR é menor do 
que o BAP, e o músculo do complexo tríceps sural, principal executor da extensão de tornozelo, precisa 
ser estimulado com uma força resistente muito alta para que o exercício realmente possibilite o ganho 
de força muscular.
Na maioria dos exercícios, a articulação principal do movimento participa do sistema de alavanca, 
esta conhecida por interpotente. Essa apresenta posicionamento contrário ao da alavanca inter-
resistente entre os torques potente e resistente. Na alavanca interpotente, o eixo articular fica na 
extremidade do sistema, em seguida o torque potente é observado (no meio do sistema) e na outra 
extremidade verifica-se o torque resistente. É uma alavanca que cria dificuldade para o corpo produzir 
força, porque o BAR é maior do que o BAP; assim, o músculo principal do exercício precisa de muito 
mais força para executá-lo.
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BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Figura 9 – Representação da alavanca interpotente no movimento de extensão de cotovelo
Na figura anterior, a correspondência se dá da seguinte forma: P é a força muscular, BAP é o braço 
de alavanca potente, R é a força resistente, BAR é o braço de alavanca resistente e o triângulo representa 
o eixo articular do ombro.
A figura anterior representa a alavanca interpotente. O músculo deltoide, principal do movimento de 
elevação lateral, está mais próximo do eixo articular do que qualquer força peso dos torques resistentes. 
Então, para produzir um torque potente maior do que o torque resistente para elevar o braço, o músculo 
precisa produzir muita força. Com esse tipo de estrutura de movimento, os músculos são mais exigidos 
e sofrem hipertrofia no treino de força.
Exemplo de aplicação
O movimento popularmente conhecido como “panturrilha”, executado na prática da musculação, 
pode ser realizado nas posturas em pé e em sentado. Em ambas as situações, o eixo do movimento é a 
articulação metatarso-falângica e o músculo responsável é o complexo tríceps sural, com origem distal 
no osso do calcâneo.
Sabendo das informações anteriores:
A) Represente os torques potentes e resistentes do movimento de “panturrilha” nas condições 
sentado e em pé.
B) Descreva o tipo de alavanca de cada movimento.
C) Reflita sobre o tipo de movimento mais intenso para o complexo tríceps sural, em acordo com a 
relação de comprimento entre braço de alavanca potente e resistente.
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Unidade I
2.1 Análise dos braços de alavanca nos exercícios de academia
2.1.1 Exercício peitoral
Os exercícios destinados a desenvolver a musculatura peitoral envolvem, na maioria dos casos, o 
movimento de adução horizontal do ombro no plano transversal. O supino, o crucifixo e o pec-deck são 
exemplos de exercícios com essa característica.
O exercício ilustrado na figura a seguir é conhecido por fly ou supino com halteres, dependendo da 
região do Brasil na qual estivermos. Para executá-lo, o sujeito encontra-se deitado em decúbito dorsal 
sobre um banco segurando um halter em cada mão.
 Observação
Entre as várias regiões do Brasil, há diferenças na nomenclatura 
usada para os exercícios de treino de força. Assim, sempre que possível, a 
descrição do movimento será vinculada a uma imagem que ilustrará sua 
forma de execução.
A posição inicial, representada na figura a seguir (A), é considerada quando os halteres estão 
próximos, os ombros ficam em adução horizontal, os cotovelos estendidos e as escápulas abduzidas 
(MARCHETTI et al., 2010). Nesse instante, a força resistente incide praticamente sobre a articulação 
do ombro, tornando o braço de alavanca resistente do movimento muito pequeno, próximo de zero. 
Por isso, o torque resistente do movimento é praticamente nulo, sendo, assim, muito fácil manter essa 
posição ao considerar a articulação do ombro como o eixo do movimento.
 
Figura 10 – Ilustração do exercício fly ou supino com halter. A) São as fases inicial e final do movimento com a representação dos 
torques potente e resistente. B) É a fase principal do movimento com a representação dos torques potente e resistente
Na figura anterior, P é a força muscular, BAP é o braço de alavanca potente, R é a força resistente, 
BAR é o braço de alavanca resistente e o triângulo representa o eixo articular do ombro.
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BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Os músculos atuam em contração concêntrica para manter a posição supracitada, sendo o músculo 
peitoral maior e o deltoide os principais responsáveis pela adução horizontal do ombro, e o músculo 
bíceps braquial o grande auxiliador da adução horizontal de ombro e o responsável pela estabilização 
do cotovelo, juntamente com o músculo tríceps braquial.
Para alcançar a fase principal do movimento, conforme se vê na figura anterior (B), o sujeito 
faz a abdução horizontal do ombro, a extensão parcial dos cotovelos e a adução das escápulas 
(MARCHETTI et al., 2010). Como o corpo está cedendo à ação da força da gravidade, os músculos 
que trabalharam na fase anterior também trabalharão nessa fase, mas em contração excêntrica. Os 
músculos peitoral maior e deltoide controlam a abdução horizontal do ombro, e o músculo bíceps 
braquial controla a extensão dos cotovelos e auxilia no controle da abdução horizontal dos ombros. 
Essa função muscular, antagônica à ação da gravidade, evita que a articulação do ombro sofra 
trancos que poderiam lesioná-la e permite a execução do movimento de supino com halteres com 
controle e técnica adequados.
Ao alcançar o final da fase principal do movimento, é possível perceber um aumento importante no 
tamanho do braço de alavanca resistente – BAR, conforme a figura anterior (B). Os halteres se afastam 
muito do eixo articular do ombro. Esse é o instante de maior dificuldade do movimento para o músculo, 
porque terá que produzir maior quantidade de força (P), conforme a figura anterior (B), uma vez que o 
braço de alavanca potente (BAP), também representado em (B) na figura anterior, é menor.
A quantidade de peso dos halteres não variou da fase inicial para a fase principal do movimento, mas 
como eles ficaram mais longe do ombro, o torque resistente, que é influenciado pela força resistente e 
pela distância em que essa força resistente está em relação ao eixo articular do movimento, aumentou.
O ciclo do movimento se encerra quando o sujeito realiza a adução horizontal do ombro e leve 
flexão de cotovelos. Para tanto, os músculos peitoral maior e deltoide encurtam para promover a adução 
horizontal do ombro, auxiliados pelo músculo bíceps braquial, que também flexiona o cotovelo para 
assumir o mesmo posicionamento observado na figura anterior (A).
A manipulação da intensidade do exercício de supino com halteres, para mais ou para menos, pode 
ser feita de quatro formas distintas pela alteração dos valores das variáveis do torque resistente (força 
resistente e tamanho do braço de alavanca resistente).
As duas manipulações para deixar o exercício de supino com halteres mais intenso são:
• aumentar o peso dos halteres para a força resistente ficar maior, o que obrigará o músculo a 
produzir mais força potente;
• estender mais os cotovelos na fase principal do movimento para aumentar o braço de alavanca 
resistente e deixar o torque resistente mais intenso. Isso novamente obrigará o músculo a produzir 
mais força potente.
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Unidade I
As duas manipulações para deixar o exercício de supino com halteres menos intenso são:
• diminuir o peso dos halteres ou retirar os halteres para o torque resistente ficar menor, facilitando 
a produção de força muscular no movimento;
• flexionar os cotovelos na fase principal do movimento para diminuir o braço de alavanca resistente 
e reduzir o torque resistente. Isso facilitará a produção de força muscular no movimento.
Além do conceito de torque já discutido, é importante lembrar que, no ciclo do movimento do 
supino com halteres, a força elástica do músculo é acumulada entre a fase inicial e a fase principal do 
movimento. Portanto, se houver alguma pausada fase principal para fase final do movimento, a energia 
elástica se dissipará em forma de calor, e a dificuldade para executar o movimento será ainda maior.
Como visto anteriormente, no final da fase principal do supino com halteres, o braço de alavanca 
resistente é grande e o músculo está em contração excêntrica, ou seja, com grande comprimento e 
pouca interação entre as proteínas contráteis de actina e miosina. Essas condições tornam a capacidade 
de produção de força muscular mais difícil. Uma pequena pausa entre as fases principal e final dificultará 
muito a finalização do ciclo do movimento, a energia elástica será parcialmente perdida, o músculo 
alongado terá pouca interação entre actina e miosina e o braço de alavanca resistente maior do exercício 
tornará o torque resistente difícil de ser vencido pelo torque potente.
Ainda que seja uma situação bastante desvantajosa para o corpo produzir o movimento, no caso do 
treinamento de força de atletas que competem na modalidade de Power lifting, usar essa estratégia de 
movimento com pausa no treino seria eficiente no treino da força contrátil do músculo, que é muito 
exigida na competição em função das regras de validação dos levantamentos. Entretanto, para sujeitos 
que querem apenas garantir maior condicionamento físico, o ideal é usar a energia elástica do músculo 
somada à força contrátil, realizar o movimento de supino com halteres sem pausa e nem atrasos entre 
as fases principal e final do movimento.
Toda vez que o uso da energia elástica do músculo for comprometido no exercício, haverá maior 
necessidade do corpo de produzir e consumir ATP. O movimento será feito principalmente pela produção 
de força contrátil, que depende da interação entre actina e miosina para ocorrer. Essa interação e 
movimentação do músculo em contração concêntrica só será possível com o uso e produção suficiente 
de ATP pelo corpo. A possibilidade de fadigar a musculatura por falta de energia para produzir o 
movimento é grande, aumentando o risco de lesão.
Além do supino com halteres, o supino reto (figura a seguir) também é muito usado para treinamento 
de força em academias por indivíduos que querem melhorar o condicionamento físico ou que são 
atletas e desejam otimizar o rendimento em suas modalidades esportivas.
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BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
Figura 11 – Ilustração da fase principal do exercício supino reto
Na figura anterior, P é a força muscular, BAP é o braço de alavanca potente, R é a força resistente, 
BAR é o braço de alavanca resistente e o triângulo representa o eixo articular do ombro.
A posição principal do supino reto está representada na figura anterior e ocorre quando os ombros 
estão em abdução horizontal, os cotovelos flexionados e as escápulas aduzidas (MARCHETTI et al., 2010). 
Perceba que, nessa fase, o braço de alavanca resistente é grande e, quando combinado com uma força 
resistente (barra com anilhas) elevada, deixa o movimento bastante intenso, sendo necessário realizar 
grande força potente para executá-lo.
Quando os cotovelos estão estendidos e a barra fica posicionada acima do corpo, com ombros em 
adução horizontal e escápulas abduzidas, as fases inicial e final do ciclo do movimento se definem. 
Nestas, o braço de alavanca resistente incide sobre a articulação do ombro, reduzindo muito o torque 
resistente e facilitando a manutenção da postura do movimento, como visto no supino com halteres.
Os músculos que atuam no movimento são o peitoral maior e deltoide para controlar a abdução 
horizontal do ombro da fase inicial para a principal do movimento em contração excêntrica; e, para 
adução horizontal do ombro da fase principal para a final do movimento, os mesmos músculos trabalham 
em contração concêntrica.
O músculo tríceps braquial é o responsável por controlar a flexão do cotovelo da fase inicial para a 
principal do movimento em ação excêntrica e trabalha em contração concêntrica da fase principal para 
a final do movimento.
Da mesma forma como discutido no supino com halteres, no supino horizontal a situação de maior 
estresse para o músculo ocorre na fase principal do movimento, quando o braço de alavanca resistente 
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Unidade I
é grande, os músculos executores estão alongados e a interação entre as proteínas actina e miosina é 
baixa. Assim, para favorecer a produção de força no exercício, é necessário evitar a pausa ou o atraso na 
execução da fase principal para a final, garantindo o uso da energia elástica acumulada pelo músculo 
da fase inicial para a principal.
Novamente a escolha por não usar o ciclo alongamento-encurtamento no movimento depende do 
objetivo do sujeito que o pratica. No caso dos atletas levantadores de peso, a pausa no meio do ciclo do 
movimento de supino horizontal pode ser usada como estratégia de treino específica para a competição 
de supino olímpico. Nesta, é maior a exigência muscular e, por isso, também o é a chance de fadiga 
muscular e lesões, devido à maior dependência do consumo de energia produzida pelo músculo (ATP).
A manipulação da intensidade do exercício de supino horizontal, para mais ou para menos, pode ser feita 
de duas formas distintas somente pela alteração dos valores do peso da barra e das anilhas no movimento.
O exercício de supino horizontal ficará mais intenso com o aumento do peso do implemento (barra 
e anilhas), obrigando o músculo a produzir mais força muscular, e ficará menos intenso com a redução 
do peso do implemento, facilitando a produção de torque potente pelo músculo.
É muito comum observar nas academias indivíduos mudarem o posicionamento das mãos para 
segurarem a barra, deixando-as ou mais próximas ou mais afastadas entre si. Essa alteração promove 
mudanças nos torques resistentes entre os músculos peitoral maior e tríceps braquial – veja a figura a 
seguir para entender essa situação:
Figura 12 – Ilustração da fase principal do exercício supino reto, lado direito com empunhadura mais aberta, lado esquerdo com 
empunhadura mais fechada
Na figura anterior, R é a força resistente, o triângulo marrom é o eixo articular do cotovelo, Barc é 
o braço de alavanca resistente do cotovelo, o triângulo vermelho é o eixo articular do ombro e Baro é o 
braço de alavanca resistente do ombro.
À esquerda, as mãos estão mais próximas para segurar a barra no supino horizontal. Essa proximidade 
faz com que as distâncias entre o peso da barra, o eixo articular do ombro e o eixo articular do cotovelo 
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BIOMECÂNICA APLICADA AO ESPORTE
variem. O peso fica mais próximo do ombro, tornando o braço de alavanca para esta articular menor, e 
mais afastado do cotovelo, aumentando o braço de alavanca resistente do cotovelo. Então, para elevar 
a barra a partir dessa posição, o músculo do tríceps braquial será mais solicitado do que o músculo do 
peitoral maior.
À direita, as mãos estão mais afastadas para segurar a barra no supino horizontal. O peso fica mais 
próximo do eixo articular do cotovelo e mais distante do eixo articular do ombro, então o braço de 
alavanca resistente para o ombro é maior e o músculo peitoral maior será mais usado no movimento. O 
músculo tríceps braquial terá menor participação no movimento, porque o braço de alavanca resistente 
entre o eixo do cotovelo e o peso da barra é menor.
Observa-se, com isso, que a exigência maior de ativação de um músculo (peitoral maior) em relação 
a outro músculo (tríceps braquial) no supino horizontal sofre alteração com o tipo de empunhadura 
adotada (MARCHETTI et al., 2010), devido às mudanças nos braços de alavanca resistentes. Esta pode ser 
outra estratégia a ser usada no treino de força para alterar a forma de uso do músculo no movimento.
O último movimento que será descrito e analisado nesta seção é o peck deck (demonstrado na figura 
a seguir), que também enfatiza a ação do músculo peitoral maior, deltoide e bíceps braquial para adução 
horizontal do ombro.
Figura 13 – Ilustração das fases inicial e final do movimento de peck deck, braços abertos, e da fase principal

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