Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Iana Barbosa Martins 1 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 Hipertrofia Cardíaca Conceito A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Na hipertrofia pura não existem células novas, apenas células maiores, contendo quantidade aumentada de proteínas estruturais e de organelas. Hipertrofia é o resultado do aumento na produção das proteínas celulares. Hipertrofia do coração torna-se não adaptativa e pode levar a insuficiência cardíaca, arritmias e morte súbita. Há dois casos em que a hipertrofia cardíaca pode realmente ser benéfica para o hospedeiro. As mulheres grávidas podem apresentar um leve aumento cardíaco devido ao aumento do estresse cardíaco. Esta condição geralmente se inverte após a conclusão da gravidez e raramente é considerada prejudicial. Os atletas competitivos também podem desenvolver hipertrofia leve devido a altas quantidades de exercícios cardiovasculares. Como o exercício está associado com um risco cardíaco mais baixo, a hipertrofia desenvolvida como uma resposta fisiológica ao exercício raramente é motivo de preocupação. Em nível funcional, a hipertrofia cardíaca está associada à maior demanda metabólica devido ao aumento da massa, frequência cardíaca e contratilidade. O coração hipertrofiado é vulnerável à descompensação relacionada à isquemia, que pode evoluir para insuficiência cardíaca e, por fim, levar à morte. O descanso é extremamente importante para que o coração possa relaxar e se recuperar do estresse da atividade diária. Qualquer programa de exercícios deve ser esclarecido com um médico, pois o excesso de atividade física pode causar danos adicionais ao coração. O álcool pode causar ritmos cardíacos irregulares e deve ser evitado. O controle de peso e hábitos alimentares saudáveis são uma parte essencial do tratamento da hipertrofia cardíaca. Excesso de peso corporal coloca muita pressão desnecessária sobre o coração e pode levar ao desenvolvimento de complicações graves ou mesmo com risco de vida. Patogenia São três etapas básicas na patogenia molecular da hipertrofia cardíaca: Iana Barbosa Martins 1. Estiramento mecânico. As ações integradas de sensores mecânicos. São iniciadas por aumento da carga de trabalho; DESENCADEANTES TRÓFICOS: São mediadores solúveis que estimulam o crescimento celular, como fatores de crescimento e hormônios adrenérgicos. Fatores de crescimento: Incluindo TGF-β, fator de crescimento semelhante à insulina 1 [IGF-1], fator de crescimento fibroblástico); Agentes vasoativos: (p. ex., hormônios, agonistas α-adrenérgicos, endotelina-1 e angiotensina II). De fato, os próprios sensores mecânicos induzem a produção de fatores de crescimento e agonistas. 2. Via de transdução de sinal é ativa. Esses sinais originários da membrana celular ativam uma rede complexa de vias de transdução de sinal. Vias bioquímicas envolvidas na hipertrofia muscular: Via do fosfoinositídio 3-cinase (PI3K)/Akt: A mais importante na hipertrofia fisiológica, p. ex., a induzida por exercício. Via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores: Induzida por muitos fatores de crescimento e agentes vasoativos e considerada como sendo mais importante na hipertrofia patológica. 3. As vias ativam um conjunto de fatores de transcrição: GATA4, fator nuclear de células T ativadas (NFAT), e fator estimulador do miócito 2 (MEF2). Esses fatores de transcrição trabalham coordenadamente para aumentar a síntese das proteínas musculares que são responsáveis pela hipertrofia. Sensores mecânicos parecem ser os principais desencadeadores da hipertrofia fisiológica, e os agonistas e os fatores de crescimento são mais importantes nos estados patológicos Resumo: 1. Os desencadeantes mecânicos, como o estiramento, e os desencadeantes tróficos, que tipicamente são mediadores solúveis que estimulam o crescimento celular, como fatores de crescimento e hormônios adrenérgicos. 2. Acionam as vias de transdução de sinais que levam à indução de vários genes que estimulam a síntese de numerosas proteínas celulares, Iana Barbosa Martins 2 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 incluindo fatores de crescimento e proteínas estruturais. 3. Resultando na síntese de mais proteínas e miofilamentos por célula, o que aumenta a força gerada com cada contração, permitindo que a célula alcance melhor desempenho. 4. Há também uma troca de proteínas contráteis adultas para forma fetal ou neonatal. Por exemplo, durante a hipertrofia do músculo, a cadeia pesada da miosina a é substituída pela forma b da cadeia pesada de miosina, a qual possui contração mais lenta e energeticamente mais econômica. Observações Numerosas mutações em diferentes genes responsáveis pela codificação de proteínas sarcoméricas foram identificadas, relacionadas ao cromossomo 11 e 14. Entretanto, também têm sido descritas alterações de genes relacionados com actina, troponina, tropomiosina, proteínas relacionadas com a banda Z e outros. Em nível funcional, a hipertrofia cardíaca está associada à maior demanda metabólica devido ao aumento da massa, frequência cardíaca e contratilidade. Consequencias O coração hipertrofiado é vulnerável à descompensação relacionada à isquemia, que pode evoluir para insuficiência cardíaca e, por fim, levar à morte. O descanso é extremamente importante para que o coração possa relaxar e se recuperar do estresse da atividade diária. Qualquer programa de exercícios deve ser esclarecido com um médico, pois o excesso de atividade física pode causar danos adicionais ao coração. O álcool pode causar ritmos cardíacos irregulares e deve ser evitado. O controle de peso e hábitos alimentares saudáveis são uma parte essencial do tratamento da hipertrofia cardíaca. Excesso de peso corporal coloca muita pressão desnecessária sobre o coração e pode levar ao desenvolvimento de complicações graves ou mesmo com risco de vida. Classificação O padrão de hipertrofia reflete a natureza do estímulo. Hipertrofia concêntrica: obstrutiva. GEREALMENTE PATOLOGICA. Na hipertrofia por sobrecarga de pressão: Devido à hipertensão ou à estenose aórtica. Os novos sarcômeros estão predominantemente depositados em paralelo aos eixos longos das células, expandindo a área transversal dos miócitos nos ventrículos e causando um aumento concêntrico na espessura da parede. Hipertrofia excêntrica: GERALMENTE FISIOLOGICA. Não obstrutiva. Dilatação das câmaras cardíacas. Míocitos desorganizados. Vai ter produção maior de colágeno e os miocitos vão fribozar. Aumento da massa ventricular sem espessamento das paredes. Hipertrofia por sobrecarga de volume: Caracterizada pelos novos sarcômeros que são depositados em série com os sarcômeros existentes, levando principalmente a dilatação ventricular. Observações Na dilatação devido à sobrecarga de volume, ou na dilatação que acompanha a insuficiência de um coração com sobrecarga anterior de pressão, a espessura da parede pode ser maior, normal ou menor do que o normal. Consequentemente, o peso do coração, em vez da espessura da parede, é a melhor medida de hipertrofia em corações dilatados. Os corações com peso duas a três vezes maior do que o normal são comuns em pacientes com hipertensão sistêmica, cardiopatia isquêmica, estenose aórtica, regurgitação mitral ou cardiomiopatia dilatada; e corações podem ter o peso três a quatro vezes maior do que o normal naqueles com regurgitação aórtica ou cardiomiopatia hipertrófica. Fatores de desenvolvimento A hipertrofia pode estar associada com uma troca de proteínas contráteis do tipo adultas para uma forma fetal ou neonatal: Durante a hipertrofia muscular, a isoforma α da cadeia pesada da miosina é substituída pela isoforma β, a qual promove uma contração mais lenta e energeticamente mais econômica. Alguns genes, que são expressos apenasdurante o desenvolvimento inicial, são reexpressos em células hipertróficas, e os produtos desses genes participam na resposta celular ao estresse. Ex: O gene para o fator natriurético atrial é expresso tanto no átrio quanto no ventrículo do coração embrionário, mas reduz sua expressão após o nascimento. HC está associada com o aumento da expressão do gene do fator natriurético atrial: Hormônio peptídico que promove excreção de sal pelo rim, diminui o volume e a pressão sanguínea e, em consequência, reduz a carga hemodinâmica. Iana Barbosa Martins 3 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 Observações Independente da causa ou mecanismo exato, a HC atinge um limite no qual o aumento da massa muscular deixa de ser capaz de compensar a sobrecarga. Nesse estágio, há várias alterações regressivas nas fibras miocárdicas como lise e perda de elementos contráteis miofibrilares. Consequências da HC Em casos extremos, pode ocorrer morte dos miócitos. O resultado final dessas alterações é a insuficiência cardíaca, uma sequência de eventos que ilustra como uma adaptação ao estresse pode progredir para lesão celular funcionalmente significativa, se o estresse não for aliviado. Para evitar tais consequências, vários fármacos que inibem as vias de sinalização importantes que envolvem os genes NFAT, GATA4 e MEF2 estão em ensaios clínicos nas fases 1 ou 2. Hipertrofia do coração torna-se não adaptativa e pode levar a insuficiência cardíaca, arritmias e morte súbita. Fatores de risco HAS; Idade avançada; Hipervolemia; Anemia; Fístula arteriovenosa; Alteraçoes do metabolismo mineral ósseo. Xantelasma e HC Eles descobriram que a formação de colesterol nas artérias levando a problemas cardíacos segue o mesmo processo que a formação de Xantelasma sob a pálpebra, o que confirma ainda mais a possibilidade de Xantelasma levar a doenças cardíacas. Ligação entre Xantelasma e doença cardíaca, por um lado, é o acúmulo de colesterol associado à condição da pele que geralmente ocorre ao longo dos vasos sanguíneos. Isso leva a uma condição conhecida como aterosclerose, causando doença aterosclerótica. Tais doenças reduzirão a quantidade de sangue que flui pelo corpo. E o coração pode precisar bombear com mais força para obter mais sangue nessas áreas onde o diâmetro do vaso sanguíneo foi reduzido. Esse excesso de trabalho do coração pode levar a vários problemas cardíacos, como a hipertrofia ventricular esquerda. A oclusão aterosclerótica também pode se destacar para formar um êmbolo. O êmbolo pode bloquear os vasos sanguíneos, levando a vários órgãos do corpo, incluindo o coração. A quantidade de sangue disponível para bombear no coração reduz e o suprimento sanguíneo coronariano também pode ser prejudicado no processo, necrose pode ocorrer e insuficiência cardíaca será inevitável. Iana Barbosa Martins 4 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 Cardiomiopatia Hipertensiva Conceito Conjunto de alterações que ocorrem no coração em consequência de hipertensão arterial sistêmica, maioria das vezes, hipertensão essencial. Resposta adaptativa que possibilita ao coração vencer a sobrecarga de pressão e manter o débito cardíaco. Fases Fase compensada: O indivíduo permanece compensado hemodinamicamente por anos ou décadas, apesar da hipertensão arterial; Aumento progressivo da espessura da parede ventricular = complacência do ventrículo esquerdo diminuída e necessidade e O2 aumentada contribui para a isquemia miocárdica. Ocorre também hipotrofia progressiva de algumas fibras cardíacas e sua substituição por fibrose. Fase descompensada: Se a pressão arterial não for controlada, o coração não consegue hipertrofiar mais nem se manter hipertrofiado. DC não é então mais mantido, levando a sobrecarga de volume diastólico e dilatação da cavidade, caracterizando insuficiência cardíaca. Esta constitui a fase descompensada da cardiopatia hipertensiva. Fibras cardíacas hipertróficas são mais suscetíveis a isquemia, pois tem exigências metabólicas aumentadas, a distância entre o interior das células e o capilar que as nutre é maior, ocasionando dificuldade para difusão de oxigênio; Alterações Fase compensada: Hipertrofia concetrica do VE. Espessura do VE pode ultrapassar 2cm e é uniforme. Homens: 450g / M: 350g. Não há lesão nas valvas cardíaca e pericárdio. Fase descompensada: Dilatação da cavidade do VE e consequente dilatação do anel da valva mitral (fica insuficiente) = sobrecarga e dilatação do AE. Diminuição da espessura da parede e aumento de todo o coração. Congestão pulmonar passiva = hipertensão pulmonar. HAS descontrolada: Cardiopatia Hipertensiva Pulmonar – Cor Pulmonale Sobrecarga do VD, que sofre hipoxia concêntrica de sua parede tentando manter o fluxo pulmonar. VD depois de um tempo entra em descompensação: dilatação da cavidade e do anel da valva tricúspide, que se torna insuficiente e há refluxo de sangue para o AD que se dilata. Coração todo aumenta de volume. Clinicamente, na forma compensada o paciente pode ser assintomático, embora o risco de morte súbita seja aumentado. Quando ocorre dilatação ventricular, surgem as manifestações de insuficiência cardíaca congestiva Manifestações clínicas A cardiopatia hipertensiva compensada normalmente é assintomática; Suspeita-se de sua presença apenas quando a pressão arterial está elevada nos exames físicos de rotina ou quando o ECG ou o ecocardiograma revelam hipertrofia do ventrículo esquerdo. Em alguns pacientes, é diagnosticada quando surge fibrilação atrial (decorrente do aumento do átrio esquerdo) e/ou ICC. Os mecanismos por meio dos quais a hipertensão leva à insuficiência cardíaca ainda não são totalmente compreendidos; Provavelmente os miócitos hipertróficos não se contraem de modo eficiente, possivelmente por causa das anomalias estruturais dos sarcômeros recém-agrupados e o suprimento vascular é inadequado para satisfazer as demandas da massa muscular aumentada. Dependendo da gravidade e duração da condição, da causa subjacente da hipertensão e da adequação do controle terapêutico, os pacientes podem (1) ter vida longa e morrer de causas não relacionadas, (2) desenvolver cardiopatia isquêmica progressiva em decorrência dos efeitos potencializadores da hipertensão sobre a aterosclerose coronariana, (3) sofrer lesão renal progressiva ou acidente vascular encefálico ou (4) desenvolver insuficiência cardíaca progressiva. O risco de morte súbita cardíaca também está aumentado. O controle eficaz da hipertensão pode impedir o desenvolvimento ou levar à regressão da hipertrofia cardíaca e dos riscos que a acompanham. Iana Barbosa Martins 5 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 Etiologia Sobrecarga gerada pela hipertensão gera hipertrofia concêntrica (inicialmente do ventrículo esquerdo) no qual as fibras cardíacas sofrem aumento da espessura devido a aumento em paralelo do número de sarcômeros. É uma reação do miocárdio para vencer a pressão sistêmica aumentada - espessura aumentada da parede do ventrículo tende a normalizar a tensão sistólica sofrida pelos miofilamentos. Iana Barbosa Martins 6 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 Cardiomiopatia Hipertrófica Conceito Hipertrofia ventricular esquerda sem causa aparente, como HAS ou valvopatias (obstrução da cavidade). Os estudos iniciais e os que se seguiram deram ênfase ao caráter assimétrico (aspecto morfológico) e obstrutivo (componente funcional): hipertrofia septal assimétrica e cardiomiopatia hipertr6fica obstrutiva Hipertrofia de miócitos não é acompanhada por um aumento proporcional do número de capilares. Consumo de O2 no coração hipertrofiado é elevado devido a carga de trabalho que controla o processo. Porém o nível de O2 e nutrientes para o coração hipertrofiado (principalmentequando há sobrecarga de pressão) é limitado em comparação ao coração normal. Caracteristicas MCH A hipertrofia também é frequentemente acompanhada pela deposição de tecido fibroso (fibrose intersticial). A MCH é caracterizada por hipertrofia maciça do miocárdio sem dilatação ventricular. Há um espessamento desproporcional do septo ventricular em relação à parede livre do ventrículo esquerdo (é a chamada hipertrofia septal assimétrica); 10% dos casos de MCH, há hipertrofia concêntrica. Observações Em corte longitudinal, observa-se que a cavidade ventricular perdeu sua forma arredondada a ovoide habitual e está comprimida, com forma semelhante a uma banana. A presença de uma placa no endocárdio da via de saída do ventrículo esquerdo e de um espessamento na válvula anterior da valva atrioventricular esquerda reflete o contato dessa válvula com o septo durante a sístole ventricular; essas alterações se correlacionam com a obstrução funcional da via de saída do ventrículo esquerdo. As características histológicas distintivas da MCH são a hipertrofia acentuada dos miócitos, o desarranjo aleatório dos miócitos (e das miofibras) e a fibrose intersticial. Classificação Pode ser simétrica, acometendo de maneira homogênea toda a parede do ventrículo esquerdo, ou assimétrica, predominando em uma determinada região, geralmente o septo ventricular (costuma produzir obstrução parcial da via de saída do ventrículo esquerdo). Fisiopatologia Na doença, há anormalidades de proteínas sarcoméricas, particularmente da cadeia pesada da miosina, o que interfere no arranjo espacial normal das miofibrilas e leva a desarranjo na disposição entre as fibras miocárdicas. A hipertrofia requer o aumento da síntese de proteínas, possibilitando a organização de sarcômeros adicionais e número maior de mitocôndrias. As alterações moleculares incluem a expressão de genes precoces imediatos: Com sobrecarga hemodinâmica prolongada, pode existir um estímulo para ativação do padrão de numerosas mutações em diferentes genes responsáveis pela codificação de proteínas sarcoméricas foram identificadas, relacionadas ao cromossomo 11 e 14. A característica fisiopatológica predominante na cardiomiopatia hipertrófica é: Redução da complacência ventricular e do enchimento diastólico devido à arquitetura caótica das fibras musculares cardíacas, o que resulta em contração e relaxamento anormais. Alterações Coração pouco ou moderadamente aumentado de volume. Dilatação atrial pela restrição ao enchimento diastólico ventricular. Ventriculos hipertrofiados, em especial o esquerdo, cavidades normais ou reduzidas. Forma assimétrica: Septo mais espesso que a parede livre do VE. Espessamento fibroso na via de saída do VE, resultante de impacto e atrito da tricúspide sobre o endocárdio septal no início da sístole _ agrava a obstrução do fluxo. Essa lesão é o equivalente morfológico do movimento anterior sistólico da cúspide anterior da Iana Barbosa Martins 7 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 valva mitral observado à ecocardiografia e que resulta no chamado espessamento endocárdico septal "em espelho Desarranjo espacial dos cardiomiócitos ou dos feixes de fibras cardíacas ente si. há graus variáveis de fibrose intersticial e espessamento da parede das pequenas artérias intramurais. Observações Algumas condições metabólicas e certos estados funcionais podem simular cardiomiopatia hipertrófica, e dela devem ser diferenciadas, como doenças de depósito, cardiopatia que acomete filhos de mães diabéticas, coração do atleta. Etiologia A cardiomiopatia hipertrófica é considerada uma doença genética de transmissão autossômica dominante, com penetrância variável, na qual a história natural e o curso clínico são determinados pela interação complexa de vários fatores. Assim, os diferentes membros de uma mesma família com esse traço genético podem desenvolver quadros anatômicos e funcionais de gravidade variável, todos entretanto caracterizados por hipertrofia miocárdica. dificulta o diagnóstico da doença é que, com a sua evolução, pode haver dilatação da cavidade ventricular e adelgaçamento da parede, podendo o coração adquirir o aspecto de cardiomiopatia dilatada. Manifestações clínicas Disfunção diastólica ventricular ou isquemia miocárdica, esta última devida à grande massa muscular ventricular. Arritmias cardíacas são frequentes, podendo inclusive acarretar morte súbita. Nas fases tardias da doença, pode haver insuficiência cardíaca progressiva por falência sistólica.ventricular, com progressiva dilatação cardíaca. A hipertrofia é frequentemente associada à morte súbita de corredores de endurance ou outros atletas, especialmente nos casos de atletas adolescentes ou adultos jovens que normalmente não seriam considerados em risco de problemas cardíacos. Falta de ar, diminuição da capacidade de exercício, tonturas ou desmaios e períodos de palpitações cardíacas. Embora a MCH possa surgir em qualquer idade, ela normalmente se manifesta durante o estirão de crescimento pós-puberal. Os sintomas clínicos podem ser mais bem compreendidos no contexto das anomalias funcionais. Ela é caracterizada pela hipertrofia maciça do ventrículo esquerdo que paradoxalmente fornece volume sistólico acentuadamente reduzido. Essa condição ocorre como consequência do enchimento diastólico deficiente e da redução global do tamanho da câmara. Além disso, aproximadamente 25% dos pacientes apresentam obstrução dinâmica ao fluxo de saída do ventrículo esquerdo provocada pela válvula anterior da valva atrioventricular esquerda. O débito cardíaco reduzido e o aumento secundário da pressão venosa pulmonar provocam dispneia aos esforços e sopro sistólico de ejeção áspero. A combinação de hipertrofia maciça com aumento das pressões no ventrículo esquerdo e artérias intramurais comprometidas leva com frequência à isquemia do miocárdio (com angina), mesmo na ausência de doença arterial coronariana concomitante. Os principais problemas clínicos incluem fibrilações atriais e ventriculares, acompanhadas de formação de trombos murais, endocardite infecciosa da valva atrioventricular esquerda, ICC e morte súbita. A maioria dos pacientes melhora com um tratamento que estimula o relaxamento do ventrículo; a excisão parcial cirúrgica ou o infarto do músculo septal induzido pelo álcool também podem aliviar a obstrução da via de saída. Conforme mencionado previamente, a MCH é causa importante de morte súbita cardíaca. Em quase um terço dos casos de morte súbita cardíaca de atletas com menos de 35 anos, a causa subjacente é a MCH. Tratamento Além do tratamento medicamentoso, em determinados casos de obstrução acentuada da via de saída do ventrículo esquerdo pode-se optar pelo implante de marca-passo cardíaco, para alterar a sequência da contração entre o septo e a parede livre ventricular. Tratamento cirúrgico, com ressecção muscular de parte da via de saída do ventrículo esquerdo, pode ser considerado. Diagnóstico O elemento diagnóstico fundamental da miocardiopatia hipertrófica é o encontro de extensas áreas de desarranjo dos cardiomiócitos, no mínimo superior a 5% da área amostrada. Iana Barbosa Martins 8 FISIOPATOLOGIA – CARDIO – MED 31 No entanto, como o desarranjo das fibras não é por si só patognomônico da doença, pois pode ocorrer em áreas focais (particularmente na junção do septo ventricular com a parede posterior do ventrículo esquerdo) e em processos hipertróficos de outras causas, seu encontro não tem valor diagnóstico em biópsias endomiocárdicas. Diagnóstico de cardiopatia hipertensiva: Necessário que haja hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo, ausência de outras doenças cardiovasculares e, naturalmente, quadro de hipertensão arterial.
Compartilhar