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FILOSOFIA DA RELIGIÃO I. INTRODUÇÃO______________________________________________________________4 1. A Filosofia da religião na história da filosofia........................................................................ 4 a) Filosofia Grega (séculos V-IV a.C.)....................................................................................................... 4 b) Filosofia Romana (século I)....................................................................................................................5 c) Filosofia Medieval (séculos XIII-XIV).................................................................................................. 5 d) Renascimento (século XV)..................................................................................................................... 5 e) Racionalismo (século XVII)................................................................................................................... 5 f) Iluminismo (século XVIII)......................................................................................................................6 g) Escola Sociológica (século XIX)............................................................................................................6 h) Escola Psicológica (século XIX)............................................................................................................ 6 i) Evolucionismo (século XIX)................................................................................................................... 6 j) Marxismo (século XX)............................................................................................................................ 7 k) Escola Etnológica (século XX)...............................................................................................................7 2. Método da filosofia da religião................................................................................................ 7 3. Elementos básicos da religião.................................................................................................. 8 4. Constantes religiosas................................................................................................................ 8 a) Constante Telúrica.................................................................................................................................. 9 b) Constante Celeste....................................................................................................................................9 c) Constante Étnico-Política......................................................................................................................10 d) Constante Mistérica.............................................................................................................................. 11 e) Constantes das Religiões Universais.................................................................................................... 12 5. Principais religiões................................................................................................................. 13 a) Religiosidade do Homem Paleolítico....................................................................................................13 b) Religião do Egito Antigo...................................................................................................................... 13 c) Religião da Mesopotâmia..................................................................................................................... 14 d) Religião Greco-Romana....................................................................................................................... 14 e) Religião dos Celtas e dos Vikings........................................................................................................ 15 f) Religião dos Astecas e dos Incas...........................................................................................................15 g) Hinduísmo.............................................................................................................................................16 h) Confucionismo......................................................................................................................................18 i) Taoísmo................................................................................................................................................. 19 j) Budismo.................................................................................................................................................20 k) Jinismo..................................................................................................................................................22 l) Zoroastrismo..........................................................................................................................................23 m) Maniqueísmo....................................................................................................................................... 23 n) Islamismo..............................................................................................................................................24 o) Judaísmo............................................................................................................................................... 26 p) Cristianismo..........................................................................................................................................30 6. Formas religiosas derivadas ou degeneradas....................................................................... 38 7. A secularização da sociedade................................................................................................. 39 II. DEFINIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA RELIGIÃO____________________________41 1. Definição ............................................................................................................................... 41 2. Fundamentação ôntica da religião ...................................................................................... 41 1) Passo um: o existir depende em última instância de Deus................................................................... 42 2) Passo dois: a existência deve vir diretamente de Deus e não de um ser intermediário........................ 44 3) Passo três: a tendência de toda criatura a Deus.................................................................................... 45 2 3. Fundamentação axiológica e dinâmica da religião ............................................................. 45 a) fundamentação axiológica ou das perfeições........................................................................................45 b) fundamentação dinâmica...................................................................................................................... 46 4. Conclusões.............................................................................................................................. 46 III. NOÉTICA DA RELIGIÃO__________________________________________________48 1. Consciência da religião por via do intelecto......................................................................... 48 a) O conhecimento pela presença da própria essência divina (conhecimento intuitivo).......................... 48 b) O conhecimento pela presença da própria essência divina...................................................................49 c) O conhecimento indireto ou “per analogiam”...................................................................................... 49 d) Os que negam esta via de acesso.......................................................................................................... 49 2. Consciência da religião por via da vontade.......................................................................... 50 3. Consciênciada religião por via da sensibilidade.................................................................. 50 a) Esclarecimentos importantes................................................................................................................ 50 b) Se a religião pode ser objeto destas realidades.....................................................................................51 c) A religião nas paixões e sentimentos.................................................................................................... 51 d) A religião nos instintos......................................................................................................................... 52 e) Possibilidade do ateísmo no âmbito da noética da religião.................................................................. 53 IV. ATITUDE DO HOMEM DIANTE DA CONSCIÊNCIA DA RELIGIÃO____________54 1. O ateísmo................................................................................................................................ 54 2. A única atitude racional ante a consciência da religião....................................................... 54 ANEXO 1____________________________________________________________________55 “Para quê ter uma religião” (D. Estevão Bittencourt, PR 297/1987)..................................... 55 ANEXO 2____________________________________________________________________64 “Compreendendo a Nova Era” (D. Estevão Bittencourt, PR 379/1993)................................ 64 3 I. INTRODUÇÃO A filosofia, de uns tempos para cá, viu-se na necessidade de estudar o fato religioso. Com o advento da filosofia imanentista, a transcendência ao absoluto que sempre foi admitida como uma realidade natural no homem, começa a ser questionada. Surgem diferentes posicionamentos a seu respeito: desde a sua ne- gação por completo, como à sua absolutização, chegando-se a afirmar que é um fato evidente, inquestionável. Infelizmente, até o presente momento, fez-se pouca filosofia sobre a religio- sidade. Os livros que se encontram a este respeito, são de caráter muito mais so- ciológico do que filosófico. Este estudo pretende ir um pouco mais além, tentando responder perguntas como estas: possui a religiosidade um fundamento antropo- lógico, mais ainda, metafísico? Se há um fundamento na natureza humana, por- que muitos homens não são religiosos? A religiosidade é um sentimento ou é mais do que isto? É de capital importância encontrar respostas a estas perguntas, para que a nossa fé seja mais sólida e não dependa apenas da cultura em que vivemos ou de um bom senso sem explicação, facilmente atacado por aqueles que se empenham em excluir Deus da sua vida. 1. A Filosofia da religião na história da filosofia Verifica-se que a religião constitui uma das dimensões centrais da existên- cia humana: a mais básica e distintiva do ser humano. Assim, foi objeto de refle- xão desde os primórdios da filosofia, sendo que, a partir do século XVII começa a surgir uma postura crítica, que subsiste ainda, mas que pouco a pouco vai sendo desmistificada com os estudos mais recentes sobre as origens e bases do fenôme- no religioso: a) Filosofia Grega (séculos V-IV a.C.) Numa sociedade politeísta, com sua mitologia decantada em poemas épi- cos, concebe um Ser Superior e imutável como origem e ordenador do Universo, substituindo as explicações mitológicas por explicações racionais dos fenômenos, 4 cujo substrato último estaria num Deus Supremo e Transcendente (Anaximan- dro, Parmênides, Heráclito e Aristóteles); b) Filosofia Romana (século I) Manifesta sua rejeição pela concepção mitológica da religião civil do Esta- do, como meras fábulas, propugnando pela adoção de uma religião natural de união da alma com o Transcendente (Sêneca e Varrão); c) Filosofia Medieval (séculos XIII-XIV) Caracteriza-se pela defesa filosófica da religião cristã e pela demonstração racional da existência de Deus e de suas características (S. Agostinho, S. Anselmo e S. Tomás de Aquino); d) Renascimento (século XV) Com a redescoberta do mundo greco-romano, busca-se formular uma sín- tese dos elementos religiosos de diversas procedências, com a intenção de desco- brir um fundo religioso universal e deduzir-se uma doutrina metafísica universal (Ficino e Mirandola); e) Racionalismo (século XVII) Começa a colocar em xeque a religião, pretendendo racionalizar o fenôme- no religioso, a partir da negação de qualquer revelação divina (Hume, Tindal e To- land); Hegel interpreta la r. dentro la prospettiva kantiana della sola ragione e vede in essa il secondo momento del sapere assoluto, quando lo spirito prende coscienza di se stesso e diventa "autocoscienza". Subito dopo Hegel, con Feuerbach, Marx, Engels, Comte, Nietzsche inizia la demistificazione della r. Alla r. fu fatale, tra l'altro, il nesso che essa sembrava avere con l'idealismo, per cui la demolizione di quest'ultimo sembrò trascinare con sé anche il crollo della r. Si cercò di dimostrare che essa non ha nessun fondamento oggettivo. Se ne ricercò l'origine nei vari sentimenti di impotenza di fronte alla natura (Feuerbach), di compensazione nella vita futura per ciò che manca nella vita presente (Marx), di risentimento (Nietzsche), di sublimazione degli istinti (Freud), di autotrascendimento (Bloch), ecc. Senonché, per quanto ingegnose, tutte queste spiegazioni della r. risultano inadeguate: esse fanno luce su qualche motivazione reale, ma per lo più secondaria, di essa. Davanti ad un fenomeno così grandioso e così complesso come quello religioso, decisamente il più imponente tra tutti quelli che segnano la storia dell'umanità, le spiegazioni di Feuerbach, 5 Marx, Nietzsche, Freud, Bloch risultano chiaramente riduttivistiche e semplicistiche e pertanto assolutamente inadeguate. Esse tentano di trasformare in un fenomeno secondario, accidentale e tutto sommato trascurabile ciò che invece risulta profondamente radicato nella natura umana e che costituisce sempre una componente fondamentale e primaria della cultura. "Attraverso la parte più illustre della storia umana, in tutti i secoli e in qualsiasi stadio della società, la r. è stata la forza centrale unificatrice della cultura. È stata custode della tradizione, preservatrice della legge morale, educatrice e maestra di sapienza. [...] La r. è la chiave della storia. Non possiamo comprendere le strutture intime di una società, se non conosciamo bene la sua r. Non possiamo capire le sue conquiste culturali, se non comprendiamo le credenze religiose che stanno dietro di esse. In tutte le età le prime elaborazioni creative di una cultura sono dovute ad un'ispirazione religiosa e dedicate ad un fine religioso. La r. sta alla soglia di tutte le grandi letterature del mondo. La filosofia è un suo prodotto ed è un rampollo che fa continuamente ritorno al proprio genitore" (Ch. Dawson, Religion and Culture, 1948, pp. 49-50)(Battista Mondin, Dizionario Teologico e Filosofico). f) Iluminismo (século XVIII) Na linha do racionalismo, caracteriza-se pela negação das religiões positi- vas (especialmente do cristianismo), sustentando um deísmo como crença geral na existência de um Ser Supremo, sem que deva existir qualquer Igreja ou siste- ma organizado de culto (Voltaire, Diderot e D’Alembert); g) Escola Sociológica (século XIX) Pretende que o fenômeno religioso seja necessariamente social, constituin- do um sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, adota- das por uma comunidade (Durkheim, Weber, Croce e Gentile), esquecendo, no entanto, que o sentimento religioso tem sua dimensão pessoal; h) Escola Psicológica (século XIX) Reduz o fenômeno religioso à consciênciaindividual, surgindo do subcons- ciente o sentimento religioso e todas as crenças (Schleiermacher, Freud, Hart- mann e James), o que descartaria a possibilidade de revelação divina ao homem; i) Evolucionismo (século XIX) Concepção de que as religiões evoluíram das crenças míticas, politeístas e rudimentares para as religiões monoteístas, organizadas e universais (Darwin e Spencer); 6 j) Marxismo (século XX) Concepção de que a religião é o ópio do povo, a maior das alienações, uma vez que aquilo que se atribui a Deus seria próprio da Humanidade como um todo (Feuerbach e Marx); k) Escola Etnológica (século XX) Procura mostrar, através do estudo dos povos primitivos e das culturas ru- dimentares, que a crença num Deus Supremo e Único foi, desde os começos, a forma religiosa originária, sendo as religiões politeístas posteriores corruptelas da crença original (Lang e Schmidt). Como se vê, a partir deste breve esboço histórico, já se afirmou tudo a res- peito da religião: que existe, que não existe, que é um sentimento, que é um ins- tinto, que é uma alienação, que é uma criação humana, etc, etc. A avaliação do que realmente é a religião, sua existência, seu fundamento, será visto no segundo capítulo. 2. Método da filosofia da religião Para o estudo filosófico da religião, vários são os métodos utilizados: Método histórico-crítico comparativo – comparar as várias religiões no tem- po e no espaço, buscando seus traços comuns e suas diferenças específicas, para verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso; Método Filológico – mediante o estudo comparado das línguas, busca en- contrar nas línguas parentes o que pensavam e acreditavam os povos antes de se dividirem em línguas distintas (quais as palavras utilizadas para descrever e ex- pressar o sagrado e suas raízes comuns); Método Antropológico – reconstruir o passado religioso com base na etnolo- gia, estudando os povos primitivos atuais (suas instituições, crenças, rituais e tradições). A filosofia da religião deve conjugá-los, para obter a melhor soma de ele- mentos para chegar às suas conclusões sobre a essência das manifestações religi- osas e suas características universais. Método metafísico – busca o fundamento do fenômeno religioso. 7 3. Elementos básicos da religião Constituem elementos básicos de toda religião, o que se denominam de: • religioso primário (componente racional e interno) – reconhecimento interior da existência de Deus e da dependência do homem em rela- ção a Ele, plasmado num conhecimento superior (fé) das realidades terrenas e transcendentes (concepção do mundo, do homem e de Deus); • religioso secundário (componente afetivo e externo) – manifestações externas e objetivas, pessoais e coletivas, derivadas desse reconheci- mento da existência e da dependência de Deus, que plasmam e ex- ternam o desejo de honrar, servir e amar a Divindade (ritos, cerimô- nias, moral). Se, por um lado, tudo o que o homem faz pode ser considerado como “reli- gioso secundário” (dada a total dependência do homem em relação a Deus: “quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei-o por amor a Deus”), por outro, o mais especificamente “religioso secundário”, como manifestação ca- racterística do culto a Deus, é constituído por: • orações com suas variadas formas de gestos e palavras; • sacrifícios oferecidos à Divindade, em suas variantes cruentas e in- cruentas; • ritos sagrados, tanto públicos e sociais, quanto privados; e • altares e templos em que se realizam essas orações, sacrifícios e ce- rimônias. 4. Constantes religiosas Descobrir o núcleo ou denominador comum que existe subjacente às múl- tiplas variantes religiosas, tanto no tempo (constantes religiosas) quanto no espa- ço (círculos ou famílias de religiões) é uma das tarefas auxiliares da filosofia da Religião: saber distinguir, através da comparação entre as várias formas religio- sas, o que é o essencial e comum a todas elas (e que constitui o fenômeno religio- so) e o que é acidental e diferenciador. No entanto, algumas diferenças não são meramente acidentais, quando se trata de comparar as religiões naturais em relação à religião revelada, pois dizem 8 respeito à concepção do mundo, do homem e de Deus que corresponde à realida- de. Daí o antagonismo entre as posturas extremistas: Reducionista - “Quem conhece uma religião, especialmente o cristianismo, conhece todas” (Harnack); Relativista - “Quem conhece apenas uma religião, não conhece nenhuma” (Max Müller). a) Constante Telúrica A forma mais antiga de representação da divindade foi a da Deusa Mãe Terra (Tellus = Terra): figuras femininas encontradas desde 30.000 a.C. (ídolo fe- minino da fecundidade, com seios e útero exageradamente desenvolvidos ou com muitos seios). Essa representação destacava o sentido sagrado da terra e o ciclo da vida, da primavera ao inverno (renascer primaveril, maturidade estival e morte inver- nal), com a fertilidade agrária e a fecundidade humana, até sua volta às entra- nhas da terra, com a morte, que não é o fim, já que se acredita numa vida além da morte (Na terra – humus – se esconderia a origem e o destino do homem – homo). O cristianismo veio a dar um outro sentido às festas pagãs (pagã = do cam- po), que celebravam as estações do ano, comemorando, nesses dias, os mistérios cristãos (Ex: Em vez de festejar o Deus-Sol no dia primeiro do ano, celebrar a Santa Maria, Mãe de Deus). Em todos os povos de religiosidade telúrica (Egito Antigo, Mesopotâmia, Az- tecas, Povos Negros Africanos), a suprema divindade era representada pela Deusa Terra, simbolizada por uma figura feminina ou, mais comumente, por um animal (teriomorfismo), geralmente a serpente (futuro símbolo dos farmacêuticos, como sinônimo de saúde e vida), o touro ou o cabrito. A veneração originária dos deu- ses que desceram e se assentaram nessas representações vai se convertendo em idolatria. b) Constante Celeste Os povos indo-europeus têm a crença num Deus Supremo Celeste, criador de todas as coisas e transcendente ao mundo, originariamente concebido mono- teistamente (os nomes dos demais deuses assírio-babilônicos são atribuídos como nomes diversos de Marduk, deus principal). 9 A evolução posterior dessas religiões conduz ao politeísmo, mas no qual há sempre um deus principal entre os muitos que são reconhecidos (12 deuses su- premos romanos, correspondentes aos 12 gregos; mil deuses hititas; 3 mil deuses babilônicos; 330 milhões de deuses hindus). Esse deus supremo é concebido na forma masculina e como Pai dos demais deuses e homens (Iu-piter romano = Deus Pai). A suprema divindade das religiões celestes tem no seu nome algum ele- mento que dê a idéia de luz, céu, claridade (Deus, lembrando dies = dia). Ade- mais, há, para o mesmo deus, um nome “terreno” (usado pelos mortais) e um nome “celeste” (usado pelos deuses). Enquanto o designativo da suprema divindade telúrica é Grande (pela imensidão da Terra), o da suprema divindade celeste é Altíssima (pela elevação aos Céus). Diante da divindade telúrica, surge no homem a sensação do fasci- nans (atração, emoção, sedução), enquanto a divindade celeste desperta a sensa- ção do tremendum (temor, medo e reverência): Se, por um lado, os fenômenos metereológicos despertavam nos povos primitivos um temor, por outro, esse po- der divino despertava também segurança e confiança. Apesar do antropomorfismo que caracteriza as religiões celestes (represen- tação humana da divindade), com os deuses sendo retratados em forma corporal e com virtudes e defeitos humanos, participando das vicissitudes terrenas (poe- mas homéricos), há uma nítida separação entre o celeste e o terreno: o pecado dos homens é orgulho de querer chegar até o lugar dos deuses (Prometeu na mi- tologia grega) ou se tornar imortais(Gilgamesh na mitologia sumério-acadiana). Daí que o próprio do homem deve ser a humildade (humilis), que tem a mesma raiz de terra (humus). O símbolo da águia atacando a serpente representará a futura superação da religiosidade celeste sobre a religiosidade telúrica. Mas, na verdade, as teofani- as (manifestações) dos desuse celestes não será através de animais, mas de re- presentações humanas (levando a imaginação de gregos e romanos a verem os bosques e em toda a Natureza povoados de ninfas, sátiros e uma miríade de semi- deuses). c) Constante Étnico-Política A constante étnico-política liga-se à identificação entre religião e nação: cada povo tem sua própria religião. São características dessa constante: Nacionalismo religioso - confusão entre as origens da religião e da nação (a religião é a dos antepassados e se confunde com o amor à pátria). 10 Ausência de um fundador conhecido – a origem da religião se perde na noi- te dos tempos (tradição oral, desde as próprias origens do homem e dos primeiros clãs, tribos e nações). Coletivismo Religioso – a pessoa se relaciona com a divindade mais como membro da comunidade do que como indivíduo (a religião é vista como um dever cívico). Pragmatismo religioso – as práticas e rituais religiosos buscam primordial- mente a conservação e prosperidade terrena da comunidade, mais do que a salva- ção ultraterrena da alma (o pecado se confunde com delito civil e deve ser evitado não tanto por ter um castigo eterno, mas por comprometer a segurança da comu- nidade, ao atrair a ira dos deuses). Ausência de um corpo doutrinário estruturado - culto basicamente sacrifi- cial, sendo os sacerdotes apenas ministros do culto e não mestres que ensinam uma doutrina salvífica). Caráter teocrático do Estado - ser cidadão é pertencer à mesma comunida- de político-religiosa e ter os mesmos deuses protetores (ser banido do Estado é fi- car sem pátria e sem deuses). Identificação do governante com a divindade – o monarca é reconhecido como filho dos deuses e seu representante na Terra (representado muitas vezes pelo Sol: faraós egípcios, imperadores romanos e japoneses, monarcas incas), ca- bendo-lhe a intermediação com os deuses (sacerdócio) e a condução político-mili- tar da nação. Ausência de proselitismo - membros da comunidade são apenas os mem- bros da nação (concepção de povo escolhido pelos deuses). Endogamia familiar ou tribal – casamento, dentro da família real, entre ir- mãos, para manter a pureza divina (nacionalismo de não permitir casamento com estrangeiros). Em geral, as religiões celestes são, também, étnico-políticas. d) Constante Mistérica Os mistérios têm suas raízes no telúrico, brotando durante a Idade de Bronze e o Neolítico e ressurgindo com a decadência das religiões celestes e étni- co-políticas (mistérios dionisíacos, órficos, eleusinos, pitagóricos, etc). Eram ritos de iniciação que afastavam a pessoa da relação com os demais mortais e a colocavam num círculo de eleitos, visando à sua união individual com 11 a divindade. O sentido da palavra não era de algo oculto, mas, pelos rituais ado- tados, incompreensíveis e chocantes para os não iniciados, passaram a ser ocul- tados, para evitar perseguições. Esses rituais, que marcavam o renascimento da pessoa, tinham as seguin- tes constantes: Introdução da serpente (viva nos começos e depois de metal) no seio do ini- ciante (sinal de consagração) – contato corporal e íntimo com a divindade, como símbolo de sua união com ela; Omofagia – despedaçar e comer cru ao animal teofânico, para incorporar as virtudes da divindade; Incubação – dormir em contato direto com a terra, para receber dela as vir- tudes curativas e previsoras do futuro; Práticas catárticas – retiros, jejuns, flagelações, abluções, acusação pública das próprias faltas, etc. As características básicas da constante mistérica são: Henoteísmo (hen = principal + theos = deus) – união de uma divindade fe- minina principal com um jovem deus inferior, que morre todos os anos, para de novo renascer; Divindade Imanente – a união do indivíduo com a divindade se faz pela possessão desta com aquele (danças das bacantes em éxtasis, ou seja, fora de si); Panteísmo – concepção da divindade como o princípio ativo imanente ao mundo (alma universal); Despolitização da Religião – a religião não é a relação da comunidade (po- lis) com a divindade, mas a do indivíduo com o seu deus (personalismo); Aspiração a uma vida ultratumba – preparação para a vida após a morte, buscando a purificação nesta vida (conteúdo ético e soteriológico). e) Constantes das Religiões Universais As denominadas religiões universais são aquelas não ligadas exclusiva- mente a um povo (étnico-políticas) e que não possuem o substrato das religiões primitivas (telúrico-mistéricas), mas que conseguiram uma difusão ampla no tem- po e no espaço (são, principalmente, o Budismo, Islamismo e Cristianismo). As constantes ou notas comuns dessas religiões são: 12 Fundador conhecido – têm início conhecido no tempo, fundadas por um personagem histórico; Universalidade da mensagem – são supranacionais, visando estender sua doutrina salvadora ao mundo inteiro (proselitistas); Livro Religioso como base da doutrina – sua mensagem básica encontra-se recolhida em livros sagrados de caráter irreformável, conservados na língua origi- nal, ainda que não mais falada (só para a liturgia); Vigência Atual – encontradas atualmente nos povos desenvolvidos ou em desenvolvimento. 5. Principais religiões a) Religiosidade do Homem Paleolítico Observa-se, desde os primórdios da Humanidade, o costume do homem enterrar seus mortos, sendo encontrados túmulos em que os ossos estão acompa- nhados por utensílios, o que demonstra a crença na vida ultraterrena. Ademais, as pinturas rupestres encontradas nas Cavernas, representando animais e cenas de caça, permitem captar o sentido religioso do homem primitivo, que representava a divindade sob forma de animais (constante telúrica), elegendo os mais fortes para a sua representação. As cenas de caça poderiam conter a es- perança de que a representação pictórica se tornasse realidade. b) Religião do Egito Antigo Teriomorfismo, politeísmo, idolatria; principais deuses: Ísis (Grande Deusa Mãe), Osíris (esposo de Isis e morto por esta, renascia anualmente para fertilizar as margens do Nilo), Set (irmão de Osíris), Hórus (falcão), Anúbis (cachorro), Ápis (boi) e Tote (ave íbis). O faraó Amenófis IV tentou restabelecer o monoteísmo original, promoven- do o culto do “Disco Solar”, mas essa reforma religiosa foi afastada depois de sua morte. A crença na vida ultratumba em parâmetros semelhantes às deste mundo, com um julgamento perante o Tribunal de Osíris e a existência de necessidades materiais, fez com que se desenvolvesse o sepultamento em pirâmides, junto com os tesouros dos faraós e a mumificação do cadáver, para que a base material da 13 alma não se desfizesse. Construíram grandes templos para o culto de seus deu- ses. c) Religião da Mesopotâmia Os babilônios e assírios eram politeístas, possuindo mais de 3.300 divinda- des. Porém, por cima de todas essas divindades se reconhece a Assur-Marduk como Deus Supremo (Assur para os assírios e Marduk para os babilônios), sendo que todas as demais teriam, na verdade, uma certa identidade com a mesma na- tureza divina (diferentes nomes de um mesmo Deus). Seu culto público se dava em pirâmides escalonadas em patamares, denominadas de zigurates. d) Religião Greco-Romana Politeísmo antropomórfico, de constante celeste, sendo os principais deu- ses os que figuram no quadro comparativo abaixo: PRINCIPAIS DEUSES GRECO-ROMANOS GRÉCIA ROMA ATRIBUTOS Zeus Júpiter Pai dos Deuses e Senhor do Trovão Hera Juno Rainha dos Deuses, Deusa do Casamento eda Maternidade Héstia Vesta Guardiã da Família e do Lar (Irmã mais velha de Zeus) Poseidon Netuno Deus do Mar e dos Rios (Irmão de Zeus) Deméter Ceres Deusa das Colheitas e da Fertilidade (Irmã de Zeus) Hades Plutão Deus do Mundo Subterrâneo e da Morte (Irmão de Zeus) Atena Minerva Deusa da Sabedoria e da Guerra (Filha de Zeus e Métis) Ares Marte Deus da Guerra e da Destruição (Filho de Zeus e Hera) Hefesto Vulcano Deus do Fogo e Ferreiro Aleijado dos Deuses (Irmão de Ares) Afrodite Vênus Deusa da Beleza (Prima de Zeus e Esposa de Hefesto) Apolo Apolo Deus do Sol, da Profecia e da Saúde (Filho de Zeus e Leto) Artémis Diana Deusa da Lua e da Caça (Irmã Gêmea de Apolo) Hermes Mercúrio Mensageiro dos Deuses (Filho de Zeus e Maia) Dionísio Baco Deus do Vinho e da Vegetação (Filho de Zeus c/uma mortal) Asclépio Esculápio Deus da Medicina (filho de Apolo) Urano Urano Deus do Céu e Pai dos Titãs 14 Cronus Saturno Deus do Céu e da Agricultura e Governante dos Titãs. Rhea Ops Deusa Mãe (Esposa de Cronus) Eros Cupido Deus do Amor Hypnos Sonus Deus do Sono Gea Terra Mãe da Terra Têmis Têmis Deusa da Justiça (segunda mulher de Zeus) Pan Pan Deus dos Bosques e das Pastagens Acreditavam na predestinação, procurando ver nos augúrios (vôos de aves ou entranhas de um animal sacrificado) o que estava predestinado pelos deuses. Concepção fatalista da vida. e) Religião dos Celtas e dos Vikings Os Celtas enterravam seus mortos com as armas, comida, roupas e jóias, na crença de que necessitariam delas na outra vida. Adoravam, além de deuses e deusas, o javali, por sua coragem e ferocidade (tereomorfismo) e as cabeças corta- das dos inimigos (fincadas em postes, como sagradas). Os druidas eram os sacer- dotes e magos que dirigiam o culto e ensinavam o povo, com poder curandeiro. Os Vikings acreditavam que os deuses viviam no Walhalla (paraíso viking), sendo os principais deuses Odin (Rei dos Deuses), Thor (Deus do Vento, da Chu- va e da Agricultura), Frey (Deus do Casamento e da Fertilidade) e outros. As valquírias eram as mulheres enviadas por Odin para conduzir ao paraíso os guer- reiros mortos em combate. Os deuses vikings eram adorados ao ar livre (não ti- nham templos). f) Religião dos Astecas e dos Incas Os Incas eram politeístas, acreditando num Deus Supremo Criador (Vira- cocha), Pai dos demais deuses, homens e criaturas. Inti (Deus-Sol) deu origem à família real inca. Anualmente, celebrava-se a grande festa do Sol, em que o ani- mal a ser sacrificado (lhama) era levado para as montanhas, com as mensagens ao Deus, que o rei lhe havia dito ao ouvido. Havia os sacerdotes que cuidavam do culto ao longo do ano e as “Virgens do Sol”, que os assistiam. Havia também Quil- la (Deusa-Lua). Os lugares sagrados (huacas) eram tanto os templos, quanto as pedras de formato invulgar, túmulos, fontes, colinas e cavernas. 15 Já os Astecas possuíram uma religião cruenta de sacrifícios humanos: acreditavam que a manutenção da luz solar dependia do oferecimento de vítimas humanas ao Deus Sol (alimentar os deuses com a “água sagrada”, que seria o sangue). Sacrificavam milhares de pessoas, quer fossem inimigos capturados nas guerras, quer fossem crianças preparadas para isso. Arrancavam da vítima o co- ração ainda batendo, para esfregá-lo na parede do templo. Seus principais deuses eram Tonatiuh (Deus do Sol), Tezcatlipoca (Deusa da Noite), Coatlicue (Deusa Mãe Terra), Quetzalcoatl (Deus da Sabedoria), Tlaloc (Deus da Chuva). g) Hinduísmo É a religião nacional do povo indiano (permeia toda a vida do indiano, des- de o levantar-se até o deitar-se). O sânscrito (idioma dos escritos sagrados hin- dus) não tem uma palavra para designar “religião”: a palavra dharma significa a realidade total. Assim, cabem, dentro do hinduísmo, as concepções religiosas de outros povos (Mahatma Gandhi pregava uma síntese de todas as religiões, num amálgama sincretista que não excluísse nenhuma). Evolução histórica: Panteísmo Védico (séc. XII-IX a. C.) – anterior à invasão dos povos indoeu- ropeus (Civilização de Harappa), de religiosidade telúrica; Brahmanismo (séc. IX-II a. C.) – posterior à invasão indoeuropéia, de religi- osidade mistérica; Hinduísmo (séc. II a. C. até os dias atuais) – de religiosidade étnico-política, caracterizada pela aceitação da divisão político-religiosa da sociedade em castas. Núcleo básico do Hinduísmo: Divisão da sociedade em castas (varuna, que designa “casta”, etimologica- mente significa “cor”: caráter racista da divisão). Crença em Brahman (panteísmo). “Vedas” como livros sagrados (mais antigos textos religiosos conhecidos). VEDA CONTEÚDO Rig-Veda Veda dos louvores Sama-Veda Veda dos cânticos litúrgicos Yajur-Veda Veda das fórmulas sacrificiais Atharva-Veda Veda das fórmulas mágicas 16 Sistema de Castas e a crença na Reencarnação: A sociedade indiana está dividida em castas, sendo a explicação política-re- ligiosa dessa diferenciação explicada pelo quadro abaixo (os povos arianos indo- europeus, quando invadem a Índia, submetem a civilização harappiana existente, fixando as crenças na sociedade estratificada de origem divina): CASTA ORIGEM DIVINA FUNÇÃO ORIGEM HUMANA Brahmane Cabeças de Brahman Sacerdotes Arianos Loiros Ksatriya Braços de Brahman Nobres e Guerreiros Arianos Brancos Vaisya Pernas de Brahman Trabalho Liberal Arianos Morenos Sudra Pés de Brahman Trabalho Manual Arianos Negros Paria Sem casta e sem deuses Escravos (intocáveis) Povos Vencidos Adhiwasi Sem deuses Fora do Sistema Hindu Aborígenes Cada casta tem seu estatuto próprio (direitos e obrigações). O cumprimen- to fiel das obrigações da própria casta (especialmente as profissionais) permite ao indivíduo, após a morte, reencarnar-se numa casta superior, e assim progressiva- mente, até a purificação total da alma, unindo-se definitivamente a Brahman (já o descumprimento desses deveres leva à reencarnação em casta inferior e, inclusi- ve, em animal; daí o caráter sagrado das vacas na Índia, que não devem ser mor- tas ou molestadas). Uma das proibições é da do casamento fora da casta (deve ser endogâmico). As reencarnações seriam exigência da justiça (daí a passividade in- diana diante das discriminações de castas). Panteísmo e Politeísmo Religioso: Brahman é a substância básica que deu origem a todos os seres (Princípio Universal, o Uno, o Todo, o Absoluto). Tudo o que existe provêm dela, por emana- ção, e, ciclicamente, a ela retorna (a alma inteiramente purificada volta a Brah- man: essa é a aspiração de todo hindu). Há um ciclo cósmico das emanações da realidade, a partir de Brahman, que dura mais de 4 milhões de anos, até tudo retornar a Brahman, havendo, en- tão um novo recomeço. O homem é constituído do kama (“amor” ou “desejo”) e do karma (“ação”, que pode ser boa ou má). Maya (= ilusão) é a realidade aparente (emanada de Brahman), que atrai o homem e faz com que permaneça na samsara (mundo das 17 contínuas mudanças e reencarnações), até que se liberte definitivamente desses desejos, através das boas ações. Os avatares (= descida) são seres nos quais a divindade se encarna periodi- camente (alguns desses seriam Buda, Ghandi e o próprio Jesus Cristo). Além de panteísta (confusão entre Deus e o Mundo, sendo o princípio das coisas imanente ao próprio mundo), o hinduísmo é também politeísta (milhões de deuses, masculinos e femininos) e enoteísta (3 divindades principais: Brahma, Criador do Universo, representado com 4 cabeças; Siva, Transformador do Uni- verso, representado com 4 braços; e Visnú, Conservador do Universo, também re- presentado com 4 braços. Ritual: Os mantras são fórmulas magicamente eficazes (orações tiradas dos textos védicos), que devem ser recitadas com escrupulosa exatidão (postura, ritmo, pro- núncia, melodia emovimentos), para que tenha perfeito valor ritual. Outras formas de união à divindade são o yoga (exercício de ascese) e a bhakti (adoração ou devoção), que, em algumas seitas hindus, degenerou em prá- ticas de total dissolução erótica (manifestações sexuais como doação total à divin- dade). O apaixonamento devocional, calcado no sentimento e não na razão, aca- bará levando a esses dois extremos: a ascese ou a promiscuidade. h) Confucionismo Confúcio ou Kung-Fu-Tse (551-479 a. C.) não foi o fundador de uma nova religião, mas apenas um filósofo (sábio que mais profundamente influiu na cultu- ra chinesa) que começou seus estudos aos 15 anos, se casou aos 19, teve muitos filhos e se dedicou, a partir dos 22 anos, a ensinar e a fazer carreira política como conselheiro de reis chineses. Sabia-se um homem sujeito a erros (como reconhece em seu livro “Analecta”). Passou, no entanto, a ser cultuado e divinizado vários séculos após a sua morte. O confucionismo não é uma religião, mas apenas um sistema ético, de ca- ráter pragmático e não teórico. Não visa ao aperfeiçoamento pessoal, mas consiste numa doutrina política de como devem ser e comportar-se os governantes e súdi- tos, de modo a harmonizar o convívio social (norma básica: “O que não quiseres para ti, não o faças aos demais”). Toda a ética confuciana parte das “cinco relações” ou deveres de cada ho- mem (tradição chinesa antiquíssima): • Relação de justiça entre o príncipe e súditos; 18 • Relação de mútuo amor entre pais e filhos; • Relação de fidelidade entre marido e mulher; • Relação de respeito entre velhos e jovens; • Relação de lealdade entre amigos. Os pressupostos fundamentais do sistema confuciano são: • Crença na bondade natural do homem; • Inexistência de uma culpa ou pecado original; • Capacidade de salvação pelo esforço natural do homem, através do exercício das virtudes, superando a maldade decorrente da má edu- cação ou do ambiente eticamente contaminado. i) Taoísmo Lao-Tse (séc. VI a. C.), fundador do taoísmo, foi arquivista do governo im- perial na dinastia Chu que, descontente com a corrupção da Corte, abandona a China, viaja para o Ocidente e escreve, ao voltar, o “Tao-Te-King” (Livro da Atua- ção do Princípio Primordial do Universo). Ao contrário de Confúcio, a preocupação fundamental de Lao-Tse não é com o convívio social, mas com a harmonia do indivíduo com a Natureza: o Tao é o “Caminho”, o princípio do Ser e do Mundo. O taoísmo não chega a ser uma religião, pois não visa ao relacionamento do homem com Deus, mas apenas à adaptação do homem ao ritmo da Natureza (a própria arte chinesa é uma demonstração disso, pois não retrata deuses, mas principalmente animais, plantas e a Natureza; ao contrário dos ocidentais, que buscam o domínio técnico-científico sobre a Natureza, os chineses pretendem apenas harmonizar sua vida com a Natureza, sem violentá-la). O Tao, como princípio absoluto, é mais passivo que ativo, e deve levar o ho- mem à tranqüilidade e serenidade, à ausência de tensão interior e não ao ativis- mo (a ciência está na diminuição da ação): “Os que de verdade sabem, não falam; os que falam, não sabem”; “As palavras verazes não são floridas e as floridas não são verazes; o homem bom não discute e os que discutem não são bons”. Os princípios básicos naturais (encontrados na tradição ancestral chinesa), complementares e não antagônicos, seriam: • “Yin” (passivo, feminino, imanente, frio, escuro, brando, úmido, ter- ra); 19 • “Yang” (ativo, masculino, transcendente, quente, luminoso, duro, seco, céu). Admite a tradição mítica chinesa, de que, da união do Céu (masculino) e da Terra (feminina) teriam nascido todas as coisas (vestígio das constantes celeste e telúrica). Os próprios imperadores chineses eram vistos como “filhos do Céu”. O homem possuiria um corpo e duas almas: Alma “p’oh” – permanecia, depois da morte, junto ao cadáver no reino do deus da terra (necessitava de alimentos, roupas, armas e utensílios; daí que junto aos túmulos dos imperadores e nobres falecidos deviam ser enterrados suas mu- lheres, servos, cavalos e demais instrumentos necessários para a vida após a morte); Alma “hun” – separava-se do corpo, para gozar do reino do céu (os ante- passados eram venerados como residentes do Reino dos Céus, protegendo seus descendentes). Na busca do Caminho (“Tao”), muitos discípulos de Lao-Tse descambaram para a alquimia, buscando encontrar a essência do Princípio Primeiro. O próprio taoísmo perdeu seu vigor, na medida em que sua filosofia básica de quietismo, desprezo pelas virtudes ativas, pelos negócios humanos e pelas ciências levou ao atraso do povo chinês. j) Budismo Fundador: O fundador do budismo foi Siddhartha Gautama (560-480 a. C.), filho de um príncipe indiano ksatriya (casta dos guerreiros). Casa-se jovem, tendo, além da esposa três concubinas. Uma noite, quando tinha 29 anos, após ter contato com a miséria e o sofrimento, abandona a família e os privilégios de casta e se torna um asceta ambulante (rapa a cabeça e troca as roupas delicadas por uma veste áspera), em busca de uma verdade superior, que explique e faça superar a dor neste mundo. Depois de jejuns e rigorosas práticas ascéticas, que quase o le- vam à morte pelo seu excesso, percebe que a verdade estaria no “Caminho Médio”, que se prontifica a difundir. Passa a ser chamado por seus seguidores de Buda (“Iluminado”). Reúne em torno de si um grupo de discípulos (os “bonzos”, monjes budistas), que procurarão viver sua doutrina, divulgando-a também entre os leigos. Doutrina Básica: 20 O budismo, em sua forma original, não é uma religião (pois não fala em Deus ou salvação como união com a divindade), nem uma ética (pois não propõe regras de vida para o convívio social e carece da referência a um legislador supe- rior), mas um “caminho” para a superação dos sofrimentos desta vida, em busca do Nirvana (a outra margem), onde a pessoa se perderia no Todo, aniquilando-se integralmente. O budismo admite a reencarnação como meio de contínua purificação dos seres, até seu total aperfeiçoamento (milhões de anos, até atingir o estado de bodhisattva, última reencarnação sob forma humana, antes de libertar-se total- mente da matéria). A doutrina básica do budismo segue a seguinte cosmovisão: • Existência e Universalidade do Sofrimento – tudo o que existe, por ser mutável e perecível, é duhkha (contingência, limitação, inconsis- tência, decepção e angústia vital); • Origem e Causa do Sofrimento – é o desejo, que faz com que se bus- que continuamente o contingente (samsara hindu); • Remédio do Sofrimento – é a aniquilação completa do desejo (estado de impassibilidade, que só será perfeito no Nirvana, paraíso budista); • Meios para a Eliminação do Desejo: • Afastamento ou “saída do mundo” (tornar-se bonzo); • Práticas de exercícios de concentração (meditação) que levem a ani- quilar as paixões ativas (refletir sobre as virtudes contrárias ou nas conseqüências do prazer desordenado); • Vivência das 5 regras morais: 1) respeitar a vida de todos os seres viventes; 2) ser generoso com os próprios bens e não roubar os alheios; 3) abster-se da impureza (viver a castidade); 4) ser amável no trato e não mentir; e 5) abster-se das bebidas que embriagam (re- gras da lei natural). Ramos: Hinayana (“Pequeno Veículo”) – interpretação mais estrita da doutrina ori- ginal budista, vivida pelos bonzos (maior importância à ascese, à impassibilidade pela aniquilação do desejo) ; 21 Mahayana (“Grande Veículo”) – interpretação menos rigorista do budismo original, adaptada à vivência laical (busca da salvação, pela prática das boas obras, consistente num estado de beatitude no nirvana, com o reconhecimento da existência de uma divindade).k) Jinismo O jinismo, como o budismo, surgiu a partir do hinduísmo, como movimen- to heterodoxo, ao não aceitar a autoridade dos Vedas. O fundador do jinismo foi Vadhamana Mahavira (séc. VI a. C.), que seguiu uma trajetória semelhante a Buda: pertencente a uma família real, abandona a mulher e a filha aos 28 anos, quando morrem seus pais, rapa a cabeça, renuncia à vida principesca e se dedica durante 12 anos ao ascetismo, após os quais re- cebe uma “iluminação”, sendo chamado, a partir de então, por seus discípulos de Jina (ou Yina, “o vitorioso”), dedicando-se, pelo resto de sua vida, a pregar essa doutrina. A doutrina básica do jinismo é formada pelos seguintes elementos: • Panteísmo - o que existe é o universo material, que é eterno; • Animismo - todos os seres teriam alma (pedras, plantas, animais, homem); • Politeísmo - não admissão de um Deus pessoal (os deuses seriam os “perfeitos”: as almas dos que já alcançaram o nirvana); • Libertação do karma – a salvação se alcança através do esforço pes- soal, mediante os exercícios ascéticos (jejuns e mortificações tão ri- gorosos, que muitas vezes levavam à morte por inanição); • Moral – as mesmas cinco obrigações dos budistas; • Ahimsa (“Não Violência”) – respeito exagerado a todos os seres viven- tes (os monjes jinistas caminham com uma escova na mão, para varrer do chão qualquer animalzinho, para que não o pisem por des- cuido, pois matar qualquer animal tem como pena a reencarnação em seres inferiores, aumentando o tempo de estadia neste mundo). Os discípulos de Jina se dividiram em dois ramos: os “vestidos de branco” e os “vestidos de ar”, assim chamados por serem praticantes do nudismo (só os homens, uma vez que estava proibida à mulher, que só se salvava depois de se reencarnar num homem). 22 l) Zoroastrismo O fundador do zoroastrismo foi Zoroastro (ou Zarathustra), nobre e sacer- dote persa que viveu no século VI a. C., teve várias esposas e filhos e sucesso na pregação de sua doutrina. O livro sagrado do zoroastrismo é o Zend-Avesta, re- sultado do recolhimento por escrito das doutrinas do mestre em três períodos dis- tintos. Para tentar explicar a existência do mal na Terra, o Zoroastro concebe um dualismo de princípios: um Deus do Bem (Mazda ou Ormuz) e um Deus do Mal (Arimã), em luta contínua, até a prevalência final do Bem sobre o Mal. O dualismo religioso é uma das saídas equivocadas para a explicação da existência do mal (outras são a negação de Deus pelo ateísmo ou a exclusão de Sua intervenção no mundo pelo teísmo). Várias são as correntes filosófico-religio- sas que sustentaram esse dualismo: pitagóricos, platônicos e neoplatônicos, gnósticos e herméticos. Esse dualismo cosmológico se refletiria na própria constituição do homem: a alma, que existiria antes da encarnação, é boa, enquanto o corpo, por ser com- posto de matéria, é mau. O terreno é o campo do Deus do Mal e de seus demôni- os, enquanto o celeste é o campo do Deus do Bem e dos sete espíritos que o ser- vem e acompanham (esses espíritos, intermediários entre Deus e os homens, se- rão posteriormente considerados também divinos, formando o cortejo de Mazda: Mitra, deus do Sol; Anahita, deusa das águas e da fecundidade; Vayu, deus da vi- tória; etc). A iniciação na religião zoroástrica se fazia aos 7 anos de idade, depois que a criança houvesse aprendido as orações mais importantes, recebendo do sacer- dote uma faixa de algodão, com fitas e trançados, que levará nas cerimônias. As crenças básicas do zoroastrismo são na imortalidade da alma e na exis- tência de um prêmio ou castigo eterno, depois da submissão da alma a um juízo, havendo a restauração do Universo, quando o Deus do Bem derrotar o Deus do Mal. m) Maniqueísmo O fundador do maniqueísmo foi Manes (216-286), que se autodenominou Khayya (= “O que participa da Vida”, em sírio), de onde o nome Manikkaios em grego. De origem nobre (partos), afasta-se da religião de seus pais quando ouve, por três vezes, uma voz que lhe diz: “Não comas carne, não bebas vinho e afasta- te das mulheres”. Depois dessa inspiração, inicia a pregação de uma nova doutri- 23 na, de caráter dualista, considerando o espírito bom e a matéria má. Percorre a Índia e a Pérsia pregando sua nova religião, sendo finalmente preso pelos magos persas, morrendo na prisão. Os pontos principais do maniqueísmo são: • Dualismo religioso – Na origem, havia uma separação total entre o Bem (“Pai da Luz”) e o Mal (“Príncipe das Trevas”), que se mistura- ram na criação do mundo; apenas pelo sofrimento e pela vinda de um libertador é que se chegará à restauração universal, com a sepa- ração definitiva entre bons (“Reino do Bem”) e maus (“Reino do Mal”). • Vinda de espíritos esclarecidos ao mundo, para revelar o caminho de salvação aos homens (Adão, Noé, Abraão, Buda, Zoroastro, Jesus Cristo e, finalmente, Manes); • Redenção pelo conhecimento (gnose), abstendo-se de tudo o que seja carnal (vegetariano, abstêmio de bebidas alcoólicas e de relações se- xuais). Os Livros Sagrados do maniqueísmo foram escritos diretamente por Ma- nes, sendo sete: Sabuagã, o Evangelho Vivente, o Tesouro da Vida, Pragmateia, o Livro dos Mistérios, o Livro dos Gigantes e as Cartas. O maniqueísmo virá a desaparecer, sendo sua última manifestação a dos cátaros (ou albigenses) na França do século XI. O termo “maniqueu” ficará para designar a concepção dualista do mundo, da divisão dos homens em bons e maus. n) Islamismo Fundador: O fundador do islamismo foi Maomé (570-632), nascido num poderoso clã árabe, perde cedo seus pais, sendo educado pelos avós e tios para o comércio iti- nerante. Em suas viagens toma contato com o judaísmo e cristianismo. Casa-se com uma viúva rica, 15 anos mais velha, que lhe dá todo o apoio e meios econô- micos quando, aos 40 anos, depois de fortes experiências espirituais, nas quais diz ter recebido a revelação do arcanjo S. Gabriel, começar a pregar sua nova doutrina monoteísta de submissão total a Alah dado à religião (daí o nome de Islã [“Islam” = submissão]) e de muçulmano [“muslim” = submisso] para os seus adeptos. A perseguição levada a cabo por seus conterrâneos (afeitos ao politeísmo reinante entre as tribos árabes) fará com que tenha que fugir de Meca para Medi- 24 na no ano de 622 (é a hégira, que marca o início do calendário muçulmano). Após a morte de sua primeira mulher, casa-se com várias outras, defendendo, a partir de então, a poligamia. Reunindo muitos adeptos ao seu redor, volta para Meca, apodera-se da cidade e inicia a guerra santa (“jihad”) para levar a religião “revela- da” a todas as tribos árabes, começando pela Síria (o Islã passa a ser não apenas uma religião, mas o próprio Estado muçulmano, onde o religioso e o temporal se confundem). Livro Sagrado: O livro sagrado do islamismo é o Alcoorão (“Corán” = declamação), recebido por Maomé do arcanjo S. Gabriel, que o traduziu para o árabe, do original celeste que estaria diante de Alah (como Maomé se dizia o último profeta de Alah, numa cadeia que começa em Noé, passando por Abraão, Ismael, Moisés, João Batista e Jesus Cristo, aproveita muitos elementos judaico-cristãos, além de algumas tra- dições árabes mais arraigadas no povo, como a veneração à Kaaba, “pedra negra”, que era foco de peregrinações em Meca). Além do Alcoorão, os muçulmanos têm a Suna (“Sunna” = tradição): reco- lhimento, por escrito, dos ensinamentos e da vida de Maomé, interpretando o li- vro sagrado (que pode também ser livremente interpretado pelos muçulmanos, salvo sobre os raros pontos em que há um acordo comum de toda a comunidade islâmica). Doutrina Básica: Os pontos básicos da doutrina islâmica podem ser resumidos nos seguin- tes: • Monoteísmo – “Alah é o único Deus e Maomé é o seu profeta” é a fra- se que resumea crença muçulmana. • Criação – além do mundo material, do qual faz parte o homem, exis- tem as criaturas espirituais (anjos e demônios). • Escatologia – as ações dos homens serão premiadas com o Paraíso ou punidas com o Inferno, conforme sejam boas ou más, de acordo com os preceitos do Alcoorão; • Moral – os muçulmanos devem cumprir os 5 preceitos básicos (“pila- res do Islã”), que consistem em: 1) Profissão de fé, reconhecendo Alah como único Deus e Maomé como seu profeta; 2) Recitação da oração canônica 5 vezes ao dia (amanhecer, meio-dia, tarde, pôr-do- sol e noite), ajoelhado, prostrando-se em direção a Meca (na sexta- feira, dia sagrado da semana islâmica, devem participar da oração 25 do meio-dia na mesquita); 3) Dar esmola; 4) Jejum durante todos os dias do mês de Ramadã (do nascer ao por do sol), abstendo-se de alimentos, bebidas, fumo, perfumes e relações sexuais; e 5) Peregri- nação a Meca uma vez na vida. Principais Seitas: Sunitas – tradicionalistas, partidários do respeito total à Sunna e aos ante- passados (maior parte dos muçulmanos). Xiitas – radicais, consideram o único pecado grave o da apostasia (perda da fé muçulmana), que deve ser punido com a morte (no entanto, condenam a di- nastia omíada por ter assumido o poder com o crime de sangue de seu primeiro califa). o) Judaísmo Fundador: O judaísmo tem sua origem na chamada que Abraão (séc. XIX-XVIII a.C.) recebe para deixar sua parentela e sua terra natal de Ur, na Caldéia, pois Deus pretende fazer dele um povo eleito, que lhe preste o culto devido, numa terra pro- metida em Canaã. Completa-se com a revelação de Deus a Moisés (séc. XIII a. C.) no Monte Sinai, quando lhe entrega as Tábuas da Lei (10 Mandamentos) e lhe mostra como deve ser o culto sacrificial. Livro Sagrado: Tem como livros sagrados a Torá (é o Antigo Testamento da Bíblia Cristã, composto de 46 livros, que contém a Lei Mosaica e a História do Povo Eleito) e o Talmud (tradição oral e adaptação da lei à casuística da vida diária pelos rabinos e doutores da lei). ANTIGO TESTAMENTO LIVROS HISTÓRICOS (21 livros) LIVRO CONTEÚDO BÁSICO PERSONAGENS PRINCIPAIS Gênesis Criação, Pecado Original, Dilúvio, Formação inicial do Povo Eleito Adão, Eva, Caim, Abel, Noé, Abraão, Isaac, Ismael, Jacó, Esaú e José Êxodo Saída do Egito, Peregrinação pelo Deserto, Aliança no Sinai Moisés Levítico Culto Sacrificial e Leis Religiosas Aarão Números Censo e Revoltas no Deserto Caleb 26 Deuteronômio Mandamentos e Leis Morte de Moisés Josué Conquista da Terra Prometida Josué e Raab Juízes Luta contra os povos da Palestina (filisteus, cananeus, madianitas) Débora, Gedeão, Sansão e Dalila Ruth Ascendência moabita do Rei Davi Ruth, Booz e Noemi Samuel I Início da Monarquia Israelita Samuel e Saul Samuel II Reinado de Davi Davi e Absalão Reis I Divisão em dois Reinos, de Judá e de Israel Salomão, Roboão, Jeroboão, Acab, Elias e Jezabel Reis II História da Monarquia e Quedas de Israel (Assírios) e Judá (Babilô- nios) Eliseu, Ezequias e demais reis Crônicas I e II Resenha da História de Israel Todos do A.T., até fim da monarquia Esdras Volta do Cativeiro da Babilônia Esdras, Ciro Neemias Reconstrução do Templo e da Lei Neemias Tobias História de Tobias e de S. Gabriel Tobias Judith Ameaça dos Medos a Israel Judith, Holofernes Ester Ameaça dos Persas aos judeus Xerxes, Assuero, Amã e Mardoqueu Macabeus I e II Luta dos Judeus contra o domínio seleucida na Palestina Antíoco, Matatias, Judas Macabeu LIVROS SAPIENCIAIS (7 livros) Jó Sentido do sofrimento e comportamento do justo diante da dor Salmos Cânticos de Davi (Livro de orações dos judeus) Provérbios Ensinamentos de Salomão Eclesiastes (Coelet) Meditações sobre a instabilidade da vida humana e suas vaidades Cânticos dos Cânticos Poemas sobre o amor humano, aplicados ao amor divino Sabedoria Louvor à Sabedoria Divina Eclesiástico (Sirac) Aplicação dos mandamentos às mais variadas situações da vida LIVROS PROFÉTICOS (18 livros) LIVRO PERÍODO CONTEÚDO BÁSICO Isaías Reino de Judá Messias sofredor (Servo de Javé), Virgem Mãe Jeremias Reino de Judá Judá como o barro nas mãos do oleiro pelo pecado 27 Lamentações Cativeiro na Babilônia Elegias de tristeza pela queda de Jerusalém Baruc Cativeiro na Babilônia Palavras de consolo e esperança ao povo cativo Ezequiel Reino de Judá Prevê os castigos pela idolatria de Judá e sua recu- peração (ossos secos que se reencarnam) Daniel Cativeiro na Babilônia Fornalha Ardente, Cova dos Leões, Banquete de Baltazar, Apocalipse, 70 semanas de anos, Suzana Oséias Reino de Israel Israel como esposa infiel de Deus a ser castigada (Oséias casa-se c/1 prostituta, por mandato divino) Joel Restauração de Israel Apelo ao jejum e à penitência pelos pecados Amós Reino de Israel Prevê a queda de Samaria e posterior restauração Abdias Cativeiro na Babilônia Castigo para os povos que espezinharam Israel Jonas Domínio Assírio Prega a penitência para Nínive, para não sucumbir Miquéias Reino de Judá Julgamento de Samaria e Judá; Belém como cida- de onde nascerá o Messias esperado Naum Reino de Judá Oráculo contra Nínive, prevendo sua ruína Habacuc Reino de Judá Queda de Jerusalém, mas punição final do invasor Sofonias Reino de Judá Castigo aos pecadores e preservação dos justos Ageu Restauração de Israel Reconstrução do Templo de Jerusalém Zacarias Restauração de Israel Reforma moral e apocalipse de um reino de paz Malaquias Restauração de Israel Amor de Deus p/seu povo, castigando os inimigos Características: O que mais impressiona no judaísmo é ser uma religião monoteísta, quan- do todos os povos da Antigüidade eram politeístas. A elevada concepção de Deus que o judaísmo tem só se explica quando se reconhece o seu caráter de religião revelada, ainda que nela possam ser encontradas as constantes celeste (divindade masculina e altíssima), étnico-política (povo eleito, esperando até hoje um messi- as libertador político, formando um Estado teocrático) e telúrica (idolatria nos momentos de infidelidade do povo eleito à aliança divina, adorando o bezerro de ouro ou os Baais fenícios, sendo castigados com as invasões a Israel e Judá e de- portações). Javé é o Deus único, de caráter espiritual (não representado por qualquer imagem, ainda que descrito com traços psicológicos humanos), transcendente (criador do mundo, sem se confundir com ele), moralizador (exige um comporta- mento ético, porque Ele próprio é Santo, diferentemente dos deuses dos outros 28 povos, envolvidos em adultérios, astúcias e trapaças) e providente (preocupa-se de suas criaturas, ao contrários dos deuses pagãos, preocupados apenas com seus descansos e aventuras). Mandamentos: A Lei Mosaica, revelada por Deus a Moisés no Monte Sinai, se resume nos Dez Mandamentos: 1. Não ter outros deuses além de Javé (Amar a Deus sobre todas as coisas, não fabricando ídolos e a eles devotando culto) 2. Não pronunciar o Santo Nome de Deus em vão (As 4 consoantes Hebrai- cas YHWH, de difícil pronúncia por faltarem as vogais, faziam com que se usasse para Deus o designativo de “Adonay” = “Senhor”, ou o étnico de “Deus de Abraão, Isaac e Jacó”) 3. Guardar o dia de Sábado para santificá-lo (é o “Sabath”, dia sagrado ju- daico, de descanso e oração) 4. Honrar pai e mãe 5. Não matar 6. Não cometer adultério 7. Não roubar 8. Não levantar falso testemunho 9. Não desejar a mulher do próximo 10. Não cobiçar as coisas alheias Culto Sacrificial: Para a purificação pelos pecados cometidos, o povo deve oferecer sacrifícios a Deus, com derramamento de sangue. Cabe aos membros da tribo de Levi o exercício do sacerdócio na Antiga Lei (Na divisão de Canaã, a tribo de Levi não re- cebe nenhum quinhão, dedicando-seinteiramente ao culto; o território é dividido pelas tribos de Rúben, Simeão, Judá, Issacar, Zabulão, Benjamin, Gad, Asser, Dã, Neftali, Manassés e Efraim, sendo estes dois últimos filhos de José, que já havia morrido). Os sacrifícios eram, basicamente, de 5 tipos: • cordeiro pascal – imolado na libertação do cativeiro do Egito. • vítimas pacíficas - ovelhas e bois imolados. 29 • holocausto - a vítima era queimada após o sacrifício, não ficando ne- nhuma parte para o sacerdotes; • bode expiatório - ao qual o sacerdote contava ao ouvido os pecados do povo, antes de matá-lo; • ofertas vegetais – impetratórias para que Deus lhes fosse propício. Após a destruição do Templo de Jerusalém, com a diáspora do povo hebreu pelo mundo, cessam os sacrifícios cruentos e o culto passa a ser de orações e je- juns, realizados nas sinagogas. p) Cristianismo Fundador: A religião cristã se distingue de todas as demais por ter como fundador o Deus-homem, Jesus Cristo (0-33). Personagem histórico referido por historiado- res como Tácito, Flávio Josefo, Suetônio e Luciano, nasceu em Belém da Judéia, na pobreza total de um presépio, de Maria Virgem, no tempo do Imperador Roma- no Otávio César. Viveu em Nazaré, trabalhando como carpinteiro até os 30 anos, quando começou sua pregação, surpreendendo pela sabedoria profunda, quando carente de estudos. Formou um grupo de discípulos mais próximos (apóstolos), corroborou a autoridade de seus ensinamentos com milagres (curas e domínio so- bre as forças da Natureza), e manteve-se celibatário durante toda a sua vida, vin- do a morrer flagelado e crucificado no tempo do Imperador Tibério César, quando era procurador da Judéia Pôncio Pilatos, abandonado de seus discípulos. Ressus- citado ao terceiro dia, passou 40 dias confirmando em sua doutrina os apóstolos, até sua ascensão ao Céu. Ao contrário dos demais fundadores de religiões, que se dizem enviados de Deus, Jesus se diz “igual ao Pai”, da mesma natureza divina, ensinando com au- toridade própria (“Foi dito aos antigos...”; “Pois Eu vos digo...”). Livro Sagrado: A Bíblia, composta pelo Antigo Testamento (comum aos judeus) e pelo Novo Testamento, integrado por: EVANGELHOS – Vida de Cristo (4 livros) AUTOR CARACTERÍSTICAS S. Mateus Escrito pelo apóstolo Levi (publicano) para os judeus, buscando mostrar que Jesus é o Messias prometido (n’Ele se cumprem as profecias do AT) e que a 30 Igreja por Ele fundada é o novo Reino de Deus (escrito originariamente em hebraico, entre 40-50 d.C.) S. Marcos Escrito pelo discípulo João (primo de S. Barnabé) para os cristãos vindos da gentilidade (recolhendo a pregação oral de S. Pedro), buscando mostrar que Jesus é o Filho de Deus encarnado (daí que dê mais destaque aos milagres do que aos discursos de Cristo, sendo escrito em grego vulgar, entre 55-62 d.C.) S. Lucas Escrito pelo discípulo de S. Paulo, Lucas, que era médico e buscou compor uma história ordenada e documentada da vida de Cristo (dirigida nominal- mente a Teófilo), que servisse de fundamento para os ensinamentos recebi- dos (escrito em grego literário, entre 60-63 d.C.) S. João Escrito pelo apóstolo João, para completar o que os outros evangelhos não trouxeram (omite passagens que já se encontram neles) e para mostrar o sen- tido mais profundo dos discursos e fatos da vida de Cristo (escrito em grego, no final do século I) EPÍSTOLAS – Ensinamentos de Cristo (livros) AUTOR LIVRO CARACTERÍSTICAS S. Paulo I Tessalonicenses Escrita desde Corinto, em 51 d.C., durante a 2ª viagem, para animar os tessalonicenses diante das perseguições e para resolver a questão da época da parusia (2ª vinda de Cristo) e se os mortos a veriam. II Tessalonicenses Escrita também desde Corinto, em 52 d.C., em face dos efeitos da 1ª Carta, para exortar a trabalhar e não ficar ociosos esperando a parusia (estavam ainda inquietos). I Coríntios Escrita desde Éfeso, em 57 d.C., durante a 3ª viagem, para corrigir alguns abusos (incesto, divisões, litígios e fornicação) e responder a consultas dos coríntios (ma- trimônio e celibato, uso das carnes imoladas, culto, ca- rismas e ressurreição dos mortos). II Coríntios Escrita desde Filipos, em 57 d.C., depois de deixar Éfe- so a caminho de Corinto, preparando sua chegada, pois os problemas tratados na epístola anterior não se havi- am resolvido (faz uma apologia de seu apostolado e es- timula a uma coleta em favor de Jerusalém) Romanos Escrita desde Corinto, em 58 d.C., ao final da 3ª via- gem, anunciando sua ida a Roma e desenvolvendo o tema da justificação pela fé em Cristo e pela graça (fala da lei natural para os gentios). Gálatas Escrita no mesmo local e data da epístola aos romanos, aborda a mesma temática da justificação, num estilo mais enérgico, diante da aparente defecção dos gálatas (introdução de heresias judaizantes na comunidade). 31 Colossenses Escrita durante o 1º cativeiro de S. Paulo em Roma (61-63 d.C.), combatendo os desvios gnósticos dos co- lossenses, dando-lhe o verdadeiro sentido (buscar as coisas do alto e não a sabedoria humana), destacando a dignidade supereminente de Cristo. Efésios Epístola do cativeiro, combatendo o gnosticismo e ex- pondo o “mistério” ou plano divino da salvação (esco- lha de cada um para a santidade), que se cumpre na Igreja (Corpo Místico de Cristo). Filipenses Escrita no cativeiro (contando detalhes de como se en- contrava), para incentivá-los a perseverar na fé, imitan- do o modelo de Cristo. Filemôn Escrita desde o cativeiro para interceder por um escra- vo perante o seu dono (fala da igualdade natural entre os homens, ainda que não ataque a escravidão). I Timóteo Escrita ao Bispo de Éfeso após a 1ª catividade, em 65 d.C., desde a Macedônia, fala da organização hierárqui- ca da Igreja e do culto público, e do modo de dirigir a sua diocese. Tito Escrita ao Bispo de Creta também após a 1ª catividade, em 65 d.C., desde a Macedônia, dando critérios sobre o governo da Igreja e sobre os falsos doutores. Hebreus Destinada ao cristãos procedentes do judaismo que vi- viam em Jerusalém e escrita entre 64-66 d.C., desde a Itália, fala da superioridade da Nova sobre a Antiga Aliança (sacerdócio e sacrifício redentor de Cristo). II Timóteo Última epístola paulina, escrita em seu 2º cativeiro em Roma, no ano 67 d.C., exorta o bispo a permanecer fir- me na doutrina (fala da inspiração dos livros sagrados e do juízo particular). S. Tiago Epístola Escrita por Tiago Menor, primo de Cristo e Bispo de Jerusalém, entre 35-50 d.C., falando da necessidade das obras para a salvação (junto com a fé) e da bem-aven- turança da pobreza (menciona o sacramento da unção dos enfermos e fala dos abusos da língua). S. Pedro I Epístola Escrita entre 63-64 d.C. desde Roma, destinada aos cristãos da Ásia Menor, exortando-os a viver com ple- nitude as exigências da vida cristã (infância espiritual), permanecendo firmes nas tribulações. II Epístola Escrita entre 64-67 d.C. desde Roma, para os mesmos destinatários, alertando sobre os falsos doutores e tra- 32 tando da parusia (exortação à santidade). S. João I Epístola Escrita entre 95-100 d.C., desde Éfeso, para os cristãos da Ásia, opondo-se aos erros do gnosticismo (Deus é a Luz, a Justiça e o Amor), devendo fugir do pecado. II Epístola Escrita na mesma época a uma das Igrejas da Ásia, para fugir dos erros dos falsos pregadores (ebionitas). III Epístola Escrita na mesma época, dirigida a Gayo, com exorta- ções a ele e recriminações aos que se desviaram. S. Judas Epístola Escrita pelo irmão de Tiago Menor e primo de Cristo, entre 70-80 d.C., falando da Santíssima Trindade, dos anjos bons e maus e do juízo final. APOCALIPSE – Visão do Futuro (1 livro) AUTOR CARACTERÍSTICAS S. João Revelação feita ao apóstolo sobre o futuro da Igreja,com o fim de consolá-la perante as tribulações que passará (escrita em 95 d.C. na ilha de Patmos): a) Mensagens às 7 Igrejas da Ásia; b) Visão do Trono de Deus, com os 24 an- ciãos, os 4 animais e o Cordeiro degolado; c) Livro dos 7 Selos; d) Visão das 7 Trombetas; e) Luta do Dragão contra a Mulher e S. Miguel; f) O Surgi- mento da Besta; g) O Cordeiro e seus servidores; h) As 7 taças da Ira de Deus; i) Os 4 Cavaleiros do Apocalipse; j) Castigo de Babilônia; k) Extermí- nio da Besta; l) A Nova Jerusalém Celeste. Os hagiógrafos (autores sagrados) escreveram sob inspiração divina, reco- lhendo por escrito parte dos ensinamentos e da vida de Cristo. O que não foi reco- lhido por escrito faz parte da Sagrada Tradição (que, posteriormente, foi sendo re- gistrada pelos primeiros Padres da Igreja e está viva no sentir do povo cristão [sensus fidei fidelium], interpretada autenticamente pelo Magistério da Igreja). Desenvolvimento Histórico: Primeiros Cristãos – tanto judeus como gentios convertidos ao cristianismo eram cidadãos correntes do Império Romano, que trabalhavam nas suas respecti- vas profissões, procurando santificar-se no meio das suas atividades profissionais e difundir a mensagem de Cristo. Primeiras Heresias – os principais desvios em relação aos ensinamentos originais de Cristo foram os seguintes: a) judeu-cristianismo (exigir a observância da lei mosaica e da circuncisão); b) gnosticismo (sincretismo religioso com corren- tes orientais, apresentando o cristianismo como uma sabedoria superior ao al- cance apenas de alguns eleitos); c) arianismo (Jesus Cristo não seria Deus, mas inferior ao Pai); d) macedonianismo (negava a divindade do Espírito Santo); e) 33 nestorianismo (negava a maternidade divina de Nossa Senhora); f) monofisismo (negava as duas naturezas de Cristo, humana e divina, unidas na única Pessoa do Verbo Divino) e g) pelagianismo (salvação sem necessidade da graça divina, pe- las puras forças humanas). Perseguições – Nero, Trajano, Décio, Valeriano, Diocleciano e Juliano (o Apóstata), onde os cristãos souberam dar a vida pela fé que professavam (muitos foram mártires). Liberdade Religiosa – conseguida através do estatuto de tolerância para os cristãos (Edito de Galério, de 311), da concessão de liberdade religiosa (Edito de Milão, de Constantino, de 313) e da transformação do Cristianismo em religião oficial do Império Romano (com Teodosio, em 380). Conversão dos Povos Bárbaros – Clodoveu (francos), Recaredo (visigodos), S. Estêvão (magiares), S. Wenceslau (bohemios), Duque Miesko (polacos), S. Wla- dimir (russos) e seus respectivos povos. Ordens Religiosas – diante da cristianização da sociedade, mas da munda- nização do cristianismo vivido então pelos povos bárbaros, surgem as vocações de afastamento do mundo, para se consagrar inteiramente a Deus: beneditinos, franciscanos, dominicanos, jesuítas, etc. Sociedade Cristã Medieval – penetrada inteiramente pelo ideal cristão (ideal de cavalaria, com valorização da palavra dada; fundação das Universidades; cons- trução das grandes Catedrais; etc). Cruzadas e Inquisição – aspectos da unidade político-religiosa: as guerras de defesa contra a expansão árabe acabavam tendo feição religiosa (libertar a Ter- ra Santa do domínio mouro, que impedia as peregrinações e profanava os lugares santos) e os pecados mais graves contra a religião eram considerados crimes con- tra o Estado (utilizando-se, para o julgamento dos hereges, o processo inquisitório do Direito Civil vigente, que admitia o uso da tortura, para se obter a confissão do acusado, em face da ausência de outros meios de prova para se chegar à verdade dos fatos). Cismas – dos ortodoxos (1054) e dos protestantes (1521), esfacelando-se, estes últimos, em infinidade de confissões distintas, cada vez mais afastadas da tradição católica original: PRINCIPAIS CONFISSÕES CRISTÃS SEPARADAS DA IGREJA CATÓLICA CONFISSÃO FUNDADOR INÍCIO CARACTERÍSTICAS Ortodoxos Miguel Ceru- 1054 Cisma das Igrejas Orientais, a partir da sede de 34 lário Constantinopla, calcado numa distinção teoló- gica do Credo, mas de caráter disciplinar, recu- sando a autoridade do Papa e da Igreja Católi- ca Latina, mas mantendo todos os sacramen- tos. Luteranos Martinho Lu- tero 1520 Dá início à reforma protestante na Alemanha, sustentando a livre interpretação da Bíblia (fonte exclusiva da Revelação), a corrupção to- tal da natureza humana (com a negação da li- berdade humana), a salvação apenas pela fé e a rejeição dos sacramentos da Ordem, Eucaristia e Confissão. Calvinistas João Calvino 1525 Deflagra a reforma protestante na Suiça, sus- tentando a predestinação de justos e condena- dos, sendo o sinal da predestinação para a sal- vação o sucesso nos negócios e a adesão à Igreja Reformada. Anglicanos Henrique VIII 1534 Para divorciar-se de sua 1ª esposa, declara-se Chefe da Igreja da Inglaterra e separa-se de Roma, rejeitando alguns sacramentos, mas não os sacerdotes e os bispos (chamados, por isso, de ”episcopalistas”). Presbiterianos João Knox 1540 Reforma da Igreja Anglicana na Escócia, ado- tando o calvinismo como doutrina e rejeitando o episcopado, mas mantendo os “presbíteros” para governarem as comunidades (negando, no entanto, o sacramento da Ordem). Puritanos Roberto Browne 1580 Reforma da Igreja Anglicana, buscando “puri- ficá-la” de todas as suas tradições católicas. Pregou a total independência disciplinar e dou- trinária, mas seus seguidores (Greenwood e Barrow) instituem, em 1592, a forma “congre- gacionalista”: chamado pessoal, mas com asso- ciação para edificação mútua, elegendo-se os pastores pela comunidade, cada uma com total independência (Vieram para os EUA no navio Mayflower). Batistas João Smith 1604 Dissidência do Anglicanismo, buscava uma re- forma mais espiritual, rejeitando uma hierar- quia visível (cada pastor governa o seu reba- nho), a liturgia e pregando a necessidade de um novo batismo dos adultos, por imersão. Quakers Jorge Fox 1649 Dissidência do Anglicanismo, dá ênfase à “ilu- 35 minação interior” direta de Deus, que faz “tre- mer” (quake), tendo a Bíblia em segundo plano e negando a necessidade do Batismo. Metodistas João Wesley 1738 Reforma da Igreja Anglicana, buscando um ideal de santidade, segundo uma regularidade de vida (“método”) e cumprimento dos própri- os deveres (salvação pelas obras), ressaltando a experiência mística (relação com o Espírito Santo). Adventistas do Sétimo Dia Guilherme Miller 1816 Dissidente dos Batistas, previu, com base nas Escrituras, a 2ª Vinda de Cristo para o ano de 1844 (Ellen White, sua discípula, explicou, de- pois, que, nesse ano, Cristo teria começado o julgamento dos já falecidos). Rigorismo ético (proibição do fumo e do álcool). Mormons José Smith 1820 Dissidente dos Metodistas, teria recebido a re- velação do anjo Moroni, para restaurar a antiga Igreja de Cristo (nos EUA), pregando um Deus uno e defendendo a poligamia. O seu “Livro de Mórmon” seria a 3ª Revelação (depois do An- tigo e Novo Testamentos). Testemunhas de Jeová Carlos Russel 1874 Dissidente dos Adventistas, sustentou que o fim do mundo se daria em 1918: prega um Deus Uno (nega a Ssma. Trindade), a recriação das almas depois da batalha final de Harmage- don e rejeita todas as religiões e instituições políticas, como satânicas. Pentecostais Carlos Parham 1900 Dissidência da Igreja Metodista, dando maior ênfase às manifestações do Espírito Santo: lado emocional, fenômenos milagrosos e fun- damentalismo bíblico (Assembléias de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus). Expansionismo Apostólico – colonização da África, América e Ásia, em que os navegadores e colonizadores eram acompanhados por sacerdotes e frades que tinham por ideal pregar a mensagem
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