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Estrutura_PoliticaeGestaoEducacional

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Disciplina 
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
 
 
Coordenador da Disciplina 
Prof.ª Nidia Barone 
 
 
5ª Edição
 
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. 
 
Créditos desta disciplina 
 
Realização 
 
 
Autores 
 
Prof. Dr. Paulo Meireles Barguil 
Prof.ª Nidia Barone 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
Aula 01: História da Educação Brasileira. ............................................................................................. 01 
 Tópico 01: Tipos de Educação: formal, não formal e informal ............................................................. 01 
 Tópico 02: A Educação Brasileira na Colônia ....................................................................................... 07 
 Tópico 03: A Educação Brasileira no Império....................................................................................... 15 
 Tópico 04: A Educação Brasileira na República (1889-1930) .............................................................. 19 
 Tópico 05: A Educação Brasileira na República (1930-1964) .............................................................. 26 
 Tópico 06: A Educação Brasileira na República (1964-2011) .............................................................. 34 
 
Aula 02: Legislação, Níveis e modalidades de ensino e profissionais da educação. ............................ 43 
 Tópico 01: Legislação Educacional ....................................................................................................... 43 
 Tópico 02: O sistema de ensino brasileiro ............................................................................................. 51 
 Tópico 03: Os níveis de ensino .............................................................................................................. 57 
 Tópico 04: As modalidades de ensino .................................................................................................... 63 
 Tópico 05: Formação dos profissionais da Educação ............................................................................ 67 
 
Aula 03: Políticas públicas, gestão e financiamento da Educação brasileira. Avaliação do sistema 
escolar brasileiro ....................................................................................................................................... 77 
 Tópico 01: Políticas públicas educacionais ............................................................................................ 77 
 Tópico 02: Gestão educacional .............................................................................................................. 92 
 Tópico 03: Financiamento da Educação ................................................................................................ 99 
 Tópico 04: Avaliação do sistema escolar brasileiro.............................................................................105 
 
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
Aula 01: História da Educação Brasileira 
Tópico 01: Tipos de Educação: formal, não formal e informal
Palavra do Coordenador da Disciplina de Estrutura, Política e Gestão 
Educacional
Acesse a aula online para visualizar este conteúdo
VERSÃO TEXTUAL 
Olá! 
Sou a professora Nídia Barone, coordenadora da disciplina Estrutura Política e 
Gestão Educacional.
Caros amigos, educação segundo o Dicionário Aurélio, esse vocábulo significa: 
Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e 
do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social , 
Educação da juventude, de adultos e de excepcionais.
No entanto, muitos dizem o seguinte: A educação é um direito de todos! Essa 
frase já é bem conhecida.
Mas ao analisarmos a sociedade brasileira nos questionamos: Será que todos 
nós brasileiros temos realmente acesso livre à educação?
A educação brasileira é valorizada por nós, docentes?
Tem qualidade? Tem estrutura? Segue um regimento político e pedagógico?
Existem leis que impulsionam os brasileiros a terem acesso à educação? 
Pois é! Estes questionamentos e muitos outros que giram em torno da 
educação e da estrutura educacional são inquietantes, não é verdade? 
Portanto, a disciplina que vamos iniciar agora trará algumas questões 
importantes sobre ensino.
Nossa disciplina será dividida em três importantes aulas :
Na primeira aula focaremos a educação em si (os diversos conceitos que giram 
em torno desse vocábulo), bem como analisar os principais tipos de educação no 
Brasil - a formal, a não formal e a informal.
Em seguida, iremos percorrer pela história da educação e ver o processo 
evolutivo da educação em nosso país.
Ainda nessa unidade, conheceremos acontecimentos marcantes na educação 
brasileira; a elaboração funcional e estrutural das unidades escolares bem como 
compreender as leis que regem a educação no Brasil.
1
Num segundo momento de nossa disciplina discutiremos o Sistema de 
Educação em nosso país e ainda as Leis, Diretrizes e Bases do complexo 
educacional. 
O objetivo dessa unidade 2 é compreender o processo de gestão e educação no 
Brasil, e os paradigmas educacionais que estão inseridos no processo político de 
ensino e aprendizagem dos cidadãos brasileiros. 
Na terceira e última aula, discutiremos ainda o processo de organização e 
estruturação política e pedagógica das unidades escolares, as inovações das leis 
pedagógicas e o processo de gestão e financiamento da educação. 
Nosso objetivo é entender o seguinte: o que é educação? 
Como estruturar a educação brasileira? Por que ensinar? 
Com que e como ensinar? Como financiar e manter uma educação de 
qualidade no Brasil?
Então, caros amigos, vamos em frente! Mãos à obra!
Vamos estabelecer uma relação amistosa com o nosso conteúdo e pensar no 
processo educacional como algo precioso.
Sejam todos bem-vindos à disciplina de ESTRUTURA, POLÍTICA E GESTÃO 
EDUCACIONAL!
Profª Nidia Barone
AJUDA
Objetivando facilitar a aprendizagem do(a)s estudantes, o(a) tutor(a) terá um plantão semanal de 
duas horas, cujo dia e horário serão informados previamente, de acordo com a conveniência dele(a) e 
da maioria da turma. Esse plantão poderá ser integral (um plantão com duas horas de duração) ou 
fracionado (dois plantões com uma hora de duração cada). O dia e o horário do plantão poderão ser 
modificados durante a disciplina, sendo necessária a comunicação dessa mudança, por mensagem 
no SOLAR, à turma. Durante o plantão, o(a) tutor(a) comentará as participações no Fórum, responderá 
as mensagens recebidas, orientará sobre as atividades, e tudo o mais que se fizer necessário, 
inclusive abrir um Chat, para propiciar ao corpo discente um clima de efetivo acompanhamento pelo
(a) tutor(a).
Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de aprender. Por 
isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que 
meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz 
sem abertura ao risco e à aventura do espírito. (FREIRE, 2009, p. 69).
(Itálico no original).
2
Crianças brincando, 2006 
(fotografia de Paulo Barguil) 
Cada espécie da natureza, que representa um elo de uma corrente, necessita de algumas 
condições para sobreviver. A ausência dessas põe em perigo a perpetuação da própria coletividade, 
afinal o ecossistema é uma rede complexa.
A grande maioria dos filhotes das espécies é capaz de interagir razoavelmente com a natureza 
logo após o nascimento ou pouco tempo depois. O mesmo não ocorre com o bebê humano, cuja 
dependência em relação aos seus pais e/ou membros adultos da comunidade é notória, pois ele é 
incapaz de sobreviverapenas com o instinto.
A forma como a espécie humana se relaciona com a natureza é totalmente diversa do padrão de 
comportamento das outras espécies, pois ela não se limita a repetir as ações, mas é capaz de avaliá-las, 
de confrontá-las com a realidade mutante, transformando-as para atingir resultados cada vez mais 
satisfatórios, que considerem os seus sonhos, valores, sentimentos e saberes.
Descrição da imagem:
O desenvolvimento das crianças, portanto, não é mera maturação das funções 
biológicas, transmitidas hereditariamente, mas resulta da combinação dessas com o meio 
ambiente nas quais aquelas vivem e interagem. 
3
Na família (grupo social primário, pois propicia os cuidados básicos de alimentação, higiene e 
proteção), os bebês humanos (e, posteriormente, as crianças) aprendem (ou não) as primeiras lições 
sobre a importância da coletividade, as quais se somam aos conhecimentos biológicos. Posteriormente, 
outros espaços desempenharão esse papel educador: a rua, a escola, a Igreja, o clube...
É no mundo que cada pessoa se realiza, que transforma (ou não) o seu potencial em ação, 
expandindo a sua percepção do mistério que é a vida, envolta em suaves e agudas charadas, capazes de 
surpreendê-la incessantemente. O Homem, para afirmar e indagar, não pode prescindir do mundo, pois 
está intimamente ligado a ele, conforme declara Coreth:
Não há para o homem autorrealização sem realização do mundo, 
autoexperiência sem experiência do mundo, nem autocompreensão sem 
compreensão do mundo. Faz parte da natureza do homem ser no mundo e ter 
um mundo. (CORETH, 1973, p. 62)
(correção ortográfica nossa)
Para que esse processo de autorrealização seja o mais proveitoso possível para todas as gerações, 
as mais adultas devem assumir sua missão ontológica – cuidar com zelo das mais novas – e também da 
necessidade de propiciar e fomentar o desenvolvimento da autonomia dessas, com o objetivo de propiciar 
o acréscimo da sua autoconfiança. Não é fácil para as gerações mais experientes aceitarem essa missão. 
Mais difícil ainda é vivenciá-la, uma vez que elas precisam decidir o momento e o conteúdo que incentivam 
e impulsionam as demais (BARGUIL, 2006, p. 99).
Em decorrência dessa imperiosa necessidade de conviver com seu semelhante, é compreensível que 
toda pessoa tenha, diariamente, situações que demandam negociação, uma vez que na maioria das vezes 
as partes envolvidas têm interesses diversos. Preocupante é quando elas não conseguem reconhecer o 
direito do outro de desejar e de pensar diferente e querem impor a sua opção, tentando controlar a vida 
alheia e inibindo a salutar e necessária troca de conhecimento, que enriquece todos os envolvidos.
Encontro-me no meio de uma realidade que me transcende e abrange, com a qual entro em múltiplas relações. De 
um lado, experimento-me como este ser individual e finito, distinto de todo outro e limitado em relação a ele; do outro 
lado, não posso realizar a mim mesmo e desenvolver-me, sem uma contínua excursão para fora de mim e rumo ao 
outro, que me encontra na totalidade de meu mundo.
(CORETH, 1973, p. 96)
EDUCAÇÃO, SEGUNDO O DICIONÁRIO AURÉLIO 
1. Ato ou efeito de educar(-se).
2. Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da 
criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e 
social: educação da juventude; educação de adultos; educação de excepcionais.
3. Os conhecimentos ou as aptidões resultantes de tal processo; preparo: É um 
autodidata: sua educação resultou de sério esforço pessoal.
4. O cabedal científico e os métodos empregados na obtenção de tais resultados; 
instrução, ensino: É uma autoridade em educação, sendo seus livros largamente 
adotados.
5. Nível ou tipo de ensino: educação primária; educação musical; educação sexual; 
educação religiosa; educação física.
6. Aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas.
7. Conhecimento e prática dos usos de sociedade; civilidade, delicadeza, polidez, 
cortesia: Vê-se que é uma pessoa de muita educação.
8. Arte de ensinar e adestrar animais; adestramento adestramento: a educação de 
4
um cão, de uma foca.
9. Arte de cultivar as plantas e as fazer reproduzir nas melhores condições 
possíveis para se auferirem bons resultados." (FERREIRA, 1993, p. 619).
O Homem está sempre aprendendo e ensinando, porém, a depender da natureza dessas situações, a 
Educação pode ser:
Formal
Ministrada por instituições – colégios, escolas, faculdades, institutos, 
universidades públicas e privadas - destinadas à Educação Básica e à Educação 
Superior. Sistemática e organizada.
Não formal
Ministrada por instituições – empresas, escolas profissionalizantes, ONGs – 
com caráter complementar e suplementar em relação à educação formal.
Informal
Ministrada no cotidiano, num processo contínuo, assistemático e não 
organizado.
Essa distinção entre os tipos de Educação não significa que eles não se enriquecem mutuamente, 
sobretudo quando se assiste, cada vez mais, ao crescimento de fontes (mídias) de informação (jornal, 
rádio, tv, computador, smartphone, internet), as quais podem e devem ser potencializadas pela Educação 
formal.
O objetivo principal da disciplina Estrutura, Política e Gestão Educacional 
é conhecer e analisar a Educação formal no Brasil, identificando as 
características de cada momento histórico.
LEITURA COMPLEMENTAR
Educação no Brasil [1]
Função social da escola [2]
Educação não formal: pedagogia social transformadora e motivadora [3]
A questão da Educação Formal /Não Formal (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.)
EXERCITANDO
1. Quais são os tipos de Educação?
2. Explique cada um dos tipos de Educação.
3. Apresente três exemplos de cada um dos tipos de Educação.
5
4. Você acha que algum desses tipos de Educação é mais importante do que os outros? Justifique.
5. Você acha que o Homem precisa desses diferentes tipos de Educação para ser feliz? Justifique.
REFERÊNCIAS 
BARGUIL, Paulo Meireles. Reflexões sobre a relação professor-aluno a partir das pesquisas de Piaget 
e Vygotsky. In: PASCUAL, Jesus Garcia; DIAS, Ana Maria Iorio (Orgs.). Construtivismo e Educação 
contemporânea. Fortaleza: Brasil Tropical, 2006. p. 93-125.
CORETH, Emerich. Questões fundamentais de Hermenêutica. Tradução Carlos Lopes de Matos. São 
Paulo: EPU, 1973.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1993. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39. ed. São Paulo: 
Paz e Terra, 2009.
6
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
Aula 01: História da Educação Brasileira 
Tópico 02: A Educação Brasileira na Colônia
A Educação formal desenvolvida em qualquer tempo e espaço sempre é influenciada por aspectos 
políticos, econômicos, sociais, epistemológicos, filosóficos e psicológicos. Para entender a estrutura 
educacional vigente no Brasil é necessário se conhecer a sua História, a qual está intimamente vinculada 
com o contexto geral.
Durante estas aulas, vocês serão convidados a responder as seguintes questões:
VERSÃO TEXTUAL 
- Que acontecimentos são marcantes na Educação brasileira? 
- Qual é o papel da legislação na melhoria da Educação brasileira?
- Como está estruturada a Educação brasileira?
- Que tipo de formação docente é necessária para atender as demandas da sociedade brasileira?
- As políticas educacionais podem modificar o quadro educacional brasileiro? Por quê?
- A gestão do processo educativo tem alguma relação com a sua qualidade?
- Quais são as fontes dos recursos financeiros investidos na Educação?
- Qual é a importância de avaliar o sistema escolar brasileiro? Quais são os instrumentos 
utilizados atualmente?
Primeira Missa no Brasil, 1860 (pintura de Victor Meirelles) [4]
Os Jesuítas foram os primeiros a criar uma rede, de alcance mundial, de espaços específicos 
com princípios pedagógicos amplamente divulgadose aplicados. Desde que chegaram ao Brasil, em 
1549, com Manoel da Nóbrega e seus companheiros, eles contribuíram para a inculcação de valores e 
crenças sob a perspectiva do colonizador. Essa característica, infelizmente, parece que ainda 
permanece no imaginário da nossa Educação, apesar da nacionalidade daquele ter mudado...
JESUÍTAS
Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa 
vinculada à Igreja Católica que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa 
ordem religiosa foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela 
Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. Fonte: Brasil Escola [5]
7
OS JESUÍTAS SEGUNDO BARGUIL 
Inácio Lopes de Loyola (1491-1556), militar espanhol, preocupado com o avanço das 
crenças mulçumanas, criou a Companhia de Jesus em 1534, aprovada pelo papa Paulo III, 
em 1540, tendo como ardor missionário divulgar a fé cristã, num momento em que a Igreja 
formulava a Contrarreforma. Diante da dificuldade de converter os adultos, os dirigentes da 
Congregação se dedicaram à educação das crianças, de modo a renovar o mundo. Com a 
“descoberta” de novos mundos por espanhóis e portugueses, os Jesuítas, desde a primeira 
hora, acompanharam as missões de colonização.
Em razão do sucesso da primeira escola, aberta em Messina (1548), o próximo destino 
foi Roma (em 1551), que serviu de modelo para as que se seguiram. No primeiro momento, 
as escolas atendiam somente aqueles que pretendiam seguir a carreira missionária. 
Posteriormente, as matrículas foram abertas para todos os que assim pretendessem se 
submeter aos rígidos padrões estabelecidos.
Objetivando uniformizar a organização e funcionamento dos colégios, foi elaborada a 
Ratio Studiorum, cuja primeira versão data de 1552. Após ter sido submetida a críticas e 
sugestões por quase meio século, sua publicação definitiva ocorreu em 1599, contendo 
quatrocentas e sessenta e seis (466) regras, que tratam de várias questões: formação dos 
professores, plano de estudos, metodologia de trabalho com os alunos, regime de avaliação, 
regras administrativas e disciplinares etc.
Após cerca de cento e cinquenta (150) anos de intenso prestígio em inúmeros países 
europeus, os Jesuítas começaram a sofrer pesadas críticas, em virtude do intenso poder 
econômico que tinham conquistado. Em pouco menos de dez (10) anos, eles são expulsos 
de Portugal e das colônias (1759), da França (1764) e Espanha e colônias (1767). O golpe 
mais duro, porém, ainda estava por vir: a dissolução da Companhia, em 1773, pelo papa 
Clemente XIV em todo o mundo, com exceção da Prússia e parte da Rússia. Somente em 
1814, pelas mãos do pontífice Pio VII, ela foi restaurada.
Extraído de Barguil (2006, p. 200-201).
Havia uma acentuada distinção entre a Educação destinada aos descendentes dos colonizadores – 
com uma forte influência escolástica, com o fito de seguirem fielmente os preceitos da Igreja e de 
formação da elite colonial – e aos nativos – reduzida a dois aspectos:
Religioso
Para a formação de novos adeptos do 
catolicismo.
Econômico Para a docilização da mão de obra.
Descrição da tabela:
Religioso:Para a formação de novos adeptos do catolicismo.
Econômico:Para a docilização da mão de obra.
8
Os negros, quando chegaram, não receberam dos educadores qualquer atenção. Freire (1993, p. 
32/40) declara que a educação empreendida pelos Jesuítas era permeada por uma ideologia de interdição 
do corpo, tanto em virtude das barreiras criadas para que mulheres, índios e negros pudessem participar 
da vida social através das dificuldades de terem acesso à educação, como a proibição de que homens e 
mulheres manifestassem a sua sexualidade.
A instituição das escolas de ler e escrever possibilitou aos Jesuítas um fácil, prático e eficiente 
método de conversão das crianças indígenas para os ideários defendidos por eles. Acrescente-se a isso o 
fato de que os colégios eram construídos com a ajuda dos índios (FRANÇA, 1994, p. 65).
Fonte [6]
Após a promulgação, em 1599, da Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos) – normas (burocráticas 
e pedagógicas) e conteúdos a serem cumpridos por todas as escolas vinculadas à Companhia de 
Jesus, visando à formação uniforme dos seus estudantes – que se pautava na tríade estudar, repetir e 
competir, a Educação nacional privilegiou os cursos de Filosofia, Teologia e Humanidades, 
estruturados sobre o latim e o grego, relegando a 2º plano o ensino elementar, do qual a maioria da 
população necessitava. A educação na Colônia era incipiente – em razão da pequena clientela 
atendida e do conteúdo lecionado – e isolada do restante do mundo – vários países europeus 
procediam a reformas nos seus modelos educacionais, enquanto Portugal se fechava às mudanças 
com a defesa dos valores medievais. Acrescente-se, ainda, a distância da Colônia em relação à 
Metrópole e a necessidade de se deslocar daqui para lá para concluir os estudos, tendo como destino, 
na maioria das vezes, a Universidade de Coimbra, dirigida também pelos Jesuítas.
MULTIMÍDIA
Assista aos vídeos sugeridos abaixo:
Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas (1/2) [7]
Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas (2/2) [8]
9
Marques de Pombal expulsando os Jesuítas, 1766 (pintura de Louis-Michel van Loo e Claude Joseph Vemet [9]
Se o quadro já não era muito positivo, imagine o que aconteceu quando, Sebastião José de 
Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pombal, em 1759, determinou, mediante Alvará, a 
expulsão dos Jesuítas de todas as colônias portuguesas. Ele desejava, inspirado pelos ideais 
iluministas, "[...] tirar Portugal do atraso cultural e econômico em que este submergia desde o domínio 
espanhol, quase há dois séculos, e dar um passo adiante para a modernização." (FREIRE, 1993, p. 46), 
formando um Estado forte, independente da Igreja, tendo sob seu controle o poder econômico detido 
por aquela e formando estudantes para servir primordialmente aos interesses do País e não aos da 
religião.
O Alvará de 28 de junho de 1759 [10]: 
i) proibiu o ensino público ou privado que não tivesse a autorização do diretor geral dos estudos;
ii) determinou a inspeção das escolas e dos professores e a necessidade desses prestarem exames, o que 
representou um avanço; e
iii) reestruturou o ensino médio em aulas avulsas de Latim, Grego, Filosofia e Retórica, desmontando o curso 
regular instituído pelos Jesuítas, o que foi um retrocesso.
A REFORMA EDUCACIONAL EMPREENDIDA POR POMBAL SEGUNDO SECO E 
AMARAL 
As aulas régias eram autônomas e isoladas, com professor único e uma não se articulava 
com as outras. Destarte, o novo sistema não impediu a continuação do oferecimento de 
estudos nos seminários e colégios das ordens religiosas que não a dos jesuítas (Oratorianos, 
Franciscanos e Carmelitas, principalmente).
Em lugar de um sistema mais ou menos unificado, baseado na seriação dos estudos, o 
ensino passou a ser disperso e fragmentado, baseado em aulas isoladas que eram ministradas 
por professores leigos e mal preparados.
Com a implantação do subsídio literário, imposto colonial para custear o ensino, houve um 
aumento no número de aulas régias, porém ainda muito precário devido à escassez de recursos, 
de docentes preparados e da falta de um currículo regular. Ademais, vemos uma continuidade 
na escolarização baseada na formação clássica, ornamental e europeizante dos jesuítas, isto 
porque a base da pedagogia jesuítica permaneceu a mesma, pois os padres missionários, além 
de terem cuidado da manutenção dos colégios destinados à formação dos seus sacerdotes, 
criaram seminários para um clero secular, constituído por “tios-padres” e “capelães de 
engenho”, ou os chamados “padres-mestres”. Estes, dando continuidade à sua ação 
pedagógica, mantiveram sua metodologia e seu programa de estudos, que deixava de fora, além 
das ciências naturais, as línguas e literaturas modernas, em oposição ao que aconteciana 
Metrópole, onde as principais inovações de Pombal no campo da educação como o ensino das 
línguas modernas, o estudo das ciências e a formação profissional já se faziam presentes. Por 
isso, se para Portugal as reformas no campo da educação, que levaram a laicização do ensino 
representou um avanço, para o Brasil, tais reformas significaram um retrocesso na educação 
10
escolar com o desmantelamento completo da educação brasileira oferecida pelo antigo 
sistema de educação jesuítica, melhor estruturado do que as aulas régias puderam oferecer.
Extraído de Seco e Amaral (2007).
MULTIMÍDIA
A Reviravolta de Pombal: Nasce a Educação Laica (1/3) [11]
A Reviravolta de Pombal: Nasce a Educação Laica (2/3) [12]
A Reviravolta de Pombal: Nasce a Educação Laica (3/3) [13]
Com a vinda da corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, D. João VI criou a Impressão Régia, a 
Biblioteca Pública, o Jardim Botânico e o Museu Nacional, tendo em vista a imperiosa necessidade de 
dotar a Colônia de uma infraestrutura mínima.
LIVRO 
MUSEU NACIONAL
Descrição da imagem:
Museu Nacional
Fonte [14]
BIBLIOTECA NACIONAL (VISTA AÉREA)
11
Descrição da imagem:
Biblioteca Nacional (Vista aérea)
Fonte [15]
JARDIM BOTÂNICO
Descrição da imagem:
Jardim Botânico
Fonte [16]
12
Ainda nesse período, foram instaladas algumas instituições educacionais, nos diferentes níveis, em 
vários locais do País, para atendimento das exigências dessa nova sociedade. Em razão da defesa do 
território, são criadas a Academia Real da Marinha e a Academia Real Militar. A demanda por médicos e 
cirurgiões possibilitou a instauração, no Rio de Janeiro, dos cursos de Cirurgia, Anatomia e Medicina 
(RIBEIRO, 1989, p. 40). Registre-se, também, a instauração, na Bahia, dos cursos de Cirurgia, Economia, 
Agricultura, Química e Desenho Técnico.
O ensino primário continuava restrito a ler e escrever, 
que possibilitava que o estudante ocupasse pequenos 
cargos burocráticos e se preparasse para o ensino 
secundário, que, ainda estruturado nas aulas régias, teve a 
implantação de outras modalidades: Desenho, Francês, 
História, Inglês e Matemática.
DICA
A Educação no Período Jesuítico [17]
A Educação no Período Pombalino [18]
LEITURA COMPLEMENTAR
Ratio Studiorum e a missão no Brasil (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
EXERCITANDO
1. No que se refere à participação dos Jesuítas no cenário educacional brasileiro, responda: i) por que 
eles vieram para o Brasil?; ii) que currículo eles adotaram?; iii) que tipo de Educação eles ofereciam a 
brancos, índios e negros?; iv) por que eles foram expulsos?
2. O que é a Ratio Studiorum? Explique a sua importância na Educação Jesuítica.
3. Em relação à Reforma Pombalina, responda: i) quando e quem a instituiu?; ii) quais foram as suas 
motivações?; iii) como ficou organizado o ensino no Brasil?; iv) como era o seu currículo e o seu corpo 
docente?; v) em relação à Educação Jesuítica, ela foi um avanço ou um retrocesso? Justifique.
4. O que aconteceu com a Educação nacional com a vinda da Coroa Portuguesa em 1808?
REFERÊNCIAS 
BARGUIL, Paulo Meireles. O Homem e a conquista dos espaços – o que os alunos e os professores 
fazem, sentem e aprendem na escola. Fortaleza: Gráfica e Editora LCR, 2006.
FRANÇA, Lilian Cristina Monteiro. Caos – Espaço – Educação. São Paulo: Annablume, 1994.
FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira – A organização escolar. 9. ed. São 
Paulo: Cortez, 1989.
13
SECO, Ana Paula; AMARAL, Tania Conceição Iglesias do. Marquês de Pombal e a reforma 
educacional brasileira. Disponível em: 
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html [19]. Acesso em 
21/05/2019.
14
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
Aula 01: História da Educação Brasileira 
Tópico 03: A Educação Brasileira no Império
Clique nos botões abaixo para saber um pouco sobre a educação brasileira no Império:
VERSÃO TEXTUAL 
1. Proclamação da Independência do Brasil, em 1822
Não modificou o panorama da Educação Nacional. O que se observa no cenário nacional, desde 
então, é a tentativa do Poder Público (federal, estadual e municipal) de transformar a realidade 
através da lei, o que, via de regra, não trouxe os resultados esperados em virtude da falta de 
suporte financeiro, que evidencia a falta de compromisso político dos governantes para resolver 
os problemas educacionais estruturais seculares: falta de professores qualificados, salário 
indigno, precariedade das escolas, falta de material didático adequado...
2. Legislação
Deve ser destacado, desse período, o início da legislação nacional: o Decreto, de 1º de março de 
1823, que instituiu o Método Lancaster, conhecido como ensino mútuo, no qual os estudantes 
com maior aproveitamento (monitores ou decuriões) auxiliavam os demais, cada 
monitor/decurião orientava dez colegas; a Constituição Brasileira, outorgada em 1824, no seu art. 
179, inciso XXXII, garante “A Instrucção primaria e gratuita a todos os Cidadãos”, e a Lei da 
Instrução Pública, de 15 de outubro de 1827, que estabelece, no seu art. 1º: “Em todas as cidades, 
vilas e lugares mais populosos haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias.”.
3. Ato Adicional de 1834
Instituiu a Regência Una, no seu art. 10, inciso II, descentralizou o ensino, mantendo a 
competência da União para legislar sobre o ensino superior e atribuindo às províncias a 
responsabilidade pela escola primária e secundária. 
4. Escolas: 1837 - 1846
Em 1837, na cidade do Rio de Janeiro, é fundado o Colégio Pedro II, que, sob as bençãos da 
Coroa, deveria ser o padrão de escola secundária. Tal intenção, porém, não se materializou, uma 
vez que as suas condições de funcionamento eram bem melhores que as dos colégios das 
províncias, que careciam, dentre outras coisas, de professores qualificados. Para diminuir tal 
deficiência, foram instaladas as escolas normais em Niterói (1835), Bahia (1836), Ceará (1845) e 
São Paulo (1846), o que não atendia a grande demanda. Na República, o Colégio Pedro II 
continuou a ser referência educacional a nível secundário para ginásios estaduais e escolas 
privadas. 
5. Economia do Império
A partir de 1840, a economia do Império, antes baseada na produção açucareira do Nordeste, 
encontra no café um novo produto de exportação, estabelecendo uma nova sociedade, pois as 
cidades começaram a ocupar um papel de destaque na economia nacional, em substituição ao 
campo. A acumulação de capitais deu início à industrialização, exigindo uma mão de obra apta a 
lidar com as máquinas, responsabilidade atribuída à educação. A resposta estatal ocorreu, 
embora que timidamente: a maior parte das medidas ficou circunscrita ao Município da Corte. A 
criação das escolas normais, apesar de algumas dificuldades – os cursos eram noturnos, o que 
implicava a realização de poucas aulas práticas, não havia garantia da profissionalização, além 
15
da má preparação dos professores – permitiu uma discreta melhoria da qualidade do ensino 
primário, ainda restrito às aulas de leitura, escrita e cálculo.
6. Instrução secundária
A instrução secundária, cuja responsabilidade pela organização era das províncias, ainda era 
marcada pelas aulas régias, o que contribuía para que fosse vista apenas como um passaporte 
para o ensino superior, devendo preparar os estudantes aos exames de admissão. Quanto ao 
ensino superior, os cursos se restringiam aos: jurídicos, em Olinda e São Paulo; médicos, na Bahia 
e Rio de Janeiro; militares, no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Fortaleza; de minas, em Ouro 
Preto; de marinha e ensino artístico, no Rio de Janeiro; e de ensino religioso, em 6 seminários.
Entre 1832 e 1850, vários relatórios foram escritos sobre a educação, tendo em comum os seguintes 
pontos:
- quadro caótico da educação primária,
- insuficiência do método lancasteriano,- preocupação com a qualidade dos prédios escolares,
- necessidade de fiscalização das escolas,
- quadro docente muitas vezes despreparado para desempenhar a contento 
a sua função.
Fonte [20]
A Reforma de Couto Ferraz, de 1854 [21], revela a tentativa do Governo Federal de criar normas 
que orientassem a educação nacional, ampliadas com o Decreto de Leôncio de Carvalho, de 1878, o 
qual precisava da aprovação do Legislativo, motivo pelo qual Rui Barbosa (1849-1923) [22] elaborou 
dois pareceres, em 1882: um sobre o ensino secundário e superior e o outro sobre o ensino primário e 
instituições complementares. A partir da relação estabelecida entre desenvolvimento econômico, 
político e social de algumas nações, com o grau da instrução primária alcançado, o Parecer apontava 
a educação como o caminho a ser trilhado na extinção da ignorância que assolava a nossa pátria, 
propondo a criação de um Ministério da Instrução Pública. Uma novidade consistia na defesa da 
implantação, no Brasil, dos jardins de infância, inspirados nos kindergartens propostos por Friedrich 
Fröbel (1782-1852) [23] na década de 1830, destinados às crianças de 3 a 7 anos.
16
LEITURA COMPLEMENTAR
Sugerimos a leitura das indicações abaixo:
• Decreto, de 1º de março de 1823 [24]
• Método Lancaster [25]
• Constituição Brasileira [26]
• Lei da Instrução Pública [27]
• Ato Adicional de 1834 [28]
• Colégio Pedro II [29]
• Friedrich Fröbel: alguns elementos da sua proposta pedagógica (Visite a aula online para realizar 
download deste arquivo.)
A 2ª metade do século XIX foi marcada pela implantação de 
estabelecimentos de nível secundário dedicados ao público feminino. Até 
então, somente uma pequena parcela da população feminina recebia aulas 
de primeiras letras, prendas domésticas e boas maneiras, sendo que um 
contingente ainda mais reduzido é que tinha acesso ao estudo de línguas 
modernas, ciências e disciplinas pedagógicas.
Quanto mais o café gerava riqueza para os fazendeiros paulistas, mais decaía a importância do 
açúcar na economia nacional. É interessante lembrar que essa aristocracia tradicional estava 
profundamente ligada à Monarquia, enquanto a emergente aristocracia não tinha vínculos tão profundos 
com tal regime, o que contribuiu para que paulatinamente essa desejasse maior participação nas decisões 
do Governo, o que levou à fundação do Partido Republicano, em 1870.
É nesse contexto de mudança que as novas ideias ganham cada vez mais espaço, notadamente as 
relacionadas ao Positivismo, cujo maior expoente foi Augusto Comte (1798-1857). Refutando o 
pensamento católico conservador, os republicanos defendiam a posição de que a Ciência deveria guiar os 
passos da sociedade, imprimindo-lhe o progresso tão almejado em todos os recantos do País. 
POSITIVISMO
O positivismo é uma corrente teórica inspirada no ideal de progresso contínuo da humanidade. O 
pensamento positivista postula a existência de uma marcha contínua e progressiva e que a 
humanidade tende a progredir constantemente. O progresso, que é uma constatação histórica, deve 
ser sempre reforçado, de acordo com o que Auguste Comte, criador do positivismo, chamou de 
Ciências Positivas. As Ciências Positivas teriam a sua mais forte expressão na Sociologia, ciência da 
qual Comte é considerado o fundador. Fonte: Brasil Escola [30]
Estima-se que, em 1867, apenas 10% da população tinha acesso à escola primária. O analfabetismo, 
em 1890, atingia a marca de 67,2%, revelando a falta de zelo do Poder Público nesse período pela 
Educação (ARANHA, 2002, p. 154-155).
Assistiu-se, portanto, desde o final do século XVIII e boa parte do século XIX até a Proclamação da 
República, a uma série de medidas isoladas – instituição das aulas régias, criação das escolas de 
primeiras letras e escolas normais, reformas educacionais... – as quais foram insuficientes para elaborar 
um sistema educacional nacional.
17
LEITURA COMPLEMENTAR
O Império e as primeiras tentativas de Organização da Educação Nacional [31]
MULTIMÍDIA
Educação no Império: Educação Secundária (1/3) [32]
Educação no Império: Educação Secundária (2/3) [33]
Educação no Império: Educação Secundária (3/3) [34]
OLHANDO DE PERTO
Crianças e escolas na passagem do Império para a República [35]
EXERCITANDO
1. Quais são os primeiros documentos da legislação educacional nacional? Analise as determinações de 
cada um desses documentos.
2. Qual é a importância do colégio Pedro II na Educação nacional?
3. Conforme os relatórios, como era a situação da Educação nacional, nos diferentes níveis, em meados 
do século XIX? Apresente e comente os pontos contemplados nesses escritos.
4. O que aconteceu no cenário educacional na 2ª metade do século XIX?
5. Explique a influência do Positivismo na Proclamação da República.
REFERÊNCIAS 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002.
BARGUIL, Paulo Meireles. O Homem e a conquista dos espaços – o que os alunos e os professores 
fazem, sentem e aprendem na escola. Fortaleza: Gráfica e Editora LCR, 2006.
BATISTA, Maria Aparecida Camargo. O primeiro "kindergarten" na província de São Paulo. 1996. 
Dissertação (Mestrado em Educação). USP, São Paulo.
BENITO, Agustín Escolano. Tiempos y espacios para la escuela – Ensayos históricos. Madrid: 
Biblioteca Nueva, 2000.
FRAGO, Antonio Viñao. Do Espaço escolar e da escola como lugar: propostas e questões. In: FRAGO, 
Antonio Viñao; ESCOLANO, Agustín. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como 
programa. Tradução Alfredo Veiga-Neto. Rio de Janeiro: DP&A, 1998. p. 59-139.
18
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
Aula 01: História da Educação Brasileira 
Tópico 04: A Educação Brasileira na República (1889-1930)
Proclamação da República, 1893 (pintura de Benedito Calixto) [36]
Com a Proclamação da República, a situação mudou... no discurso e, efetivamente, pouco no 
concreto! Conforme Faria Filho (2000, p. 27-28), estima-se que, na primeira década do século passado, 
cerca de 5% da população em idade escolar era atendida pela instrução pública, conforme estimativa 
do próprio Estado. Isso, porém, não era o pior: a baixa qualidade da escola era denunciada por 
inúmeros diagnósticos que relatavam a desorganização do sistema de instrução, o despreparo (para 
não dizer incompetência) da maioria dos professores. A produtividade dessa escola era baixíssima: a 
frequência estava perto de 50% dos matriculados e o aproveitamento oscilava entre 30 e 40% dos 
frequentes, quando muito. Conclui-se, com esses dados, que apenas 1% da população nacional 
obtinha sucesso na escola!
MULTIMÍDIA
Educação na República: Alfabetizar... Ou Alfabetizar (1/2) [37]
Educação na República: Alfabetizar... Ou Alfabetizar (2/2) [38]
A escola isolada é uma resposta muito precária, do Estado brasileiro, durante o século XIX, diante da 
necessidade de um espaço adequado para fomentar a socialização das crianças. O processo era simples: 
um professor, ou quem as suas vezes quisesse fazer, devia encontrar na sua região um número mínimo de 
crianças e, assim, requeria a criação de uma cadeira de instrução primária no local. Essa costumava 
agregar estudantes de níveis diferentes. A pressão social, manifestada via de regra por abaixo-assinados, 
contribuía para que a demanda fosse atendida pelo governo, estabelecendo, dessa forma, uma 
proximidade da comunidade com o professor, o qual precisaria, mediante uma conduta moral e 
pedagógica, fazer jus à confiança nele depositada. Ao mesmo tempo, o professor vinculava-se ao Estado, 
numa relação de mão dupla: esse pagava o salário daquele que se submetia à fiscalização empreendida 
pelo poder público, uma vez que as estatísticas escolares efetuadas pelos próprios educadores, por vezes, 
eram eivadas de fraudes... (FARIA FILHO, 2000, p. 28-29).
Conforme os relatórios dos inspetores e das autoridades de ensino, esse panorama se perpetuava em 
virtude de um precário sistema de inspeção do trabalhoescolar e das péssimas condições de trabalho: 
além do tradicional baixo salário, os inadequados locais e materiais didáticos, dentre outros. Muitas 
dessas escolas funcionavam na casa do próprio professor, não somente nas salas, tendo caixotes 
servindo como mesas e cadeiras, desprovidas, ainda, de um mínimo de higiene, ensejando críticas de que 
essa educação pública jamais realizaria a tarefa salvacionista, própria do ideário republicano, pois pouco 
contribuía para a "[...] integração do povo à nação e ao mercado de trabalho assalariado.". Diante desse 
quadro, é que surge um movimento para "[...] refundar a escola pública." (FARIA FILHO, 2000, p. 30).
19
Grupo Escolar Tiradentes (PR), 1895 [39]
É nesse contexto que a concepção do grupo escolar é adotada como a 
solução dos crônicos problemas da Educação Nacional, possibilitando a 
transição "[...] do arcaico para o moderno, do velho para o novo, dos 
pardieiros aos palácios." (FARIA FILHO, 2000, p. 21).
Para tanto, ele deveria propiciar novos ritos e símbolos escolares, elaborar outra identidade para os 
profissionais envolvidos na missão, o que ocorreria dentro de uma mudança mais profunda que 
contemplava a organização do ensino, das suas metodologias e conteúdos, a construção de espaço e 
tempo escolares, uma nova identidade, baseada numa divisão racional do trabalho, além da possibilidade 
de maior controle dos agentes pedagógicos (FARIA FILHO, 2000, p. 31/34-35).
PARADA OBRIGATÓRIA
Prédios escolares no início da República (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
Os ideais positivistas, que inspiraram a proclamação da República, ganham espaço no cenário 
nacional, inclusive na Educação. O governo provisório criou o Ministério da Instrução, Correios e 
Telégrafos, sendo Benjamin Constant o seu primeiro titular, que formulou a Reforma da Instrução Pública 
Primária e Secundária do Distrito Federal, que foi aprovada pela Assembleia Constituinte: Decreto nº 981, 
de 08 de novembro de 1890 [40]. Essa Reforma tinha como princípios a liberdade e a laicidade do ensino, 
além da gratuidade do ensino primário. 
BENJAMIN CONSTANT
Político, militar e professor brasileiro nascido em no Porto do Meyer, freguesia de São Lourenço, 
Niterói, Estado do Rio de Janeiro, um dos fundadores da república, autor da divisa Ordem e Progresso 
da bandeira brasileira (1890) e um grande divulgador do positivismo no Brasil. Filho do português 
Leopoldo Henrique Botelho e da gaúcha Bernardina Joaquina da Silva Guimarães, passou uma parte 
de sua infância em Macaé, Magé e Petrópolis, onde o pai estabeleceu-se com uma padaria. Ainda 
criança sua família mudou-se para Minas Gerais, onde seu pai foi administrar uma fazenda do Barão 
de Lage. Fonte: Brasil Escola [41]
Freire (1993, p. 184-190) afirma que a Reforma de Benjamim Constant – que parece ter contemplado 
algumas propostas do projeto de Rui Barbosa, apesar de conter alguns pontos que sugeriam revelar o 
esforço para se descentralizar a Educação, bem como para empreender uma ampla alfabetização no 
Território Nacional – está permeada de aspectos em favor da centralização e de uma concepção elitista 
de Educação.
20
A Constituição de 1891 [42] determinava a descentralização do ensino, cabendo à União legislar sobre 
o ensino superior na Capital Federal, delegando aos estados a responsabilidade de organizar todo o seu 
sistema escolar. A Educação na República é marcada desde o início por três características:
Característica 01
A tendência de se querer modificar a realidade através da implantação de 
reformas, de leis – a de Epitácio Pessoa (1901), a de Rivadávia Corrêa (1911), a 
de Carlos Maximiliano (1915) e a de Luís Alves/Rocha Vaz (1925), que refletiam 
a tendência de ora valorizar mais o lado literário, ora o lado científico;
Característica 02
A inconstância política do governo federal em assumi-la, expressa na 
oscilização entre centralização x descentralização; e
Característica 03
A preocupação com o analfabetismo.
Quando da Proclamação da República, para os nacionalistas, o Brasil tinha, segundo Freire:
[...] dois grandes 'inimigos': o externo, os estrangeiros que poderiam 
nos invadir contaminados pela prática das guerras na Europa; e o interno, 
a 'chaga nacional', o analfabetismo.(FREIRE, 1993, p. 180).
Assim, a alfabetização deveria tanto formar os jovens para o serviço à 
Pátria, como para eliminar aquela praga que nos assolava.
A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX, SEGUNDO BARGUIL 
Em 1915, foi criada no Clube Militar do Rio de Janeiro a Liga Brasileira 
Contra o Analfabetismo, sendo seu principal objetivo dar de presente ao 
País no centenário da sua Independência a erradicação do analfabetismo. 
Ela desejava conseguir a obrigatoriedade do ensino primário, encargo a ser 
assumido pelo poder central. Através de jargões carregados para designar 
o analfabetismo – "muralhas do obscurantismo", "praga negra", "maior 
inimigo do Brasil", "vergonha que não pode continuar", "mais funesto de 
todos os males”, “cancro social da nossa Pátria" –, seus membros 
defendiam uma guerra para tirar da escuridão todos aqueles que se 
encontravam presos nas suas garras, pois o País pagava um alto preço.
Havia uma identificação pejorativa entre o analfabeto e o seu valor 
como pessoa. Por uma série de razões históricas, durante séculos, o negro 
foi considerado como inferior, fosse do ponto de vista moral, fosse devido à 
cor da sua pele. Agora, mais um fardo lhe é acrescentado, denegrindo a sua 
imagem: o fato de ser analfabeto. O pior de tudo isso é o fato desse 
21
preconceito esconder as verdadeiras raízes do problema: fatores 
econômicos e políticos (FREIRE, 1993, p. 201/206).
Um fato relevante desse período é o início da coleta de dados 
quantitativos, os quais nos forneceram um quadro vexatório a que a 
educação nacional estava submetida, revelando a pouca eficácia das 
políticas educacionais dos governos federais empreendidas até então. Por 
outro lado, eles instigaram discussões políticas sobre a premência da 
alfabetização no Território Nacional, pois permitiram o acompanhamento 
da evolução dessa realidade. Eles também denunciaram o progressivo 
aumento da clientela escolar, bem como o incremento da quantidade de 
alunos aprovados, além da diminuição do analfabetismo. A existência de 
classes conjugadas – um professor ensina ao mesmo tempo crianças de 
diferentes séries – ainda é uma realidade! Os desafios atuais são a 
melhoria da qualidade do ensino, para o que devem ser enfrentadas as 
seguintes questões: qualificação do corpo docente, currículo, material 
didático, dentre outras.
Apesar da maior quantidade de alunos ingressando na faculdade, ainda 
em número reduzido, se considerado o universo de pessoas que ingressam 
na escola, o título de doutor ainda tem um certo status social, embora não 
seja garantia de emprego. Deve-se, ainda, alertar para a existência de uma 
forte tendência literária, pois o conteúdo científico apresentado costuma ter 
o cunho enciclopédico, despido do caráter investigativo. Há de se observar, 
ainda, a existência do ensino profissionalizante, destinado primordialmente 
aos membros das camadas menos favorecidas, uma vez que o ensino 
literário objetivava a formação das elites.
Extraído de Barguil (2000, p. 258-260).
As décadas de 1910 e 1920 foram marcadas por uma série de acontecimentos sociais:
O Anarquismo 
[43]
– tendo inclusive fundado algumas escolas, que em razão da falta 
de apoio oficial não prosperaram. (FREIRE, 1993, p. 207) 
O Modernismo 
[44]
– caracteriza-se pela busca de imprimir às diversas manifestações 
culturais um estilo nacional, cuja expressão maior se deu com a 
Semana de Arte Moderna [45] de São Paulo (1922). 
O Tenentismo 
[46]
– representando a insatisfação de segmentos da classe média e de 
militares de patente superior com as decisões políticas do governo 
central, notadamente no que se refere ao apoio à oligarquia 
cafeeira, cujomarco foi O Levante do Forte de Copacabana, 
também conhecido como os 18 do Forte, em 1922.
A Revolta 
Paulista de 1924 
– que percorreu o interior do País de 1924 a 1927, propagando 
ideias contra o governo federal.
22
[47] e a Coluna 
Prestes [48]
Descrição da tabela:
Anarquismo: – tendo inclusive fundado algumas escolas, que em razão da falta de 
apoio oficial não prosperaram. (FREIRE, 1993, p. 207)
O Modernismo: – caracteriza-se pela busca de imprimir às diversas manifestações culturais 
um estilo nacional, cuja expressão maior se deu com a Semana de Arte Moderna de São 
Paulo (1922).
O Tenentismo: – representando a insatisfação de segmentos da classe média e de militares 
de patente superior com as decisões políticas do governo central, notadamente no que se 
refere ao apoio à oligarquia cafeeira, cujo marco foi O Levante do Forte de Copacabana, 
também conhecido como os 18 do Forte, em 1922.
A Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes: – que percorreu o interior do País de 1924 a 
1927, propagando ideias contra o governo federal. 
Os anos 20 assistiram a um fenômeno semelhante ao que havia ocorrido no final da Monarquia – 
quando o poder dos produtores ligados ao açúcar foi transferido aos produtores de café – pois esses, 
paulatinamente, em consequência das sucessivas crises do café no cenário internacional, foram perdendo 
a sua força econômica, bem como a política, para os emergentes burgueses ligados à nascente indústria 
nacional. Para atender a demanda por mão de obra qualificada, reformas educacionais foram 
implementadas no nível primário em vários estados – Ceará (1922), Bahia (1925), Minas Gerais (1927) e 
Pernambuco (1928) – bem como no Distrito Federal (1928), todas sob a influência da Escola Nova [49].
MULTIMÍDIA
Escola Nova [50].
A Educação na Primeira República é marcada por dois movimentos ideológicos:
Entusiasmo da 
educação 
- crença no poder da educação para colocar o Brasil entre as 
grandes nações. 
- caráter mais quantitativo, enfatizando a expansão da rede 
escolar e a alfabetização do povo.
Otimismo 
pedagógico 
- crença na capacidade da escolarização de formar o Homem 
brasileiro.
- com uma perspectiva qualitativa, visava à otimização do 
ensino, com a melhora das condições didáticas e pedagógicas 
da rede. 
Descrição da tabela:
Entusiasmo da educação: crença no poder da educação para colocar o Brasil entre as 
grandes nações; caráter mais quantitativo, enfatizando a expansão da rede escolar e a 
alfabetização do povo.
Otimismo pedagógico: crença na capacidade da escolarização de formar o Homem 
brasileiro; com uma perspectiva qualitativa, visava à otimização do ensino, com a melhora 
das condições didáticas e pedagógicas da rede. 
23
Do ponto de vista pedagógico, três correntes/concepções pedagógicas compuseram o cenário da 
Educação, cada uma delas associada a um setor social:
Tradicional
Às oligarquias e à Igreja, que queriam a manutenção do sistema.
Nova
À emergente burguesia e classe média, que desejavam a modernização do 
Estado e da sociedade.
Libertária
Aos movimentos sociais, que lutavam pela transformação do status quo.
Nas décadas seguintes, as ideias das duas primeiras continuaram a polarizar a discussão sobre os 
rumos da Educação Nacional.
MULTIMÍDIA
Educação na República: Alfabetizar ... para Votar (1/2) [51]
Educação na República: Alfabetizar ... para Votar (2/2) [52]
DICA
A Educação na 1ª República [53]
OLHANDO DE PERTO
Educação e Sociedade na Primeira República (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.)
Primeira República: Educação e Iluminismo [54]
A Educação Libertária [55] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
A Educação Anarquista no Brasil [56] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
A Educação Anarquista em São Paulo (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
A quem cabe educar? (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
EXERCITANDO
1. Apresente e comente algumas mudanças (legais e factuais) que aconteceram na Educação após a 
proclamação da República.
24
2. Em relação às escolas isoladas, responda: i) o que eram elas?; ii) como elas funcionavam?; iii) 
conforme os relatórios, como era a qualidade da Educação nelas oferecida e quais eram as suas 
dificuldades?
3. Contextualize e explique a criação do grupo escolar no cenário da Educação Brasileira.
4. Cite e comente alguns movimentos sociais da Primeira República.
5. Que movimentos ideológicos caracterizam a Primeira República? Explique cada um deles.
REFERÊNCIAS 
BARGUIL, Paulo Meireles. Há sempre algo novo! – Algumas considerações filosóficas e psicológicas 
sobre a Avaliação Educacional. Fortaleza: ABC Fortaleza, 2000.
______. O Homem e a conquista dos espaços – o que os alunos e os professores fazem, sentem e 
aprendem na escola. Fortaleza: Gráfica e Editora LCR, 2006.
FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Dos Pardieiros aos palácios: cultura escolar e urbana em Belo 
Horizonte na Primeira República. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2000.
FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
WOLFF, Silvia Ferreira Santos. Espaço e Educação: os primeiros passos da arquitetura das escolas 
públicas paulistas. 1992. Dissertação (Mestrado em Arquitetura). USP, São Paulo.
25
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
Aula 01: História da Educação Brasileira 
Tópico 05: A Educação Brasileira na República (1930-1964)
Getúlio Vargas, após a Revolução de 1930 [57]
Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas ascende ao poder, representando o setor ligado à 
industrialização, voltada principalmente ao consumo interno, daí originando-se a sua ideologia – 
nacional-desenvolvimentista – em oposição ao modelo anterior pautado na agricultura voltada ao 
mercado externo. Nesse ano, é criado o Ministério da Educação e Saúde Pública. Em 1931, ocorreu a 
reforma de Francisco Campos, destinada ao ensino superior, secundário e comercial.
GETÚLIO VARGAS
Getúlio Dornelles Vargas nasceu no Rio Grande do Sul em 19 de abril de 1882. Filho de 
Manuel do Nascimento Vargas - combatente na Guerra do Paraguai e um dos chefes do Partido 
Republicano Rio-Grandense (PRR) – e de Cândida Dornelles Vargas, cursou os estudos primários 
na sua cidade natal (São Borja) transferindo-se posteriormente para Ouro Preto para cursar 
humanidades. Mas devido aos conflitos entres estudantes gaúchos e paulistas, sua estadia foi 
curta. Fonte: InfoEscola [58]
Em 1932, é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Visite a aula online para 
realizar download deste arquivo.), cujos educadores, por entenderem que a Educação Tradicional 
incentivava o individualismo, próprio de uma concepção burguesa, defendiam uma Escola Nova [59]
com os seguintes princípios:
i) ensino laico, gratuito e obrigatório;
ii) escola única e comum, não atendendo a privilégios de uma 
minoria; e
iii) professores com formação universitária.
26
O Manifesto se constituiu, portanto, num marco da luta por melhores condições de ensino no Brasil, 
aprofundando ainda mais a discussão de dois grupos de educadores sobre os rumos da educação 
nacional. Por um lado, havia quem defendia a ideia de que a Educação deveria ser subordinada à doutrina 
religiosa, em separado (no que se refere ao sexo dos estudantes), diferenciada para os sexos, particular e 
atribuindo à família a responsabilidade pela atividade educacional. Do outro, defendia-se a laicidade, a 
coeducação, a gratuidade e a responsabilidade pública pela Educação. Todos concordavam com a 
extinção do monopólio do Estado sobre a Educação, para que essa ficasse livre das ideologias de 
esquerda e de direita.
MULTIMÍDIA
Os Pioneiros da Educação Nova (1/2) [60]
Os Pioneiros da Educação Nova (2/2) [61]
PARADA OBRIGATÓRIA
A Educação nos anos 1930 [62].
Gustavo Capanema, que foi ministro da Educação e Saúde Pública, no período de 1934 a 1945, 
formulouvárias Leis Orgânicas do Ensino [63], que foram promulgadas em 1942 e 1943. A Reforma 
Capanema estruturou o ensino industrial e o ensino secundário (ciclos ginasial e colegial), reformou o 
ensino comercial e criou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI. Com o fim do Estado 
Novo, Raul Leitão assumiu o Ministério da Educação, que implementou, em 1946, novas medidas: 
organização do ensino primário do País, do ensino normal e do ensino agrícola, bem como criação do 
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC. 
GUSTAVO CAPANEMA
Gustavo Capanema, Ministro da Educação de 1937 a 1945, foi responsável por uma série de 
projetos importantes de reorganização do ensino no país, assim como pela organização do Ministério 
da Educação em moldes semelhantes ao que ainda é hoje. O apoio dado por Capanema a grupos 
intelectuais e, mais especialmente, a arquitetos e artistas plásticos de orientação moderna, contribuiu 
para cercar sua gestão de uma imagem de modernização na esfera educacional que ainda não havia 
sido examinada em mais detalhe. Fonte: Simon Schwartzman [64]
As Constituições de 1934 [65], 1937 [66], 1946 [67], 1967 [68] e 1988 [69] dedicaram capítulos inteiros 
à Educação, manifestando a crescente preocupação dos legisladores sobre o tema. Conforme veremos na 
próxima aula, a Lei não tem força para transformar a realidade, embora permita que se lute pela sua 
implementação. É importante, por exemplo, que exista um comando constitucional determinando um 
limite mínimo para aplicação dos recursos dos entes federados e da União na Educação. A gratuidade e a 
obrigatoriedade da Educação devem ser buscadas paralelamente à sua qualidade.
Um fato importante na Educação Nacional foi que a Constituição de 1946, em seu artigo 5º, inciso XV, 
alínea d, determinou a competência da União para elaborar a Lei das Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB), inaugurando uma fase de intensos debates sobre os caminhos educacionais. Nesse 
27
sentido, dois anos depois, o Ministro da Educação e Saúde, Clemente Mariani, enviou ao Congresso 
Nacional um projeto de lei, o qual só foi aprovado em 1961 (Lei nº 4.024) [70]. Em 1953, Getúlio Vargas 
criou o Ministério da Saúde e alterou a denominação de Ministério da Educação e Saúde para Ministério 
da Educação e Cultura.
Os temas centrais dos debates que ocorreram  durante a elaboração desta LDB foram: 
A centralização ou 
descentralização da Educação
- concentração de poder na União x delegação de 
poder para estados e municípios.
Os princípios da escola 
pública e da particular
- laica e gratuita x confessional e paga.
O financiamento
- construção e manutenção de escolas públicas x 
concessão de bolsas de estudo
Descrição da tabela:
A centralização ou descentralização da Educação: concentração de poder na União x 
delegação de poder para estados e municípios.
Os princípios da escola pública e da particular: laica e gratuita x confessional e paga.
O financiamento: construção e manutenção de escolas públicas x concessão de bolsas de 
estudo 
Dois grupos polarizaram o acirrado debate:
Estatista
Defendia que o Estado tem a responsabilidade de educar, formando o 
indivíduo (cidadão) para o bem da sociedade, sendo a escola particular uma 
concessão do poder público.
Liberalista
Entendia que a Educação é um dever da família (e não do Estado), a qual 
deve escolher entre as escolas particulares aquela que lhe agrada, cabendo ao 
Estado conceder, a quem necessitasse, bolsas de estudo para permitir o acesso 
àquelas.
É importante destacar que esses grupos já vinham lutando pela implantação das suas ideias desde o 
início dos anos 1930. Em 1959, um grupo de mais de 150 intelectuais lança um novo documento – 
Manifesto dos Educadores: mais uma vez convocados [71] (Visite a aula online para realizar download 
deste arquivo.) – no qual, em prol de uma educação democrática, reafirmam os princípios do Manifesto de 
1932: a igualdade de oportunidades para todos, a liberdade de pensamento, a escola democrática e 
progressista.  
No governo de Juscelino Kubitschek, houve uma crescente participação do capital estrangeiro na 
economia nacional, o que já havia sido uma das causas que levaram o presidente Getúlio Vargas ao 
28
suicídio – pois ele defendia o fortalecimento da economia brasileira a partir de empresas nacionais. Se por 
um lado a maior participação das divisas internacionais permitiu o enriquecimento do País, inspirando um 
movimento conhecido como nacional-desenvolvimentismo, por outro manteve e aprofundou certas 
estruturas sociais injustas, como, por exemplo, o isolamento da região nordestina e a política agrária. 
JUSCELINO KUBITSCHEK
Juscelino Kubitschek nasceu em Diamantina – MG, em 12 de setembro de 1902. A primeira 
profissão que exerceu foi de telegrafista até formar-se em Medicina, em 1927. Tornou-se cirurgião e, 
em Paris, especializou-se em urologia. Em 1933, Kubitschek assumiu a chefia do gabinete civil do 
interventor Benedito Valadares no governo do Estado de Minas Gerais. Em 1935, Juscelino assumiu o 
cargo de Deputado Federal do qual foi deposto com o Golpe de 1937 com a implantação do Estado 
Novo. Em outubro de 1954, lançou sua candidatura à Presidência da República para a eleição de 1955, 
sendo oficializada em fevereiro de 1955. JK apresentou um discurso desenvolvimentista e utilizou 
como slogan de campanha "50 anos em 5". Fonte: InfoEscola [72]
PARADA OBRIGATÓRIA
Nacional desenvolvimentismo (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.).
A Lei nº 4.024/61 organizou a Educação nacional da seguinte forma:
Quadro: Organização da educação brasileira
Grau Ciclo
Duração 
(em anos)
Primário
Educação Pré-Primária 7 
Ensino Primário De 4 a 6
Médio
Ginasial 4
Colegial Mínimo de 3
Superior
Cursos de Graduação, Pós-Graduação e 
Especialização
Variável
Descrição da tabela:
Grau Primário: o ciclo Educação pré-primária tem duração de 7 anos; o ciclo Ensino 
primário tem duração de 4 a 6 anos.
Grau Médio: o ciclo Ginasial tem duração de 4 anos e o ciclo Colegial tem duração de no 
mínimo 3 anos.
29
Grau Superior: o ciclo de Cursos de Graduação, pós-graduação e Especialização tem 
duração variável. 
Devem ser citadas as seguintes características da primeira LDB nacional:
VERSÃO TEXTUAL 
• Apenas o Ensino Primário era obrigatório.
• O ingresso no ciclo Ginasial do Ensino Médio dependia de aprovação no Exame de Admissão (art. 
36).
• O Ensino Médio tinha os cursos secundário, técnico (agrícola, comercial e industrial), normal e 
outros.
• Os Ensinos Médio e Superior tinham como limites mínimos de duração 180 dias.
Os anos 60 foram marcados por uma profunda inquietação social, merecendo destaque os 
movimentos de educação popular: os centros populares de cultura (CPC), os movimentos de cultura 
popular (MCP) e o Movimento de Educação de Base (MEB). A contribuição de Paulo Freire para esta 
efervescência cultural, com forte preocupação social e política, é intensa, não somente por ter formulado 
um método de alfabetização, num país com grande contingente de pessoas iletradas, mas devido à 
concepção de conhecimento, de Educação a ela vinculada. No entendimento de Paulo Freire, para 
compreender e atuar no mundo, o Homem precisa ler a palavra e ler a realidade. A sua proposta 
educacional se contrapõe à educação bancária, a qual não vislumbra os estudantes como sujeitos, que 
interpretam e criam significado, mas, tão só, gavetas para guardar informações que poderão ser úteis no 
futuro...
PAULO FREIRE
Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi um educador, escritor e filósofo pernambucano. Tendo 
sua formação inicial em Direito, Freire desistiu da advocacia e atuou durante o início de sua carreira 
como professor de Língua Portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz, instituição em que o professor havia 
concluído o Ensino Básico. Freire também trabalhou para o Serviço Social da Indústria (SESI) como 
diretor do setor de educação ecultura, além de ter lecionado Filosofia da Educação na então 
Universidade de Recife. Fonte: Brasil Escola [73]
MULTIMÍDIA
Centro Popular de Cultura – I [74]
Centro Popular de Cultura – II [75]
Movimento de Educação de Base [76]
O sucessor de Juscelino foi Jânio Quadros, que renunciou ao governo em 25 de agosto de 1961. Os 
ministros militares impediram a posse do vice de Jânio, João Goulart (Jango), a qual só se efetivou, após 
30
duas semanas, com a implantação do Parlamentarismo. Com a restauração do Presidencialismo, no início 
de 1963, Jango propôs realizar as mudanças que julgava necessárias para corrigir a economia nacional. O 
embate social a que se assistiu entre os que eram a favor e contrários a essa proposta foi grande e 
culminou com o movimento militar de 1964.
JÂNIO QUADROS
Jânio da Silva Quadros nasceu em Mato Grosso, onde atualmente corresponde ao território do 
Mato Grosso do Sul, em 25 de janeiro de 1917. As primeiras funções exercidas por Jânio Quadros 
foram de professor e advogado. Ingressou na atividade política nas eleições para vereador de São 
Paulo em 1947 pelo Partido Democrata Cristão (PDC), no entanto, não recebeu a quantidade de votos 
suficiente para assumir o posto imediatamente. Somente com a cassação de mandatos do Partido 
Comunista do Brasil (PCB), Jânio Quadros assumiu como suplente o posto de vereador. Seu governo 
foi marcado por idiossincrasias e contradições do presidente. Já no dia em que tomou posse do cargo 
mostrou-se contraditório, no primeiro discurso elogiou o governo antecessor de JK e horas depois 
disse à imprensa que havia herdado dívidas do governo anterior, que não havia gerido bem o país. 
Jânio Quadros manteve no governo federal as medidas de moralização de costumes. Promoveu uma 
centralização do poder na presidência, diminuindo os encargos do Congresso Nacional. Fonte: 
InfoEscola [77]
JOÃO GOULART (JANGO)
João Belchior Marques Goulart, apelidado de Jango, nasceu em São Borja no Rio Grande do Sul, 
em 1° de março de 1919. Bacharelou-se em Direito em 1939, no entanto, não exerceu a função, 
atuando com a atividade agropecuária na fazenda da família. Fonte: InfoEscola [78]
GOLPE MILITAR DE 1964
O Golpe Militar de 1964 redesenhou o panorama político, social, econômico e cultural brasileiros 
pelas duas décadas seguintes. Executado no dia 31 de março daquele ano, o golpe levou à deposição 
de João Goulart e fez se instalar no país uma ditadura militar que durou até o ano de 1985. Apesar de 
ter ocorrido no ano de 1964, o golpe passou a ser desenhado desde as primeiras medidas de João 
Goulart, conhecido como Jango. O cenário de sua posse em 07 de setembro de 1961 já era 
conturbado: desestabilidade política, inflação, esgotamento do ciclo de investimentos do governo 
Juscelino Kubitschek, grande desigualdade social e intensas movimentações em torno da questão 
agrária. Diante desse cenário e de acordo com suas tendências políticas, declaradamente de 
esquerda, Jango apostou nas Reformas de Base para enfrentar os desafios lançados a seu governo. 
Fonte: InfoEscola [79]
DICAS
Era Vargas (1930 - 1945) [80]
31
A Educação no Estado Novo [81]
A Educação na Nova República [82]
LEITURA COMPLEMENTAR
A Reforma Francisco Campos e a modernização nacionalizada do ensino secundário [83]
O Manifesto dos Educadores (1959) à luz da História [84] (Visite a aula online para realizar download 
deste arquivo.)
MULTIMÍDIA
Educação na República: Democratização (1/2) [85]
Educação na República: Democratização (2/2) [86]
OLHANDO DE PERTO
Escolha um assunto de sua preferência:
A Educação e o Nacional-Desenvolvimentismo [87]
A efervescência cultural dos anos 1960 (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
A formação do professor primário [88] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.)
LDB de 1961: disputa entre escola pública e escola privada. [89] (Visite a aula online para realizar 
download deste arquivo.)
EXERCITANDO
1. Em relação ao Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, responda: i) em que ano foi lançado?; ii) 
que movimento o influenciou?; iii) quais eram os seus princípios?; iv) a que tipo de Educação ele se 
opunha?; e v) suas ideias ainda são atuais? Justifique. 
2. O que foram as Leis Orgânicas do Ensino?
3. Em relação à primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, responda: i) em que ano ela foi 
aprovada?; iii) quais eram os temas centrais dos debates que antecederam a sua aprovação?; e iii) 
nomeie e explique as ideias dos grupos que polarizam as discussões sobre essa Lei.
4. Por que o Manifesto dos Pioneiros – mais uma vez convocados foi escrito? 
5. Tendo em vista a Lei nº 4.024/61, responda: quais eram os grau de Educação, como eles se dividiam e 
sua duração?; ii) quais são as suas principais características?
32
REFERÊNCIAS 
ANDREOTTI, Azilde L. O Governo Vargas e o equilíbrio entre a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia 
Nova. Disponível em:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_era_vargas_intro.html [90]. Acesso em: 22 
maio 2019.
NASCIMENTO, Manoel Nelito M. Educação e Nacional-Desenvolvimentismo no Brasil. Disponível 
em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_nacional_desenvolvimentista_intro.html 
[91]. Acesso em: 22 maio 2019.
33
Estrutura, Política e Gestão Educacional 
Aula 01: História da Educação Brasileira 
Tópico 06: A Educação Brasileira na República (1964-2018)
As reformas empreendidas, nos anos 1960 e 1970, no cenário educacional, expressavam o momento 
nacional: desenvolvimento. O desafio do ensino, portanto, era formar o capital humano, o que demandava 
uma estreita relação entre Educação e mercado de trabalho. Essas duas décadas sofreram grande 
influência norte-americana, inclusive nos caminhos da Educação Nacional, explicitada pelos acordos 
MEC/USAID, e que fundamentaram a orientação das leis editadas posteriormente.
PARADA OBRIGATÓRIA
Adequação do Brasil às demandas internacionais (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.).
Fonte [92]
O método de alfabetização formulado por Paulo Freire [93], conforme vimos, tinha uma forte 
conotação política. Em virtude disso, o Governo Militar para enfrentar o problema do analfabetismo 
aprovou, mediante a Lei nº 5.379/67 [94], o Plano de Alfabetização Funcional e Educação Continuada 
de Adolescentes e Adultos, cujo Órgão executor era o Movimento Brasileiro de Alfabetização - 
MOBRAL.
Embora mantivesse a estrutura das palavras geradoras, a metodologia adotada no MOBRAL não 
valorizava a problematização da realidade e utilizava a mesma apostila em todo o Brasil.
Em 1985, o MOBRAL [95] foi extinto e substituído pela Fundação EDUCAR, que durou até 1990, 
quando foi extinta sem a proposição de qualquer instituição. 
Em 1996, o governo federal apoiou a criação do Programa Alfabetização Solidária - PAS, com atuação 
inclusive em países que falam o Português.
O governo militar também modificou a organização da Educação Nacional:
i) a Lei nº 
5.540/68 [96]
- empreendeu reformas no ensino superior, tendo instituído o 
vestibular classificatório, o ciclo básico, os departamentos e a 
matrícula por disciplina; e
- fixou diretrizes para o ensino de 1º e 2º graus.
34
ii) a Lei nº 
5.692/71 [97]
Descrição da tabela:
i) a Lei nº 5.540/68: empreendeu reformas no ensino superior, tendo instituído o 
vestibular classificatório, o ciclo básico, os departamentos e a matrícula por disciplina; e
ii) a Lei nº 5.692/71: fixou diretrizes para o ensino de 1º e 2º graus 
O quadro abaixo expressa a nova configuração da Educação Nacional após essas duas Leis:
Quadro: Organização da educação brasileira
Ensino
Duração (em 
anos)
1º Grau 8
2º Grau 3-4
Superior Variável
Descrição da tabela:
Ensino 1º grau tem duração de 8 anos; Ensino 2º 
grau tem duração de 3 a 4 anos e Ensino Superior 
temduração variável.
São características da Lei no 5.692/71:
- Conforme o § 2º, do art. 19, cada sistema de ensino velaria sobre a educação das 
crianças de idade inferior a sete anos em escolas maternais, jardins de infância e 
instituições equivalentes.
- Com a fusão do Ensino Primário com o ciclo Ginasial do Ensino Médio, desapareceu o 
Exame de Admissão.
- A duração normal do Ensino de 2º grau era de 3 anos. Esse prazo era ultrapassado no 
caso de curso profissionalizante.
- Os Ensinos de 1º e 2º Graus tinham como limites mínimos: uma carga horária anual de 
720 horas e o ano letivo de 180 dias (ou seja, 4 horas por dia).
35
MULTIMÍDIA
Educação na República: Ditadura (1/2) [98]
Educação na República: Ditadura (2/2) [99]
Os anos 80 assistiram à consolidação da redemocratização, que foi coroada com a Constituição de 
1988, que obriga o Poder Público à aplicação de um percentual mínimo para a Educação.
A EDUCAÇÃO NOS ANOS 80, POR MINTO 
A derrocada da Ditadura Militar representou uma importante mudança no 
cenário político brasileiro na década de 1980. A chamada "transição 
democrática" levou a termo o processo de abertura "lenta, gradual e segura" 
iniciada pelo Governo Geisel (1974-9) e combatida pela chamada linha dura 
do Exército brasileiro. A democratização consistia, de um lado, na destituição 
dos militares do poder após 21 anos; de outro lado, marcava a ascensão de 
importantes movimentos sociais organizados, que fizeram dos 80, não a 
"década perdida", mas um período de intensa mobilização social e de 
conquistas importantes na história da educação brasileira. Esta ascensão 
inaugurou, também, uma intensa participação social nos processos 
decisórios do Poder Legislativo brasileiro, nunca antes testemunhado na 
história, cuja culminância ocorreu no processo de elaboração da Constituição 
Federal de 1988.
A abertura política do país, entretanto, não ocorreu como movimento 
histórico autônomo, ainda que marcado por diversas contradições. Situava-se 
dentro de um contexto de mudanças nas relações políticas internacionais, 
relacionadas ao processo de reestruturação capitalista que tem início nos 
primeiros anos de 1970. A revolução tecnológica de base microeletrônica, 
geradora da tecnologia da informática, criou novas bases materiais para a 
expansão do capital. O processo da globalização tornava possível a ocupação 
de amplos espaços do globo terrestre, bem como de setores da produção e 
da reprodução das relações sociais (como as políticas sociais, por exemplo) 
até então não determinados inteiramente pela lógica do capital. As forças do 
capital encontravam-se progressivamente livres de suas barreiras nacionais 
(territoriais) e de seus limites técnicos, o que abria possibilidades inéditas de 
expansão/acumulação.
Tratava-se de um novo ciclo de expansão do capital, para o qual o 
neoliberalismo – que havia surgido, nos anos 1940, como reação ao Estado 
do bem-estar social e a toda e qualquer forma de controle social sobre o 
capital – apresentava-se como ideologia ideal. Isso ocorreu na forma de uma 
nova onda de "liberalização" da economia e das sociedades capitalistas 
concretizada pelas políticas de desconstrução do Estado providência, dito 
"interventor", em prol de um Estado máximo para o capital: sem 
regulamentação sobre a circulação de capitais (sobretudo o financeiro), sem 
políticas sociais, sem sistemas públicos de educação, saúde e previdência 
social, com o mínimo de direitos trabalhistas etc.
36
A redução dos gastos sociais como uma das premissas essenciais do 
neoliberalismo, abria horizontes sombrios para o futuro da educação. A 
política educacional típica do período consistiu em reformar: reformar para 
tornar eficiente e eficaz a educação; reformar para adequar a educação aos 
ditames do novo paradigma da acumulação capitalista; reformar para 
flexibilizar as relações de trabalho entre os trabalhadores da área; reformar 
para criar mecanismos de controle (avaliação e autonomia) do ensino e da 
produção científica; reformar para tornar a forma de organização e gestão do 
ensino apto a converter-se em campo de domínio do capital e da produção de 
mercadorias.
As lutas sociais que haviam adquirido força e presença política nos anos 
80, conquistando importantes mudanças na Constituinte de 1987-8, passaram 
a ser desconstruídas tão logo foi promulgada a Constituição. No campo 
educacional, a liberdade concedida ao capital traduzir-se-ia pela ampliação 
progressiva de seu campo de ação, dando continuidade e ampliando a 
tendência privatizante dos anos da Ditadura Militar. Uma das maiores perdas 
para o ensino público, nesse sentido, ocorreu na própria Constituição Federal 
de 1988, que não garantiu a exclusividade de recursos públicos para os 
estabelecimentos de ensino mantidos pelo Estado, abrindo uma brecha – que, 
aliás, ainda não foi fechada – para o setor privado apropriar-se de novas 
fatias do fundo público para a educação.
Extraído de Minto (2007).
Os anos 90 foram marcados pela discussão das ideias de Piaget e Vygotsky, que possibilitou uma 
reflexão mais intensa sobre o cotidiano escolar, vislumbrando novos horizontes para vários temas 
importantes, com destaque para o currículo, que ensejou que o MEC elaborasse os Parâmetros 
Curriculares Nacionais PCN. Ocorreu, ainda, a aprovação da nova LDB, a Lei nº 9.394/96 (que será 
analisada detalhadamente na próxima aula).
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PCN
A partir de meados de 1990, o MEC os editou, nas diversas disciplinas dos Ensinos Fundamental e 
Médio, na intenção de garantir um currículo mínimo para os estudantes de todo o Brasil. A 
homogeneidade pretendida é denunciada por ignorar (e/ou desprezar) as singularidades regionais 
(e/ou locais), que são exatamente os saberes que estão vinculados ao sentimento de identidade. A 
despeito desta pertinente preocupação, os PCN revelam o esforço do governo federal de fortalecer o 
sistema de ensino brasileiro.
37
DICA
PCN do Ensino Fundamental II [100]
PCN do Ensino Médio [101]
A Lei no 9.394/96, posteriormente alterada pela Lei nº 11.274/06 [102] e a Emenda Constitucional nº 
59, que será analisada na próxima aula, organizou a Educação Escolar da seguinte forma:
Quadro: Duração dos níveis, etapas e fases da educação escolar brasileira
Nível Etapa Fase Duração (em anos)
Educação 
básica
Educação 
Infantil
Creche 4*
Variável* 
(Obrigatório pelo 
menos 2 anos)*** Pré-
escola
2***
Ensino 
Fundamental
Anos 
Iniciais
5**
9**
Anos 
FInais 
4
Ensino médio 3 3
Educação 
Superior
Graduação Variável
Variável
Pós- Graduação Variável
Descrição da tabela:
Nível Educação Básica é dividida em 3 etapas: Educação infantil que se divide em 
creche com duração em 4 anos de forma variável e Pré-escola que tem duração de 2 anos 
(tem obrigatoriedade de 2 anos) e Ensino Fundamental que se divide em anos iniciais com 
duração de 5 anos e anos finais com duração de 4 anos, totalizando 9 anos. 
Nível Educação Superior é dividida em 2 etapas: Graduação e Pós-graduação, ambas com 
duração variável. 
* A matrícula na creche, destinada a crianças de até 3 anos e 11 meses, é facultativa.
** A lei nº 11.274/06 determinou que, a partir de 2010, a duração é de nove anos e se inicia aos 6 anos de idade.
*** Conforme a EC nº 59, promulgada em 2009, a partir de 2016, a EB obrigatória e gratuita será dos 4 aos 7 
anos de idade.
Elaborado a partir da legislação educacional em vigor.
Devem ser citadas as seguintes características:
38
- Os níveis da Educação Escolar passam a ser dois: Básica e Superior (Art. 21).
- A Educação Profissional, a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Especial, a 
Educação Escolar Indígena e a Educação a Distância são modalidades de ensino.
- A Educação Básica tem como limites mínimos: uma carga horária anual de 800 horas e 
o ano letivo de 200 dias (Art. 24, inciso I).
As próximas aulas abordarão algumas mudanças no cenário educacional nos últimos

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