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Planeta Arroz 75

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CASA BRASIL EDITORES
ANO 21 | EDIÇÃO 75 | SETEMBRO 2020
w w w.planetaarroz.com.br
R$ 14,00
20
ANOS
A MIL
Nos 20 anos de Planeta Arroz,
avaliamos a evolução da
cadeia produtiva nas duas
últimas décadas e projetamos
as tendências e desafios
futuros do setor
EXPORTAÇÃO
Como o Brasil ganhou
a preferência mundial
TECNOLOGIA
As tendências da pesquisa
para os próximos 20 anos
CONSUMO
A pandemia fortaleceu
arroz e feijão nos lares
DEU A LOUCA NOS PREÇOS
Como e por que o arroz chegou a R$ 100,00 por saca
 6 Mundo: redução pesou nos preços
 8 Mercosul: tiro para o alto
 10 Safra: volta ao passado
 14 Mercado: a tempestade perfeita
 18 A orizicultura no Século 21
 20 Evolução do mercado e tendências
 22 Balança comercial: à beira do limite
 24 Mercado: os últimos e os próximos 20 anos 
 25 Perfil e tendências do arroz em Santa Catarina
 26 Consumo: o consumidor e a valorização do grão
 28 Setorial: ações e desafios da indústria arrozeira
 30 Setorial: setor produtivo venceu etapas
 31 Pesquisa: o melhoramento genético na Embrapa
 32 A evolução do manejo no sistema de produção
 34 Desafio do controle de plantas daninhas
 38 Inovação e tecnologia: legado de produtividade
 39 Soja: motivações e problemas na metade sul gaúcha
 40 Pontos responsáveis pelo avanço produtivo do arroz
 42 Perspectivas para o manejo de insetos-pragas
 44 Clima: passado, presente e futuro na metade sul
 46 Projeto 10 e o manejo da orizicultura irrigada
 48 Manejo cultural: o certo na hora certa
 49 Passado e futuro do arroz irrigado
 50 Pilares de produtividade e desafios da rizicultura
 51 Gestão profissional para garantir resultados
 52 Transformação e o futuro do arrozeiro
 53 Rentabilidade e reformas: os desafios do setor
Planeta Arroz 
20 anos: de onde 
veio e para onde vai 
o mundo arrozeiro
Planeta Arroz apresenta reportagens e opiniões detalhando o 
desenvolvimento de tecnologias, mercados e conceitos da 
orizicultura nos últimos 20 anos e as perspectivas para a 
cadeia produtiva nas próximas décadas.
Publicação de
Casa Brasil Editores Ltda.
www.planetaarroz.com.br
E-mail: planetaarroz@planetaarroz.com.br
FOTOS
Robispierre Giuliani
TEXTOS
Cleiton Evandro dos Santos
e Redação Planeta Arroz
EDIÇÃO
Liberato Dios 
Cleiton Evandro dos Santos
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Leandro Batista
REVISÃO
Gabriel Girardon 
DEPARTAMENTO 
COMERCIAL E ADMINISTRAÇÃO
(51) 3722-9635
SUCURSAL EM PORTO ALEGRE 
GRUPO DE DIÁRIOS 
RUA GARIBALDI, 659 - CONJ. 102 
(51) 3272-9595
IMPRESSÃO
Gráfica Jacuí
Cachoeira do Sul - (51) 3722-9595
CAPA
C A R T A A O L E I T O R
A Revista Planeta Arroz completa 
20 anos contando as histórias da 
cadeia produtiva brasileira, do Mer-
cosul e do mundo, naquela que é a 
única publicação periódica e sem 
interrupções nestas duas décadas vol-
tada exclusivamente ao setor. Neste 
período, seu site www.planetaarroz.
com.br tornou-se a principal refe-
rência em informações de arroz da 
América do Sul.
Pela via eletrônica ou impressa, 
Planeta Arroz percorre o Brasil pelas 
experiências narradas por técnicos, 
produtores, industriais, trabalhado-
res, transportadores e quem faz essa 
cadeia produtiva. É ótimo completar 
20 anos podendo falar de preços em 
alta, de exportações recordes e uma 
temporada em que há renda na rede 
de negócios arrozeira. É triste que 
seja diante de uma pandemia que 
ceifa vidas e nos preocupa muito 
quanto ao futuro.
O mundo muda todos os dias. 
A tecnologia é aliada, nos transfor-
mamos, mas a informação perma-
necerá um dos principais insumos 
da lavoura, da indústria, dos técni-
cos e dos agentes que fazem desta 
uma grande cadeia de alimentos. A 
lavoura inova, transforma, conso-
lida-se. E seguimos juntos, tradu-
zindo o que há de relevante neste 
Planeta Arroz.
Esperamos, nos próximos 20 anos 
de parceria, cumprir com êxito o 
desafio de testemunhar e informar 
sobre os avanços e dificuldades que 
retratam este segmento vital para a 
segurança alimentar. Esta é uma edi-
ção especial, na qual algumas das 
principais autoridades no setor se 
pronunciam avaliando as transfor-
mações, a evolução e o que fará dife-
rença no futuro e no dia a dia da 
orizicultura. 
Boa leitura.
E feliz aniversário!
Um século em 20 anos 
M U N D O
6 setembro • www.planetaarroz.com.br
Redução da demanda global 
pesou sobre os preços
Comércio mundial crescerá
com maior demanda, mas 
estoques são gigantes
De acordo com as estimativas da 
Organização das Nações Unidas para 
a Agricultura e Alimentação (FAO), 
a produção mundial de arroz em 2019 
teria sido de 754,3 milhões de tone-
ladas (500,8 Mt base beneficiado), 
com queda de 1,1% em relação a 2018. 
Em 2020, as projeções indicam a recu-
peração de 1,7% para 766,8 Mt (509,2 
Mt base beneficiado). A produção 
chinesa pode aumentar 0,4% graças 
a preços remuneradores ao produtor, 
segundo o economista Patricio Mén-
dez del Villar, do Cirad, na França, 
em seu boletim global do comércio 
do arroz, InterArroz, de agosto.
A Índia espera crescimento de 1% 
em relação a 2019. No Sudeste Asi-
ático, em especial na Tailândia, prevê-
se aumento produtivo apesar da seca 
que afetou a segunda safra. No resto 
da sub-região, a produção será está-
vel. Na África Subsaariana e nas regi-
ões ocidentais, as chuvas são abun-
dantes, o que favorecerá as lavouras. 
A produção africana pode aumentar 
2,9%. No Mercosul, a safra 2020 foi 
positiva, com aumento de 3% na 
colheita em relação a 2019. Nos Esta-
dos Unidos, a safra vai crescer 17% 
graças ao aumento das áreas.
Comércio mundial - Em 2019, o 
comércio mundial caiu 9%, para 44,1 
Mt, contra 48,5 Mt em 2018. Em 2020, 
é indicada a recuperação de 1,8% para 
44,9 Mt. Em 2019, os importadores 
asiáticos, exceto Filipinas, reduziram 
as compras, apontando para 16,7 Mt 
contra 16,9 Mt em 2018. A queda no 
comércio mundial em 2019 derru-
bou as vendas da Tailândia (30%) e 
da Índia (17%). As vendas indianas 
devem se recuperar em 2020, ratifi-
cando a liderança global. A Tailândia, 
porém, com preços altos pela valori-
zação da moeda e menor oferta, pode 
ter nova queda nas vendas e perder, 
para o Vietnã, o posto de segundo 
exportador mundial.
Projeções do comércio de arroz 
em 2021 estimam aumento de 6% 
para 47,6 Mt, ou 2,6 Mt a mais do 
que em 2020. Os estoques globais de 
arroz em 2019 aumentaram 4,7%, 
para 184,6 Mt, contra 176,3 Mt em 
2018, atingindo seu nível mais alto. 
As reservas representam 37% do con-
sumo mundial. Houve aumento das 
reservas na China, na Índia e na Indo-
nésia.
Os países exportadores aumenta-
ram as existências em 2019, para 45 
Mt, ou 25% dos estoques mundiais. 
Para 2020, é indicada a redução de 
0,6%, para 183,5 Mt nas disponibili-
dades globais. A contração tende a 
continuar em 2021, com projeção de 
182,2 Mt, 0,7% a menos que em 2020.
Quadro de oferta e demanda mundial de arroz (em milhões de toneladas)
Fonte: FAO/USDA Elaboração: InterArroz/Cirad
Temporada 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
ARROZ EM CASCA
Produção 735.4 745.5 745.8 739.4 747.7 752.1 762.4 754.3 766.8
ARROZ BENEFICIADO
Exportações 40.5 40.1 45.5 45.1 41.4 48.4 48.5 44.1 44.9 
Importações 40.5 40.1 45.5 45.1 41.4 48.4 48.5 44.1 44.9
Estoques finais 142.5 162.1 171.6 173.6 172.0 173.0 176.3 184.6 183.5
Ásia deve ampliar produção com os grandes fornecedores mudando de posições
(em milhões de 
toneladas)
8
M U N D O
setembro • www.planetaarroz.com.br
Tiro para 
o alto
Ótimas cotações e demanda
impulsionam recuperação 
de área semeada no Mercosul 
Deve chegar a pelo menos 5,8% 
a elevação da área cultivada nos qua-
tro países do Mercosul na tempo-
rada 2020/21, cujo plantio já come-
çou no Paraguai e em Santa Catarina, 
no Brasil. Com isso, o bloco comer-
cial deverá semear, em temporada 
que se estende até o fim de novem-
bro, 2.289,6 mil hectares como limite 
inferior, segundo pesquisa da Agro-
Dados Inteligência em Mercados de 
Arroz. O teto pode chegar a 2,309 
milhões de hectares. A expectativa 
é de que a regiãoalcance 14,991 
milhões de toneladas de arroz, em 
base casca, de produção total na pró-
xima temporada, com aumento de 
2,1% no volume de colheita. O teto 
previsto é de 15,220 milhões de tone-
ladas.
O Brasil, com uma expansão de 
6,7% na superfície semeada, deve ser 
o grande motor desta recuperação. 
O limitante deste crescimento é a 
disponibilidade de água para a irri-
gação, com muitos agricultores con-
tando com as chuvas de primavera 
para repor a capacidade de barragens 
e mananciais nos quatro países. O 
crescimento da área cultivada, porém, 
não deve ter proporcional elevação 
produtiva. O avanço deve ser mar-
cado pelo retorno de algumas áreas 
de menor rendimento e agricultores 
com mais dificuldades de acesso ao 
crédito e investimento tecnológico, 
o que afetará o rendimento médio e 
o resultado final da colheita.
O comportamento das cotações 
nos oito primeiros meses do ano, em 
especial após o surgimento da pan-
demia do novo coronavírus, tem sido 
determinante para a tomada de deci-
são de ampliar a superfície semeada 
no Mercosul. Este fator está aliado 
à indisponibilidade de produto para 
novas vendas dos Estados Unidos, 
de fevereiro a setembro, aos estoques 
enxutos no ConeSul e também aos 
preços mais competitivos na Argen-
tina, Uruguai e Paraguai para expor-
tar ao Brasil.
O balanço final da safra 2019/20, 
nos países do bloco, indica que ape-
sar da redução de 2,1% na área na 
temporada passada, para 2,163 
milhões de hectares, houve um 
aumento de 5,3% na colheita, que 
chegou a 14,68 milhões de tonela-
das. O clima e a alta tecnologia de 
manejo e genética foram os diferen-
ciais. Maior pressão de venda dos 
Estados Unidos e as importações pre-
vistas para o Brasil até fevereiro pode-
rão ser fator de revisão destes núme-
ros pelos agricultores, em especial 
dos países vizinhos, mas eles repre-
sentam um avanço inferior a 13 mil 
hectares. A recuperação de área é 
considerada por alguns analistas 
como um “tiro para o alto”. A depen-
der do cenário dos próximos meses, 
pode acertar o alvo ou perder-se.
Colheita no Paraguai: preços remuneradores motivam 
aumento de plantio também nos países vizinhos
M U N D O
QUADRO DE SAFRA MERCOSUL
Intenção de plantio e prognóstico de safra 2020/21 – Mercosul
 Área (mil/ha) Produção (mil t)
País 2017/18 2018/19 2019/20 % 2017/18 2018/19 2019/20 %
Argentina 202,0 195,1 190,0 -2,6% 1.370,0 1.202,0 1.198,0 -1%
Brasil 1.972,1 1.702,5 1.665,9 -2,1% 12.064,2 10.483,6 11.180,1 6,6%
Uruguai 156,0 144,9 140,3 -4,2% 1.280,0 1.188,0 1.209,0 1,8
Paraguai 165,5 168,1 168,0 -0,6% 933,2 1.068,0 1.095,0 2,5%
Total 2.515,6 2.210,2 2.164,2 -2,1% 15.647,4 13.941,6 14.682,1 5,3%
Diferença em área 2018/19 – 2019/20: - 46,0 mil hectares
Diferença em volume 2018/19 – 2019/20: 740,5 mil toneladas
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 Área (mil/ha) Produção (mil t)
País 2019/20 2020/21 % 2019/20 2020/21 %
Argentina 190,0 193,0 1,5% 1.198,0 1.220,0 1,8%
Brasil 1.665,9 1.867,0 12,1% 11.180,1 11.982,4 7,2%
Uruguai 140,3 148,0 5.5% 1.209,0 1.251,0 3,5%
Paraguai 168,0 170,0 1,2% 1.095,0 1.110,0 1,4%
Total 2.164,2 2.378,0 9.98% 14.682,1 15,562,4 6,0%
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Fonte: AgroDados/Planeta Arroz
10
S A F R A
setembro • www.planetaarroz.com.br
Volta ao passado
Preços altos impulsionam o 
aumento da área cultivada 
com arroz no Brasil
Como já era de se prever, dado 
ao histórico da cadeia produtiva após 
uma temporada de bons preços, a 
área semeada com arroz e, por con-
sequência, a produção brasileira na 
próxima safra, vão crescer. A Com-
panhia Nacional de Abastecimento 
(Conab) e o Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abastecimento 
(Mapa) apresentaram no dia 25 de 
agosto as perspectivas para a safra 
agrícola 2020/21. Para o arroz, con-
firma-se a tendência de ampliação 
da superfície semeada em 12,1%, 
agregando mais 201 mil hectares 
sobre os 1,666 milhão de 2019/20 e 
somando 1,867 milhão de hectares.
A colheita só não crescerá pro-
porcionalmente por causa de uma 
produtividade em queda de -4,3%, 
ou 290 quilos por hectare, uma vez 
que a temporada passada registrou 
rendimentos recordes por área. 
Mesmo com a redução de 6,71 para 
6,42 toneladas por hectare, o aporte 
será de 7,2% de grãos, passando das 
11,18 milhões de toneladas para 11,98 
milhões de toneladas, consolidando 
a evolução de 800 mil toneladas sobre 
a temporada passada. 
Exceto na safra passada, em ano 
de clima neutro marcado por grande 
estiagem, as maiores produtividades 
das lavouras do Sul do Brasil acon-
teceram sob La Niña, fenômeno que 
tem mais de 60% de chances de ocor-
rer nesta safra. 
Após seguidas quedas no con-
sumo, projeta-se recuperação como 
resultado do maior volume de refei-
ções no domicílio após o surgimento 
da pandemia e também a menor dis-
ponibilidade de renda. O crescimento 
de 5% no atual ciclo, para 10,8 milhões 
de toneladas, deverá crescer pouco 
mais de 3% em 2021/22, chegando 
perto de 11,2 milhões de toneladas 
e voltando aos patamares da tempo-
rada 2017/18. Ainda assim, perma-
necerá quase 4% abaixo da média de 
demanda doméstica nos últimos 10 
anos, que é de 11,6 milhões de tone-
ladas.
A balança comercial deve perma-
necer superavitária em 500 mil tone-
ladas. O estoque final de passagem 
da temporada 2020/21, tem uma recu-
peração prevista de para 816,6 mil 
toneladas, portanto, o maior dos últi-
mos seis anos, contra o de 530 mil 
toneladas do fim do ano comercial 
atual, em fevereiro de 2021, que é o 
menor em quatro safras. 
As perspectivas foram apresen-
tadas por Sérgio Roberto Santos 
Júnior, gerente de Inteligência, Aná-
lises Econômicas e Projetos Especiais 
da Conab, com participação da minis-
tra Tereza Cristina, da Agricultura, 
e dirigentes setoriais e do governo. 
O Instituto Rio Grandense do Arroz 
(Irga) anunciaria as suas estimativas 
para o Rio Grande do Sul apenas em 
setembro.
Perspectivas em detalhe
O mercado do arroz na Safra 
2019/2020 vem apresentando preços 
recordes e um volume exportado no 
primeiro semestre muito acima do 
usual para omesmo período do ano. 
Esse cenário atípico não é reflexo 
apenas da pandemia, sendo os cená-
rios nacional e internacional antes 
da crise determinantes no atual com-
portamento do mercado orizícola 
brasileiro, segundo avaliação de Sér-
gio Roberto Santos Júnior, gerente 
de Inteligência, Análises Econômicas 
e Projetos Especiais da Companhia 
Nacional de Abastecimento (Conab).
A consistente ampliação da pro-
dutividade tem sido um fator pre-
ponderante para que o volume pro-
duzido não tenha uma forte queda 
no Brasil. 
Analisando a produção entre a 
área plantada de 2019/20 e a de 
2016/17, temos uma retração de 
-40,9% no Brasil e de -17,1% no Rio 
Grande do Sul, estado que representa 
70% da colheita nacional. A produ-
tividade cresceu 7,8%, fazendo com 
que a produção tenha reduzido ape-
nas -9,3%. Santos Júnior observa que 
essa nítida redução de área é resul-
tado principalmente da baixa renta-
bilidade do setor produtivo entre as 
safras 2017/18 e 2018/19, em especial 
ao se comparar com a cultura con-
corrente da soja. Os estoques de pas-
sagem chegarão aos menores pata-
mares das últimas quatro safras, com 
534,2 mil toneladas, reflexo da retra-
ção da oferta nacional.
Alguns fatores que podem ser 
observados para o bom desempenho 
do Brasil na balança comercial do 
arroz neste ano: a consolidação do 
grão brasileiro no mercado interna-
DE OLHO
FIQUE
No Brasil, identifica-se uma sazonalidade negativa no primeiro semestre, 
como resultado da concentração da colheita no país no período. No mundo, 
identifica-se uma sazonalidade negativa no segundo semestre, como resul-
tado da concentração da colheita de verão nos principais países produtores.
cional após super safra 2010/11; acú-
mulo de superávits a partir de então; 
fator cambial e fidelização de clientes. 
Não pode ser esquecido, em contra-
partida, o fluxo de importação de 
grãos de parceiros do Mercosul, com 
destaque para o Paraguai e Uruguai 
(fundamentais na composição da 
oferta interna). Apesar dos consisten-
tes superávits, não há um grande dis-
tanciamento do volume exportado e 
importado pelo país, segundo Sérgio 
Roberto Santos Júnior, da Conab.
CENÁRIO 
Para ele, o cenário internacional 
ajudou a formação de melhores pre-
ços no Brasil em 2020, como a alta 
das cotações globais e a restrição 
hídrica na Tailândia na safra de 
inverno no fim de 2019; cenário de 
incertezas no primeiro semestre com 
a covid-19; restrição do volume expor-
tado de importantes fornecedores 
como China e Vietnã; ampliação da 
demanda dos países importadores em 
busca de segurança alimentar por 
meio da ampliação de seus estoques. 
“A elevação do preço do arroz no mer-
cado internacional, somada à forte 
valorização do dólar, elevou a com-
petitividade do grão brasileiro no pri-
meiro semestre”, afirma.
S A F R A
11
12
S A F R A
setembro • www.planetaarroz.com.br
Melhores preços
Mesmo com a possibilidade de 
compras externas, fora do Mercosul, 
sem a incidência da Tarifa Externa 
Comum (TEC) o Brasil poderá ter 
um bom desempenho de preços na 
próxima temporada, se mantido o 
cenário neutro do modelo economé-
trico adotado pela Conab para a cul-
tura do arroz. A companhia estima 
que a cotação de entrada na próxima 
safra, por saca de arroz de 50 quilos, 
em casca, 58x10, deve ficar em R$ 
56,84, em março de 2021.
A estimativa indica que o pico de 
preços poderá alcançar R$ 72,90/sc 
no cenário otimista. Para a entrada 
da próxima safra, o preço deve ficar 
entre R$ 63,64/sc e R$ 56,84/sc. Caso 
o cenário traçado de produção seja 
concretizado, espera-se que o preço 
fique na entrada da safra próximo ao 
estimado no cenário neutro (R$ 56,84/
sc), mantendo a projeção de redução 
nos preços e elevação dos custos de 
produção, por causa do dólar mais 
alto na compra de insumos, entre 
outros fatores, a rentabilidade deverá 
cair.
A redução nas cotações, compa-
rada ao dia 25 de agosto, quando bateu 
em R$ 88,49, é de 33,5%, valor equi-
valente a R$ 31,65 por saca. No 
entanto, é importante lembrar que 
algumas indústrias da Campanha, da 
Fronteira Oeste e da Depressão Cen-
tral financiaram lavouras, via Cédula 
de Produto Rural (CPR´s), com preço 
travado em R$ 60,00 por saca para 
30 de março, uma inovação no sis-
tema de crédito privado. Trata-se de 
uma proposta experimental, de baixa 
capilaridade.
A conclusão da Conab é de que, 
com o cenário se mantendo com per-
fil neutro – nem no limite inferior 
nem no limite superior –, o mercado 
permanecerá com preços elevados até 
a entrada da próxima safra 2020/21, 
mesmo com ingresso de produtos de 
terceiros países, diante de uma reti-
rada da Tarifa Externa Comum de 
12% (que chega a 14% em cascata) se 
os volumes não passarem de 300 mil 
toneladas (com outras 500 a 600 mil 
toneladas do Mercosul). De qualquer 
forma, a perspectiva é de que as cota-
ções em 2021/22 fiquem em um pata-
mar inferior ao identificado na safra 
2019/20. A importação ajudará a esta-
belecer paridade com o mercado inter-
nacional, que no fim de agosto estava 
acima de R$ 100,00 por saca, colo-
cada no Brasil.
Para a Conab, a recuperação da 
oferta nacional, em razão de uma pro-
jetada recuperação de área, será fator 
determinante neste comportamento 
estimado. Caso a produção expanda 
em 7,3% de acordo com o indicado 
pelo modelo econométrico, há alta 
probabilidade que a curva de preços 
se comporte semelhante ao indicado 
pelo modelo de séries temporais no 
cenário neutro. Esta, como compro-
vamos anualmente, é uma tendência, 
nunca uma certeza. 
S A F R A
14 setembro • www.planetaarroz.com.br
M E R C A D O
A tempestade perfeita
Arroz chega a R$ 100,00 
com o produtor dando 
as cartas no mercado
Nem em sonho o rizicultor espe-
rava que em 2020 diversos fatores 
se uniriam para formar a “tempes-
tade perfeita” e elevar os preços do 
arroz em casca a um patamar recorde. 
No fim de agosto chegou a R$ 100,00 
por saca de 50 quilos no Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina, ultrapassou 
R$ 125,00 no Mato Grosso e R$ 
110,00 no Tocantins, sendo que nes-
tes dois estados são sacas de 60 qui-
los com grãos de 55% de inteiros, 
acima. O indicador Esalq/Senar-RS 
chegou a 31 de agosto em R$ 94,02, 
com alta de 38,18% no mês e equi-
valendo a US$ 17,17 pelo câmbio 
oficial, nas seis regiões arrozeiras 
gaúchas.
Antes, os maiores preços do arroz 
em casca desde que o indicador foi 
criado, em 2005, foram atingidos em 
2008, como reflexo da crise de ali-
mentos e econômica, em valores 
equivalentes a cerca de R$ 72,00 cor-
rigidos pela inflação, no início de 
agosto.
“De março a agosto as oportuni-
dades se criaram da forma certa e 
no tempo certo, de maneira a asse-
gurar a alta das cotações”, observa 
Cleiton Evandro dos Santos, analista 
da AgroDados/Planeta Arroz. 
Ele ressalva, no entanto, que a 
redução de área dos últimos anos e 
a saída de muitos arrozeiros da ati-
vidade, também são fatores que con-
taram para o desempenho. “Mesmo 
com alta produtividade média, o 
Mercosul recuou o equivalente a uma 
Santa Catarina e meia em área nesta 
década por falta de renda na ativi-
dade. Em 15 anos, pelas médias do 
custo, produtividade e preço de 
venda, ao menos nove deram preju-
ízos no Rio Grande do Sul. Os cus-
tos subiram em todos os países e o 
endividamento se multiplicou”, 
explica.
Mas, o Brasil, desde o ano safra 
2011/12, tem saldo positivo de 4,53 
milhões de toneladas (base casca) na 
balança comercial do arroz, tendo 
importado 7,72 milhões de t e expor-
tado 12,25 milhões. Ou seja, neutra-
lizou o efeito das compras do Mer-
cosul e ainda exportou o equivalente 
a 40% de uma safra. “Em nove safras, 
exportamos mais de uma”, frisa.
Afora isso, o Brasil trabalhava com 
a previsão de colheita menor, pela 
retração da área plantada para 940 
mil hectares e problemas de clima 
como excesso de chuvas em outubro 
de 2019. A seca prolongada, desde 
novembro, afetou a irrigação no fim 
do ciclo de algumas lavouras, sem 
contar as baixas temperaturas no 
Carnaval. Mas, ao contrário do espe-rado, houve produtividade recorde 
no Rio Grande do Sul graças à radia-
ção solar.
Afora a balança comercial muito 
positiva por causa do câmbio e do 
esforço exportador nos últimos anos, 
outro grande fator de elevação de 
preços foi o fato do varejo entrar 2020 
esperando a safra do Sul do Brasil 
para recompor estoques. Quando 
estourou a pandemia, em 13 de 
março, o povo correu aos supermer-
cados para comprar e estocar alimen-
tos, antecipou o fluxo de compras e 
aumentou o consumo. O varejo foi 
pego no contrapé, correu atrás da 
indústria e precisou pagar mais frente 
ao crescimento da demanda. Alguns 
engenhos venderam, em 16 de março, 
o equivalente a um mês e meio de 
negócios. Isso fortaleceu as cotações 
em pleno pico de colheita. Dali para 
frente, os valores cresceram até dis-
pararem em agosto.
“A safra gaúcha foi 600 mil tone-
ladas maior do que o esperado, em 
7,84 milhões de t, as plantas indus-
triais estavam sendo abastecidas num 
volume maior do que a média. Isso 
deu suporte e tranquilidade ao supri-
mento nacional”, acrescenta Tiago 
Sarmento Barata, do Sindarroz/RS. 
DE OLHO
FIQUE
Com a chegada do auxílio emergencial do governo, de R$ 600,00 a partir 
de abril/maio, houve novas ondas de compras de alimentos. O distanciamento 
social fez as pessoas realizarem mais refeições em casa, elevando o consumo 
entre 5%, para 10,8 milhões de toneladas, segundo a Conab, e 10% (11,3 milhões 
de t), segundo a Federarroz. Ao almoçar e jantar em casa, o brasileiro consome 
mais arroz, feijão e trigo. Ao se alimentar em restaurantes, tem maior preferên-
cia por proteínas, saladas e variedades no cardápio.
16 setembro • www.planetaarroz.com.br
M E R C A D O
Fatores externos, mudanças internas
Entre março e abril de 2020, havia 
a expectativa de que a covid-19 fosse 
vencida em três meses, o que não 
aconteceu. Isso manteve as pessoas 
comprando gêneros básicos e em dis-
tanciamento parcial. O dólar dispa-
rou. Os grandes fornecedores da Ásia 
passaram a ter problemas para ven-
der e embarcar arroz com lockdown 
em alguns portos, redução da mão 
de obra disponível e até suspensão 
de exportações. Sob pressão de abas-
tecimento, quase todos os países do 
mundo buscaram importar alimen-
tos e garantir o abastecimento.
Esse movimento gerou uma esca-
lada de alta nos grandes países expor-
tadores da Ásia, e o reflexo foi um 
tsunami de demanda no Brasil e no 
Mercosul. Acontece que os Estados 
Unidos, com grande demanda interna 
para cestas básicas e doações, anun-
ciou em fevereiro que estava com seus 
estoques comprometidos até setem-
bro, na nova colheita, e não faria 
novas vendas, apenas embarcaria o 
que estava negociado. Com duas que-
bras de safras em três anos, a pri-
meira de 20% e a segunda, em 2019, 
de 15%, e aumento do consumo, os 
estoques americanos quase zeraram.
Então, os clientes da Europa, Amé-
ricas e África se voltaram ao Merco-
sul, em especial ao Brasil que tinha 
preços – exportava a R$ 68,00 e R$ 
72,00 por saca em casca. Os valores 
não eram competitivos para uru-
guaios, argentinos e paraguaios. E 
ainda enfrentavam a seca histórica 
no Rio Paraná, que tornou quase invi-
ável a navegação para escoar a safra 
paraguaia para terceiros mercados.
O Brasil liderou as vendas exter-
nas, do bloco, inclusive para os Esta-
dos Unidos. E ainda viu o México 
derrubando taxas para comprar arroz 
brasileiro e uruguaio em grandes 
volumes. Em cinco meses (março a 
julho) foram exportadas quase 1,1 
milhão de toneladas (base casca), 
volume que deve superar 1,250 
milhões de t acumuladas até agosto.
Neste cenário, nadamos de bra-
çada nas exportações, mas então veio 
a ressaca. Ainda que o dólar tenha 
se mantido alto, a boa demanda 
interna e a ruptura de oferta, em fun-
ção do arroz disponível estar restrito 
a poucos agricultores, os preços locais 
começaram a disparar e o Mercosul 
demonstrou estar com baixos esto-
ques disponíveis e pelo menos 60 
países demandando o seu grão. O 
Brasil deixou de ser competitivo para 
exportar, e o mercado interno tor-
nou-se mais atrativo do que nunca.
Como alternativa, a indústria bus-
cou a suspensão temporária da Tarifa 
Externa Comum (TEC) de 12% para 
o grão beneficiado e 10% para o arroz 
em casca, até o fim do ano ou para 
limite de 300 mil toneladas, como 
forma de se abastecer em países de 
fora do Mercosul. Os preços ao con-
sumidor já superavam R$ 5,00 por 
quilo ou R$ 25,00 por pacote de 5 
quilos do Tipo 1, branco, com 100% 
de valorização em algumas marcas.
A Câmara Setorial, reunida dia 
1º de setembro, rejeitou por 16 a seis 
a proposta, mas a demanda foi enca-
minhada ao Ministério da Economia.
Desta maneira, chegamos ao fim 
de agosto com duas saídas: pagar o 
preço necessário para ter fluxo de 
comercialização no mercado interno 
ou importar pagando mais caro.
SÉRIE DE PREÇOS DE ARROZ EM CASCA ESALQ-SENAR/RS
R$ por saca de 50 kg*
Ano/mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média anual
2017 49,63 49,38 41,67 38,96 38,95 39,75 40,23 39,83 37,20 36,41 37,27 37,35 40,55
2018 36,78 35,43 35,06 35,78 36,63 38,99 42,02 44,16 45,59 44,81 41,76 40,15 39,76
2019 40,17 39,94 39,31 41,78 44,22 43,98 43,08 43,75 45,40 45,93 46,60 47,90 43,51
2020 49,60 50,52 49,81 54,74 60,72 53,08 61,92 64,67** - - - - 55,63**
Média 44,04 43,82 41,46 42,82 45,13 46,16 46,81 48,10 42,73 43,38 41,87 41,80 44,01
Mensal
* Médias mensais nominais 
** Parcial até 12 de agosto Fonte: Cepea/Esalq/usp/arroz
.............................................................................................................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................................................................................
Preços devem se manter elevados em 2021
Ainda que não nos mesmos pata-
mares, o cenário do fim de agosto 
para os preços do arroz é de pata-
mares altos até o fim do ano comer-
cial, em fevereiro de 2021, e ainda 
rentáveis ao longo de 2021/22. Isso 
porque, mesmo com aumento de 
área, a estimativa dos analistas e da 
Conab é de uma relação de oferta e 
demanda equilibrada, apesar do 
maior estoque de passagem – acima 
de 800 mil toneladas – dos últimos 
cinco anos para fevereiro de 2022. É 
consenso que quem poderá derru-
bar o mercado de arroz é o próprio 
arrozeiro, ao definir a área plantada 
e a dimensão da colheita que está 
sendo semeada.
“Superdimensionar pode nos 
fazer perder o que se construiu até 
agora em termos de preços”, entende 
o presidente da Federarroz, Alexan-
dre Velho. Ele acredita que os bons 
preços da pecuária e da soja incen-
tivam o produtor a manter-se com 
área limitada para assegurar uma 
relação de oferta e demanda ajustada 
o suficiente para garantirabasteci-
mento interno, exportação e um esto-
que estratégico.
O Mercosul também vai aumen-
tar área, assim como os Estados Uni-
dos colhe uma grande safra e a Índia 
busca um recorde. “O mundo está 
abastecido, tem estoque recorde de 
182 milhões de toneladas. O pro-
blema é que mais de 80% estão con-
centrados na Índia e na China”, 
explica Cleiton Evandro dos Santos, 
de AgroDados/Planeta Arroz. 
Segundo ele, os estoques ajusta-
dos no Brasil até o fim do ano deter-
minarão preços em novos patamares, 
mesmo ao consumidor, mas a pró-
xima safra não deve fazer as cotações 
voltarem aos patamares de 2019, por 
exemplo. “Sob aumento adequado 
da produção, a tendência é de que 
não tenhamos preços nem tão perto 
dos R$ 100,00 e nem dos R$ 40,00. 
Hoje se trabalha com uma expecta-
tiva em torno de R$ 60,00 para a 
época de colheita, limite de trava-
mento para 30 de março por alguns 
contratos de CPR´s. É um bom preço 
de arrancada ao agricultor. Muitos 
fatores vão interferir até lá”, observa.
A ressalva é uma enxurrada de 
arroz norte-americano no Brasil no 
segundo semestre e a expansão exa-
gerada do plantio no país e no Mer-
cosul. Colheita que aumente um 
milhão de toneladas na região pode 
representar até R$ 40,00 a menos por 
saca de arroz em casca ano que vem, 
e volta aos patamares históricos.
Santos lembra que o custo de pro-
dução deve subir pelos fertilizantes 
e defensivos cotados em dólar, máqui-
nas e equipamentos e também pelas 
taxas sobre diesel, energia, entre 
outros. Outro motivo de preocupa-
ção é o clima. “Após a estiagem pro-
longada, tivemos outono e inverno 
que não permitiram a recomposição 
total das barragens. Sem boas chu-
vas de primavera, podemos ter a área 
limitada pela incapacidade de irri-
gar”, aponta André Mattos, coorde-
nador do Irga na Zona Sul.
Quem tem boas produtividades 
em soja, em especial o cultivo irri-
gado e dispõe de água, não tem moti-
vos para ampliar a área de arroz de 
forma significativa. Soja tem liqui-
dez e boa margem de preços. A pecu-
ária também tem gerado bons ren-
dimentos. “No arroz, tivemos um 
ano atípico. Mas, mesmo colhendo 
bem, o arrozeiro pode ter prejuízos. 
Dependerá de custo, produtividade 
e preço médio de venda”, explica 
Santos.
1. Redução de área e estoques (RS, Brasil e Mercosul)
2. Expectativa de safra menor (RS, Brasil e Mercosul)
3. Quadro de oferta e demanda ajustado
4. Estados Unidos sem disponibilidades
5. Pandemia com aumento do consumo e compras de pânico
6. Exportações recordes e câmbio favorável
7. Elevação das cotações internacionais
8. Oferta restrita a poucos produtores
9. Elevação das cotações do Mercosul
10. Menor resistência aos preços pelo varejo e consumidor
11. Elevação das áreas de soja irrigada
FATORES QUE PESARAM NA VALORIZAÇÃO FATORES DE RISCO AOS PREÇOS ATUAIS
1. Aumento de área, produção e oferta (RS, Brasil, 
 EUA e Mercosul)
2. Elevação dos estoques (Brasil, Mercosul e 
 mundo)
3. Importação acima do necessário
4. Retração do consumo
5. Formação de grandes estoques ao longo da cadeia 
 produtiva
6. Perda de mercados internacionais
7. CPR´s
8. Endividamento
M E R C A D O
17
M E R C A D O
setembro • www.planetaarroz.com.br
A orizicultura no Século 21
MARCO AURÉLIO MARQUES TAVARES, 
ADMINISTRADOR DE EMPRESA E PRODUTOR RURAL
18
O setor 
arrozeiro 
gaúcho, no 
início dos 
anos 2000, 
dependia 
de inter-
venções 
governa-
mentais e mecanismos lastreados 
nos preços mínimos que elevavam 
estoques públicos e a pressão destas 
disponibilidades em nova interven-
ção (de oferta) no mercado. Em mui-
tas safras, os preços ficavam abaixo 
das referências oficiais e essa política 
era de vital importância. Esse cená-
rio contribuiu para gerar um endi-
vidamento potencializado por pla-
nos econômicos anteriores, clima 
adverso, e a época foi marcada por 
importantes mobilizações de rizi-
cultores.
Em 2004, a cadeia produtiva elen-
cou a venda internacional como prio-
ridade para equilibrar os preços 
internos. As exportações cresceram 
e colocaram o país entre os dez maio-
res players mundiais, com superávits 
que ajudam a neutralizar a pressão 
das cotações pela importação do 
Mercosul. 
Nos últimos anos, ao incremen-
tar as vendas externas de arroz em 
casca (Paddy), o cenário teve mais 
mudanças, como regionalização do 
mercado e impactos na formação 
dos preços internos. As operações 
alteraram o perfil de negócios e for-
taleceram as praças mais próximas 
ao polo exportador, na Zona Sul, 
criando a opção de atender ao seg-
mento industrial ou direcionar o grão 
para venda internacional. O preço 
de paridade tornou-se referência ao 
mercado interno. Até julho de 2020, 
o exportado beirou 1,1 milhão de 
toneladas a mais de 100 países. Em 
junho, bateu recorde de 316 mil tone-
ladas. Cenário favorecido por alta 
do dólar, pandemia e preços mun-
diais.
Outro aspecto relevante é a 
mudança no perfil do crédito agrí-
cola. Segundo a Farsul, enquanto em 
2010 o crédito oficial controlado 
representava 50% da demanda da 
lavoura, atualmente representa 20%. 
Cerca de 35% dos custos eram geri-
dos com recursos próprios, partici-
pação que caiu para 10%. O mais 
grave é que atualmente 65% das 
necessidades de crédito são atendi-
das por revendas e cooperativas 
(15%) e indústrias beneficiadoras 
(50%), criando dependência do arro-
zeiro ao comprador/financiador e 
impactando a formação do preço 
(arroz a depósito e financiado com 
vencimento na safra). Isso gera forte 
transferência de renda para outro 
da cadeia produtiva, e enfraquece o 
orizicultor.
O custo do crédito oficial e de 
bancos privados, com juros acima 
da taxa básica, e o dispêndio com 
acessórios e reciprocidades em ope-
rações de custeio e comercialização 
onera o tomador do crédito. E ainda 
tem a burocracia anual de um sis-
tema que deveria dispor de crédito 
rotativo, ágil, que minimize custos 
cartoriais.
Custos de produção, em geral 
acima dos preços médios de venda, 
impactam a liquidez e a renda da 
atividade. Se mais de dois terços dos 
produtores são arrendatários e o 
desembolso com terra e água é ele-
vado, a competitividade é ainda mais 
afetada. Parte do investimento é dola-
rizada e depende de setores oligo-
polizados.
Nas últimas 14 safras, houve pre-
juízos em nove, considerando médias 
de custo, produtividade e preços. Na 
última safra, diz o Irga, o custo pro-
dutivo alcançou R$ 10.000/ha ou R$ 
24
,44
47
,62
23
,5 92
,2
37
9,7 45
2,3
31
3,1
78
9,9 89
4,4
62
7,4
2.0
89
,60
1.4
55
,20
1.2
10
,70
1.1
88
,40 1.3
62
,20
89
3,7 1.
06
4,7
0
1.7
10
,20
1.3
61
,00
1.2
53
,00
EXPORTAÇÕES 
BRASILEIRAS
*Janeiro a julho de 2020. Fonte: MDIC
Ano safra
Volume (mil t)
19
M E R C A D O
O futuro da orizicultura passa 
pela profissionalização permanente 
do produtor/gestor rural; com dedi-
cação ao controle de custos; uso ade-
quado da tecnologia; voltar-se ao 
mercado; cautela nos investimentos, 
pois a imobilização contribui para 
o endividamento; racionalizar áreas 
com aptidão para altas produtivi-
dades e a gestão do negócio. É impor-
tante rotacionar arroz com soja e/
ou a pecuária buscando alternativas 
agronômicas e comerciais que vise 
ganhos de escala e rateio dos custos 
fixos, evitando a monocultura. É 
imprescindível estabelecer novo for-
mato de parceria entre arrendatário 
e arrendador. Isso tem repercutido 
na redução de área plantada e no 
número de arrozeiros no estado.
É necessária e relevante a 
mudança no perfil de crédito e 
comercialização. A dependência de 
financiamento e a entrega de “arroz 
a depósito” na indústria é um modelo 
inviável e perverso. O arrozeiro fica 
refém, sem poder de barganha, e 
torna-se um cooperante do sistema.
A alternativa de criar coopera-
tivas de produtores e parcerias para 
armazenagem e comercialização, 
inclusive em terceiros mercados, 
urge como estratégia, com bons 
exemplos. O investimento em arma-
zenagem própriaé outro caminho. 
Autonomia é um princípio básico 
para o sucesso comercial e finan-
ceiro.
A busca de mecanismos moder-
nos de venda como derivativos, bolsa 
de mercadorias e mercado futuro, 
é urgente, pois a comercialização no 
setor é arcaica e de risco. Campa-
nha de estímulo ao consumo do 
cereal e o uso de subprodutos tor-
nam-se impreteríveis no mercado 
doméstico e na consolidação e ala-
vancagem das exportações.
Na atual safra, o arrozeiro gaú-
cho superou dificuldades e alcançou 
média recorde (8.400 kg/ha), e mos-
trou o seu protagonismo. No cená-
rio de pandemia, onde as palavras 
de ordem são segurança alimentar, 
o mundo continuará demandando 
alimentos e o agro mostrará a sua 
relevância, inclusive para a retomada 
econômica que o país necessita. O 
produtor é primordial e indispen-
sável, como também o seu reconhe-
cimento e valorização pela socie-
dade, e a necessidade de renda e 
sustentabilidade para desenvolver 
esse papel vital da produção de ali-
mentos para abastecer o Brasil e o 
mundo.
Tendências e desafios
60,00/50 kg. As altas do dólar e insu-
mos podem frear a elevação ainda 
mais expressiva na área na próxima 
safra. Outro aspecto relevante nos 
últimos 20 anos foi a ocorrência de 
fenômenos climáticos intensos, 
enxurradas e estiagens (como 2019/
arroz e 2020/soja), que comprome-
teram as safras. O agricultor assume 
integralmente o risco e conta com 
regras de um seguro ultrapassado e 
inadequado à realidade, e dependente 
de improváveis soluções governa-
mentais, que, em geral, não passam 
de promessas.
setembro • www.planetaarroz.com.br
M E R C A D O
20
Uma 
combinação 
de fatores 
determinou 
a q u e d a 
acentuada 
da área e, em 
menor pro-
porção, da 
produção de arroz no Brasil e no Rio 
Grande do Sul. Entre 2000 e 2020, a 
área plantada com arroz no Brasil 
acumula uma queda de 55%, de 3,677 
milhões de hectares para os atuais 
1,650 milhão de hectares. A produ-
ção, entretanto, recuou bem menos 
no mesmo intervalo, de 11,423 
milhões de toneladas para 10,583 
milhões de toneladas, um recuo de 
pouco mais de 7%.
Isso decorre do fato de que as 
maiores retrações de área plantada 
ocorreram nas regiões que cultivam 
arroz de terras altas (sequeiro), com 
queda menos acentuada nas áreas 
irrigadas, que tem produtividades 
médias maiores. É o caso do Rio 
Grande do Sul. Neste mesmo perí-
odo analisado, a área plantada no 
estado praticamente não sofreu alte-
ração. Há 20 anos, o estado cultivava 
uma área de 942 mil hectares. Essa 
área cresceu até a temporada de 
2010/2011, quando atingiu 1,171 
milhão de hectares, mas depois seguiu 
o mesmo movimento do país, com 
quedas praticamente contínuas, che-
gando hoje aos 940 mil hectares.
No caso do Rio Grande do Sul, a 
Evolução da lavoura de arroz nas últimas 
décadas e tendências futuras
CARLOS COGO
SÓCIO-CONSULTOR DA CARLOS COGO 
INTELIGÊNCIA EM AGRONEGÓCIOS
produção sofreu uma queda expres-
siva: de 8,9 milhões de toneladas em 
2010/2011 para 7,4 milhões de tone-
ladas atualmente, um recuo de 17%. 
Essa queda acentuada da área é 
reflexo de fatores combinados e 
simultâneos: a expressiva queda de 
consumo per capita de arroz nas últi-
mas décadas, o alto endividamento 
do setor produtivo, a predominância 
de áreas arrendadas no processo pro-
dutivo e o encolhimento ou até o 
desaparecimento das margens de ren-
tabilidade da cultura.
Pelo menos 60% dos produtores 
da Metade Sul do Rio Grande do Sul 
são arrendatários das terras em que 
plantam, a custos muito elevados, 
que praticamente inviabilizam finan-
ceiramente o processo produtivo, por 
mais tecnificada que seja a lavoura.
A queda de consumo per capita 
foi de 25% nos últimos 20 anos (de 
45,1 kg por habitante em 2000 para 
34 kg em 2019) e de 36%, se consi-
derarmos um período mais longo 
(52,5 kg por habitante em 1990). A 
expansão da renda, especialmente 
da classe C, assim como ocorrido em 
outras economias emergentes, pro-
vocou uma forte migração do con-
sumo de cereais (arroz e trigo), feijão 
e tubérculos para proteínas animais. 
O destaque dessa migração foi a carne 
de frango, cujo consumo per capita 
saltou de 30 kg em 2000 para 43 kg 
em 2019.
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
Ainda há espaços para a queda 
da área cultivada, especialmente nas 
regiões produtoras de terras altas. A 
tendência é de predomínio absoluto 
das áreas irrigadas com alta tecno-
logia e elevadas produtividades na 
cadeia produtiva. As projeções da 
nossa consultoria apontam para uma 
área total plantada no Brasil de 1,2 
milhão de hectares até o fim desta 
década, com 85% desta superfície 
ocupada com cultivo irrigado.
O desafio será permanecer na 
cadeia produtiva até que se encontre 
um equilíbrio entre oferta e demanda 
no mercado interno. Esse desafio 
passará por dois pontos cruciais: ele-
var a produtividade das áreas irriga-
das de arroz para reduzir ainda mais 
o custo final por unidade produzida, 
consolidar a cultura da soja na Metade 
Sul do Rio Grande do Sul e elevar os 
volumes exportados, a fim de man-
ter dois canais de demanda – o mer-
cado doméstico e o externo.
Como oportunidade, vemos o 
cultivo de soja na Metade Sul do Rio 
Grande do Sul se expandindo, mas 
não somente em rotação com o arroz 
irrigado, mas, sim, em substituição 
de culturas, o que já ocorre em mui-
tos municípios, com aumento da área 
plantada com soja e redução do cul-
tivo de arroz. Atualmente, são 1,5 
milhão de hectares com soja na 
Metade Sul, mas a estimativa é de 
que, no máximo em cinco anos, a 
área atinja 2 milhões de hectares nesta 
região do Rio Grande do Sul.
Isso deve elevar a receita bruta e 
as margens líquidas dos produtores, 
na direção da viabilização financeira 
da propriedade como um todo. A 
soja já tem alta liquidez e o Brasil é 
o maior produtor e exportador glo-
M E R C A D O
21
bal e o arroz ainda tem espaços para 
abertura de novos mercados no exte-
rior, que permitam compensar o recuo 
da demanda interna e promover o equi-
líbrio entre oferta e demanda, com os 
preços domésticos mais sustentados, 
ancorados na paridade de exportação.
A pandemia da covid-19 trouxe 
grande alento ao setor em 2020, com a 
disparada dos preços pagos aos produ-
tores que atingiram recordes nominais, 
decorrentes de uma combinação de rea-
ção do consumo interno e de exporta-
ções elevadas. O aumento do consumo 
interno decorre de fatores como alto 
nível de desemprego, redução da cir-
culação de pessoas e de refeições fora 
do lar, aumento do preparo de refeições 
nos lares e de ajudas emergenciais do 
governo que acabaram concentradas 
em compras de alimentos básicos.
No caso das exportações, a forte 
escalada vista em 2020 decorre da com-
binação da alta do dólar e da elevação 
das cotações do arroz no mercado 
externo (em dólares), o que elevou a 
paridade de exportação. As perguntas 
que ficam são: será que o aumento de 
consumo interno se sustenta a partir 
de 2021 e no longo prazo? As expor-
tações vão continuar em expansão a 
partir da próxima safra?
De qualquer forma, essas mudan-
ças conjunturais de demanda podem 
permanecer em proporções distintas, 
mantendo-se, por exemplo, um aumento 
da conquista de mercados de exporta-
ção, com o consumo interno retroce-
dendo, deixando a esperança de que a 
cadeia produtiva possa ter encontrado 
caminhos para resgatar a competivi-
dade e a lucratividade da orizicultura 
irrigada para trilhar com sucesso as 
próximas décadas.
M E R C A D O
À beira do limite
Balança comercial ajusta 
quadro de oferta e 
demanda do Mercosul
Uma conjuntura que reuniu o 
câmbio favorável, os Estados Unidos 
ausentes do mercado internacional 
desde março e a alta demanda global 
por arroz por causa da pandemia da 
covid-19 fizeram com que o Brasil 
batesse recordes nas exportações 
entre março e julho de 2020. Mais 
de 100 países foram atendidos desde 
o início do distanciamento social, em 
março, até julho. Em junho, os bra-
sileiros bateram um recorde de 
embarques, com 316,4 mil toneladas. 
Em julho, foram 298,9 mil t,segundo 
o Ministério da Indústria e Comér-
cio Exterior (MDIC).
No acumulado dos cinco primei-
ros meses do ano comercial, o Brasil 
embarcou 1,098 milhão de tonela-
das, com saldo de 729,9 mil t, ou seja, 
97% a mais do que no período do 
ano passado. As importações foram 
discretas até julho por causa da pari-
dade, elevada mesmo para o grão do 
Mercosul. A soma foi 368,7 mil tone-
ladas adquiridas, 19% menos que em 
2019, na mesma época. O Paraguai 
é a principal origem das compras, 
com 70,1% do total, sendo 62% das 
cargas beneficiadas, segundo o dire-
tor do Sindarroz/RS, Tiago Barata.
Agosto poderia superar 150 mil 
toneladas embarcadas, mas a expec-
tativa diante dos preços internos é 
da reversão gradual na balança 
comercial, com as compras mensais 
maiores do que as vendas, mesmo 
com o dólar valorizado. A queda 
acentuada nos estoques do Mercosul 
e uma demanda de vários países 
reforça a alta de preços. A ruptura 
da oferta interna levou o segmento 
industrial a buscar a suspensão da 
Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% 
sobre o arroz beneficiado e 10% sobre 
a casca para países de fora do Mer-
cosul. A medida tem resistência no 
Mapa e foi rechaçada na Câmara 
Setorial Nacional por 16 a seis. 
O analista de arroz da Conab, Sér-
gio Roberto Santos Júnior, avalia que 
“assim como o mercado foi favorável 
ao Brasil até julho, em agosto come-
çou a se equilibrar com o Mercosul 
e tendemos a comprar mais do que 
vender até fevereiro”. No fim de agosto, 
os preços brasileiros superaram R$ 
100,00, mas a paridade fora do Mer-
cosul estava bem acima disso.
FIQUE
DE OLHO
O projeto Brazilian Rice, parceria de promoção do arroz brasileiro entre 
Abiarroz e a Apex-Brasil, definiu oito países prioritários para as vendas nacio-
nais até 2022: Canadá, Guatemala, México, Panamá, Peru, Reino Unido, Turquia 
e Marrocos. O programa está em fase de renovação com a meta de realizar 
ações que gerem resultados sustentáveis de exportação em longo prazo, e 
não apenas negócios de ocasião por fatores como câmbio e safra. 
Exportações de arroz por tipo (t, base casca)
Ano comercial (março/fevereiro)
Março a julho 2020
TIPO IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO
Beneficiado 230.120,7 456.938,6 
Casca 37.496,7 368.157,8
Descascado 94.214,5 9.760,6
Quebrado 6.884,4 263.760,8
Total 368.716,5 1.098.617,8
Ano Importação Exportação Saldo
2011/12 833.653 2.099.088 1.265.435
2012/13 1.093.593 1.472.884 379.291
2013/14 980.956 1.203.428 222.471
2014/15 807.499 1.188.749 381.250
2015/16 502.936 1.360.305 857.368
2016/17 1.187.210 894.732 -292.478
2017/18 1.041.788 1.064.746 22.959
2018/19 845.202 1.710.194 864.992
2019/20 1.037.515 1.360.915 323.401
2020/21* 368.717 1.098.618 729.901
Fonte: MDIC e Sindarroz/RS
Fonte: MDIC e 
Sindarroz/RS
setembro • www.planetaarroz.com.br22
setembro • www.planetaarroz.com.br
M E R C A D O
24
Os últimos 20 anos e os próximos 
20 anos do setor orizícola brasileiro
SÉRGIO ROBERTO SANTOS 
ANALISTA DE MERCADO E GERENTE DE FIBRAS E 
ALIMENTOS BÁSICOS DA COMPANHIA NACIONAL 
DE ABASTECIMENTO (CONAB).
Nos últi-
m o s 2 0 
anos, o mer-
cado orizí-
cola brasi-
leiro se con-
solidou 
como um 
forte inves-
timento em tecnologia no campo e 
desenvolvimento genético de semen-
tes. Estes trabalhos resultaram em 
uma significativa expansão da pro-
dutividade do setor de 116,2% no 
Brasil. Para se ter uma ideia do salto 
dado, na safra 1999/2000 a produ-
tividade identificada era de 3.106 kg/
ha e, na atual, a Conab estima uma 
produtividade média no Brasil de 
6.714 kg/ha. Ao se considerar ape-
nas o maior estado produtor, o Rio 
Grande do Sul, a produtividade 
média estimada atinge 8.369 kg/ha.
Outro ponto de avanço na cadeia 
produtiva foi a promoção do arroz 
brasileiro no mercado internacional, 
impulsionado principalmente após 
a super safra 2010/2011. A partir de 
então, o país se consolidou como 
exportador líquido, comercializando 
um produto com alta qualidade. Cabe 
ressaltar, todavia, que a elevada carga 
tributária e os subsequentes eleva-
dos custos de produção frearam uma 
expansão ainda mais intensa das 
exportações brasileiras.
Hoje o desafio é traçar novas 
estratégias e objetivos da cadeia ori-
zícola para os próximos 20 anos, após 
a superação das barreiras iniciais 
enfrentadas pelo produtor nas duas 
últimas décadas. Nesse contexto, com 
as seguidas retrações do consumo 
nacional e com os recorrentes pre-
ços baixos de comercialização nos 
últimos anos, em meio às mudanças 
de hábitos da população brasileira 
e à dificuldade de expansão de mer-
cado externo após o crescimento e 
consolidação inicial, o desenvolvi-
mento e a promoção de produtos 
derivados do arroz tornam-se algo 
imprescindível. Na Ásia, a título de 
exemplo, consumo de arroz, fora do 
u s u a l d e g r ã o in natura , é 
extremamente significante na 
composição das demandas locais.
Outra vertente vista como impor-
tante, vis-à-vis à crescente demanda 
por arroz orgânico, no Brasil e no 
mundo, e ao seu alto valor agregado 
de comercialização, é o incentivo ao 
desenvolvimento e à expansão do 
grão orgânico no país. Hoje este 
mercado ainda é incipiente no Brasil 
e, no mundo, não há país que esteja 
em posição dominante neste nicho. 
Entretanto, têm sido notados esforços 
do governo tailandês que vem 
incentivando o crescimento de áreas 
destinadas às lavouras orgânicas, e 
a promoção desse produto no comér-
cio global.
Para isso, a Tailândia criou uma 
Denominação de Origem Contro-
lada (DOC) de arroz orgânico e uma 
plataforma digital, buscando maior 
credibilidade da cadeia produtiva 
local e transparência e rastreabili-
dade de seu processo produ-
tivo. Especificamente para o Brasil, 
um maior desenvolvimento e inser-
ção neste mercado trará, além de 
todos os benefícios com a agregação 
de valor, uma melhora na imagem 
do país no comércio internacional, 
o que seguramente refletirá como 
externalidade positiva em toda essa 
cadeia produtiva.
Em suma, o desafio central para 
o futuro não mais será em torno da 
ampliação da produtividade da 
lavoura de arroz, e sim da agregação 
de valor do produto comercializado 
e da expansão da demanda nacional 
e internacional do grão brasileiro.
assinatura planeta
A pro -
d u ç ã o d e 
a r r o z e m 
Santa Cata-
rina passou 
por profun-
das trans-
formações 
nos últimos 
20 anos. O incremento de tecnolo-
gia, com desenvolvimento de culti-
vares adequados às condições climá-
ticas do estado, com alto potencial 
produtivo e que atendam as deman-
das do mercado fizeram a produti-
vidade média do estado saltar de 5,9 
para 8 toneladas em duas décadas, 
de acordo com dados da Epagri/Cepa. 
Isso representa um incremento de 
38% em termos absolutos e equivale 
a uma média de ganho de produti-
vidade de 1,6% ao ano nesse período.
Em paralelo a isto, visualizamos 
Perfil e tendências da orizicultura 
em Santa Catarina
GLÁUCIA ALMEIDA PADRÃO 
ECONOMISTA – CEPA/EPAGRI (SC)
uma significativa redução no número 
de produtores no estado. Segundo 
dados do IBGE, no ano de 2006 tínha-
mos aproximadamente 8 mil esta-
belecimentos produtores de arroz em 
Santa Catarina e no Censo de 2017, 
o número se aproxima de 5 mil esta-
belecimentos. A redução foi de cerca 
de 37%.
 Por outro lado, a área média que 
em 2006 era de 16 hectares passou 
para 25 hectares em 2017. 
Entre os principais limitantes à 
permanência dos produtores desta-
cam-se os custos elevados e a mar-
gem baixa, que levou muitos orizi-
cultores a arrendarem suas terras para 
terceiros. No estado, estima-se que 
60% das áreas sejam arrendadas. 
Grande parte desses custos ele-
vados se deve à gestão da atividade 
e uso dos insumos de forma inade-
quada, desperdiçando recursos pro-
dutivos, ou ao mau dimensionamento 
da atividade produtiva.
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
Numa conjuntura em que o 
arrendamento de terras segue ten-
dência crescente, a oferta de mão 
de obra é cada vez menor e o con-
sumo de arroz se apresenta estabi-
lizado, o principal desafio para a 
cultura no estado é a manutençãodos produtores no campo, por meio 
de redução dos custos e aumento 
da eficiência técnica e econômica. 
Ademais, a diversificação de 
mercados, como os tipos especiais 
e os orgânicos, podem gerar bons 
resultados para um grupo de pro-
dutores, mas trata-se de um nicho 
de mercado e, portanto, não abrange 
a totalidade da produção catari-
nense. 
Existem ainda alternativas, como 
o aumento do consumo de deriva-
dos de arroz, como a farinha, bebi-
das, entre outros, que podem 
ampliar a demanda da indústria e 
a margem do produtor.
M E R C A D O
“Que 
vontade de 
comer 
aquele 
arroz com 
feijão!” Ao 
concluir a 
frase, pre-
sume-se 
que sua memória afetiva esteja em 
plena atividade. Isso porque a ideia 
que a maioria das pessoas tem sobre 
o par perfeito, ou arroz de mãe, a 
comida de vó é de uma refeição cheia 
de sabor, saúde e afeto. Esses fami-
liares que cozinhavam e serviam tal 
comida realmente preocupavam-se 
com nossa saúde. Ofereciam comida 
de verdade, que hoje chamamos de 
alimentação saudável, equilibrada. 
Isso porque o arroz traz muitos bene-
fícios para a saúde de quem o con-
some, ainda mais se associado ao 
seu amigo inseparável, o feijão.
Quando consumido na forma 
integral, o arroz proporciona ao 
corpo maior aporte de fibras e que, 
baseado na ciência, apresenta menor 
risco para o desenvolvimento de 
doença coronariana, hipertensão, 
obesidade, diabetes, câncer de cólon 
e redução do peso corporal devido 
à saciedade que proporciona. O par-
boilizado é rico em amido resistente, 
a porção não digerida de amido, age 
como fibra no intestino e sua diges-
tão é lenta e gradual, não causando 
picos de insulina, o que favorece os 
diabéticos. É fonte de vitaminas e 
sais minerais que são nutrientes regu-
A importância da conscientização do 
consumidor sobre a valorização do arroz
CAMILA PILOWNIC COUTO
COORDENADORA DO PROVARROZ - IRGA
ladores do organismo, com função 
importante sobre a pressão sanguí-
nea, funcionamento do coração, sis-
tema imunológico, recuperação de 
ferimentos, e funções musculares.
No entanto, pesquisas apontam 
que a comida de verdade foi, grada-
tivamente, substituída por refeições 
congeladas prontas, ultraprocessa-
das, fastfood, sabor artificial e ingre-
dientes prejudiciais ao organismo 
humano. As pessoas não têm tempo 
de cozinhar e pouco se dedicam ao 
hábito. Optando por utilizar momen-
tos em família ou sozinhos, para um 
hobby que tire sua atenção da correria 
diária. Isso provavelmente acontece 
pela falta de informação sobre os 
benefícios do arroz à saúde, a quan-
tidade de co-produtos que existem 
para deixar uma alimentação sim-
ples cheia de nutrientes importantes 
que aumentam a imunidade.
É preciso agregar valor ao arroz, 
acrescentar informações nutricionais 
do alimento na embalagem, além dos 
benefícios deste para a saúde de quem 
o consome. Entender a percepção de 
valor pelo consumidor: percebendo 
que o “preço” é pelo que o consumi-
dor paga, mas “valor” é o que ele leva 
para casa. Ou seja, informação + ali-
mentação saudável + conhecimento 
sobre aquilo que escolheu colocar 
na mesa, fará diferença, levando-o 
a consumir mais e de forma natural.
Com tal pensamento, o Provar-
roz, Programa de Valorização do 
Arroz do Irga, desenvolve desde 2015 
ações no Rio Grande do Sul. Base-
ando suas atividades em propaganda, 
palestras e oficinas a profissionais e 
alunos, em graduação, da área da 
saúde, mostrando-lhes a importân-
cia de consumir arroz e de propagar 
essas informações aos pacientes. De 
forma gradual, o trabalho começa a 
alcançar a esfera nacional após ações 
com figuras importantes para disse-
minar conhecimento na área, como 
Rita Lobo e Dr. Drauzio Varella. As 
próximas iniciativas se darão em fun-
ção do cenário de isolamento social 
que vivemos: receitas, informações 
e muito conteúdo estão disponíveis 
no site e redes sociais do Irga.
No entanto, faz-se necessária a 
união da cadeia orizícola para alcan-
çar números e resultados maiores e 
mais rápidos. Tal iniciativa demons-
traria força, de modo a exigir dos 
governantes maior aproveitamento 
da taxa CDO, que, atualmente, com 
parcela direcionada ao caixa único 
do Estado, não retorna em forma de 
benefício à própria cadeia. Assim, 
reunindo esforços em função de um 
objetivo comum, uma consequente 
valorização do arroz estaria posta.
Nesse sentido, as soluções e medi-
das que a cadeia orizícola gaúcha 
deve adotar poderão nortear o con-
sumo do cereal em todo o país, uma 
vez que produzimos 70% de todo o 
arroz brasileiro, mas consumimos 
apenas 12%. Por que, então, não 
darmos o exemplo e passarmos a 
consumir mais e viver muito melhor, 
fortalecendo a imagem do arroz de 
volta à mesa do brasileiro, repagi-
nado e indispensável no dia a dia, 
almejando que a população valorize 
o que sempre está ao seu alcance, em 
momentos de prazer ou de sufoco.
setembro • www.planetaarroz.com.br
C O N S U M O
26
A Asso-
ciação Brasi-
l e i r a d a 
Indústria do 
Arroz 
(Abiarroz), 
instituída 
em 2009, em 
Porto Alegre 
(RS), reúne as indústrias orizícolas 
do país. A entidade promove a repre-
sentação dos interesses das indústrias 
e cooperativas e a interlocução junto 
aos órgãos competentes.
À época da sua criação, o cenário 
orizícola era caracterizado por uma 
forte demanda por instrumentos de 
política pública do governo federal e 
maturidade exportadora incipiente. 
Devido aos problemas cíclicos que 
desafiavam a cadeia produtiva, sem 
perspectiva de solução perene, a 
Abiarroz elegeu como principal ban-
deira a consolidação de uma plata-
forma exportadora no Mercosul. Esse 
delineamento tinha por objetivo pro-
mover o escoamento dos excedentes 
carreados ao Brasil pelo bloco. Com 
a medida, buscava-se assegurar a ren-
tabilidade e sustentabilidade à cadeia 
produtiva, até então comprometidas 
pela interiorização destes excedentes.
Com este propósito, a Abiarroz 
firmou convênio com a ApexBrasil, 
em 2012, elencando os mercados-alvo 
que receberiam ações de promoção 
e abertura comercial. Como resulta-
dos, tais gestões concretizaram a aber-
tura do mercado do Peru, consoli-
dando este como o principal desti-
setembro • www.planetaarroz.com.br28
S E T O R I A L
Ações, objetivos, tendências, oportunidades 
e desafios da indústria brasileira do arroz
ANDRESSA SILVA
DIRETORA-EXECUTIVA DA ABIARROZ
natário do arroz beneficiado brasileiro; 
acordo fitossanitário com a Colômbia 
e México para exportação de grão pro-
cessado; gestões para a retomada da 
regularidade de exportações aos Esta-
dos Unidos, além do trabalho de ima-
gem do arroz nacional fora do país e 
qualificação da indústria exportadora.
 Estão no foco da agenda da indús-
tria, gestões para a isentar ou conce-
der cotas de importação do arroz bra-
sileiro pelo México, articulação para 
abrir o mercado chinês, aproximação 
com Marrocos, Canadá e Arábia Sau-
dita. A Abiarroz participou, com pro-
posições e subsídios pelo estabeleci-
mento de cotas para exportação no 
Acordo Mercosul-União Europeia no 
decurso das negociações.
A abertura e consolidação de mer-
cados por meio de suas ações assegu-
raram, nos últimos anos, uma balança 
comercial favorável ao Brasil, que con-
tribuiu para a sustentabilidade da 
cadeia produtiva e menor dependên-
cia dos instrumentos de comerciali-
zação do governo. Considera-se um 
grande avanço ao segmento a maior 
integração da indústria em torno de 
demandas em comum. A existência 
de uma entidade nacional possibilita, 
ainda, a melhor interlocução com os 
órgãos públicos e atores que impac-
tam na atividade orizícola.
Neste contexto a Abiarroz traba-
lha em defesa dos interesses da indús-
tria na área trabalhista, tributária, de 
comercialização, qualidade vegetal e, 
também, no enfrentamento à crise da 
covid-19.
Recente vitória, em conjunto com 
outras entidades industriais, foi a pos-
sibilidade de subvenção econômica 
às empresas cerealistas, recém-publi-
cada na Lei nº 13.986, de 7 de abril 
de 2020. Esta foi uma das primeiras 
demandasda presente gestão da Abiar-
roz, alcançada com uma perspectiva 
bastante positiva no tocante ao acesso 
a recurso pelo setor industrial.
Na qualidade vegetal, a entidade 
trabalhou para o enquadramento de 
penalidade para a presença de insetos 
vivos no produto condizente com as 
disposições do Decreto 6268/2007. 
A indústria preocupa-se com a 
qualidade do arroz levado ao consu-
midor e trabalha para instituir um 
programa de autocontrole capaz de 
mitigar distorções na Classificação de 
Tipo, prejudiciais a toda cadeia pro-
dutiva. Com esse propósito a entidade 
integra grupos de estudo para implan-
tação do autocontrole, na expectativa 
de assegurar a permanência no mer-
cado somente de empresas idôneas e 
comprometidas com o consumidor. 
A entidade trabalhava a instituição 
de programa privado de autocontrole, 
que foi absorvido pelo intento do 
Ministério da Agricultura de tornar 
o sistema uma realidade para os seg-
mentos agrícolas.
A Abiarroz zela pelos interesses 
das indústrias na esfera Legislativa, 
buscando frear propostas nocivas ao 
setor, como a Medida Provisória que 
estabelecia o fim do aproveitamento 
de crédito presumido de Pis e Cofins, 
na qual obtivemos êxito, ou alertando 
para medidas que buscam compro-
meter a relação do país com o Mer-
cosul. Na linha propositiva, trabalha 
junto aos órgãos encarregados da for-
29
S E T O R I A L
mação de política pública ao setor e 
encaminha demandas relevantes para 
a indústria, em especial no que se refere 
à reforma tributária, à área trabalhista, 
e de logística.
Importante destacar que desde sua 
criação a Abiarroz tem na cadeira dire-
tiva líderes comprometidos com a 
liberdade econômica, o respeito às leis 
de mercado e à sustentabilidade da 
atividade orizícola. Este é um dife-
rencial da entidade, que se mantém 
coerente e íntegra ao longo destes anos.
OBJETIVOS
Assim como consolidar a plata-
forma exportadora de arroz, a Abiar-
roz considera salutar para a susten-
tabilidade da atividade orizícola o 
estímulo ao consumo no mercado 
interno, haja vista a vocação agrícola 
do país. Neste sentido, a próxima meta 
é a promoção do consumo doméstico, 
de forma a sensibilizar o consumidor 
para os benefícios do grão em termos 
nutricionais, sociais e de saúde pública.
Com este intuito, tramita na 
Câmara dos Deputados projeto de lei 
do deputado Jerônimo Goergen, pro-
posto pela Abiarroz e o Conselho Bra-
sileiro de Feijão e Pulses, que cria a 
Semana Nacional do Feijão e do Arroz, 
como forma de incentivar o consumo, 
por meio de ações de restaurantes, 
hotéis, escolas, além de assegurar o 
uso dos produtos na alimentação esco-
lar e divulgação dos seus benefícios.
A par disso, a Abiarroz, com enti-
dades setoriais regionais e setor pro-
dutivo, tem trabalhado junto ao 
governo do Rio Grande do Sul para 
o desenvolvimento de campanhas 
nacionais de consumo, com vistas a 
promover o cereal e sensibilizar a 
população brasileira para a impor-
tância deste alimento.
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
Como tendências para o setor do 
arroz, percebe-se cada vez mais o pro-
tagonismo do consumidor, que quer 
praticidade, saúde e sabor em um 
mesmo produto, a custos acessíveis. 
O apelo pela saudabilidade também 
ditará os rumos do setor orizícola, que 
deverá promover a diversificação do 
consumo do cereal por meio do desen-
volvimento de derivados de arroz, 
aproveitando essa nova tendência.
A Abiarroz enxerga como desafio 
a consolidação dos mercados interna-
cionais conquistados, na medida em 
que barreiras sanitárias, técnicas, buro-
cráticas, ambientais e padrões privados 
dificultam cada vez mais a manuten-
ção desses mercados. A ampliação para 
novos mercados, de forma a garantir 
o escoamento dos excedentes de arroz 
a nível de bloco e a rentabilidade ao 
longo da cadeia produtiva, continua 
sendo um relevante desafio para a ori-
zicultura nacional.
O cereal nacional é referência em 
produtividade e qualidade, tendo 
alcançado mercados exigentes como 
Peru e Estados Unidos. No Brasil, 
entretanto, o consumidor não tem 
essa percepção. Desta forma, a enti-
dade acredita que é preciso um tra-
balho conjunto de comunicação e 
imagem do setor e do cereal, de forma 
a retomar a cultura e o hábito de con-
sumo deste grão importante para a 
dieta brasileira.
 A maior integração da cadeia pro-
dutiva, é desafio que, uma vez supe-
rado, é capaz de suplantar a todos os 
demais, otimizar as oportunidades e, 
concretizar objetivos, com ganhos 
para todos os seus elos. Com efeito, 
a par de trazer melhorias para a cadeia 
produtiva, aumento da rentabilidade 
e sustentabilidade da atividade, a inte-
gração de cada elo da cadeia é o meio 
mais eficaz de combate ao inimigo 
em comum que tem nome e sobre-
nome: “custo de produção”, englo-
bando desde o custo Brasil às assime-
trias do Mercosul. Com mais diálogo, 
união de propósitos e comprometi-
mento, são grandes as perspectivas 
de superação dos desafios e pujança 
deste setor tão caro para a sociedade 
brasileira e que se mostra tão salutar 
neste momento de crise.
 OPORTUNIDADES
O melhor aproveitamento do grão, 
a partir do desenvolvimento de deri-
vados de arroz, atendendo ao apelo 
da saudabilidade, configura-se uma 
importante oportunidade a ser explo-
rada pelo segmento nos próximos 
anos. Muito embora os efeitos nefas-
tos para a sociedade e a saúde pública 
causada pela covid-19, o aumento da 
demanda externa pelo produto bra-
sileiro fortaleceu a consolidação dos 
mercados consumidores internacio-
nais já conquistados e possibilitou a 
abertura de novos clientes, aprovei-
tando as restrições impostas por 
alguns países tradicionais exportado-
res. Existe, ainda, a perspectiva de 
retomada do hábito de consumo do 
arroz nos lares, já que o momento 
levou as famílias brasileiras a estocar 
alimentos essenciais, realizar refeições 
em família e prezar pelo aumento da 
imunidade diante da possibilidade de 
alastramento do vírus.
O posicionamento correto do arroz 
neste momento e no pós-crise pode 
ser a alavanca para a promoção do 
consumo ou a perda de uma grande 
oportunidade de estímulo ao hábito 
alimentar, tão comprometido pelas 
facilidades que a vida moderna e atri-
bulada impôs. 
 S E T O R I A L
setembro • www.planetaarroz.com.br30
Nos últi-
m o s 2 0 
anos, 
durante o 
período de 
circulação 
da Revista 
Planeta 
Arroz, 
houve uma evolução muito grande 
na lavoura de arroz do Rio Grande 
do Sul e, porque não dizer, do Brasil 
e do Mercosul, uma vez que expor-
tamos tecnologias e genética. Pode-
mos destacar, em primeiro momento, 
o manejo – desde o pós-plantio até 
a colheita, passando pela irrigação, 
estrutura de lavoura, melhor enten-
dimento das necessidades do solo e 
da fertilização – e cultivares com 
maior resistência a doenças, maior 
potencial produtivo.
Talvez o maior dos desafios – que 
está atrelado à renda – imposto aos 
arrozeiros tenha sido buscar a racio-
nalização das áreas em busca de um 
aumento de produtividade com redu-
ção dos custos proporcionais. O per-
fil atual da lavoura e do agricultor 
exige um profissionalismo em ges-
tão das propriedades e a busca de 
alternativas de cultivo como a soja 
e também a pecuária, que trazem 
no conjunto de práticas um aumento 
de fertilidade do solo e melhores 
resultados. Migramos da monocul-
tura para um sistema de produção 
de alimentos, baseado em forte tra-
balho de pesquisa e agregação tec-
nológica, na introdução da soja e da 
Do campo à cidade, a cadeia do arroz 
venceu etapas, mas tem grandes desafios
ALEXANDRE VELHO
PRESIDENTE DA FEDERARROZ
pecuária em rotação. Mesmo nas 
lavouras que repetem o arroz, há um 
manejo mais eficiente e sustentável 
estabelecido entre safras.
O desafio dos próximos anos será 
buscar outros grãos para ingressa-
rem neste novo sistema de produção 
na metade sul, e coberturas vegetais 
para intensificar o sistema com cul-
turas de inverno, pastagens, aduba-
ção verde, ampliando as possibilida-
des nessa trajetória a caminho de 
uma agricultura multicultural,que 
melhore as condições de solo em ter-
mos de fertilidade a fim de alcançar 
acima de 170 sacos de arroz por hec-
tare, que seria um ponto de equilí-
brio em termos de renda. A partir 
deste número, o produtor começa a 
obter lucro com a cultura.
A tendência é de que permane-
çam na atividade aqueles agriculto-
res ávidos por informação, que estão 
se reinventando na busca de alter-
nativas para baixar custos e auferir 
renda. A agricultura é cada vez mais 
uma atividade que exige sustentabi-
lidade por meio dos diversos eixos, 
em especial o econômico, o ambien-
tal, mas também social – por tudo 
o que a orizicultura representa no 
Sul do Brasil e no mundo – e tam-
bém cultural, pois trata-se de uma 
lavoura que está há mais de um século 
integrada às terras baixas, presente 
em mais de 200 municípios gaúchos 
e nos quatro países do Mercosul. Não 
nos faltarão desafios. Estamos 
vivendo um ano completamente atí-
pico, em que a pandemia, o câmbio, 
a redução de áreas e o superávit 
comercial dos últimos anos permi-
tiram uma evolução histórica nos 
preços do arroz.
Em que pese a tragédia causada 
pelo coronavírus, o mundo voltou-
-se à importância do arroz e a lavoura, 
diante deste cenário, recuperou a sua 
relevância estratégica diante do con-
sumidor, do varejo e dos governos. 
A cadeia produtiva respondeu à 
demanda. Esperamos que, diante de 
tantos problemas, tenhamos a pos-
sibilidade de ver demandas do setor 
atendidas, com a devida valorização 
do produtor, e tenhamos a capaci-
dade necessária para discernir um 
ano atípico de um cenário de nor-
malidade, que esperamos retorne em 
breve, e sejamos racionais na decisão 
do tamanho da lavoura que será plan-
tada.
Foi preciso perder muitos anos e 
produtores, reduzir mais de 200 mil 
hectares, e uma pandemia e câmbio 
favorável para recuperarmos a capa-
cidade de obter renda, e nem todos 
conseguiram. Muitos venderam arroz 
abaixo de R$ 60,00 este ano, poucos 
alcançaram os R$ 100,00. Agora, é 
preciso que sejamos estratégicos ao 
não aumentar a produção além do 
limite da capacidade de consumir, 
exportar e manter um estoque ade-
quado. Nosso grande desafio é bus-
car o ponto de equilíbrio entre a oferta 
e a demanda e remuneração justa ao 
longo da cadeia produtiva, de forma 
que nos permita recuperar prejuízos, 
pagar dívidas, investir e manter o 
Brasil no mapa da autossuficiência 
em segurança alimentar e um for-
necedor confiável e regular de arroz 
para o mundo.
O Brasil 
é ainda um 
p a í s e m 
desenvolvi-
mento que 
enfrenta 
fortes crises 
econômi-
c a s . A 
Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (Embrapa) é uma empresa 
pública do governo federal que tem 
um importante papel social ligado 
ao homem do campo frente às gigan-
tes empresas privadas que atuam no 
setor. 
O melhoramento de plantas é um 
processo muito dispendioso, que 
demanda muito tempo, trabalho e 
investimento. Onde, cada decisão 
tomada de forma equivocada, pode 
acarretar em consequências inesti-
máveis ao programa e/ou empresa 
de melhoramento, podendo ser irre-
versíveis a curto prazo. Logo, é de 
extrema importância o monitora-
mento da eficiência do programa de 
melhoramento via obtenção de esti-
mativas de ganho genético, de forma 
a, analisar criticamente a eficiência 
do programa e planejar novas ações 
e estratégias para o desenvolvimento 
e liberação de novas cultivares.
31
P E S Q U I S A
 O melhoramento genético de arroz irrigado 
na Embrapa e seus reflexos na orizicultura
ARIANO DE MAGALHÃES JR 
PESQUISADOR – EMBRAPA CLIMA TEMPERADO (RS)
Estudo realizado para estimar o 
progresso genético de 45 anos do 
programa de melhoramento da 
Embrapa no Sul do Brasil no período 
de 1972 a 2016, revelou que obteve-
se uma ganho de quase 50 kg ao ano, 
somente em função de lançamento 
de novas cultivares mais produtivas 
e mais resistentes a estresses bióti-
cos, como doenças e abióticos pro-
vocados pelo clima. 
Ao longo deste período de pes-
quisa, foram lançadas pelo programa 
de melhoramento genético da 
Embrapa 25 cultivares de arroz irri-
gado de clima temperado, com uma 
média aproximada de uma nova cul-
tivar a cada dois anos de trabalho. 
Fazem parte desta lista as cultivares 
BR IRGA 409 e BR IRGA 410, lan-
çadas em 1979 e 1980, respectiva-
mente, que foram consideradas res-
ponsáveis pela “revolução verde” da 
lavoura no Brasil, em função da nova 
arquitetura de plantas de porte 
semianão refletindo em ganho de 
produtividade das lavouras. 
Atualmente, tem-se destaque para 
as cultivares BRS Pampa e BRS Pampa 
CL, consideradas arroz premium pela 
indústria por sua qualidade de grãos 
do tipo longo e finos e a cultivar BRS 
Pampeira que apresenta o maior teto 
produtivo entre as cultivares desen-
volvidas pelo programa de melho-
ramento, com produtividade acima 
de 12 toneladas/hectare e que tam-
bém tem apresentado padrões de 
qualidade de grãos excelentes.
Além dos avanços nos caracteres 
de produtividade e qualidade de grãos 
a introdução de genes de resistência 
a herbicidas nas cultivares de arroz 
foi uma importante contribuição do 
melhoramento genético para a 
lavoura orizícola, permitindo con-
trolar o arroz vermelho que tem sido 
a principal invasora da cultura.
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
Para os próximos anos, os maio-
res desafios serão quebrar os pata-
mares de produtividade já elevados 
que temos das cultivares já lançadas 
e manter o padrão de qualidade pre-
mium de arroz, onde as exigências 
serão cada vez maiores pelos consu-
midores. Deve-se atentar para cul-
tivares com valores agregados, nutra-
cêuticos, isentos de contaminantes, 
bem como para o aumento de con-
sumos de arroz especiais. Deverão 
ser selecionadas cultivares mais efi-
cientes quanto ao uso dos recursos 
naturais (energia solar, água e 
nutrientes do solo) e menos depen-
dentes de insumos trazendo susten-
tabilidade econômica, ambiental e 
social. Em resumo: mais produtivas 
e menos exigentes.
32
I R R I G A Ç Ã O
A evolução do manejo no sistema de 
produção de arroz irrigado
MARA GROHS
PESQUISADORA DO IRGA
Nos últi-
mos vinte 
anos, houve 
um salto na 
mé d i a d a 
produtivi-
d a d e d o 
arroz no Rio 
Grande do 
Sul, passando de 3776 kg/ha para 
8402 kg/ha. Diversas modificações 
no manejo da lavoura foram os res-
ponsáveis por este desempenho. O 
fator fundamental, porém, determi-
nante na construção dessa média, 
foi o melhoramento genético. 
Estudo conduzido pelo Irga deter-
mina que quase 70% do aumento da 
produtividade do arroz gaúcho deveu-
se ao melhoramento genético, pas-
sando de cultivares com potencial de 
6 t/ha, como o Bluebelle, na década 
de 70, para BR IRGA 409, na década 
de 80, com potencial de 9 t/ha, che-
gando a cultivares como IRGA 424RI, 
nos dias atuais, com potencial de 14 
t/ha. Os demais 30% foram influen-
ciados pelas modificações do manejo 
cultural. 
Dentre os diversos mecanismos, 
não podemos deixar de citar a época 
de semeadura como o cerne da pro-
dutividade do arroz. Em segundo 
plano, mas não menos importante, a 
irrigação que passou a ser realizada 
nos estádios V3-V4, em detrimento 
ao V6. 
Além disso, pequenas modifica-
ções foram fundamentais para se 
extrair todo o potencial genético das 
plantas: adequação da densidade de 
semeadura, de 200 kg/ha para menos 
de 100 kg/ha; tratamento de semen-
tes; fertilização considerando a extra-
ção de plantas mais produtivas; e 
manejo de adubação de nitrogênio, 
agora aplicado na maior parte em 
solo seco e fracionado (duas a três 
vezes) no ciclo da planta, buscando 
eficiência de elementos empregados. 
Atualmente, apesar de cultivares 
de alto potencial genético no mer-
cado (híbridos podem chegar a 16 
ton/ha), a média de produtividade 
é recorde, mas atinge pouco mais de 
50% do potencial disponível. Quer 
dizer que pode não haver necessi-
dade de plantas mais produtivas no 
futuro próximo, mas foco no manejo 
cultural para extrair o máximo poten-
cial genético.
Local Cultivar Alto nível Baixo nível 
 tecnológico tecnológico
 t/ha

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