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ANÁLISE DE CUSTO Aline Alves Custos para decisão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a diferença entre custos e despesas. � Identificar o conceito de custo de oportunidade. � Aplicar a margem de contribuição para tomada de decisão. Introdução O que você entende sobre custo de oportunidade? O custo de oportu- nidade corresponde a um custo que foi renunciado, isto é, é aquilo que você não ganhou devido à oportunidade desperdiçada. Pode-se afirmar que custo de oportunidade resulta na escolha que você faz. Com relação às despesas, pode-se afirmar que elas envolvem tudo aquilo que a orga- nização necessita, a fim de garantir o funcionamento da sua estrutura. Já os custos representam a totalização dos gastos que a empresa tem ao fabricar um produto, os quais têm a capacidade de serem somados ao produto final. Neste capítulo, você vai obter conhecimento sobre o significado de custo de oportunidade, entender as diferenças existentes entre custos e despesas e verificar, na prática, a execução da margem de contribuição para a tomada de decisão. Custos versus despesas Os custos se referem a gastos consumidos quando se obtém um produto ou um serviço. Os componentes dos custos podem ser determinados de acordo com um princípio técnico de análise de valor ou relevância. Seguindo essa conjuntura, existem as seguintes classificações: � Matéria-prima: engloba os materiais usados na fase de fabricação de um produto, podendo ser reconhecida mediante o valor ou o volume agregado, assim, a matéria-prima se refere ao material que é adicionado fisicamente ao produto que está sendo produzido, tornando-se parte dele. Desse modo, a matéria-prima corresponde aos materiais que são usados de modo direto na produção, ou seja, são essenciais na fabricação de um produto. � Material direto ou indireto: são os materiais necessários para a fina- lização do produto. O material direto se refere àquele que pode ser reconhecido e apropriado de forma direta a cada espécie de produto que será custeado. Desse modo, está relacionado de modo direto a cada tipo de bem ou função de custo. O material direto pode ser adicionado diretamente à mercadoria e/ou ao setor, por exemplo. Já os materiais indiretos representam elementos que são utilizados no processo de fabri- cação de produtos ou serviços, entretanto, não pertencem às principais matérias-primas dos produtos desenvolvidos. � Mão de obra direta: a mão de obra direta é assim considerada quando esta é aplicada diretamente no processo de produção, ou seja, quando os colaboradores atuam na transformação da matéria-prima em produtos. Desse modo, é possível entender os gastos relativos à mão de obra de um colaborador da área da produção e somente o tempo dedicado ao processo de produção de um produto específico será considerado mão de obra direta. Um colaborador, por exemplo, executa as suas funções durante, em média, 8 horas por dia, sendo apenas 4 horas por dia na pro- dução de mercadorias. Assim, somente essas 4 horas serão consideradas como mão de obra direta, enquanto as horas restantes são consideradas como mão de obra indireta e precisam ser rateadas à produção. � Mão de obra indireta: são os colaboradores que não atuam diretamente na transformação da matéria-prima em produto, no entanto, trabalham no setor de fabricação. Por exemplo, quando um colaborador atua na supervisão de máquinas da área de produção, uma vez que cada uma delas efetua uma operação em um produto diferente, não há a possi- bilidade de analisar o que cada produto requer de tempo total de um colaborador. Já as despesas representam os gastos efetuados para adquirir receitas e os itens utilizados na administração da organização. É importante entender a diferença entre custos e despesas, desse modo, analise a seguir como eles estão classificados: Custos para decisão2 � Custos e despesas fixos; � Custos e despesas semifixos e semivariáveis; � Custos e despesas variáveis. Custos fixos Referem-se aos custos que se mantêm constantes dentro de uma capacidade instalada, desconsiderando a variação da quantidade de produção, isto é, a empresa terá o mesmo custo se aumentar ou reduzir a produção. Exemplo: aluguel, seguros, salários e encargos sociais dos colaboradores que trabalham na produção da mercadoria, entre outros. Despesas fixas Correspondem às despesas que seguem constantes dentro de uma faixa espe- cífica de atividades que resultam em receitas e não dependem da quantidade de vendas ou da prestação de serviços. Exemplo: despesas financeiras, salários de colaboradores do setor administrativo, entre outras. Custos semifixos ou semivariáveis Sabe-se que alguns gastos têm sua natureza dividida em uma parte fixa e outra variável. Assim, os custos semifixos apresentam uma flexibilidade com relação à sua utilização, podendo variar conforme a quantidade de produtos fabricados ou serviços prestados. Já os custos semivariáveis são os que demonstram ordenação referente ao volume de produtos ou bens produzidos. Exemplos de semifixos: água e energia elétrica. Exemplo de semivariáveis: cópias, materiais relacionados ao marketing, máquinas copiadoras, entre outros. Custos variáveis Esses podem variar conforme a quantidade produzida. Quando a produção sofre aumento ou redução, ocorre, consequentemente, a elevação ou a diminuição de custo de modo proporcional. Exemplo: embalagens. 3Custos para decisão Despesas variáveis Geralmente são as despesas imprescindíveis para o faturamento da organização. As despesas variáveis estão diretamente relacionadas à quantidade vendida ou fabricada pela organização com relação a um período específico. Desse modo, quanto mais vendas, maiores serão essas despesas. Exemplo: matéria-prima, comissão sobre vendas, tributos como o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços), entre outros. O modo como ocorrem a distribuição e a apropriação relacionadas aos produtos dos centros de custos e de resultados organiza os gastos da seguinte maneira: � Custos diretos: representam os custos que podem ser identificados como os que estão relacionados a um produto específico. Devem ser mensuráveis para serem adicionados de modo direto na produção. Cabe ressaltar que os custos diretos não necessitam ser submetidos a métodos de rateio para serem destinados. Exemplos: embalagem, matéria-prima, entre outros. � Despesas diretas: referem-se às despesas que podem ser quantificadas com facilidade e apropriadas nas receitas de vendas e prestação de serviços, além de serem avaliadas como adequadas. Exemplos: tributos incidentes sobre faturamento, despesas com fretes e seguros sobre transportes e comissão de vendedores. � Custos indiretos: correspondem ao custo que não deve ser apropriado de forma direta a cada tipo de produto em virtude do custo no instante de sua ocorrência. Devem ser apropriados aos transportadores finais pela adição de métodos definidos anteriormente. Exemplos: mão de obra indireta e materiais indiretos. � Despesas indiretas: representam os gastos que não podem ser reco- nhecidos com exatidão com as receitas produzidas. Normalmente, são consideradas como despesas existentes em um período e que não são distribuídas conforme os tipos de receita. Exemplos: despesas administrativas e despesas financeiras (Quadro 1). Custos para decisão4 Custos Despesas Matéria-prima Salário e encargos sociais dos colaboradores do administrativo Energia elétrica da fábrica Material de escritório Água da fábrica Aluguel do prédio administrativo Propaganda e publicidade Quadro 1. Custos versus despesas Entendendo o custo de oportunidade O custo de oportunidade é também denominado de econômico. O termo Custo de oportunidade corresponde ao que a organização sacrificou referente à remuneração por ter empenhado seus recursos em uma opção e não em outra, ou seja, se uma empresa investiu seu dinheiro em um equipamentopara a fabricação de cadeiras, o custo de oportunidade dessa aplicação corresponde ao quanto a empresa deixou de ganhar por não ter aplicado em outro investimento. O custo de oportunidade pode ser estimado mediante a rentabilidade, a qual teria uma aplicação, considerando o risco assumido. Custo de oportunidade, ou custo alternativo, refere-se a expressões usadas para estabelecer o custo de uma oportunidade que não foi escolhida, ou seja, entende-se como uma situação que não foi escolhida para que se escolhesse outra. É difícil comparar os riscos dos investimentos quando a empresa aplica seus recursos, por exemplo, na aquisição de um prédio para fins locatários em vez de investir em equipamentos para a fabricação de cadeiras, uma vez que os níveis de risco entre os dois investimentos são muito diferentes, ou seja, a comparação do retorno de ambos é inviável. A situação a seguir apresenta o custo de oportunidade de uma empresa que optou por investir seus recursos na produção de cadeiras, sendo que sua outra opção seria também aplicar seus recursos em renda fixa. 5Custos para decisão Em uma situação em que não há inflação e o custo de oportunidade tomado pela organização em termos reais seja de 4% ao ano, sendo que o valor da aplicação realizada no imobilizado para a produção de cadeiras é R$15.000,00, a empresa teria um custo de oportunidade de R$600,00 ao ano. Você poderá observar a situação a seguir, na qual a organização apresentou os seguintes dados no primeiro ano: � Receitas: R$20.000,00. Custo de produto vendido: � Matéria-prima: R$6.000,00. � Mão de obra: R$3.000,00. � Depreciação: R$2.500,00. � Demais custos: R$3.000,00 (R$14.500,00). � Lucro: R$5.500,00. Considerando o custo de oportunidade de R$600,00, o lucro que a empresa teria seria de R$4.900,00, sendo este o real valor do resultado da atividade. O custo de oportunidade representa a potencial vantagem que se renuncia quando uma opção é escolhida em vez de outra. Margem de contribuição A margem de contribuição representa a diferença entre o preço de venda do produto e o custo variável vinculado a cada um, correspondendo à contribuição que as unidades trazem à organização, a fim de cobrir custos fixos e obter lucro. A margem de contribuição permite verificar a viabilidade de produção de um produto. Se o produto tiver um resultado positivo, fica visível que a produção de tal mercadoria é viável, no entanto, se o índice for negativo ou nulo, constata-se que a fabricação do produto não resulta em benefícios para a empresa. Custos para decisão6 Pela margem de contribuição, é possível fazer uma análise importante e que pode ser aplicada a qualquer sistema de custeio, ou seja, não apenas ao sistema de custeio direto. A respectiva análise que está sendo abordada se refere ao ponto de equilíbrio ou break-even point. O significado de margem de contribuição é muito útil para a tomada de decisão nas organizações. Analise a seguir a fórmula utilizada, a fim de obter o resultado da margem de contribuição: Receita bruta com vendas (-) Custo variável (-) Despesa variável = Margem de contribuição Algumas situações podem ser resolvidas pelo uso da margem de contri- buição, a qual você poderá verificar a seguir: a) Resolver quais produtos precisam de maior esforço de venda ou os que precisam ser incluídos em planos secundários. b) Prestar auxílio aos administradores na decisão de um segmento produ- tivo, ou seja, na decisão sobre a fabricação do produto: se deve continuar ou não. c) Verificar as opções que são criadas com relação à redução de valores, aos descontos diferenciados, às campanhas publicitárias e à utilização de prêmios com o intuito de maximizar o volume de vendas. d) No momento que se conclui quanto aos ganhos pretendidos, é possível avaliar o lucro esperado, a fim de alcançá-lo, por meio de cálculo da quantidade de unidades que devem ser vendidas. e) Tomar decisões sobre como usar determinado grupo de recursos, como, por exemplo, máquinas ou insumos de forma mais rentável. f) Os preços máximos definidos mediante a demanda do consumidor e os preços mínimos em curto prazo, considerando os custos variáveis sobre a fabricação do produto e sua venda. Margem de segurança A margem de segurança (MS) corresponde ao volume de vendas que ultrapassa as vendas calculadas no ponto de equilíbrio. Ela pode ser demonstrada em quantidades ou em percentual. Analise a seguir como se obtém o cálculo da MS: 7Custos para decisão MS % = margem de segurança em percentual Qv = quantidade vendida Peq = Ponto de equilíbrio em quantidades Peq = 15 unidades Quantidade vendida = 22 Considerando que o Peq é de 15 unidades e as vendas executadas foram, no total, de 22 unidades, entende-se que a MS é de 7 unidades que correspondem a 31,8%. Nesse caso, a organização opera com uma margem de segurança de 7 unidades, já que pode reduzir sem entrar na linha de prejuízo. MS%= ((Qv – Peq) / Qv) x 100= (22 - 15) / 22 x 100 = 31,8% Pela margem de contribuição, os diretores passam a compreender a relação entre os custos, o volume, o preço e a lucratividade, desse modo, fazendo com que os diretores tomem as melhores decisões com relação aos preços dos produtos. O cálculo da MS possibilita calcular o ponto de equilíbrio, considerando que já se tem o preço de venda. O que seria o ponto de equilíbrio ou break-even point? O ponto de equilíbrio corresponde ao ponto em que a organização não apresenta lucro, mas também não apresenta prejuízo nas suas operações. A Figura 1 identifica a margem de contribuição total. Custos para decisão8 Figura 1. Margem de contribuição. Fonte: Adaptada de Cruz (2012, p. 126). O total das contribuições visa a demonstrar se o desempenho demandado na fabricação dos produtos foi satisfatório para pagar os custos fixos que a organização teve e auferir lucro ou prejuízo. 9Custos para decisão CRUZ, J. A. W. Gestão de custos: perspectivas e funcionalidades. Curitiba: InterSaberes, 2012. 164 p. Leituras recomendadas CORTIANO, J. C. Processos básicos de contabilidade e custos: uma prática saudável para administradores. Curitiba: InterSaberes, 2014. 212 p. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 400 p. GARRISON. R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 751 p. LORENTZ, F. Contabilidade e análise de custos: uma abordagem prática e objetiva. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. 352 p. MAGALHÃES, F. A. C. Custo em decisões. Centro de Educação Aberta e a Distância, Teresina, [1999?]. (Curso de Administração/Contabilidade, unidade 7). Disponível em: <http://cead.ufpi.br/conteudo/material_online/disciplinas/contabilidade/uni07/ uni07_custos_dec_16.html>. Acesso em: 6 fev. 2018. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 370 p. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 254 p. SILVA, E. J; GARBRECHT, G. T. Custos empresariais: uma visão sistêmica do processo de gestão de uma empresa. Curitiba: InterSaberes, 2016. 228 p. Referência 11Custos para decisão
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