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ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 1 - 6. POTÊNCIAS, PERDAS, RENDIMENTO, E LIMITES OPERATIVOS 6.1 POTÊNCIAS ATIVA E REATIVA As potências, ativa e reativa, da máquina síncrona, operando como motor ou como gerador, podem ser diretamente obtidas do diagrama fasorial. Seja por exemplo, o diagrama fasorial de um gerador de polos salientes alimentando uma carga puramente indutiva. Figura 6.1 – Diagrama fasorial modificado. A potência total obtida de u’a máquina síncrona é: 𝑆̅ = 3 𝑉 ̅𝐼∗̅ = 3 (𝑉𝑑 + 𝑗 𝑉𝑞) (𝐼𝑑 − 𝑗 𝐼𝑞) 𝑆̅ = 3 [(𝑉𝑑 𝐼𝑑 + 𝑉𝑞 𝐼𝑞) + 𝑗 (𝑉𝑞 𝐼𝑑 − 𝑉𝑑 𝐼𝑞)] 𝑆̅ = 𝑃 + 𝑗𝑄 As seguintes variáveis podem ser obtidas do diagrama fasorial, para as tensões, 𝑉𝑑 = −𝑉 sen(𝛿) 𝑉𝑞 = 𝑉 cos(𝛿) e para as correntes, 𝐼𝑑 = 𝑉 cos(𝛿) − 𝐸𝑞 𝑥𝑑 𝐼𝑞 = 𝑉 sen(𝛿) 𝑥𝑞 �̅�𝑞 𝑗 𝑥𝑞 𝐼�̅� 𝑗 𝑥𝑑 𝐼�̅� 𝑅 𝐼 ̅ �̅� 𝐼 ̅ Eixo d Eixo q 𝑗 𝑥𝑞 𝐼 ̅ 𝑗 (𝑥𝑑 − 𝑥𝑞) 𝐼�̅� ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 2 - Levando estes valores na equação da potência aparente, e aplicação de identidades trigonométricas, resulta: 𝑃 = 3 𝐸𝑞 𝑉 𝑥𝑑 sen(𝛿) + 3 𝑉2 2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) sen(2𝛿) 𝑄 = 3 𝐸𝑞 𝑉 𝑥𝑑 cos(𝛿) − 3 𝑉2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) sen(2𝛿) − 3 𝑉2 𝑥𝑑 Percebe-se que a potência ativa é a soma de dois componentes. O primeiro variando com o seno de e o segundo variando com o seno de duas vezes o , isto é, um harmônico de segunda ordem denominado de “potência de relutância” e é devida à diferença entre 𝑥𝑑 e 𝑥𝑞 em máquinas de polos salientes. Nesta figura, observa-se que à medida que o ângulo cresce, a potência ativa também cresce. Porém, acima de um determinado valor de ângulo de carga a potência ativa diminui. Este é o limite teórico de estabilidade e se dá com ângulo de carga inferior a 90o. Figura 6.2 – Curva P- para a máquina síncrona de polos salientes. Para a máquina síncrona de polos lisos, poder-se proceder à mesma dedução. Porém, buscando um processo mais simples, consideremos nas equações anteriores que 𝑥𝑞 é igual a 𝑥𝑑 no que resulta em equações para a potência ativa e para a potência reativa bem mais simples. 𝑃 = 3 𝐸 𝑉 𝑥𝑑 sen(𝛿) 𝑄 = 3 𝐸 𝑉 𝑥𝑑 cos(𝛿) − 3 𝑉2 𝑥𝑑 Como para a potência ativa não existe a componente de segunda harmônica, o diagrama P- se resume a um seno apenas, e limite teórico de estabilidade se dá como um ângulo exatamente igual a 90. P ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 3 - Como se sabe, o ângulo 𝛿 é o chamado ângulo de carga. É o ângulo elétrico de defasagem entre tensão terminal e tensão induzida e, salvo pequena modificação devido à reação de armadura, é o ângulo elétrico formado pelo campo criado pelo polo e o ângulo resultante. Por outro lado, este também pode ser convertido em um ângulo mecânico, e pode ser observado na Figura a seguir. Figura 6.3 – Estabilidade da operação. Nesta Figura pode-se observar o ângulo de carga e as senoides representativas da característica P- 𝛿 para máquinas de polos lisos e de polos salientes. Para máquinas de polos lisos o limite teórico de estabilidade é 90, sendo menor que 90 para máquinas de polos salientes. Na prática pode-se encontrar ângulos menores e mais limitantes para a operação. Para ângulos maiores que este limite haverá o escorregamento de polo e a máquina entrará numa região de operação instável. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 4 - 6.2 PERDAS E RENDIMENTO Em qualquer sistema, o rendimento é a relação entre a potência ativa de saída (𝑃𝑜) dividido pela potência ativa de entrada (𝑃𝑜). 𝜂 = 𝑃𝑜 𝑃𝑖 O rendimento é uma relação de potências ativas, seja essa de origem mecânica, elétrica ou outra, podendo até existir a conversão de energia de uma forma em outra, como na máquina elétrica, transforma-se potência mecânica em potência elétrica, ou no transformador, onde a energia elétrica está presente tanto em sua entrada como em sua saída. Como em qualquer sistema real, no processo de conversão da potência de entrada para a potência de saída, existe o inevitável aumento da entropia, o que em termos práticos é representado pela presença das perdas, como mostra a Figura 6.4. Figura 6.4 – Processo de conversão de energia. Como as perdas se apresentam de diversas formas, optou-se na Figura 6.3 apresentar todas as perdas na forma de um somatório resultante (Σ𝑃). Assim, a equação a equação do rendimento pode se apresentar de duas outras formas considerando o somatório das perdas. 𝜂 = 𝑃𝑖 − Σ𝑃 𝑃𝑖 e 𝜂 = 𝑃𝑜 𝑃𝑜 + Σ𝑃 Estas equações são muito úteis quando uma das grandezas, de entrada ou de saída, forem de difícil medição. Como acontece por exemplo com a potência mecânica. Esta é dada pelo produto torque e rotação. Enquanto rotação é de simples medição, o torque não é tanto assim, principalmente em se tratando de grandes potências. Assim, considerando que a maioria das perdas se transformam em calor, o somatório das perdas pode ser inferido pelo aumento de temperatura e aplicado às equações mostradas. Esta é a base do método termodinâmico, muitas vezes conhecido por método calorimétrico. Na máquina síncrona as perdas são de diversas naturezas e são apresentadas a seguir. 𝑃𝑖 𝑃𝑜 Σ𝑃 ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 5 - 6.2.1 PERDA JOULE NO ESTATOR A perda Joule no estator (𝑃𝐽1) é dada pelo produto entre a resistência dos enrolamentos das fases do estator (𝑅) e o quadrado da corrente que flui no enrolamento (𝐼). A perda Joule total no estator é dada pela soma das perdas nos três enrolamentos (gerador trifásico). Como se consideram os enrolamentos idênticos, o resultado é simplesmente multiplicado por três. 𝑃𝐽1 = 3 𝑅 𝐼 2 6.2.2 PERDA JOULE NO ROTOR A perda Joule no rotor (𝑃𝐽2) é dada pelo produto entre a resistência do enrolamento de campo (𝑅𝐹) e o quadrado da corrente de excitação (𝐼𝐹). 𝑃𝐽2 = 𝑅𝐹 𝐼𝐹 2 Em termos práticos, a determinação das perdas Joule no estator e no rotor, preconiza a correção da resistência para a temperatura de 75C, como estabelecido em norma. 6.2.3 PERDAS NO FERRO As perdas no ferro se dão tão logo apareça um campo magnético criado pela tensão aplicada aos terminadas da armadura da máquina. Essa tensão pode ser dada por submissão, no caso de um motor, ou pela própria excitação, no caso de um gerador. As perdas no ferro são divididas em perdas por histerese e perdas por Foucault. A perda por histerese advém do ciclo de histerese, onde na Figura 6.5, pode-se observar o comportamento da indução magnética para uma intensidade de campo variável. Observa-se em pontos em que a intensidade de campo é nula, a indução magnética não é nula, como seria num sistema linear. Devido à histerese, há a necessidade de uma intensidade de campo extra para que a indução magnética seja nula, caracterizando-se não-linearidade e uma perda. Quanto maior a largura do ciclo de histerese maior será a perda, assim, a perda é proporcional à área do ciclo de histerese. Estas perdas são minimizadas utilizando-se materiaismagnéticos de melhor qualidade. Figura 6.5 – Perdas por histerese. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 6 - As perdas denominadas Foucault se caracterizam pela circulação de correntes parasitas no núcleo, quando este é submetido a um campo magnético. Estas perdas são do tipo Joule e são proporcionais à corrente de circulação. Estas perdas podem ser minimizadas substituindo-se o núcleo maciço por um núcleo laminado prensados compactamente, formando-se uma única peça, diminuindo-se as correntes de circulação, como ilustrado na Figura 6.6. A soma dos quadrados de correntes parciais será menor do que o quadrado de uma corrente total. (a) (b) Figura 6.5 – Perdas por correntes de Foucault. Na Figura 6.6 (a), para uma corrente de circulação de 16 A, a perda seria proporcional a I²R; em (b) esta seria n(I/n)²R, isto é, cerca de n vezes menor. Ao invés de dividir as perdas no ferro em suas componentes, opta-se por determinar um valor total, variável com o quadrado da tensão. A norma IEEE STD. 115, mostra um gráfico da variação das perdas no ferro com o quadrado da corrente. Figura 6.7 – Perdas no ferro segundo norma IEEE STD. 115. 6.2.4 PERDAS SUPLEMENTARES Perdas suplementares, ou adicionais, são perdas devido a fluxos dispersos na máquina, não enlaçados entre o estator e rotor, mas em diferentes partes metálicas, tais como carcaça, eixo e outros. Estas perdas são consideradas linearmente variáveis com o quadrado do carregamento da máquina, como mostrado na Figura 6.4 ... ... I I/n I/n I/n ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 7 - Figura 6.8 – Perdas suplementares conforme norma IEEE STD. 115. 6.2.5 PERDAS POR VENTILAÇÃO Esta perda é devida à autoventilação e às forças de arraste existentes nas partes girantes da máquina. Essas perdas são proporcionais à rotação da máquina e ao diâmetro, elevados à terceira e à quarta potência, respectivamente. Porém, para um dado gerador operando a uma dada rotação, o valor destas perdas é constante, a menos que a rotação de operação do gerador for variável. 6.2.6 PERDAS POR EXCITAÇÃO A potência de excitação faz parte das potências de entrada da máquina e também deve ser considerada. Num sistema ideal, sem perdas, a potência de saída de um gerador é a potência gerada subtraída da potência de excitação (𝑃𝐸). Entretanto, a potência de excitação é somada à potência da máquina primária, resultando que a potência de saída será igual à potência da máquina primária, como mostrado na Figura 6.9. Figura 6.9 – Fluxo de potência no gerador excitado. Pi Pg Po PE PE G Ex ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 8 - Nestes termos, tem-se: 𝑃𝑜 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝐸 e 𝑃𝑔 = 𝑃𝑖 + 𝑃𝐸 No que resulta: 𝑃𝑜 = 𝑃𝑖 + 𝑃𝐸 − 𝑃𝐸 = 𝑃𝑖 Entretanto, no mundo real, com perdas na conversão de energia do gerador (𝜂𝑔) e no sistema de excitação (𝜂𝐸), tem-se: 𝑃𝑜 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝐸 e 𝑃𝑔 = 𝜂𝑔 𝑃𝑖 + 𝜂𝐸 𝑃𝐸 No que resulta: 𝑃𝑜 = 𝜂𝑔 𝑃𝑖 + 𝜂𝐸 𝑃𝐸 − 𝑃𝐸 Ou 𝑃𝑜 = 𝜂𝑔 𝑃𝑖 − (1 − 𝜂𝐸) 𝑃𝐸 O termo (1 − 𝜂𝐸) representa as perdas no sistema de excitação. Deve-se observar que estas equações são válidas apenas se a potência de saída é medida após a tomada de potência para o sistema de excitação. Se a saída for medida antes da tomada para excitação, a potência de excitação deve ser adicionada à potência do gerador, e a equação do rendimento do gerador será: 𝜂𝑔 = 𝑃𝑜 𝑃𝑜 + Σ𝑃 6.2.7 PERDAS NAS ESCOVAS A perda total nas escovas de excitação é dada pela soma da perda que se deve à circulação da corrente de excitação nas escovas, resultando em uma queda de tensão, e à perda devido ao atrito causado pelo contato das escovas no anel girante. A parte das perdas relacionada à queda de tensão nas escovas é dada por: 𝑃𝑏𝑟1 = 𝑘 𝑉𝐹 𝐼𝐹 Onde 𝑃𝑏𝑟1 é a perda pela queda de tensão na escova (W), 𝑉𝐹 é a tensão de excitação (V), 𝐼𝐹 é a corrente de excitação (A), e 𝑘 é um fator de proporcionalidade cujo valor é 2% para escovas a base de grafite e 0,6% para escovas a base de metal. A parte das perdas relacionada ao atrito das escovas é dada por: 𝑃𝑏𝑟2 = 0,6 𝐴 𝑣 Onde 𝑃𝑏𝑟2 é a perda nas escovas devido ao atrito (W), 𝐴 é a área total de escorregamento em um único anel, e 𝑣 é a velocidade periférica (m/s). ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 9 - 6.2.8 PERDAS NOS MANCAIS Existem mancais no grupo gerador que pertencem à máquina primária e mancais que pertencem ao gerador. Estas perdas são relacionadas aos mancais que pertencem ao gerador somente, e se devem ao atrito entre eixo e mancal. 6.3 CURVA DE CAPABILIDADE Os limites operativos mais severos impostos a u’a máquina síncrona são térmicos, podendo ser originados pela circulação de corrente nos diversos enrolamentos da máquina e pela circulação de correntes parasitas nas lâminas do pacote magnético do estator, de estabilidade. Tanto a corrente de campo as correntes de armadura circulando em seus respectivos enrolamentos provocam elevação de temperatura pelo efeito Joule. A curva de capabilidade, ou carta de capacidade, é o lugar geométrico no plano cartesiano definido pelas potências ativa e reativa que apresenta os limites operativos de u’a máquina síncrona. Para um gerador síncrono de polos salientes, um exemplo de curva de capabilidade é mostrado na Figura 6.10, onde podem ser observadas as suas curvas, que definem os limites operativos da máquina. O trecho A-B é o limite de aquecimento do campo, e termina no ponto determinado pela corrente de armadura nominal e o fator de potência nominal. O trecho B-C é o limite de aquecimento de armadura, definido pela corrente (potência aparente) nominal. O trecho C-D é o limite prático de estabilidade. Este é construído a partir da curva teórica de estabilidade. Já o trecho D-E é conhecido como limite de mínima excitação, definido pelo magnetismo remanescente da máquina. Figura 6.10 – Curva de capabilidade de um hidrogerador. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 10 - A Figura 6.11 mostra uma curva de capabilidade para um gerador síncrono de polos lisos. Os trechos A-B e B-C são idênticos aos da curva de capabilidade para um gerador síncrono de polos salientes, isto é, limite de aquecimento de campo, até ao fator de potência nominal, e limite de aquecimento da armadura. Porém, o trecho C-D, neste caso, é o limite de aquecimento das extremidades do estator, que também acontece em geradores de polos salientes, mas muito mais proeminente em máquinas de polos lisos. Outros limites, aplicáveis a ambas as máquinas ainda não representados, são também impostos pela operação de reguladores de tensão, máximo e mínimo limites operativos da máquina primária, máximo e mínimo limites da tensão em barramentos auxiliares, mínima excitação, etc. Figura 6.11 – Curva de capabilidade para turbogerador O carregamento de u’a máquina além desua capacidade pode causar elevação de temperatura, resultando em uma redução da vida útil da máquina. Sendo assim, a repetida aplicação de tais cargas deve ser evitada. Entretanto, para turbogeradores, pode-se admitir uma sobrecarga de curta duração, sem comprometimento do isolamento da máquina, se o seguinte tempo limite de exposição for respeitado. 𝑡 = 150 𝐼1 2 − 1 Onde 𝑡 é o tempo limite de sobrecarga (s) e 𝐼1 é a corrente de sobrecarga em p.u. Em função da saliência do rotor, a curva de capabilidade de um hidrogerador difere substancialmente da curva de um turbogerador. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 11 - 6.4 CURVAS V Algumas características operativas de interesse em máquinas síncronas podem ser obtidas através da família de curvas V. Estas curvas mostram, para cada potência ativa gerada, a relação existente entre a corrente de armadura e a corrente de excitação. Também, visualmente, pode-se identificar o fator de potência operativo, se é indutivo ou se é capacitivo. A Figura 6.12 ilustra uma família de curvas V. Figura 6.12 – Curvas V de um gerador síncrono Observe que a família de curvas V da Figura 6.12 toca o eixo das abscissas em um valor de corrente de campo exatamente igual a um pu, com potência ativa zero. Isto se dá exatamente quando a máquina está flutuando em relação ao sistema, condição esta, por exemplo, quando a máquina acaba de entrar em paralelo com o sistema. Por outro lado, a corrente de campo base é sempre aquela corrente de excitação que leva a tensão na linha de entreferro ao valor igual a 1 pu. Devido à saturação, a corrente de campo necessária para a máquina apresentar 1 pu de tensão nos seus terminais é sempre maior que 1. Esta Figura 6.12 mostra as diversas correntes de armadura em função da corrente de excitação para cada potência elétrica ativa gerada. As linhas tracejadas mostram pontos de mesmo fator de potência. A linha central é o fator de potência unitário. Note que todas as curvas de corrente apresentam seu mínimo junto à linha de fator de potência unitário. O conhecimento de tal característica operativa é de grande importância para a correta operação do gerador quando se deseja usa-lo também como compensador síncrono, corrigindo o fator de potência de um sistema ou instalação. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 12 - A sua construção é feita tendo-se em mãos a curva de capabilidade, conhecendo-se os limites de operação da máquina. Para uma dada potência, a corrente de armadura é proporcional à corda que liga cada par coordenado P-Q à origem do diagrama. A corrente de excitação é proporcional à distância cada par coordenado P-Q até a borda da circunferência de relutância, sobre a linha que vai do ponto de carga até o ponto V²/Xq, nas máquinas de polos salientes; ou simplesmente à corda que vai do ponto de carga até V²/Xd nas máquinas de polos lisos. 6.5 DIAGRAMA R-X O diagrama R-X traz informações muito úteis para a operação de máquinas síncronas, principalmente em se tratando da proteção de perda de campo, como ilustra a Figura 6.13. Figura 6.13 – Diagrama R-X de u’a máquina síncrona. O diagrama R-X é um jeito diferente de se enxergar a curva de capabilidade. Uma vez obtida esta curva, os valores de R e de X poderiam ser calculados da seguinte forma: R = V2 P P2 + Q2 e X = V2 Q P2 + Q2 ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 13 - 6.6 CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CAPABILIDADE Primeiramente será mostrada a construção da curva de capabilidade para um gerador de polos lisos, qual se inicia com diagrama fasorial de um gerador alimentando uma carga indutiva. Multiplicando todos os lados do diagrama original por 𝑉/𝑥𝑑, este se transforma, considerando apenas umas das fases, um diagrama de tensões em um diagrama de potências, como mostra a Figura 6.14. Figura 6.14 – Diagrama fasorial modificado. Desprezando-se a saturação, verifica-se que a aresta 𝐸𝑞𝑉/𝑥𝑑 é diretamente proporcional à corrente de excitação, indicando um limite de aquecimento do rotor para uma corrente de excitação nominal. A aresta 𝑉𝐼 é proporcional à potência aparente, ou à corrente de armadura, dando uma indicação do limite de corrente da armadura para a condição nominal. Como colocado anteriormente, um turbogerador, a máxima transferência de potência de se dá quando o ângulo de carga é igual a 90o, estabelecendo o limite teórico de estabilidade. O limite prático de estabilidade é obtido, ou aplicando um fator de segurança sobre o ângulo de carga, ou sobre potência gerada sob uma mesma excitação. Para a obtenção da curva de capabilidade completa, deve-se ainda considerar o limite de mínima excitação, como mostrado na Figura 6.15. Figura 6.15 – Introdução dos limites operativos. 𝐸𝑞 𝐼 𝑉 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 𝑉𝐼 𝑉2/𝑥𝑑 ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 14 - Por outro lado, em máquinas síncronas de polos lisos, existe um fator muito mais limitante que a curva de estabilidade prática ou o limite de mínima excitação. Trata-se do limite de aquecimento das extremidades da armadura. Este fenômeno ocorre quando em fraca excitação, as linhas de fluxo se conectam de forma perpendicular com a laminação da armadura, originado correntes no plano da laminação, resultando em aquecimento excessivo. A Figura 6.16 ilustra o exposto. Figura 6.16 – Operação com enfraquecimento de campo. Este limite no plano P-Q é obtido a partir da curva V da máquina, definindo-se uma reta que limita ambas, corrente de campo e corrente de armadura. Esta reta é obtida a partir de dois pontos. Um ponto dado por 25% da corrente de excitação nominal com 75% da corrente armadura nominal, e outro ponto relacionando 100% da corrente de armadura nominal com a corrente de excitação que leve a 100% da corrente de armadura na curva referente ao fator de potência nominal. Como mostrado na Figura 6.17. Figura 6.17 – Limites de corrente. Os valores obtidos nesta reta obtida no plano I-IF deverão ser levados ao plano P-Q, resultando no limite de aquecimento das extremidades da armadura. Este limite é mais proeminente em máquinas de polos lisos, porém nada impede que o mesmo se apresente em máquinas de polos salientes. Para minimizar este problema, os fabricantes fazem a armadura me um formato de escada, impedindo que as linhas de fluxo de fechem em no plano da laminação do estator. 1,00 FPN 0,75 0,25 IEX ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 15 - Figura 6.18 – Laminação em degraus para reduzir os efeitos de fluxos transversais. Figura 6.19 – Diagrama fasorial da máquina de polos salientes. Devido à saliência, para a construção da curva de capabilidade para máquinas de polos salientes, deve-se proceder a uma pequena modificação no diagrama fasorial da Figura 6.19. O triângulo inserido na semicircunferência é, por definição, retângulo. O cateto menor é (𝑥𝑑 − 𝑥𝑞) 𝐼𝑞, e é proporcional à projeção da tensão terminal no eixo em quadratura, 𝑉 sin(𝛿). Como 𝐼𝑞 é 𝑉𝑞/𝑥𝑞, resultaque a hipotenusa, ou o diâmetro da circunferência, é 𝑉 (𝑥𝑑 − 𝑥𝑞)/𝑥𝑞. Mais uma vez, multiplicando-se todos os lados deste diagrama por 𝑉/𝑥𝑑, ter-se-á um diagrama de potências. As coordenadas extremas da semicircunferência serão 𝑉2/𝑥𝑑 e 𝑉 2/𝑥𝑞. Seguindo os mesmos procedimentos adotados para máquina de polos lisos, obtém-se o diagrama de potências e os limites mostrados na Figura 6.20. 𝐸𝑞 𝑗 (𝑥𝑑 − 𝑥𝑞) 𝐼𝑞 𝑗 (𝑥𝑑 − 𝑥𝑞) 𝐼𝑑 𝑗 (𝑥𝑑 − 𝑥𝑞) 𝐼𝑑 𝑗 𝑥𝑞 𝐼 𝑉𝑞 = 𝑗 𝑥𝑞 𝐼𝑞 𝑉 𝐼 ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 16 - Figura 6.20 – Introdução dos limites operativos. Primeiramente traça-se um arco de circunferência com raio unitário. Este é o limite de aquecimento da armadura e considera que a corrente máxima é igual à nominal, ou seja, 1 pu. Em seguida traça-se a curva de excitação zero, que também é uma circunferência com centro em 𝑉2 (1/𝑥𝑞 + 1/𝑥𝑑)/2 e raio 𝑉 2 (1/𝑥𝑞 − 1/𝑥𝑑)/2. Agora parte-se para o traçado do limite de aquecimento de campo, definido pelo aquecimento provocado pela passagem da corrente de excitação nos enrolamentos de campo. Este limite é construído traçando-se várias linhas radiais que partem de 𝑉2/𝑥𝑞 no eixo das abscissas. Deve-se traçar uma corda que liga este ponto ao ponto definido pela corrente de armadura nominal ao fator de potência nominal. A partir da semicircunferência de excitação zero, esta corda é proporcional a 𝐸𝑞 e, desconsiderando-se a saturação, é proporcional à corrente de campo nominal. O limite de aquecimento de campo é obtido adotando-se, a partir da semicircunferência de excitação zero, esta distância em todos os raios estabelecidos previamente. A máxima transferência de potência em máquinas síncronas de polos salientes se dá para um ângulo de carga menor que 90. Este é o limite teórico de estabilidade. Assim como em uma máquina de polos lisos, o limite prático de estabilidade é obtido ou aplicando-se um fator de segurança ou sobre o ângulo de carga, ou sobre a potência ativa para uma dada excitação. Adotando a primeira abordagem, a máxima potência para um dado ângulo de carga se verifica quando a derivada parcial da equação da potência em relação ao ângulo de carga, é igual a zero. Matematicamente: 𝜕𝑃 𝜕𝛿 = 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 cos(𝛿) − 𝑉2 ( 1 𝑥𝑑 − 1 𝑥𝑞 ) cos(2𝛿) = 0 The value of 𝐸𝑞 that satisfy such equation is: 𝐸𝑞 = 𝑉 (1 − 𝑥𝑑 𝑥𝑞 ) cos(2𝛿) cos(𝛿) 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 𝑉𝐼 𝑉2 𝑥𝑞 𝑉2 𝑥𝑑 ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 17 - A máxima transferência de potência em máquinas síncronas de polos salientes se dá para um ângulo de carga menor que 90. Este é o limite teórico de estabilidade. Assim como em u’a máquina de polos lisos, o limite prático de estabilidade é obtido ou aplicando-se um fator de segurança ou sobre o ângulo de carga, ou sobre a potência ativa para uma dada excitação. Adotando a primeira abordagem, a máxima potência para um dado ângulo de carga se verifica quando a derivada parcial da equação da potência em relação ao ângulo de carga, é igual a zero. Matematicamente: A seguinte identidade trigonométrica é usada: cos(2𝛿) = 2 cos2(𝛿) − 1 No que resulta: 2 𝑉2 ( 1 𝑥𝑑 − 1 𝑥𝑞 ) 𝑐𝑜𝑠2(𝛿) + 𝐸𝑞 𝑉 𝑥𝑑 𝑐𝑜𝑠(𝛿) − 𝑉2 ( 1 𝑥𝑑 − 1 𝑥𝑞 ) = 0 Definem-se então as seguintes variáveis auxiliares: 𝑝 = cos(𝛿) 𝑎 = 2 𝑉2 ( 1 𝑥𝑑 − 1 𝑥𝑞 ) 𝑏 = 𝐸𝑞 𝑉 𝑥𝑑 𝑐𝑜𝑠(𝛿) 𝑐 = −𝑉2 ( 1 𝑥𝑑 − 1 𝑥𝑞 ) Então, tem-se: 𝑎 𝑝2 + 𝑏 𝑝 + 𝑐 = 0. A partir da qual pode-se determinar 𝑝 como a solução de um polinômio de segunda ordem: 𝑝 = −𝑏 + √𝑏2 − 4 𝑎 𝑐 2 𝑎 O correspondente ângulo delta é o ângulo cujo cosseno é 𝑝: 𝛿 = acos(𝑝) Finalmente, considerando-se o limite de mínima excitação, obtém-se a curva de capabilidade completa para u’a máquina síncrona de polos salientes, como a mostrada na Figura 6.20. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 18 - Figura 6.20 – Limites operativos do hidrogerador de polos salientes. Um ponto importante a ser observado é a influência dos valores do fator de potência nominal e da relação de curto circuito sobre a forma da curva de capabilidade de u’a máquina. Esta influência pode ser vista na Figura 6.21. Figura 6.21 – Influência de Xd e FP sobre o desempenho da máquina Pode-se observar que o aumento do fator de potência nominal reduz a flexibilidade operativa da máquina em termos de sobre-excitação e fornecimento de reativos para alimentar uma carga indutiva (funcionamento como gerador). Uma máquina com menor fator de potência nominal pode ceder reativos muito mais do que uma máquina com maior fator de potência nominal. Os principais procedimentos de rede do mundo preconizam que o fator de potência máximo seja 0,95 em redes de transmissão e 0,90 em redes de distribuição, justamente para que o gerador distribuído possa atender melhor as expectativas de reativos indutivos das cargas. P V2/xq V 2/xd Q ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 19 - Para atender um menor fator de potência nominal, o limite de aquecimento do rotor se desloca para a direita; isto é, o enrolamento de campo permite uma maior corrente de excitação. Isto é feito aumentando-se a bitola dos condutores do enrolamento de campo, fazendo com que a máquina fique mais pesada e mais cara. Não é demais afirmar que a variação no custo de um gerador é da ordem do inverso do fator de potência nominal, ou seja, se uma máquina com fator de potência unitário custa 100% de um dado valor, essa máquina iria custar 11% mais caro o fator de potência nominal fosse 0,90, isto é, um acréscimo de 1/0,90. Por outro lado, quanto maior a reatância síncrona de eixo direto da máquina, mais restritivo fica o limite de estabilidade, ao ponto de, u’a máquina com reatância síncrona de eixo direto menor que a unidade, nunca iria experimentar o limite de estabilidade prática. Infelizmente, a tendência vai à direção de se construir máquinas, principalmente as de polos lisos, com relação de curto- circuito cada vez mais baixas, tanto quanto 0,5, resultando em uma reatância saturada de 2 pu, exacerbando bastante o limite de estabilidade. 6.7 CONSTRUÇÃO DA FAMÍLIA DE CURVAS V A curva V mostra as relações entre corrente de armadura e corrente de excitação para cada potência, e podem ser obtidas a partir da carga de capacidade da máquina sob estudo. Para um dado ponto de carga a uma tensão constante, a corrente de armadura é proporcional à potência aparente, ou seja, é proporcional à linha que liga o ponto da origem até o ponto de carga. Por outro lado, a linha que liga o ponto fixo 𝑉2/𝑥𝑞 no eixo das abscissas na carta de capacidade, ao ponto de carga, partindo-se da borda da circunferência para máquinas de polos salientes, e partindo-se do ponto 𝑉2/𝑥𝑑 para máquinas de polos lisos, é proporcional à tensão induzida. Desprezando-se a saturação esta linha é proporcional à corrente de campo, Figura 6.22. Figura 6.22 – Correntes de campo e de armadura a partir da carta de capacidade. K1 IF K2 I ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá.- 20 - Estes valores aplicados ao lugar geométrico definido pela corrente de armadura e corrente de excitação resultam na curva V da máquina, que pode ser construída para quaisquer pontos que se desejar. Como mostra a Figura 6.23. Figura 6.23 – Construção da família de curvas V. De outra forma, a família de curvas V pode ser obtida a partir das equações usadas para calcular a corrente de campo para uma dada carga representada pelas suas potência ativa e potência reativa. Neste caso, o fenômeno da saturação e considerado, e a curva V para potência ativa igual a zero não toca mais a corrente de campo na corrente nominal, definida como sendo aquela que correspondente à tensão nominal na linha do entreferro, mas em um valor maior que este, como mostra a Figura 6.24. I (pu) 0 1 IF (pu) ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 21 - Figura 6.24 – Família de curvas V considerando a saturação. 6.8 OPERAÇÃO DESEQUILIBRADA Um sistema desequilibrado pode, à luz da técnica de componentes simétricas, ser decomposto em um sistema equilibrado de sequência positiva, um sistema equilibrado de sequência negativa e em um sistema de componentes de sequência zero. O rotor das máquinas síncronas são extremamente sensíveis às componentes de sequência negativa e zero, oriundas da operação desequilibrada ou da alimentação de faltas à terra. Isto acontece porque uma corrente de sequência negativa na armadura irá dar origem a um campo girante, com a mesma velocidade, porém contrário ao campo criado pelo rotor, induzindo correntes parasitas à dupla frequência na superfície do rotor. Da mesma forma, uma componente de sequência zero na armadura irá induzir uma corrente à frequência fundamental no rotor. Posto que estas correntes irão circular pelos anéis de retenção em ambas extremidades, estabelecendo um caminho de baixa resistência, toda a superfície do rotor e seus componentes estarão sujeitos a uma forte elevação de temperatura. Dessa forma, para se avaliar a extensão dos possíveis danos causados pela operação desequilibrada, assim como estabelecer limites para este tipo de operação, é de suma importância o conhecimento da componente de sequência negativa da corrente de carga. A Figura 6.22 apresenta estes limites operativos em regime de desequilíbrio de tensão, bem como elementos básicos para a obtenção do corrente de sequência negativa é mostrado na Figura 6.23, em função do valor da corrente nas três fases. 0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 I (p u ) IF (pu) ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 22 - Figura 6.25 – Limites operativos em condições desequilibradas. Figura 6.25 – Obtenção da corrente de sequência negativa. ELE606 - Conversão Eletromecânica de Energia II © Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, L.D., Prof. Antônio Eduardo Hermeto, L.D., Universidade Federal de Itajubá. - 23 - 6.9 OBTENÇÃO DAS RELAÇÕES DE POTÊNCIA As relações de potência podem ser obtidas da curva de capabilidade para a máquina síncrona de polos salientes, através de simples relações trigonométricas. Para máquinas de polos lisos, basta fazer 𝑥𝑞 igual a 𝑥𝑑. Figura 6.26 – Relações de potência. Da figura, tem-se sen(𝛿) = 𝑃 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 + 𝑉2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) cos (𝛿) Ou 𝑃 = 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 sen(𝛿) + 𝑉2 2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) sen(2𝛿) E cos(𝛿) = 𝑄 + 𝑉2 𝑥𝑞 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 + 𝑉2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) cos (𝛿) Ou 𝑄 = 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 cos(𝛿) + 𝑉2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) cos2(𝛿) − 𝑉2 𝑥𝑞 P P Q 𝐸𝑞𝑉 𝑥𝑑 Q 𝑉 2 𝑥𝑞 𝑉2 𝑥𝑑 𝑉2 ( 1 𝑥𝑞 − 1 𝑥𝑑 ) cos (𝛿)
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