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Teoria macroeconômica: escola clássica e keynesiana

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- -1
MACROECONOMIA
CAPÍTULO 2 - COMO SE IDENTIFICA A 
MACROECONOMIA NO COTIDIANO?
André Abdala
- -2
Introdução
A teoria macroeconômica, assim como ciência econômica em si, é influenciada por diferentes escolas de
pensamento. A análise das variáveis econômicas de modo agregado ganhou escopo como o economista inglês
John Maynard Keynes – o precursor do pensamento macroeconômico, com a sua obra “Teoria geral do emprego,
do juro e da moeda” publicada em 1936, sob os efeitos deletérios ainda vigentes da depressão econômica de
1929.
Você já o conhecia? Acredita que os termos agregados da economia, como o Produto Interno Bruto (PIB), a taxa
de câmbio, dentre outros, são tão antigos quanto à ciência econômica? Os estudos dos agregados da economia
têm algumas décadas de existência. Devido à importância dos fundamentos de Keynes (2007), assim como do
pensamento econômico que o antecedeu, vamos começar estudando a escola clássica e, em seguida, a escola
keynesiana.
A despeito de Keynes (2007) revolucionar o pensamento econômico, você sabia que o pensamento clássico ainda
exerce peso considerável? Aos poucos você terá essa compreensão sobre a influência que a escola clássica ainda
mantém na teoria macroeconômica atual.
Da mesma forma, a revolução keynesiana exerce peso considerável na teoria macroeconômica que iremos
estudar a partir do tópico 2.2 até o fim desta disciplina. Ao longo do texto você irá conhecer a influência de
Keynes (2007) na macroeconomia moderna. Contudo, é importante que, desde já, saibamos que o autor
apresentou limites em sua capacidade de explicação.
Vamos estudar esse conteúdo a partir de agora. Acompanhe!
2.1 O equilíbrio na economia clássica
A economia clássica exerce considerável relevância na teoria macroeconômica que estudamos. A compreensão
dos efeitos inflacionários passa pelos enfoques da escola clássica, que continua a ser muito útil.
Por outro lado, outras compreensões do pensamento clássico tiveram seus pressupostos derrubados com a
revolução keynesiana, a qual virá igualmente a apresentar as suas limitações com o advento de outras escolas de
pensamento econômico, a exemplo do pensamento novo-keynesiano, cujos fundamentos se baseiam naquela
teoria macroeconômica que veremos mais adiante, ainda neste capítulo e ao longo da disciplina.
Todavia, como toda escola ou teoria apresenta a sua margem ou capacidade de explicação sobre algo, a teoria
clássica traz alguns elementos essenciais para a compreensão da teoria macroeconômica.
2.1.1 Equilíbrio entre oferta e demanda agregada no modelo clássico
Você já estudou que consoante aos postulados da economia clássica, e de acordo com a Lei de Say, a oferta cria a
sua própria demanda, levando ao equilíbrio o mercado de bens e serviços (KEYNES, 2007). E isso acontece
porque há perfeita flexibilidade de preços e salários, tendo vista que, da mesma forma que o excesso de oferta de
certa mercadoria derruba os preços e, por consequência, eleva a demanda. O mesmo ocorre em qualquer outro
mercado, como no mercado de trabalho, no qual o preço corresponde aos salários e, quando há excesso de mão
de obra, a procura de emprego reduz salários (PINDYCK; RUBINFELD, 2010).
Todavia, a teoria clássica dá enfoque ao grau de satisfação que certo nível salarial causa ao trabalhador e a sua
livre capacidade de negociação junto ao empresariado. Além disso, entre os postulados há a compreensão de que
oferta cria a própria demanda e, também, que a oferta de moeda afeta somente o nível de preço, não tendo
qualquer impacto nas variáveis reais.
- -3
Agora iremos compreender melhor os postulados da escola clássica, que conforme Keynes (2007) dois são
fundamentais:
• o salário real é igual ao produto marginal do trabalho;
• a utilidade do salário, quando se emprega determinado volume de trabalho, é igual à desutilidade 
marginal desse mesmo volume de emprego.
O primeiro postulado evidencia a relação entre a produção e o trabalho, ou seja, o quanto a produtividade é
afetada pelo emprego de cada mão de obra. Sendo assim, o salário será tanto maior quanto mais o produto se
elevar ao aplicar uma mão de obra adicional na produção. E, o segundo postulado, afirma que o salário real é o
suficiente para um indivíduo se satisfazer, ao aceitar certo trabalho Todavia, ambos pressupostos revelam. 
expressivas fragilidades por não considerarem o desemprego involuntário, aquele que ocorre devido às
imperfeições do mercado (KEYNES, 2007), como a concentração econômica (monopólio, oligopólios etc.) e os
conluios (cartéis etc.), que afetam a livre concorrência, ou mesmo as eventuais vicissitudes do mercado que
causam queda da renda esperada e do lucro, que, por consequência elevam o grau de desemprego.
Essa forma de desemprego não é considerada porque a teoria clássica compreende que eventuais imperfeições
vão se ajustando, frente às forças de mercado e diante a flexibilidade dos preços e salários, de modo que
negociações entre trabalhadores e empresários determinam o salário real. Sendo assim, segundo tal postulado, a
igualdade entre salário real e produto marginal do trabalho ocorre, visto que há somente o desemprego
voluntário, que é aquela recusa do trabalhador pelo emprego sob determinado nível de salário vigente, e o
desemprego friccional, o qual ocorre temporariamente, quando o trabalhador sai de um emprego em busca de
outro em melhores condições (KEYNES, 2007).
VOCÊ SABIA?
As variáveis nominais são os estoques de moeda e, sendo assim, os preços e a inflação. E as
variáveis reais estão representadas pelo emprego e produção. Logo, o Produto Interno Bruto
(PIB) e as variáveis que impactam diretamente no produto, como os investimentos, são
variáveis reais (VASCONCELLOS, 2002).
•
•
VOCÊ SABIA?
O conceito de utilidade está ligado à ideia de satisfação. Então, a utilidade marginal é a
satisfação adicional ao consumir uma unidade a mais de determinado produto. E o produto
marginal é a variação do produto total quando se emprega mais uma unidade de trabalho na
produção (PINDYCK; RUBINFELD, 2010).
- -4
Ao compreender esses dois postulados fica mais claro como funciona a Lei de Say, em que a oferta cria a sua
própria demanda. Isto é, ao elevar o nível de produção (corresponde ao aumento da oferta agregada), será
necessário elevar o nível de contratações, ou seja, o emprego aumenta e, por efeito, o consumo dos assalariados
também irá subir, pois há aumento da massa salarial na economia. A elevação na oferta agregada será
acompanhada de um aumento na demanda agregada, reestabelecendo um novo ponto de equilíbrio no mercado
de bens e serviços (KEYNES, 2007).
À vista disso, para a sua melhor compreensão, a teoria microeconômica observa que o preço de demanda é o
preço que os demandantes estão dispostos a pagar por unidade de consumo. Da mesma forma, o preço de oferta
é o que o preço em que os ofertantes estão dispostos a vender.
2.1.2 Alteração no nível de preços
A escola clássica tem entre os seus pressupostos as hipóteses da teoria quantitativa da moeda, a qual confere o
entendimento de que o tamanho de oferta monetária tem relação direta com o nível geral de preços.
Portanto, quando o governo expande a oferta de moeda, o poder de compra da mesma se reduz e, sendo assim, a
moeda é neutra, perante o lado real da economia. O que isso quer dizer? A expansão da quantidade de moeda
reduz o valor da mesma. Isso significa que os preços se elevarão. Por efeito, há uma perda no poder de compra
da moeda. Logo, se o governo espera elevar a oferta de moeda para estimular o consumo e os investimentos, não
logrará êxito, em razão do aumento nos preços, o que configura numa neutralidade da economia, já que a moeda
não alcança o lado real (produção, emprego) (DORNBUSCH; FISCHER, 1991).
Figura 1 - Curva de oferta clássica: independentemente do nível de preços, a função de oferta corresponde ao 
VOCÊ SABIA?
O salário nominal é aquele valor que vemos no contrato de trabalho. Já o salário real é o salário
nominal deflacionado por um índice de preços, ou seja, sem os efeitosda inflação. O salário
real, portanto, representa o poder aquisitivo dos trabalhadores. Então, quanto maior a inflação,
menor o salário real. Por exemplo, com R$ 1.000 podemos comprar 60 kg de carne quando o
preço do kg da carne é R$ 16,67/kg. Caso haja um aumento no preço do quilo da carne e o
mesmo passe para R$ 50,00/kg, agora vamos conseguir, com os mesmos R$ 1.000, comprar
menos quantidade, apenas 20 kg.
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Figura 1 - Curva de oferta clássica: independentemente do nível de preços, a função de oferta corresponde ao 
nível de pleno emprego.
Fonte: DORNBUSCH; FISCHER, 1991, p. 272.
A Figura 1 nos permite visualizar a curva de oferta no modelo clássico, uma reta vertical. Observe que a demanda
agregada, em uma economia fechada, é composta pelo consumo (C), investimentos (I) e gastos do governo (G)
. Clique na interação a seguir para saber mais.
 
A oferta agregada não aumenta diante da pressão da demanda, visto que a oferta agregada, no modelo clássico, é
inelástica, pois o que leva seu aumento são as alterações nos fatores de produção, ou seja, aumento do fator
trabalho, e não pressões de demanda.
 
Então, na expansão dos gastos governamentais, o excesso de demanda agregada (DA) ocasionado pelo aumento
nos gastos do governo eleva o nível de preços (P), ou seja, gerará inflação, dada a oferta agregada fixa
(inelástica).
 
E a demanda agregada (DA), que também pode ser representada pela renda (Y), permanece no mesmo nível,
alterando a sua curva até o novo ponto de preço de equilíbrio (P*). Efeito semelhante acontece quando o Banco
Central eleva a oferta monetária (DORNBUSCH; FISCHER, 1991).
No decorrer da disciplina você aprenderá, de forma mais detalhada, como funcionam os mecanismos de
expansão dos gastos públicos e da oferta monetária e seus respectivos efeitos. Mas, antes de dar esse importante
passo, no próximo tópico será apresentado o modelo keynesiano, precursor da teoria macroeconômica, ao tratar
as variáveis econômicas num sentido agregado, ao invés de individualmente ou setorialmente, como ocorre na
teoria microeconômica.
2.2 Modelo keynesiano simples
O pensamento clássico fora incapaz de responder aos problemas ocasionados pela Crise de 1929, quando uma
superprodução desvalorizou os ativos em geral, gerando um quadro inercial de baixo grau de expectativas dos
empresários e um aumento nas taxas de desemprego.
Em observação aos fatos, as ideias do economista inglês John Maynard Keynes revolucionaram o pensamento
econômico ao romper com alguns postulados do pensamento econômico vigente.
As ideias de Keynes, ao explicar a situação pela qual atravessava a economia, particularmente a economia dos
Estados Unidos, influenciaram planos de governo para a solução de problemas de curto prazo, via expansão de
gastos governamentais, para estimular a atividade econômica.
Por sua vez, tal como toda escola apresenta a sua margem, as políticas keynesianas podem ter problemas com
inflação, fato que pode ser explicado pela escola clássica.
2.2.1 Princípio da demanda efetiva
Diferentemente da escola clássica, Keynes (2007) afirma que o trabalhador não abandona o trabalho
imediatamente porque o salário real declinou. Aliás, o trabalhador tende a observar as variações nos salários
nominais e não em seu valor real, pois são considerados irracionais, dados os aspectos psicológicos nas decisões
dos agentes econômicos, e não racionais como pressupunha o modelo clássico.
- -6
Ademais, o desemprego no modelo keynesiano, em oposição à teoria clássica, se relaciona à dinâmica da
atividade econômica. Clique na interação a seguir para entender melhor.
Quer dizer, a recessão na economia não acontece porque o trabalhador se recusa a aceitar o emprego ante um
salário menor, mas porque há certo problema de expectativas em longo prazo dos empresários em relação a suas
previsões de vendas, devido às incertezas quanto ao futuro no meio econômico. Em períodos recessivos, o
trabalhador se mostra menos relutante em aceitar o emprego com salário reduzido, mesmo sem diminuir a
produtividade marginal do trabalho.
Neste ponto onde se insere o Princípio da Demanda Efetiva de Keynes (1982), a qual mantém estreita ligação
com o quadro de expectativas em longo prazo e incertezas dos empresários e, por consequência, com a renda
esperada.
Entre a demanda agregada, D(N), e a oferta agregada, O(N), há um ponto de intersecção (A), chamado de
demanda efetiva, a qual é responsável pelas flutuações econômicas, uma vez que, em períodos recessivos ou de
baixa certeza quanto ao futuro, o empresário tende a entesourar, ou seja, a optar pela liquidez (moeda), ao invés
de investir em bens ilíquidos (bens de capital). Assim, também a demanda efetiva é responsável pela propensão
a consumir (KEYNES, 2007).
Na determinação da demanda efetiva há um peso psicológico nas decisões dos agentes econômicos, pois é
considerado o montante que se espera de consumo (propensão a consumir) e o montante que se espera de
novos investimentos (KEYNES, 2007).
Observe que tanto a demanda agregada quanto a oferta agregada estão em função do nível de empregos (N). A
oferta agregada O(N) representa as receitas mínimas que os empresários esperam receber ao aplicar os fatores
de produção (trabalho, capital). Já a demanda agregada representa o quanto as empresas esperam receber de
suas vendas para dado nível de emprego contratado (MISSIO, 2011).
VOCÊ O CONHECE?
O economista John Maynard Keynes (1883-1946) rompeu com a ótica dominante, como a Lei
de Say, e concentrou esforços na compreensão da instabilidade econômica de curto prazo. À
vista disso, tratou sobre os determinantes das flutuações econômicas e, com isso, da renda e do
emprego (PINHO et al., 2014).
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Figura 2 - Demanda efetiva: ponto em que as demandas efetivamente se realizam, diferentemente das demandas 
em potencial ou esperadas.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.
À vista disso, os momentos recessivos são caracterizados por uma insuficiência de demanda efetiva (KEYNES,
2007).
Sendo assim, a moeda é uma variável endógena e, por consequência, não é neutra, ou seja, a moeda afeta a
atividade econômica, devido às escolhas dos agentes econômicos por certos ativos, perante incertezas do futuro.
E as expectativas dos empresários, em longo prazo, exercem maior peso na instabilidade estrutural do sistema
econômico, posto que, de acordo com as possibilidades dos agentes econômicos, poderão optar por reter ou não
ativos líquidos (moeda) (KEYNES, 2007).
Importante ressaltar que as taxas de juros, quando baixas, podem estimular investimentos, porém é o grau de
confiança no retorno esperado de um investimento que predomina. Clique na interação a seguir para entender
melhor.
 
Assim, no agregado, quando há uma elevação do investimento, o preço de oferta reduz e cai o retorno esperado
porque há realização de novos investimentos e, por conseguinte, ocorre a ampliação da oferta. Então, o capital
que antes era escasso passa a se tornar abundante.
 
Da mesma forma, quando o investimento cai, o retorno esperado se eleva, uma vez que a produção se direciona
VOCÊ SABIA?
Variável endógena é a variável capaz de afetar outra variável simultaneamente, que o modelo
de mercado procura explicar, como renda e taxa de juros. Isto é, ao elevar a taxa de juros,
muda-se a relação de equilíbrio do nível da renda. Já a variável exógena é externa ao modelo de
mercado, ou seja, altera a relação de equilíbrio, mas por outra circunstância, que não o modelo
de mercado, como os gastos públicos (SILVA, 2014).
- -8
Da mesma forma, quando o investimento cai, o retorno esperado se eleva, uma vez que a produção se direciona
para um novo capital agora escasso (HERSCOVICI, 2013). Desse modo, Keynes (2007), compreende que o nível
de investimento dependerá da eficiência marginal do capital, a qual, por sua vez, dependerá do retorno esperado.
 
Keynes (2007) denomina o retorno esperado em renda esperada do capital ou do investimento. Portanto, a
eficiência marginal do capital é a renda esperada do investimento, de modoque iguale ao preço de oferta do
respectivo capital.
 
Na queda da eficiência marginal do capital, há um aumento do nível de investimento. Assim, há uma relação
entre aumento (diminuição) da demanda por capital e aumento (diminuição) do preço de oferta. Enquanto, o
preço de demanda do bem de capital for superior ao preço de oferta, o nível de investimento se eleva
(HERSCOVICI, 2013).
 
O investimento novo é ocasionado, portanto, pelas expectativas do empresário quanto ao retorno esperado do
novo capital. Por ser uma decisão baseada em expectativas futuras, a demanda por investimentos é instável,
imprevisível.
 
Em vista disso, a queda no investimento cria novas condições para a elevação da eficiência marginal do capital e,
por isso, a expectativas dos empresários no retorno esperado se renovam.
Sendo assim, a explicação mais plausível para a crise econômica não é a taxa de juros, mas o colapso da eficiência
marginal do capital (KEYNES, 2007, p. 245), como segue:
As últimas etapas da expansão são caracterizadas por expectativas otimistas relativas ao rendimento
futuro dos bens de capital suficientemente fortes para compensar a abundância crescente desses
bens, a alta de seus custos de produção e, provavelmente, a alta da taxa de juros [...] quando a
decepção advém a um desses mercados otimistas em demasia e superabastecidos, as cotações
desçam em movimento súbito [...] Além disso, o pessimismo e a incerteza a respeito do futuro que
acompanham o colapso da eficiência marginal do capital suscitam, naturalmente, um forte aumento
pela preferência pela liquidez e, consequentemente, uma elevação da taxa de juros [...] o colapso da
eficiência marginal do capital pode ser tão completo que nenhuma redução possível da taxa de juros
baste para contrabalancear.
Observe que Keynes (2007) evidencia a relevância da confiança dos investidores na dinâmica econômica. Em
cenários de deterioração das expectativas, os estoques avolumam. Sob esse enfoque, a expansão dos gastos
públicos pode romper com uma inércia, na qual a redução da taxa de juros se mostra incapaz de gerar um efeito
dinamizador na atividade econômica.
- -9
Sob essa compreensão da demanda efetiva, vemos que a renda esperada e o grau de expectativas dos
empresários determinam, de fato, o nível de demanda por investimentos e renda em uma economia. Sendo
assim, na ótica keynesiana, não é a oferta que cria a sua própria demanda, mas a demanda que determina a
oferta. E, sendo assim, o grau de expectativas dos empresários determina a preferência pela liquidez e, com isso,
o nível de investimento e, consequentemente, influi na atividade econômica num todo.
Há quatro incentivos psicológicos de liquidez (KEYNES, 2007). Clique nos itens para conhecê-los.
• 
Motivo renda
Conservar recursos para garantir a transição entre desembolsos e recebimentos.
• 
Motivo negócios
Garantir recursos para a compra e a realização da produção e venda.
• 
Motivo precaução
Manutenção de recursos financeiros para atender contingências inesperadas e oportunidades
imprevistas de realizar compras vantajosas.
• 
Motivo especulação
Trata-se de uma demanda por moeda relacionada a incertezas quanto à taxa de juros, que seria
uma especulação em títulos públicos, mirando obter ganhos financeiros nestas aplicações.
CASO
A escola clássica considera a moeda uma variável exógena, porque depende da política do
Banco Central em elevar a oferta monetária, e a taxa de juros uma variável endógena. Todavia,
o modelo keynesiano considera a moeda uma variável endógena e a taxa de juros uma variável
exógena, uma vez que os agentes econômicos realizam opções por moeda (ativo líquido),
consoante o grau de expectativas.
Com base nessas considerações, o Banco Central Europeu, a partir de crise financeira de 2008,
que se alastrou para o lado real da economia (produção e empregos), expandiu emissão de
moeda, ao comprar títulos da dívida soberana (títulos dos governos), mirando estimular a
economia. Em torno de 10 anos depois, o Banco Central Europeu promete reduzir tal política.
Disponível em:
<https://www.valor.com.br/financas/5371597/bc-europeu-realiza-pequeno-passo-rumo-
>.retirada-de-estimulos
•
•
•
•
https://www.valor.com.br/financas/5371597/bc-europeu-realiza-pequeno-passo-rumo-retirada-de-estimulos
https://www.valor.com.br/financas/5371597/bc-europeu-realiza-pequeno-passo-rumo-retirada-de-estimulos
- -10
Mas não podemos esquecer que além dos investimentos, o consumo, inclusive, forma aquilo que chamamos de
demanda agregada. Ao longo do texto iremos compreender melhor com funciona a demanda agregada e os
elementos que a abrange.
Agora, vejamos na figura abaixo como funciona a curva de oferta keynesiana.
Figura 3 - Curva de oferta keynesiana: qualquer nível de produção será ofertado ao nível de preços em vigência
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Observa-se que, diferentemente da curva de oferta agregada clássica (Figura Demanda efetiva), a curva de oferta
keynesiana é horizontal. Logo, por exemplo, quando o governo eleva os gastos públicos, a renda aumenta do
nível Y para Y*. Já na expansão dos gastos governamentais no caso clássico, o excesso de demanda ocasionado
pelo aumento nos gastos do governo eleva o nível de preços (P), sem expandir a oferta agregada (OA).
Assista ao vídeo abaixo e aprenda mais sobre o assunto.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1547874527&entry_id=1_8nwqnac0
Dando sequência aos seus estudos de Macroeconomia, você verá, no próximo tópico, sobre o mercado de
trabalho e o desemprego. Confira!
2.2.2 Mercado de trabalho e desemprego
O aumento no nível de desemprego pode elevar a preferência pela liquidez dos empresários. Quer dizer, diante
do baixo nível de emprego, a propensão a consumir declina e, em efeito, a renda esperada.
Perante esse cenário, os empresários optam por reter moeda (poupar ou entesourar, na linguagem keynesiana)
VOCÊ QUER LER?
O artigo “A Gênese do Princípio da Demanda Efetiva em Keynes” de Klagsbrunn (1996) realiza
uma abordagem dos elementos que impactam na demanda efetiva keynesiana, tal como as
expectativas e incertezas quanto aos acontecimentos futuros, os quais determinam o nível de
investimentos dos empresários.
Confira em:
< >.http://www.revistas.usp.br/ee/article/view/116840/114386
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1547874527&entry_id=1_8nwqnac0
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1547874527&entry_id=1_8nwqnac0
http://www.revistas.usp.br/ee/article/view/116840/114386
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do baixo nível de emprego, a propensão a consumir declina e, em efeito, a renda esperada.
Perante esse cenário, os empresários optam por reter moeda (poupar ou entesourar, na linguagem keynesiana)
ou títulos financeiros de alta liquidez, isto é, facilmente convertíveis em dinheiro, ao invés de investir em ativos
ilíquidos (máquinas, equipamentos, edifícios, etc.), em razão do maior risco de mercado.
No curto prazo, um aumento na produção eleva o nível de emprego e, assim, da massa salarial da economia. E, de
certa forma, isso eleva os custos de produção, como mais salários a pagar, o que também faz subir os preços.
Entretanto, uma produção excedente, além do nível de demanda efetiva, irá desvalorizar o produto e corroer os
lucros das firmas, por consequência. Por isso, em momentos de incertezas quanto ao futuro, os empresários
preferem a liquidez à realização de investimentos produtivos.
Então, um importante diferencial da escola keynesina em relação à clássica concerne na refutação de que a
redução dos salários irá aumentar o nível de emprego porque reduzirá custos de produção. De acordo com a
ótica keynesiana, o que determina o nível de emprego é a demanda efetiva, e não uma redução no salário real.
Clique na interaçãoa seguir para continuar lendo.
Keynes (2007) não desconsidera o contexto de que o empresário individual terá menores custos de produção e,
assim, maiores lucros, o que pode elevar a quantidade de mão de obra empregada. Porém, a escola keynesiana
parte do sentido agregado. Desse modo, ao observar todos os empresários de uma economia nacional essa
ponderação não se verifica.
Keynes (2007) pressupõe que, apesar da importância da propensão a consumir, a mesma é considerada estável e
previsível, não sendo suficiente para representar a falta de demanda efetiva. O agente econômico que apresenta
maior relevância seria a empresa através de seus gastos com investimentos, estes sim são considerados, no
modelo keynesiano, os grandes responsáveis pela instabilidade da demanda efetiva, tendo em vista os pontos
levantados anteriormente – baseado em expectativas futuras.
Sendo assim, a redução dos salários tende a não aumentar o emprego por muito tempo (KEYNES, 2007).
VOCÊ O CONHECE?
O Professor de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Luiz Gonzaga
Belluzzo, juntamente com outros economistas, a exemplo de Maria da Conceição Tavares, é
uma referência brasileira no pensamento keynesiano. A seguir, temos um link que apresenta o
pensamento de Belluzo.
Disponível em:
<https://arquivo.correiodobrasil.com.br/belluzzo-medo-do-futuro-deve-ser-atenuado-pelo-
>.estado/
https://arquivo.correiodobrasil.com.br/belluzzo-medo-do-futuro-deve-ser-atenuado-pelo-estado/
https://arquivo.correiodobrasil.com.br/belluzzo-medo-do-futuro-deve-ser-atenuado-pelo-estado/
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É importante considerar que Keynes (2007) dá um enfoque a uma economia fechada, ou seja, não considera o
sistema aberto, em que há outras economias nacionais. Durante tempo considerável a produção chinesa obteve
maior competitividade perante outras produções estrangeiras, aplicando baixíssimos custos de trabalho.
Igualmente, muitas grandes empresas estrangeiras procuram locais onde a mão de obra e os demais custos de
produção são mais baixos.
Inclusive, Keynes (2007, p. 205), de modo breve, ressalta que a redução nos salários nominais pode melhorar o
saldo da balança comercial (exportação menos importação) em um sistema aberto. Mas, o autor pondera que
isso pode piorar os termos comerciais ao considerar o consumo agregado nos diversos países que se relacionam.
Agora que aprendemos o pensamento keynesiano e clássico, podemos avançar para a compreensão do mercado
de bens com maior segurança, tendo em vista que os elementos dessas duas escolas influem enormemente na
teoria macroeconômica em voga.
2.3 Mercado de bens e serviços (Curva IS)
A compreensão macroeconômica principia pela compreensão do mercado de bens, porque é nele que vemos
como o consumo, os gastos do governo e os investimentos das empresas afetam positivamente a atividade
econômica.
Por outro lado, as tributações penalizam o consumo e os investimentos. Logo, quando o governo aumenta os
tributos, as pessoas consomem menos e, igualmente, as firmas reduzem os investimentos.
Já vimos que os agentes econômicos analisam a renda esperada. Portanto, os investidores, para formularem suas
VOCÊ QUER VER?
O vídeo traz umaAs Teorias Econômicas de Keynes - Análise do Professor Luíz Belluzzo
abordagem, com fundamento no pensamento keynesiano, comparando-o com a teoria clássica,
sob um enfoque da Crise da Superprodução, em 1929, quando a produção excessiva não
encontra demanda suficiente.
Disponível em:
< >.https://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU
VOCÊ QUER LER?
Sicsú (1999), um importante economista brasileiro keynesiano, realiza um resgate desde a
escola keynesina até a novo-keynesiana, tal qual predomina na teoria macroeconômica
estudada nas faculdades. O autor aborda que o equilíbrio apresentado na ótica da demanda
efetiva pode ser atingido abaixo do pleno emprego.
Disponível em:
< >.http://www.rep.org.br/pdf/74-6.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU
http://www.rep.org.br/pdf/74-6.pdf
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Já vimos que os agentes econômicos analisam a renda esperada. Portanto, os investidores, para formularem suas
expectativas, analisam toda essa gama de informação que iremos estudar agora, a exemplo do nível de consumo
e dos impostos, taxas e contribuições ao governo.
Sendo assim, quanto menos tributos, mais os empresários podem investir e mais as pessoas tendem a comprar.
2.3.1 Curva IS e relação poupança e investimento
Agora iremos desenvolver o estudo sobre demanda agregada para a compreensão da determinação da Curva IS,
a qual relaciona renda/produto e taxa de juros. Observe que ao tratarmos sobre renda, estamos, igualmente,
relacionando ao produto, pois se assume que todo produto gerado corresponde à remuneração (renda) de algum
fator de produção. Por isso, em economia, assume-se certa igualdade (identidade) entre renda e produto.
Neste contexto, o produto pode ser igualado à demanda agregada, embora nem sempre isso aconteça. No
próximo subtópico veremos essa relação de equilíbrio entre produto (oferta agregada) e demanda agregada.
Em uma economia fechada, ou seja, sem setor externo, assume-se que a demanda agregada (DA) ou o produto
abrange o consumo (C), o investimento (I) e os gastos públicos (G) (BLANCHARD, 2011; DORNBUSCH, R.;
FISCHER, 1991; LOPES; VASCONCELLOS, 2011; SACHS; LARRAIN, 2000).
No entanto, ao considerar uma economia aberta, que se relaciona com outros países, é incluída nessa equação as
exportações e as importações. Mas, deixaremos para aprender essa relação com o setor externo ao longo da
disciplina.
Podemos melhorar essa equação ao observar que nenhum demandante por consumo (consumidor) gasta tudo
que ganha, ou seja, poupa parte do que ganha. Então, uma fração da renda se gasta em consumo. Essa é a
propensão marginal a consumir (c), cujo “c” varia entre 0 ou 0% (não gasta nada) e 1 ou 100% (gasta tudo que
ganha).
Além disso, um parte fracionária da renda é gasta com tributo, , isto é, , que indica que parte da
propensão marginal a consumir é gasta com tributos. Logo, é a renda disponível, que também pode ser
representa pelo .
Os gastos públicos (G) contribuem para elevar o Produto Interno Bruno (PIB). Mas, se o governo elevar os
tributos (arrecadação do governo) e não subir os seus gastos, estará a caminho de um superávit no lado fiscal da
economia e, por efeito, também reduzirá a demanda agregada. Isso que significa que um público déficit 
.
Note, então, que quando tratamos de investimento na equação de demanda agregada, fazemos referência aos
investimentos privados, os quais também são impactados negativamente pelos tributos.
Mas, pode-se perguntar: o público reduz a poupança pública, que poderia ser investida em infraestrutura,déficit
educação, etc. e que a dívida do governo gera um ônus com os juros da dívida, além do impacto fiscal na inflação.
Verdade! Mas, estamos aprendendo uma análise estática no mercado de bens. No decorrer dos estudos iremos
desenvolver melhor esse conhecimento.
O consumo e o investimento são variáveis que dependem da dinâmica do produto. Se a renda declina, as pessoas
consomem menos e os empresários tendem a reduzir os investimentos. Mas, uma parte do consumo é realizada
independente da variação na renda. É o chamado consumo autônomo .
Já os gastos do governo não dependem da variação do produto. A política fiscal pode definir gastar mais quando
a atividade econômica declina. Portanto, os gastos públicos também são autônomos .
- -14
Figura 4 - A função consumo e o investimento autônomo: a maior propensão marginal a consumir e o 
investimento autônomo elevam a demanda agregada
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em DORNBUSCH; FISCHER, 1991.
Observe no gráfico que quanto maior a propensão marginal a consumir, assim como os gastos governamentais,
também maior é a demanda agregada. Por outro lado, os tributos impactam negativamente na renda
(BLANCHARD, 2011; DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991; LOPES; VASCONCELLOS, 2011; SACHS; LARRAIN, 2000).
Note que os gastos autônomos (ou gastos governamentais) afetam positivamenteos investimentos autônomos,
visto que o governo irá contratar o setor privado para demandar produtos e serviços, como obras em pontes,
edifícios, portos etc.
Da mesma forma, a poupança, a qual vem a ser traduzida em investimentos posteriormente, exerce um peso
positivo na renda.
Figura 5 - Poupança e investimento: em equilíbrio, o investimento planejado é igual à poupança.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.
Agora atente-se no gráfico acima para uma dinâmica muito importante na atividade econômica! Quando há nível
mais alto de produção, os agentes econômicos poupam mais do que investem. Por consequência, não compram
toda a produção, o que eleva o nível de estoque indesejado. Então, as firmas reduzirão a produção, diminuindo
assim os estoques. E quando a demanda se elevar inesperadamente, os estoques se esvaziam e, então, há uma
nova produção para suprir os estoques. Nessa nova dinâmica, os agentes optam por investir mais do que poupar
(DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991).
A compreensão dessa dinâmica ajuda a compreender o equilíbrio entre demanda agregada e oferta, que
estudaremos no próximo tópico.
Então, para completar o entendimento do investimento e da poupança, observe a relação de igualdade entre
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Então, para completar o entendimento do investimento e da poupança, observe a relação de igualdade entre
produto (Y) e demanda agregada (DA).
O produto menos o consumo é a poupança. E a demanda agregada menos o consumo é o investimento
(DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991). Considerando que demanda agregada é , então se tirar o consumo
temos os investimentos que, assim, podem ser tanto os públicos, na forma de gastos do governo (G), quanto os
privados , na forma de investimento das empresas (I).
Contudo, em termos formais, lembre-se que a literatura macroeconômica traz os gastos públicos como um
elemento de investimentos públicos e o termo “investimentos” referente aos investimentos do setor privado.
Por sua vez, o termo gastos públicos refere-se a um conceito de gastos produtivos (remuneração a
concessionárias de telefonia, obras em pontes e ferrovias, aporte de recursos pelo tesouro nacional em empresas
públicas e estatais, etc.), além do consumo e outras formas de despesas do governo.
Após visto isso, na figura 6 adentramos na Curva IS, sem a qual não podemos compreender os demais conceitos e
dinâmicas da teoria macroeconômica.
Figura 6 - Curva IS: relação entre produto e taxa de juros
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em DORNBUSCH; FISCHER, 1991.
A Curva IS representa uma relação negativa entre produto e taxa de juros (i). Quer dizer, quando a taxa de juros
sobe, o produto declina.
Logo, os investimentos são afetados negativamente pela taxa de juros porque os custos dos empréstimos e dos
financiamentos encarecem. Já a renda, como já vimos, impacta positivamente sobre o nível dos investimentos
(BLANCHARD, 2011; DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991; LOPES; VASCONCELLOS, 2011).
Note que o governo, mais propriamente o Banco Central, pode manipular a taxa de juros para controlar a
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Diversos debates referentes ao público são realizados como forma de explicar a crisedéficit
econômica brasileira, cujos efeitos se iniciam a partir da crise política que principia em 2014.
Esta matéria, sucintamente, traz duas visões: uma pró e outra contra aos efeitos da dívida
pública na economia brasileira. Disponível em:
<https://www.uol/economia/especiais/10-anos-da-crise-financeira-mundial-brasil-.htm#da-
>.alta-de-7-5-no-pib-a-maior-recessao-da-historia
https://www.uol/economia/especiais/10-anos-da-crise-financeira-mundial-brasil-.htm
https://www.uol/economia/especiais/10-anos-da-crise-financeira-mundial-brasil-.htm
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Note que o governo, mais propriamente o Banco Central, pode manipular a taxa de juros para controlar a
atividade econômica. No decorrer dos estudos veremos melhor sobre isso, o porquê é feita tal manipulação.
2.3.2 Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços
Ao tomar o produto como a quantidade produzida, e a demanda agregada como a quantidade demandada,
podemos analisar essa relação de equilíbrio, tendo IU como um índice de utilização da capacidade produtiva.
Consoante à figura abaixo, IU superior a 300, que é a quantidade de equilíbrio, isto é, 400, por exemplo, há um
excesso de produção, quer dizer, a quantidade produzida está superior à quantidade demandada . Logo,
há um excesso de estoque não planejado. O ajustamento em direção ao equilíbrio ocorre a partir do momento em
que demanda agregada excede à produção.
Figura 7 - Equilíbrio produto e demanda agregada: o produto está em equilíbrio quando a produção é igual à 
quantidade demandada.
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em DORNBUSCH; FISCHER, 1991.
Caso IU seja inferior ao nível de 300, ou seja, 200, por exemplo, então, há uma demanda inesperada que
sobrepõe a quantidade produzida , que leva os estoques a se esvaziarem. À vista disso, as empresas têm
que produzir o suficiente para atender a nova demanda e, inclusive, para recompor os estoques diminuídos, de
modo a tornar a quantidade produzida igual à quantidade demandada (DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991).
Agora que aprendemos o que é a Curva IS e outros elementos referentes à determinação de equilíbrio da
demanda agregada, no próximo tópico vamos desenvolver melhor a compreensão sobre os determinantes da
renda, além de compreender os efeitos de uma política fiscal expansionista, a qual pode dinamizar a geração de
empregos e a produção, por intermédio dos investimentos do setor privado, cujas obras e serviços são
contratados pelo governo.
2.4 Mercado de bens e serviços e a política econômica
A utilização dos gastos públicos e dos tributos é um importante meio do governo controlar a atividade
econômica, seja estimulando-a ou restringindo-a. As pessoas de modo geral reclamam dos excessos dos gastos
governamentais.
De fato, o público apresenta um peso bastante considerável na inflação (BLANCHARD, 2011). Por outrodéficit
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De fato, o público apresenta um peso bastante considerável na inflação (BLANCHARD, 2011). Por outrodéficit
lado, em momentos de recessão, quando as expectativas dos agentes econômicos estão tão baixas, que mesmo a
redução considerável da taxa de juros é incapaz de dinamizar os investimentos, somente os gastos do governo
são eficazes no estímulo da atividade econômica (KEYNES, 2007).
Dessa forma, por meio dos gastos governamentais, as empresas são remuneradas e, com isso, a produção e os
empregos obtêm um suspiro frente às intempéries na atividade econômica.
2.4.1 Multiplicador econômico
O governo tem entre seus mecanismos de política econômica, a política fiscal, que envolve o uso dos gastos
públicos e dos tributos.
Já vimos que os gastos governamentais estimulam a atividade econômica por induzirem um investimento
autônomo. E que os tributos impactam negativamente na renda. Todavia, o governo pode desestimular a
atividade econômica reduzindo gastos do governo, assim, como pode fomentar a economia ao decrescer os
tributos.
Desse modo, quando o governo reduz tributos ou expande os gastos públicos, realiza uma política fiscal
expansionista. E quando majora a tributação e diminui os gastos públicos, há a aplicação da política fiscal
contracionista ou restritiva (BLANCHARD, 2011; DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991).
Então, um fenômeno capaz de explicar os efeitos positivos dos gastos governamentais na atividade econômica é
o multiplicador econômico.
O multiplicador é o quanto a produção varia quando a demanda agregada autônoma varia uma unidade. Ou seja,
o quanto a quantidade produzida aumentará quando o governo realizar certo nível de gastos públicos a mais
(DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991).
VOCÊ QUER LER?
Pereira (2005) aborda sobre a relevância e os limites da intervenção do governo no mercado.
Este é um debate bastante corrente frente às discussões sobre o Estado mínimo, isto é, aquele
Estado que se limita à educação, saúde e infraestrutura e aquele Estado mais ativo, frente às
imperfeições de mercado. Disponível em:
< >.http://www.usc.es/economet/journals/eedi/eedi515.pdfhttp://www.usc.es/economet/journals/eedi/eedi515.pdf
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Figura 8 - No efeito do multiplicador econômico, o governo gasta, contrata produtos e serviços do setor privado, 
como as obras realizadas por empreiteiras.
Fonte: Shutterstock, 2018.
Note que esse é um efeito concernente a uma política fiscal expansionista, em que os gastos do governo
remunerarão as empresas contratadas, as quais, igualmente, irão pagar seus funcionários e outras empresas
fornecedoras de suprimentos. Logo, há um contexto de estímulo a novos investimentos e aumento na propensão
a consumir.
2.4.2 Determinantes da renda
Já vimos como a renda é determinada. Agora vamos formalizar as variáveis econômicas que impactam
positivamente e negativamente na renda.
Então, clique nos itens a seguir para ver as variáveis que apresentam efeito positivo no produto.
• 
Consumo (c)
• 
Investimentos (i)
• 
Gastos governamentais (G)
Como já foi mencionado, nem sempre o público é bom para a atividade econômica. Mas, essadéficit 
compreensão desenvolveremos ao longo da disciplina. Também veremos o comportamento da exportação e da
importação, sendo que a primeira impacta de maneira positiva e, a segunda, de modo negativo no produto.
Contudo, salienta-se que nem sempre que as empresas importam é um gasto redutor do PIB, porque muitas
•
•
•
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Contudo, salienta-se que nem sempre que as empresas importam é um gasto redutor do PIB, porque muitas
dessas importações são investimentos, como a compra de matérias-primas, máquinas e equipamentos do
exterior.
Figura 9 - Os investimentos são elementos dinamizadores da geração de produção e empregos.
Fonte: Sapsiwai, Shutterstock, 2018.
Veja agora as variáveis que apresentam efeitos negativos na renda:
• tributos (T);
• taxa de juros (i).
•
•
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Figura 10 - A tributação afeta negativamente a propensão marginal a consumir porque reduz a renda disponível 
dos consumidores.
Fonte: Lisa S., Shutterstock, 2018.
Vimos que o governo pode aplicar uma política fiscal expansionista, ao diminuir tributos, e contracionista ou
restritiva, ao elevar a tributação (BLANCHARD, 2011; DORNBUSCH, R.; FISCHER, 1991).
Você conheceu nesta unidade a importância das escolas clássica e keynesiana na teoria macroeconômica. A
relevância da compreensão da escola keynesiana ficou mais clara na abordagem sobre o mercado de bens e/ou
serviços, pois foi justamente Keynes (2007) a dar os primeiros passos para a edificação da teoria
macroeconômica, a exemplo dos conceitos de propensão marginal a consumir, devido ao seu olhar para a
economia num sentido agregado das variáveis econômicas.
Já o entendimento sobre a relevância da escola clássica ficará mais evidente nas próximas unidades quando
veremos que um excesso de gastos públicos tende a reduzir a poupança pública, que é tão necessária para o
investimento ou gasto público em infraestrutura, educação e saúde, além de seu impacto relevante na dinâmica
inflacionária, que tanto prejudica os investimentos.
Síntese
Chegamos ao final do capítulo e aprofundamos nosso conhecimento sobre o mercado de bens, que tem o objetivo
de demonstrar a relação do consumo, investimentos e gastos governamentais com a demanda agregada e o
produto, em direção a sua relação de equilíbrio.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender que os fundamentos da Lei de Say consideram que a oferta cria a sua própria procura;
• entender que a instabilidade econômica é causada pela insuficiência de demanda efetiva, cuja problema 
•
•
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• entender que a instabilidade econômica é causada pela insuficiência de demanda efetiva, cuja problema 
está relacionado às expectativas dos empresários;
• compreender a demanda agregada mantém uma relação dinâmica com a quantidade produzida, cujos 
efeitos são observados pelo nível de estoque, em relação à quantidade demandada.
Bibliografia
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https://www.uol/economia/especiais/10-anos-da-crise-financeira-mundial-brasil-.htm
https://arquivo.correiodobrasil.com.br/belluzzo-medo-do-futuro-deve-ser-atenuado-pelo-estado/
https://arquivo.correiodobrasil.com.br/belluzzo-medo-do-futuro-deve-ser-atenuado-pelo-estado/
http://www.scielo.br/pdf/rep/v33n3/v33n3a07.pdf
http://www.revistas.usp.br/ee/article/view/116840/114386
http://www.revistalep.com.br/index.php/lep/article/view/84/79
http://www.revistalep.com.br/index.php/lep/article/view/84/79
http://www.usc.es/economet/journals/eedi/eedi515.pdf
http://www.usc.es/economet/journals/eedi/eedi515.pdf
http://www.rep.org.br/pdf/74-6.pdf
https://roselisilva.files.wordpress.com/2014/04/raciocinio-logico-is-lm-bp.pdf
https://www.valor.com.br/financas/5371597/bc-europeu-realiza-pequeno-passo-rumo-retirada-de-estimulos
https://www.valor.com.br/financas/5371597/bc-europeu-realiza-pequeno-passo-rumo-retirada-de-estimulosIntrodução
	2.1 O equilíbrio na economia clássica
	2.1.1 Equilíbrio entre oferta e demanda agregada no modelo clássico
	2.1.2 Alteração no nível de preços
	2.2 Modelo keynesiano simples
	2.2.1 Princípio da demanda efetiva
	2.2.2 Mercado de trabalho e desemprego
	2.3 Mercado de bens e serviços (Curva IS)
	2.3.1 Curva IS e relação poupança e investimento
	2.3.2 Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços
	2.4 Mercado de bens e serviços e a política econômica
	2.4.1 Multiplicador econômico
	2.4.2 Determinantes da renda
	Síntese
	Bibliografia

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