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Macroeconomia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Introdução à Macroeconomia • Introdução • O Nascimento da Macroeconomia • Objetivos da Macroeconomia • Instrumentos da Macroeconomia • Oferta e Demanda Agregada · Iniciar o estudo da teoria macroeconômica falando, primeiramente do contexto histórico em que surgiu essa teoria e quais eram os seus objetivos. Vamos estudar além do surgimento da Macroeconomia; os seus conceitos básicos; os instrumentos da macroeconomia e a definição do que é Oferta e Demanda agregada. OBJETIVO DE APRENDIZADO Introdução à Macroeconomia Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. UNIDADE Introdução à Macroeconomia Contextualização Você, com certeza, em algum momento já se deparou com uma notícia ligada ao cenário econômico do nosso país que dizia: “Inflação pelo IPC-Fipe recua para 0,46% em abril”; “Produção industrial avança em março, mas recua 11,7% no 1º trimestre”; “Mercado projeta melhora para atividade econômica no próximo ano”; “Ajuste fiscal pode ampliar desigualdade, avalia pesquisador”; “O FMI aumentou a projeção de queda da economia brasileira, este ano, de 1% para 3,5%”; “As incoerências da atual política macroeconômica”. “Governo vê avanço de 0,58% para o PIB no segundo trimestre desse ano”. O que essas manchetes têm em comum? Todas estão falando de questões ligadas à Macroeconomia. São siglas, porcentagens, expressões que poucos dominam ou sabem o que representam. Vejamos o significado de algumas dessas siglas importantes: IPC (Índice de Preços ao Consumidor); Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas); FMI (Fundo Monetário Internacional), PIB (Produto Interno Bruto). Ex pl or 8 9 Introdução Mas afinal, o que é Macroeconomia? De acordo com Mankiw (2008), a Macroeconomia é o estudo da economia em sua totalidade, incluindo o crescimento em termos de renda, as variações nos preços e na taxa de desemprego. Procura oferecer políticas para melhorar o desempenho econômico e explicar os eventos econômicos. Blanchard (2007) define a Macroeconomia como o estudo de variáveis econômicas agregadas. Já Krugman e Wells (2007), no glossário de seu livro, definem Macroeconomia como o ramo da economia que trata da expansão e da retração da economia em geral. Froyen (2005) define a Macroecnomia como o estudo dos “negócios comuns da vida” de forma agregada, isto é, observando o comportamento da economia. Dornbusch e Fischer (2006) colocam que a Macroeconomia trata do comportamento global da economia com períodos de recessão e recuperação. Importante! A macroeconomia é um segmento da ciência econômica que se preocupa em explicar como a sociedade se organiza para produzir e distribuir riqueza, ou seja, é responsável pelo estudo do comportamento e da determinação dos agregados econômicos. Também aborda os fenômenos que atingem a economia em sua totalidade, tais como, infl ação, desemprego, taxa de câmbio etc. Em Síntese Houve um tempo em que ocorreu uma matematização da economia, período em que se acreditava que a economia poderia ser explicada como a física, ou seja, a partir das leis da matemática, ignorando as aplicações práticas. O que podemos afirmar é que a Macroeconomia pertence ao campo das Ciências Sociais Aplicadas, isto quer dizer que são as aplicações que justificam a sua razão de ser. Segundo Keynes, um economista precisa ser matemático, historiador, estadista, filósofo e tão alienado e tão incorruptível quanto um artista, embora algumas vezes tão próximo do planeta Terra quanto um político (MANKIW, 2008). Indispensável compreendermos que cada governo e cada período histórico apresentam problemas econômicos diferentes, uma hora é a inflação, a recessão, balança comercial, queda do PIB. Vemos assim que de nada vale uma definição abrangente se, dependendo da situação, o problema se apresenta de uma forma diferente. Ironicamente, por vezes você ouvirá que as previsões macroeconômicas se equiparam às meteorológicas, mas sempre damos ouvidos ao que a mídia anuncia sobre a previsão do tempo. No entanto o papel da previsão funciona como a busca pelo equilíbrio, evitando, por exemplo, que a euforia do consumo leve a 9 UNIDADE Introdução à Macroeconomia economia para uma inflação incontrolável; em momentos de recessão procuram favorecer certos tipos de atividades etc. Toda e qualquer ação econômica apresenta vantagens e desvantagens, ou seja, “não existe almoço grátis”, sejam no curto ou no longo prazo os custos serão cobrados. É necessário reconhecermos as limitações da nossa disciplina. Importante é pensar exaustivamente e criticamente sobre as possíveis ações de condução da economia, claro que sempre procurando acertar. O Nascimento da Macroeconomia Em se tratando do surgimento da nossa disciplina é muito importante relatar o que aconteceu após a crise de 1929 que foi um marco no desenvolvimento da Macroeconomia. Veja só por quê: Mercado, onde Começa? As informações sobre a saúde econômicadas Adam Smith (1723 - 1790) Fonte: Wikimedia / Commons nações começaram a ser coletadas a partir de 1850. No entanto em 1776, Adam Smith em sua obra referencial A Riqueza das Nações. (An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations). Esse título já prenunciava que a riqueza de uma nação não era determinada pelo acúmulo de metais, o que caracterizou o período mercantilista, mas pela organização social baseada na divisão do trabalho a nas motivações pessoais de seus cidadãos. A partir daí e evolução da ciência econômica cria a figura de vários mercados que teriam seu equilíbrio sempre garantido. Nesses mercados duas quantidades buscam esse equilíbrio: quantidades de itens e preços destes itens, que podem ser: bens e serviços, moeda, câmbio, títulos e mão de obra (ou trabalho). Importante! Numa conceituação mais ampla, mercado pode ser entendido como uma construção social, como um espaço de interação e troca, regido por normas e regras (formais ou informais), onde são emitidos sinais (por exemplo, os preços) que influenciam as decisões dos atores envolvidos. Importante! A seguir, explicamos cada um desses mercados e também comentamos como mantinham o equilíbrio no passado. Com certeza você vai entender! Vejamos: 10 11 · Mercadode bens e serviços: eram estabelecidos as quantidades e os preços de equilíbrio de bens e serviços em mercados individuais: o somatório de todos os mercados de bens e serviços resultava em um grande hipotético mercado, cujas leis de oferta e procura determinavam o produto da economia (quantidades totais) e o nível geral de preços (uma espécie de índice de preço médio de todas as mercadorias e serviços). · Mercado de moeda: eram estabelecidas as quantidades totais de moeda em circulação e a taxa de juros (o preço do dinheiro). No passado, era vigente o padrão ouro, ou seja, toda moeda em circulação deveria estar lastreada (assegurada, respaldada, duplicada) por igual quantidade de ouro em depósito ao governo. Isto dava certa rigidez à quantidade de moeda que poderia circular e ser emitida. Havia também a Teoria Quantitativa da Moeda (TQM), ou seja, a noção de que a quantidade de produto gerado ao longo de um ano na economia tinha forte correlação com a quantidade de moeda existente. · Mercado de câmbio: em função do padrão ouro, as transações internacionais eram feitas fisicamente com este metal. Cada país fixava o preço de suas mercadorias na sua moeda interna e esta tinha uma base fixa de troca por ouro. · Mercado de títulos: era pouco sofisticado, envolvia principalmente os títulos emitidos pelos governos. Nesses mercados eram estabelecidas as quantidades totais de títulos negociados e o seu preço. Existiam ainda as operações bancárias simples como empréstimos e desconto de duplicatas. O equilíbrio entre os agentes superavitários da economia e os deficitários se realizava nos mercados de títulos de maneira simples, por meio da Teoria dos Fundos Emprestáveis. A TFE tem origem no trabalho de Irving Fisher (1930) que analisou a determinação da taxa de juros numa economia verifi cando a razão pela qual os indivíduos poupam (isto é, não consomem toda a sua renda ou recursos correntes) e porque outros tomam emprestado. Ex pl or · Mercado de trabalho: nesse mercado era estabelecida a quantidade total de trabalhadores dispostos a trabalharem e o seu salário, ou seja, o preço do trabalho. Esse mercado de mão de obra era o somatório de mercados particulares de cada setor agrícola, industrial e de serviço. À época, a atividade econômica promovia o pleno emprego, arregimentando, inclusive, mulheres e crianças de cada domicílio que pudessem complementar a oferta de mais mão de obra diante de sua inesgotável demanda, como ocorreu na primeira e segunda revoluções industriais. Vejamos agora os mecanismos de mercado, como funcionam? Um economista famoso, Jean Baptiste Say criou uma máxima, segundo ele a oferta gera a sua própria demanda. A economia sempre estaria em equilíbrio e em 11 UNIDADE Introdução à Macroeconomia pleno emprego à medida que houvesse produção, ou seja, tudo que é produzido é vendido. Conhecida como a Lei de Say, em suma, eis a; Lei de Say: a oferta (venda) de X cria a demanda por (pela compra de) Y. Pela teoria clássica a partir da Adam Smith, Mills, Marshall e Say os vários mercados buscariam o equilíbrio e haveria sempre o pleno emprego, teoricamente. No entanto, a partir do início da coleta de dados da estatística econômica, os economistas começaram a perceber que existiam ciclos econômicos de expansão e retração da economia. Esses ciclos originavam as crises, cujos efeitos eram o crescimento do desemprego, a fome e a falência das organizações. Com o Crash da Bolsa de Nova Iorque em Outubro de 1929, os economistas passaram a emitir um conjunto de respostas totalmente contrárias ao que hoje se esperaria para a solução de um tipo de crise como aquela. Propunham os economistas: · o incentivo para que os governos mantivessem os seus orçamentos equilibrados com despesas de acordo com suas receitas. As receitas tributárias estavam diminuindo devido à crise econômica e consequentemente as despesas governamentais deveriam ser reduzidas no mesmo ritmo; · o aumento dos percentuais de impostos para contrabalançar a diminuição de arrecadação; · a estabilidade no valor da moeda para evitar a inflação que poderia ser mais um complicador na gestão da economia; · o incentivo à poupança pessoal como forma de cada indivíduo prevenir- se diante de um possível agravamento da crise; · a liberdade total de mercado com nenhuma intervenção governamental para permitir que a economia voltasse o mais rapidamente possível ao seu equilíbrio, promovendo a sua correção de maneira natural; · as barreiras alfandegárias e de proteção à economia de cada país envolvido, na expectativa de que isto aumentasse a demanda por bens produzidos internamente no país; · postergação dos investimentos na busca de um cenário econômico mais promissor no futuro entesourando recursos que poderiam estar em circulação; e · a quebra de instituições bancárias com a consequente diminuição do crédito bancário, acreditando que com isso fossem permanecer no mercado apenas as organizações mais sólidas. Como vimos, políticas econômicas que por ventura viessem a ser aplicadas seguindo essa lógica só iriam aprofundar a crise. Dois fatores, entretanto tornaram possível a recuperação econômica na época: 12 13 a) assessores econômicos no governo que acreditavam que este deveria ser um papel preponderante da economia, tomando suas rédeas, intervindo, promovendo o consumo e o investimento; b) o outro fator foi o prenúncio da Segunda Guerra Mundial que determinou um aumento na demanda em decorrência dos preparativos para a Guerra. Paralelo a tudo isso, em 1936, foram formalizadas as ideias de Keynes que se aplicadas naquele momento poderiam ter antecipado a recuperação dos EUA, da Europa e do resto do mundo. Assim as ideias keynesianas assumiam o formato de uma teoria econômica abrangente, fruto dos problemas emergentes naquela época. John Maynard Keynes foi um economista britânico cujas ideias mudaram fundamental- mente a teoria e prática da macroeconomia, bem como as políticas económicas instituídas pelos governos. Nascimento: 5 de junho de 1883, Cambridge, Reino Unido Falecimento: 21 de abril de 1946, morre em Tilton, no Reino Unido, aos 62 anos. John Maynard Keynes Fonte: Wikimedia / Commons Macroeconomia Moderna Alguns fatores condicionaram o surgimento dessa Alfred Marshall (1842 – 1924) Fonte: Wikimedia / Commons nova disciplina no campo da economia. Keynes participou de grandes acordos internacionais que visavam às reparações de guerra do primeiro confli- to mundial de 1914 a 1918. Embalado pela efer- vescência acadêmica de sua posição na Universida- de de Cambridge (ocupava a mesma cátedra que tinha tido como titular Alfred Marshall) testemunhou a amigos que acreditava estar escrevendo algo que revolucionaria a teoria econômica até então. A sua previsão estava certa e isto foi o que re- almente aconteceu quando de sua publicação em 1936, apesar de ser um livro de difícil leitura e sujeito a interpretações. Esta dificuldade e ambi- guidade fizeram com que a operacionalização de sua teoria levasse algum tempo até que fosse via- bilizada. Assim quando ela efetivamente estava pronta já não era mais necessária, pois o mundo já havia voltado ao pleno emprego e ao crescimento do produto, diante do esforço preparatório para a Segunda Guerra Mundial. 13 UNIDADE Introdução à Macroeconomia Contudo, o keynesianismo passou a dominar a agenda acadêmica nas décadas de 1940 e 1950, tendo encontrado aplicações práticas através dos consultores econômicos do governo Kennedy no início dos anos de 1960. Seu declínio ocorreu com o surto de grandes inflações do final da década de 1960 e início de 1970 em função da persistência da operação da economia ao pleno emprego e dos choques do petróleo. Objetivos da Macroeconomia Os principais objetivos da macroeconomia, ou digamos, da política macroeconômica, são aqueles que visam estabilizar as variáveis abaixo, determinar seu crescimento, atingir metas que possam serconsideradas saudáveis, como certo nível de desemprego etc. · Produto Interno Bruto (PIB). · Taxa de inflação. · Taxa de juros. · Taxa de Câmbio. · Taxa de desemprego. Produto Interno Bruto (PIB): É a medida do produto agregado que podemos considerar sob a ótica do produto (produto agregado) ou sob a ótica da renda (renda agregada), sendo assim, o produto agregado e a renda agregada são sempre iguais. · Sob a ótica do produto: o PIB é igual ao valor dos bens e serviços finais produzidos na economia em um dado período; · Ainda sob a ótica do produto: o PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período; · Sob a ótica da renda: o PIB é a soma das rendas na economia em um dado período. (BLANCHARD, 2007). Importante! PIB nominal e real O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços correntes ( os economistas usam o termo “nominal” para as variáveis expressas em preços correntes); Logo, o PIB nominal sempre aumenta pois a maioria dos preços dos bens aumentam assim como a maioria da produção aumenta ao longo do tempo. Agora, se pretendemos medir a produção e sua variação ao longo do tempo, precisamos eliminar o efeito do aumento dos preços. Isso é possível quando multiplicamos a soma das quantidades de bens finais pelos preços constantes, obtendo assim o PIB real. Importante! Por ser uma medida da atividade agregada, o PIB é a principal variável macroeconômica. 14 15 Taxa de Inflação A inflação é uma elevação sustentada do nível geral de preços na economia (nível de preços). A taxa de inflação é um percentual que mede a variação de preços durante um determinado período de tempo, mensal, semestral, anual, por exemplo. Taxa de juros Em sua essência, são os preços que vinculam o presente ao futuro, ou seja, é a taxa de crescimento do capital ou ainda, a taxa de lucratividade recebida num investimento. Os economistas chamam de taxa de juros nominal aquela paga pelo banco, enquanto que a taxa de juros real seria o aumento em seu poder de compra. Sendo assim a taxa de juros real é a diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de inflação. Taxa de câmbio É o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou gerações da moeda nacional. No caso do Brasil, a moeda estrangeira mais negociada é o dólar norte americano e a cotação mais utilizada é referenciada nessa moeda. A taxa de câmbio nominal corresponde ao preço relativo das moedas correntes de dois países. Por exemplo, se a taxa de câmbio entre o dólar americano e o real é de R$ 3,50 para cada dólar, isso quer dizer que você pode trocar um dólar por R$ 3,50; A taxa de câmbio real corresponde ao preço relativo dos bens de dois países. Portanto, a taxa de câmbio real nos informa a taxa com a qual podemos trocar bens de um país por bens de outro país. Essa taxa é também denominada, às vezes, de termos de comércio ou termos de troca. Taxa de desemprego O desemprego é um dos problemas macroeconômicos mais preocupantes, pois afeta as pessoas de modo mais direto e cruel. Não é surpreendente que a questão do desemprego seja um tópico frequente no debate político. A taxa de desemprego é relação entre o número de pessoas desocupadas (procurando trabalho) e o número de pessoas economicamente ativas num determinado período de referência. Em uma economia sempre existe algum desemprego. A esse fenômeno damos o nome de taxa natural de desemprego, ou seja, é a taxa média de desemprego em torno da qual a economia gravita no longo prazo, consideradas todas as imperfeições do mercado de mão-de-obra que empreendem os trabalhadores de encontrar emprego instantaneamente. 15 UNIDADE Introdução à Macroeconomia O gráfico acima demonstra a variação da taxa de desemprego no período compreendido entre Janeiro de 2012 e final de 2015. Percebemos a tendência de crescimento dessa taxa no final do período. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) é uma fundação pública da administração federal com inúmeros dados estatísticos, indicadores e informações relacionadas as questões macroeconômicas no Brasil. Acesse: https://goo.gl/80eVaa Ex pl or Lei de Okun Arthur Okun foi um economista americano que desenvolveu essa teoria quando trabalhava no Comitê de Conselheiros Econômicos do presidente norte americano John Kennedy. É uma teoria que relaciona o crescimento do Produto Interno Bruto à variação do desemprego. É uma relação inversa, segundo a qual existe uma relação linear entre as mudanças na taxa de desemprego e o crescimento do PIB: a cada ponto percentual de diminuição do desemprego, o PIB real cresce em 3%. Essa lei está baseada em dados da década de 1950 e é válida para taxas de desemprego entre 3 e 7,5%. Você poderá se aprofundar mais no conhecimento da Lei de Okun consultado o livro: MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia, 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008, págs.188-190) Ex pl or Tendo como base o que vimos, podemos concluir que a política macroeconômica tem como objetivos principais atingir a menor taxa de desemprego possível, buscar manter a taxa de inflação no menor patamar possível, procurar uma distribuição de renda mais justa e estimular a economia visando o crescimento econômico. 16 17 Instrumentos da Macroeconomia Como acabamos de ver, a macroeconomia tem objetivos complexos e para atingir esses objetivos a política macroeconômica conta com alguns instrumentos. Os principais instrumentos de política macroeconómica utilizados para atin- gir os objetivos apresentados anteriormente são a política monetária e a polí- tica orçamental. No caso da política monetária são utilizados instrumentos que permitem controlar a oferta de moeda e, por essa via, influenciar as taxas de juro praticadas no mercado. Quanto à política orçamental, são utilizados os dois instru- mentos orçamentais controlados pelo Estado, nomeadamente a despesa pública e os impostos. · Política fiscal. · Politica monetária. · Política cambial e comercial. · Política de Rendas. Fonte: iStock/Getty Images Política Fiscal Corresponde a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (política tributária) e controlar suas despesas (política de gastos). É fundamental que a política fiscal seja controlada por regras fixas, como por meio de uma exigência constitucional de um orçamento equilibrado, ou pelos critérios dos formuladores de politicas. 17 UNIDADE Introdução à Macroeconomia A política de estabilização fiscal é conduzida pelo governo federal, Estados e municípios têm capacidade limitada de incorrer em déficits orçamentários. Tanto o nível de gastos estaduais e municipais como suas receitas são determinados por necessidades locais e pelo estado da economia, em lugar de serem definidos com a finalidade de atingir objetivos macroeconômicos. Se olharmos para as políticas que visam à estabilização econômica, devemos levar em conta três tipos de itens que podem ser alterados para afetar as variáveis que são objetivos da política macroeconômica: compra de bens e serviços por parte do governo federal; transferências do governo (incluindo concessões de verbas a Estados e municípios) e arrecadação tributária. A política fiscal apresenta maior eficácia quando o objetivo é uma melhoria na distribuição de renda, pelo fato de taxar as rendas mais altas ou aumentar os gastos do governo em setores menos favorecidos. Política Monetária A política monetária consiste na atuação do governo, por intermédio do Banco Central (Bacen) sobre a quantidade de moeda e títulos públicos que circulam no mercado e, em geral, as condições de crédito. A política monetária pretende influir na atividade econômica, atuando sobre o gasto total da economia e, mais especificamente, sobre o gasto das famílias e sobre os investimentos das empresas. Os instrumentos de política monetária são os seguintes: · Emissões de moeda: É o Banco Central (Bacen) que controla, por força de Lei, a emissão demoeda; · Reservas compulsórias ou obrigatórias (corresponde ao percentual sobre os depósitos que os bancos comerciais são obrigados a depositar no Bacen, se o Bacen aumenta ou diminui o percentual de depósito compulsório, há uma alteração significativa na oferta de moeda; · Mercado aberto ou open market (compra e venda de títulos públicos). Quando o Bacen compra títulos públicos no mercado de capitais, ele aumenta a oferta monetária, quando vende a diminui; · Redescontos (empréstimos que o Bacen disponibiliza aos bancos comerciais); · Regulamentação sobre crédito e taxa de juros (ocorre pela política de juros, controle de prazos e regras para o financiamento aos consumidores). No Brasil, a taxa Selic (Sistema de Liquidação e Custódia) também configura aumento ou diminuição da oferta monetária, taxa de juros menor, maior oferta de moeda e vice-versa. Podemos destacar dois tipos de política monetária: a expansionista e a contracionista; 18 19 A política monetária expansionista ocorre quando houver uma redução no percentual dos depósitos compulsórios, recompra de títulos ou diminuição da regulamentação do mercado de crédito, com redução da taxa de juros. A política monetária contracionista é caracterizada por restrições de crédito, aumento da taxa de juros e aumento dos compulsórios sobre os depósitos dos bancos comerciais. A política monetária é um dos instrumentos mais utilizados pelo governo visando o controle da inflação e isso é possível com políticas de redução de circulação monetária; restrição ao crédito; elevação da taxa de juros; aumento da taxa de reservas compulsórias e compra de títulos no open market, por exemplo. Importante! O Banco Central é o instrumento pelo qual o governo federal controla o sistema fi nanceiro do país, logo, é por intermédio dele que o governo intervém na economia. Portanto é papel do Banco Central zelar pela estabilidade da moeda por meio do controle dos meios de pagamento. Essa estabilidade consiste na manutenção do seu valor, tanto em relação às moedas estrangeiras, por meio da taxa de câmbio, como com relação às mercadorias produzidas no país. Importante! Política Cambial e Comercial A politica cambial e comercial é um tipo de política externa, pois atua sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. A política cambial, como o próprio nome diz, está relacionada à atuação do governo sobre a taxa de câmbio, já a política comercial diz respeito aos instrumentos de estímulo às exportações, assim como ao controle ou abertura das importações. É bom deixar claro: Uma taxa de câmbio elevada quer dizer que o preço da moeda estrangeira está elevado, no nosso caso o dólar, ou que a moeda nacional, o real, está desvalorizada; por outro lado quando usamos a expressão desvalorização cambial, queremos dizer que a taxa de juros aumentou, mais reais por unidade para adquirir uma unidade de moeda estrangeira. Outra forma recorrente pela qual expressamos essa relação moeda nacional- moeda estrangeira é a seguinte: Se a cotação da moeda estrangeira aumenta diz-se que ocorreu depreciação da moeda nacional, agora se a cotação da moeda estrangeira diminui diz-se que houve uma apreciação cambial da moeda nacional. A atuação do governo sobre a taxa de câmbio ocorre com a atuação do Banco Central se resume a duas situações: A determinação de uma taxa de câmbio fixa, quando ocorre a intervenção das autoridades monetárias. 19 UNIDADE Introdução à Macroeconomia Temos o caso da taxa de câmbio flexível, quando esta é determinada pelo mercado de divisas, caso específico da política cambial brasileira na atualidade. Quanto à política comercial, esta é fomentada pelos instrumentos de estímulo ou desestímulo as exportações e importações. Quando falamos em política comercial de um país, estamos nos referindo às decisões do governo que afetam as entradas e saídas de divisas do país em termos de transações comerciais (tarifas de importação, estabelecimento de quotas, incentivos à exportação etc.). Podemos destacar como estímulos fiscais e creditícios às exportações a isenção de impostos; o crédito subsidiado; as taxas de juros subsidiados etc.; e como controle das importações as tarifas e barreiras sobre importações. Outro fator que influi na política comercial é a taxa de câmbio, por exemplo: A apreciação cambial (quando há uma queda nos preços estrangeiros, queda do preço do dólar), isso reduz a competitividade dos produtos brasileiros no exte- rior, dificultando as exportações brasileiras. Por outro lado, uma depreciação cam- bial, aumento do valor do dólar em relação ao real, aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e pode influenciar positivamente as exporta- ções brasileiras. Política de Rendas É a política exercida pelo governo que visa estabelecer controles sobre a remuneração dos fatores diretos de produção envolvidos na economia do país, podemos citar como exemplos dessa política aquelas que afetam salários, depreciações, lucro, dividendos e preços de produtos intermediários e finais. Os principais objetivos dessa política seriam: propiciar ganhos de poder aquisitivo dos salários, no caso de controle de outros preços; redistribuição de renda; reduzir o nível das tensões inflacionárias buscando a estabilização de preços. Oferta e Demanda Agregada Dando prosseguimento à nossa incursão pelos caminhos da Macroeconomia, dois conceitos muito importantes precisam ser bem apropriados por você: São os conceitos de Demanda Agregada (DA) e Oferta Agregada (OA), acompanhem-me: Demanda agregada (DA) significa a totalidade de bens e serviços (demanda total) que numa determinada economia os consumidores, as empresas e o Estado, estão dispostos a comprar, a um determinado nível de preço e em determinado momento. Na economia de um país, a demanda agregada representa o gasto total com a compra de bens e serviços que serão adquiridos, para cada nível de preço. Está 20 21 relacionada com o total da produção, PIB (Produto Interno Bruto) de um país quando os seus níveis de estoque são estáveis. A demanda agregada depende de alguns fatores como: política monetária e fiscal, da renda em poder dos consumidores disponível para consumo, dos impostos a que estão sujeitos, dos gastos públicos efetuados pelo Estado, entre outros. A curva de demanda agregada revela a quantidade de bens que os consumidores desejam comprar em cada nível de preço. Tem inclinação negativa devido aos efeitos da renda, da taxa de juros e da taxa de câmbio. Na figura abaixo, demonstramos como podemos representar graficamente a Curva de Demanda Agregada (DA) levando-se em consideração o nível geral de preços (P) numa economia e o Produto real. (Y). A Oferta Agregada (OA) representa o que as empresas, no seu conjunto, estão dispostas a produzir e a vender para cada nível geral de preços, assumindo como constantes todas as restantes variáveis determinantes da oferta agregada tais com as tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos fatores produtivos. A curva de oferta relaciona o preço e a quantidade oferecida de determinado bem ou serviço. No longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical e no curto prazo ela possui inclinação positiva. Conjugada com a demanda agregada, a oferta agregada permite encontrar o equilíbrio macroeconômico, ou seja, uma situação em que tanto o PIB real quanto o nível geral de preços satisfazem compradores e vendedores. A Oferta Agregada pode ser representada num gráfico em que num dos eixos é representado o nível geral de preços (P) e no outro o produto (ou PIB) real (Q). Neste gráfico, a Oferta Agregada surgirá como uma curva com inclinação positiva, o que significa que a quantidade que as empresas desejam produzir e vender aumenta quando aumenta o nível geral de preços. 21 UNIDADE Introdução à Macroeconomia Na figura abaixo, representamos graficamente a Curva de Oferta Agregada (OA) Mas longo prazo? Curto prazo? Como podemos determinaro que é longo ou curto no decorrer do tempo? Vamos lá! Para podermos melhor explicar as diferenças nas análises entre o curto e o longo prazo é importante considerarmos as diversas classificações e nomenclaturas existentes na literatura. O curto prazo é o período de tempo em que apenas uma variável do modelo econômico é alterável, permanecendo as demais de forma constante. É tipicamente um período que vai de seis meses a três anos. O longo prazo é o período de tempo em que todas as variáveis podem mudar menos a base tecnológica e institucional da sociedade. É um período que vai de três a dez anos. Por fim, os prazos ligados ao desenvolvimento tecnológico são aqueles que assistem a mudança da base tecnológica da sociedade e de suas instituições, compreendendo períodos de dez a 50 anos. Para citarmos apenas dois autores, Mankiw (2008) dá a esta periodização o nome de curto, longo e longuíssimo prazo; Blanchard (2007) prefere chamar de curto, médio e longo prazo. Como estamos tratando do ambiente macroeconômico, precisamos agregar todos os produtos individuais distribuídos pelos fabricantes e prestadores de serviços numa suposta grande cesta. A tudo isso que foi produzido nessa economia dá-se o nome de produto agregado (Y), seja quando falamos de curto ou longo prazo. Agora, quando nos referimos ao valor global desta nossa suposta cesta, ou seja, quanto estes produtos valem sob o ponto de vista de preços de mercado, chamamos de nível geral de preços (P). 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Economia Noções básicas de Macroeconomia, Produto Agregado, PIB, Política Fiscal, Política Monetária, Políticas Cambial e Comercial, Fluxo Circular de Renda. https://goo.gl/blTiFh Economia Setor Externo: Globalização, Transações Comerciais Internacionais, Taxa de Câmbio, Regimes de Câmbio Fixo e Flutuante. https://goo.gl/2ysdLa Livros Macroeconomia PARKIN, Michael. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2003. Macroeconomia ABEL, A; B.; BERNANKE, B. S.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. 23 UNIDADE Introdução à Macroeconomia Referências BLANCHARD, O. J. Macroeconomia. 4. ed. , v. ,São Paulo: Prentice Hall, 2007. DORNBUSCH, R.; FISHER, S. Macroeconomia. 5. ed. , v., São Paulo: Pearson Makron Books, 2006. FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005. LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Macroeconomia: Nível Básico e Nível Intermediário. 2. ed. , v.,São Paulo: Atlas, 2000 MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6. ed.,Rio de Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2008. 24 Macroeconomia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan A Escola Clássica • Principais pressupostos • Produção e Emprego • Produto e Emprego de Equilíbrio • Moeda, Preços e Juros • O Governo e a Política Fiscal no Modelo Clássico · Nessa unidade, continuamos o estudo da Macroeconomia tendo agora como tema o Modelo Clássico e sua contribuição ao desenvol- vimento da teoria macroeconômica. Procuramos assim inserir você, aluno, no estudo da macroeconomia sob a ótica da Escola Clássica discutindo seus conceitos básicos como produção e emprego, oferta e demanda agregada; noções referentes à poupança, investimentos, taxa de juros e política monetária e fiscal e o que os clássicos pensam sobre a ação do Governo no processo econômico. OBJETIVO DE APRENDIZADO A Escola Clássica Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. UNIDADE A Escola Clássica Contextualização Uma revolução acontecia sob todos os aspectos ao término do século XVIII e transcorrer do XIX. Seja quando nos reportamos ao contexto das ideias, das relações sociais e principalmente das relações econômicas. O que vai nortear nossa preocupação aqui é entender as teorias econômicas que começam e ser desenvolvidas nesse período, como se estruturaram e influenciaram o pensamento macroeconômico no seu surgimento. Novas relações econômicas se estruturam com uma complexidade específica impondo situações que requeriam respostas e estas começavam a ser pensadas para esse novo contexto. Nessa Unidade, todas essas problematizações e situações serão estudadas, ao final você compreenderá como foi importante esse período para todo o desenvolvimento da teoria macroeconômica e a influência, que até hoje, o pensamento representado pela Escola Clássica exerce sobre as teorias econômicas contemporâneas. Preparado? Então vamos lá! 8 9 Principais Pressupostos A economia clássica surgiu como uma resposta à ortodoxia representada pelo conjunto de doutrinas econômicas conhecidas como mercantilismo. Ortodoxia: um modelo de pensamento econômico predominante representado por um determinado conjunto de ideais e teorias.Ex pl or Os principais dogmas mercantilistas atacados pelos teóricos clássicos foram: o metalismo que defendia o seguinte princípio: o que determina o poder e a riqueza de uma nação era os seus estoques de metais preciosos; o outro dogma combatido estava relacionado à necessidade de intervenção do Estado direcionando o desenvolvimento do sistema capitalista. Os economistas clássicos, contrariamente aos mercantilistas, enfatizam a importância dos fatores reais na determinação da riqueza das nações assim como as tendências otimizadoras do livre mercado e não intervenção e ausência do controle estatal nesse processo. Os principais idealizadores desses princípios foram: Adam Smith (1723 – 1790); Obra: A Riqueza das Nações (1776) David Ricardo (1772 – 1823); Obra: Princípios de Economia Política (1817) John Stuart Mill (1806 – 1873); Obra: Princípios da Economia Política (1848) Thomas Robert Malthus (1766 – 1834); Obra: Um Ensaio Sobre o Princípio da População (1798) Em suma, os economistas clássicos tinham como principais pressupostos a tese da existência de uma “Mão Invisível” capaz de eliminar as crises e a teoria do auto ajustamento dos mercados via preços e salários. Segundo Adam Smith as pessoas aplicam o seu capital para que ele renda o máximo possível, sendo assim não leva em conta o interesse da comunidade e sim o seu próprio interesse, no entanto, o que o autor defende é que ao promover seu interesse pessoal o indivíduotermina por promover o interesse geral, o coletivo. 9 UNIDADE A Escola Clássica Dessa forma ao perseguir o interesse pessoal o homem acaba por beneficiar a sociedade, guiado assim por uma espécie de “Mão Invisível”. Ainda segundo essa teoria, o mercado tenderia ao equilíbrio, ou seja, ele se autorregula segundo a lei da oferta e da procura. Por exemplo, a inflação seria corrigida pelo equilíbrio forçada dos preços orientados pelo equilíbrio entre a oferta e procura conduzido pela Mão Invisível do mercado. Produção e Emprego Produção Uma relação central no modelo clássico é a função produção agregada. Essa função produção teria como base a tecnologia das firmas. Essa relação se daria entre os níveis da produção e os níveis de insumos. Sendo assim, para cada nível de utilização de insumos, por meio da função produção teríamos um valor resultante da produção. Veja como podemos escrever essa função: y = F (K, N) Onde: y é a produção real, K é o estoque de capital (prédios e equipamentos) e N é a quantidade de mão-de-obra. Por convenção, supomos que no curto prazo o estoque da capital seja fixo, em decorrência disso temos a barra sobre o símbolo da capital. O mesmo ocorre, supostamente, com a tecnologia e a população que permanecem constantes no curto prazo. Com base nesses pressupostos obtemos um primeiro enunciado: No curto prazo, o único fator que provoca a variação da produção é a alteração na utilização de mão-de-obra (N), oriunda da população que supostamente é fixa. Na Figura 1(a) abaixo, representamos, por meio de um gráfico, o produto que representa os efeitos da utilização eficiente de diferentes quantidades de mão-de-obra. Podemos deduzir várias características interessantes de acordo com a função produção desenhada nesse gráfico. Baixos níveis de emprego, (abaixo de N’), opõe-se que a função seja uma linha reta; o que isso significa, que mesmo com o aumento na utilização da mão-de-obra os retornos constantes na produção, ou seja, não se altera; No intervalo entre N’ e N”, consideramos que qualquer acréscimo de mão-de- obra resultam em aumentos da quantidade produzida; 10 11 Mas quando avançamos à direita de N” à medida que empregamos mais trabalhadores, mais mão-de-obra, a quantidade produzida passa a ter magnitudes progressivamente menores. Isso quer dizer que além de N’’, ao aumentarmos a utilização de trabalho, não produzimos e nenhum incremento na produção, interessante, não é? Agora na Figura 1(b), representamos um gráfico de variação da produção por alteração de mão-de-obra, definido como produto marginal do trabalho (PMgN). A curva do produto marginal do trabalho é a inclinação da função produção (Δy/ΔN) na Figura 1(a). Abaixo de N’, enquanto N cresce, a linha é reta, representando um produto marginal do trabalho constante. “Além de N’, o produto marginal do trabalho é positivo, mas decrescente diminuindo até que a curva encontre o eixo horizontal em N” (FROYEN, p. 48, 2005) a. A função Produção b O Produto Marginal do Trabalho Figura 1 - As Curvas da Função Produção e do Produto Marginal do Trabalho 11 UNIDADE A Escola Clássica A parte a é o gráfico da função produção, mostrando o valor de produção (y) para cada nível de emprego (N). À medida que o emprego sobe, a produção aumenta, porém a uma taxa decrescente. A inclinação da função produção (Δy/ΔN) é positiva, mas ela diminui à medida que avançamos pela curva. O produto marginal do trabalho (PMgN), ilustrado na curva da parte b do gráfico, é o incremento ao produto resultando do acréscimo de mais uma unidade de mão-de-obra. O produto marginal do trabalho é medido pela inclinação da função produção (Δy/ΔN), e é uma curva com inclinação negativa, quando traçada contra os níveis de emprego. (O símbolo de diferenciação, Δ (delta), indica a variação no valor da variável que o segue, por exemplo, Δy é a variação de y) (FROYEN, p. 48, 2005) Emprego Você deve ter percebido quão importante é o conceito de produção para os economistas clássicos, e para o estudo macroeconômico, mas outro fator associado à produção exerce papel importante nesses estudos, o Emprego. O que caracteriza a análise clássica do mercado de trabalho é a suposição de que este funciona harmoniosamente. Segundo essa máxima, tanto as firmas quanto o trabalhadores escolhem e agem de forma ótima, ou seja, não há obstáculos aos ajustes dos salários nominais, o mercado se equilibra se ajusta naturalmente. Destacamos no capítulo anterior que para que a produção ocorra é preciso alocar mão-de-obra, é preciso trabalho. Agora vamos detalhar como isso acontece analisando a demanda por trabalho de uma firma individual. No modelo clássico, as firmas são perfeitamente competitivas e visam maximizar seus lucros otimizando as quantidades a serem produzidas. No curto prazo, a produção só pode ser alterada por meio da variação na utilização do insumo trabalho, de modo que a escolha do nível de produção e a quantidade de trabalho constituem uma única decisão (FROYEN, p. 49, 2005). Dessa forma uma firma perfeitamente competitiva buscará aumentar a sua produção até encontrar o ponto em que ocorre o equilíbrio entre o custo marginal de produção e a receita marginal recebida pela venda. Isso quer dizer que a receita marginal é igual ao preço do produto. O trabalho é o único fator variável da produção, determinando que o custo marginal de cada unidade adicionada à produção é o custo marginal do trabalho. Para encontrarmos o custo marginal do trabalho, basta dividirmos o salário monetário pelo número de unidades produzidas por unidade adicional de mão-de- obra. Parece complicado, mas não é, perceba: O produto marginal do trabalho é definido como as quantidades produzidas por unidade adicional de mão-de-obra (PMgN), como já vimos. Assim o custo marginal de uma determinada firma (CMg1) é igual ao salário monetário ou nominal (W) dividido pelo produto marginal do trabalho para essa firma (PMgN1) 12 13 1 1 W CMg PMgN = Podemos deduzir então que a condição para que uma firma maximize seu lucro no curto prazo é que: 1 1 WP CMg PMgN = = Voltando ao que afirmamos anteriormente, ocorrerá a maximização do lucro quando o salário real (W/P) pago pela firma for igual ao produto marginal do trabalho (que é medido em unidades da mercadoria, isto é, em termos reais), representando na fórmula, temos: 1 W PMgN P = Para se aprofundar mais nesse assunto leia os capítulos sobre Produto e Emprego do livro de FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5.ed São Paulo: Saraiva, 2005Ex pl or Produto e Emprego de Equilíbrio A terminologia mais utilizada afirma que o produto, o emprego e o salário real são tidos como variáveis endógenas ao modelo clássico. Isso quer dizer que são variáveis determinadas dentro do modelo, ou por ele. Ilustramos o equilíbrio do produto e emprego no contexto do modelo clássico na Figura 2. Na parte (a) demonstramos no gráfico como ocorre o equilíbrio entre o emprego (N0) e do salário real (W/P)0, ou seja, no ponto de intersecção entre as curvas da demanda agregada por trabalho e da oferta total de trabalho. Atingindo esse nível de trabalho de equilíbrio (N0), obtemos um nível de equilíbrio do produto (y0), que está definido pela função produção, representado na parte (b) da Figura 2. 13 UNIDADE A Escola Clássica a. Equilíbrio no Mercado de Trabalho b. Equilíbrio no Mercado de Trabalho Figura 2 - A Teoria Clássica do Produto e do Emprego A parte a ilustra a determinação do equilíbrio no mercado de trabalho ao nível de salário real (W/P)0, que iguala perfeitamente a oferta com a demanda por trabalho. O nível de equilíbrio de emprego resultante é N0. Uma vez determinado o nível de equilíbrio de emprego, achamos o nível de equilíbrio de produção, y0, na curva da função produção da parte b. (FROYEN, p. 56, 2005) Agora vamos destacar alguns dos fatores fundamentais que determinam o produto e o emprego no modelo clássico. Nesse modelo, os fatoresque determinam as posições das curvas de oferta e demanda por trabalho, assim como a posição da função produção agregada, são os que determinam a produção e o emprego, os fatores são: Mudança de tecnologia; alteração do estoque de capital no decorrer do tempo. 14 15 Concluímos assim que no modelo clássico, os níveis de produção e emprego são determinados exclusivamente por fatores associados à oferta, sendo assim o nível de demanda agregada não terá efeito sobre o produto. Importante! Duas suposições estão implícitas na representação clássica do mercado de trabalho: 1 Os preços e salários são perfeitamente fl exíveis e; 2 Todos os participantes desse mercado têm informação perfeita sobre os preços. Importante! As duas suposições acima são essências para a defesa da natureza do equilíbrio do emprego e do produto na teoria clássica, Keynes atacará esses elementos em sua teoria. Moeda, Preços e Juros A Teoria Quantitativa da Moeda O que você precisa entender para determinar o nível de preços no modelo clássico? É necessário analisar o papel da moeda. Na teoria clássica, a quantidade de moeda determina o nível de demanda agregada, que, por sua vez, determina o nível de preços. Começamos com a equação de trocas, origem da teoria quantitativa da moeda (TQM). O primeiro pensador a tratar a teoria quantitativa da moeda foi o filósofo David Hume no século XVIII, a fórmula abaixo é o ponto de partida da medida da velocidade de circulação da moeda. M V = P Y M = quantidade de moeda; V = velocidade de transação de moeda; P = nível geral de preços e; Y = renda ou produto real. Como a velocidade é defi nida ex post, essa relação é uma identidade. Segundo a TQM, um aumento do meio circulante provoca um aumento geral nos preços. Isso implica em que o poder aquisitivo da moeda seria inversamente proporcional ao seu montante em circulação. A equação acima nos diz que o produto da quantidade de moeda, legal e/ou escritura, pela sua velocidade de circulação, é igual à soma de todos os preços multiplicados pelo produto. No sistema clássico existe um vínculo direto entre moeda e preços, uma oferta excessiva de moeda causaria um aumento na demanda por mercadorias e exerceria pressão de alta sobre o nível de geral de preços. 15 UNIDADE A Escola Clássica Demanda Agregada e Oferta Agregada Para os economistas clássicos a moeda possui uma única função, meio de troca. Dessa forma, os agentes econômicos demandam moeda pelos motivos “transação” e “precaução”, ambos relacionados com a renda de forma positiva, não há a possibilidade de entesouramento. Utiliza-se a moeda para demandar bens e serviços. Portanto, um aumento no estoque de moeda aumenta a demanda agregada, deduzimos então que a TQM é ao mesmo tempo uma teoria de demanda por moeda e demanda agregada. Se o produto real é dado pela oferta, a única variável determinada pela demanda é o nível geral de preços. No modelo clássico, políticas monetárias expansionistas ampliam a demanda e, como a oferta é dada pelas condições reais, as únicas variáveis afetadas pela moeda são as nominais (preços). Na Figura 3, representamos a curva de demanda agregada no modelo clássico. Figura 3 - Curva de Demanda Agregada Clássica Importante! Uma mudança na quantidade de moeda é o único fator que desloca a curva de demanda, ou seja, um aumento no estoque de moeda desloca a curva de demanda agregada para cima e para a direita, curva de DA1. Importante! A oferta agregada clássica se define de acordo com algumas hipóteses: 1. Completa flexibilidade de preços e salários: como os preços e salários são flexíveis, as forças de mercado tendem a equilibrar a economia a pleno emprego, sendo este o ponto em que a oferta e a demanda de mão-de-obra se igualam. 2. Neutralidade da moeda: como o nível de emprego é determinado pelas forças de mercado, a quantidade de moeda na economia afeta apenas o nível 16 17 geral de preços, ou seja, as variáveis reais, bem como os preços relativos, não são afetados pela política monetária. 3. Segundo a Lei de Say: a oferta cria sua própria demanda, sendo assim, a demanda agregada não é um fator determinante do nível de produto da economia. Sendo assim a curva de oferta agregada clássica é vertical e atende à dicotomia clássica, uma vez que o nível de produto é independente da demanda agregada e, portanto, independe da oferta de moeda. Este nível de produto de longo prazo, Y, é chamado de nível de produto de pleno emprego: é o nível de produto no qual os recursos da economia estão plenamente empregados, ou, de forma mais realista, em que o desemprego está em sua taxa natural. A redução na demanda agregada afeta o nível de preços, mas não o nível do produto. Figura 4 - Curva de Oferta Agregada Clássica O aumento do estoque da moeda, de M0 para M1, desloca a curva de demanda agregada para a direita, de DA0 (M0) para DA1 (M1). O nível de preços aumenta de P0 para P1. No entanto, o produto que é determinado pela oferta, permanece inalterado (y0 = y1) A Teoria Clássica (Poupança, Investimentos e Taxa de Juros) Na teoria clássica a taxa de juros era aquela que garantia que o montante de fundos que os indivíduos desejavam emprestar fosse exatamente igual ao montante que os outros indivíduos desejavam tomar emprestado. No entanto, a taxa de juros também influenciará na decisão da renda entre poupança e consumo, ou seja, uma escolha entre consumir hoje ou no futuro. O prêmio por essa espera é expressa no tamanho da taxa de juros que remunerará a poupança do indivíduo. Quanto maior a taxa de juros mais caro será o consumo presente em termos do consumo futuro, dessa forma a poupança será estimulada. 17 UNIDADE A Escola Clássica Você percebe que a poupança é estimulada positivamente com a taxa de juros alta, por outro lado, o consumo apresenta uma relação inversa com a taxa real de juros, à medida que ela aumenta o consumo diminui. Podemos deduzir então que o volume de poupança corresponde à oferta de fundos no mercado financeiro, Quanto maior a taxa de juros, maior será a quantidade de recursos ofertados, Assim sendo, a função poupança será crescente, em relação à taxa de juros. Aqueles que desejam investir buscam a demanda por fundos. Esse investimento corresponde ao acréscimo no estoque de capital numa economia específica, isso tem como objetivo ampliar a produção futura. O custo do investimento é a taxa de juros que o agente paga para obter o empréstimo com o objetivo de adquirir um bem de capital, ou o custo de oportunidade, quando o detentor de recursos incorre ao não aplicar sua poupança em títulos e imobilizar esses recursos na produção. No entanto, a produtividade marginal do capital é decrescente, isso quer dier que, para que o investimento se amplie, isto é, para que as empresas utilizem mais capital é necessário que a taxa real de juros reduza. Conclui-se assim que a demanda de recursos no mercado financeiro é inversamente relacionada com a taxa de juros, o aumento desta incorre em diminuição dos investimentos. Na Figura 5, demonstramos por intermédio de uma gráfico o equilíbrio entre poupança e investimento no modelo clássico. Figura 5 - Equilíbrio entre Poupança e Investimento no Modelo Clássico No gráfico representado na Figura 5 a taxa real de juros de equilíbrio (rE), o Investimento de equilíbrio (IE) e a Poupanças de equilíbrio (SE), são os valores de equilíbrio da taxa real de juros, dos investimentos e da poupança agregada 18 19 Duas conclusões podem ser deduzidas: a partir do exposto acima: Primeiro: No modelo clássico, a taxa de juros não é afetada pela política monetária, esta ao afetar o nível de preços, pode afetar a taxa nominal de juros, mas não a real, não afeta também as decisões de poupança e investimentos na economia. Segundo: O mercado financeiro é visto como do tipo concorrência perfeita, a flexibilidade da taxa de juros garante que a parcela da renda que não for consumida será investida, validando a Leide Say, isso porque não há obstáculos do lado da demanda à determinação do produto. Com uma taxa de juros acima da (rE), onde ocorre a igualdade entre poupança e investimento, haverá pressão por parte dos poupadores pela aquisição de títulos e fará com que esta se reduza, incentivando o investimento e diminuindo a poupança até que ambas se igualem. Por outro lado se esta taxa estiver abaixo da (rE), haverá excesso por recursos (mais investimentos e menos poupança), provocando pressão por parte dos investidores para que a taxa de juros suba até que o mercado se equilibre. O Governo e a Política Fiscal no Modelo Clássico A política fiscal refere-se a alocação de recursos com base no orçamento público, sendo composta das decisões governamentais sobre gastos e tributação. Vamos partir da análise dos gastos do Governo nesse modelo. O que você pode conceber como concreto é que o governo trabalha com uma restrição orçamentária, da mesma forma que você em sua casa, ou uma empresa. Essa limitação impede que o governo gaste mais do que arrecada. O governo tem três fontes de recursos: a tributação, a venda de títulos ao público (empréstimos de recursos do público) ou o financiamento pela criação de moeda. Suponha que, para efeito didático, a oferta de moeda seja fixa e a cobrança de impostos também. Com isso, ainda por suposição, o financiamento do aumento dos gastos do governo será financiado pela venda de títulos ao público. Esse tipo de política não afetará os valores de equilíbrio do produto ou do nível de preços. Notamos isso ao construirmos as curvas de demanda e oferta agregadas e veremos como juntas determinam o produto e o nível de preços, sem referência ao nível de gastos do governo. “Como o produto não é afetado pelas mudanças nos gastos do governo, o emprego também não é afetado pelas mudanças nos gastos do governo, o emprego deverá permanecer inalterado” (FROYEN, p. 79, 2005), Hipótese que mais tarde será contestado por Keynes. 19 UNIDADE A Escola Clássica Para que você entenda como isso ocorre, vamos examinar os efeitos de uma mudança nos gastos do governo sobre a taxa de juros. A Figura 6 mostra o efeito provocado pelo aumento nos gastos do gover- no financiado pela venda de títulos ao público sobre o mercado de fundos de empréstimos. O déficit do governo é equivalente ao montante de aumento em seus gastos. Se não há déficit, a demanda por fundos de empréstimos corresponde somente ao financiamento dos investimentos privados, representado pela curva i na Figura 6. Ocorrendo o aumento nos gastos governamentais a demanda por fundos de empréstimos se desloca para a curva i + Δg na figura. A distância do deslocamento horizontal da curva (Δg) mede a magnitude do aumento nos gastos do governo. Como o governo emite e vende títulos ao público ocorre um aumento na demanda por fundos de empréstimos. Isso provoca um excesso de agentes dispostos a tomar empréstimos com relação aos que estão dispostos a concedê-los à taxa inicial r0 e a taxa sobe para r1. Figura 6 - Efeito do Aumento nos Gastos do Governo (Modelo Clássico) O aumento nos gastos do governo desloca a curva de demanda por fundos de empréstimos para a direita, de i para i + Δg. A taxa de juros de equilíbrio aumenta de r0 para r1. O aumento na taxa de juros causa uma queda nos investimentos, de i0 para i1 a distância B, e um aumento na poupança igual à queda no consumo de s0 para s1, a distância A. A queda nos investimentos e do consumo compensa exatamente o aumento nos gastos do governo. (FROYEN, p. 80, 2005) O que podemos observar, ilustrado no gráfico acima é que o montante de redução no consumo – aumento na poupança (distância A), somado à redução nos investimentos (distância B) é igual ao aumento nos gastos do governo (Δg). Concluímos que com o aumento da taxa de juros desestimulam as famílias ao consumo e estas substituem o consumo presente por consumo futuro. Os investimentos privados diminuem, pois se tornam desestimulantes em virtude do 20 21 maior custo. Dessa forma, a demanda agregada não é alterada, os aumentos dos gastos do governo financiados por títulos não afetam o nível de preços. Este é um ponto crucial, um aumento nos gastos do governo não tem nenhum efeito independente sobre a demanda agregada. (FROYEN, 2005) Importante! Os economistas clássicos davam ênfase às tendências de auto ajuste na economia. Livre das ações do governo que causam instabilidade, o setor privado permaneceria estável, e o pleno emprego seria atingido. O primeiro desses mecanismos auto-estabilizadores é a taxa de juros, que se ajusta para evitar que mudanças nos diferentes componentes da demanda afetem a demanda agregada. O segundo conjunto de estabilizadores no sistema clássico é a fl exibilidade de preços e salários nominais, que impede que as mudanças da demanda agregada afetem o produto. A fl exibilidade de preços e salários é vital para garantir as propriedades de pleno emprego do sistema clássico. A estabilidade inerente do setor privado levou os economistas clássicos a concluir por políticas econômicas não intervencionistas.(FROYEN, p. 86, 2005) Em Síntese 21 UNIDADE A Escola Clássica Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Princípios de Economia Política e Considerações sobre sua Aplicação Prática MALTHUS, Thomas Robert. Princípios de economia política e considerações sobre sua aplicação prática. São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1996. Princípios de Economia Política MILL, John Stuart. Princípios de Economia Política. São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1996 Princípios da Economia Política e Tributação RICARDO, David. Princípios da Economia Política e Tributação. São Paulo. Nova Cultural Ltda, 1996 Princípios da Economia Política e Tributação SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. São Paulo: Nova Cultural Ltda. 1996 22 23 Referências BLANCHARD, O. J. Macroeconomia. 4. ed. , v., São Paulo: Prentice Hall, 2007. DORNBUSCH, R.; FISHER, S. Macroeconomia. 5. ed., v., São Paulo: Pearson Makron Books, 2006. FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005. LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual De Macroeconomia: Nível Básico e Nível Intermediário. 2. ed. , v.,São Paulo: Atlas, 2000 MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6. ed., Rio de Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2008. 23 Macroeconomia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan A Teoria Keynesiana • O Problema do Desemprego • Condições para o Produto de Equilíbrio • Componentes da Demanda Agregada • Gastos do Governo e Impostos • Renda de Equilíbrio • Política Fiscal e Estabilização • A Moeda no Sistema Keynesiano e a Armadilha da Liquidez · Expor ao aluno os fatores que propiciaram o desenvolvimento teórico elaborado por Keynes relativo, por exemplo, ao problema do desemprego, os conceitos de demanda agregada, consumo e investimentos. Esclarecer ao aluno o que é renda de equilíbrio, política fiscal e moeda no sistema keynesiano. OBJETIVO DE APRENDIZADO A Teoria Keynesiana Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia ehorário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. UNIDADE A Teoria Keynesiana Contextualização A economia keynesiana desenvolveu-se tendo como pano de fundo a Depressão mundial da década de 1930. A atividade econômica entrou em um declínio em extensão e gravidade sem precedentes na época. O efeito da Depressão sobre a economia dos Estados Unidos pode ser visto e exemplificado tendo como base a taxa de desemprego que subiu de 3,2% da força de trabalho, em 1929, para 25,2% da força de trabalho, em 1933, o ponto mais baixo da atividade econômica durante a Depressão. O desemprego permaneceu acima de 10% durante toda a década. O produto nacional bruto (PNB) real caiu 30% entre 1929 e 1933, e não voltou a retornar ao nível de 1929 antes de 1939. O economista britânico John Maynard Keynes, cujo livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936) é a base do sistema keynesiano, foi mais influenciado pelos eventos de seu próprio país do que pelos dos Estados Unidos. Na Grã-Bretanha, o alto desemprego começou nos primeiros anos da década de 1920 e persistiu por toda a década de 19301 . Os altos índices de desemprego na Grã-Bretanha levariam a um debate entre economistas e responsáveis pelas políticas econômicas sobre as causas e os remédios apropriados contra o aumento no desemprego. Keynes foi um eminente participante deste debate, durante o qual desenvouveu sua teoria macroeconômica. (FROYEN, p.88, 2005) 1 A taxa de desemprego na Grã-Bretanha já era de 10% em 1923 e, exceto por uma breve redução para 9,8%, permaneceu acima de lO% até 1936, ano em que A teoria geral foi publicada. 8 9 O Problema do Desemprego Em 1936, John Maynard Keynes lança o livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. A partir dessa obra, muitos economistas aderem às ideias defendidas por Keynes. Essa obra tinha como base um conjunto de ideias que propunham a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno emprego. As teorias keynesianas tiveram enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Acreditava-se que a economia seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego uma situação temporária que desapareceria graças às forças do mercado. O objetivo fundamental era o crescimento da demanda em paridade com a capacidade produtiva da economia a ponto de garantir o pleno emprego, mas sem excessos, pois qualquer descontrole nesse crescimento poderia provocar o aumento da inflação. É com Keynes que ganha força a noção de desemprego involuntário. Apesar de manter várias hipóteses do modelo clássico, sua teoria rompe com esse modelo e o levam a obter conclusões que contestam os clássicos. Rompe em primeiro lugar com a ideia de que os salários reais não seriam determinados pelo equilíbrio de oferta e demanda de mão de obra. O equilíbrio no mercado de trabalho determinaria, na verdade, os salários nominais. Para Keynes, os trabalhadores também eram suscetíveis à ilusão monetária e resistiriam às reduções nos salários nominais, mas não nos salários reais. Desta forma, os salários nominais seriam rígidos e não flexíveis à baixa. O salário nominal corresponde ao valor do trabalho expresso em moeda, enquanto que o salário real corresponde ao poder de compra de bens e serviços com a moeda recebida.Ex pl or A teoria keynesiana fornecerá a base às teorias econômicas de combate ao desemprego, isso seria possível ao se estimular a demanda agregada por intermédio de políticas monetária e fiscal. Como a demanda agregada afeta a atividade econômica, é ela que determina o nível de emprego, de forma simplificada, o nível de emprego é determinado no mercado de bens e serviços pelas expectativas dos empresários. O desemprego involuntário surge então por deficiências de demanda. Sendo assim, o desemprego involuntário existe em Keynes, independente de haver flexibilidade no mercado de trabalho. É o desemprego classificado modernamente como desemprego cíclico, possível de ser atenuado pela intervenção do governo na economia. 9 UNIDADE A Teoria Keynesiana Condições para o Produto de Equilíbrio Para que o produto esteja em equilíbrio, é necessário que o produto seja igual à demanda agregada. Essa é uma noção fundamental no modelo keynesiano. Simplificadamente, podemos representar essa assertiva como segue abaixo: Y = DA ( 1 ) Sendo Y igual ao Produto Nacional Bruto (PNB) ou produto total e DA é a Demanda Agregada. Já a (DA) é formada por três componentes: consumo total das famílias ( C ), a demanda por investimentos desejados pelas firmas ( I ) e a demanda por bens e serviços por parte do Governo ( G ). Como ficará nossa igualdade acima? Y = DA = C + I + G ( 2 ) Verificamos nesse modelo que são desconsiderados as exportações e importações, isso porque se trata de uma economia “fechada”. Como a depreciação também é omitida, tornamos o PNB equivalente a renda nacional. Com o produto nacional Y correspondendo a renda nacional, podemos escrever: Y ≡ C + S + T ( 3 ) Entendemos que a equação ( 3 ) é uma identidade que afirma que a renda nacional é consumida ( C ), poupada ( S ) ou paga em impostos ( T ). Logo: C + S + T ≡ Y = C + I + G Cujo equivalente é: S + T = I + G ( 4 ) Uma vez que Y é o produto nacional, podemos escrever: Y ≡ C + Ir + G ( 5 ) Na equação ( 5 ) o produto nacional é igual ao consumo ( C ), ao investimento realizado ( Ir ), mais os gastos do governo ( G ) Estabelecendo o equilíbrio entre as equações ( 2 ) e ( 5 ), temos? C + Ir + G ≡ Y = C + I + G 10 11 Ou cancelando: Ir = I ( 6 ) Dessa forma concluímos que existem três formas equivalentes de expressar o equilíbrio no modelo keynesiano: Y = C + I + G ( 2 ) S + T = I + G ( 4 ) Ir = I ( 6 ) O fluxograma da Figura 1 possibilita uma visão mais clara dessas condições. As variáveis são medidas em unidades monetárias num determinado intervalo de tempo, tais como, bilhões de reais por trimestre, semestre ou por ano. O fluxo representado na figura consiste em pagamentos monetários aos serviços dos fatores (salários, juros, aluguéis. lucros). A renda nacional é distribuída pelas famílias em três fluxos: Para as firmas em forma de consumo; ao mercado financeiro em forma de poupança e ao governo em forma de impostos. “Portanto o ciclo interno de nosso diagrama ilustra um processo pelo qual as firmas produzem o produto (Y), gerando um montante igual de renda para as famílias, que por sua vez, geram a demanda pelos produtos fabricados.” (FROYEN, p. 95, 2005). Renda Nacional (Y) Consumo (C) Poupança (S) Impostos (T ) Investimento (I) Gastos do Governo (G) FirmasFamílias Mercados Financeiros Governo Figura 1 – Fluxo Circular da Renda e do Produto Fonte: FROYEN p. 95, 2005 Para se aprofundar mais nesse tema uma boa fonte de consulta é o livro: FROYEN, Richard T. Macroeconomia, 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2005)Ex pl or 11 UNIDADE A Teoria Keynesiana Componentes da Demanda Agregada Ao desenvolver o Princípio da Demanda Efetiva, Keynes rompe com a ideia de passividade da demanda e sua forma automática de ajuste à oferta, conforme formulado na Lei de Say. Isso porque, ainda segundoKeynes, os empresários definiam quantos empregados contratar e quanto produzir com base em quanto ele espera vender. Duas curvas virtuais se apresentam para o empresário: a) Oferta Agregada: a renda necessária para o empresário oferecer determinado volume de emprego; b) Demanda Agregada: a renda que o empresário espera receber por oferecer determinado volume de emprego. Como vimos, de acordo com o modelo keynesiano simples, alguns fatores afetam esses componentes da demanda agregada e determinam o nível de renda. Vamos examinar melhor cada um desses componentes agora, o consumo, o investimento e os gastos do governo. Consumo As decisões de consumo das famílias dependem de vários fatores sendo o principal o seu rendimento corrente disponível, ou seja, o rendimento deduzido de impostos e incluindo as transferências sociais do Estado. Predominantemente, quando o rendimento disponível das famílias aumenta, estas tendem a comprar mais bens e serviços, por outro lado, quando o seu rendimento disponível diminui, as famílias tendem a comprar menos bens e serviços. Keynes sabia que outros fatores afetavam o aumento do consumo das famílias, mas entendia que a renda era o fator dominante para a determinação do consumo. Para efeito de estudos convém deixar esses outros fatores de lado por enquanto. Tomando como base essa relação consumo-renda, o autor propõe a função consumo abaixo: C = a + bYD a > 0 0 > b > 1 Na Figura 2, ilustramos essa relação, onde: a supomos positivo, esse intercepto representa o valor do consumo quando a renda disponível é igual a zero. Já o parâmetro b é a inclinação da função, representa o aumento nos dispêndios com o consumo por aumento unitário de renda disponível: Notação básica que utilizamos: 12 13 ∆ ∆ C b= YD Figura 2 – Função Consumo Keynesiana Fonte: FROYEN, p.99, 2005 A Função consumo mostra o nível de consumo (C) correspondente a cada nível de renda disponível (YD). A inclinação da função consumo (ΔC/ΔYD) é a propensão marginal a consumir (b), isto é, a variação no consumo por aumento unitário de renda disponível. O intercepto da função consumo (a) é o nível (positivo) de consumo que ocorreria a um nível de renda disponível igual a zero. Tomando como referência a definição de renda nacional, Y ≡ C + S + T Podemos escrever então: YD ≡ Y – T ≡ C + S Deduzimos com isso que a renda disponível é igual ao consumo somado à poupança. O que você pode concluir dessa ralação? Por definição a relação renda-consumo determina também a relação renda-poupança. Na teoria keynesiana, temos: S = - a + (1 – b) YD Agora, por que (a) unidades é negativo? 13 UNIDADE A Teoria Keynesiana Como o consumo para YD igual a zero é de (a) unidades, neste ponto S ≡ YD – C = 0 – a = - a Por outro lado, um aumento unitário na renda disponível leva a um aumento em b unidades no consumo, o resíduo da elevação unitária na renda (1 – b), representa o aumento na poupança: D 1 Y ∆ = − ∆ S b Entendemos que o incremento da poupança por aumento unitário na renda disponível (1 – b) significa propensão marginal a poupar (PMgS). No gráfico da Figura 3, representamos a função poupança. Po up an ça Renda Disponível - a S Inclinação = (1 – b) ΔS S = - a + (1 – b) Y� Y� ΔY� Figura 3 - Função Poupança Keynesiana Fonte: (FROYEN, p. 100, 2005) A função poupança mostra o nível de poupança (S) correspondente a cada nível de renda disponível (YD). A inclinação da função poupança é a propensão marginal a poupar (1 – b), o aumento na poupança por aumento unitário da renda disponível. O intercepto da função poupança (- a) é o nível (negativo) de poupança quando a renda disponível é nula. Investimento No sistema keynesiano, o investimento é uma variável chave, mudanças no dispêndio dessa variável representa um dos principais fatores responsáveis por mudanças na renda. 14 15 Enquanto o consumo é compreendido como uma variável induzida, dependente do nível de renda, o investimento, ao contrário, era um componente da demanda agregada, autônomo e sua variabilidade é a principal responsável pela instabilidade da renda. Segundo Keynes, duas variáveis são fundamentais como determinantes à propensão aos investimentos no curto prazo: a taxa de juros e as expectativas das firmas. Ao estabelecer a relação entre investimentos e taxa de juros, Keynes não diferiu da visão clássica, ou seja, ele supunha que o nível de investimentos mantém uma relação inversa com o valor da taxa de juros. Gastos do Governo e Impostos Os gastos do governo (G), no modelo keynesiano, é concebido como o segundo elemento dos dispêndios autônomos. Supõe-se que estes gastos sejam controlados pelos formuladores de política econômicos, em decorrência disso não dependem diretamente da renda. O componente gasto do governo refere-se àqueles gastos com a aquisição de bens e serviços pelos governos federal, estadual e municipal. Os gastos do governo são considerados como despesas autônomas. Sendo assim, não dependem de variáveis que possam afetar diretamente o modelo keynesiano. Isso pode ser explicado em função de que esses gastos são controlados e definidos pelas autoridades econômicas e não dependem do nível de renda. A partir dos conceitos definidos no modelo keynesiano simples, pode-se determinar o nível de renda ou do produto de equilíbrio numa determinada economia. Para tanto, a seguinte forma de expressão demonstra a condição de equilíbrio, Y = C + I + G ( 1 ) Supondo uma determinada economia (fechada), vamos considerar as seguintes informações: C = 60 + 0,3Y I = 150 G = 45 Para determinarmos a renda ou produto de equilíbrio, efetuaremos um cálculo a partir da identidade básica em uma economia com governo. 15 UNIDADE A Teoria Keynesiana Y = 60 + 0,3Y + 150 + 45 Y – 0,3Y = 60 + 150 + 45 0,7Y = 255 Y = 255 / 0,7, logo Y = 364,28 unidades. Numa economia com governo, a renda nacional (Y) será destinada ao consumo (C), à poupança (S) e aos impostos (T) também, assim temos: Y = C + S + T ( 2 ) Dessa forma, pelas equações ( 1 ) e ( 2 ), temos: C + S + T = Y = C + I + G Para que ocorra equilíbrio da renda é preciso que ocorra: S + T = I + G Dessa forma, conhecendo-se os valores de C, I e G ou os valores de ( C, S e T), encontra-se o valor da renda de equilíbrio. Se tomarmos como referência, o valor de Y segundo a equação ( 1 ), a função consumo agora não depende da renda nacional (Y), mas da renda disponível (YD), ou seja, C = a + bYD Por outro lado, a renda disponível é igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T). Temos então, YD = Y – T É preciso que fique claro o fato de que os impostos (T) podem assumir três formas diferentes: um valor autônomo, um valor relacionado à renda e um valor misto. Segundo o seu ponto de vista, de que forma os impostos influenciam na renda e no consumo de uma economia ?Ex pl or 16 17 Renda de Equilíbrio Bom, agora já temos todos os componentes que nos possibilitam encontrar a renda de equilíbrio supondo uma economia fechada. A renda de equilíbrio (Y) é a variável endógena que buscamos determinar. Os termos que são dados são os dispêndios autônomos I e G, assim como o nível de T, e são variáveis exógenas, ou seja, determinadas por fatores externos ao modelo. O consumo é um dispêndio, em sua maior parte, determinado endogenamente pela função consumo. C = a + bTD = a + bY – bT ( 3 ) A segunda igualdade leva em consideração a definição de renda disponível (YD ≡ Y – T). Agora façamos a seguinte substituição: equação de consumo ( 3 ) na condição de equilíbrio ( 2 ), resolvemos a equação para Ῡ, como nível de equilíbrio da renda, conforme segue: Y = C + I + G Y = a + bY – bT + I + G Y – bY = a – bT + I + G Y(1 – b) = a – bT + I + G 1 Y 1-b = (a – bT + I + G) ( 4 ) A teoria de Keynes, em sua forma mais simples, pode ser expressa da seguinte forma: o consumo é uma função estável da renda, isso quer dizer que a propensão marginal a consumir é estável. As mudanças
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