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Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL CLASSE JOVENS & ADULTOS MÓDULO 2 Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS AULA 9 - A ALIANÇA DA LEI, com MOISÉS a) O LUGAR DA ALIANÇA MOSAICA NA CRÍTICA BÍBLICA MODERNA – O MATERIAL DO PENTATEUCO E OS TRATADOS HITITAS – A descoberta de arquivos do império hitita, datados de cerca de 1400-1200 a.C., nos quais estão registradas as alianças feitas por aquele povo, mostra que existe notável semelhança entre elas e o modelo da aliança mosaica. Há uma ampla semelhança entre o esquema do livro de Deuteronômio e o padrão clássico da forma de tratado hitita. Portanto, pode-se datar todo o livro de Deuteronômio no período de Moisés. Caem por terra, assim, todas as críticas anteriores que rejeitavam a autoria mosaica do Pentateuco. b) SIGNIFICAÇÃO TEOLÓGICA DA ALIANÇA MOSAICA - A dispensação mosaica descansa diretamente sobre um relacionamento de aliança, em vez de relacionamento legal, mesmo desempenhando a lei papel muito importante. O contexto histórico em que foi revelada a aliança da lei mostra que a nação de Israel já estava em relação de aliança com o Senhor através de Abraão. Só depois que Deus se estabeleceu como Senhor de Israel, através do fato histórico da libertação do Egito, a aliança do Sinai é ministrada. O “Eu sou o Senhor vosso Deus que vos tirei da terra do Egito, e da casa da servidão” do Decálogo oferece a moldura histórica essencial em que a aliança-lei do Sinai pode ser entendida. Deus renova o comprometimento antigo com o seu povo pela aliança de Moisés. Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS l. O CARÁTER DISTINTIVO DA ALIANÇA MOSAICA – Seu caráter distintivo está no fato de que Deus tornou explícito a Moisés um sumário total de sua vontade, formalmente ordenado e externo ao homem (Ex. 34:28; Dt 4:13; Dt 9:9,11). Escreveu-se uma lei, decretou-se uma vontade, mas esta lei permanece fora do homem, exigindo conformidade. A frase “aliança da lei” não deve ser confundida com a “aliança de obras”. Esta última refere-se habitualmente à situação na criação em que se exigiu do homem que obedecesse perfeitamente a Deus, a fim de entrar em um estado de bênção eterna. Diferentemente desse estado estabelecido com o homem em inocência, a aliança mosaica da lei dirige-se claramente ao homem em pecado. Esta última aliança jamais pretendeu sugerir que o homem, por obediência moral perfeita, pudesse entrar em um estado de garantida bem-aventurança pactual. O papel do sistema sacrificial substitucionário dentro das provisões legais da aliança mosaica, mui claramente indica uma sóbria consciência da distinção entre o tratamento de Deus com o homem em inocência e com o homem em pecado. Além disto, para que a aliança da lei funcionasse como princípio de salvação pelas obras, ter-se-ia primeiro de suspender a aliança da promessa. Ora, tendo a aliança da lei surgido 400 anos depois da aliança da promessa, não é possível que ela venha ab-rogar a aliança anterior (Gl 3:17). A aliança da promessa feita com Abraão tem estado sempre em vigor. A vinda da lei não suspendeu a aliança abraâmica, pois a única forma de ser justificado é pela fé. Através do período mosaico de aliança-lei, Deus considerou justo todo aquele que creu nele. A lei sob Moisés não pode ser entendida como abrindo um novo caminho para se alcançar a salvação para o povo de Deus. Israel deve manter a lei, não a fim de entrar na condição favorecida da aliança da redenção, mas a fim de continuar nas bênçãos do relacionamento da aliança, depois de ter sido habilitado para fazer isto através da unidade da aliança de Deus alcançada exclusivamente pela graça mediante a fé. Tanto sob a aliança abraâmica como sob a mosaica o homem alcançou salvação pela graça por meio da fé na obra de Cristo que devia viver e morrer em lugar dos pecadores. Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 2. O LUGAR DA ALIANÇA DA LEI NA HISTÓRIA DA REDENÇÃO: a) a aliança da lei está organicamente relacionada com a totalidade dos propósitos redentivos de Deus – a.1. A lei é importante em toda a ministração anterior a Moisés - Adão, enquanto recebia graciosamente a promessa de um descendente salvador, devia trabalhar com o suor de seu rosto para sustentar a vida (Gn3:19). Noé recebe como parte integral da sua aliança cheia de misericórdia o decreto da vontade de Deus com respeito à disposição sobre os assassinos: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem derramará o seu” (Gn. 9:6). Na aliança abraâmica a total fidelidade ao seu Senhor exigida de Abraão requer o envolvimento de toda a sua vida (cg Gn. 12:1; 17:1). O patriarca devia deixar a casa de seu pai e andar diante do Senhor em obediência integral. Conforme Gn. 17:4, “o incircunciso... essa vida será eliminada do seu povo...” De acordo com as cláusulas da aliança abraâmica Deus quase matou Moisés por haver deixado de observar suas estipulações (Ex. 4:24-26). a.2. A lei é importante em todas as ministrações subsequentes a Moisés – I Rãs 2:1-4 mostra que a lei de Moisés tem papel integral na aliança davídica. As prescrições da aliança da lei aplicam-se também aos participantes da nova aliança? O NT faz afirmações aparentemente contraditórias sobre a lei. De um lado estão as seguintes passagens: Rm 6:14; 7:6; Gl 3:23-25. De outro lado, temos as seguintes passagens: Mt 5:17-19; Rm 7:7, 12). Outro fator que dificulta a compreensão do valor da lei na nova aliança relaciona-se com as maneiras variadas em que o termo lei (nômos) é usado no NT. Conforme Romanos 3:21, a justiça da fé tem sido testificada pela “lei e os profetas”. Aqui “lei” refere-se ao Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS Pentateuco considerado como uma unidade literária. Mas a primeira metade deste mesmo versículo declara que a justiça de Deus se manifestou “sem lei”. O sentido de “lei” aqui é difícil de determinar. Muito provavelmente parece ser a abreviação de “obras da lei”, no sentido da capacidade do homem de agradar a Deus pelas suas próprias obras de justiça (cg v. 20). Em Romanos 3:27 Paulo pergunta: “Por que ‘lei’ é a jactância excluída do justificado?” Aqui “lei” refere-se a um princípio geral. É pelo princípio da justificação pela fé que é excluída da jactância da. justiça. Em Romanos 2:21-23 Paulo pergunta: “Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?” “Lei” aqui deve se referir aos Dez Mandamentos. Em outros lugares, o contexto parece exigir que o termo “lei” seja entendido como referindo-se especificamente à guarda da Lei como um meio de justificação. Aqui, então, ele equivale à falsa interpretação dos judaizantes sobre o papel da lei. Em Gálatas 4:21- 31 Paulo dirige-se aos que desejam viver “debaixo da lei”. Fala aos que tentavam alcançar justiça perante Deus mediante a observância pessoal da lei. A aliança da “lei” aqui corresponde à “Jerusalém atual” a Jerusalém dos judaizantes. É o erro legalista da aliança- lei sinaítica que está na mente de Paulo. A escravidão inevitavelmente resultará do ato de apelar aos recursos humanos naturais como meio de agradar a Deus. Ismael, os judaizantes comuns, e o Israel incrédulo conjuntamente tornam-se escravo. Em Gálatas 3:24, Paulo mostra que o propósito da lei era levar a Cristo, não afastar de Cristo. O efeito da lei sobre os judaizantes contemporâneos não foi de acordo com o propósito de Deus ao dar a lei. Considerando a lei em termos de uma forma alternativa de salvação, o Judaísmo da época de Paulo cegou-se à verdadeira intenção de Deus ao dar a lei. O orgulho desses judaizantes os levou a perverter o propósito de Deus em outorgar a Lei. Ao invés de convencê-los da absoluta impossibilidade de agradar a Deus mediantea observância da lei, a lei fomentou neles uma determinação profundamente entrincheirada de depender dos seus recursos pessoais a fim de agradar a Deus. Assim, a lei não serviu aos propósitos da graça de levar os judaizantes a Cristo. Em vez disso, afastou-os de Cristo. Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS Era possível entender a lei propriamente como um mestre que conduziria a Cristo mediante crescente consciência do pecado, ou era possível entender mal a lei como um feitor que se afastou de Cristo, desviando a concentração da justificação pela fé para justificação pelas obras. É esta última perspectiva que Paulo tem em mente aqui. “Lei”, neste contexto, indica a incompreensão do propósito da lei, tal como refletida nos esforços equivocados de Abraão de prover um filho por si mesmo e nos esforços dos judaizantes de prover justificação por eles mesmos. Quando o NT afirma “vós não estais debaixo da lei, e, sim, da graça” (Rm 6:14), claramente não quer dizer “vós não estais debaixo do Pentateuco”. Não significa: “Não estais debaixo dos Dez Mandamentos”. No contexto de Rm 6, significa: “Vós não estais debaixo da aliança mosaica como um princípio que faria a justiça depender dos recursos pessoais do indivíduo como observador da lei”. Sob a aliança mosaica, a lei apareceu como sumário exteriorizado da vontade de Deus. O cristão não vive debaixo de uma ministração exteriorizada da lei gravada em tábuas de pedra. Pelo contrário, ele vive com a lei escrita em seu coração. Ainda que o Cristão esteja sempre obrigado a refletir a santidade e a justiça requeridas na lei de Deus, ele não mais se relaciona com esta lei como um código impessoal que permanece fora dele. Em vez disso, o Espírito de Deus ministra constantemente a lei dentro do coração do crente. No entanto, ainda que a forma exteriorizada da aliança mosaica possa ser substituída pelas realidades interiores da nova aliança. A essência central da aliança da lei entra vitalmente na vida do crente hoje, como podemos ver abaixo: l) Debaixo da nova aliança, o Espírito Santo opera de maneira vital para conduzir o crente a conformar-se com a vontade de Deus. Mas o crente é ativamente responsável em fazer uso dos meios de graça ao seu alcance. Se não obedece à lei de Deus, não viverá em estado de mais pleno gozo das bênçãos de Deus (Ef 6:1-3; Mt 7:24-27; Tg 1:22). Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 2) Os cristãos que vivem em iniquidade são castigados pelo Senhor (Hb 12:6; I Co 11:30- 32). 3) Os cristãos serão julgados de acordo com suas obras. Embora a salvação seja exclusivamente pela fé na obra de Cristo, o julgamento será de acordo com as obras do próprio homem, sejam boas ou más. Concluindo, a aliança mosaica da lei desempenha papel significativo em cada fase da história da redenção. b) a aliança da lei está progressivamente relacionada com a totalidade dos propósitos redentivos de Deus 1- A aliança mosaica é um avanço que vai além de todas as que a precederam - Pelo fato de apresentar um resumo exteriorizado da vontade de Deus, a aliança mosaica avança na revelação dos propósitos redentivos de Deus. Diversos aspectos desta aliança mostram seu avanço em relação às ministrações anteriores de aliança: 1.a. Na sua nacionalização do povo –Até esta altura, o tratamento de Deus tinha sido com uma família. Agora, ele estabelece aliança com uma nação. Por isso surge a necessidade de uma lei externamente codificada, para que esta nação se consolide como o povo de “propriedade peculiar” de Deus. O povo de Israel foi formado como uma nação que devia ser de Deus mesmo (Ex. 19:5,6). 1.b. Em exclusividade – As “dez palavras” contêm um sumário completo da vontade de Deus. Elas revelam que o pecado está presente na vida do povo de Deus, até a consumação. A lei de Deus ajuda seu povo a compreender a natureza de seus pecados. 1.c. Na capacidade de tornar humilde – A aliança da lei conduz os homens a uma atitude humilde, preparando-os para as riquezas da graça de Cristo. Ao expor a incapacidade do Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS homem para estabelecer sua própria justiça mediante o cumprimento da lei, a aliança mosaica prepara-o para receber a justificação que vem pela fé no “descendente” (Gl 3:19). 1.d. Em significação tipológica – As prescrições da lei ofereceram um esboço para o tipo de vida esperado para o povo santo de Deus. Eles mostraram o padrão de vida desejado para o povo de Deus. A vida do povo de Deus deve refletir a própria santidade de Deus. A lei é o pedagogo, um disciplinador externo, para levar-nos a Cristo. Como adolescentes sob um tutor, assim era a condição de Israel debaixo da lei. Todavia, a sua condição debaixo da lei era passo vital de avanço sobre a infância que a tinha precedido. A. A aliança mosaica é menos do que tudo que a sucedeu A aliança de Deus com Davi incorpora claramente um avanço sobre Moisés na revelação da lei. O estabelecimento permanente de um rei representativo sobre Israel indica um avanço em ministração legal. Com a unção de Davi, a lei começou a ser ministrada em Israel por “um homem segundo o coração de Deus”. Além disso, o santuário móvel de Moisés foi substituído por uma situação mais permanente. Com Davi o trono de Deus foi localizado em Jerusalém. A nova aliança mostra um avanço imensamente maior. Debaixo da velha aliança, a lei veio através das tábuas de pedra. Agora, na nova aliança, Deus a imprime no coração de seu povo (Jr 31:33,34). O caráter distintivo do ministério da lei debaixo da nova aliança reside em sua natureza interna. Em vez de ser ministrada externamente, a lei será ministrada de dentro do coração. A experiência da vida do crente em qualquer época terá sempre um relacionamento direto com a revelação que se fez acessível até esse ponto. A autorrevelação de Deus através dos tempos pode ser considerada como “matéria prima” usada pelo Espírito Santo para Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS aplicar os benefícios da redenção à experiência da vida do crente. Por esta razão, o avanço na revelação implica avanço na experiência de vida. O crente, debaixo da velha aliança, pode ter experimentado, em essência, as mesmas realidades redenção experimentadas pelo crente debaixo da nova aliança. Mas revelação aumentada implica também experiência mais profunda e mais rica da libertação do pecado e suas consequências. Porque o Cristo veio agora em forma encarnada, o grau de intensidade da revelação aumentou maravilhosamente. Por isso, esta revelação mais completa traz com ela uma experiência mais rica da graça da redenção. a) O SÍMBOLO DA GLÓRIA NO ROSTO DE MOISÉS – Em II Co 3:7ss Paulo mostra a superioridade da nova aliança sobre a velha. A glória da nova aliança excede a glória da velha aliança (II Co 3:10). Embora tendo vindo em glória, a velha aliança ministrou “morte” e “condenação”. Por causa da eficácia da lei em revelar o pecado, ela sujeitou o homem à maldição. A nova aliança, ao invés de trazer condenação e morte, traz justiça e vida. Nisto está a sua glória. b) O SÍMBOLO DO DESVANECIMENTO DA GLÓRIA DO ROSTO DE MOISÉS – II Co 3:7,13 mostra que a glória da face de Moisés desvaneceu-se, o que é interpretado por Paulo da seguinte forma no v. 11: “Porque, se o que se desvanecia (a ministração sob Moisés) teve sua glória, muito mais glória tem o que é permanente (a ministração da nova aliança).” Assim, até o caráter provisório e transitório da velha aliança é representado simbolicamente aqui. c) O SÍMBOLO DO VÉU DO ROSTO DE MOISÉS – II Co 3:12-15 mostra a presença de um véu na sequência da doação da lei. O v. 14 mostra o que está sendo encoberto pelo véu simbólico de Moisés ainda hoje. Este véu simbolizoua cegueira de Israel com relação à transitoriedade e ao caráter desvanecente da aliança mosaica. Não pôde ver o fim da lei Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS que devia ser cumprida em Cristo. O v. 15 mostra que, onde quer que Moisés seja lido, Israel permanece cego com relação à transitoriedade da lei. Na nova aliança, entretanto, nenhum véu cobre seu ministério. Sua glória não desvanece e, com a “face descoberta” (v.18), todo crente da nova aliança coloca-se na presença imediata do Senhor. Ele partilha da posição singularmente privilegiada de Moisés, e isto de forma permanente. Pois o Espírito do Senhor vive dentro do crente e sua glória nunca se desvanece. Pelo Senhor, o Espírito, ele é transformado na semelhança do próprio filho de Deus. A ALIANÇA DA LEI SE CONSUMA EM JESUS CRISTO (Mt 5:17). A vinda de Jesus consumou todos os propósitos de Deus ao dar a lei. No “e, porém, vos digo” (Mt 5:22, etc.) Cristo propôs a lei da nova aliança como seu próprio Autor. Romanos 12:4, mostra que Cristo é o fim da lei para todo aquele que crê. O poder sentenciador e condenador da lei esgota suas acusações em Cristo. Cristo é este fim porque cumpriu toda a justiça. Observou perfeitamente toda a lei, enquanto, ao mesmo tempo, levou sobre si mesmo as maldições da lei. De todas as perspectivas, a aliança da lei se consuma em Cristo.
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