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Fundamentos Socioantropológicos da Educação - EAD

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Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretora de Ensino a Distância: 
Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Designer Educacional: 
Clovis Ribeiro do Nascimento Junior
Diagramador:
Alan Michel Bariani
Revisão Textual:
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim / 
Mariana Tait Romancini Domingos
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña 
Berger
Revisão dos Processos de 
Produção: 
Rodrigo Ferreira de Souza
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
UNIDADE
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ENSINO A DISTÂNCIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
CONCEITO, O INDIVÍDUO NA SOCIEDADE .............................................................................................................. 5
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO, ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL, MUDANÇA SOCIAL ............................................. 8
ESTRUTURA E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL .............................................................................................................. 11
PROCESSOS SOCIAIS .............................................................................................................................................. 15
GRUPOS SOCIAIS ..................................................................................................................................................... 16
INSTITUIÇÕES SOCIAIS .......................................................................................................................................... 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 21
SOCIOLOGIA: 
ASPECTOS GERAIS 
PROF. ME. WELINGTON JUNIOR JORGE 
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e os processos de in-
teração social que interligam o indivíduo à sociedade. Enquanto o indivíduo, na sua individuali-
dade, é estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os fenômenos que ocorrem quando vários 
indivíduos se encontram em determinados grupos e interagem em seu interior. Ela estuda as 
relações sociais e as formas de associação, considerando essas interações que ocorrem em nossas 
vidas. A Sociologia abrange, portanto, o estudo dos grupos sociais, da divisão da sociedade em 
estratos, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e con� ito na sociedade 
etc. 
A cienti� zação dos pensamentos sociais foi um longo processo, in� uenciado pelas condi-
ções históricas e de uma análise da vida social concreta e especí� ca para sua realização. A socie-
dade passou a ser vista como um problema a ser compreendido e explicado.
 A ideia de indivíduo começou a ganhar força no século XVI, com a Reforma Protestante. 
Esse movimento de� nia o homem com o um ser criado à imagem e semelhança de Deus, que não 
precisava dos clérigos cristãos para se relacionar com o divino. Isso signi� cou que o ser humano, 
em sua individualidade, passava a ter poder. 
Mais tarde, no século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo do pensamento libe-
ral, a noção de individuo e individualismo consolidou-se, pois se colocava a felicidade humana 
no centro das atenções. E isso signi� cava ter dinheiro, bens ou apenas seu trabalho. No Século 
XIX, essa visão estava completamente espalhada e a sociedade capitalista, estabelecida. 
Neste contexto surge a Sociologia, com temas que abrangem toda a sociedade, como pro-
cessos sociais, instituições, grupos sociais, estrati� cação social, divisão do trabalho, entre tantos 
outros. Nesta Unidade, trabalharemos um pouco dessas questões, de forma a melhor compreen-
der os aspectos gerais do pensamento sociológico. 
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CONCEITO, O INDIVÍDUO NA SOCIEDADE
Foi num contexto conturbado da Europa, em meio a Revolução Industrial e pós Revolu-
ção Francesa, que a sociologia surgiu, em um momento em que � ca claro o caráter transitório das 
sociedades. É durante esse período de crise que a sociologia nasce como disciplina voltada para 
o estudo das relações sociais.
Toda conjuntura política, econômica e cultural passava por modi� cações. As revoluções, 
industrial e francesa ocasionaram transformações que mudaram completamente o curso que a 
sociedade estava tomando naquela época, levando o homem a ter um novo objeto de estudo, “a 
sociedade” (MARTINS, 1994). 
 
Figura 1 - “A liberdade guiando o povo”. Fonte: pintura de Eugène Delacroix (1830).
No século XIX, Auguste Comte inventa e usa o termo sociologia pela primeira vez em 
seu curso de Filoso� a Positiva (1839), tentando uni� car os estudos relacionados ao homem. Com 
Émile Durkheim, a sociologia ganha o status de Ciência, sendo reconhecida pela Academia. É 
importante salientar que a Sociologia que dure no século XIX procurava entender e explicar os 
problemas decorrentes das transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no século 
XVIII com as Revoluções Industriais e Francesas, porém, só foi concretizada quando se dá a con-
solidação do capitalismo no mundo moderno. 
As teorias sociológicas são criadas baseadas no dia-a-dia, em coisas e fatos que aconte-
cem de forma padronizada, mesmo em sociedade diferentes. A partir da compreensão da socie-
dade, pode-se manipulá-la com facilidade.
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Termos como: comunidade, sociedade são termos usuais entre os Sociólogos e devido 
sua importância, explicaremos cada um deles:
Comunidade e sociedade são as junções de grupos sociais mais comuns e importantes 
dentro da Sociologia. A comunidade é a forma de viver unido, de modo privado, íntimo e exclu-
sivo, onde se estabelecem relações de troca. Por exemplo: família e vizinhos. A Sociedade é uma 
grande junção de grupos sociais marcadas pelas relações de troca, porém de forma não-pessoal, 
racional e com contatos impessoais. 
Nas comunidades, as normas de convivência e de conduta de seus membros es-
tão interligadas à tradição, religião, consenso e respeito mútuo. Na sociedade, é 
totalmente diferente. Não há o estabelecimento de relações pessoais e na maioria 
das vezes, não há tamanha preocupação com o outro indivíduo, fato que marca 
a comunidade. Por isso, é fundamental haver um aparato de leis e normas para 
regulara conduta dos indivíduos que vivem em sociedade, tendo no Estado, um 
forte aparato burocrático, decisor e central nesse sentido. (MARTINS, 1994) 
De acordo com Santos,
(...) a Sociologia não é uma ciência normativa, limitando-se a estudar os fatos 
sociais tais como são. Quer inteirar-se de como é a sociedade e não se propõe o 
problema de como deve ser. Em síntese mostra o que é a sociedade e não como 
deve ser (1966, p. 17).
O que tem acontecido nas últimas décadas é a incorporação das pesquisas de muitos so-
ciólogos na prática das grandes empresas, do Estado, dos partidos políticos, na batalha cotidiana 
pela preservação das estruturas econômicas, políticas e culturais do moderno capitalismo. O 
sociólogo dos tempos atuais passou a desenvolver o seu trabalho em organizações privadas ou 
estatais que � nanciam suas atividades e estabelecem os objetivos e as � nalidades da produção do 
conhecimento sociológico. 
A Sociologia pode ser interessante à administradores, políticos, empresários, juristas, 
professores em geral, publicitários, jornalistas, planejadores, sacerdotes, mas também ao homem 
comum. Um dos maiores interessados na produção e sistematização do conhecimento sociológi-
co é o Estado; no Brasil, ele é o principal � nanciador de pesquisas desta disciplina cientí� ca. Os 
resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos, pois cobrem todas 
as áreas do convívio humano – desde as relações na família até a organização das grandes empre-
sas, o comportamento político na sociedade até o comportamento religioso. 
Não há escolha entre “maneiras engajadas” e “neutras” de se fazer sociologia. 
Uma sociologia descomprometida e uma impossibilidade. Buscar uma posição 
moralmente neutra entre as muitas marcas de sociologia hoje praticadas, marcas 
que vão da declaradamente libertária à francamente comunitária, é um esforço 
vão. Os sociólogos só podem negar ou esquecer os efeitos de seu trabalho sobre 
a “visão de mundo”, e o impacto dessa visão sobre as ações humanas singulares 
ou em conjunto, ao custo de fugir à responsabilidade de escolha que todo ser hu-
mano enfrenta diariamente. A tarefa da sociologia é assegurar que essas escolhas 
sejam verdadeiramente livres e que assim continuem, cada vez mais, enquanto 
durar a humanidade. (BAUMAN, 2001, p. 246).
Somos todos seres sociais. Desde suas origens, há cerca de 190 mil anos, a espécie a qual 
pertencemos, constituiu-se por meio de um grupo. Assim como animais que viviam agrupados, 
os primeiros seres humanos só conseguiram sobreviver às difíceis condições a qual estavam ex-
postos, pois contaram com o apoio e solidariedade do grupo que pertenciam.
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Essa interação e dependência do individuo em relação ao grupo início no momento em 
que surgiram os primeiros humanos, e assim é até hoje. Uma de suas características é a comu-
nicação humana, sua capacidade de se comunicar com os seres a sua volta, podendo transmitir 
ideias, sentimentos, interesses, vontades, emoções. Ao logo do tempo, essa capacidade de apri-
morou, passando de gestos e sinais à articulação de sons, formação da linguagem, manifestações 
artísticas e a escrita.
Atualmente, utilizamos outras formas de comunicação, como a internet, mas a lingua-
gem criada pelos nossos ancestrais e disseminada ao longo das gerações ainda continua em vigor.
História da Comunicação Humana
Por Geraldo Magela Machado
 Os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, deviam se co-
municar através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais 
animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada.
 Com certeza, em um determinado momento desse passado, 
esse homem aprendeu a relacionar objetos e seu uso e a criar utensílios para 
caça e proteção e pode ter passado isso aos demais, através de gestos e repe-
tição do processo, criando assim, uma forma primitiva e simples de linguagem.
Com o tempo, essa comunicação foi adquirindo formas mais claras e evoluídas, 
facilitando a comunicação não só entre os povos de uma mesma tribo, como 
entre tribos diferentes. As primeiras comunicações escritas (desenhos) de que 
se têm notícias são das inscrições nas cavernas 8.000 anos a.C.
 O povo sumério, considerada a uma das mais antigas civilizações do 
mundo, já ocupava a região da Mesopotâmia quatro séculos antes de Cristo. 
Essa civilização foi a primeira a usar o sistema pictográfico (escritas feitas nas 
cavernas, com tintas).
 Esse tipo de escrita era utilizado, também, pelos egípcios que, em 3100 
a.C., criaram seus hierós glyphós ou “escrita sagrada”, como os gregos as cha-
mavam.
 Esse tipo de escrita era, além de pictórica, ideográfica, ou seja, utilizava 
símbolos simples para representar tanto objetos materiais, como ideias abs-
tratas. Utilizava o princípio do ideograma (sinal que exprime ideias) no estágio 
em que deixa de significar o objeto que representa, para indicar o fonograma 
referente ao nome desse objeto.
 Uma das mais significativas contribuições dos sumerianos está ligada 
ao desenvolvimento da chamada escrita cuneiforme. Nesse sistema, observa-
mos a impressão dos caracteres sobre uma base de argila que era exposta ao 
sol e, logo depois, endurecida com sua exposição ao fogo. De fato, essa civiliza-
ção mesopotâmica produziu uma extensa atividade literária que contou com a 
criação de poemas, códigos de leis, fábulas, mitos e outras narrativas. É a língua 
escrita mais antiga das que se têm testemunhos gráficos. As primeiras inscri-
ções procedem de 3000 a.C.
 
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A tendência do ser humano em viver em grupo pode ser con� rmada através da experi-
ência cotidiana, seja na escola, na família, no país, onde quer que façamos parte de um conjunto 
mais amplo de pessoas, um grupo social, que é conectada diretamente a sociedade em que vive-
mos.
Quando nascemos, já encontramos as normas, os valores, os costumes e as tradições con-
solidadas. A nossa forma de produzir segue determinados parâmetros. Na maioria das vezes não 
temos como interferir ou lutar contra isso.
O individual (o que é de cada um) e o comum (o que é compartilhado por todos) não 
estão separados, formam uma relação recíproca. E é nesse processo que construímos a sociedade 
em que vivemos. Há uma interdependência entre a vida privada e o contexto social mais amplo. 
As relações entre os indivíduos que vivem em sociedade são chamadas de relações so-
ciais. Elas constituem a base da sociedade, onde as pessoas interagem reciprocamente, não sendo 
relações � xas e imutáveis. São relações dinâmicas que se transformam de acordo com as mudan-
ças na sociedade. 
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO, ESTRATIFICAÇÃO 
SOCIAL, MUDANÇA SOCIAL
A divisão social do trabalho existe em todas as sociedades e se origina nas diferenças da 
� siologia humana, diferenças usadas para favorecer determinados � ns, dependendo das relações 
sociais predominantes na sociedade. Isto é o que implica em diferentes tipos de relações sociais 
estabelecidas em vários ambientes de produção das necessidades dos seres humanos.
 Um estágio moderno da comunicação humana foi a descoberta da tipo-
grafia (arte de imprimir), pelo alemão Johann Gutemberg, em 1445. Essa invenção 
multiplicou e barateou os custos dos escritos da época e abriu a era da comu-
nicação social.
 (...)
 Fonte: MACHADO, Geraldo M. História da Comunicação Humana. Info Es-
cola. Disponível em: < http://www.infoescola.com/historia/historia-da-comuni-
cacao-humana/ >. Acesso em 20 de setembro de 2017.
REFLITA
A vida em sociedade é possível porque as pessoas falam a mesma língua, são 
regidas por leis comuns a todos, usam a mesma moeda, além de história e 
hábitos em comum, o que lhes traz um sentimento de pertencimento ao grupo. 
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Figura 2 - Divisão social do trabalho. Fonte: Pierre (2017).
Sendo assim, Marx estabeleceu as formas pelas quais a humanidade impulsionou a especial-
ização da produção e, consequentemente, a divisão do trabalho.
Em A Ideologia Alemã (1992), Karl Marx identi� cou as etapas da divisão social 
do trabalho, correspondendo às distintas formas de propriedade: os estágios do 
desenvolvimento da divisão do trabalho têm seus respectivos correspondentes 
com as formas de propriedade. A primeira delas é a propriedade da tribo, e a 
divisão do trabalho corresponde à extensão da divisão natural do trabalho. Na 
comunidade tribal, a divisão do trabalho se baseia primeiramente na diferença 
dos sexos para, em seguida, tomar por base as diferenças das forças físicas entre 
os indivíduos de ambos os sexos. A estrutura social baseia-se no desenvolvimen-
to e na modi� cação do grupo de parentesco e na divisão interna do trabalho. 
Nesse modo de produção social, tudo que era produzido era de uso coletivo e as 
trocas entre as tribos e/ou bandos eram equitativas, ou seja, o que de� nia o valor 
de um produto era a necessidade de alguma pessoa. Com o avanço da sociedade 
e consequente aperfeiçoamento da produção, as pessoas começaram a produzir 
mais do que o necessário para sobreviver. A partir desse momento, as tribos e/ou 
bandos começaram a guerrear entre si para dominar o excedente da produção 
e os grupos vencedores transformavam os grupos vencidos em escravos. (FER-
REIRA; BRAGA; COSTA, p. 25)
Por causa disso, surgem as classes sociais e a propriedade privada dos meios de produção. 
Essa nova realidade resulta com o surgimento da escravidão, originando-se pelo aumento da 
população, na vivência de relações externas, representadas pela guerra e pelo escambo. Acontece 
também a separação do trabalho industrial e comercial do trabalho agrícola, bem como a dife-
renciação e a dicotomia entre a cidade e o campo.
O segundo tipo de propriedade, encontrada na obra A Ideologia Alemã, é a propriedade 
antiga, comunal e do Estado, resultante da associação de tribos em uma cidade, tanto por contra-
to quanto por conquista. A divisão do trabalho já demonstra a separação entre cidade e campo, 
o desenvolvimento da propriedade privada e das relações de classe entre os cidadãos em geral. 
Percebe-se que da primazia do desenvolvimento da propriedade privada surgem as relações que 
vamos encontrar na propriedade privada moderna.
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A terceira forma é a propriedade feudal ou 
por ordens. É caracterizada pelo trabalho servil, re-
pousada sobre a classe dos camponeses avassalados, 
cuja estrutura da propriedade da terra reproduziu as 
estruturas sociais e de dominação da nobreza sobre 
os servos. As relações entre as classes no feudalismo 
reproduzem essa estrutura, acrescentando, ainda, o 
clero. Nos últimos séculos da vigência da sociedade 
feudal na Europa, ocorre o surgimento das cidades, 
dos burgos, as o� cinas com a “organização feudal 
das pro� ssões”, reproduzindo quase que nas mes-
mas condições aquelas desigualdades existentes no 
campo. Com a revolução comercial, o surgimento 
das manufaturas, a divisão entre o comércio e a in-
dústria acontece na medida em que as cidades pro-
porcionam o desenvolvimento das relações de troca 
e intercâmbio entre elas (MARX; ENGELS, 1992, p. 
47 - 48).
Figura 3 - “A ideologia Alemã”. Fonte: Marx e Engels (1999).
Marx (1992) expõe um elemento importante nesse período de mudança do feudalismo 
para o capitalismo, que diz respeito à propriedade privada do trabalho, onde o produtor detém 
o controle sobre o processo de produção das ferramentas e sobre o produto � nal. Com o os salá-
rios, nas o� cinas e na indústria, o trabalho se torna propriedade social; o trabalhador vende sua 
força de trabalho para o capitalista. O trabalho torna-se abstrato, fonte de geração de valor. Con-
cluindo, o trabalho abstrato é designado para a produção de mercadorias, tornando-se trabalho 
alienado. Esse modelo não é su� ciente para realocar todos os indivíduos de uma sociedade capi-
talista, pois cada vez mais seu desenvolvimento gerou grandes mudanças econômicas e políticas 
em variadas sociedades, resultando em subdivisões no interior das classes, principalmente nas 
“classes médias”.
Percebemos na de� nição que Marx faz das relações entre proprietários e não proprietá-
rios dos meios de produção como consolidadoras na formação da estrutura social e das classes 
sociais. Mas também nos mostra, que é possível encontrar complexidades em diferentes lugares 
e contextos, sendo assim, relações econômicas e políticas complexas podem gerar novas clas-
ses e subclasses em diferentes sociedades capitalistas. Este sempre foi e ainda é uma importante 
discussão para o marxismo: como as classes sociais se con� guram em diferentes sociedades, em 
diferentes situações políticas, sociais, culturais e econômicas.
A persistência da divisão do trabalho característica do capitalismo ocorre por causa do 
domínio do capital sobre os produtores diretos. A divisão do trabalho é imposta aos trabalha-
dores pela sociedade que eles mesmos � zeram, pois, no momento em que o trabalho é dividido, 
cada um tem um campo de atividade exclusivo e determinado, que lhe é imposta e que não tem 
como escapar, devido às suas condições sociais de garantir sua subsistência. Por outro lado, sua 
abolição somente ocorrerá com a eliminação de todas as formas de propriedade privada. 
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ESTRUTURA E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
A organização da sociedade, também conhecida por estrutura social, constitui-se da re-
lação entre varias esferas da vida, como a econômica e a política. Essa relação condiciona a forma 
com que os indivíduos vivem. Uma das características da estrutura social é estrati� cação, ou seja, 
o modo como os indivíduos e grupos são classi� cados em camadas (estratos).
As estrati� cações sociais são geradas historicamente, produzidas por diversas situações 
que se expressam na organização social em sistema de castas, de estamentos ou de classes. 
AS CASTAS
O sistema de castas e uma con� guração social registrada na história nas mais diferentes 
épocas e locais. A Grécia e na China antigas, são os exemplos históricos mais antigos. Mas é na 
Índia, mesmo nos dias de hoje, que ela se expressa categoricamente. 
O processo que consolidou a constituição das castas na Índia começou há cerca de três 
mil anos. A sua hierarquia é baseada na religião, etnia, cor ocupação e hereditariedade. Esses 
elementos são de� nidores na organização do poder político e na distribuição de riqueza na socie-
dade indiana. Mesmo na Índia hoje existindo uma estrutura de classes, ela é mesclada ao sistema 
de castas, pois o sistema sobrevive por força da tradição, já que foi legalmente abolido em 1950.
Figura 4 - Estrati� cação social Indiana. Fonte: Busca Escolar (2015).
REFLITA
As estruturas de apropriação econômica e de dominação política, que organi-
zam a estratificação em cada sociedade, são atravessadas por outros elemen-
tos, como religião, etnia, raça, cultura e sexo; que também influenciam na divisão 
do trabalho social e na hierarquização social. 
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ENSINO A DISTÂNCIA
Existem quatro grandes castas na Índia: os brâmanes, formada por sacerdo-
tes, superior a todas as outras; os xátrias, a casta intermediária, formada por 
guerreiros, que são responsáveis pelo governo e pela administração pública; os 
vaixás, formada por comerciantes, camponeses, artesãos; e os sudras, aqueles 
que fazem os trabalhos manuais, são os servos. Os párias não pertencem a ne-
nhuma casta,vivem fora das regras existentes. 
No sistema de castas não existe mobilidade social, ou seja, quem nasce em uma determi-
nada não tem como mudar isso, não tem como passar de uma casta para a outra. Há uma imo-
bilidade social, concretizada principalmente pela hereditariedade, pelo casamento entre pessoas 
dentro de uma mesma casta (endogamia) e proibição de contato físico entre membros de castas 
diferentes. 
Ainda que o sistema de castas seja rígido, ele não é inquebrável. Existem casamentos en-
tre membros de castas diferentes, mesmo sendo raros. O sistema de castas, apesar de aos poucos 
estar se diluindo, ainda é muito presente no dia-a-dia dos indianos. 
Texto: As castas no Japão, por José Oliveira Martins
A desigualdade com base nas castas não é uma coisa do passado no Japão, apesar de toda a 
modernização e da presença de alta tecnologia. O� cializadas durante o período Edo (16 00 -1868), 
as castas foram abolidas em 1871. A casta de maior importância era a dos samurais, seguida, em 
ordem decrescente, pela dos agricultores, pela dos artesãos e pela dos comerciantes. Havia ainda os 
párias (os desclassi� cados) - entre eles, os hinins, aqueles que eram considerados “não-gente”, corno 
mendigos, coveiros, mulheres adúlteras e suicidas fracassados, e os burakumins, pessoas encarrega-
das de matar, limpar e preparar os animais para o consumo.
A classi� cação social dos burakumins tinha motivos religiosos. Um desses motivos provém 
do xintoísmo, que relaciona morte a sujeira, e o outro provém do budismo, que considera indigna 
a matança de animais. Na soma das duas crenças, que tivesse o ofício de trabalhar com couro ou 
carne de animais mortos deveria ser isolado e condenado a uma situação subalterna. 
Os descendentes dos burakumins, cerca de 3 milhões de pessoas, ainda vivem segregados 
e di� cilmente conseguem empregos que não sejam de lixeiros, limpadores de esgotos ou de ruas. 
Quando revelam sua ascendência, a vida deles é sempre investigada, seja no ato de pedir emprego, 
seja nas tentativas de se casar.
O governo japonês criou programas voltados para combater essa discriminação; entretanto, 
isso não se resolve por decreto, pois as questões culturais são mais fortes que os decretos governa-
mentais. Há também, desde 1922, associações de burakumins, que procuram lutar contra a segre-
gação, que, de maneira generalizada, está tanto no interior das pequenas vilas quanto nas grandes 
empresas 
Fonte: MARTINS, Jose de Souza. A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclu-
são, pobreza e classes sociais. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 132
ESTAMENTOS
O sistema de estamentos ou estados constitui outra forma de estrati� cação social. A so-
ciedade feudal organizava-se desse modo. Havia três estados: a nobreza, o clero e o terceiro es-
tado, que incluía todos os outros membros da sociedade, como comerciantes, camponeses etc.
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A sociedade estamental é baseada em relações recíprocas e hierárquicas, fundamentadas 
na tradição e honra, regulando as relações de poder e as relações econômicas no período. 
O que identi� ca e também diferencia um estamento é o conjunto de direitos e deveres, 
juntamente com privilégios e obrigações que são aceitos como naturais e reconhecidos publica-
mente, corroborados pelas autoridades e pelos tribunais.
A mobilidade entre os estamentos era possível, porém muito controlada. Era possível 
conseguir-se algum titulo nobre, mas o que dava valor a isso era a posse de terra. Era a proprie-
dade da terra que de� nia o prestígio e o poder dos indivíduos. 
Figura 5 - Divisão da sociedade em Estamentos. Fonte: Aulas de História (2012).
AS CLASSES SOCIAIS
As questões que envolvem propriedade, renda, consumo, poder, conhecimento etc., de-
� nem a forma com que as classes sociais participam da sociedade. As classes sociais expressam 
como as desigualdades se dividem na sociedade capitalista. 
Considerando a posição do indivíduo no processo de produção, dividimos as classes em 
alta, média e baixa, em variações de classes A, B, C, D e E. As desigualdades que de� nem as clas-
ses sociais no sistema capitalista podem ser relativos à apropriação de riqueza, participação nas 
decisões políticas, apropriação de bens simbólicos, entre outros. 
A mobilidade social nas sociedades capitalistas é maior e mais comum no do que nas so-
ciedades de estamentos ou castas. Mas não é tão acessível quanto parece. As barreiras sociais para 
ascensão de classes são bem complexas e envolvem educação, saúde, família, capital, instituições 
etc.
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Figura 6 - Classes sociais na Estrati� cação. Fonte: Samuca (2017).
A MOBILIDADE SOCIAL
Quando temos uma mudança de posição social que ocorre em sentido ascendente ou 
descendente, para cima ou para baixo, essa mobilidade é vertical. Já se a mudança ocorrer dentro 
da própria camada social, chamamos essa mudança de horizontal. 
Figura 7 – Estratos Sociais. Fonte: o autor.
Quando uma pessoa melhora sua posição no sistema de estrati� cação, passando a in-
tegrar um grupo superior economicamente, essa mobilidade é ascendente. Mas se ela passa a 
integrar uma classe economicamente inferior a que tinha antes, chamamos de uma mobilidade 
descendente ou queda social.
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Quando uma pessoa muda de uma cidade para outra, por exemplo, do interior para a 
capital, onde defendia ideias conservadoras e agora passa a defender ideias progressistas, não 
alterando substancialmente sua renda, mostra que houve uma mudança social com o indivíduo, 
mas isso não alterou sua classe social. Essa mudança, chamamos de mobilidade social horizontal, 
onde a pessoa muda de posição dentro de uma mesma camada social.
PROCESSOS SOCIAIS
Processo social indica uma mudança social, movimento em sentido de algo, uma mudan-
ça. Os Processos sociais são as diversas formas em que as pessoas e os grupos atuam uns sobre os 
outros, ou seja, a forma com que elas se relacionam, estabelecendo suas relações sociais. Portanto, 
qualquer mudança originária dos contatos e da interação social entre os membros de uma socie-
dade são consideradas processos sociais.
Figura 8 - Processos sociais. Fonte: Carceroni (2017).
REFLITA
Segundo Dantas (2008), os processos sociais são as formas pelas quais os indi-
víduos se relacionam uns com os outros, ou seja, as formas de estabelecer as 
relações sociais. Os processos sociais estão presentes em toda a sociedade e 
podem ser distinguidos em associativos e dissociativos. 
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No primeiro grupo os indivíduos estabelecem relações positivas, de cooperação e de con-
senso. Temos ai a cooperação, acomodação e assimilação. No segundo grupo estão a competição 
e o con� ito, ou seja, as relações estabelecidas são negativas, de divergência e oposição (DANTAS, 
2008).
Nas sociedades e nos grupos sociais, os indivíduos e os grupos se unem e se separam, 
se associam e se dissociam. Segundo essa lógica, os processos sociais podem ser associativos e 
dissociativos.
Processos associativos: Cooperação, acomodação e assimilação.
Processos dissociativos: Competição e con� ito.
Cooperação: é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comu-
nidades operam juntos para a concretização de um mesmo � m. Exemplo: pessoas que se unem 
para organizar uma festa. 
Competição: uma força que leva aos indivíduos a agirem uns contra os outros, no objeti-
vo de alcançar uma posição melhor dentro do grupo social. Exemplo: funcionário que busca uma 
promoção dentro da empresa.
Con� ito: quando a competição geraum elevado nível de tensão social é que surge o 
con� ito. Tomando forma de rivalidade, discussão e guerra, e mais visível na luta entre partidos 
políticos, nações etc. Exemplo: guerras.
Acomodação: é o processo social em que o indivíduo ou um grupo se ajustam a uma 
situação de con� ito, sendo uma solução super� cial do con� ito. Exemplo: quando num con� ito 
um dos adversários derrota o outro, e o perdedor aceita as condições impostas pelo vencedor, 
para não ser aniquilado. O perdedor se acomoda a uma situação que lhe é favorável, tem-se uma 
situação de subordinação. 
Assimilação: a assimilação é a solução de� nitiva a pací� ca do con� ito social, onde o 
mesmo é suspenso. Exemplo: o imigrante, que aos poucos se envolve com a cultura do novo país, 
assimilando a mesma.
GRUPOS SOCIAIS
O grupo social é uma forma básica de associação humana que se considera como um 
todo, com tradições morais e materiais. Para que exista um grupo social é necessário que haja 
uma interação entre seus participantes. Um grupo de pessoas que só apresenta uma serialidade 
entre si, como em uma � la de cinema, por exemplo, não pode ser considerado como grupo social, 
visto que estas pessoas não interagem entre si (MARTINS, 1994; FERREIRA, 2007). Dentre as 
características desse grupo, temos: uma forma de organização, mesmo que subjetiva, são supe-
riores e exteriores ao indivíduo, assim, se uma pessoa sair de um grupo, provavelmente ele não 
irá acabar. Os membros de um grupo também possuem uma consciência grupal (“nós” ao invés 
do “eu”), certos valores, princípios e objetivos em comum, se diferem quanto ao grau de contato 
de seus membros (MUNDO EDUCAÇÃO, 2008).
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Figura 9 - Grupos Sociais. Fonte: Wp.com (2015).
Não há necessidade de proximidade ou contato mútuo para que as pessoas sejam con-
sideradas pertencentes a uma mesma categoria social. As principais categorias estudadas pela 
Sociologia são as que implicam valores sociais. Embora sejam variáveis nas sociedades, algumas 
constituem determinantes quase que gerais de status e, portanto, servem de base para a classi� -
cação das categorias sociais mais signi� cativas. São elas: 
Parentesco: separa as pessoas em grupos em função de sua descendência familiar e/ou 
étnica. A primeira grande distinção seria a separação entre nobres e plebeus, e depois, entre as 
famílias tradicionais e os novos ricos. Temos também a distinção entre as legalmente constituídas 
e as ilegais, entre outras. Outra diferença que pode ser observada relaciona-se com os nativos e os 
imigrantes. Entre alguns estrangeiros ou, geralmente, entre seus � lhos, nota-se o desejo de modi-
� cação do nome para se assemelharem mais aos que prevalecem na sociedade que agora vivem. 
Riqueza: A posse ou a ausência de bens pode indicar diversas camadas de uma socieda-
de. Esta divisão é importante, principalmente para aquelas que dão mais valor aos bens materiais. 
A classi� cação baseada na riqueza agrupa a população em determinada categoria, como, rico, 
pobre, classe média, etc.
Ocupação: Relaciona-se com os variados tipos de atividades e pro� ssões, e sua valoriza-
ção na sociedade. Exemplo: professores, funcionários públicos, médicos, padeiros, etc. A dife-
renciação também se dá em relação às atividades não remuneradas, como por exemplo, donas-
-de-casa.
Educação: diferencia analfabetos de alfabetizados, habilidades de incapacidades, gradu-
ações escolares e cargos no ensino. Nesta categoria, encaixam-se também os cientistas, literatos, 
� lósofos entre outros.
Religião: Parte da ideia da manifestação de valores religiosos. Primeiramente, temos a 
distinção entre o sagrado e o secular, entre as pessoas que aplicam a religião e os � eis. Católicos 
e protestantes, muçulmanos e confucionistas, conservadores e modernistas, crentes e ateus, tam-
bém formam camadas sociais. Muitas vezes, até as minorias de uma sociedade são classi� cadas 
através de uma categoria religiosa. 
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Fatores Biológicos: As principais diferenciações neste quesito dizem respeito a gênero, 
idade e cor da pele. As categorias de gênero e idade tem relevância sociológica, pois, nas socieda-
des em geral, os homens e as mulheres, as crianças, os adolescentes, os adultos e os idosos ocu-
pam status diferentes e, por causa disso, desempenham diversos papeis. Dentre as características 
físicas, como tipo de cabelo, forma do nariz, cor dos olhos e da pele, espessura dos lábios, o cri-
tério de representação, em várias sociedades, tem um valor social mais importante. Tipos físicos, 
como estatura e peso, também servem para a classi� cação de categorias sociais. 
CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS SOCIAIS
Os grupos apresentam diversidade entre si, não só na forma de recrutamento, como tam-
bém na organização, � nalidade e objetivos. Mas todos eles possuem determinadas características, 
que ajudaram Fichter (1973) a de� nir grupo social como “uma coletividade identi� cável, estru-
turada, contínua, de pessoas sociais que desempenham papeis recíprocos, segundo determinadas 
normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objetivos comuns” (1973, p. 140). 
Para Fichter (1973), as características dos grupos sociais são as seguintes:
1) identi� cação: o grupo deve poder ser identi� cado como grupo pelos seus participan-
tes e pelos elementos de fora. 
2) Estrutura social: Decorre do fato de que cada membro ocupa uma posição relaciona-
da com a posição dos outros participantes. 
3) Papéis individuais: Cada um de seus membros tem uma participação determinada 
dentro do grupo.
4) Relações recíprocas: Entre os participantes de um grupo deve haver interação obriga-
toriamente.
5) Normas comportamentais: São certos padrões, escritos ou não, que orientam a forma 
de agir dos membros do grupo e determinam a forma de desempenho do papel. 
6) Interesses e valores comuns: O que é considerado bom, aceito, esperado e comparti-
lhado pelos participantes do grupo. 
7) Finalidade social: Razão de existir do grupo e seu objetivo. 
8) Permanência: é necessário que os membros do grupo permaneçam nele durante um 
período determinado. 
INSTITUIÇÕES SOCIAIS
Uma instituição é um sistema complexo e organizado das relações sociais que agrega 
valores, costumes, crenças, práticas e procedimentos comuns, com relações padronizadas, roti-
neiras e previsíveis para cumprir certas necessidades básicas do indivíduo. 
Durkheim (1995) desenvolveu o conceito de Representação Social, e nesse sentido, as 
instituições sociais, ao serem responsáveis pelas representações sociais, cumprem a função de 
organizar as práticas, pensamentos e sentidos da vida dos indivíduos em sociedade. 
Ao falar em instituições sociais, Durkheim (1995) se refere às estruturas sociais que têm 
dimensão material e também simbólica. A família, a escola, o governo, a polícia são alguns exem-
plos dessas instituições. Mesmo as sociedades não modernas, como as indígenas, são também 
formadas por instituições sociais. Cabe ao sociólogo identi� cá-las, caracterizá-las e entender suas 
atribuições para o funcionamento do corpo social. Em suma, as instituições sociais podem ser 
compreendidas como um conjunto de regras e procedimentos socialmente de� nidos e aceitos 
pela sociedade. Assim, as instituições sociais têm como objetivo manter o corpo social organiza-
do.
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Figura 10 - Instituições Sociais. Fonte: Projeto Aletheia (2014).
Ao estudar as instituições sociais, sua con� guração e funções, Durkheim desenvolveu o 
conceito de Morfologia Social. Ao identi� cá-la, o sociólogo poderia realizar uma de suas princi-
pais tarefas, a comparação entre as variadas sociedades. In� uenciadopela linha positivista, que 
classi� cava as sociedades de acordo com a complexidade das formas de organização do corpo so-
cial, Durkheim acreditada que todas as sociedades teriam sido derivadas da Horda. A horda seria 
“a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento em que os indivíduos 
se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais” (COSTA, 2005, p. 87).
CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS
Segundo Eva Lakatos (1990, p. 167), as características das instituições sociais são: 
• Finalidade: Satisfação das necessidades sociais. 
• Conteúdo relativamente permanente: Padrões, papeis e relações entre indivíduos da 
mesma cultura. 
• Serem estruturadas: Ha coesão entre os componentes, em virtude de combinações 
estruturais de padrões de comportamento.
• Estrutura uni� cada: Cada instituição, apesar de não poder ser completamente separa-
da das demais, funciona como uma unidade. 
• Possuem valores: Código de conduta. 
Todas as instituições devem ter função e estrutura. Função é o propósito do grupo, cujo 
objetivo seria regular suas necessidades. A Estrutura e composta por pessoal (elementos huma-
nos); equipamentos (aparelhamento material ou imaterial); organização (disposição do pessoal 
e do equipamento, observando-se uma hierarquia-autoridade e subordinação); comportamento 
(normas que regulam a conduta e a atitude dos indivíduos).
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PRINCIPIAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS
1 - Família
Funções:
• Regulamentar o comportamento sexual;
• Repor dos membros da sociedade através da reprodução;
• Cuidar e proteger as crianças, os jovens, os doentes e os idosos;
• Socializar as crianças;
• Garantir a segurança econômica proporcionada pela família enquanto;
• Base de produção e de consumo dentro da economia no Estado.
Figura 11 - Instituição Família. Fonte: Giansanti (2008).
2 - Educação
Funções:
• Preparar para os papéis pro� ssionais;
• Transmissão cultural e de conhecimento;
• Transmitir aos indivíduos os papéis sociais;
• Promover mudança social através do estudo e pesquisa;
• Estimular a adaptação pessoal e melhorar os relacionamentos em sociedade.
Figura 12 - Instituição Escola. Fonte: Roman (2014).
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3 - Religião
Funções:
• Auxiliar na busca no indivíduo pela sua identidade moral;
• Controle social;
• Promover sociabilidade, coesão social e solidariedade de grupo.
Figura 13 - Religião. Fonte: Evangelista (2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociologia como conhecemos hoje é fruto de um longo processo de desenvolvimento 
com origem nas transformações históricas do mundo ao longo do século XVIII e XIX, como a 
Revolução Industrial e a Revolução Francesa. A consolidação da disciplina como ciência no de-
correr dos anos, trouxe uma forma cientí� ca de análise social da sociedade possibilitando estu-
dos de processos sociais de forma a explicar determinadas situações e acontecimentos em nosso 
meio. 
A existência de interesses opostos no mundo capitalista in� uenciou na visão de como os 
sociólogos deveriam ver e analisar a sociedade. E a partir disso, surgiram várias correntes socio-
lógicas, debates sobre o seu objeto de estudo e sobre os métodos de investigação. 
Na ideia de Marx, o trabalho é condição de existência humana, e a divisão do trabalho 
signi� cou o surgimento da sociedade. Em condição de suas necessidades, o homem desenvolveu 
atividades produtivas das quais surgiram relações sociais convergentes com os estágios históricos 
de desenvolvimento das forças de produção e da divisão do trabalho. Segundo o autor, o grau de 
desenvolvimento de uma sociedade somente será percebido a partir do reconhecimento do grau 
em que aquela sociedade se desenvolveu pelas forças produtivas, pela divisão do trabalho e pelas 
relações sociais construídas em cada sociedade. 
Os homens são condicionados através do desenvolvimento do modo de produção da vida 
material; portanto, a formação das classes sociais em cada tempo histórico depende das relações 
sociais de produção. As relações sociais se estabelecem na medida em que os homens procuram 
satisfazer suas necessidades materiais. 
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As instituições sociais não são naturais, muito menos criações divinas. Ao contrário, são 
criações da vida em sociedade ao longo da história da humanidade. As instituições sociais ex-
pressam as representações de que as sociedades têm e constroem sobre si mesmas, sobre seus 
membros e sobre as coisas com as quais se estabelecem relações.
Nas sociedades em geral, existem as questões de estrati� cação, as quais estão todos condi-
cionados. Na sociedade Feudal, aos estamentos; na Índia, às castas; na nossa sociedade, as classes 
sociais. Todas estas, institucionalizadas.
UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 24
AUGUSTO COMTE ................................................................................................................................................... 25
ÉMILE DURKEIM ..................................................................................................................................................... 28
MAX WEBER ............................................................................................................................................................ 32
KARL MARX ............................................................................................................................................................. 38
O QUE É A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO? ............................................................................................................. 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 45
TEORIAS DA 
SOCIOLOGIA CLÁSSICA 
PROF. ME. WELINGTON JUNIOR JORGE 
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INTRODUÇÃO
Três nomes são considerados como os grandes autores da Sociologia Clássica, são eles: 
Karl Marx, Émile Durkheim e Max weber. São os principais autores, que in� uenciaram gerações 
de sociólogos ao longo dos anos.
Com sua Filoso� a Positiva, Augusto Comte foi o primeiro a ver a disciplina como ciência, 
sendo conhecido como o Pai da Sociologia. Passado, presente e futuro são comparados na meto-
dologia de Augusto Comte, para que a construção do desenvolvimento humano seja consolidada, 
marcada sempre pela razão. Segundo o autor, esse desenvolvimento dos seres humanos é que leva 
ao progresso uma sociedade. Sem ordem, não há o progresso e, sem progresso, não há ordem. 
No positivismo, Comte defende a ciência como único conhecimento válido a ser aceito. 
Faz uma crítica aos outros meios de explicação do mundo, especialmente o religioso. A ciência 
deveria ser o único conhecimento útil a qual a humanidade deveria buscar, sendo o único modo 
de investigar e conhecer a realidade concreta das coisas. E também seria pela ciência, que pode-
ríamos encontrar maneiras de solucionar os problemas que impediram a sociedade de atingir a 
plenitude social. 
Marx, Weber e Dukheim, com seus estudos sobre a sociedade, vem logo a seguir, tratando 
de relações sociais, ação social e fatos sociais, respectivamente. Mas estes temas são só um ponto 
das análises sociais desses autores, cuja importância na sociologia ocupa todas as suas áreas.
Nesta unidade, trabalharemos os principais conceitos, obras emetodologias desses auto-
res, de forma a propiciar um melhor entendimento sobre os mesmos e sobre a sociedade. Para 
� nalizar o capítulo, faremos uma abordagem também, sobre a sociologia da educação, para que 
seja possível compreender a importância dessa área de estudo das análises sociológicas nas ques-
tões educacionais.
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AUGUSTO COMTE
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, � lósofo e matemático nasceu em Mon-
tpellier, na França, em 19 de janeiro de 1798. Iniciou seus estudos no Liceu De Montepellier e de-
pois adentrou a Escola Politécnica de Paris. Comte de� niu a sociologia como a ciência que busca 
a compreensão das estruturas, dos signi� cados e das relações sociais. Entre 1830 e 1942, publicou 
sua primeira obra de destaque, onde expõe os princípios fundamentais de sua � loso� a e de sua 
teoria de História, chamado Curso de Filoso� a positiva. A partir dessa publicação, sua doutrina 
passou a ser chamada de positivismo.
Figura 1 - Augusto Comte. Fonte: Mundo Ciência (2016).
POSITIVISMO
O nome “positivismo” é originário do adjetivo “positivo”, que signi� ca certo, seguro, de-
� nitivo. É derivada do “cienti� cismo”, ou seja, da crença no poder dominante e absoluto da razão 
humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis que seriam a base reguladora da 
vida do homem, da natureza e do próprio universo. 
“Com esse conhecimento pretendia-se substituir as explicações teológicas, � losó� cas e de 
senso comum por meio das quais - até então – o homem explicara a realidade e sua participação 
nela.” (COSTA, p.72, 2005). Comte (1988) foi o primeiro a dar uma de� nição precisa do objeto 
de estudo, a estabelecer conceitos e um método de investigação. O autor conseguir separá-lo de 
outras áreas do conhecimento, constituindo uma ciência própria para o estudo da sociedade.
Essa � loso� a social positivista se inspirava no método de investigação das ci-
ências da natureza, assim como procurava identi� car na vida social as mesmas 
relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. A 
própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes in-
tegradas e coesas que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo físi-
co ou mecânico. Por isso o positivismo foi chamado também de “organicismo”. 
(COSTA, p. 73, 2005). 
Segundo Comte (1988), é pela observação, mediante a utilização do método histórico, 
que se poderia traçar a linha evolutiva e dominante da humanidade, podendo assim, fazer previ-
sões sobre o futuro. A doutrina positivista de Augusto Comte vê na liberdade o instrumento do 
progresso.
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Figura 2 – Bandeira do Brasil – Positivismo. Fonte: Google Images (2018).
“O positivismo foi o pensamento que glori� cou a sociedade europeia do século XIX, em 
franca expansão. Procurava resolver os con� itos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmo-
nia natural entre os indivíduos, ao bem-estar do todo social”. (COSTA, p. 73, 2005).
LEI DOS TRÊS ESTADOS
A humanidade, para Comte (1988), passa sucessivamente por três estágios em sua evolu-
ção intelectual, sendo este de concepção do mundo e da vida: o teológico, o metafísico até atingir 
o positivo.
• TEOLÓGICO: Nesse estágio, as pessoas recorrem à vontade dos deuses para explicar 
os fenômenos naturais.
• METAFÍSICO: As pessoas utilizam conceitos mais abstratos, como a natureza.
• POSITIVO: Nesse estado de� nitivo, que corresponderia à sociedade industrial, o co-
nhecimento se baseia na descoberta de leis objetivas e concretas que determinam os fenômenos 
sociais.
O estado positivo seria o único de� nitivo. O Metafísico, simplesmente negativo, sem ca-
racterística própria, sendo nada mais do que uma alteração do estado teológico, ao mesmo que é 
a passagem natural para o estado positivo.
Comte via na ciência a principal forma de explicar o mundo, e in� uenciou a interpreta-
ção da realidade social a partir do século XIX. Preocupou-se em reorganizar a sociedade, caótica 
naquele período. Para ele, a desordem e a anarquia dominavam em função da confusão entre os 
princípios (metafísicos e teológicos), que não se adequavam à sociedade industrial que crescia.
Usando a razão como fundamento dessa nova sociedade, seria necessário superar esse 
estado das coisas. Assim, Comte (1988) propõe a reforma intelectual das pessoas, onde através 
da modi� cação do pensamento do ser humano, por meio de métodos cientí� cos, as instituições 
também seriam reformuladas em busca da positividade. 
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O POSITIVISMO E A EDUCAÇÃO
Auguste Comte (1798-1857) foi um pensador de tradição positivista que propôs uma 
nova ciência, a física social que posteriormente foi chamada de Sociologia. Essa ciência, segundo 
ele, através da observação, da experimentação, da comparação e da classi� cação, seria formaliza-
da como métodos de estudo dos fenômenos sociais. 
Nessa ideia, a vida social será explicada pela ciência, se sobrepondo sobre todas as outras 
formas de pensamento. Para Comte (1988), a sociologia é a mais importante e mais complexa das 
ciências, pois é responsável pela educação moral dos seres humanos, pela reforma intelectual da 
humanidade. 
Augusto Comte (1988) tinha a ordem como objetivo máximo e para que isso fosse pos-
sível, seria fundamental que os participantes de uma sociedade aprendessem desde sempre a 
importância da obediência e da hierarquia:
A imposição da disciplina era, para os positivistas, uma função primordial da 
escola. Por isso, propunha uma reforma geral da educação, em que ocorreria 
a necessidade de substituir nossa educação europeia, ainda essencialmente te-
ológica, metafísica e literária, por uma educação positiva, conforme o espírito 
de nossa época e adaptada às necessidades da civilização moderna. (COMTE, 
1988, p. 15).
Para o autor, o ser humano se desenvolve e evolui da mesma forma que uma sociedade. 
Sendo assim, nos primeiros anos de vida, a criança passa por um estágio teológico, onde tende a 
atribuir a forças sobrenaturais o que ocorre a seu redor. A maturidade do espírito seria alcançada 
com a ciência. Portanto, na escola de inspiração positivista, os estudos cientí� cos se sobrepõem 
aos literários.
O pensador acreditava ainda que todos os indivíduos têm em si instintos egoístas e al-
truístas. A educação deveria ser a responsável por desenvolver nos jovens o altruísmo em sobre-
posição ao egoísmo, concretizando que o maior objetivo de uma pessoa deve ser viver em prol 
do outro. Ao informar o aluno sobre a ordem, a educação positivista, isto é, como o mundo re-
almente funciona, tem o objetivo de torna-lo uma pessoa melhor, mais bondosa. O pensamento 
de Comte tinha forte enfoque empírico, por levar em conta apenas os fenômenos que podem ser 
observados e por considerar como anticientí� cas as análises dos processos mentais feitos pelo 
observador.
As escolas livres e academias militares são as que mais se destacaram na quantidade posi-
tivistas brasileiros que geraram. Sendo assim, a criação de escolas técnicas esteve orientada pelo 
positivismo, que acreditava no ensino cientí� co como base de uma educação racional, enquanto 
as instituições religiosas continuaram se dedicando a uma formação humanística.
REFLITA
Segundo Comte (1988), o conhecimento progride sucessivamente por estados 
ou ordens, em que primeiro temos o teológico, que será substituído pelo meta-
físico e este será substituído pelo científico ou positivo. 
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Na educação, isso facilita a conferência da eficiência dos métodos educacionaise do desempenho do aluno. No nosso país, a influência do positivismo se deu a 
partir da relação exercida da doutrina sobre o conhecimento e quanto a natu-
reza do pensamento científico; também teve influência em outras tendências 
políticas, nas políticas públicas e até a bandeira nacional brasileira com o lema 
“ordem e progresso”.
Figura 3 - Lema positivista “Ordem e Progresso”. Fonte: Domínio Público (2018).
Ainda segundo Tambara (2005, p. 173), além da ação pessoal de alguns positivistas nos 
diversos estabelecimentos de ensino, com destaque para a Escola Politécnica, Colégio Pedro II, 
Escola Militar do Rio de Janeiro, Colégio Militar, Escola Naval do Rio de Janeiro, Escola de Medi-
cina, Escola Livre de Direito do Rio de Janeiro e Instituto Lafayete, encontramos a in� uência do 
positivismo também nas reformas de ensino elaboradas por Benjamin Constant, em 1890, e pelo 
Ministro Rivadávia Correia, em 1911. (MOTTA e BROLEZZI, 2008, p. 4664-4665)
ÉMILE DURKEIM
Émile Durkheim nasceu em Espinal, na Alsácia, em uma família de judeus. Iniciou seus 
estudos na Escola Normal Superior de Paris, partindo depois para a Alemanha. Lecionou so-
ciologia em Bordéus, primeira faculdade dessa ciência da França. Em 1902, transferiu-se para 
Sorbone, levando vários cientistas, entre eles seu famoso sobrinho, Marcel Mauss, formando um 
grupo que � cou consagrado como a escola sociológica francesa. Entre suas principais obras es-
tão: Da divisão do trabalho social, As regras do método sociológico, O Suicídio, Formas elementares 
de parentesco, Educação e sociologia, Sociologia e Filoso� a e Lições de sociologia.
Leia mais sobre a influência do Positivismo no Brasil. Disponível no link:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfNI0AI/influencia-positivismo-no-brasil
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Figura 4 - Émile Durkheim. Fonte: Domínio Público (2017).
Durkheim é um funcionalista, ou seja, acredita que todas as práticas sociais têm função 
na sociedade, assim como cada um dos órgãos humanos contribui para manter um indivíduo 
vivo. Segundo ele, um fenômeno social só existe porque tem uma função, e todas as instituições 
desempenham uma função para a coletividade.
Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria de� nir com rigor a socio-
logia como ciência, estabelecendo seus princípios e limites e rompendo com as 
ideias de senso comum – os “achismos” – que interpretavam a realidade social 
de maneira vulgar e sem critérios. (COSTA, p. 81, 2005).
O autor se atenta para o fato de que a educação não é um processo que se desenvolve de 
uma hora para a outra, que surge do nada, mas sim com tempo e persistência. 
Nesse sentido ele ressalta também o exemplo necessário aos educadores que, 
para este autor, têm que ser para a criança “o dever encarnado e personi� cado”. 
O autor possui a preocupação em trazer de� nições, como um traço marcante de 
sua obra, por este motivo ele diferencia “educação” e “pedagogia” sendo a pri-
meira constante, se realizando o tempo todo (é ação); e a segunda tendo como 
objeto a primeira, trata-se, portanto, de teorias da educação e pode se contrapor 
a ela, ou seja, as ideias de educação podem se contrapor à prática educacional, à 
educação propriamente dita. (ORIO, 2014)
Durkheim de� ne a ciência como objetiva e empírica, tendo como propósito conhecer 
os fatos de modo neutro. Assim, o papel do cientista é expor a realidade e não julgá-la, por isso, 
é necessário imparcialidade. É por essa razão que as teorias pedagógicas não possuem, segundo 
ele, caráter cientí� co, mas sim especulativo: não dizem o que é ou o que foi, mas o que deve ser. A 
educação para o autor atende às necessidades sociais, apontando ideias e sentimentos coletivos. E 
é para o estudo da sociedade, segundo Durkheim, que devem se voltar os esforços dos pedagogos. 
Em uma de suas obras mais importantes, As regras do método sociológico, de 1895, 
Durkheim de� niu claramente seu objeto da sociologia: os fatos sociais.
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FATO SOCIAL
Os fatos sociais devem ser tomados como coisas. Eles são fenômenos, propriedades, são 
observáveis e externos, que podem ser medidos de forma objetiva. 
A proposição segundo a qual os fatos sociais devem ser tratados como coisas – 
proposição que está na base de nosso método – é das que mais têm provocado 
contradições. Consideraram paradoxal e escandaloso que assimilássemos às re-
alidades do mundo exterior as do mundo social. Era equivocar-se singularmente 
sobre o sentido e o alcance dessa assimilação, cujo objeto não é rebaixar as for-
mas superiores do ser às formas inferiores, mas, ao contrário, reivindicar para 
as primeiras um grau de realidade pelo menos igual ao que todos reconhecem 
nas segundas. Não dizemos, com efeito, que os fatos sociais são coisas materiais, 
e sim que são coisas tanto quanto as coisas materiais, embora de outra maneira. 
(DURKHEIM, p. 27, 1995).
Os fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir, compostos das três características 
seguintes: exterior, coercitivo e geral. 
• EXTERIOR: Estão de fora das consciências individuais, são exteriores, existe indepen-
dente da vontade do indivíduo.
• COERCITIVO: Os indivíduos são obrigados a seguir um comportamento pré-deter-
minado, independentemente de sua vontade. Há uma força coercitiva que faz com que ele siga 
determinadas regras e que ele deve fazer se submeter, não se trata de coerção física necessaria-
mente, mas de coerção social.
• GERAL: É geral a todos os membros de um grupo ou a sua maioria. É o consenso social 
e a vontade coletiva.
A tirinha de Mafalda expressa bem a ideia de Fato social: 
Figura 5 - Mafalda. Fonte: Quino (2017).
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SUICÍDIO
Durkheim chama por suicídio, “toda morte que resulta mediata ou imediatamente de um 
ato positivo ou negativo, realizado pela própria vítima.” (DURKHEIM, p. 11, 2000). O autor estu-
dou profundamente o suicídio, utilizando nesta obra a aplicação da metodologia a qual estudava. 
Considerou o fato social por sua presença universal e suas características exte-
riores e mensuráveis, completamente independentes das razões que levam cada 
suicida a acabar com a própria vida. Assim, uma conduta marcada pela vontade 
individual, o suicídio interessa ao sociólogo por aquilo que tem de comum e co-
letivo e que, certamente, escapa às consciências individuais dos envolvidos – do 
suicida e dos que o cercam. (COSTA, p. 84, 2005).
Figura 5 - Livro “O suicídio”. Fonte: Émile Durkheim (2000).
O que interessa para a sociologia é a análise de todo o processo social que diz respeito 
ao suicídio, os fatores que agem sobre os grupos sociais, sobre o conjunto da sociedade, e não as 
características individuais, como se ocupa a psicologia.
Há três tipos de suicídio, na concepção de Émile Durkheim (2000):
• SUICÍDIO EGOÍSTA: é aquele em que o indivíduo se afasta das pessoas, dos grupos e 
relações sociais; os laços entre o indivíduo e a sociedade se afrouxam, fazendo com que este perca 
o sentido da vida, há uma individualização desproporcional. 
• SUICÍDIO ALTRUÍSTA: é aquele por lealdade a uma causa, onde um indivíduo sen-
te-se no dever de fazê-lo, por um bem maior. É aquele em que o ego lhe pertence. É o caso dos 
homens-bomba. 
• SUICÍDIO ANÔMICO: É aquele que ocorre em situação de anomia social, ou seja, 
quando há uma ausência de regras na sociedade, onde a sociedade não funciona em seu estado 
normal. A crença de mundo social do suicida, com seus valores e regras, desmorona-se sobre ele.
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DURKHEIM E A EDUCAÇÃO
Émile Durkheim foi o primeirosociólogo a pensar na possibilidade e dar a devida im-
portância na construção de uma sociologia da educação, para a qual estabeleceu algumas bases. 
Destacou-se entre esses autores, pois sua obra dedicava uma atenção especial à educação e apre-
sentou a relevância da instituição educativa no contexto da organização da sociedade. 
A sociologia da educação é uma forma de conhecimento diferente daquele que produz 
as teorias pedagógicas exatamente por que estas últimas, “por vezes, distinguem-se das práticas 
em uso, a ponto de se oporem a elas francamente”. (DURKHEIM, 1955, p. 57). Pode-se, pois, 
esperar que a sociologia, ciência das instituições, auxilie-nos a compreender melhor o que são as 
instituições pedagógicas e a conjecturar o que devam ser elas, para melhor resultado do próprio 
trabalho (DURKHEIM, 1978, p. 88).
Assim, Durkheim conclui seu entendimento sobre a educação: 
A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não 
se encontrem ainda preparadas para a vida social, tendo por � nalidade suscitar 
e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, 
reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a 
criança, particularmente, se destine. (DURKHEIM, 1955, p. 32).
Durkheim a� rmou que a educação é um fato social, então, é um objeto dos estudos socio-
lógicos, pois tem as características necessárias: ser exterior, geral e coercitivo, evidenciando que é 
uma realidade por si só e possui natureza própria.
MAX WEBER
Max Weber nasceu na Alemanha, em Erfurt, numa família de burgueses liberais. For-
mou-se direito, história e sociologia, iniciando sua carreira de professor em Berlim e em 1895 
tornou-se professor na Universidade de Heidelberg. Na política, defendeu toda a vida fortemente 
seu ponto de vista liberal e parlamentarista, participando da comissão redatora da República de 
Weimar.
REFLITA
 Para o autor, a educação se sobrepõe aos indivíduos, já que as ideias, a moral, 
os costumes, as regras, as leis, os conteúdos e os sentimentos são coisas so-
ciais, e são repassadas de pai para filho, segundo os interesses mais altos da 
sociedade. Assim, a sociedade concretiza o caráter de humanidade no próprio 
homem. 
Leia mais sobre Durkeim e seu trabalho em:
http://www.culturabrasil.org/durkheim.htm
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Figura 6 - Max Weber. Fonte: Roteiros Literários (2015).
Em oposto a posição de Durkheim, Weber não tinha a intenção de de� nir educação ou 
explicar o que é ou o que deveria ser a educação. Nesse sentido, também não apresenta elementos 
implícitos para uma interpretação de� nitiva sobre educação. 
Teve grande in� uência na sociologia nos estudos das religiões, fazendo ligações entre 
formações políticas e crenças religiosas. Suas principais obras são: Artigos reunidos de teoria da 
ciência: economia e sociedade (obra póstuma) e A ética protestante e o espírito do capitalismo.
TIPO IDEAL
Segundo Weber, para que o sociólogo possa analisar uma especí� ca situação social, em 
termos de generalizações, é necessário criar um “TIPO IDEAL”, um instrumento orientador da 
investigação da ação do ator, uma espécie de parâmetro. 
O tipo ideal de Max Weber corresponde ao que Florestan Fernandes de� niu 
como conceitos sociológicos construídos interpretativamente enquanto ins-
trumentos de ordenação da realidade. O conceito, ou tipo ideal, é previamente 
construído e testado, depois aplicado a diferentes situações em que o dado fenô-
meno possa ter ocorrido. À medida que o fenômeno se aproxima ou se afasta de 
sua manifestação típica, o sociólogo pode identi� car e selecionar aspectos que 
tenham interesse à explicação, como, por exemplo, os fenômenos típicos “capi-
talismo” e “feudalismo”. (COSTA, p. 100, 2005).
O tipo ideal é uma construção mental da realidade, onde o pesquisador cria um “TIPO”, 
um conjunto de características, de certo objeto de estudo para analisar determinado fato. O obje-
tivo de Max Weber, ao utilizar-se do recurso “TIPO IDEAL”, é de criar um instrumento analítico 
para possibilitar uma classi� cação do objeto de estudo.
AÇÃO SOCIAL
A ação social é explicada por Weber (1977) como qualquer ação realizada por um sujeito 
em um meio social que possua um sentido determinado por seu autor. É considerada como ação 
a partir da intenção de seu autor quanto à resposta que deseja de seu interlocutor.
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A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pelas ações de ou-
tros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança 
por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de 
ataques futuros). Os “outros” podem ser individualizados e conhecidos ou então 
uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos 
(o “dinheiro”, por exemplo, signi� ca um bem – de troca – que o agente admite no 
comércio porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros muitos, 
embora determinados e desconhecidos, estarão dispostos também a aceita-lo, 
por sua vez, numa troca futura). (WEBER, p. 139, 1977).
Nem todo tipo de ação é social, no sentido expressado por Weber (1977). Segundo o 
autor, “a conduta íntima é ação social somente quando está orientada pelas ações dos outros”. Ele 
exempli� ca:
Não o é, por exemplo, a conduta religiosa quando esta não passa de contempla-
ção, oração solitária, etc. A atividade econômica (de um indivíduo) somente o 
é na medida em que leva em consideração a atividade de terceiros. [...] De uma 
perspectiva material: quando, por exemplo, no “consumo” entra a consideração 
das futuras necessidades de terceiros, orientando por elas, desta maneira, sua 
própria poupança. Ou quando na “produção” coloca como fundamento de sua 
orientação as necessidades futuras de terceiros, etc. (WEBER, p. 139, 1977)
Figura 7 - Ação social. Fonte: Google Images (2017).
Weber (1977) descreve quatro tipos de ações sociais:
• AÇÃO TRADICIONAL: Tem como base a tradição familiar, consolidadas em hábitos 
e costumes impregnados do sujeito. Age-se de certa forma, pois sempre se agiu assim. É um tipo 
de ação que se adota quase automaticamente, pela força da repetição, do hábito. A maior parte de 
nossas ações no nosso dia-a-dia são desse tipo.
• AÇÃO AFETIVA: É uma ação realizada com base nas emoções da pessoa, envolve os 
sentimentos.
• AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES: Fundamenta-se em convicções 
e valores pessoais (éticos, estéticos, religiosos, políticos, etc.). O indivíduo age de acordo com 
aquilo que acredita ser correto, independentemente de suas consequências.
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• AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS: É uma ação orientada tendo um objeti-
vo racionalmente estabelecido, onde o indivíduo age de acordo com suas metas e utiliza os meios 
necessários para que sejam alcançadas. 
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO
Um dos trabalhos mais importantes de Max Weber é A ética protestante e o espírito do 
capitalismo, onde ele relaciona o papel do protestantismo na formação do comportamento do 
capitalismo do tipicamente do ocidente moderno.
Weber descobre que os valores do protestantismo – como a disciplina ascética, a 
poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho – atuavam 
de maneira decisiva sobre os indivíduos. No seio das famílias protestantes, os 
� lhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando 
sempre por atividades mais adequadas à obtenção de lucro, preferindo o cálculo 
e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma 
nova mentalidade, um ethos – conjunto de costumes e hábitos fundamentais- 
propício ao capitalismo, em � agrante oposição ao “alheamento” e a atitude con-
templativo do catolicismo voltado para a oração, sacrifício e renúncia da vida 
prática. (COSTA, p. 101, 2005).
Max Weber, utilizando como apoio dados estatísticos, percebeu que grande parte dos 
homens de negócios bem-sucedidos eram protestantes, e a partir disto, procurou estabelecer co-
nexões entre a prática protestante e a sua in� uência sobre o capitalismo ocidental.
Figura 8 - Livro “A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo”. Fonte: Max Weber (1904).
MAX WEBER E A EDUCAÇÃO
Max Weber não produziu uma teoria sociológica da educação, não fez considerações 
diretas sobre a organização social da escola ou a instituição educação como objeto concreto de 
análise. Mas podemos observar, em alguns estudos signi� cativos sobre educação, em passagens 
especí� cas da obra do autor, uma sociologia da educação.
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Figura 10 – Queremos o poder! Fonte: Hen� l (1984).
 
Os bens educacionais existem para uns e são negados para outros. Esses bens educa-
cionais existem de maneiras diferentes para grupos sociais de status diferentes, segundo Weber 
(1977). 
Weber (1977) apresenta em seus escritos a existência de três tipos de educação que se 
correlacionam aos três tipos de dominação – a dominação carismática, a dominação legal e a 
dominação tradicional.
Consequentemente, também se pode encontrar em Weber uma tipologia para os sistemas 
educacionais com a existência de três sistemas de educação:
• a educação carismática;
• a educação para o cultivo do saber; 
• a educação racional para a burocracia.
Os três sistemas contribuem para que os indivíduos desempenhem papéis so-
ciais diferenciados. A partir dos trabalhos por ele escritos, em que se explicitam 
os modos de vida dos homens e dos mecanismos de funcionamento da orga-
nização das instituições sociais, pode-se depreender que, aos três tipos de do-
minação correspondem, necessariamente, três modelos particulares de sistemas 
de educação, o que supõe sua orientação para uma formação de três tipos de 
sujeitos sociais, em cada um dos quais é particular a formação educacional com 
relação à cultura e ao destino nas diferentes posições sociais (VOLSI, 2009).
O primeiro sistema, Weber (1982) admite que, historicamente, existem duas metas nas 
� nalidades das instituições de educação: fomentar o carisma ou possibilitar uma formação espe-
cialista.
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O segundo sistema é sobre uma educação formativa: orientada para gerar um determi-
nado modo de vida que abrange atitudes e os comportamentos particulares. Esse modo de vida 
assume a � nalidade de educar para determinadas ações perante a vida. A educação carismática 
era a educação dos eleitos do destino, já a formativa é de um grupo em especí� co. 
O terceiro sistema foi chamado de educação racional para a burocracia ou educação es-
pecializada, onde a orientação é a instrução do aluno em conhecimentos concretos e necessários, 
geralmente para exercer algum papel social especí� co nas sociedades racionais, como pro� ssio-
nais ou políticos. Corresponde, então, à estrutura de dominação legal e está associado ao proces-
so de racionalização e burocratização da nossa sociedade. 
Nas burocracias, os títulos na educação simbolizam prestígio social e são utilizados na 
grande maioria das vezes como vantagem econômica. “Naturalmente, essas certidões ou diplo-
mas fortalecem o ‘elemento estamental’ na posição do funcionário” (WEBER,1982, p. 233). Nos 
dias atuais, o diploma tem o mesmo valor que a ascendência familiar tinha no passado. 
A educação é justamente um dos recursos utilizados pelas pessoas que ocupam 
posições de maior privilégio e poder para manterem e/ou melhorarem seu sta-
tus. O prestígio social decorrente da posse de um determinado tipo de educação, 
não é algo especí� co da burocracia (GONZALEZ, 2008).
Figura 11 - Burocracia. Fonte: Ilief (2012).
A formação do homem culto em oposição à formação do especialista é uma questão 
presente nas sociedades capitalistas até hoje, na medida em que a burocratização atinge todos os 
setores da sociedade, tanto os públicos quanto os privados, adicionado cada vez mais valor ao 
saber especializado.
O grande aprendizado que tiramos das lições de Weber para o entendimento da educação 
nos dias atuais, e que tem sido devidamente utilizada na sociologia da educação, é que a mesma 
não só expressa o entendimento de seus mecanismos de funcionamento e sua função social na 
ordem estabelecida, mas também o desvelamento da sua ideologia dentro desse processo.
Estude mais sobre Max Weber em:
http://cafecomsociologia.com/2012/07/etica-protestante-e-o-espirito-do.html 
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KARL MARX
Karl Heinrich Marx nasceu na Alemanha, em Travez, no dia 5 de maio de 1818. Primeiro 
dos meninos de nove � lhos de uma família judaico-alemã, foi batizado numa igreja protestante. 
Em 1836, matriculou-se na Universidade de Berlim, doutorando-se em � loso� a, em Lena. Foi re-
dator de uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu Fredrich 
Engels, seu companheiro de ideias e publicações por toda a vida. Em 1845, foi expulso da França, 
mudando-se para Bruxelas, onde participou da recém-fundada Liga dos Comunistas. Em 1948, 
escreveu com Engels O Manifesto do Partido Comunista, obra in� uenciadora do marxismo 
como movimento político e social a favor do proletariado.
Figura 12 - Karl Marx. Fonte: Domínio Público (2017).
Também em 1948, Marx mudou-se para Londres, onde se dedicou aos estudos de econo-
mia política. Ajudou a fundar a Associação Internacional dos Operários ou Primeira Internacio-
nal. Morreu em 1883. Entre suas principais obras estão: A ideologia alemã, Miséria da � loso� a, 
Para a crítica da economia política, A luta de classes na França, O Capital (o primeiro volume).
Karl Marx não é um sociólogo, mas mesmo assim, é considerado um clássico da Sociolo-
gia, um dos autores mais importantes dos estudos sociológicos em virtude da sua in� uência para 
a compreensão e análise da sociedade. 
Seus escritos são vigorosos e re� etem a situação do seu tempo, em plena Re-
volução Industrial nos países europeus, nos quais ele circulou como jornalista 
e ativista político. Qualquer um dos clássicos da Sociologia só pode ser trata-
do e conhecido pelo conjunto de sua obra; com Marx esse alerta é válido para 
não incorrer em banalização, uma vez que o seu pensamento foi interpretado à 
exaustão nas ciências sociais e pela experiência histórica, sobretudo a política 
soviética, da primeira metade do século XX (ARAÚJO, p. 28, 2013).
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Karl Marx nunca escreveu um texto especi� camente sobre educação. A discussão sobre 
educação neste autor aparece totalmente linhada à totalidade. Ele não tinha a intenção de se es-
pecializar no assunto.
Marx entende a educação não meramente como a atividade escolar, não como 
um fenômeno independente, mas totalmente atrelado às demais relações sociais. 
O que é fundamental na discussão de Marx sobre educação é a questão da cons-
ciência determinada pelo ser: pela vida. E por isso ele enfatiza que o educador 
precisa ser educado: é o educador um produto social. Para ele o processo de 
educação deveria expressar o livre desenvolvimento das potencialidades e so-
ciabilidades pelos seres humanos. Desta forma, Marx entende a luta de classes 
como elemento formador do proletariado, no sentido de que o aprendizado com 
os con� itos sociais possibilita avançar a consciência em direção à contestação e 
ruptura

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