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SISTEMA DE ENSINO LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas Livro Eletrônico 2 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Sumário Apresentação ................................................................................................................................... 4 Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas .............................................................................................. 5 Introdução ........................................................................................................................................ 5 Sisnad ................................................................................................................................................ 5 Drogas Usadas em Rituais Religiosos ...................................................................................... 10 Norma Penal em Branco .............................................................................................................. 10 Abolitio Criminis ............................................................................................................................ 10 Objeto Jurídico nos Crimes Previstos na Lei de Drogas .........................................................12 Elemento Subjetivo nos Crimes Previstos na Lei de Drogas ................................................12 Do Crime de Porte de Droga para Uso próprio (Artigo 28) ....................................................12 Retroatividade da Lei ....................................................................................................................13 Conceito Legal.................................................................................................................................13 Descriminalização do Porte de Drogas para Uso Próprio .................................................... 14 Procedimento de Apuração do Crime de Porte de Droga para Uso Próprio ......................15 Termo Circunstanciado .................................................................................................................16 Procedimento de Apuração ..........................................................................................................16 Transação Penal e o Crime de Porte de Drogas para Uso Próprio.......................................16 Princípio da Insignificância ..........................................................................................................16 Das Atividades de Atenção e de Reinserção Social de Usuários ou Dependentes de Drogas ............................................................................................................................................. 18 Internação Voluntária e Internação Involuntária .................................................................. 18 Tráfico de Drogas ...........................................................................................................................21 Figuras Assemelhadas ao Tráfico.............................................................................................. 23 Induzimento, Instigação ou Auxílio ao uso Indevido de Drogas ......................................... 23 Tráfico de Maquinário .................................................................................................................. 25 Associação para o Tráfico de Drogas ........................................................................................ 27 Financiamento e Custeio do Tráfico .......................................................................................... 29 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Colaboração como Informante .................................................................................................. 29 Prescrição Culposa de Drogas ................................................................................................... 29 Condução da Embarcação ou Aeronave sob Efeito de Drogas ............................................ 30 Causas de Aumento de Pena ...................................................................................................... 30 Liberdade Provisória .................................................................................................................... 33 Inquérito, Processo e Julgamento dos Crimes de Tráfico .................................................... 33 Outros Prazos de Conclusão do Inquérito Policial................................................................. 35 Meios de Investigação ................................................................................................................. 36 Infiltração de Agentes .................................................................................................................. 36 Entrega Vigiada ............................................................................................................................. 37 Colaboração Voluntária ............................................................................................................... 37 Requisitos ....................................................................................................................................... 37 Agente Policial Disfarçado ..........................................................................................................38 Prazo para Oferecimento da Denúncia .................................................................................... 39 Defesa Preliminar ......................................................................................................................... 39 Audiência de Instrução e Julgamento ....................................................................................... 39 Sentença .........................................................................................................................................40 Apelação .........................................................................................................................................40 Progressão de Regime de Cumprimento de Pena ..................................................................40 Livramento Condicional ...............................................................................................................43 Competência ..................................................................................................................................43 Confisco dos Bens .........................................................................................................................43 Da Apreensão, Arrecadação e Destinação de Bens do Acusado .........................................44 Resumo ............................................................................................................................................ 50 Questões de Concurso ................................................................................................................. 55 Gabarito ........................................................................................................................................... 85 Referências .....................................................................................................................................86 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil ecriminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ApresentAção Olá, meu(minha) caro(a) aluno(a)! Eu sou Sérgio Bautzer, professor de Legislação Penal Especial do Gran Cursos Online. Com mais de 15 anos de experiência na elaboração de livros, apostilas e materiais para concursos públicos, eu uma aula voltada para os concursos das carreiras que exigem nível superior em Direito. Pelo histórico das provas analisadas quando o assunto é a Lei de Drogas, as bancas examinadoras formulam questões doutrinárias, juris- prudenciais e com base na letra da lei. O assunto mais recorrente ainda é o privilégio previsto no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas. Não há necessidade de memorizar o elenco das substân- cias entorpecentes previsto na Portaria n. 344/1998, do Ministério da Saúde, salvo se o edital expressamente o exigir. Também não há necessidade de se memorizar os produtos químicos mencionados na Lei n. 10357/01, que cuida da fiscalização feita pela Polícia Federal sobre os referidos, que são usados para a produção e preparação de drogas. Em 2019, a Lei n. 11343/06 passou por profundas alterações em relação ao SISNAD e em relação à internação do usuário ou do dependente químico. Acredito que a segunda alteração feita, a partir dos artigos 60 e seguintes da Lei de Drogas, que cuida em regra da apreensão dos bens dos traficantes, e a consequente alienação ou incorporação ao Estado tenha mais chances de cair em provas de primeira fase. Em caso de dúvida, você poderá participar da aula por meio do fórum de dúvidas do Gran Cursos Online, o maior, melhor e mais completo curso preparatório virtual para concursos públicos do país. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL LEI N. 11.343/2006 – LEI DE DROGAS Introdução Vários dispositivos relacionados ao Direito Administrativo foram introduzidos pela Lei n. 13.840/2019, mas acredito que o examinador das Leis Penais Especiais continuará cobrando os aspectos penais e processuais penais da Lei de Drogas. sIsnAd O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre drogas (Sisnad) tem a finalidade de articu- lar, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com: • a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; • a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. De acordo com a Lei n. 13.840/2019, entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de prin- cípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, pro- gramas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde – SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social – SUAS. São princípios que regem o Sisnad: • o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; • o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes; • a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, reconhecen- do-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamen- tos correlacionados; • a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabeleci- mento dos fundamentos e estratégias do Sisnad; • a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecen- do a importância da participação social nas atividades do Sisnad; • o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; • a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; • a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL • a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção so- cial de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; • a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social; • a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional Antidrogas – Conad. O Sisnad tem os seguintes objetivos: • contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assu- mir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; • promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país; • promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e rein- serção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Exe- cutivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; • assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei. A organização do Sisnad assegura a orientação central e a execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal. Na questão da educação e reinserção social, as pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sisnad terão atendimento nos programas de educação profissional e tecnológica, educa- ção de jovens e adultos e alfabetização. Competência da União na Questão das Drogas De acordo com a Lei n. 13.840/2019, compete à União: • formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas; • elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade; • coordenar o Sisnad; • estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento do Sisnad e suas normas de referência; • elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades, indicadores e definir formas de financiamento e gestão das políticas sobre drogas; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL • promover a integração das políticas sobre drogas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; • financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a execução das políticas sobre drogas, observadasas obrigações dos integrantes do Sisnad; • estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução das políticas sobre drogas; • garantir publicidade de dados e informações sobre repasses de recursos para financia- mento das políticas sobre drogas; • adotar medidas de enfrentamento aos crimes transfronteiriços; • estabelecer uma política nacional de controle de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País; • sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais de prevenção, tratamento, aco- lhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre outros: • promover a interdisciplinaridade e integração dos programas, ações, atividades e proje- tos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à pre- venção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes de drogas; • viabilizar a ampla participação social na formulação, implementação e avaliação das políticas sobre drogas; • priorizar programas, ações, atividades e projetos articulados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a família para a prevenção do uso de drogas; • ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas, promovendo programas que priorizem a melhoria de sua escolarização e a qua- lificação profissional; • promover o acesso do usuário ou dependente de drogas a todos os serviços públicos; • estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos programas, ações e projetos das políticas sobre drogas; • fomentar a criação de serviço de atendimento telefônico com orientações e informa- ções para apoio aos usuários ou dependentes de drogas; • articular programas, ações e projetos de incentivo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de promover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o plano individual de atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento; • promover formas coletivas de organização para o trabalho, redes de economia solidá- ria e o cooperativismo, como forma de promover autonomia ao usuário ou dependente de drogas egresso de tratamento ou acolhimento, observando-se as especificidades regionais; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL • propor a formulação de políticas públicas que conduzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; • articular as instâncias de saúde, assistência social e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; • promover estudos e avaliação dos resultados das políticas sobre drogas. Plano Nacional de Políticas sobre Drogas terá duração de cinco anos a contar de sua aprovação. O poder público deverá dar a mais ampla divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. Os conselhos de políticas sobre drogas, constituídos por Estados, Distrito Federal e Muni- cípios, terão os seguintes objetivos: I – auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; II – colaborar com os órgãos governamentais no planejamento e na execução das políticas sobre drogas, visando à efetividade das políticas sobre drogas; III – propor a celebração de instrumentos de cooperação, visando à elaboração de programas, ações, atividades e projetos voltados à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas. IV – promover a realização de estudos, com o objetivo de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas. V – propor políticas públicas que permitam a integração e a participação do usuário ou dependente de drogas no processo social, econômico, político e cultural no respectivo ente federado VI – desenvolver outras atividades relacionadas às políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e com os respectivos planos. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social que atendam usuários ou dependentes de drogas devem comunicar ao órgão competente do res- pectivo sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a identidade das pessoas, conforme orientações emanadas da União. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder Executivo. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para efeito da Lei n. 11.343/2006, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes prin- cípios e diretrizes: • o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; • a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estig- matização das pessoas e dos serviços que as atendam; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL • o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas; • o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e depen- dentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; • a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; • o reconhecimento do “não uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da defini- ção dos objetivos a serem alcançados; VII – o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em con- sideração as suas necessidades específicas; VIII – a articulação entre os serviços e organizações que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares; IX – o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; X – o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevi- do de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; XI – a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas insti- tuições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhe- cimentos relacionados a drogas; XII – a observância das orientações e normas emanadas do Conad; XIII – o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais específicas. Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente– Conanda. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas sobre Drogas, comemorada anualmen- te, na quarta semana de junho, sendo que no período serão intensificadas as ações de 1) difusão de informações sobre os problemas decorrentes do uso de drogas, 2) promoção de eventos para o debate público sobre as políticas sobre drogas, 3) difusão de boas prá- ticas de prevenção, tratamento, acolhimento e reinserção social e econômica de usuários de drogas divulgação de iniciativas, ações e campanhas de prevenção do uso indevido de drogas, 5) mobilização da comunidade para a participação nas ações de prevenção e en- frentamento às drogasse e mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na realização de atividades de prevenção ao uso de drogas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm 10 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL drogAs usAdAs em rItuAIs relIgIosos Rege o art. 2º da Lei de Drogas: Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressal- vada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. Sobre o assunto do uso de drogas em rituais religiosos vale a pena trazer a colação estudo sobre o assunto: Este estudo, além da defesa do princípio da igualdade, ignorado por normas infralegais, trata da juri- dicidade do uso, por seitas religiosas no Brasil, de uma bebida denominada ayahuasca, chá produto da decocção de duas plantas (do cipó Banisteriopsis caapi e da folha de arbusto da família rubia- ceae e do gênero e espécie Psycotria viridis) e cujo princípio ativo – DMT-N,N dimetiltriptamina – é considerado substância alucinógena e de uso proscrito no país, mas tida por legítima nos rituais e cerimônias religiosas pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas – CONAD, nos termos da Resolução n. 1 de 25 de janeiro de 2010. A União pode autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predetermi- nados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. normA penAl em BrAnco Para efeitos de aplicação dessa lei, será considerada droga aquela substância que estiver na Portaria SVS/MS n. 344, de 12 de maio de 1998. É possível afirmar que a Lei n. 11.343/2006 é uma norma penal em branco heterogênea, pois necessita de outra norma para ter eficácia. Senão vejamos: Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS n. 344, de 12 de maio de 1998. Abolitio Criminis Caso ocorra alguma alteração na lista publicada pelo Poder Executivo, retirando dessa um composto químico ou droga, haverá incidência da causa extintiva da punibilidade chamada abolitio criminis. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL A 2ª Turma do STF decidiu: Abolitio Criminis e Cloreto de Etila – 1 A Turma deferiu habeas corpus para declarar extinta a punibilidade de denunciado pela suposta prática do delito de tráfico ilícito de substância entorpecente (Lei n. 6.368/1976, art. 12) em razão de ter sido flagrado, em 18/2/1998, comercializando frascos de cloreto de etila (lança-perfume). Tratava-se de writ em que se discutia a ocorrência, ou não, de abolitio criminis quanto ao cloreto de etila ante a edição de resolução da Agência Nacio- nal de Vigilância Sanitária – Anvisa que, 8 dias após o haver excluído da lista de subs- tâncias entorpecentes, novamente o incluíra em tal listagem. Inicialmente, assinalou-se que o Brasil adota o sistema de enumeração legal das substâncias entorpecentes para a complementação do tipo penal em branco relativo ao tráfico de entorpecentes. Acrescen- tou-se que o art. 36 da Lei n. 6.368/1976 (vigente à época dos fatos) determinava fossem consideradas entorpecentes, ou capazes de determinar dependência física ou psíquica, as substâncias que assim tivessem sido especificadas em lei ou ato do Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia do Ministério da Saúde – sucedida pela Anvisa. Consignou-se que o problema surgira com a Resolução Anvisa RDC n. 104, de 7/12/2000, que retirara o cloreto de etila da Lista F2 – lista das substâncias psicotrópicas de uso proscrito no Brasil, da Portaria SVS/MS n. 344, de 12/5/1998 – para inclui-lo na Lista D2 – lista de insumos utilizados como precursores para fabricação e síntese de entorpecentes e/ou psicotrópicos. Ocorre que aquela primeira resolução fora editada pelo diretor-pre- sidente da Anvisa, ad referendum da diretoria colegiada (Decreto n. 3.029/1999, art. 13, IV), não sendo tal ato referendado, o que ensejara a reedição da Resolução n. 104, cujo novo texto inserira o cloreto de etila na lista de substâncias psicotrópicas (15/12/2000). (...) Aduziu-se que o fato de a primeira versão da Resolução Anvisa RDC n. 104 não ter sido posteriormente referendada pelo órgão colegiado não lhe afastaria a vigência entre sua publicação no Diário Oficial da União – DOU e a realização da sessão plenária, uma vez que não se cuidaria de ato administrativo complexo, e sim de ato simples, mas com caráter precário, decorrente da vontade de um único órgão – Diretoria da Anvisa –, repre- sentado, excepcionalmente, por seu diretor-presidente. Salientou-se que o propósito da norma regimental do citado órgão seria assegurar ao diretor-presidente a vigência ime- diata do ato, nas hipóteses em que aguardar a reunião do órgão colegiado lhes pudesse fulminar a utilidade. Por conseguinte, assentou-se que, sendo formalmente válida, a reso- lução editada pelo diretor-presidente produzirá efeitos até a republicação, com texto abso- lutamente diverso. Repeliu-se a fundamentação da decisão impugnada no sentido de que faltaria ao ato praticado pelo diretor-presidente o requisito de urgência, dado que a mera leitura do preâmbulo da resolução confirmaria a presença desse pressuposto e que a primeira edição da resolução não fora objeto de impugnação judicial, não tendo sua lega- lidade diretamente questionada. Assim, diante da repercussão do ato administrativo na O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL tipicidade penal e, em homenagem ao princípio da legalidade penal, considerou-se que a manutenção do atoseria menos prejudicial ao interesse público do que a sua invalidação. Rejeitou-se, também, a ocorrência de erro material, corrigido pela nova edição da resolu- ção, a qual significará, para efeitos do art. 12 da Lei n. 6.368/1976, conferir novo sentido à expressão “substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”, elemento da norma penal incriminadora. Concluiu-se que atribuir eficácia retroativa à nova redação da Resolução Anvisa RDC n. 104 – que tornou a definir o cloreto de etila como substância psicotrópica – representaria flagrante violação ao art. 5º, XL, da CF. Em suma, assentou- -se que, a partir de 7/12/2000 até 15/12/2000, o consumo, o porte ou o tráfico da aludida substância já não seriam alcançados pela Lei de Drogas e, tendo em conta a disposição da lei constitucional mais benéfica, que se deveria julgar extinta a punibilidade dos agen- tes que praticaram quaisquer daquelas condutas antes de 7/12/2000. HC n. 94.397/BA, rel. Min. Cezar Peluso, 2ª Turma, 9/3/2010. (HC-94.397). oBjeto jurídIco nos crImes prevIstos nA leI de drogAs O bem protegido pelo Direito Penal, ao incriminar condutas relacionadas às drogas que cau- sam dependência física e química, em regra, é a saúde pública. Há exceções como por exem- plo os delitos relacionados à associação, que além da saúde coletiva, protegerá a paz pública. elemento suBjetIvo nos crImes prevIstos nA leI de drogAs Os crimes previstos na Lei de Drogas são dolosos, salvo o crime previsto no art. 38, que é culposo. do crIme de porte de drogA pArA uso próprIo (ArtIgo 28) O dispositivo em comento revogou o art. 16 da Lei n. 6.368/1976, que era apenado com pena de detenção de seis meses a dois anos. Aquele que adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consu- mo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamen- tar, está cometendo uma infração penal. Desde a edição da Lei n. 11.343/2006, não se pune o usuário de drogas com pena privativa de liberdade, mas sim com as seguintes penas: I – advertência; II – prestação de serviços à comunidade; III – comparecimento a curso educativo, as chamadas penas alternativas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL As duas últimas podem ter pena máxima de cinco meses, se o indivíduo for primário, e, se reincidente, de até 10 meses. Tais penas prescrevem em dois anos, por expressa disposição do artigo 30 da Lei de Dro- gas, não se aplicando a nova redação do artigo 109 do Código Penal. Se houver descumprimento das penas mencionadas, também não haverá conversão em privativa de liberdade, mas sim sucessivamente admoestação verbal e multa. O crime de porte de droga para uso próprio é delito que se caracteriza por ser misto alterna- tivo, ou seja, o crime será único, ainda que o agente pratique mais de uma das ações indicadas. retroAtIvIdAde dA leI Em relação à reprimenda aplicada ao usuário de drogas, a Lei n. 11.343/2006 é mais be- néfica e, assim, retroage em benefício do réu que foi condenado com base na revogada Lei n. 6.368/1976. Cultivar plantas destinadas à preparação de drogas para uso próprio é crime, segundo a Lei de Drogas. Havia uma brecha legal na Lei n. 6368/1976, que não previa tal conduta. Duran- te a época em que vigorou a citada lei, existiam três correntes doutrinárias e jurisprudenciais tratando do assunto: • seria crime de tráfico; • seria porte de droga para uso próprio; • o fato seria atípico. Senão vejamos o que dispõe o § 1º do art. 28 da lei em estudo: § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Se o autor semear, cultivar e, posteriormente, fizer a colheita de plantas destinadas à pre- paração de entorpecente, em um mesmo contexto fático, ele não responderá pelo concurso material dos respectivos delitos, pois se trata de um tipo misto alternativo. Se o plantio de vegetal for para fins de produção de droga para difusão ilícita, estará confi- gurado o crime do art. 33, § 1º, II, da Lei de Drogas, conduta assemelhada ao tráfico. conceIto legAl A Lei n. 11.343/2006, que revogou as Leis n. 6.368/1976 e 10.409/2002, institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad, prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção, reinserção social de usuários e dependentes de drogas, estabelece nor- mas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Consideram-se drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. descrImInAlIzAção do porte de drogAs pArA uso próprIo Segundo o STF, não houve descriminalização, mas sim despenalização, ou seja, não se aplicam penas privativas de liberdade ao usuário. Para o STF, continua sendo crime, e não infração administrativa contra a saúde pública. Vale lembrar que não estamos diante de uma causa prevista no art. 107, III, do Código Penal – “retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso”, ou seja, uma causa de abolitio criminis. Considera-se que a conduta do uso de substâncias entorpecentes continua sendo crime sob a égide da Lei nova, tendo ocorrido, isso sim, uma despenalização, cuja ca- racterística marcante seria a exclusão de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração penal, conforme já noticia o Informativo n. 456/STF, RE n. 430.105 QO/RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence: A Turma, resolvendo questão de ordem no sentido de que o art. 28 da Lei n. 11.343/2006 (Nova Lei de Tóxicos) não implicou abolitio criminis do delito de posse de drogas para consumo pessoal, então previsto no art. 16 da Lei n. 6.368/1976, julgou prejudicado recurso extraordinário em que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro alegava a incompetência dos juizados especiais para processar e julgar conduta capitulada no art. 16 da Lei n. 6.368/1976. Considerou-se que a conduta antes descrita neste artigo continua sendo crime sob a égide da Lei nova, tendo ocorrido, isto sim, uma despenaliza- ção, cuja característica marcante seria a exclusão de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração penal. Afastou-se, também, o entendimento de parte da doutrina de que o fato, agora, constituir-se-ia infração penal sui generis, pois esta posição acarretaria sérias consequências, tais como a impossibilidade de a conduta ser enquadrada como ato infracional, já que não seria crime nem contravenção penal, e a dificuldade na definição de seu regime jurídico. Ademais, rejeitou-se o argumento de que o art. 1º do Decreto-Lei n. 3.914/1941 (Lei de Introdução ao Código Penal e à Lei de Contravenções Penais) seria óbice a que a novel lei criasse crime sem a imposição de pena de reclusão ou de detenção, uma vez que esse dispositivo apenas estabelece critério para a distinção entre crime e contravenção, oque não impediria que lei ordiná- ria superveniente adotasse outros requisitos gerais de diferenciação ou escolhesse para determinado delito pena diversa da privação ou restrição da liberdade. Aduziu-se, ainda, que, embora os termos da Nova Lei de Tóxicos não sejam inequívocos, não se poderia partir da premissa de mero equívoco na colocação das infrações relativas ao usuário em capítulo chamado “Dos Crimes e das Penas”. Por outro lado, salientou-se a previsão, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL como regra geral, do rito processual estabelecido pela Lei n. 9.099/1995. Por fim, tendo em conta que o art. 30 da Lei n. 11.343/2006 fixou em 2 anos o prazo de prescrição da pretensão punitiva e que já transcorrera tempo superior a esse período, sem qualquer causa interruptiva da prescrição, reconheceu-se a extinção da punibilidade do fato e, em consequência, concluiu-se pela perda de objeto do recurso extraordinário. (Grifo nosso) O entendimento do Supremo enfraqueceu a corrente doutrinária, que afirmava que o fato seria uma infração sui generis. procedImento de ApurAção do crIme de porte de drogA pArA uso próprIo O crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas será apurado mediante termo circunstanciado, pois é uma infração penal de menor potencial ofensivo. Compete aos Juizados Especiais Criminais o julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo. A Lei n. 9.099/1995 veio regulamentar o art. 98, I, da CF. Num primeiro momento, eram consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo os crimes cuja pena máxima era de um ano e as contravenções que não possuíssem procedimento diferenciado (ex.: jogo do bicho). Nessa época, o porte de drogas para uso próprio não era considerado infração penal de menor potencial ofensivo. Em 2001, foi editada a Lei dos Juizados Especiais Criminais, que estabelece que as infra- ções de menor potencial ofensivo são os crimes cuja pena máxima é de até dois anos. Surgiu, então, uma divergência se era possível a aplicação da Lei dos Juizados Especiais Federais no âmbito da Justiça Estadual. Surge o questionamento se o crime de porte de drogas para uso próprio seria de competência do Juizado. O STJ manifestou-se favoravelmente quanto à pos- sibilidade da aplicação da Lei dos Juizados Criminais Federais ao delito de uso de entorpecen- tes, na época em que vigorava a Lei n. 6.368/1976. Prevaleceu o entendimento de que era possível a aplicação da Lei dos Juizados Especiais Criminais Federais no âmbito da Justiça Estadual. No ano de 2006, a divergência foi sanada com a edição da Lei n. 11.343/2006, que alterou o art. 61 da Lei n. 9.099/1995, sendo então as infrações penais de menor potencial ofensivo: crimes cuja pena máxima é de até dois anos e todas as contravenções penais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL termo cIrcunstAncIAdo O termo circunstanciado (art. 69 da Lei n. 9.099/1995) é um procedimento administrativo inquisitivo, presidido pela autoridade policial que visa à apuração das infrações penais de me- nor potencial ofensivo. procedImento de ApurAção O usuário de drogas será conduzido à delegacia, onde será registrada a ocorrência e lavra- do o termo circunstanciado. Após a lavratura do termo circunstanciado, o usuário será enca- minhado ao Juizado Especial Criminal. Se não for possível o encaminhamento do usuário ao juizado, ele assinará termo de compromisso de comparecimento e, em seguida, será liberado. O termo de compromisso faz parte do termo circunstanciado. Se o usuário de drogas se recusar a assinar o termo de compromisso, mesmo assim será li- berado, pois é proibida a sua detenção. Ele não será sujeito ativo do auto de prisão em flagrante. trAnsAção penAl e o crIme de porte de drogAs pArA uso próprIo A transação penal é uma medida alternativa prevista no art. 76 da Lei n. 9.099/1995. É um acordo feito entre o órgão ministerial e o autor da infração penal de menor potencial ofensivo, realizado em audiência preliminar, homologado pelo juiz. No juizado, será realizada a audiência preliminar para a propositura da transação penal. Assim, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata das penas previstas no art. 28 da Lei de Drogas. Se não houver êxito no acordo, a denúncia será oferecida verbalmente na própria audiência, observando-se, em seguida, o rito sumaríssimo do art. 77 da Lei n. 9.099/1995. prIncípIo dA InsIgnIfIcâncIA Num primeiro momento, você deve memorizar que não se aplica o Princípio da Insignificân- cia no delito de porte de uso próprio previsto tanto Lei de Drogas. Como o examinador do Cespe tem por costume cobrar julgamentos com posições iso- ladas tanto do STJ como do STF, assim vale ressaltar que a 1ª Turma do STF, no começo de 2012, entendeu ser cabível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de porte de droga para uso próprio: Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu habeas corpus para trancar procedimento penal instaurado contra o réu e invalidar todos os atos processuais, desde a denúncia até a condenação, por ausência de tipicidade material da conduta imputada. No caso, o paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, caput, da Lei n. 11.343/2006, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL à pena de 3 meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade por portar 0,6 g de maconha. Destacou-se que a incidência do postulado da insignificância, de modo a tornar a conduta atípica, exigiria o preenchimento concomitante dos seguintes requisi- tos: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica provocada. Consignou-se que o sistema jurídico exigiria considerar a relevantíssima cir- cunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificariam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes fossem essenciais, notadamente naque- les casos em que os valores penalmente tutelados se expusessem a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. Deste modo, o direito penal não deveria se ocupar de condutas que produzissem resultados cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes — não representaria, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. HC 110475/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 14/2/2012. (HC-110475). Em 2014, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no RECURSO EM HABEAS CORPUS N. 35.920 – DF, negou a aplicação do princípio da insignificância no crime de porte de drogas para uso próprio: RECURSO EM HABEAS CORPUS. PORTE DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE PARA CON- SUMO PRÓPRIO. PRINCÍPIODA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGI- MENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 1. Independentemente da quantidade de drogas apreendidas, não se aplica o princípio da insignificância aos delitos de porte de subs- tância entorpecente para consumo próprio e de tráfico de drogas, sob pena de se ter a própria revogação, contra legem, da norma penal incriminadora. Precedentes. 2. O objeto jurídico tutelado pela norma do artigo 28 da Lei n. 11.343/2006 é a saúde pública, e não apenas a do usuário, visto que sua conduta atinge não somente a sua esfera pessoal, mas toda a coletividade, diante da potencialidade ofensiva do delito de porte de entorpe- centes. 3. Para a caracterização do delito descrito no artigo 28 da Lei n. 11.343/2006, não se faz necessária a ocorrência de efetiva lesão ao bem jurídico protegido, bastando a rea- lização da conduta proibida para que se presuma o perigo ao bem tutelado. Isso porque, ao adquirir droga para seu consumo, o usuário realimenta o comércio nefasto, pondo em risco a saúde pública e sendo fator decisivo na difusão dos tóxicos. 4. A reduzida quanti- dade de drogas integra a própria essência do crime de porte de substância entorpecente para consumo próprio, visto que, do contrário, poder-se-ia estar diante da hipótese do delito de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da Lei n. 11.343/2006. 5. Recurso em habeas corpus não provido O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL dAs AtIvIdAdes de Atenção e de reInserção socIAl de usuárIos ou dependentes de drogAs Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e respectivos fa- miliares, para efeito da Lei em estudo, aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e res- pectivos familiares, para efeito da Lei em estudo, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais. Dificilmente o art. 22 e seus incisos serão cobrados em provas de primeira fase, mas é sempre bom que você leia a letra da lei: as redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao de- pendente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios explicita- dos no art. 22 da Lei de Drogas, obrigatória a previsão orçamentária adequada. InternAção voluntárIA e InternAção InvoluntárIA O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União e articuladas com os serviços de assistência social e em eta- pas que permitam: • articular a atenção com ações preventivas que atinjam toda a população; • orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, baseados em evidências científicas, oferecendo atendimento individualizado ao usuário ou dependente de drogas com abor- dagem preventiva e, sempre que indicado, ambulatorial; • preparar para a reinserção social e econômica, respeitando as habilidades e projetos in- dividuais por meio de programas que articulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, cultura e acompanhamento individualizado; • acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de forma articulada. Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de tratamento, em âmbito nacional A internação de dependentes de drogas somente será realizada em unidades de saúde ou hos- pitais gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a internação. A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Todas as internações e altas de que trata a Lei de Drogas deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema informatizado único. É garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema supra e o acesso será permiti- do apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade. A Lei n. 13.840/2019 criou no ordenamento jurídico as figuras da internação voluntária e da internação involuntária do usuário e do dependente de drogas. Cuidado, não se trata da chamada internação compulsória, que existe no Direito Compara- do, imposta pelo Juiz ao usuário ou ao dependente químico, matéria já cobrada pelo examina- dor do CESPE. Você também não pode confundir a internação prevista na Lei de Drogas com medida de segurança chamada internação hospitalar, que é uma espécie de sanção penal, e está prevista na Lei de Drogas. São considerados dois tipos de internação: • Internação voluntária, que é aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas. Tem como requisitos: − deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solicitante de que optou por este regime de tratamento e − seu término dar-se-á por determinação do médico responsável ou por solicitação es- crita da pessoa que deseja interromper o tratamento; • Internação involuntária é aquela que se dá, sem o consentimento do dependente. Os legitimados para realizar o pedido são os familiares ou do responsável legal ou, na ab- soluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, que constate a existência de motivos que justifiquem a medida. Importante que você memorize os servidores da área de segurança pública não podem pleitear a internação voluntária do usuário ou do dependente químico. A internação involuntária deve ser realizada após a formalização da decisão por médico responsável e será indicada de, pois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêu- ticas previstas na rede de atenção à saúde. A medida perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 dias, tendo seu término determinado pelo médico responsável. Vale lembrar que a família ou o representante legal poderá, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. O atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de atenção à saúde de- penderá de: • avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial; • elaboração de um Plano Individual de Atendimento – PIA. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL A avaliação prévia daequipe técnica subsidiará a elaboração e execução do projeto tera- pêutico individual a ser adotado, levantando, no mínimo: o tipo de droga e o padrão de seu uso, e o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de drogas ou das pessoas com as quais convive. O Plano Individual de Atendimento, que será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data do ingresso no atendimento, deverá contemplar a participação dos familiares ou respon- sáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente. O Plano Individual de Atendimento será inicialmente elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das diversas fases do atendimento. Constarão do plano individual, no mínimo: • os resultados da avaliação multidisciplinar; • os objetivos declarados pelo atendido; • a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação profissional; • atividades de integração e apoio à família; • formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; • designação do projeto terapêutico mais adequado para o cumprimento do previsto no plano; • as medidas específicas de atenção à saúde do atendido. As informações produzidas na avaliação e as registradas no plano individual de atendimen- to são consideradas sigilosas. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão conceder benefícios às instituições privadas que desenvolverem programas de reinserção no mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas encaminhados por órgão oficial. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social, que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão rece- ber recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade orçamentária e financeira. Você precisa ficar atento à letra do art. 26 da Lei de Drogas, que já foi reproduzido como assertiva em prova do Cespe: O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário. Os condenados ou pessoas sujeitas à medida de segurança de internação têm direito aos serviços de saúde previstos na Lei de Drogas, se forem usuários ou dependentes químicos. Além da previsão na lei em estudo, você não pode se esquecer que o preso provisório e o con- denado possuem o direito à assistência médico hospitalar. 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Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emer- gência, caso em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades terapêuti- cas acolhedoras. tráfIco de drogAs Rege o art. 33, caput, da Lei de Drogas: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofere- cer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Segundo tese publicada pelo STJ em 2019: Art. 33, §1º, IV – vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regula- mentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. Para a configuração do delito de tráfico de drogas previsto no caput do artigo 33 da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a aferição do grau de pureza da substância apreendida. Impor- tante: não confunda tese com súmula! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Você deve memorizar que se trata de um delito que se caracteriza por ser misto alterna- tivo, ou seja, a pessoa responderá por um crime, ainda que o agente pratique mais de uma das ações. Há um julgado isolado, de novembro de 2010, em que a Quinta Turma do STJ decidiu: TRÁFICO. DROGAS. CONTINUIDADE DELITIVA. Com referência ao crime de tráfico de drogas, a Turma, por maioria, entendeu, entre outros tópicos, que a jurisprudência do STJ é pacífica quanto a permitir o aumento de pena pela continuidade delitiva ao se levar em conta o número de infrações. Assim, na hipótese, de quatro delitos, entendeu correta a exacerbação da pena em um quarto em razão do crime continuado. O voto divergente do Min. Jorge Mussi entendia não ser possível aplicar ao delito de tráfico de drogas a figura do crime continuado em razão de sua natureza de crime permanente. O Min. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ-AP) acompanhou a maioria com ressalvas. Precedentes citados: HC 112.087-SP; HC 125.013-MS, DJe 30/11/2009; HC 106.027-RS, DJe 23/8/2010; HC 103.977-SP, DJe 6/4/2009; HC 44.229-RJ, DJ 20/3/2006, e HC 30.105-SP, DJ 18/4/2005. HC 115.902-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/11/2010. Ainda com relação ao tráfico, mesmo ausente a intenção de lucro com a alienação do entor- pecente, pode ocorrer a imputação penal por tráfico, que não contém tal elementar em seu tipo. Em determinadas condutas, será possível a figura tentada, por exemplo, vender. Porém, em algumas outras, como expor à venda, não será possível a tentativa. No que se refere ao verbo “prescrever”, tratado no artigo que acabamos de ver, afirma-se que se trata de um crime próprio, ou seja, apenas médico ou dentistas poderiam cometê-lo. O tráfico de drogas é um crime permanente. Assim, em algumas condutas referentes ao tráfico ilícito de substância entorpecente em que o agente tem em depósito ou guarda consigo entorpecente para comercialização, é possível a autuação do agente em flagrante e a qualquer tempo, pois, nessa hipótese, a consumação do delito prolonga-se no tempo, dependendo da vontade do agente. Porfim, o princípio da insignificância também não se aplica ao tráfico de drogas. Foi o que recentemente decidiu a Quinta Turma do STJ: PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. TRÁFICO. DROGAS. Conforme precedentes, não se aplica o princípio da insignificância ao delito de tráfico de drogas, visto se tratar de crime de perigo abstrato ou presumido. Dessarte, é irrelevante para esse específico fim a quantidade de droga apreendida. Precedentes citados do STF: HC 88.820-BA, DJ 19/12/2006; HC 87.319-PE, DJ 15/12/2006; do STJ: HC 113.757-SP, DJe 9/2/2009; HC 81.590-BA, DJe 3/11/2008; HC 79.661-RS, DJe 4/8/2008, e HC 55.816- AM, DJ 11/12/2006. HC 122.682-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/11/2010. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL O art. 10 do Pacote Anticrime introduziu no sistema processual penal a figura do agente de polícia disfarçado. Tal meio de investigação tem o condão de afastar a incidência da Súmula 145 do STF que diz que é crime impossível quando há o flagrante preparado ou provocado. fIgurAs AssemelhAdAs Ao tráfIco Vejamos o que dispõe o inciso III do § 1º do art. 33 da lei em estudo: III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. É um crime próprio, tendo em vista que apenas incorrerá nesse delito aquele que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. Para que haja a configuração do crime em estudo, a pessoa, proprietária de um imóvel deve consentir que nele trafiquem drogas, pois se houver o consentimento para que se consumam substâncias entorpecentes restará configurado outro crime. O local pode ser imóvel ou móvel: embarcação, veículo, aeronave. Não há necessidade de o agente ser o dono do local utilizado para o tráfico, bastando que tenha a posse ou simples administração, guarda ou vigilância da droga (crime autônomo). InduzImento, InstIgAção ou AuxílIo Ao uso IndevIdo de drogAs O § 2º do art. 33 traz em seu bojo a situação de induzimento, instigação ou auxílio de alguém ao uso indevido de drogas. § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. “Induzir” significa “dar a ideia”. Já “instigar” significa “reforçar a ideia” e, por fim, “au- xiliar” significa “colaborar materialmente”. Não é crime equiparado ao hediondo. Também não é um crime de tráfico. É um delito afian- çável na esfera policial. É um crime formal, não havendo necessidade de que a pessoa que foi induzida, instigada ou auxiliada, consuma efetivamente a droga. Os organizadores da “Marcha da Maconha” não respondem pelo crime de apologia previs- to no art. 287 do Código Penal nem no § 2º do art. 33 da Lei de Drogas, por conta do direito à liberdade de expressão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL O Plenário do STF, à unanimidade, reconheceu a legitimidade da “Marcha da Maconha”, que está amparada nos direitos constitucionais de reunião e de livre expressão do pensamento. A decisão foi tomada no julgamento da ADPF 187, que deu interpretação conforme a Constitui- ção ao artigo 287 do Código Penal. § 3º do Artigo 33 da Lei n. 11.343/2006: o crime previsto no art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006 não é um delito equiparado ao hediondo. Também não é um crime de tráfico. É uma infração de menor potencial ofensivo, tendo em vista que a pena máxima não ultrapassa dois anos. Dessa forma, será julgado pelo Juizado Especial Criminal. A nova lei cria crime inexistente na anterior (Lei n. 6.369/1976), consistente no oferecimento even- tual de droga, sem intuito de lucro, à pessoa de relacionamento do autor, para juntos consumirem. Para se configurar o crime em estudo, devem estar presentes os seguintes requisitos: • o consumo da droga deve ser conjunto; • o consumo deve ser com pessoa de seu relacionamento; • a oferta da droga deve ser gratuita e eventual. Assim está disposto no § 3º do art. 33: § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Se a pessoa que ofereceu a droga tiver intuito de lucro, restará configurado o delito de tráfico. Do mesmo modo, se o oferecimento se der de maneira reiterada, haverá a conduta de tráfico de drogas. A doutrina e a jurisprudência decidirão quem é a figura mencionada no tipo, pois não existe definição de quem ela seja. Pela teoria Monista, adotada pelo Código Penal, todas as pessoas flagradas consumindo droga em conjunto responderão pelo delito em tela, não havendo que se falar em porte para uso próprio em relação ao que portava a substância no momento da detenção. Porém, haverá a aplicação das penas alternativas previstas no preceito secundário do artigo 28 da Lei de Drogas. Comentários ao art. 33, § 4º da Lei de Drogas: é o chamado tráfico privilegiado. Você deve memorizar que tal modalidade não é crime equiparado ao hediondo. Rege a norma em estudo: § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. É uma novidade no ordenamento jurídico. Quando o traficante for primário, de bons ante- cedentes, não se dedicar a atividades criminosas nem pertencer a organizações criminosas, ele poderá receber o benefício de redução de pena previsto no art. 33, § 4º da Lei de Drogas. Vale ressaltar que o magistrado, ao conceder o benefício em tela, deverá se ater a quanti- dade de drogas apreendida, senão vejamos o que nos traz o informativo n. 441 do STJ: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Em atenção à própria finalidade da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006) – repressão ao tráfico ilícito de entorpecentes –, a quantidade e a variedade da droga traficada devem ser consideradas na fixação da pena-base. Contudo, isso não impede que também sejam consideradas para apurar o grau da redução previsto no § 4º do art. 33 daquele mesmo diploma. Precedentes citados: HC n. 121.666-MS, DJe 31/8/2009; HC n. 140.743-MS, DJe 23/11/2009, e HC n. 133.789-MG, DJe 5/10/2009. HC n. 142.368-MS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 5/8/2010. O Plenário do STF declarou inconstitucionala proibição de conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos prevista no § 4º do art. 33 e no art. 44, ambos da Lei de Dro- gas. Assim, é possível que um pequeno traficante, se condenado, cumpra pena de prestação de serviços à comunidade. No Recurso Extraordinário n. 600817 interposto pela Defensoria Pública da União (DPU) contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), sendo relator o Min. Ricardo Lewandowski, o Plenário do STF, em 2013 vedou a aplicação da redução de pena prevista no § 4º do artigo 33 da Lei n. 11.343/2006 no preceito secundário do artigo 12 da Lei n. 6.368/1976, por entender que se houvesse a combinação das duas leis, o Guardião da Constituição estaria criando uma terceira e, assim, legislando. O art. 112 da LEP, com a redação dada pelo Pacote Anticrime, diz em um de seus disposi- tivos que o tráfico de drogas na modalidade privilegiada não deve ser considerado equiparado ao hediondo, para fins de progressão de regime. tráfIco de mAquInárIo Trata-se de um crime subsidiário, que será usado caso o operador do direito não consiga fazer a adequação típica em outro dispositivo da Lei de Drogas. O legislador previu na Lei das Drogas as figuras típicas incriminadoras aos agentes que fabricam, adquirem, utilizam, transportam, oferecem, vendem, distribuem, entre outros, maqui- nário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Exemplo de maquinários: Exemplos: bico de Bunsen, pipeta, tubo de ensaio, balança de precisão, a prensa, enfim tudo que guarnece um “laboratório” de produção de droga. Para a configuração do crime em estudo, deve haver prova da destinação ilícita que os agentes dariam aos maquinários. Se houver a apreensão de droga, o agente responderá apenas pelo crime de tráfico. Sobre o tema, interessantes são os dois julgados recentes da 6ª Turma do STJ: DIREITO PENAL. ABSORÇÃO DO CRIME DE POSSE DE MAQUINÁRIO PELO CRIME DE TRÁ- FICO DE DROGAS. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado crime em concurso com o de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas, previsto no art. 34 da Lei n. 11.343/2006 – o agente que, além de preparar para venda certa quan- tidade de drogas ilícitas em sua residência, mantiver, no mesmo local, uma balança de precisão e um alicate de unha utilizados na preparação das substâncias. De fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, ameaçada com a possibilidade de a droga ser produzida, ou seja, tipifica-se conduta que pode ser considerada como mero ato pre- paratório. Portanto, a prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34 da mesma lei, desde que não fique caracterizada a existên- cia de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Na situação em análise, não há autonomia necessária a embasar a conde- nação em ambos os tipos penais simultaneamente, sob pena de “bis in idem”. Com efeito, é salutar aferir quais objetos se mostram aptos a preencher a tipicidade penal do tipo do art. 34, o qual visa coibir a produção de drogas. Deve ficar demonstrada a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sob pena de a posse de uma tampa de caneta – utilizada como medidor –, atrair a incidência do tipo penal em exame. Relevante, assim, analisar se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo penal em tela. Na situação em análise, além de a conduta não se mostrar autônoma, verifica-se que a posse de uma balança de precisão e de um alicate de unha não pode ser considerada como posse de maquinário nos termos do que descreve o art. 34, pois os referidos instrumentos integram a prática do delito de tráfico, não se prestando à configuração do crime de posse de maquinário. REsp 1.196.334-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/9/2013. DIREITO PENAL. AUTONOMIA DE CONDUTA SUBSUMIDA AO CRIME DE POSSUIR MAQUI- NÁRIO DESTINADO À PRODUÇÃO DE DROGAS. Responderá pelo crime de tráfico de drogas – art. 33 da Lei n. 11.343/2006 – em con- curso com o crime de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas – art. 34 da Lei n. 11.343/2006 – o agente que, além de ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local e em grande escala, objetos, maquinário e utensílios que constituam laboratório utilizado para a produção, preparo, fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes quanti- dades. Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstram verdadeira autonomia das condutas e inviabilizam a incidência do princípio da consunção. Sabe-se que o referido princípio tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio normal para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito visado pelo agente, situação que fará com que este absorva aquele outro delito, desde que não ofendam bens jurídicos distintos. Dessa forma, a depender do contexto em que os crimes foram praticados, será possível o reco- nhecimento da absorção do delito previsto no art. 34 – que tipifica conduta que pode ser considerada como mero ato preparatório – pelo crime previsto no art. 33. Contudo, para tanto, é necessário que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para FABIANA PEREZ CARVALHO BARBOSA - 33279062896, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 87www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.343/2006 – Lei de Drogas LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Levando-se em consideração que o crime do art. 34 visa coibir a produção de drogas, enquanto o art. 33 tem por objetivo evitar a sua disseminação, deve-se analisar, para fins de incidência ou não do princípio da consunção, a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos destina- dos à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas. Relevante aferir, por- tanto, se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo penal em tela quanto à coibi- ção da própria produção de drogas. Logo, se os maquinários e utensílios apreendidos não forem suficientes para a produção ou transformação da droga, será possível a absorção do crime do art. 34 pelo do art. 33, haja vista ser aquele apenas meio para a realização do tráfico de drogas (como a posse de uma balança e de um alicate – objetos que, por si sós, são insuficientes para o fabrico ou transformação de entorpecentes, constituindo apenas um meio para a realização do delito do art. 33). Contudo, a posse ou depósito de maqui- nário e utensílios que demonstrem a existência de um verdadeiro laboratório voltado à fabricação ou transformação de drogas implica autonomia das condutas, por não serem esses objetos meios necessários ou fase normal de execução do tráfico de drogas. AgRg no AREsp 303.213-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/10/2013. Em 2019, o STJ editou uma tese, que você deverá memorizar, sobre a questão da consun- ção dos crimes de tráfico de insumos, produtos químicos e matéria prima, e tráfico de maqui- nários pelo delito de tráfico
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