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CURSO DE FILOSOFIACURSO DE FILOSOFIA AULAS 03 e 04 CURSO DE SOCIOLOGIACURSO DE SOCIOLOGIA AULAS 03 e 04 CURSO DE FILOSOFIA Aulas no. s 03 e 04 FILOSOFIA E TEORIA DO CONHECIMENTO Primeiro, vejamos o que é Teoria do Conhecimento: A teoria do conhecimento é a área da filosofia que tem como objetivo investigar o que é o conhecimento, a possibilidade (se é possível conhecer), qual o funda- mento do conhecimento, suas origens e seu valor. Início: Já entre os pré-socráticos, as questões que tinham o conhecimento como tema central vão sendo formuladas. Questões como: por que as coisas existem? Qual a origem da Natureza? O que faz com que as coisas mudem? O que faz com que sejam o que são? Ou seja, o que é o Ser, ou seja, a Realidade? Parmênides, Heráclito e Demócrito são ótimos exemplos desse estágio da filosofia ocidental que constitui o que podemos chamar de Ontologia. O que se busca é a identidade entre o que se conhece e o próprio objeto, isto é, a aletheia ( ou, o não esquecimento daquilo que se vê e conhece). Razão Essa identidade entre o conhecedor e o que se conhece ocorre graças à atividade da razão ( logos). Ou seja, a Natureza não é um dado que se projeta sem qualquer mediação em nossa mente. Nossa razão opera esse conhecimento. Princípios da Razão, segundo Aristóteles: Identidade Não contradição Terceiro excluído O que é necessário para que exista o conhecimen- to? Três fatores são fundamentais: a existência de um sujeito conhecedor (o eu, a consciência); um objeto a ser conhecido (a realidade, o mundo); e a relação entre estes dois elementos do processo de conhecimento. Só é possível conhecer quando há uma apreensão do objeto pelo sujeito, quer dizer, quando o sujeito é capaz de representar mentalmente o objeto de conhecimento. E quando sabemos que o conhecimento é verdadei- ro? O conhecimento verdadeiro deve, necessariamente, concordar com o objeto. Dessa forma, um dos problemas que a teoria do conhecimento deve propor e tentar solucionar é o de saber quais são os critérios, as maneiras, os métodos de que podemos nos valer para ver se um conhecimento é ou não verdadeiro. E isso é possível? Há três respostas para essa questão: Uma que nega a possibilidade de conhecer a verdade (ceticismo), outra que afirma tal possibilidade (dogmatismo) e outra que não nega nem afirma, mas avalia as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro (criticismo). O Ceticismo pode ser absoluto: é aquele que nega de forma total a possibilidade e conhecer a verdade. Os dois exemplos mais importantes dessa forma de entender o conhecimento são os filósofos gregos Górgias, segundo o qual “o ser não existe; se existisse não poderíamos conhecê-lo; e se pudéssemos conhecê- lo não poderíamos comunicá-lo aos outros” e Pirro que dizia ser impossível ao homem conhecer a verdade devido a duas fontes principais de erro: os sentidos que nos induzem a muitas ilusões e a razão que apresenta, por sua vez, opiniões bastante contraditórias sobre os mesmos assuntos, revelando assim os limites de nossa inteligência. E há ainda o Ceticismo relativo, que nega apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade. Uma dessas correntes aponta para um subjetivismo, ou seja, como o conhecimento é uma relação subjetiva e pessoal, então o conhecimento limita-se às ideias e representações elaboradas pelo próprio sujeito. Um dos representantes do subjetivismo é o filósofo grego Protágoras que dizia “o homem é a medida de todas as coisas”. Uma outra corrente é o probabilismo, que afirma que o máximo que podemos alcançar é o conhecimento de uma verdade provável, nunca uma certeza completa. Na Idade Moderna, o filósofo inglês David Hume afirmou que a observação dos fenômenos só pode nos dar um conhecimento probabilístico da realidade. CURSO DE FILOSOFIA 2 Afirma Hume: “Nunca é possível para a mente, mesmo com o mais minucioso exame ou inspeção, encontrar na suposta causa seu efeito. Pois o efeito é totalmente diferente da causa, e, por consequência, jamais pode ser nela descoberto.” Desta forma, não havendo alguma instância além da experiência que o assegure, todo o conhecimento será sempre um conhecimento de probabilidades, não absoluto. Embora muito eficaz em um sentido prático, ele não nos traz segurança sobre sua imutabilidade, já que não é certo admitir que, porque um objeto sempre foi acompanhado de tal efeito, ele sempre o será. “De causas que parecem similares, esperamos efeitos similares. Eis o resumo de todas as nossas conclusões experimentais.” Platão e Santo Agostinho representam o dogmatismo, isto é, a possibilidade de conhecer a verdade mediante um esforço conjugado dos nossos sentidos e da nossa inteligência. E o filósofo alemão Immanuel Kant (séc. XVIII) é o “pai” do criticismo. Ele não nega a possibilidade de conhecer, mas afirma que este conhecimento é limitado e ocorre sob condições específicas. Para Kant, tudo aquilo que está na inteligência é resultante da experiência dos sentidos apesar de nem todo o conhecimento resultar daquilo que se percebe através dos sentidos. Conhece-se algo quando são aplicadas as faculdades intelectuais ao objecto do conhecimento: aquilo que se conhece, desta forma, tem a sua origem no objecto conhecido, mas também numa estrutura intelectual composta pelas formas de percepção, entendimento e razão. Para os que admitem a possibilidade do conheci- mento, de onde se originam nossas ideias, concei- tos e representações? Também há três respostas para essa pergunta: a primeira é o empirismo, que tem em Bacon e Locke dois nomes importantes. O empirismo valoriza os sentidos como fonte primordial de conhecimento e como critério de validade para se atingir o conhecimento verdadeiro. A segunda é o racionalismo, que tem Descartes e Leibniz como principais representantes. Para os racionalistas os sentidos não são confiáveis pois podem nos induzir ao erro. Por isso atribuem uma grande confiança no poder da razão humana como critério e instrumento capaz de conhecer a verdade. Por fim temos mais uma vez Kant. Para ele, a experiência fornece a matéria do conhecimento, enquanto que a razão (ou mais especificamente, as categorias do entendimento) organiza esse conteúdo de acordo com suas formas a priori, existentes em nossa mente. Daí a expressão apriorismo. Correndo por fora dessas três concepções, há o perspectivismo de Nietzsche: O ser humano, a vida humana, qualquer criatura viva vem a existir e preservar-se, a desenvolver-se e florescer através do estabelecimento de relações com o mundo e a chave para compreendê-los é atentar para essas relações que fizeram. São por isso necessárias ao filósofo as virtudes da agilidade de pensamento e da abrangência de visão. É ao jogar com as diversas perspectivas, reflexos de olhares diferentes sob os conceitos e suas relações, que se evita ficar preso em qualquer uma delas. É necessária ao verdadeiro filósofo aquela visão abrangente que lhe permite olhar para algo de cima, de baixo, de frente, de trás, por dentro, por fora, sob toda e qualquer perspectiva possível, prevendo seus frutos, cavando suas raízes. Nietzsche faz de seu método perspectivista a negação de qualquer “sujeito puro do conhecimento, isento de vontade, alheio à dor e ao tempo”. Além disso, ele aceita que o tratar de um conceito/problema nunca pode ser algo completo e final, não pode querer dar a última palavra, possui sempre um caráter provisório e apresenta uma abertura que permite novas interpretações. É como ele se manifesta em uma de suas obras mais importantes, a Genealogia da Moral: “Para a genealogia da moral, em que, a propósito do castigo, encontra-se exposta a historicidade genealógica propriamente dita, segundo a qual toda coisa sempre se encontra já interpretada por uma vontade de potência que lhe confere seu valor e seu sentido até que outra vontade de potência se aposse dela e a recubra com um novo valore um novo sentido, para além de qualquer ‘evolução’ e em total contingência.” Uma Teoria do Conhecimento dura para sempre? Veremos mais detidamente este assunto na aula sobre Filosofia da Ciência. Há duas respostas para essa pergunta. Uma é dada por Thomas Kuhn. Quem comenta é a filósofa brasileira Marilena Chauí: “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma teoria se torna um modelo de conhecimento ou um paradigma científico. O paradigma se torna o campo no qual uma ciência trabalha normalmente, sem crises. Em tempos normais, um cientista, diante de um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o explica usando o modelo ou o paradigma científico existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre a revolução científica. Uma revolução científica acontece quando o cientista descobre que o paradigma disponível não consegue explicar um fenômeno ou um fato novo, sendo necessário produzir um outro paradigma.” A outra resposta é dada por Karl Popper: Popper acredita que o pensamento científico está sempre procurando refutar a si mesmo – o que ele chama de revolução permanente (ou crítica permanente), termo importado do materialismo histórico. Mais ainda: Popper achava um absurdo que a ciência normal fosse a tônica CURSO DE FILOSOFIA 3 da atividade científica. Para ele, o cientista é crítico por excelência e não tão apegado assim ao paradigma. Logo, a diferença entre eles é: Popper: Diz que o trabalho do cientista consiste em elaborar teorias e pôr à prova, ou seja, concebe a ideia de Ciência submetida ao princípio da refutabilidade para provar sua validade. Kuhn: Diz que a Ciência progride pela tradição intelectual representada pelo paradigma, que é um modelo e visão de mundo comunicada por uma teoria ou sistema científico. Com as revoluções científicas os paradigmas se renovam e os velhos são substituídos. Agora, vamos aprender mais com os testes: TESTES 01. (ENEM) TEXTO I Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. TEXTO II Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado). Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento. d) concordam que conhecimento humano é impos- sível em relação às ideias e aos sentidos. e) atribuem diferentes lugares ao papel dos senti- dos no processo de obtenção do conhecimento. 02. (ENEM) – Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso es- tabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação? a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. b) Privilegiando os sentidos e subordinando o co- nhecimento a eles. c) Atendo-se à posição de Parmênides de que ra- zão e sensação são inseparáveis. d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conheci- mento, mas a sensação não. e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. 03. (ENEM) – Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimen- to, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem cora- gem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa a) a reivindicação de autonomia da capacidade ra- cional como expressão da maioridade. b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. c) a imposição de verdades matemáticas, com cará- ter objetivo, de forma heterônoma. d) a compreensão de verdades religiosas que liber- tam o homem da falta de entendimento. e) a emancipação da subjetividade humana de ideo- logias produzidas pela própria razão. CURSO DE FILOSOFIA 4 04. (UNESP) – A modernidade não pertence a cultura nenhuma, mas surge sempre CONTRA uma cultura particular, como uma fenda, uma fissura no tecido desta. Assim, na Europa, a modernidade não sur- ge como um desenvolvimento da cultura cristã, mas como uma crítica a esta, feita por indivíduos como Copérnico, Montaigne, Bruno, Descartes, indiví- duos que, na medida em que a criticavam, já dela se separavam, já dela se desenraizavam. A crítica faz parte da razão que, não pertencendo a cultura particular nenhuma, está em princípio disponível a todos os seres humanos e culturas. Entendida des- se modo, a moderni dade não consiste numa etapa da história da Europa ou do mundo, mas numa pos- tura crítica ante a cultura, postura que é capaz de surgir em diferentes momentos e regiões do mundo, como na Atenas de Péricles, na Índia do imperador Ashoka ou no Brasil de hoje. (Antonio Cícero. Resenha sobre o livro “O Roubo da História”. Folha de S. Paulo, 01.11.2008. Adaptado) Com a leitura do texto, a modernidade pode ser entendida como a) uma tendência filosófica especificamente euro- peia e ocidental de crítica cultural e religiosa. b) uma tendência oposta a diversas formas de de- senvolvimento da autonomia individual. c) um conjunto de princípios morais absolutos, dota- dos de fundamentação teológica e cristã. d) um movimento amplo de propagação da crítica racional a diversas formas de preconceito. e) um movimento filosófico desconectado dos prin- cípios racionais do iluminismo europeu. 05. (Fundação Carlos Chagas) – Até agora se supôs que todo nosso conhecimento deveria regular-se pelos objetos; porém, todas as tentativas de estabelecer algo “a priori” sobre ele, através de conceitos, por meio dos quais nosso conhecimento seria ampliado, fracassaram sob essa pressuposição. Por isso, tente- se ver uma vez se não progredimos melhor nas tare- fas da Metafísica, admitindo que os objetos devam regular-se pelo nosso conhecimento (...). O texto acima a) ilustra de modo exemplar a ruptura do cartesia- nismo com a filosofia escolástica. b) resume o ideal de conhecimento professado pe- los empiristas britânicos. c) resume a chamada “revolução copernicana” de Kant que serviu de orientação para a crítica da razão. d) apresenta o ideal platônico de conhecimento ao propor que a filosofia se volte para os objetos do mundo intelígivel. e)apresenta a orientação fenomenológica proposta por Edmund Husserl. 06. (Fundação Carlos Chagas) – O filósofo empirista David Hume celebrizou-se por sua crítica à concep- ção clássica da causalidade. Qual das afirmações abaixo resume a posição desse filósofo acerca da relação de causa e efeito? a) A causalidade é inteiramente estéril para o co- nhecimento dos objetos da experiência. b) A causalidade indica uma ligação essencial, pois o ser do efeito está contido em potência no ser da causa. c) A causalidade é dada a priori para o entendimen- to humano. d) A causalidade é uma relação externa aos objetos, tributária do hábito e da repetição de sequências observáveis na experiência. e) A causalidade é inteiramente desprovida de vali- dade no quadro conceitual do ceticismo humano. 07. (Fundação Carlos Chagas) – Há já algum tempo me apercebi de que, desde meus primeiros anos, rece- bera muitas opiniões falsas como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados, não podia ser senão mui duvido- so e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. A partir desse texto que abre as Meditações Metafísicas de Descartes, é correto afirmar que a) a filosofia cartesiana toma como ponto de partida a dúvida metódica e só admite como verdadeiro o conhecimento que a ela for capaz de resistir. b) o cartesianismo é uma modalidade moderna da filosofia cética, já que nega a evidência de todo o conhecimento que o precedeu. c) a filosofia de Descartes não é capaz de demons- trar a verdade das teses que propõe, já que des- de o início se pauta pela dúvida. d) o cartesianismo tem aspirações modestas e re- cusa a possibilidade de fundar um conhecimento certo e indubitável. e) a filosofia de Descartes pretende passar todo co- nhecimento pelo crivo da dúvida apenas para as- segurar a veracidade da tradição metafísica que a precedeu. CURSO DE FILOSOFIA 5 08. (Unesp) – Segundo Kuhn, um campo científico é cria- do quando métodos, tecnologias, formas de obser- vação e experimentação, conceitos e demonstrações formam um todo sistemático, uma teoria que permite o conhecimento de inúmeros fenômenos. A teoria se torna um modelo de conhecimento ou um paradigma científico. Uma revolução acontece quando o cientis- ta descobre que os paradigmas disponíveis não con- seguem explicar um fenômeno ou fato novo, sendo necessário produzir um novo paradigma (...). Marilena Chauí A passagem acima descreve a teoria do filósofo da ciência Thomas Kuhn que procura explicar os movimentos de transformação pelos quais passam as diversas ciências. A partir dele, devemos inferir que Kuhn é partidário a) da tese segundo a qual a ciência progride e evo- lui constante e continuamente ao longo de sua história. b) da tese segundo a qual as grandes transforma- ções científicas resultam de rupturas radicais com quadros conceituais e procedimentos pre- viamente existentes. c) da tese segundo a qual a história da ciência é um continuum, no qual cada nova teoria pode ser considerada como um desdobramento lógico das precedentes. d) da tese segundo a qual o essencial para o pro- gresso da ciência é o desenvolvimento de méto- dos e a aquisição de novas tecnologias que tor- nem a observação mais precisa. e) do positivismo, pois considera a ciência como um conjunto de conhecimentos testáveis empirica- mente que progride cumulativamente ao longo da história. 09. (UFU) – A irrefutabilidade de uma teoria não é uma vir- tude, como frequentemente se pensa, mas um vício. K. Popper A partir do trecho acima, é correto afirmar que, para Popper, as teorias a) só podem ser consideradas científicas se toma- das como modelos analógicos sem valor ou pre- tensão de verdade. b) só podem ser consideradas científicas depois de confirmadas por pelo menos um teste metódico. c) só podem ser consideradas científicas quando enunciam conjecturas cujas implicações ou con- sequências sejam passíveis de refutação através de testes. d) científicas constituem modelos – ou paradigmas – cuja correspondência com a realidade empírica não é possível verificar. e) científicas constituem um conjunto de hipóteses verificadas e aceitas como verdades históricas. 10. (Unicentro) – Consideremos o campo da epistemo- logia contemporânea; sob esse aspecto, podemos afirmar que a posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em relação à ciência, se contrapôs à concepção científica de Karl Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa correta. a) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao negar que o desenvolvimento da ciência se dê mediante o ideal de refutação. Ao contrário, Kuhn afirma que a ciência progride pela tradição inte- lectual representada pelo paradigma que é a vi- são de mundo expressa numa teoria. b) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de Popper ao desenvolver sua concepção de para- digma científico. Para ambos, o que garante a verdade de um discurso científico é sua condição de justificação, ou seja, quando uma teoria é jus- tificada ela é corroborada. c) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como pa- radigma, deve ser desenvolvida em vez de criti- cada, motivo pelo qual ele não poderia opor-se ao pensamento de Popper. Sua tentativa será outra: tentar harmonizar aqueles pontos de vista que divergem do seu. d) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo, clas- sificando-se como anarquista epistemológico. Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção metodológica de Popper como também de outros contemporâneos seus, como Lakatos, por exem- plo. Diferentemente de Popper, Kuhn anuncia que as teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis. e) Sim, diferentemente de Popper, para quem a fí- sica newtoniana era considerada a imagem ver- dadeira do mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e o determinismo, Kuhn estabelece como paradigma de sua concepção de ciência o irracionalismo de Heisenberg e seu princípio da incerteza. 11. (Unioeste) – “Segundo o filósofo da ciência Tho- mas Kuhn, paradigma é um conjunto sistemático de métodos, formas de experimentações e teorias que constituem um modelo científico, tornando-se condição reguladora da observação. […] A ciência normal, conforme Kuhn, funciona submetida por pa- radigmas estabelecidos historicamente num campo contextual de problemas e soluções concretas. […] Os paradigmas são estabelecidos nos momentos de revolução científica […] Portanto, para Kuhn, a ciência se desenvolve por meio de rupturas, por sal- tos e não de maneira gradual e progressiva”. (E. C. Santos) CURSO DE FILOSOFIA 6 Sobre a concepção de ciência de Kuhn, é incorreto afirmar que a) o desenvolvimento científico não se dá de modo linear, cumulativo e progressivo. b) o desenvolvimento científico possui momentos de revolução, de ruptura, nos quais há mudança de paradigma. c) a ciência normal é o período em que a pesquisa científica é dirigida por um paradigma. d) um exemplo de mudança de paradigma (revolu- ção) na Astronomia e a substituição do sistema geocêntrico aristotélico-ptolomaico pelo sistema heliocêntrico copernicano-galilaico. e) a ciência não está submetida, de forma alguma, às condições históricas. 12. (UEM – PR) – A epistemologia de Thomas Kuhn tem como tese fundamental a mudança de paradigmas que provoca as revoluções científicas; enquanto a epistemologia de Karl Popper se caracteriza pelo princípio da falseabilidade. Assinale o que for cor- reto. 01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas nas teorias científicas desorganizam a ciência a ponto de impedir um avanço do conhecimento. 02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que substitui a explicação ptolomaica geocên- trica pela explicação heliocêntrica caracteriza uma mudança de paradigma e uma revolução naciência astronômica. 04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se mede pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsificada. 08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de mundo expressa em uma teoria; o paradig- ma serve para auxiliar o cientista na resolução de seus problemas. 16) Considerando o princípio da falseabilidade, a ciência, para Karl Popper, não se desenvolve de modo linear. 13. (UNESP) – Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser enter- rada. (Charles Darwin) Sobre essa frase, afirmou-se que: I. Contrapõe-se ao criacionismo religioso. II. Contrapõe-se ao essencialismo de Platão, se- gundo o qual todas as espécies têm uma essên- cia fixa e eterna. III. Sugere uma possibilidade que, se comprovada, poderia refutar a hipótese evolutiva darwiniana. IV. Propõe que as espécies atuais evoluíram a partir da modificação de espécies ancestrais, não apa- rentadas entre si. V. Nega a existência de espécies extintas, que não deixaram descendentes. É correto o que se afirma em a) IV, apenas. b) II e III, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III, IV e V. 14. (UFMA) – Identifique as afirmativas que contêm proposições corretas quanto à objetividade requisitada pelo conhecimento científico. A seguir, marque a opção correta. I. A neutralidade científica necessária para a efeti- vação da objetividade não pode ser pensada de forma absoluta. II. O evento investigado pelo cientista possibilita sua plena compreensão e, portanto, a obtenção de um conhecimento infalível e verdadeiro. III. A ciência avança por uma série de aproximações para uma verdade objetiva jamais alcançada, sendo possível afirmar apenas que há um certo grau de objetividade. IV. O uso de métodos, testes, amostras significati- vas, preservaria o rigor, garantindo por si só a objetividade do conhecimento científico. Estão corretas apenas: a) II e III b) I, II e IV c) I e III d) I e IV e) II, III e IV 15. (UEL) – Uma das afirmações mais conhecidas e ci- tadas de Galileu, que reflete o novo projeto da ciên- cia da natureza, é a seguinte: “A filosofia está escrita neste grandíssimo livro que aí está aberto continua- mente diante dos olhos (digo, o universo), mas não se pode entendê-lo se primeiro não se aprende a entender a língua e conhecer os caracteres nos quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, meios sem os quais é humanamente impossível entender-lhe sequer uma palavra; sem estes trata-se de um inútil vaguear por obscuro labirinto.” (NASCIMENTO, Carlos Arthur R. De Tomás de Aquino a Galileu. 2. ed. Campinas: UNICAMP, 1998. p. 176.) CURSO DE FILOSOFIA 7 Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de ciência em Galileu, é correto afirmar: a) Ciência é o conhecimento fixo, estável e perene da essência constitutiva da realidade, alcançável por meio da abstração. b) A autonomia da explicação científica baseia-se em argumentos de autoridade e princípios metafí- sicos que justificam a verdade imutável do mundo natural. c) A verdade natural é conhecida independente de teorias e da realização de experiências, já que o fator primordial da ciência é o uso da matemática para decifrar a essência do mundo. d) A compreensão da natureza por meio de caracte- res matemáticos significa decifrar a obra da cria- ção e, consequentemente, ter acesso ao conhe- cimento do próprio criador. e) A ciência busca construir o conhecimento assen- tado na razão do sujeito e no controle experimen- tal dos fenômenos naturais representados mate- maticamente. 16. (PUC – RJ) – Estabeleça a associação entre as pos- sibilidades do conhecimento (coluna I) e a(s) sua(s) característica(s) (coluna II). Coluna I (1) Dogmatismo (2) Ceticismo (3) Criticismo (4) Pragmatismo Coluna II ( ) Caracteriza-se pela atitude de conhecimento que consiste em acreditar estar de posse da certeza ou da verdade antes de fazer a crítica da faculdade de conhecer. ( ) Posição epistemológica segundo a qual o espíri- to humano nada pode conhecer com certeza; conclui pela suspensão do juízo e pela incerte- za permanente. ( ) Caracteriza-se por afirmar que não é possível conhecer as coisas tais como são em si, ape- nas podemos conhecer os fenômenos, aquilo que aparece. ( ) Posição epistemológica que afirma que o inte- lecto é dado ao homem não para investigar e conhecer a verdade, mas sim para orientar-se na realidade. Marque a opção que contempla a sequência correta das associações de cima para baixo. a) 2, 3, 4, 1 b) 1, 2, 3, 4 c) 4, 1, 2, 3 d) 1, 3, 2, 4 e) 3, 4, 1, 2 17. (VUNESP) – Entre os problemas principais da Filo- sofia, destaca-se a teoria do conhecimento, que tem por objetivo investigar as fontes do conhecimento, as formas de juízos verdadeiros e as regras para a obtenção do conhecimento seguro. Sobre a teoria do conhecimento, assinale o que for incorreto. a) O problema do conhecimento, em suas diferentes formas de fundamentação, seja racional (através da razão) ou empírica (através da experiência), não diz respeito ao nascimento da Filosofia, na Grécia antiga, nem à filosofia da Idade Média. Ele se deve apenas à filosofia moderna. b) O sofista Protágoras, com a afirmação de que “o homem é a medida de todas as coisas”, pode ser considerado um precursor do relativismo contem- porâneo, do ponto de vista da teoria do conheci- mento. c) O que diferencia, segundo Platão, opinião e co- nhecimento, é que a opinião fornece apenas um quadro provisório do mundo, ao passo que o co- nhecimento é o estudo do imutável e permanente. d) Para René Descartes, o desejo de verdade não é suficiente para fundar o conhecimento, mas, sim, regras para a direção do espírito, estabelecidas pelo rigor de um método lógico e metafísico. 18. (UEL – PR) – Nos Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, Newton afirmara que as leis do movimento, assim como a própria lei da gravitação universal, tomadas por ele como proposições particulares, haviam sido “inferidas dos fenômenos, e depois tornadas gerais pela indução”. Kant atribui a estas proposições particulares, enquanto juízos sintéticos, o caráter de leis a priori da natureza. Entretanto, ele recusa esta dedução exclusiva das leis da natureza e consequente generalização a partir dos fenômenos. Destarte, para enfrentar o problema sobre a impossibilidade de derivar da experiência juízos necessários e universais, um dos esforços mais significativos de Kant dirige-se ao esclarecimento das condições de possibilidade dos juízos sintéticos a priori. Com base no enunciado e nos conhecimentos acerca da teoria do conhecimento de Kant, é correto afirmar: a) A validade objetiva dos juízos sintéticos a priori depende da estrutura universal e necessária da razão e não da variabilidade individual das expe- riências. b) Os juízos sintéticos a priori enunciam as cone- xões universais e necessárias entre causas e efeitos dos fenômenos por meio de hábitos psí- quicos associativos. CURSO DE FILOSOFIA 8 c) O sujeito do conhecimento é capaz de enunciar objetivamente a realidade em si das coisas por meio dos juízos sintéticos a priori. d) Nos juízos sintéticos a priori, de natureza empíri- ca, o predicado nada mais é do que a explicitação do que já esteja pensado realmente no conceito do sujeito. e) A possibilidade dos juízos sintéticos a priori nas proposições empíricas fundamenta-se na deter- minação da percepção imediata e espontânea do objeto sobre a razão. 19. (UEM – PR) – “Todas as ideias derivam da sensa- ção ou reflexão. Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de to- dos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida? (…) De onde apreende todos os ma- teriais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nossoconhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.” (LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 165). Assinale o que for correto. 01) Para John Locke, embora nosso conhecimen- to se origine na experiência, nem todo ele de- riva da experiência. No entendimento, existem ideias inatas abstraídas das coisas pela refle- xão. 02) Como seguidor de Descartes, John Locke assu- me a diferença entre conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual e infalível, e conhe- cimento sensível, que, por depender da sensa- ção, é suscetível de erro. 04) John Locke é o iniciador da teoria do conheci- mento em sentido estrito, pois se propôs, no Ensaio acerca do entendimento humano, a investigar explicitamente a natureza, a origem e o alcance do conhecimento humano. 08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta na experiência. As impressões formam as ideias simples; a refle- xão sobre as ideias simples, ao combiná-las, formam ideias complexas, como substância, Deus, alma etc. 16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades primárias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades secundárias (cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem realmen- te nas coisas, as segundas são relativas e sub- jetivas. 20. (UFSJ) – Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é fun- damental entender a crítica que ele faz à metafísica. Nesse sentido, é CORRETO afirmar que essa crítica a) tem o sentido, na tradição filosófica, de contenta- mento, plenitude. b) é a inauguração de uma nova forma de pensar sem metafísica através do método genealógico. c) é o discernimento proposto por Nietzsche para le- var à supressão da tendência que o homem tem à individualidade radical. d) pressupõe que nenhum homem, de posse de sua razão, tem como conceber uma metafísica qualquer, que não tenha recebido a chancela da observação. e) a metafísica é válida, pois trata de Deus e da li- berdade humana. 01. e 02. d 03. a 04. d 05. c 06. d 07. a 08. b 09. c 10. a 11. e 12. 30 (02, 04, 08, 16) 13. d 14. c 15. e 16. b 17. a 18. a 19. 28 (04, 08, 16) 20. b Gabarito CURSO DE SOCIOLOGIA KARL MARX (1818-1883) Karl Marx nasceu em Trier, na Prússia. Seus pais eram judeus convertidos ao luteranismo (religião na qual Marx foi batizado aos 6 anos de idade, embora mais tarde tenha se tornado ateu). Cursou Direito e Filosofia nas Universidades de Boon e Berlim, onde estudou Hegel, cuja obra foi o “ponto de partida” do pensamento marxista: primeiramente um “jovem hegeliano”, ele viria posteriormente a rejeitar e criticar a filosofia que considerou ser uma idealização da elite política. Devido a perseguições do governo da Prússia, em 1843 Marx se mudou para Paris, onde veio a conhecer Friedrich Engels, um filósofo e industrial alemão que se tornou seu amigo e financiou boa parte de suas obras. Marx continuou sendo perseguido na França e, depois de uma temporada na Bélgica, fixou residência em Londres. Com Engels, Marx escreveu em 1847 “O Manifesto Comunista”, publicado em 1848. “O Manifesto Comunista” é um tratado político que faz uma análise: dos modos como se manifestou, historicamente, a opressão social; das mudanças trazidas pelas revoluções burguesas, que instauraram no poder a burguesia, a nova classe opressora; e das consequências da industrialização, que transformou o trabalhador em “coisa”. O Manifesto é, além de uma crítica ao modo capitalista de produção, que reorganizou as sociedades, um chamado à luta pela defesa dos direitos da classe trabalhadora - o proletariado. Marx transitou da Filosofia à Economia e o alcance e influência de suas teorias são até hoje objeto de estudos e controvérsias, muitas resultantes da incompreensão ou simplificação reducionista de seus textos. Como ponto de partida, é importante ter em mente que Marx rejeitou o idealismo burguês, que para ele contrastava com as realidades da vida e constituía uma forma de “declinação” Marx escreveu para vários jornais durante a vida, inclusive o New York Daily Tribune. Sua obra magna foi “O Capital”, uma obra de 3 volumes que até hoje serve de base para a compreensão da relação entre trabalho e capital. Karl Marx O Socialismo Científico Ou marxismo, é o nome dado ao conjunto de ideias, elaboradas por Karl Marx e Friedrich Engels, que forneceram a base teórica para se alcançar o que eles consideraram ser uma forma mais elevada de organização da sociedade: o socialismo. O estudo do marxismo é normalmente dividido em três áreas, ou componentes do marxismo, que dizem respeito aos campos do conhecimento da filosofia (materialismo dialético), história social (materialismo histórico) e economia (economia marxista). Essa aula fornece uma brevíssima introdução ao marxismo - que é uma ciência com sua própria terminologia, fundamentada na filosofia do materialismo dialético. Materialismo dialético É a filosofia do marxismo e o método sobre o qual se fundamenta. Quer saibamos ou não, consciente ou inconscientemente, todos têm uma filosofia - uma maneira de olhar o mundo. Para Marx, a classe dominante impõe a filosofia dominante, ou seja, o “modo de pensar o mundo” que predomina e é visto como o “correto” ou “natural” é aquele que é transmitido a todos os membros da sociedade por aqueles que detém o poder - através da imprensa, das escolas e universidades, de todas as estruturas sociais enfim. Para ele, a manutenção do sistema capitalista só é possível porque a classe dominante impõe sua filosofia - com sua moralidade, conservadorismo, defesa de interesses de poucos como se representassem os da sociedade. Filosoficamente, o Idealismo burguês sustenta o sistema capitalista, pois apregoa a permanência de um Ideal absoluto que precede e rege o mundo material e considera as coisas como fixas e imóveis; como um complexo de coisas prontas, cuja existencia é anterior (a priori) e superior ao homem. Por outro lado, o materialismo dialético afirma que nada é permanente, todas as coisas perecem no tempo e a matéria precede a consciência que se tem dela, não o inverso: a mente exige um corpo material - os materialistas não concebem uma consciência separada do cérebro vivo. Para Marx não é a consciência que determina a existência, é a existência que determina a consciência”. Cuidado! Os termos “materialismo” e “idealismo” não devem ser compreendidos aqui como em seu uso cotidiano: não se deve compreender materialismo no sentido de apego ou cobiça material; nem idealismo no sentido de ideais elevados ou virtudes. Aula nº 03 Fundamentos do Pensamento Sociológico (II) CURSO DE SOCIOLOGIA 2 Logo, o materialismo filosófico é uma perspectiva segundo a qual as ideias são simplesmente um reflexo do mundo material. Segundo Engels “todas as ideias são tiradas da experiência, são reflexos - verdadeiros ou distorcidos - da realidade”. É importante ressaltar que os materialistas não negam a existência da mente ou dos processos mentais, como consciência, pensamento, vontade, apenas negam que a mente e seus processos existam como entes distintos ou de existência a priori em relação ao corpo. Além de materialista, a visão marxista do mundo é dialética. Segundo Engels, a dialética “é a ciência das leis gerais do movimento e do desenvolvimento da natureza, da sociedade e do pensamento humanos”. Resumidamente, o materialismo dialético busca explicar as leis da evolução e da mudança, vendo o mundo não como um ideal estático, mas como um complexo de processos contínuos, que passam por transformações ininterruptas de vir à existência e desaparecer. “A falha fundamental no pensamento vulgar”, escreveu Trotsky, “reside no fato de que deseja se contentar com impressões imóveis da realidade que consistem em movimento eterno”. Por isso, Marx destaca que há a necessidade de considerarmos a realidade socioeconômica de determinada época como um todo articulado,onde aparecem contradições diversas. Materialismo histórico É o método marxista de análise da história, segundo o qual, em última instância, toda mudança social pode ser explicada em função das mudanças no modo de produção. É “materialista” porque considera as condições materiais de desenvolvimento dos seres humanos através da história. Marx afirmava que a estrutura econômica da sociedade, constituída de suas relações de produção, é a verdadeira base da sociedade, o alicerce sobre o qual se ergue a superestrutura jurídica e política e ao qual correspondem formas definidas de consciência social. Já as relações de produção da sociedade correspondem a uma determinada fase do desenvolvimento das suas forças produtivas materiais; dessa maneira “o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e espiritual em geral”. Para Marx, nenhuma atividade humana tem existência independente: toda experiência consciente é condicionada pelas condições histórico-sociais nas quais todo ser humano se desenvolve, dentro de uma realidade concreta: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade, em circunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas pesa sobre o cérebro dos vivos como um pesadelo. E mesmo quando estes parecem ocupados a revolucionar-se, a si e às coisas, mesmo a criar algo de ainda não existente, é precisamente nessas épocas de crise revolucionária que amaldiçoam temerosamente em seu auxílio o espírito do passado.” (Karl Marx. O 18 Brumário de Luís Napoleão). RESUMIDAMENTE: • O fator determinante da história é como os homens organizam a sua produção, as relações de produção. • O nível de desenvolvimento das forças produtivas determina a história e as formas sociais precisas. • As tradições, a política e a ideologia desempenham papel considerável, mas não decisivos, na evolução histórica. • Os agentes da história são os homens reais, os trabalhadores, não os grandes homens, as individualidades históricas. O estudo do marxismo é importante para a compreensão e ajustes no sistema capitalista – por analisar as contradições que resultam periodicamente em crises e recessões. Marx foi, acima de tudo, um dedicado estudioso do sistema capitalista. Seu propósito foi deixar para a classe operária - o proletariado - o legado de uma ferramenta teórica que transformasse essa classe social de classe em si em uma classe por si: consciente de sua situação e capaz de transformar sua realidade rumo à emancipação – rumo à revolução proletária. As classes sociais “A história de todas as sociedades que já existiram é a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação e assalariado; resumindo, opressores e oprimidos estiveram em constante oposição um ao outro, mantiveram sem interrupção uma luta por vezes aberta – uma luta que todas as vezes terminou com uma transformação revolucionária ou com a ruína das classes em disputa.” (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 9) A ideia de luta de classes como força motriz da história aparece claramente no “Manifesto Comunista” e mais tarde na obra “Ideologia Alemã”. Para Marx e Engels, o conceito de “classes” era uma característica singularmente distintiva das sociedades capitalistas, sendo um produto da burguesia. Não se debruçaram, pois, sobre qualquer análise sistemática das principais classes e relações de classes em outras formas de sociedade. As classes dominantes criam e difundem a crença que o modo de vida existente é o melhor para todos inclusive para as classes dominadas. “As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante ...Os indivíduos que constituem a classe dominante também têm, entre outras coisas, consciência, e daí que pensem; na medida em que dominam como classe determinam todo o conteúdo de uma época histórica, é evidente que o fazem em toda a sua extensão, e portanto, entre outras coisas, dominam CURSO DE SOCIOLOGIA 3 também como pensadores, como produtores de ideias , regulam a produção e a distribuição de ideias de seu tempo, que, portanto, as suas ideias são as ideias dominantes da época.” (“A Ideologia Alemã”). Em síntese: • As classes estão ligadas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção. • O capitalismo é gerador de crises - o próprio sistema não permite que o fruto do trabalho seja distribuído em prol da maioria, o que leva à concentração de riqueza e instabilidade social; • O capitalismo - como tudo no mundo material - terá um fim quando as crises se tornem insuperáveis e a classe operária, tendo se conscientizado e organizado, será conduzida ao poder - dando início à ditadura do proletariado; • A ditadura do proletariado é apenas um período de transição para a abolição de todas as classes e a formação de uma sociedade sem classe - a sociedade emancipada seria livre da exploração do trabalho alheio e estaria inaugurada uma nova era da história da humanidade. Crítica à religião Como filósofo materialista, Marx criticou a religião na obra “Crítica da filosofia do direito de Hegel”. “A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.” “No caso da Alemanha, a Crítica da religião chegou, no essencial, ao seu fim; e a crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica. Para Marx, as religiões cumprem um papel dúplice na manutenção do status quo pela classe dominante: primeiro, porque oferecem às classes trabalhadoras um consolo, uma “falsa esperança” para as injustiças sociais; segundo, porque o trabalhador vê na sua “liberdade” religiosa uma forma de protesto, de luta contra as condiçoes de vida a que é exposto. Finalmente, a religião não tem substância própria - foi criada pelo homem, para o homem, sendo também fruto ou resultado das condições materiais da existência humana: Estado e sociedade produzem e mantêm as religiões, que são também uma forma de controle dos sujeitos. A mais-valia Para Marx a força de trabalho tem valor que é capaz de produzir valor superior a si próprio - que é a mais-valia. Em resumo é aquilo que o trabalho produz que não fica com ele, mas sim com o capitalista. O trabalhador produz mercadoria e o seu trabalho também é uma mercadoria. Contudo, quanto mais mercadoria ele produz menos ele acaba valendo no mercado das mercadorias. “Esta é a concretização do trabalho excedente, em termos de valor, ou seja, recebida em dinheiro pelo proprietário dos meios de produção. O nome vem da sua origem: a mais-valia é o valor adicional criado pela força de trabalho, valor apropriado pelo capitalista. O valor final do produto se compõe do valor das matérias-primas, peça etc., e da parcela do valor das máquinas consumidas na produção (Lembremo- nos de que esses outros itens são frutos do trabalho realizado em uma etapa anterior); do valor da força de trabalho; e da mais-valia, que corresponde ao trabalho excedente. Assim, depois de pagar o valor da força de trabalho, das matérias-primas e do desgaste das máquinas, o empresário disporá da mais-valia em suas mãos. Essa mais-valia terá uma parcela distribuída para outros empresários, por meio do pagamento dos juros de financiamentos bancários e do aluguel da terra ou do edifício onde a empresa funciona (caso não seja próprio). Há ainda os serviços comerciais, de transporte, publicidade etc. Todos esses pagamentos provêm da mais-valia gerada na produção. Ou seja,o empresário industrial dividirá uma porção da mais- valia, criada pelos trabalhadores que ele emprega, com o banqueiro, com o proprietário da terra (ou do imóvel) e com os empresários fornecedores dos serviços acima citados. Isto é, com outras facções da burguesia. Há, ainda, os impostos pagos ao governo. Finalmente, resta uma parcela que é o lucro da empresa. Parte dele será reinvestido ou em outros negócios e parte será a renda individual do empresário, que o comsumirá.” (ANAV, Roberto Vital. O retorno de Karl Marx: a redescoberta de Marx no século XI. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2017, p. 84). Alienação Com a Revolução Industrial ocorreu a separação entre capital e trabalho. O proprietário dos meios de produção é o burguês, já o operário vende a sua força de trabalho, recebendo em troca um salário. O trabalhador deixou de ter consciência do processo produtivo, atuando apenas numa etapa do mesmo. Uma imagem clássica é do filme Tempos Modernos de Charles Chaplin em que o sujeito ficava o dia todo apertando parafusos, o que não permitia que percebesse à totalidade do processo produtivo. “O trabalho aliena porque o seu resultado se autonomiza. A alienação é, então, condição para que a revolução não aconteça, a dominação prossiga, para que a exploração seja possível. Se você conservasse, de alguma forma, soberania sobre o produto do seu trabalho, isso se converteria em força política, força econômica e força social. Mas, como você perde controle sobre o seu trabalho e sobre o produto de o seu trabalho, você fabrica uma coisa forte e se enfraquece ao produzir aquilo que é forte fora de você.” ((BARROS FILHO, Clóvis de; DAINEZI, Gustavo Fernandes. Devaneios sobre a atualidade do capital. Porto Alegre: CDG Editora, 2014, p. 64). CURSO DE SOCIOLOGIA 4 ASSIMILAÇÃO 01. (UEMA) – As sociedades modernas são complexas e multifacetadas. Mas é com o capitalismo que as divisões sociais se tornam mais desiguais e exclu- dentes. Marx já observara que só o conflito entre as classes pode mover a história. Assim sendo, para o referido autor, em qual das opções se evidencia uma característica de classe social? a) O status social e cultural dos indivíduos. b) A função social exercida pelos indivíduos na so- ciedade. c) A ação política dos indivíduos nas sociedades hierarquizadas. d) A identidade social, cultural e coletiva. e) A posição que os indivíduos ocupam nas relações de produção. 02. (ACAFE – SC) – Karl Marx, mediante análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, criou uma série de conceitos econômicos, políticos e sociais que foram a base da ideologia socialista. Acerca do Marxismo, todas as alternativas estão corretas, exceto a: a) Para Marx, a exploração do operariado ficava evi- dente no conceito de mais-valia. b) O Marxismo defende que os meios de produção se- jam controlados pela iniciativa privada, deixando ao Estado a administração das empresas públicas. c) O Socialismo Científico de Marx defendia uma proposta revolucionária para o proletariado. d) Para a Revolução Socialista, o comunismo repre- sentaria o fim das desigualdades econômicas e sociais. 03. (UFU – MG ) – Marx e Engels em seu Manifesto do Partido Comunista, consideram que “a nossa épo- ca, a época da burguesia, caracteriza-se por ter sim- plificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.” Em vista disso, assinale a alternativa que define corretamente a burguesia e o proletariado. a) Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a produção, e o proletariado é desprovido de liber- dade para vender sua força de trabalho. b) Os burgueses são proprietários que utilizam da manufatura do proletariado para a produção de mercadorias, e o proletariado impulsiona o de- senvolvimento da manufatura. c) Os burgueses são os grandes proprietários de terras, e o proletariado detém o poder social e econômico. d) Os burgueses são os detentores dos meios de produção, e o proletariado vende sua força de trabalho. 04. (Unimontes – MG) – A questão das classes sociais ocupa um papel fundamental na teoria de Karl Marx. Para ele, existem condicionantes e determinantes na complexa relação entre indivíduo e sociedade e entre consciência e existência social. Considerando as reflexões de Karl Marx sobre esse tema, marque a alternativa incorreta. a) A luta de classes desenvolve-se no modo de organizar o processo de trabalho e no modo de se apropriar do resultado do trabalho humano. b) A luta de classes está presente em todas as ações dos trabalhadores quando lutam para diminuir a exploração e a dominação. c) Em meio aos antagonismos e lutas sociais, o indivíduo pode repensar a realidade, reagir e até mesmo transformá-la, unindo-se a outros em movimentos sociais e políticos. d) As classes sociais sustentam-se em equilíbrios dinâmicos e solidários, sendo a produção da so- lidariedade social o resultado necessário à vida em sociedade. 05. (UFU – MG ) – E se, em toda ideologia, os homens e suas relações aparecem invertidos como numa câ- mara escura, tal fenômeno decorre de seu processo histórico de vida, do mesmo modo porque a inver- são dos objetos na retina decorre de seu processo de vida diretamente físico. MARX, Karl, A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 1987. p. 37. Com essa famosa metáfora, Marx realiza a definição de ideologia como inversão da realidade, da qual decorre para ele a) a alienação da classe trabalhadora. b) a consciência de classe dos trabalhadores. c) a existência de condições para a práxis revolu- cionária. d) a definição de classes sociais. TESTES CURSO DE SOCIOLOGIA 5 APERFEIÇOAMENTO 06. (UFU – MG) – Conforme Marx e Engels: “O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende, antes de tudo, da própria constituição dos meios de vida já encontrados e que eles têm de reproduzir. Esse modo de produção não deve ser considerado meramente sob o aspecto de ser a re- produção da existência física dos indivíduos. Ele é, muito mais, uma forma determinada de sua ativida- de, uma forma determinada de exteriorizar sua vida, um determinado modo de vida desses indivíduos”. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Huitec, 1999, p. 27. Da leitura do trecho, conclui-se que: a) As ideologias políticas possuem autonomia em re- lação ao desenvolvimento das forças produtivas. b) A base da estrutura social reside no seu modo de produção material. c) O modo de produção é determinado pela ideolo- gia dominante. d) Toda atividade produtiva é uma forma de desu- manização. 07. (UFGD – MS) – Karl Marx e Friedrich Engels são importantes e destacados autores das teses do so- cialismo científico, cuja proposição se baseou a) na perspectiva de que seria urgente a redução do papel do Estado na economia. b) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos, vi- sando ao aperfeiçoamento do Liberalismo. c) em apontar e discutir as contradições do capita- lismo, a partir da ideia de que seria necessária a ação revolucionária dos trabalhadores. d) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos, vi- sando ao aperfeiçoamento do Liberalismo. e) em redefinir o movimento sindical, por considerar que ele estaria ultrapassado após a Revolução Russa. 08. Leia o texto a seguir. Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana. A produção dos meios imediatos de vida, materiais e, por conseguinte, a correspondente fase de desenvolvimento econômico de um povo ou de uma época é a base a partir da qual tem se desenvolvido as instituições políticas, as concepções jurídicas, as ideias artísticas. A descoberta da mais- valia clareou estes problemas. (Adaptado de: ENGELS, F.Discurso diante do túmulo de Marx. 1883. Disponível em: <http://www.marxists.org/espanol/m- e/1880s/83- tumba.htm>. Acesso em: 11 set. 2017.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção materialista da história, assinale a alternativa correta. a) Existem leis gerais e invariáveis na história, que fazem a vida social retornar continuamente ao ponto de partida, isto é, a uma forma idêntica de exploração do homem sobre o homem. b) A mais-valia, ou seja, uma maneira mais eficaz de os proprietários lucrarem por meio da venda dos produtos acima de seus preços, é uma manifes- tação típica da sociedade capitalista e do mundo moderno. c) O darwinismo social é a base da concepção ma- terialista da história na medida em que esta teoria demonstra cientificamente que somente os mais aptos podem sobreviver e dominar, sendo os ca- pitalistas um exemplo. d) A partir de intercâmbios na infraestrutura da vida social, desenvolve-se um conjunto de relações que passam a integrar o campo da superestrutu- ra, com uma interdependência necessária entre elas. e) A sociedade burguesa, por intensificar a explora- ção dos homens através do trabalho assalariado, constitui-se em forma de organização social me- nos desenvolvida que as anteriores. 09. Temos um trabalhador numa determinada indústria. Suponhamos que ele conheça o dono da pequena indústria em que trabalha e que tenha até uma boa amizade com ele. Em determinado momento, po- rém, acontece uma greve. Apesar da amizade entre o trabalhador e seu patrão, provavelmente durante a greve ambos estarão colocados em lados opostos. TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993. p. 13-14. Este exemplo, tomado para introduzir uma reflexão sobre conceitos elaborados por Marx, em sua crítica à sociedade capitalista, remete, claramente, à noção de “classes sociais”, entendida no marxismo como a) grupos de indivíduos que compartilham os mes- mos motivos para realizarem ações sociais. b) grupos de indivíduos que agem de forma seme- lhante em face de um mesmo fato social. c) grupos de indivíduos que possuem a mesma crença com relação aos valores que precedem suas ações. d) grupos de indivíduos que ocupam uma mesma posição nas relações sociais de produção. CURSO DE SOCIOLOGIA 6 10. (UEG – GO) – A respeito do materialismo histórico de Karl Marx, verifica-se que é uma a) concepção que considera que a matéria é a ori- gem do universo e da sociedade, e que ela muda historicamente transformando o homem e a natu- reza, sendo por isso que Marx intitulou essa con- cepção com a junção das palavras materialismo e história. b) concepção da história que defende que o proces- so histórico é determinado exclusivamente pelos interesses econômicos e materiais, sendo devido a isso que Marx atribuiu o nome “materialismo” à sua concepção em oposição ao “idealismo”, que defende que as pessoas perseguem seus ideais. c) concepção historicista que compreende que a única ideologia válida é o materialismo origina- do com o iluminismo e aperfeiçoado por Augusto Comte, sendo a divergência de Marx com esses antecessores apenas política, já que ele propu- nha uma concepção revolucionária diferentemen- te deles. d) teoria da história que analisa o processo real e concreto, enfatizando o modo de produção e re- produção dos bens materiais necessários para a sobrevivência humana e que passa a ser de- terminada pela luta de classes em determinadas sociedades. 11. (UFT – TO) – Em 1848, foi editada uma obra de Karl Marx e Friedrich Engels em que os autores difundi- ram as bases políticas e ideológicas da chamada “Luta de Classes.” Trata-se do livro: a) A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, que definiu o conceito de comunismo. b) A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, que definiu o conceito de comunas e soviets. c) 18 Brumário, obra que retrata o retorno do sistema imperial na França após o Governo do Diretório. d) Manifesto do Partido Comunista, no qual os autores conclamam os trabalhadores a se unirem à burguesia para implantar o socialismo na Rússia. e) Manifesto do Partido Comunista, no qual os autores conclamam os trabalhadores a se unirem para derrubar a burguesia e o capitalismo, por meio de uma revolução. 12. O materialismo histórico dialético é o método de análise da sociedade criado por Karl Marx, um dos clássicos da Sociologia. A respeito desse método, é possível afirmar que a) o materialismo explica que as condições mate- riais de existência não são fatores determinantes para o modo de ser e pensar de cada um. b) a sociedade e a política surgem da ação da natu- reza e não da ação concreta dos seres humanos no tempo. c) o materialismo explica que são as relações so- ciais de produção que determinam o modo de ser e pensar de cada indivíduo. É um modo histórico, já que a sociedade e a política surgem da ação concreta dos seres humanos no tempo. d) a História é um processo contínuo e linear, logo a realidade é estática e o movimento da história possui uma base material e econômica, mas não obedece a um movimento dialético. e) a base material ou econômica constitui a �supe- restrutura� da sociedade, que exerce influência direta na �infraestrutura� da sociedade, ou seja, nas instituições jurídicas, políticas e ideológicas. APROFUNDAMENTO 13. O materialismo histórico foi a corrente mais revo- lucionária do pensamento social, tanto no campo teórico como no da ação política. E o Materialismo histórico pode ser conceituado como: a) Período de transição do socialismo para o comu- nismo, durante o qual as condições materiais são criadas para a construção do socialismo. b) Filosofia formulada por Marx e Engels que desen- volve em estreita conexão com os resultados da ciência e com a prática do movimento operário revolucionário. c) Doutrina marxista do desenvolvimento da socie- dade humana, que vê no desenvolvimento dos bens materiais necessários à existência a força primeira que determina toda a vida social. d) Corrente hostil ao marxismo que defende a natu- reza como fonte de sobrevivência. e) Etapa que se segue ao socialismo, quando as classes deixam de existir e o Estado se extingue. CURSO DE SOCIOLOGIA 7 14. Com relação a sociologia clássica de Marx, pode- mos afirmar: I. Afirma que as relações entre os homens são relações de oposição, antagonismo e exploração. II. Mostra que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção. III. Defende a ideia de que as ações sociais são responsáveis pelas desigualdades sociais. IV. Defende a ideia de que no capitalismo o trabalhador perde a posse do trabalho, naquilo que ele chama de alienação. São corretas: a) I e II. b) III e IV. c) I, II e IV. d) I, II e III. e) Todas são corretas. 15. (UEM – PR) – Considerando as contribuições de Karl Marx e da teoria marxista para a compreensão da economia política capitalista, assinale o que for correto: 01) A teoria marxista contribui para o entendimento de que os modernos processos de exploração e alienação das forças de trabalho são o resulta- do de um sistema social de produção que pode ser transformado. 02) Segundo Marx, as empresas passaram a res- peitar e a valorizar seus empregados a partir do momento em que se conscientizaram do papel central que eles ocupam no processo produtivo. 04) A teoria marxista explica que o sistema capita- lista de produção se tornou a forma mais justa e democrática de combater as desigualdades nas sociedades modernas. 08) A obra de Marx contribuiu para o reconhecimen- to das leis de mercado enquanto fatos sociais independentes da ação humana, e que devem ser obedecidas para se manter a coesão social. 16. (UEM – PR) – Karl Marx e Max Weber figuram entre os autores considerados fundadores da Sociologia. Cada um a seu modo investigou o funcionamento das sociedades. Ambos se preocuparam, sobretu- do, com o funcionamento das sociedadescapitalis- tas modernas. Assinale o que for correto a respeito de estudos realizados por esses dois autores. 01) Para Max Weber, as ações sociais dependem das decisões, das escolhas e das orientações individuais, portanto tais ações interferem dire- tamente na realidade. 02) Karl Marx indica, em seus escritos, que a forma como as sociedades produzem e reproduzem a sua vida material não interfere nos demais cam- pos da vida. 04) Max Weber considera que o protestantismo foi central para o desenvolvimento da sociedade capitalista moderna, uma vez que essa doutri- na religiosa inseriu uma ética de valorização do trabalho e de seus frutos, inclusa a riqueza. 08) Ao contrário de Karl Marx, Max Weber conside- ra os fenômenos culturais desencadeadores de transformações históricas e sociais. 16) Os estudos de Karl Marx indicam que a produ- ção e a reprodução da vida material, aquilo de- nominado de economia, conformam a infraes- trutura das sociedades. CURSO DE SOCIOLOGIA 8 17. Com suas compreensões a respeito dos temas expostos acima, identifique o tipo de ideia proposta por Marx para a superação das desigualdades sociais e explique a participação do proletariado nesse processo. 18. (UFPR) – Tendo como referência a leitura do livro Os clássicos da política (WEFFORT, 1991), expli- que por que Marx propunha a revolução como me- canismo para a superação do sistema capitalista. DISCURSIVOS O capitalismo é gerador de crises - o próprio sistema não permite que o fruto do trabalho seja distribuído em prol da maioria, o que leva à concentração de riqueza e instabilidade social; O capitalismo - como tudo no mundo material - terá um fim quando as crises se tornem insuperáveis e a classe operária, tendo se conscientizado e organizado, será conduzida ao poder - dando início à ditadura do proletariado; A ditadura do proletariado é apenas um período de transição para a abolição de todas as classes e a formação de uma sociedade sem classe - a sociedade emancipada seria livre da exploração do trabalho alheio e estaria inaugurada uma nova era da história da humanidade. 01. e 02. b 03. d 04. d 05. a 06. b 07. c 08. d 09. d 10. d 11. e 12. c 13. c 14. c 15. 01 (01) 16. 29 (01, 04, 08, 16) Gabarito 17. O aluno pode citar o socialismo científico, ou tam- bém o comunismo como proposta de análise e de transformação social. Quanto à participação do pro- letariado, esse é fundamental para a mobilização na luta de classes, instituindo a ditadura do proletaria- do e eliminando as desigualdades existentes. 18. Na visão dialética de Marx o mecanismo que impul- siona a mudança social é a contradição. Ou seja, o modo de produção capitalista produziria as for- ças que provocariam sua negação, contestação e a consequente superação por intermédio de uma revolução. A revolução proletária que conduziria à ditadura do proletariado, meio pelo qual o sistema capitalista seria superado. CURSO DE SOCIOLOGIA Aula nº 04 RELAÇÕES SOCIEDADE E NATUREZA Através dos séculos, a relação do homem com a natureza foi se modificando drasticamente. Os povos antigos das mais diversas regiões do globo terrestre viam a natureza não como algo a ser domado, explorado, mas como um ente superior, ao qual deviam reverenciar. Daí a maior parte dos deuses das religiões da Antiguidade estarem associados a elementos da natureza. Conforme a sedentarização e a agricultura evoluíram, e principalmente depois do advento do uso de máquinas para o aumento da produção, essa relação se alterou: o homem pós-revolução industrial domou a terra, os recursos naturais, e passou a ver a natureza como um insumo – como provedora da matéria-prima necessária à produção de bens de consumo. Embora o tema “natureza” pareça alheio à economia, a “cultura” da exploração de todos os recursos naturais permeia o modelo de desenvolvimento econômico do mundo capitalista, que tem por base a geração constante de riqueza para manter o consumo e produzir excedente para a manutenção do Estado e da própria sociedade. Por esse motivo, diversos pensadores se preocuparam em estudar a relação sociedade x natureza: • Para Adam Smith (1723 – 1790), o comportamento humano é guiado pela razão e pela satisfação de necessidades e interesses pessoais: isso faz com que utilizemos todos os nossos recursos ou insumos – terra, capital e trabalho – na produção de bens de consumo; • David Ricardo (1772 – 1823) também vê a terra e os recursos naturais como insumos, porém, previu um futuro estágio estacionário na produção, em que não haveria suficiente terra produtiva de qualidade para produzir em quantidade suficiente para suprir a demanda gerada pelo crescimento populacional – nem mesmo com todo o progresso técnico que o trabalho, como propunha Smith, pudesse gerar. Nesse sentido, a natureza é não apenas uma limitadora do crescimento, mas também está em conflito com o homem. • Embora não se possa afirmar que Karl Marx (1818– 1883) tenha sido um pensador “ambientalista” no sentido atual, ele via o homem como inserido na natureza. Em suas críticas à sociedade capitalista, estudou também a alienação humana em relação ao seu mundo natural. As mudanças no relacionamento entre o homem e a natureza podem ser relacionadas às mudanças no processo produtivo – que é um fenômeno social por sua vez também determinado e moldado pela relação entre o homem e suas condições naturais e materiais. PROGRESSO TÉCNICO E MEIO AMBIENTE A Revolução Industrial é um marco histórico na relação do homem com o meio ambiente, por representar o momento em que o progresso técnico modificou significativamente essa relação. Meio ambiente: conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural e inclui a vegetação, os animais, os micro-organismos, o solo, as rochas, a atmosfera e todos os fenômenos naturais, além dos recursos e fenômenos físicos como ar, a água, as florestas. Na ótica do Direito – segundo a lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente; meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O progresso técnico – caracterizado principal- mente pelo crescente uso e sofisticação de máquinas e pelas inovações tecnológicas nos processos produtivos, possibilitou a produção em massa, a fim de suprir as necessidades de consumo de uma população mundial que cresceu exponencialmente no último século. CURSO DE SOCIOLOGIA 10 TABELA população mundial - de 1700 a 2100 (projeção) T O progresso técnico possibilitou também a expansão das economias e sua internacionalização. Trouxe, contudo, diversas consequências indesejáveis para o meio ambiente. Alguns exemplos: • a indústria do petróleo – a exploração, produção e transporte são atividades com alto risco de contaminação, pois podem causar danos irreparáveis ao meio ambiente, como vazamentos em plataformas de extração, nos navios petroleiros ou nos oleodutos de distribuição que, quando ocorrem, causam danos incalculáveis ao meio ambiente. A produção do petróleo também produz resíduos altamente tóxicos para o solo e os lençóis freáticos. • a indústria têxtil – a produção mundial de fibra sintética, uma das mais usadas na indústria têxtil, utiliza mais de 70 milhões de barris de petróleo por ano, e o produto final demora mais de 200 anos para se decompor; a viscose, que utiliza celulose para produção, exige a derrubada de 70 milhões de árvores todos os anos; o algodão, por sua vez, demanda altos níveis de substâncias tóxicas em seu cultivo. O processo de produção têxtil é também altamente poluente, principalmente para as águas, que são contaminadas por produtos usados no tingimento e tratamento têxteis. Ou seja, não apenas a produção em massa de bens necessita de grande consumo de recursos naturais, mas sua conversão em produtos comercializáveis gera poluição (resíduos sólidos, líquidos egasosos despejados na natureza, além dos resíduos pós-consumo). Durante o último século, e mais aceleradamente durante as últimas décadas, houve um crescimento populacional e uma evolução tecnológica muito rápida que resultaram em uma exploração sem precedentes dos recursos naturais disponíveis. Ao mesmo tempo, não houve uma preocupação ou uma programação no sentido de conter as consequências do desequilíbrio ambiental resultante. CURSO DE SOCIOLOGIA 11 SUSTENTABILIDADE É inegável que a exploração desordenada dos recursos naturais, promovida dentro do modelo de desenvolvimento econômico adotado pela sociedade contemporânea, foi determinante para a atual crise ambiental, que já era evidente desde a década de 1960. O desequilíbrio entre a atividade humana e a proteção ambiental passou a constituir uma maior preocupação dos Estados a partir de 1972, quando se realizou em Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano. A Conferência de Estocolmo tornou-se um marco decisivo para o desenvolvimento de políticas ambientais e determinante na criação de regras de proteção que, através da pressão internacional, passaram a integrar o sistema jurídico de vários Estados, na forma do Direito Ambiental. A questão principal motivadora da proteção ambiental foi também fruto da cultura de exploração: - quanto tempo nosso planeta pode resistir ao modelo econômico vigente? – ou, dito de outro modo, quando chegará o dia em que não haverá matéria-prima para manter a produção e o consumo que mais de 7 bilhões de pessoas demandam? Chegou-se à conclusão lógica de que somente com a interferência do Estado por meio de legislações – normas jurídicas visando à redução dos impactos ambientais – seria possível alcançar a sustentabilidade, ou seja, permitir que o planeta continue sustentando a vida humana. O americano Lester Brown, um dos mais famosos ambientalistas do mundo, foi também um dos primeiros a oferecer um conceito de “sustentabilidade”: “uma sociedade sustentável é aquela capaz de satisfazer suas necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras” (Lester Brown, World Watch Institute) No livro Plano B 4.0: Mobilização para Salvar a Civilização, Lester Brown afirma que é possível evitar o colapso ambiental, desde que se empreendam esforços no sentido de se reestruturar e buscar alternativas para o plano de desenvolvimento atual: “As corporações precisam reconhecer que seu futuro é inseparável do futuro da civilização e que elas também são responsáveis pela manutenção da vida na Terra. Devem, portanto, contribuir com a construção de uma economia global sustentável. Sem isso, vamos enfrentar um colapso. Nenhuma companhia terá lucro avançando na escalada rumo à destruição. Precisamos rever rapidamente a economia global e particularmente a matriz energética por meio de políticas econômicas que reestruturem taxas e pressionem o mercado a contar a verdade ambiental”. Promover a sustentabilidade é um desafio socio- econômico que envolve um conjunto de ações de todos os setores da sociedade e que requer mudanças como: • mudança de postura em relação à natureza e ao meio ambiente; • mudança cultural em relação aos padrões de exploração, desenvolvimento e consumo atuais; • restruturação do sistema econômico atual para que este seja efetivamente capaz de garantir as necessidades atuais da sociedade sem destruir as chances de sobrevivência das futuras gerações. Iniciativas que se enquadram na perspectiva de desenvolvimento sustentável: • Consumo ético: é um tipo de ativismo do consumidor, praticado através de “compras éticas” baseadas na informação sobre as empresas e os produtos. Praticar o consumo ético é boicotar empresas e produtos que violem os direitos humanos, os “direitos” animais e os direitos ambientais. • Consumo consciente: ter em conta os impactos ambientais na hora de escolha do produto, na definição da sua necessidade, do seu modo de uso e descarte. Também signifca adotar situações para o problema do lio, utilizando o Princípio dos 3R’s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar. • Conscientização e preservação ambiental: políticas de educação ambiental, de preservação da flora e fauna, de redução do desmatamento, de aumento de reflorestamento; • Busca de formas “sustentáveis” de organização das condições de vida (formação de ecovilas, ecocidades e cidades sustentáveis); • Aplicação das ciências para o desenvolvimento de tecnologias verdes e de energias renováveis: eólica, solar e geotérmica; • Ativismo político – políticas governamentais desempenham papel essencial no incentivo de investimentos em energias renováveis. Segundo estimativa da UNEP (United Nations Environmental Program) de 2011, a alocação de cerca de 1,25% do PIB mundial em eficiência energética e energias renováveis poderia reduzir a demanda global por energia primária em 9% em 2020 e em 40% até 2050; CURSO DE SOCIOLOGIA 12 • Pagamento por serviços ambientais (PSA) – con- siste em recompensar ações que possam auxiliar os serviços ecossistêmicos, ou seja, remunerar aqueles que, direta ou indiretamente, ajudam a preservar o meio ambiente. Ex.: incentivos fiscais para iniciativas de reflorestamento, reciclagem; • Cobrança diferenciada de impostos: cobrança maior de impostos sobre atividades ambiental- mente destrutivas, como as que geram, por exem- plo, emissões de carbono e mercúrio, produzem lixo tóxico , ou consomem quantia excessiva de matérias-primas – atividades “limpas” poderiam ser encorajadas pela menor tributação. Esse seria o “mercado honesto” proposto por Lester Brown. Serviços ecossistêmicos são todos os “serviços” ou benefícios que os ecossistemas prestam à sociedade em termos de provimento, manutenção, recuperação ou melhoramento das condições ambientais. Podem ser serviços de provisão (tudo com que a natureza abastece a sociedade: água, alimentos, madeira), serviços de suporte e regulação (que mantem a estabilidade das condições ambientais: absorção de CO² pela fotossíntese das florestas; polinização de plantas, decomposição do lixo) e serviços culturais: são os benefícios intangíveis que a natureza proporciona, como os recreacionais, estéticos e espirituais. É preciso lembrar que, a despeito da boa vontade de alguns e da crescente popularidade do termo, a sustentabilidade ambiental só poderá ser alcançada com o envolvimento de todos. Hoje, é bastante questionável se, na prática, as ações necessárias serão implementadas para se evitar uma maior degradação ambiental e o consequente colapso da civilização atual. Envolver-se e praticar ações que permitam o desenvolvimento sustentável é tornar-se um “cidadão ambiental”: “Noção de cidadania ambiental pressupõe o estabelecimento de uma relação mais harmoniosa com a natureza. Essa postura deve estar presente em toda a extensão da vida cotidiana, com cada cidadão exercitando sua responsabilidade ambiental em toda ocasião que estiver manipulando bens e materiais, buscando a finalidade mais ecológica possível em cada atitude adotada no seu dia a dia e com consciência do impacto que os mais simples procedimento podem provocar no meio natural. A natureza, em exata oposição ao que o desenvolvimento propõe. Como salienta o filósofo José Ávila Aguiar Coimbra, “a escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e da diversidade da vida.” (WALDMAN, Maurício. IN: História da cidadania. Organização: Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky. São Paulo: Contexto, 2003, p. 539). O nosso envolvimento na construção de uma cidadania ambiental é urgente. A natureza e as gerações futuras agradecem! https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html CURSO DE SOCIOLOGIA 13 ASSIMILAÇÃO 01. (UFMT) – Relatório ambiental de 2010 da ONU calcula que 50 milhões de toneladas de produtos
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