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Prévia do material em texto

ENSINO 
MÉDIO
HISTÓRIA 6
 IDADE MODERNA II: DO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO 
PORTUGUESA NA AMÉRICA À INDEPENDÊNCIA 
DOS ESTADOS UNIDOS
1 Pindorama e seus habitantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
2 Portugal e sua colônia na América . . . . . . . . . . . . . . 14
3 O Governo-Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4 O tráfico negreiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5 Escravidão e resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
6 Açúcar e escravidão na colônia portuguesa . . . . . . . 58
7 O avanço da colonização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
8 O Nordeste sob domínio holandês . . . . . . . . . . . . . . . 78
9 Os bandeirantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
10 O Iluminismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
11 A Revolução Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
12 A independência dos Estados Unidos . . . . . . . . . . 115
HISTÓRIA
Gislane Azevedo
Reinaldo Seriacopi
2137805 (PR) 
MÓDULO
Idade Moderna II: do início da 
colonização portuguesa na América 
à independência dos Estados Unidos
Pintura sobre azulejo representando a chegada de 
Pedro Álvares Cabral e sua comitiva ao Brasil, em 1500. 
Na imagem, homens instalam um pelouro, marco rela-
cionado à administração colonial e símbolo do domínio 
português sobre um território.
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
Você sabia que, ao desembarcarem na Amé-
rica, os portugueses encontraram povos de 
culturas e costumes muito diferentes dos 
praticados pelos europeus? Sabia que os 
franceses e os holandeses também tinham 
interesse em colonizar o nosso território?
E, assim como o Brasil, os Estados Unidos tam-
bém foram uma colônia que, inspirada pelos 
ideais iluministas, tornou-se o primeiro país 
independente da América? Neste módulo, es-
tudaremos o início da colonização portuguesa 
na América, a luta das Treze Colônias contra a 
Inglaterra no século XVIII e as transformações 
na Europa originadas pela difusão de novas 
ideias e das primeiras indústrias.
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www.sesieducacao.com.br
4 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
CAPÍTULO
1 Pindorama e seus habitantes
Objetivos:
c Conhecer a história e 
a diversidade cultural 
dos povos indígenas 
brasileiros.
c Identificar algumas 
manifestações do 
patrimônio cultural 
imaterial relacionadas 
às sociedades 
indígenas.
c Compreender alguns 
fatores que afetam 
diretamente a 
sobrevivência das 
sociedades indígenas 
atuais, como os 
conflitos pela posse 
de terras.
No começo, o mundo era habitado apenas pelos homens-onça. Até que surgiu Arcome, espírito 
criador dos seres humanos. Os homens-onça perseguiram Arcome que, ao fugir, caiu várias vezes. As 
quedas foram marcadas por pedras. Nelas, Arcome transmitiu seus conhecimentos aos indígenas, 
entre os quais os saberes tradicionais da pesca. 
Segundo a lenda, as pedras que marcaram as quedas de Arcome encontram-se na cachoeira do 
Iauaretê, no alto rio Negro, na região hoje conhecida como Amazônia. Elas são consideradas sagradas 
pelos Tariano e pelos Tukano, povos indígenas que vivem às margens do rio Uaupés, numa região 
fronteiriça entre o Brasil e a Colômbia.
Desde 2007 a cachoeira do Iauaretê é considerada patrimônio cultural imaterial pelo Instituto 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Brasil, uma vez que para os 4 mil indígenas 
que vivem na região ela conserva os segredos e a história da origem do mundo. 
Os Tariano e os Tukano são dois dos mais de duzentos povos indígenas no Brasil. Neste capítulo 
conheceremos alguns aspectos das sociedades indígenas de hoje e das que existiam antes de 1500 
no que viria a ser o atual território brasileiro.
Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.
Cachoeira do Iauaretê no alto rio Negro, 
região Amazônica, 2008. Apesar do nome, 
não se trata propriamente de uma 
queda-d’água, mas de uma corredeira 
(trecho de rio no qual as águas correm 
com maior rapidez em razão da inclinação 
do terreno). Os povos indígenas Tukano e 
Tariano a consideram um lugar sagrado.
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Patrimônio cultural imaterial:
conjunto de manifestações culturais e de tradições, ou seja, de tudo aquilo que faz parte da cultura não 
material de um grupo humano. De acordo com a Unesco (órgão da ONU), é formado por “práticas, repre-
sentações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e luga-
res culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos 
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. Esse tipo de patrimônio é transmitido de 
geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, 
de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, 
contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
 UMA CONSTELAÇÃO DE POVOS
A falta de dados mais precisos impede afirmar com certeza quantas pessoas habitavam o atual 
território brasileiro à época da chegada dos portugueses. As cifras variam de 1 milhão a até 8,5 mi-
lhões. Segundo alguns especialistas, no século XVI esses nativos dividiam-se em mais de mil povos, 
com crenças, hábitos, costumes e formas de organização específicas. Eles falavam cerca de 1 300 
línguas distintas, a maioria das quais agrupada em dois troncos linguísticos principais, o tupi e o 
macro-jê.
Entre os principais povos Tupi encontravam-se os Guarani, os Tupinambá, os Tabajara, os Ca-
rijó e os Tamoio. Eles ocupavam praticamente toda a atual costa brasileira, desde o Ceará até o Rio 
Grande do Sul. Já os povos do tronco linguístico macro-jê encontravam-se predominantemente nos 
cerrados, como ocorria com os Bororo e os Carajá, por exemplo. Os Tupi costumavam chamar todas 
essas populações de tapuias, palavra genérica e de sentido pejorativo usada para designar os povos 
que falavam línguas diferentes da deles.
A maioria dos colonizadores que aqui chegaram a partir de 1500 viveu no litoral em razão das 
dificuldades de avançar em direção ao interior. Assim, a maior parte das informações a respeito das 
sociedades indígenas daquele período refere-se sobretudo aos Tupi, com os quais os portugueses 
travaram maior contato. Eram eles que chamavam o território em que viviam de Pindorama, que 
quer dizer “Terra das Palmeiras”.
A quantidade de relatos sobre os povos indígenas do interior é bem menor. Entre eles, podemos 
citar os do padre capuchinho francês Martinho de Nantes que, no século XVII, viveu entre os Cariri, 
no atual território paraibano, e o do viajante holandês Joan Nieuhof (1618-1672), que também no 
século XVII conheceu os indígenas Tarairiú, no Sertão nordestino.
Por meio de textos como esses é possível recuperar informações valiosas a respeito dos hábitos 
e costumes de alguns povos indígenas do interior. Um trabalho de resgate mais consistente da vida 
e do cotidiano dos povos indígenas, no entanto, só começou a se verificar a partir do final do século 
XIX, quando alguns especialistas iniciaram pesquisas etnológicas com os povos nativos. Porém, nessa 
época, muitas etnias já estavam extintas e outras se encontravam em vias de extinção.
Hoje, vivem no Brasil cerca de duzentos povos indígenas, cada qual com seus hábitos e costumes 
próprios. No boxe “Patrimônio e diversidade”, na página 8, conheceremos os Wajãpi, povo que vive 
no estado do Amapá e realiza uma pintura corporal reconhecida mundialmente.
Sertão:extensa área de clima semiárido no 
Nordeste do Brasil; abrange parte de 
Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia 
e norte de Minas Gerais, chegando 
até o litoral nos estados do Rio Gran-
de do Norte e do Ceará. Os solos des-
sa região são rasos e pedregosos, as 
chuvas escassas e mal distribuídas e 
a vegetação típica é a caatinga. Asso-
cia-se a palavra sertão à ideia de um 
grande deserto, um “desertão”, termo 
que a teria originado. No período co-
lonial, ela designava as regiões ainda 
não exploradas, ou pouco exploradas, 
do interior da colônia e não apenas o 
Sertão nordestino. Assim, na expres-
são “drogas do sertão” a referência era 
à região amazônica.
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 ACESSE O SITE
Museu do índio 
O museu desenvolve trabalhos 
de pesquisa e divulgação das 
culturas indígenas brasileiras 
em parceria com as diversas 
etnias. No site é possível encon-
trar fotografias, vídeos e textos 
sobre o tema. Disponível em: 
<www.museudoindio.org.br>. 
Acesso em: 9 jan. 2015.
Indígenas da etnia Kalapalo celebrando o ritual Kuarup na Aldeia Aiha, em Querência (MT). Foto de 2009.
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Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e 
aprofunde-se no assunto.
Projeto de Pesquisa
6 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
A diversidade indígena
Estima-se que existam hoje no mundo aproximadamente 5 mil povos indíge nas, totali-
zando cerca de 350 milhões de pessoas.
No Brasil, de acordo com o censo 2010, os indígenas somam quase 897 mil indivíduos, 
ou seja, 0,47% da população brasileira.
A maioria dos povos indígenas no Brasil (52%) não tem mais do que quinhentos integran-
tes. Apenas três deles, os Ticuna, os Guarani e os Kaingang, contam com mais de 25 mil pessoas.
Tamanha variedade de povos faz com que o Brasil seja um dos países com maior diver-
sidade étnica e cultural do planeta. Estima-se que sejam faladas pelos menos 170 línguas indí-
genas no território brasileiro. Esse número, em um passado recente, já foi maior, uma vez que 
diversos povos, como os Pancararé (BA), os Xocó (CE), os Tupiniquim (ES), os Krenak (MG), os 
Carapotó (AL), os Cambeba (AM) e muitos outros deixaram de falar seu idioma original, ado-
tando o português ou a língua de algum outro povo indígena com o qual travaram contato.
Hábitos e costumes também variam de um povo para outro. Um grande número de 
sociedades indígenas, por exemplo, constrói aldeias dispondo suas casas em círculos, como os 
Bororo (MT) e os Timbira (MA). Outros constroem suas aldeias dispondo as casas em forma 
de U, como os Xavante (MT), os Assurini (PA) e os Suruí (PA). Já os Karajá (GO, MT, PA e TO) 
e os Munduruku (AM, MT, PA) erguem suas residências em filas paralelas umas às outras.
O modo pelo qual as decisões são tomadas nas aldeias varia conforme a etnia. Os chefes 
Xavante e Canela (MA), por exemplo, tomam suas decisões com o auxílio de um conselho. 
Já nas aldeias Krahô (TO), o chefe escolhe um indivíduo de sua confiança para assessorá-lo e 
substituí-lo em sua ausência; além disso, cada aldeia tem dois auxiliares: um deles cuida das 
atividades da aldeia durante a estação seca e o outro, durante a estação chuvosa. 
FONTES: MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. São Paulo: Edusp, 2007; MUNDURUKU, Daniel. 
Coisas de índio. São Paulo: Callis, 1999; FERNANDES, Joana. Índio: esse nosso desconhecido. 
Cuiabá: Editora da UFMT, 1993; INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. População indígena no Brasil. 
Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/c/0/1/2/populacao-indigena-no-brasil>. 
Acesso em: 9 jan. 2015.
TROCANDO IDEIAS
Atualmente, diversas nações in-
dígenas têm produzido expe-
riências em vídeo, nas quais os 
próprios indígenas aprendem a 
manipular uma câmera e contar 
uma história. Juntamente com 
seus colegas de grupo, faça uma 
pesquisa na internet, selecione 
alguns vídeos e organize uma pe-
quena mostra desses filmes para 
a classe ou para a escola.
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Imagem aérea de uma aldeia Yawalapiti, construída em formato circular, próxima à margem do rio Xingu, 
em Querência (MT). Foto de 2011.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
 UMA ALDEIA TUPI
Apesar de contarem com muitos hábitos e costumes em comum, os povos Tupi tinham parti-
cularidades que os diferenciavam uns dos outros. Por isso, embora muitas das informações a seguir 
sejam generalizações, elas nos dão uma ideia das principais características desses grupos. Entretanto, 
isso não quer dizer que todos os povos Tupi agissem rigorosamente da maneira aqui descrita.
Os povos Tupi viviam em pequenas aldeias, que, até onde se sabe, seguiam um modelo comum 
de organização: de quatro a sete malocas distribuídas em um grande círculo. Feitas de madeira e 
cobertas por folhas de palmeira, as malocas eram grandes habitações coletivas sem divisões internas, 
que abrigavam de trinta a cem pessoas cada.
Na parte central do círculo formado pelas malocas havia um terreiro conhecido como ocara. Era 
o espaço principal da aldeia, pois nele aconteciam as cerimônias religiosas, festas e rituais. Também 
eram realizadas ali reuniões nas quais se discutiam questões de interesse da comunidade.
Classe (social):
camada social formada por pessoas 
que desempenham papéis semelhan-
tes no processo de produção ou de 
circulação das riquezas e têm a mesma 
relação com a propriedade dos meios 
de produção. A classe operária moder-
na, por exemplo, reúne os trabalhado-
res industriais, os assalariados agrícolas 
e os trabalhadores em transportes (fer-
roviários, etc.) e em certos serviços (por-
tuários, etc.). O significado moderno de 
classe social foi elaborado em oposição 
ao conceito medieval de ordem ou es-
tado. Segundo Karl Marx, a sociedade 
capitalista moderna estaria dividida em 
duas classes fundamentais: a burguesia 
e o proletariado, ou classe operária.
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 LEIA OS LIVROS
 Lendas e mitos dos índios brasi-
leiros, de Walde-Mar de Andra-
de e Silva. São Paulo: FTD, 1998.
 Lendas do índio brasileiro, orga-
nizado por Alberto da Costa e 
Silva. São Paulo: Ediouro, 2001. 
A pessoa mais respeitada da aldeia era o pajé, que desempenhava as funções de médico e sacerdote.
O líder da aldeia Tupi era chamado de morubixaba. Ele não impunha ordens ou determinações 
ao grupo. Seu papel era servir de conselheiro, intermediando as relações entre as pessoas para evitar 
conflitos. Quando havia questões importantes a serem resolvidas, como declarar guerra a uma aldeia 
vizinha, formava-se um conselho composto dos chefes das grandes famílias, cujas decisões eram 
adotadas coletivamente.
A base material sobre a qual se apoiavam as sociedades indígenas em geral, antes da chegada dos 
portugueses, era a apropriação coletiva da natureza. A terra, a floresta, a água, os animais pertenciam 
a todos, não existindo a figura da propriedade privada da terra ou de qualquer outro recurso natural. 
A ausência de propriedade privada, aliada à inexistência de um poder político forte e centralizado, 
imprimiu às comunidades indígenas um caráter altamente igualitário. Ou seja, de modo geral, não 
existiam privilégios, nem divisão de classes, nem desigualdades sociais.
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K Gravura de Hans Staden, 
de cerca de 1556, que ilustra 
a agricultura e os costumes 
dos Tupi em publicação 
de seu diário de viagem.
8 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Amapá: os Wajãpi e a kusiwa
Entre os diversos povos indígenas que vivem hoje no 
território brasileiro, os Wajãpi, do Amapá, alcançaram re-
centemente destaque internacional. Pertencentes ao tronco 
linguístico Tupi, os Wajãpi ganharam projeção por manterem 
viva a arte kusiwa, o tradicional costume de pintar os pró-
prios corpos. 
Usando urucum e suco de jenipapo para obter as co-
resvermelha e preta com as quais pintam o corpo, os Wajã-
pi desenvolveram uma linguagem gráfica própria. Por meio 
dela representam aspectos de sua mitologia e do mundo 
que os cerca. 
O domínio da técnica da pintura kusiwa é um conheci-
mento que os mais velhos transmitem aos mais jovens, geração 
após geração. Hoje, os Wajãpi lutam para que esse saber não 
seja abandonado e desapareça para sempre. Em 2001, a im-
portância da arte kusiwa foi reconhecida internacionalmente, 
pois naquele ano, a Unesco, órgão da Organização das Nações 
Unidas (ONU), definiu essa forma de expressão dos indígenas 
Wajãpi como uma “obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade”. Até 2008, apenas noventa manifestações culturais do 
mundo inteiro haviam obtido reconhecimento semelhante.
Os Wajãpi são apenas um dos muitos povos indígenas que vivem no Amapá. Além deles, são encontrados grupos de outras etnias, 
como os Galibi, Karipuna, Palikur e Galibi-Marworno. Todos esses povos vivem em terras demarcadas. Com isso, os povos indígenas do 
Amapá têm suas terras asseguradas por lei.
Situado na região Norte, o Amapá é cortado pela linha imaginária do equador bem na altura de sua capital, Macapá. Nessa cidade, 
encontra-se o Forte de São José de Macapá, construído entre 1764 e 1782 com mão de obra formada por africanos e indígenas escraviza-
dos. Localizado na margem esquerda do rio Amazonas, é a maior fortaleza projetada pelos portugueses em terras brasileiras no período 
colonial e tinha por objetivo impedir invasões pelo rio Amazonas.
Tombado pelo patrimônio histórico em 1950, o forte foi reaberto ao público em 2006, depois de ter passado mais de uma década 
fechado para escavações arqueológicas e obras de restauração.
PATRIMÔNIO E DIVERSIDADE
Rapaz da etnia Wajãpi desenhando motivos da arte kusiwa, sistema de 
representação gráfico, usualmente aplicado nos corpos dos indivíduos desse 
povo que vive no Amapá.
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Capital do Amapá, 
Macapá é vista aqui em 
foto aérea. No primeiro 
plano, às margens do 
rio Amazonas, ergue-se 
o Forte de São José de 
Macapá.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
A divisão sexual do trabalho
A divisão do trabalho era feita de acordo com o sexo e a idade. Geralmente, atividades como 
derrubar árvores, caçar, pescar, preparar a terra para o plantio, construir malocas, armas e canoas 
ficavam a cargo dos homens.
Além de cozinhar, as mulheres cuidavam das crianças, da coleta de frutos, da plantação, da 
colheita e da fabricação de utensílios domésticos. Os bens assim produzidos pertenciam a toda a 
comunidade, e não a uma pessoa apenas. Como a metalurgia era desconhecida, as armas e os objetos 
eram feitos de pedra, osso, madeira ou barro.
Os grupos que viviam junto aos rios ou no litoral tinham na pesca um de seus principais meios 
de subsistência. Aqueles instalados no meio da floresta praticavam mais a caça.
Alguns povos das planícies dedicavam-se também à agricultura, plantando milho, mandioca, 
abóbora, inhame e batata-doce. A mandioca, um dos alimentos mais importantes, tornou-se comes-
tível graças ao fato de os indígenas terem descoberto como extrair o seu veneno – que era utilizado 
na ponta das flechas para torná-las ainda mais mortais. A mandioca era transformada em farinha seca, 
tapioca, beiju e outras iguarias. Quando o solo se esgotava, o grupo que ocupava a região abandonava 
sua aldeia e se estabelecia em outro lugar (veja o boxe a seguir, “A luta pela terra”).
Commodities agrícolas:
o termo commodities, de origem ingle-
sa, significa “mercadorias”. Commodity 
agrícola refere-se a produtos de ori-
gem primária ou com pequeno grau 
de industrialização, produzidos em 
larga escala e utilizados em todo o 
mundo e que, por isso, são negociá-
veis em bolsas de valores do mundo 
inteiro.
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A luta pela terra
Segundo a Constituição brasileira, as terras onde os 
povos indígenas se encontram pertencem à União, mas os 
indígenas detêm o direito de usufruto desses territórios. A 
garantia desse direito se consolida após um longo processo 
no qual agentes do governo federal identificam o território 
e demarcam seus limites. Com a homologação do proces-
so pela Presidência da República, as terras são registradas 
em cartório. Atualmente, existem 695 terras indígenas (TIs), 
ocupando 13,3% do território brasileiro, mas nem todas fo-
ram ainda registradas em cartório.
A Constituição proíbe que as terras indígenas sejam 
ocupadas por terceiros. Afinal, é delas que os indígenas reti-
ram seu sustento por meio da caça, da pesca, do cultivo de 
alimentos, etc. Por essa razão, para os povos indígenas é ex-
tremamente importante que os recursos ambientais de seus 
territórios sejam preservados.
Nesse aspecto, porém, a Constituição nem sempre é res-
peitada. O território dos Xacriabá em Minas Gerais, por exem-
plo, foi demarcado numa área de transição do cerrado para a 
caatinga, numa região desprovida de nascentes e que chega a enfrentar até oito meses de seca 
por ano. Em outros lugares, as terras indígenas são constantemente invadidas por madeireiras 
interessadas na derrubada das árvores ou por garimpeiros em busca de ouro e diamantes.
Esse processo de invasão se acentuou nas últimas décadas em razão da grande valori-
zação das chamadas commodities agrícolas. Com essa valorização, diversas áreas indígenas 
passaram a ser ocupadas por agricultores que derrubam as matas para plantar produtos como 
soja e arroz. Embora essa disputa pela terra dos indígenas ocorra em diversos lugares do Brasil, 
é na região Norte que esse processo é mais acentuado.
Em Roraima, indígenas da reserva Raposa Serra do Sol conseguiram em 2009, após longa 
batalha judicial, a expulsão dos invasores de sua terra, em um caso de grande repercussão no 
Brasil e no exterior.
FONTES: FAUSTO, Boris; FAUSTO, Carlos. Surto anti-indígena. O Estado de S. Paulo, 28 abr. 2008; GESISKY, Jaime. Esperança nas aldeias xacriabás. Ciência 
Hoje, jan.-fev. 2008; Comendo a Amazônia. Disponível em: <www.greenpeace.org.br/amazonia/comendoamz_sumexec.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2015.
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 VEJA O FILME
Serras da desordem, de Andrea 
Tonacci. Brasil, 2006. (135 min).
Dez anos depois do massacre 
que dizimou sua família no final 
da década de 1970, no Mara-
nhão, Carapiru é encontrado no 
Nordeste pelo sertanista Sydney 
Possuelo. Levado a Brasília, ele 
se torna o centro de discussões 
entre antropólogos e linguistas, 
porém, sem encontrar seu espa-
ço na capital do Brasil, Carapiru 
retorna a sua aldeia natal. 
Na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, a advogada indígena 
Joênia Batista Carvalho, do povo Wapichana, prepara-se para defender a 
demarcação contínua das terras da reserva Raposa Serra do Sol, situada 
no estado de Roraima. Foto de agosto de 2008.
10 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Costumes indígenas
De forma geral, as sociedades indígenas desconheciam a ideia de Estado e de propriedade 
privada. Cada comunidade era autossuficiente, produzindo ou obtendo diretamente da natureza 
tudo aquilo de que necessitava. Não havia comércio, moeda ou escrita. Entretanto, muitas aldeias 
estabeleciam alianças com aldeias vizinhas, por meio de casamentos ou de acordos informais.
Mas nem sempre imperavam relações amistosas entre as aldeias. Não eram raras as guerras 
entre elas. Uma das consequências desses conflitos era a captura de inimigos e a realização de rituais 
antropofágicos, nos quais prisioneiros eram devorados por seus captores. 
A antropofagia tinha sempre um significado ritual para os indígenas, mas havia algumas di-
ferenças de conotação de grupo para grupo. Os Tupi, por exemplo, comiam seus inimigos como 
forma de homenageá-los, pois acreditavamque ao fazê-lo assimilavam sua força e valentia. Já para 
os diversos povos indígenas que viviam no interior, ingerir carne de um familiar morto por causas 
naturais transferia para aqueles que a consumiam suas virtudes e qualidades.
No século XVI, muitos europeus viram na antropofagia dos indígenas americanos um sinal de 
barbarismo e passaram a julgar as populações do continente como incapazes de se autogovernar. 
Esse foi um dos argumentos usados para justificar a colonização da América. 
 VEJA O FILME
Hans Staden, de Luiz Alberto 
Pereira. Brasil e Portugal, 1999. 
(92 min).
Em sua segunda viagem ao Brasil 
recém-descoberto, o alemão Hans 
Staden acaba aprisionado pelos 
Tupinambá, que se preparam para 
matar o prisioneiro e devorá-lo. O 
desafio de Staden é, então, con-
vencer os Tupinambá a mudar de 
ideia, para que ele possa escapar 
com vida.
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Os aborígines australianos
Por volta de 1788, ano em que os europeus chegaram à Austrália atual, viviam 
ali de 500 mil a 700 mil aborígines (denominação atribuída aos povos nativos de 
um país ou região), divididos em aproximadamente quinhentos grupos, que falavam 
cerca de 250 línguas diferentes. Cada povo tinha seu território e suas próprias regras. 
Todos, porém, eram nômades ou seminômades. Viviam principalmente da caça e da 
coleta, embora tivessem conhecimentos de agricultura. As trocas comerciais eram 
relativamente intensas.
Com a chegada dos europeus, eclodiram conflitos pela posse das terras que 
provocaram o extermínio de grande parte da população aborígine. Em 1900, ela estava 
reduzida a apenas 50 mil pessoas. Graças a uma elevada taxa de natalidade, o número 
de aborígines voltou a crescer, totalizando hoje cerca de 350 mil pessoas.
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TROCANDO IDEIAS
Os indígenas representam hoje 
cerca de 0,47% da população 
brasileira e ocupam uma área 
que corresponde a 13,3% do 
território nacional. São cerca de 
1 milhão de quilômetros qua-
drados, área equivalente ao 
dobro da França. Reúna-se 
com seu grupo de colegas e, 
juntos, debatam as seguintes 
questões: qual é a importância 
de reservar grandes extensões 
de terra para essas comunida-
des? Como isso se choca com 
os interesses de grupos econô-
micos e de comunidades não 
indígenas? Se essas reservas 
fossem reduzidas, a cultura in-
dígena estaria ameaçada? Ten-
do em mente essas questões e 
a reflexão do grupo, montem 
uma pequena cena teatral 
que dramatize a situação. Sob 
orientação do professor, apre-
sentem a cena à classe.
Jovens aborígines australianos dançam no Festival de Dança Aborígine de Laura, na península 
do Cabo de York, na Austrália, em 2011.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
 TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3 Para aprimorar: 1 a 3
PARA CONSTRUIR
1 (PUC-SP) 
O Brasil é uma criação recente. Antes da chegada dos europeus [...] essas terras imensas que formam nosso país 
tiveram sua própria história, construída ao longo de muitos séculos, de muitos milhares de anos. Uma história que a 
Arqueologia começou a desvendar apenas nos últimos anos.
 GUARINELLO, Norberto Luiz. Os primeiros habitantes do Brasil: a Arqueologia pré-histórica no Brasil. 15. ed. São Paulo: Atual, 2009. p. 6.
O texto acima afirma que: b
a) o Brasil existe há milênios, embora só tenham surgido civilizações evoluídas em seu território após a chegada dos europeus.
b) a história do que hoje chamamos Brasil começou muito antes da chegada dos europeus e conta com a contribuição de muitos 
povos que aqui viveram.
c) as terras que pertencem atualmente ao Brasil são excessivamente grandes, o que torna impossível estudar sua história ao longo 
dos tempos.
d) a Arqueologia se dedicou, nos últimos anos, a pesquisar o passado colonial brasileiro e seu vínculo com a Europa.
e) os povos indígenas que ocupavam o Brasil antes da chegada dos europeus foram dizimados pelos conquistadores portugueses.
2 Por que podemos afirmar que as sociedades indígenas eram, de modo geral, “igualitárias” quando os portugueses chegaram ao 
território hoje conhecido como Brasil?
De modo geral, as sociedades indígenas eram igualitárias porque a base material sobre a qual se apoiavam antes da chegada dos portugueses 
era a apropriação coletiva da natureza, não existindo a figura da propriedade privada da terra nem de nenhum outro recurso natural. Essa 
característica, aliada à inexistência de um poder político forte e centralizado, imprimiu às comunidades indígenas um caráter altamente 
igualitário. Ou seja, de modo geral, não existiam privilégios, divisões de classe ou desigualdades sociais.
3 Atualmente, estima-se que existam no Brasil entre 450 mil e 700 mil indígenas, divididos entre povos de etnias diversas. Essa va-
riedade de etnias caracteriza o Brasil como um dos países de maior diversidade cultural. Defina pelo menos três aspectos da vida 
social e política que exemplificam as diferenças entre os povos indígenas.
O termo “índio”, cunhado no início da colonização, esconde uma imensa diversidade de povos. Um dos aspectos que expressa essa diversidade 
é a quantidade de línguas existentes: atualmente, há pelo menos 170 línguas indígenas diferentes no território brasileiro (além de muitos grupos 
indígenas que falam apenas o português, porque perderam o uso do idioma original). Outro exemplo da diversidade cultural está na maneira de 
construir e organizar espacialmente as casas nas aldeias: o formato das casas, o material utilizado em sua construção, a quantidade de pessoas 
e o grau de parentesco de quem mora em cada casa variam de um povo para o outro; elas podem ser organizadas em círculos, em forma 
de U, ou em filas paralelas. Outro aspecto que exemplifica a diversidade das sociedades indígenas é a organização política de cada aldeia: há 
nomes diferentes para o chefe da aldeia e, em alguns povos, seu poder depende das relações que ele estabelece com os outros membros.
4 A Constituição brasileira estabelece que as terras ocupadas tradicionalmente pelos povos indígenas pertencem à União e ape-
nas eles têm direito ao usufruto dessas terras, que constituem cerca de 13% do território brasileiro. Apesar disso, vêm ocorrendo 
conflitos em torno de terras indígenas envolvendo o Estado, grupos indígenas e vários interesses econômicos. Faça uma síntese 
descritiva desses conflitos.
Nem todas as terras indígenas estão registradas em cartório, o que leva empresas e indivíduos a ocuparem essas áreas, nelas permanecendo 
por muito tempo, em razão da demora com que tramitam as ações judiciais que envolvem a propriedade da terra. Além disso, mesmo as terras 
indígenas regularizadas são alvo de grupos econômicos, de garimpeiros, madeireiras, fazendeiros e pequenos agricultores. Na região Norte do 
país, em especial, as disputas por terras envolvem a ampliação das lavouras de soja e arroz, produtos muito valorizados no mercado internacional. 
Um caso que se tornou notório foi a situação na reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde chegou a haver choques armados entre 
produtores rurais, grupos indígenas e forças do Estado por causa da legalização da reserva e da consequente saída dos fazendeiros da área.
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As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade 
deste “selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Lin-
guagens: laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está 
disponível no portal.
12 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.
PARA PRATICAR
1 (Fatec-SP)Se levarmos em conta que os colonizadores por-
tugueses mantiveram um contato maior com as nações Tupi, 
podemos dizer que as sociedades indígenas brasileiras vi-
viam num regime de comunidade primitiva, no qual:
a) não existia propriedade privada, pois os únicos bens indi-
viduais eram os instrumentos de caça, pesca e trabalho, 
como o arco, a flecha e o machado de pedra.
b) cabia aos homens, além da caça e da pesca, toda a ativi-
dade agrícola do plantio a da colheita.
c) cada família tinha a sua propriedade, apesar de todos tra-
balharem para o sustento da comunidade.
d) a economia era plani�cada e todo o excedente era troca-
do com as tribos vizinhas.
e) tanto a propriedade privada quanto a agricultura de sub-
sistência e a divisão de trabalho obedeciam a critérios na-
turais, ou seja, de acordo com o sexo e a idade.
2 (Enem)
Os vestígios dos povos Tupi-Guarani encontram-se des-
de as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com 
algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazô-
nia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio 
Grande do Sul até o Maranhão. A oeste, aparecem [no rio da 
Prata] no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as 
terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discre-
tamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de 
preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical.
PROUS, A. O Brasil antes dos brasileiros. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais es-
pecíficas que os distinguiam de outras sociedades indígenas 
e dos colonizadores europeus. Entre as tradições Tupi-Guara-
ni, destacava-se: 
a) a organização em aldeias politicamente independentes, dirigi-
das por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da tribo.
b) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semisse-
dentário de sua organização social.
c) a conquista de terras mediante operações militares, o que 
permitiu seu domínio sobre vasto território.
d) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da 
agricultura para investir na criação de animais.
e) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em 
outras sociedades indígenas.
3 (Uepa) Os povos Tupi correspondiam no século XV a um enor-
me conjunto populacional étnico-linguístico que se espalhava 
por quase toda a costa atlântica sul do continente america-
no, desde o atual Ceará, até a Lagoa dos Patos, situada nos 
dias de hoje no Rio Grande do Sul. De acordo com registros 
de missionários jesuítas e de exploradores portugueses dos 
primeiros anos da colonização portuguesa, os povos Tupi se 
disseminaram pelo que é hoje a costa brasileira, numa dinâ-
mica combinada de crescimento populacional e fragmenta-
ção sociopolítica. Ao mesmo tempo, uma utopia ancestral 
cultivada pelos diversos grupos tupi da busca de uma “terra 
sem males”, teria contribuição para sua expansão territorial. Os 
Tupi chegaram no início do século XVI à Amazônia, ocupando 
a Ilha Tupinambarana como ponto final de sua peregrinação. 
No caminho percorrido, os povos Tupi viviam numa atmosfera 
de guerra constante entre si e com outros povos não Tupi. 
Guerras, captura e canibalização dos inimigos alimentavam 
a fragmentação, a dispersão territorial e o revanchismo. Em 
termos simbólicos, o sentido da antropofagia, resultante do 
enfrentamento entre indígenas pouco antes do início da co-
lonização portuguesa, tem relação com: 
a) necessidade de exterminar os inimigos na totalidade, 
inclusive pela ingestão física, de modo a interditar-lhes 
qualquer forma de sobrevivência ou resquício material. 
b) o interesse em assimilar as potencialidades guerreiras e a 
bravura dos inimigos, bem como incorporar seu universo 
social e cosmológico adicionado ao grupo do vencedor. 
c) a profunda diferença sociocultural entre os povos Tupi, 
que ao longo da expansão tendiam a considerar-se como 
estrangeiros, habitando regiões contíguas. 
d) a interferência de navegadores europeus que alimenta-
vam as dissensões entre os povos indígenas como meio 
de conquistá-los posteriormente. 
e) a disputa territorial com os povos não Tupi, que foram 
praticamente expulsos da costa e obrigados a adentrar o 
interior do continente.
PARA APRIMORAR
1 (Cefet-CE) Sabe-se que, quando os portugueses chegaram 
ao Brasil, encontraram vários povos que aqui habitavam, 
dentre eles os Tupi, os Jê, os Karib e os Aruak. Corresponde a 
uma de suas características gerais:
a) assim como os colonizadores portugueses, já praticavam 
a concepção de propriedade privada, sendo este um dos 
fatores de maior relevância na fusão cultural desses povos.
b) por praticarem a monogamia, o monoteísmo e o patriar-
calismo, essas comunidades indígenas facilmente assimi-
laram os valores da religião católica como se adaptaram 
aos modelos econômicos dos colonizadores. Daí a mão 
de obra indígena ter sido satisfatória para o processo da 
montagem da empresa agrícola açucareira.
c) para promover a sua alimentação, os povos indígenas 
Tupi chegaram a praticar uma agricultura de regadio se-
melhante aos povos maias e incas, enquadrando-se no 
modo de produção servidão coletiva.
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Veja, no Guia do Professor, as respostas da
“Tarefa para casa”.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
d) os povos indígenas estavam muito envolvidos com a natu-
reza e tinham uma maneira peculiar de entendê-la, através 
de uma concepção mítica de mundo.
e) os povos indígenas foram vítimas de genocídio e etnocídio 
no processo de colonização dos portugueses, entretanto 
não ofereceram resistência devido ao fato de acreditarem 
que este era o seu destino de acordo com suas crenças. 
2 O que você vai ver e ler a seguir são duas repre sentações dos 
indígenas brasileiros produzidas por europeus no século XVII. 
A primeira é a tela Dança Tapuia, do pintor holandês Albert 
Eckhout (1610-1666). “Tapuia” era o termo utilizado pelos Tupi 
para designar indistintamente todos os povos do interior do 
território brasileiro. Hoje sabemos que os indígenas represen-
tados nesse quadro pertenciam na verdade ao povo Tarairiú, 
que vivia no Sertão nordestino. A segunda representação é 
uma descrição desse mesmo povo feita por Elias Herckmans 
(1596-1644), geógrafo holandês que governou a Capitania da 
Paraíba entre 1636 e 1639, sob as ordens da Companhia das 
Índias Ocidentais, durante o período de dominação holandesa 
naquela região. Observe a imagem, leia o documento escrito e 
reflita sobre eles tendo em mente as questões propostas.
Documento 1
Dança Tapuia, óleo sobre tela de Albert Eckhout, pintado 
por volta de 1641. Também conhecida como Dança 
dos Tarairiú, a obra encontra-se hoje no Museu de 
Copenhague, na Dinamarca.
Documento 2
Esse povo é robusto de corpo, de grande estatura, a 
ossatura grossa e forte, a cabeça grande e larga; [...] Andam 
inteiramente nus, exceto em algumas ocasiões de festa, ou 
quando vão à guerra, porque então geralmente cobrem o 
corpo de penas de arara [...], de maracanãs [aves da famí-
lia dos papagaios], papagaios e periquitos. [...]
Como esse povo anda nu [...], não se pode distinguir o 
rei e os maiores senhores pela excelência dos vestidos. Mas 
somente pelo cabelo e pelas unhas dos dedos. O cabelo do rei 
é cortado na cabeça como uma coroa, e em ambos os polega-
res ele traz as unhas compridas, o que, exceto ele, ninguém 
mais pode trazer. Os seus amigos e capitães têm as unhas 
compridas em todos os dedos, exceto nos polegares, cujas 
unhas cortam rente para não minguar [reduzir] a honra do rei.
HERCKMANS, Elias. Descrição geral da Capitania da Paraíba.
In: MEDEIROS, Manuel Batista de. Capitania holandesa da Paraíba numa
visão do século XVII. João Pessoa: Unipê, 2003. p. 212-214.
a) Que aspectos da descrição no texto de Herckmans se 
aproximam da representação de Eckhout e que aspectos 
divergem do quadro?
b) Com base nos dois documentos, levante uma hipótese 
para explicarpor que os indígenas estariam dançando da 
forma representada no quadro.
c) Nos dois documentos os autores registraram suas impres-
sões (escritas ou pictóricas) sobre os Tarairiú. Naturalmen-
te, ao fazerem seus registros os autores imprimiram a eles 
seus próprios valores e pontos de vista preconcebidos. 
Assinale aspectos de ambas as obras que evidenciam esse 
olhar europeu preconcebido sobre os indígenas.
3 (UFG-GO) Observe as imagens.
As pinturas expressam olhares distintos sobre os nativos, da 
Colônia ao Império. Enquanto a primeira pintura, datada de 
1641, foi feita pelo holandês Albert Eckhout, integrante da co-
mitiva de artistas e cientistas trazidos para o Brasil por Maurício 
de Nassau, a segunda foi elaborada, em 1883, por Rodolpho 
Amoêdo, pertencente à geração de pintores românticos. Con-
siderando essas informações e a análise dos elementos com-
positivos das pinturas, explique a mudança ocorrida na repre-
sentação do indígena.
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Mulher Tapuia, 
de Albert 
Eckhout, 1641. 
Museu Nacional 
de Copenhague.
Disponível 
em: <www.
dezenovevinte.
net/artigos>. 
Acesso em: abr. 
2010.
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O último Tamoio, de Rodolpho Amoêdo, 1883. Museu 
Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Disponível em: 
<www.artenaescola.org.br/imediateca2/resultado.
php?buscar=tapuia>. Acesso em: abr. 2010. 
14 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
CAPÍTULO
2 Portugal e sua colônia na América
Objetivos:
c Conhecer as 
primeiras tentativas 
de exploração e 
colonização do 
território que viria a 
constituir o Brasil.
c Entender o contexto 
que levou o governo 
português a explorar e 
colonizar as terras no 
continente americano.
c Conhecer como 
ocorreram os 
primeiros contatos 
entre portugueses e 
indígenas.
c Discutir a questão 
da diversidade 
cultural por meio 
das representações 
elaboradas no encontro 
entre os dois povos.
Antônio Carlos Brasileiro Jobim, ou simplesmente Tom Jobim, um dos pais da bossa nova, cos-
tumava dizer que o Brasil é o único país com nome de árvore. De fato, embora haja controvérsias em 
relação à origem do nome Brasil, o certo é que ele aparece também na expressão “pau-brasil”, criada 
pelos europeus muito antes de 1500 para designar uma árvore que os Tupi chamavam de ibirapitanga.
Considerado por muitos a árvore-símbolo do país, o pau-brasil quase desapareceu por com-
pleto depois de 1500, quando os portugueses começaram a enviar seus troncos vermelhos à Europa 
para serem transformados em corante de tecidos.
Embora não tenha desaparecido, o pau-brasil tornou-se uma espécie em extinção, encontrada 
hoje em jardins botânicos e parques naturais. Seu tronco é atualmente utilizado na fabricação de 
arcos de violino e suas sementes, em pesquisas para a produção de medicamentos.
Neste capítulo, estudaremos os primeiros tempos da colonização do território hoje conhe-
cido como Brasil e veremos a importância que o pau-brasil teve para a economia de Portugal 
naquela época.
Depois de vários séculos de extração 
indiscriminada, o pau-brasil sobrevive 
precariamente em poucas regiões do país. 
Na foto, um pau-brasil florido em
Piracicaba (SP), em 2011.
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Durante dez dias, a frota permaneceu ancorada na atual baía Cabrália, nas proximidades de 
Porto Seguro, na Bahia. Ali, os portugueses travaram contatos amistosos com os Tupiniquim, um 
povo Tupi. Trocaram presentes, celebraram duas missas com a presença dos nativos e ergueram uma 
cruz de madeira de quase sete metros de altura para simbolizar a posse portuguesa daquelas terras.
No dia 2 de maio, as caravelas de Cabral partiram em direção às Índias. Uma delas, contudo, 
retornou a Portugal com cerca de vinte cartas que comunicavam as novidades ao rei dom Manuel.
 A CHEGADA DE CABRAL
Entre 1497 e 1498, ao acompanhar Vasco da Gama em sua viagem para as Índias, o escrivão 
Álvaro Velho anotou em seu diário de bordo que, a quilômetros da costa africana, ainda em águas 
do Atlântico, os navegadores avistaram aves que “seguiam contra o su-sueste muito rijas, como aves 
que iam para a terra”. Contra o su-sueste, ou seja, em direção ao sudoeste do Atlântico Sul.
Para muitos historiadores, essa passagem contém uma informação valiosa: ao ver as aves, Vasco 
da Gama teria se convencido de que, se navegasse um pouco mais em direção ao Ocidente, chegaria 
a terras ainda desconhecidas pelos europeus. O comandante português, no entanto, continuou em 
seu caminho até as Índias. Retornou a Portugal em 1499 com um carregamento de especiarias que 
rendeu 6 000% de lucro.
Exultante com o sucesso da viagem, o rei dom Manuel, o Venturoso, organizou outra expedição 
para as Índias. O comando da nova frota de dez naus, três caravelas e 1 500 homens a bordo foi en-
tregue ao capitão-mor Pedro Álvares Cabral. Nos meses que antecederam a partida, Vasco da Gama 
e Cabral trocaram informações a respeito do trajeto.
Por isso, diversos historiadores acreditam que, quando o capitão-mor zarpou de Lisboa, em 9 
de março de 1500, já tinha a intenção de se desviar do caminho percorrido por Vasco da Gama e, 
antes de chegar às Índias, tentar alcançar as terras ainda desconhecidas pelos europeus a oeste do 
Atlântico Sul.
Intencional ou não, o fato é que no dia 22 de abril de 1500, Cabral e seus homens avistaram 
pela primeira vez o território que a população nativa chamava de Pindorama – terra das palmeiras.
 VEJA O FILME
O descobrimento do Brasil, de 
Humberto Mauro. Brasil, 1937. 
(83 min).
Inspirado nos principais relatos da 
carta de Pero Vaz de Caminha ao 
rei de Portugal, o filme mostra a 
chegada da frota portuguesa ao 
litoral brasileiro. Um dos destaques 
do filme é o momento em que é 
reproduzida a famosa pintura de 
Victor Meirelles, A primeira missa no 
Brasil.
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A primeira missa no Brasil, óleo 
sobre tela de Victor Meirelles 
(1832-1903), pintado em 1861.
Acesse o portal e explore a ima-
gem A primeira missa no Brasil.
www.sesieducacao.com.br
Portal
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Educação
16 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Explorando o litoral
Apesar da boa-nova, dom Manuel não se interessou em colonizar a região, pois foi informado 
pelas cartas de que não havia nela indícios de metais preciosos. O rei preferiu concentrar esforços no 
lucrativo comércio com as Índias. Entretanto, em 1501 e 1503, Portugal organizou duas expedições 
com o objetivo de explorar as novas terras. Ambas foram comandadas por Gonçalo Coelho e con-
taram com a presença do navegador florentino Américo Vespúcio.
Nessas viagens, os portugueses percorreram a costa entre os atuais estados do Rio Grande 
do Norte e de São Paulo. Por onde passaram, deram nome aos principais acidentes geográficos 
que encontraram. Ao retornar à Europa, Vespúcio escreveu cartas relatando o que viu. Tais 
relatos tiveram tanta repercussão na Europa que, em homenagem ao autor, o novo continente 
passou a se chamar América.
De olho no pau-brasil
A única matéria-prima que, de imediato, interessou a Portugal foi o pau-brasil, árvore que crescia 
por quase todo o litoral. Com cerca de 20 a 30 metros de altura, de seu tronco vermelho os indígenas 
extraíam tinta para colorir as penas brancas com que se enfeitavam.
Existente também na Ásia, o pau-brasil já era conhecido na Idade Média pelos europeus, que 
utilizavam seu corante para tingir tecidos. Entretanto, com a conquista de Constantinoplapelos 
otomanos, em 1453, e o bloqueio do comércio pelo Mediterrâneo, o preço da madeira subiu verti-
calmente. Sua exploração se tornaria a principal atividade econômica dos portugueses na América 
até 1530.
A derrubada das árvores de pau-brasil era feita pelos nativos, que recebiam em troca obje-
tos, como espelhos, miçangas, pentes e pedaços de pano. Esse sistema de pagamento sem uso 
de moedas consiste, na verdade, em uma troca conhecida como escambo. Posteriormente, os 
nativos passaram a exigir outras mercadorias como pagamento. Sabendo que os indígenas não 
conheciam artefatos de metal, os portugueses começaram a pagá-los com tesouras, anzóis, 
machados de ferro e outros objetos.
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Detalhe de mapa da costa da colônia 
portuguesa na América (1541), no 
qual seu autor, Jean Rotz, representa 
indígenas e traficantes franceses no 
corte de pau-brasil.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Esses utensílios de metal modificaram substancialmente o modo de vida da população nativa. 
Com um machado de pedra – instrumento utilizado até então –, os indígenas levavam quase três 
horas para derrubar uma árvore; com os machados de ferro, cerca de quinze minutos (sobre a troca 
de conhecimentos entre portugueses e indígenas, veja o boxe abaixo).
Com a nova tecnologia, a extração de pau-brasil se acelerou. Assim, só no século XVI, cerca 
de 2 milhões de árvores foram derrubadas e embarcadas para a Europa. Por causa dessa extração 
predatória, o pau-brasil desapareceu do litoral. Atualmente, o pau-brasil encontra-se ameaçado de 
extinção em seu habitat natural, a Mata Atlântica. A situação só não é pior porque a árvore tem sido 
plantada em projetos paisagísticos desenvolvidos em parques, ruas e residências.
Aprendendo com os indígenas
Populações nativas tiveram importante papel na economia colonial no primeiro século e meio da colonização. E não 
apenas como força bruta empregada na lavoura comercial, mas em atividades que exigiam conhecimentos e habilidades que 
somente os habitantes das matas detinham.
O sul da Bahia abriga ainda hoje remanescentes dos antigos povos Tupi cujos antepassados se destacaram não apenas 
pelo trabalho, mas também pela transferência de saberes específicos, que só eles detinham, ao colonizador europeu. Sob o 
comando dos portugueses, esses indígenas se empenhavam em atividades como a extração e o transporte de madeiras de lei, 
a extração e o beneficiamento de fibras vegetais utilizadas na construção naval e a confecção de diversos objetos artesanais, 
como rosários, redes de pescar e de dormir.
Os mestres artesãos portugueses passaram a experimentar materiais já utilizados pelos povos nativos em suas próprias 
embarcações. Bem cedo descobriram com os nativos que árvores como o angelim e a sucupira, muito utilizadas na fabricação 
de canoas, eram excelentes para o fabrico de cascos de embarcações.
Da mesma forma, a maçaranduba e o conduru se mostravam perfeitos para a mastreação e para a produção de remos. 
Tais madeiras, ao lado das embiras de sapucaia, ticum, piaçava e do gravatá, utilizados na produção de cabos, cordames e 
estopas, deram projeção externa aos conhecimentos indígenas, já que tais produtos também tiveram significativa utilização 
nos estaleiros de Lisboa.
DIAS, Marcelo Henrique. Senhoras da floresta. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 1, n. 7. jan. 2006. Adaptado. 
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Observados por dois europeus, à esquerda, indígenas constroem embarcação com tronco de árvore. Pintura sem data, 
provavelmente do século XVIII.
18 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
 A AMEAÇA FRANCESA
Outras potências se mostraram interessadas em participar do lucrativo comércio de pau-brasil. 
Uma delas era a França. Rejeitando o Tratado de Tordesilhas, a partir de 1504 os franceses começaram 
a organizar expedições para as terras da América que Portugal considerava suas.
Naquele mesmo ano, o navegador francês Binot Paulmier de Gonneville aportou na ilha de São 
Francisco, no litoral norte da região hoje pertencente ao estado de Santa Catarina, e permaneceu com 
sua tripulação por seis meses junto aos indígenas Carijó. Retornou à França com o navio carregado 
de pau-brasil, peles e penas de animais.
Preocupado com esse assédio, a princípio Portugal enviou expedições guarda-costas para evitar 
a ação dos concorrentes. Os resultados, porém, nem sempre foram positivos, uma vez que o litoral 
era muito grande e difícil de ser vigiado. Diante disso, em 1530 o governo português decidiu iniciar a 
colonização do território. Essa tarefa caberia ao fidalgo Martim Afonso de Sousa.
 SÃO VICENTE E O COMEÇO DA COLONIZAÇÃO 
Martim Afonso de Sousa partiu de Lisboa no dia 3 de dezembro de 1530, no comando de uma 
frota composta de cinco embarcações e mais de quatrocentas pessoas. Entre suas missões no Novo 
Mundo estavam: capturar embarcações estrangeiras envolvidas no tráfico de pau-brasil; estabelecer 
feitorias e criar núcleos de povoamento.
Em 22 de janeiro de 1532 fundou a vila de São Vicente, no litoral sul do atual estado de 
São Paulo. Ali foram erguidas as primeiras casas, um pequeno forte, uma capela, a cadeia e o 
pelourinho. Foi criada também uma estrutura administrativa, com a nomeação das primeiras 
autoridades para funções como as de juiz, escrivão, meirinho (equivalente ao atual oficial de 
justiça) e almotacel (inspetor encarregado da correta aplicação dos pesos e medidas e da taxa-
ção dos gêneros alimentícios).
Além disso, Martim Afonso doou terras aos membros de sua expedição e ergueu um engenho 
de açúcar, que utilizava como matéria-prima a cana-de-açúcar trazida da ilha da Madeira.
Pelourinho:
coluna de pedra ou madeira fixada 
em local público. O pelourinho era 
empregado para expor e castigar 
escravos e criminosos no Brasil colo-
nial. Instalado em pontos centrais das 
vilas, o pelourinho era um marco da 
administração portuguesa e símbolo 
da autoridade e da justiça.
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Representação da chegada da frota de Martim Afonso de Sousa ao litoral sul do território hoje pertencente ao estado de São Paulo, onde fundou a vila de São 
Vicente (1532), em óleo sobre tela do pintor Benedito Calixto (1852-1927).
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
 TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1 e 2
PARA CONSTRUIR
1 Há controvérsias sobre os motivos que levaram à chegada de 
Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500, às terras que se 
tornariam colônia de Portugal na América. Alguns historia-
dores acreditam que foi intencional; outros insistem em que 
o desvio da rota que levaria Cabral às Índias foi um acidente. 
Que argumentos são utilizados por aqueles que acreditam 
na intencionalidade do acontecimento?
Durante as viagens de Vasco da Gama para as Índias, entre 1497 
e 1498, o escrivão Álvaro Velho registrou a existência de aves 
que seguiam para o sudoeste do Atlântico, como se existissem terras 
naquela direção. Para muitos historiadores, essa informação, que teria
sido compartilhada com Cabral, é uma evidência de que ele tinha
a intenção de desviar a frota sob seu comando, rumo às Índias, em
1500, para tentar alcançar as terras a oeste do Atlântico Sul, que ainda
eram desconhecidas na Europa.
2 (IFSP) Publicado em Veneza, em 1556, o mapa abaixo é um 
dos primeiros a mostrar o Brasil individualmente. Raro, ele 
faz parte de uma obra italiana, Atlas dele navigazione e Viaggi 
(Atlas de navegação eviagens), de Giovanni Battista Ramusio.
Trata-se de uma pintura de época sobre o Brasil, a qual revela 
pouca preocupação geográfica, mas que nos mostra: b
a) uma terra de riquezas: a exuberância das matas, a fartura 
de peixes nos mares e a existência de povoadores fortes, 
sadios e trabalhadores.
b) indígenas extraindo troncos de pau-brasil que, depois, 
eram empilhados nas feitorias. Chegando os portugueses, 
os nativos eram recompensados através de um escambo 
com produtos europeus.
c) o início da colonização do Brasil: os indígenas estão derru-
bando as árvores para formar os campos onde seria feito o 
plantio da cana-de-açúcar e a construção dos engenhos.
d) o medo dos nativos brasileiros com a chegada das naus 
portuguesas: eles estão abatendo árvores para constru-
ção de fortificações e defesa da ameaça europeia.
e) homens nus, selvagens, que conviviam pacificamente 
com animais de grande porte, o que causava grande es-
panto e medo aos colonizadores.
3 (UFPI) O período da nossa história conhecido como pré-colo-
nizador pode ser caracterizado pelos seguintes pontos:
 I. A descoberta de metais preciosos, particularmente, prata 
e diamantes na região amazônica.
 II. A montagem de estabelecimentos provisórios, conhe-
cidos como feitorias, onde eram feitas trocas comerciais 
entre os navegantes portugueses e os povos indígenas 
do Brasil.
 III. A criação das cidades de São Vicente e Desterro no litoral 
da América portuguesa.
 IV. A utilização da mão de obra indígena para a exploração 
de madeira, particularmente, do pau-brasil.
Dentre as afirmativas anteriores estão corretas apenas: c
a) I e II. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) III e IV.
e) I e IV.
4 (PUC-RJ) 
Eu, El-Rei, faço saber aos que este meu regimento 
virem, que sendo informado das muitas desordens que há 
no sertão do pau-brasil, e na conservação dele, de que se 
tem seguido haver hoje muita falta, cada vez será o dano 
maior se não se atalhar e der nisso a ordem convenien-
te [...]: mando que nenhuma pessoa possa cortar, nem man-
dar cortar o dito pau-brasil, por si ou seus escravos, sem 
expressa licença do provedor-mor da minha Fazenda [...]; e 
quem o contrário fizer incorrerá em pena de morte e con-
fiscação de toda a sua fazenda. 
Felipe III. Regimento do pau-brasil, 1605. 
No contexto da colonização das terras do Brasil, o regimento 
do rei Felipe III apresenta medidas associadas: b
a) à afirmação do poder da Coroa espanhola, em detrimento 
dos comerciantes e colonos portugueses.
b) ao caráter monopolista da extração do pau-brasil, pois era 
necessária autorização expressa da Coroa para atividade 
extrativista.
c) às preocupações da Coroa na preservação da Mata Atlân-
tica, que estava sendo devastada pelos colonos.
d) à importância do pau-brasil no comércio colonial como 
principal produto de exportação da América portuguesa, 
em inícios do século XVII.
e) à afirmação da política absolutista dos reinos europeus cer-
ceadora de todas as iniciativas dos colonos nas Américas.
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20 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
 AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Navios franceses, contudo, continuavam a assediar 
o litoral da colônia portuguesa. Diante dessa situação, 
o rei dom João III percebeu que para colonizar as novas 
terras não bastava simplesmente fundar vilas. Seria ne-
cessário adotar outro regime de colonização. O modelo 
escolhido foi o das capitanias hereditárias.
Esse sistema de colonização já havia sido utilizado 
pelo governo português nas ilhas da Madeira, Açores e 
Cabo Verde. Consistia em dividir um território em gran-
des extensões de terras e conceder a particulares – os 
capitães donatários – o direito de explorá-las.
Assim, entre 1534 e 1536, o governo de Portugal 
dividiu sua colônia na América em quinze faixas de terra 
lineares e paralelas, que se estendiam, no sentido norte-
-sul, de regiões dos atuais estados do Pará e Maranhão 
até Santa Catarina e, no sentido leste-oeste, do litoral até 
a linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas (veja o 
mapa ao lado). Para financiar a colonização dos enormes 
lotes, a Coroa portuguesa decidiu buscar o apoio da ini-
ciativa privada.
Como os nobres não manifestaram interesse em 
desbravar as novas terras, dom João III concedeu as ca-
pitanias a militares envolvidos na conquista das Índias 
e a altos burocratas da Corte em condições financeiras 
de colonizar os lotes. Ao todo, doze pessoas foram con-
templadas. Algumas, como Martim Afonso de Sousa e 
seu irmão Pero Lopes de Sousa, receberam mais de uma 
capitania.
Os capitães donatários
Os donatários não eram proprietários das capita-
nias. Por isso não poderiam vendê-las, mas somente ex-
plorá-las. Em compensação, podiam transmiti-las a seus 
filhos. Entre seus direitos e atribuições, estavam os de 
fundar vilas, doar lotes de terras (as sesmarias – origem 
dos primeiros latifúndios), nomear ouvidores, tabeliães, escrivães e juízes. Podiam também co-
brar impostos sobre tudo o que fosse produzido na capitania. Mas nem mesmo esses privilégios 
foram suficientes para estimular alguns donatários a iniciar o povoamento de suas capitanias. 
Uma das razões para isso é que eles deveriam arcar com as despesas da viagem até as novas 
terras. 
Assim, quatro donatários nem sequer saíram de Portugal para conhecer suas terras além-
-mar. Outros enfrentaram inúmeros problemas: dificuldade para desbravar áreas que chegavam 
a ser maiores do que países europeus, doenças, escassez de recursos, desentendimentos internos 
e ataques indígenas.
Dos oito donatários que vieram para suas terras, dois morreram em naufrágios e um – 
Francisco Pereira Coutinho, da capitania da Baía de Todos-os-Santos – foi morto e comido pelos 
Tupinambá; Pero do Campo Tourinho, da capitania de Porto Seguro, foi preso pelos próprios 
colonos e enviado à Inquisição portuguesa, sob acusação de heresia; três outros interessaram-se 
pouco por suas capitanias – entre eles Vasco Fernandes Coutinho, donatário da capitania do 
Espírito Santo (veja o boxe “Patrimônio e diversidade”, na página 21) – e apenas Duarte Coelho 
viu seus negócios prosperarem.
Corte:
lugar de residência de um rei, rainha 
ou imperador; círculo de pessoas, 
geralmente da nobreza, mais próxi-
mas de um monarca e que residiam 
nas proximidades de seu palácio; 
também faziam parte da Corte os mi-
nistros e os altos funcionários do rei, 
rainha ou imperador.
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Capitanias hereditárias
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ATLÂNTICO
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MARANHÃO João de Barros e Aires da Cunha
MARANHÃO Fernando Álvares de Andrade
CEARÁ Antônio Cardoso de Barros
RIO GRANDE João de Barros e Aires da Cunha
ITAMARACÁ Pero Lopes de Sousa
PERNAMBUCO Duarte Coelho
BAÍA DE TODOS-OS-SANTOS
Francisco Pereira Coutinho
ILHÉUS
Jorge Figueiredo Correia
PORTO SEGURO
Pero do Campo Tourinho
ESPÍRITO SANTO
Vasco Fernandes Coutinho
SÃO TOMÉ Pero de Góis
SÃO VICENTE Martim Afonso de Sousa
SANTO AMARO Pero Lopes de Sousa
SANTANA Pero Lopes de Sousa
SÃO VICENTE Martim Afonso de Sousa
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Capitanias que prosperaram
Capitanias que não prosperaram
Limites atuais do território brasileiro
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e 
aprofunde-se no assunto.
Representação e 
Linguagem
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Espírito Santo: Num domingo de Pentecostes
No dia 1o de junho de 1534, o rei de Portugal dom João III assinou uma carta concedendo ao militar Vasco Fernandes Coutinho a 
doação de uma capitania hereditária na colônia portuguesa da América. Vasco vendeu seusbens e com o dinheiro arrecadado embarcou 
com sessenta pessoas, muitas delas presos condenados ao degredo. Chegou em sua capitania em 1535. Era domingo de Pentecostes, festa 
religiosa cristã, e por isso deu a suas terras o nome de Espírito Santo.
Vasco Fernandes Coutinho determinou a formação de um vilarejo no sopé do atual morro da Penha. Nascia assim a Vila do Espírito 
Santo, atual cidade de Vila Velha, o maior e mais antigo município do estado do Espírito Santo. A cultura de milho foi, no início, a principal 
atividade econômica dos habitantes da vila. Daí surgiu a expressão capixaba, derivada do tupi kapi’xawa, que quer dizer “terra de plantação”. 
A capital capixaba, Vitória, seria fundada dezesseis anos mais tarde, em 1551, na ilha de Santo Antônio. 
Entre o final do século XVI e o começo do século XVIII, a capitania do Espírito Santo sofreu sucessivos ataques de franceses, ingleses e 
holandeses. Para defender-se, seus habitantes ergueram quatro fortificações na ilha de Santo Antônio. A mais importante delas foi o Forte 
de São João, do qual já não restam vestígios.
Ainda hoje, marcas desse período inicial da colonização do Espírito Santo po dem ser vistas pelo estado. Em Vila Ve lha, por exemplo, 
encontram-se algumas das primeiras construções erguidas na co lônia portuguesa da Amé rica, como é o caso do con ven to Nossa Senhora 
da Penha, construído em 1558, e da igreja de Nos sa Senhora do Rosário, de 1573, a quarta mais antiga do Brasil. 
Além das construções históricas, o Espírito Santo mantém vivos hábitos e costumes herdados dos antigos povos indígenas que ocupavam 
a região há mais de quinhentos anos. Uma dessas tradições pode ser observada no bairro das Goiabeiras, em Vitória, onde artesãs modelam 
em barro panelas, potes, travessas, bules, caldeirões e outros utensílios de cozinha. Para produzir esses objetos, as mulheres-artesãs empregam 
a mesma técnica utilizada pelos indígenas há mais de quinhentos anos. As panelas são modeladas manualmente, sem o uso do torno de oleiro. 
O conhecimento desse ofício tem sido transmitido de mãe para filha ao longo de gerações. 
Para muitos, o uso da panela de barro dá um sabor todo especial a um dos mais tradicionais pratos da culinária do Espírito Santo: a 
moqueca de peixe capixaba, que leva, entre outros ingredientes, urucum, azeite, limão, cebola, tomate e coentro.
PATRIMÔNIO E DIVERSIDADE
Convento Nossa Senhora da Penha, no centro de Vila Velha (ES). Foto de 2009.
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22 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Pernambuco e São Vicente
Donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho fundou as vilas de Igaraçu (cerca de 
1535) e Olinda (1537) e procurou fixar os colonos à terra, promovendo casamentos com nativas. 
Além de incentivar a criação de gado e o cultivo de algodão, estimulou o plantio de cana-de-açúcar, 
lançando assim as bases da economia açucareira nordestina: em 1550, já funcionavam em Pernam-
buco cinco engenhos de açúcar.
Duarte Coelho foi também um dos primeiros colonizadores a recorrer à mão de obra africana 
escravizada em suas terras. Em 1539, pedia por carta ao rei dom João III “alguns escravos de Guiné”, 
ou seja, provenientes do golfo da Guiné, atual Gana.
Depois de Pernambuco, a capitania que melhor se desenvolveu foi a de São Vicente, apesar 
de seu donatário, Martim Afonso de Sousa, não ter mais voltado às terras recebidas do rei. Vários 
povoados surgiram na região. Em 1546, Brás Cubas fundou a poucos quilômetros de São Vicente 
a segunda vila da capitania, Santos, onde ergueu a Casa de Misericórdia do Brasil para tratar dos 
doentes. Em 1548 funcionavam nessa capitania seis engenhos de açúcar. Entretanto, a atividade 
mais lucrativa era o tráfico de nativos escravizados: naquele ano, para uma população de cerca 
de 600 colonos de origem europeia, havia mais de 3 mil indígenas escravizados.
 ACESSE O SITE
Biblioteca Digital de Cartogra-
fia Histórica da USP
Reúne mapas, informações carto-
gráficas, biografias entre muitos 
outros dados referentes, princi-
palmente, à História do Brasil e da 
América. Disponível em: <www.
cartografiahistorica.usp.br/>. 
Acesso em: 15 jan. 2015.
 AS CAPITANIAS EM XEQUE
Apesar do êxito das capitanias de Pernambuco e São Vicente, as capitanias hereditárias contri-
buíram com menos de 3% de todas as rendas da Coroa portuguesa. Tal situação expunha as fragili-
dades do sistema de colonização escolhido por Portugal: a ligação entre as capitanias era precária, o 
poder encontrava-se disperso entre os donatários e os conflitos com os indígenas se intensificavam. 
Além disso, os navios franceses continuavam assediando o litoral.
No final de 1548 o governo português concluiu que estava na hora de assumir o controle da 
colônia e implantou uma forma de administração centralizada: o Governo-Geral.
Brasão da família de Martim Afonso de 
Sousa, donatário da capitania de São 
Vicente. Brasões são desenhos criados 
para identificar famílias, cidades ou 
mesmo países. Sua elaboração obedece 
a certas regras determinadas por um 
campo de estudo chamado heráldica.
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Primeira página da carta de doação 
da capitania de Pernambuco a Duarte 
Coelho, datada de 10 de março de 
1534. Documento pertencente ao 
acervo do Arquivo Nacional Torre do 
Tombo, Lisboa, Portugal.
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
PARA CONSTRUIR
 TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 3 e 4
5 (Mack-SP)
NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para principiantes. 
São Paulo: Ática, 2003. p. 61.
A charge refere-se: b
a) à organização do Governo-Geral, em 1549, dividindo o território brasileiro em extensos lotes de terras, entregues, por sua vez, 
a nobres portugueses responsáveis pelo início efetivo da colonização do Brasil.
b) às dificuldades encontradas pela Coroa portuguesa no início da colonização do Brasil, uma vez que, em virtude, dentre outros, 
do fracasso das capitanias hereditárias, a colônia sofria constantes ataques de piratas europeus.
c) ao fracasso do Governo-Geral, em virtude da corrupção existente na Corte portuguesa, transferida para o Brasil, responsável 
pela concessão de privilégios aos piratas franceses no comércio do pau-brasil.
d) ao Governo-Geral, responsável pela efetivação da colonização brasileira, por meio de incentivos aos bandeirantes paulistas, 
para que ultrapassassem os limites de Tordesilhas e expulsassem os piratas franceses fixados no litoral.
e) às dificuldades encontradas pela Coroa portuguesa na efetiva organização da exploração da colônia, uma vez que a abundância 
de metais preciosos ali despertou, nos piratas europeus, o interesse pelas terras lusas na América.
6 As capitanias hereditárias representaram um novo sistema de colonização do território português na América do Sul. Quais eram 
as características fundamentais desse modelo de colonização?
As capitanias hereditárias consistiam na divisão do território em grandes extensões de terras concedidas a particulares, os capitães
donatários, que recebiam permissão real para explorá-las. Assim, entre 1534 e 1536, dom João III dividiu a colônia portuguesa na
América em 15 faixas de terra lineares e paralelas. Para financiar a colonização dos enormes lotes, a Coroa portuguesa buscou apoio
da iniciativa privada. Entre os direitos e atribuições dos donatários estavam os de fundar vilas, doar lotes de terras (as sesmarias
– origem dos primeiros latifúndios), nomear ouvidores, tabeliães, escrivães e juízes.
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24 Idade Moderna II: do início da colonização portuguesana América à independência dos Estados Unidos
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.
Veja, no Guia do Professor, as respostas 
da “Tarefa para casa”.
PARA PRATICARPARA PRATICAR
1 (PUC-RS) Entre 1500 e 1530, os interesses da Coroa portu-
guesa, no Brasil, focavam o pau-brasil, madeira abundante na 
Mata Atlântica e existente em quase todo o litoral brasileiro, 
do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. A extração era fei-
ta de maneira predatória e assistemática, com o objetivo de 
abastecer o mercado europeu, especialmente as manufatu-
ras de tecido, pois a tinta avermelhada da seiva dessa madei-
ra era utilizada para tingir tecidos. A aquisição dessa matéria-
-prima brasileira era feita por meio da:
a) exploração escravocrata dos europeus em relação aos ín-
dios brasileiros.
b) criação de núcleos povoadores, com utilização de traba-
lho servil.
c) utilização de escravos africanos, que trabalhavam nas feitorias. 
d) exploração da mão de obra livre dos imigrantes portu-
gueses, franceses e holandeses.
e) exploração do trabalho indígena, no estabelecimento de 
uma relação de troca, o conhecido escambo.
2 (Vunesp)
 [Os Tupinambá] têm muita graça quando falam [...]; 
mas faltam-lhe três letras das do ABC, que são F, L, R gran-
de ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não 
têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adoram; 
nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos pa-
dres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm 
verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça 
bem. E se não têm L na sua pronunciação, é porque não têm 
lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; 
e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem 
haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns 
com os outros. E se não têm esta letra R na sua pronuncia-
ção, é porque não têm rei que os reja, e a quem obedeçam, 
nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o filho 
ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade [...]
Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil em 1587. 1987.
O texto destaca três elementos que o autor considera inexis-
tentes entre os Tupinambá, no final do século XVI. Esses três 
elementos podem ser associados, respectivamente: 
a) à diversidade religiosa, ao poder judiciário e às relações 
familiares.
b) ao respeito por Deus, à obediência aos pais e à aceitação 
dos estrangeiros.
c) ao catolicismo, ao sistema de governo e ao respeito pelos 
diferentes.
d) à estrutura política, à anarquia social e ao desrespeito 
familiar.
e) à fé religiosa, à ordenação jurídica e à hierarquia política.
3 A obra reproduzida a seguir, Adoração dos reis magos, foi pin-
tada por volta de 1505 e é uma representação da homena-
gem que teria sido prestada ao menino Jesus por sábios vin-
dos do Oriente, segundo relato do Novo Testamento, um dos 
livros da Bíblia. O pintor, contudo, representou um dos sábios 
como um indígena. Com base na cena e especialmente nes-
se personagem, escreva um texto sobre a visão dos europeus 
a respeito dos nativos da América, levando em conta as dife-
renças culturais entre os dois povos.
PARA PRATICARPARA APRIMORAR
1 (UFRJ)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, 
ou outra coisa de metal ou ferro; nem lha vimos. Contudo a 
terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como 
os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo dagora as-
sim os achávamos como os de lá. [As] águas são muitas; infi-
nitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, 
dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar pare-
ce-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal 
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não 
houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada 
para essa navegação de Calicute [isso] bastava. Quanto 
mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa 
Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal em 1o maio de 1500.
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tada por volta de 1505 e é uma representação da homena-
gem que teria sido prestada ao menino Jesus por sábios vin-
dos do Oriente, segundo relato do Novo Testamento, um dos 
tada por volta de 1505 e é uma representação da homena-
Ene
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Executado por volta 
de 1505 pelo pintor 
português Vasco 
Fernandes, esse quadro 
a óleo intitulado 
Adoração dos reis 
magos representa 
uma cena do Novo 
Testamento, um dos 
livros da Bíblia. Nessa 
representação, um dos 
reis magos tradicionais 
é substituído por um 
indígena das terras que 
hoje pertencem ao 
Brasil. 
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Idade Moderna II: do início da colonização portuguesa na América à independência dos Estados Unidos
Seguindo a evidente preocupação de descrever ao rei de Portugal tudo o que fora observado durante a curta estadia na terra 
denominada de Vera Cruz, o escrivão da frota cabralina menciona, na citada carta, possibilidades oferecidas pela terra recém-
-conhecida aos portugueses. Dentre essas possibilidades estão:
a) a extração de metais e pedras preciosas no interior do território, área não explorada então pelos portugueses.
b) a pesca e a caça pela qualidade das águas e terras onde aportaram os navios portugueses.
c) a extração de pau-brasil e a pecuária, de grande valor econômico naquela virada de século.
d) a conversão dos indígenas ao catolicismo e a utilização da nova terra como escala nas viagens ao Oriente.
e) a conquista de Calicute a partir das terras brasileiras e a cura de doenças pelos bons ares aqui encontrados.
2 (PUC-SP) Leia as duas estrofes a seguir:
Pindorama, Pindorama
É o Brasil antes de Cabral
Pindorama, Pindorama
É tão longe de Portugal
Fica além, muito além
Do encontro do mar com o céu
Fica além, muito além
Dos domínios de Dom Manuel.
Vera Cruz, Vera Cruz
Quem achou foi Portugal
Vera Cruz, Vera Cruz
Atrás do Monte Pascoal
Bem ali Cabral viu
Dia vinte e dois de abril
Não só viu, descobriu
Toda terra do Brasil.
PERES, Sandra; TATIT, Luiz. Pindorama. In: Palavra Cantada, Canções Curiosas, 1998.
Entre as várias referências da letra da canção à chegada dos portugueses à América, pode-se mencionar:
a) a preocupação com os perigos da viagem, a distância excessiva e a datação exata do momento da descoberta.
b) o caráter documental do texto, que reproduz o tom, a intenção informativa e a estrutura dos relatos de viajantes.
c) a dúvida quanto à expressão mais adequada para designar a chegada dos portugueses, daí a variação de verbos.
d) o pequeno conhecimento das novas terras pelos conquistadores, indicando sua crença de terem chegado às Índias.
e) a diferença entre os termos que nomeavam as terras, sugerindo uma diferença entre a visão do índio e a do português.
3 A princípio, os portugueses não priorizaram a ocupação das terras descobertas em 1500, já que o comércio com as Índias mostra-
va-se mais atraente que o arriscado investimento na busca de riquezas – principalmente metais preciosos – nos novos domínios. 
Entretanto, poucos anos após a descoberta, a Coroa enviou as primeiras expedições para garantir a posse portuguesa. Com base 
nas informações apresentadas neste capítulo – e, se julgar necessário, com dados de livros, revistas, internet e outras fontes de 
pesquisa – elabore uma linha do tempo, indicando nela as diferentes formas de aproximação, defesa, exploração e administração 
adotadas por Portugal em relação à sua colônia ao longo da primeira metade do século XVI.
4 (Fuvest-SP) Observe as rotas no mapa e responda.
Viagens portuguesas na época moderna
Lisboa
ÁFRICA
EUROPA
AMÉRICA
Cabo
da Boa
Esperança
(1488)
ÍNDIA
ÁSIA
(1498)
Calicute
(1500)
OCEANO
ATLÂNTICO OCEANO
ÍNDICO
Bartolomeu Dias
Vasco da Gama
Pedro Álvares Cabral
N
1 667
km
0
a) O que representou, para os interesses de Portugal, a rota marítima Lisboa-Cabo da Boa

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