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Aula 02
Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e
Monetária) Com Videoaulas - 2019
Paulo Portinho
 Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 
Teoria e Questões Comentadas 
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AULA 02 – OPERAÇÕES E INSTRUMENTOS DO 
MERCADO FINANCEIRO 
APRESENTAÇÃO E TÍTULOS PÚBLICOS; TÍTULOS PRIVADOS DE DÍVIDA; 
AÇÕES ORDINÁRIAS E PREFERENCIAIS; SECURITIZAÇÃO; OPERAÇÕES 
COMPROMISSADAS; DEPÓSITOS À VISTA, A PRAZO E INTERFINANCEIRO; 
FUNDOS DE INVESTIMENTO; CONTRATOS FUTUROS, A TERMO, SWAPS E 
OPÇÕES; DERIVATIVOS DE CRÉDITO 
 
SUMÁRIO RESUMIDO 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 1 
2. TÍTULOS PÚBLICOS ............................................................................. 4 
2.1. OPERAÇÕES COMPROMISSADAS ...................................................... 16 
3. TÍTULOS PRIVADOS DE DÍVIDA ........................................................... 18 
4. SECURITIZAÇÃO E CRÉDITO ESTRUTURADO ........................................ 30 
5. DEPÓSITOS À VISTA, A PRAZO E INTERFINANCEIRO ............................. 46 
6. FUNDOS DE INVESTIMENTO ................................................................ 50 
7. AÇÕES ORDINÁRIAS E PREFERENCIAIS ................................................ 59 
8. QUESTÕES RELACIONADAS AOS TEMAS ............................................... 65 
9. GABARITO DAS QUESTÕES COM COMENTÁRIOS .................................... 68 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O programa dessa aula é bastante extenso, daria para preencher um 
livro inteiro, a depender da profundidade exigida. 
Mas olhando o banco de dados das questões dos últimos concursos, e 
aliando essa informação com o fato de que outras aulas abordarão (ou 
abordaram) mais profundamente temas como derivativos e apreçamento de 
títulos, entendo que o modelo de aula deva ser mais teórico, mais genérico e 
menos jurídico e financeiro. 
Quem assistiu ao filme “A Grande Aposta” deve lembrar que o 
personagem principal, em determinado momento do filme, pede a um banco 
para estruturar um derivativo de proteção contra default (evento de crédito de 
não pagamento), conhecido como credit default swap. 
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Era um instrumento financeiro, mas, como TODOS esses instrumentos, 
na verdade, o que está por detrás é um complexo contrato em termos jurídicos 
bem estritos e rigorosos. 
Há contratos de produtos financeiros relativamente simples, que ainda 
assim contabilizam 200 páginas, se for necessário listar todas as hipóteses de 
default, cláusulas de antecipação (covenants), fianças, garantias etc. 
E isso vale para os produtos financeiros elencados nesta aula. Os títulos 
de dívida públicos são padronizados, de forma que o investidor raramente lê 
cláusulas específicas do contrato do título. Mas um título de dívida privado 
costuma ter lançamento público (ou esforços restritos), com documentação 
que atinge, facilmente, 600 páginas no site da CVM. 
Outro ponto importante, que vai balizar nossa aula, é que alguns dos 
instrumentos financeiros elencados parecem fazer parte do dia-a-dia de um 
analista do BACEN. Ao exigir conhecimento sobre Depósitos interbancários 
(DI), de operações compromissadas (relação Tesouro-BACEN), SWAPS 
(atuação do BACEN no mercado de câmbio, por exemplo), parece-nos que o 
objetivo é que o candidato já tenha um bom conhecimento, ao menos na 
teoria, do que significam essas operações e como o BACEN se relaciona com 
elas na gestão das finanças públicas. 
Em resumo, vamos apresentar um quadro bem completo sobre os 
instrumentos e operações apresentados, porém menos com foco no “decoreba” 
de suas características jurídicas e mais com foco no que significam para o 
BACEN e para o sistema financeiro nacional. 
Mas é fortemente recomendado que as leis, instruções da CVM, códigos 
de autorregulação, resoluções e decretos colocados nesta aula também sejam 
lidos pelo aluno. Digo isso porque não é impossível que a prova do BACEN 
pergunte algo pontual, como o percentual máximo por emissor em um fundo 
de investimentos ou percentual mínimo de direitos creditórios em um FDIC. 
Mas podem ficar tranquilos no que se refere à matemática envolvida 
nessas operações, pois trataremos em aulas específicas, como já fizemos nas 
aulas anteriores, que mostraram como se calcula os valores presentes dos 
títulos públicos, de fluxos financeiros com cupons etc.. 
Outro ponto a respeito dessa aula. Algumas das definições 
apresentadas estarão baseadas em sites de reguladores e outras autoridades, 
como BACEN, CVM, ANBIMA, CETIP etc. Isso é importante, pois são os 
depositários oficiais para a maioria desses instrumentos e operações. 
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A estratégia será apresentar uma lista extensiva dos instrumentos 
financeiros, a partir das definições formais presentes em sites de reguladores, 
de autorreguladores, de autarquias ou nas próprias leis. Não cabe aqui espaço 
para definições recriadas ou reescritas, pois a maioria dos instrumentos 
financeiros é definido por leis, regulamentos, portarias, resoluções etc. 
Alguns dos títulos não são mais emitidos ou distribuídos, mas têm 
negociação em mercado secundário, portanto serão apresentados nesta aula. 
Entendo que o material apresentado deverá ser suficiente para a 
resolução das questões ao final. 
Ainda, dada a possibilidade de alteração de detalhes dos títulos via lei 
ou outro instrumento normativo, os dados estão atualizados até o dia 
06.05.2016. Havendo alguma mudança relevante, o texto será alterado 
oportunamente. 
Por fim, parte de Opções, Derivativos, Contratos Futuros e a Termo, 
Swaps e Derivativos de Crédito serão tratadas em aulas específicas sobre 
derivativos. 
Mãos à obra! 
 
 
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2. TÍTULOS PÚBLICOS 
Títulos públicos são instrumentos eminentemente de renda fixa (juros 
contratados), emitidos por entes do poder executivo (hoje apenas governo 
federal) com objetivo de financiar os gastos e as necessidades de recursos dos 
governos. 
Os títulos podem ser atrelados a índices diversos. De inflação, 
relacionados à taxa SELIC, de câmbio etc. Normalmente pagando uma taxa de 
juros além da variação desses indicadores. Na aula anterior mostramos o 
cálculo de um título atrelado à inflação. 
O investidor pessoa física pode comprar títulos da dívida pública federal 
de três maneiras: 
1. Tesouro Direto. É um programa que facilita o acesso do pequeno 
investidor ao mercado de títulos, permitindo compras e vendas de 
valores baixos via internet.Mais detalhes ver no link 
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-conheca-o-
tesouro-direto. 
2. Através de Instituições Financeiras: nesse caso, o investidor 
precisa se cadastrar junto a um banco comercial ou de 
investimento ou a uma corretora ou distribuidora de títulos e 
valores mobiliários regularmente habilitados no sistema eletrônico 
disponibilizado pelo Banco Central e solicitar a aquisição dos 
títulos. Geralmente, essa forma de aplicação só está disponível 
para pessoas com muitos recursos à disposição para investir. 
3. Fundos de Investimento e de previdência privada: aqui o 
investidor participa comprando cotas de fundos que apliquem 
seus recursos, ou parte deles, em títulos públicos federais. Esse 
tipo de aplicação é acessível para investidores de várias faixas de 
renda, mas estes não têm total autonomia nas decisões sobre 
alocação de seus recursos, uma vez que a administração das 
carteiras fica a cargo dos gestores dos fundos. 
Se for pessoa jurídica, poderá acessar os títulos da seguinte forma: 
1. Pessoa Jurídica Financeira: As instituições financeiras e demais 
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, 
que sejam titulares de conta de custódia no Sistema Especial de 
Liquidação e de Custódia (SELIC) e de conta Reservas Bancárias 
ou Conta de Liquidação no Sistema de Transferência de Reservas 
(STR), ambos administrados pelo Banco Central, podem adquirir 
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títulos públicos federais no mercado primário, participando 
diretamente das ofertas públicas. No mercado secundário, podem 
adquirir títulos mediante negociação direta com outra instituição 
financeira, que, de igual forma, seja participante dos referidos 
Sistemas. 
2. Pessoa Jurídica Não Financeira: Empresas, Entidades Fechadas de 
Previdência Complementar ("Fundos de Pensão"), Sociedades 
Seguradoras, Operadoras de Planos de Saúde e demais 
instituições não classificadas no item anterior somente podem 
adquirir títulos públicos federais, no mercado primário e no 
mercado secundário, por meio de uma instituição financeira ou 
instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, 
desde que atendidos os requisitos acima. 
Aqui convém diferenciar e ilustrar alguns termos. 
Mercado primário é o mercado onde o trânsito financeiro se dá entre 
o emissor original e o tomador original. É o momento em que o Tesouro se 
capitaliza, pois o dinheiro vai diretamente para seu caixa. 
Mercado secundário é o mercado onde o trânsito financeiro se dá 
entre vendedores e compradores não originais (que não deram origem à 
operação), tendo por base títulos que já estão no mercado. 
Importante destacar que, mesmo que o Tesouro recompre títulos e 
recoloque no mercado, isso não representa atuação no mercado primário, pois 
o título já estaria em negociação no mercado. Em resumo, o tesouro não se 
capitaliza diretamente dessa forma. 
Sistema SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É o 
depositário central dos títulos que compõem a dívida pública mobiliária federal 
interna. É onde se processam e se registram as emissões, os resgates, 
pagamentos de juros etc. 
Uma central depositária que faz liquidação e custódia de títulos funciona 
como um grande registro eletrônico de todos os títulos e seus movimentos. É o 
que garantirá que quem comprou o título vai recebê-lo no prazo correto e 
quem vendeu vai receber o dinheiro, também no prazo correto. 
A liquidação é a operação que concretiza a negociação. A central 
garante os direitos das partes envolvidas. A custódia é, tão somente, o registro 
dos títulos e das operações. 
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Os títulos não são mais físicos, são escriturais (emitidos na forma 
eletrônica apenas), por isso todo o processamento tem que se dar pelo 
Sistema SELIC. 
Essa é uma explicação simplificada, mas recomendo fortemente a 
leitura detalhada fornecida pelo site do BACEN. Ver no link 
http://www.bcb.gov.br/htms/novaPaginaSPB/selic.asp?IDPAI=SPBLIQTIT. 
Agente de custódia é a instituição que cuida da administração das 
contas de custódia dos investidores junto à BM&FBOVESPA (caso do tesouro 
direto), sendo responsáveis pelas informações cadastrais dos investidores, pela 
guarda dos títulos públicos na BM&FBOVESPA, pela intermediação financeira 
entre os investidores e o Tesouro Nacional e pelo recolhimento de taxas e 
impostos. As corretoras de valores, bancos comerciais, múltiplos ou de 
investimento e Distribuidoras de Valores. As contas de custódia na 
BM&FBOVESPA não são as mesmas do sistema SELIC. Mais adiante veremos 
os sistemas de liquidação de custódia da bolsa e da Cetip. 
 
Títulos e características 
O documento mais atual com as características dos títulos públicos, no 
site do BACEN, apresenta a seguinte distribuição: 
 
Letras do Tesouro Nacional (LTN) 
Legislação básica: Decreto nº 3.859, de 4.7.2001. 
Finalidade: poderão ser emitidas para cobertura de défi cit orçamentário, 
bem como para realização de operações de crédito por antecipação de 
receita, observados os limites fixados pelo Poder Legislativo. 
Características: 
a) prazo: definido pelo Ministro da Fazenda, quando da emissão do 
título; 
b) modalidade: nominativa; 
c) valor nominal: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); 
d) rendimento: definido pelo deságio sobre o valor nominal; 
e) resgate: pelo valor nominal, na data do vencimento; 
f) custódia: Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) 
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Letras Financeiras do Tesouro (LFT) 
Legislação básica: Decreto nº 3.859, de 4.7.2001. 
Finalidade: destinam-se ao cumprimento dos contratos de assunção, pela 
União, das dívidas de responsabilidade dos estados e do Distrito Federal, 
nos termos da Lei nº 9.496, de 11.9.1997, bem como das operações 
relativas à redução da presença do setor público estadual na atividade fi 
nanceira bancária, nos termos da Medida Provisória nº 2.192-68, de 
28.6.2001. As LFT poderão ser emitidas em duas séries distintas: Letras 
Financeiras do Tesouro Série A (LFT-A) e Letras Financeiras do Tesouro 
Série B (LFT-B). As LFT-B também poderão ser emitidas para o 
cumprimento dos contratos de assunção, pela União, das dívidas de 
responsabilidade dos municípios, nos termos da Medida Provisória nº 
2.185-33, de 28.6.2001. 
Letras Financeiras do Tesouro Série A (LFT-A) 
Características: 
a) prazo: até quinze anos; 
b) forma de colocação: direta, em favor do interessado; 
c) valor nominal na data-base: R$1.000,00 (mil reais); 
d) rendimento: definido pela taxa média ajustada dos 
financiamentos diários apurados no Selic, para títulos públicos 
federais, divulgada pelo Banco Central, acrescida de 0,0245% 
a.m.; 
e) resgate do principal: em até 180 parcelas mensais e 
consecutivas, vencendoa primeira no mês seguinte ao da emissão, 
sendo cada uma delas de valor correspondente ao resultado obtido 
pela divisão do saldo remanescente, atualizado e capitalizado, na 
data do vencimento de cada uma das parcelas pelo número de 
parcelas vincendas, inclusive a que estiver sendo paga; 
f) custódia: Selic. 
Letras Financeiras do Tesouro Série B (LFT-B) 
Características: 
a) prazo: até quinze anos; 
b) forma de colocação: direta, em favor do interessado; 
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c) valor nominal na data-base: R$1.000,00 (mil reais); 
d) rendimento: definido pela taxa média ajustada dos 
financiamentos diários apurados no Selic, para títulos públicos 
federais, divulgada pelo Banco Central; 
e) resgate do principal: pelo valor nominal, acrescido do respectivo 
rendimento, desde a data-base do título; 
f) custódia: Selic. 
 
Notas do Tesouro Nacional (NTN) 
Legislação básica: Decreto nº 3.859, de 4.7.2001. 
As NTN poderão ser emitidas em dez séries distintas: A, B, C, D, F, H, I, 
M, P, e R sub-série 2. Por sua vez, as NTN série A poderão ser emitidas 
em nove sub-séries distintas: A1, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10. 
Apresentaremos apenas os títulos que ainda estão sendo emitidos, e 
outros que podem voltar a ser emitidos. Os títulos baseados em 
renegociações de dívidas internas e externas, de financiamento de 
programas de desestatização etc., podem ser lidos no link 
http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/finpub/cap6p.pdf: 
 
Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) 
Características: 
a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da 
emissão do título; 
b) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, 
quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o 
valor nominal atualizado; 
c) modalidade: nominativa; 
d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); 
e) atualização do valor nominal: pela variação do Índice Nacional 
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês anterior, divulgado 
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
desde a data-base do título; 
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f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no 
primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de 
juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis 
meses, independentemente da data de emissão do título; 
g) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; 
h) custódia: Selic. 
 
Notas do Tesouro Nacional Série C (NTN-C) 
Características: 
a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da 
emissão do título; 
b) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, 
quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o 
valor nominal atualizado; 
c) modalidade: nominativa; 
d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reias); 
e) atualização do valor nominal: pela variação do Índice Geral de 
Preços – Mercado (IGP-M) do mês anterior, divulgado pela 
Fundação Getulio Vargas (FGV), desde a data-base do título; 
f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no 
primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de 
juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis 
meses, independentemente da data de emissão do título; 
g) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; 
h) custódia: Selic. 
 
Notas do Tesouro Nacional Série D (NTN-D) 
Características: 
a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da 
emissão do título; 
b) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, 
quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o 
valor nominal atualizado; 
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c) modalidade: nominativa; 
d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); 
e) atualização do valor nominal: pela varaiação da cotação de 
venda do dólar dos Estados Unidos da América no mercado de 
câmbio de taxas livres, divulgada pelo Banco Central do Brasil, 
sendo consideradas as taxas médias do dia útil imediatamente 
anterior à data-base e à data de vencimento do título; 
f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no 
primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de 
juros a ser pago contemplará a taxa integral defi nida para seis 
meses, independentemente da data de emissão do título; 
g) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; 
h) custódia: Selic.; 
 
Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) 
Características: 
a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da 
emissão do título; 
b) taxa de juros: defi nida pelo Ministro de Estado da Fazenda, 
quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o 
valor nominal; 
c) modalidade: nominativa; 
d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); 
e) rendimento: definido pelo deságio sobre o valor nominal; 
f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no 
primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de 
juros a ser pago contemplará a taxa integral defi nida para seis 
meses, independentemente da data de emissão do título; 
g) resgate: pelo valor nominal, na data do seu vencimento; 
h) custódia: Selic. 
 
Notas do Tesouro Nacional Série H (NTN-H) 
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a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da 
emissão do título; 
b) modalidade: nominativa; 
c) valor nominal na data base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); 
d) atualização do valor nominal: por índice calculado com base na 
Taxa Referencial de Juros (TR), divulgada pelo Banco Central do 
Brasil, desde a data-base até a data de vencimento do título; 
e) resgate do principal: em parcela única, na data do seu 
vencimento; 
f) custódia: Selic. 
 
A metodologia de cálculo desses títulos já foi demonstrada na aula 
anterior, atentando para o fato de que o Valor Nominal Atualizado deverá 
ser específico para cada indexador. 
 
Títulos colocados via emissão direta 
Os títulos descritos anteriormente são colocados pelo Tesouro via leilões 
(processo competitivo de formação de taxas) em ofertas públicas. Há títulos de 
emissão direta, para atender finalidades específicas definidas em lei. 
Alguns exemplos de razões para emissões diretas: pagamento de 
equalizaçãode taxa de juros do Programa de Financiamento às Exportações 
(PROEX); securitização de dívidas, decorrente de acordos de renegociação de 
dívidas da própria União ou das entidades cujas obrigações foram ou venham a 
ser assumidas pela União e cujos principais credores são os sistemas bancários 
oficial e privado, fornecedores, empresas prestadoras de serviços e 
empreiteiras; financiamento estudantil para garantir o recebimento de dívidas 
previdenciárias/tributárias das Instituições de Ensino (Fies); emissões para fins 
de reforma agrária (TDA) etc. 
Os principais títulos são: 
Certificados Financeiros do Tesouro – CFT 
Títulos destinados a atender operações com finalidades específicas, 
definidas em lei. Os CFT podem ser emitidos em oito séries distintas. A 
legislação básica do CFT é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. 
 
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Certificados da Dívida Pública – CDP 
Títulos emitidos com a finalidade de amortizar ou quitar dívidas 
previdenciárias, nos termos da Lei n° 9.711, de 20 de novembro de 1998. A 
legislação básica do CDP é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. 
Certificado do Tesouro Nacional – CTN 
Títulos provenientes da renegociação de dívidas originárias do crédito 
rural. Sua colocação é efetuada por instituição financeira credora, em favor do 
interessado específico, o qual deverá utilizá-lo para fins de garantia do valor do 
principal, em operações de renegociação de dívidas do setor rural de que trata 
a Resolução CMN 2.471, de 26 de fevereiro de 1998. A Legislação básica do 
CTN é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. 
CVS 
Títulos emitidos como forma de pagamento pela novação de dívidas de 
responsabilidade do Fundo de Compensações de Variações Salariais – FCVS. 
Tais dívidas referem-se ao saldo devedor remanescente quando do 
encerramento de contratos de financiamento habitacional, com cobertura do 
FCVS. A legislação básica do CVS é a Lei n° 10.150, de 21 de dezembro de 
2000, o Decreto n° 4.378, de 16 de setembro de 2002 e a Portaria MF nº 346, 
de 07.10.2005. 
Letras Financeiras do Tesouro – Séries A e B – LFT-A e LFT-B 
Títulos emitidos para o cumprimento dos contratos de assunção pela 
União das dívidas de responsabilidade dos Estados, do Distrito Federal e dos 
municípios, nos termos da Lei n° 9.496, de 11 de setembro de 1997 e da 
Medida Provisória n° 2.185-35, de 24 de agosto de 2001, bem como das 
operações relativas à redução da presença do setor público estadual na 
atividade financeira bancária, nos termos da Medida Provisória no 2.192-70, de 
24 de agosto de 2001. A legislação básica das LFT-A e B é o Decreto n° 3.859, 
de 4 de julho de 2001. 
Títulos da Dívida Agrária – TDA 
Títulos emitidos para o pagamento de indenizações de imóveis rurais 
àqueles que, para fins de reforma agrária, sofrem ação desapropriatória ou 
firmam acordos de compra e venda com a União. A legislação básica do TDA 
são as Leis nº 8.177/91 e nº 4.504/64, os Decretos nº 578/92 e nº 433/92 e a 
Medida Provisória nº 2.183-56/01. 
Notas do Tesouro Nacional – NTN 
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As Notas do Tesouro Nacional possuem diversas séries. Além das NTN-
B, NTN-C e NTN-F anteriormente citadas, que são ofertadas por meio de leilões 
do Tesouro Nacional, outras séries de NTN podem ser emitidas para atender a 
finalidades específicas, definidas em lei. Tais títulos, em geral, pagam cupons 
ao longo de seu ciclo de vida. A legislação básica das NTN é o Decreto n° 
3.859, de 4 de julho de 2001. 
Importante notar que são títulos emitidos com objetivos específicos, 
mas na verdade o que se quer é levantar o recurso para pagar os custos e 
despesas do governo (com o FIES, por exemplo). 
Outro ponto importante, é que esses títulos NÃO são custodiados no 
sistema SELIC, mas na CETIP. Veremos adiante os detalhes. 
 
Alguns exemplos das características dos títulos: 
Certificado Financeiro do Tesouro Série F (CFT-F) 
Características: 
a) forma de colocação: direta, em favor de interessado específico; 
b) modalidade: nominativa; 
c) valor nominal na data base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); 
d) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da 
emissão do certifi cado; 
e) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, 
quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o 
valor nominal atualizado; 
f) rendimento: definido pelo deságio sobre o valor nominal; 
g) custódia: Cetip. 
 
Certificado do Tesouro Nacional (CTN) 
Finalidade: prover recursos necessários à cobertura de défi cits 
orçamentários, observados os limites fixados pelo Poder Legislativo. 
Características: 
a) limite de emissão: definido pela Secretaria do Tesouro Nacional; 
b) data de emissão: dia primeiro de cada mês; 
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c) prazo: vinte anos; 
d) forma de colocação: direta; 
e) valor nominal: R$1.000,00 (mil reais); 
f) preço unitário: calculado à taxa de desconto de 12% ao ano 
sobre o valor nominal atualizado; 
g) atualização: com base na variação do IGP-M, divulgado pela 
FGV, ou outro índice que venha a substituí-lo; 
h) opção de recompra pelo emissor: com base no preço unitário, 
devidamente atualizado até a data da recompra, que poderá ser 
exercida a partir da liberação da garantia; 
i) modalidade: negociável, observando-se que: 
i.1) os títulos serão cedidos à instituição financeira credora da 
operação de renegociação da dívida, em garantia do 
principal, com cláusula resolutiva, os quais deverão 
permanecer bloqueados enquanto constituírem garantia e 
não houver manifestação do Tesouro Nacional acerca do 
exercício da opção de recompra; 
i.2) no caso de transferência dos títulos à instituição 
financeira, em decorrência de execução da garantia, os 
títulos passarão a ser considerados inegociáveis, mediante 
substituição do referido ativo pela Secretaria do Tesouro 
Nacional, especificando essa nova característica; 
j) resgate: em parcela única. 
 
Títulos de responsabilidade do Banco Central 
Atualmente, os títulos de responsabilidade do Banco Central são 
constituídos apenas pelas Notas do Banco Central – Série E (NBC-E), que são 
indexadas ao câmbio. Por força da Lei Complementar nº 101, de 4.5.2000 (Lei 
de Responsabilidade Fiscal), a partir de maio de 2002, o Banco Central ficou 
impedido de emitir títulos públicos. As NBC-E constituem a dívida mobiliária 
interna emitida primariamente pelo Banco Central do Brasil, e todos os títulos 
estão registrados no Sistema Eletrônico de Liquidação e Custódia (Selic). 
 
 
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Notas do Banco Central do Brasil – Série Especial (NBCE) 
Características: 
a) data-base: data de referência para atualização do valor nominal; 
b) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00; 
c) atualização do valor nominal: definida pela variação da cotação 
de venda do dólar dos Estados Unidos da América no mercado de 
câmbio de taxas livres, divulgada pelo Banco Central do Brasil, 
sendo consideradas as taxas médias do dia útil imediatamente 
anterior à data-base e à data de vencimento do título; 
d) taxa de juros: definida pelo Banco Central do Brasil, quando da 
emissão, em porcentagem ao ano, aplicada sobre o valor nominal 
atualizado; 
e) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste de prazo no 
primeiro período de fluência, quando couber; o primeiro cupom de 
juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis 
meses, independentemente da data de emissão do título; 
f) prazo: definido pelo Banco Central do Brasil, quando da emissão 
do título; 
g) modalidade: nominativa e negociável; 
h) forma de colocação: ofertas públicas, cujas condições serão 
divulgadas pelo Banco Central do Brasil; 
i) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; 
j) custódia: Selic. 
A seguir um quadro resumo dos títulos (fonte STN): 
 
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2.1. Operações Compromissadas 
Tomaremos por base a Resolução nº 3.339/2006 do Conselho Monetário 
Nacional (CMN), que define essas operações. 
Em resumo, seriam operações em que em que o vendedor assume o 
compromisso de recomprar os títulos que alienou em data futura predefinida e 
com o pagamento de remuneração preestabelecida. Na mesma operação o 
comprador, por sua vez, assume o compromisso de revender o título ao 
vendedor na data acordada e com o pagamento do preço fixado. 
Diferencia-se das opções por ser um compromisso assumido por ambas 
as partes: a compra com compromisso de revenda e a venda com 
compromisso de recompra. 
As operações compromissadas devem ter pelo menos uma das partes 
contratantes um banco múltiplo, banco comercial, banco de investimento, 
banco de desenvolvimento, sociedade de crédito, financiamento e 
investimento, sociedade corretora de títulos e valores mobiliários, sociedade 
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distribuidora de títulos e valores mobiliários ou a Caixa Econômica Federal, 
habilitado para a realização dessas operações. 
Elas são feitas por alguns motivos: 
Quando o banco tem um ativo do qual não quer se desfazer, seja 
porque recebe uma taxa de juros mais alta ou porque o banco tem 
conhecimento profundo sobre o devedor (e avalia melhor que o mercado), ele 
pode fazer uma operação compromissada, para captar dinheiro no momento 
imediato e recuperar o ativo depois, com preço predefinido. Nesse caso, ele só 
vai pagar o diferencial de juros entre o título “bom” que quer manter e o CDI 
(ou outro indexador), que teria que pagar pelo dinheiro tomado. 
O banco pode usar sua carteira de títulos públicos para levantar 
dinheiro, o que seria mais “barato” do que emitir um CDB, por exemplo, pois o 
risco dos títulos públicos é menor do que o do banco. 
 
 
 
 
 
 
 
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3. TÍTULOS PRIVADOS DE DÍVIDA 
Antes de falar propriamente dos títulos privados, vale expor o papel da 
CETIP nesse mercado. 
A CETIP – Central de Custódia e Liquidação de Títulos desempenha um 
papel de integradora de diversos mercados de títulos, promovendo sua 
custódia, registro, registro de operações e liquidação financeira de títulos 
públicos e privados. Suas atividades são reguladas pela CVM e autorizadas pelo 
BACEN. 
O ambiente da CETIP é conhecido como balcão (counter) que difere do 
ambiente de bolsa de valores por dar aos participantes mais flexibilidade para 
o registro e customização na negociação de títulos e valores mobiliários de 
renda fixa. Pode operar com produtos customizados. A CETIP também pode 
registrar, custodiar e liquidar títulos públicos estaduais e municipais emitidos 
após 1992, títulos representativos de dívidas de responsabilidade do Tesouro 
Nacional, além de todos os créditos securizados da União, da Dívida Agrícola, 
dos Títulos da Dívida Agrária e também dos certificados financeiros do Tesouro 
e principalmente a custódia de Derivativos de balcão, conforme vimos no 
capítulo anterior. 
 
Registro 
A CETIP possui, atualmente, 97% do registro e depósito dos títulos de 
debêntures do país e tem liderança no registro de derivativos de balcão. Entre 
os ativos mais registrados destacam-se, atualmente, CDBs, DIs, Cotas de 
Fundos, Debêntures e Derivativos. A Cetip provê sistemas que garantem o 
registro eletrônico da colocação, o depósito e a liquidação financeira dos 
ativos. As instituições participantes realizam a operação em um mesmo 
ambiente, contemplando desde a distribuição primária até a negociação em 
mercado secundário. 
 
Central depositária 
A CETIP é, hoje, a principal depositária de títulos e ativos privados do 
país. 
O depósito de todos os ativos registrados na Cetip é feito de forma 
escritural, por meio de registro eletrônico em conta aberta em nome do titular. 
Cada ativo está sujeito a uma norma específica e possui diferentes maneiras 
de pagamento de juros, amortizações e resgates. Por isso a CETIP adota 
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procedimentos diferenciados para cada instrumento, para atender a suas 
características próprias. 
 
Ambiente de negociação 
Há três módulos. O Trader-Bonds, ferramenta para compra e venda de 
títulos, semelhante ao que ocorre nas mesas de bolsas de valores, a 
ferramenta de Leilão, que viabiliza colocação primária e de negociação 
secundária de ativos, venda de bens e direitos em geral e o módulo NET, que 
permite negociação de captação bancária e compromissadas. 
Nesse ambiente NET, ocorre a negociação de ativos de captação 
bancária como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Depósito a Prazo com 
Garantia Especial (DPGE) e Letra Financeira (LF), bem como operações 
compromissadas. As operações de mercado secundário envolvendo títulos 
públicos e debêntures são realizadas no Trader. 
O módulo permite a negociação,cotação, leilão e STN – Secretaria do 
Tesouro Nacional (específico para títulos públicos). É possível, também, 
realizar colocações primárias e secundárias de quaisquer ativos, custodiados 
ou não na Cetip. Os leilões podem ser de taxa ou PU (Preço Unitário), com a 
quantidade de ativos definida em lotes ou por unidade. 
 
Gestão de Riscos 
A CETIP oferece uma ferramenta que dá acesso em tempo real todas as 
informações relativas às alocações de colateral (garantias) e permitirá o 
lançamento das exposições a serem cobertas. Esse serviço garante aos 
participantes serviços de cálculo independente de exposição, batimento de 
exposições e gestão de colateral. 
O serviço de Registro com Redutor de Risco de Crédito (DRRC) permite 
estabelecer limite aceitável de exposição ao risco de uma parte para outra em 
uma determinada operação. Esse serviço segue os seguintes passos: 
 O valor de mercado (MtM) da operação é apurado 
periodicamente. 
 Quando esse valor ultrapassa o limite estabelecido pelas partes, 
o excedente (entre o valor de mercado e o limite) é pago pela 
parte devedora à parte credora. 
 A partir daí, esse valor é incorporado ao MtM da operação e 
atualizado por índice acordado previamente entre as partes. 
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 Se o pagamento não for efetivado, o contrato será acelerado 
(liquidado antecipadamente). 
 Esse mecanismo permite que o risco de crédito da operação, 
representado pelo MtM, mantenha-se sempre dentro do limite 
estabelecido. 
 
Instrumentos Financeiros registrados na CETIP 
Essa introdução sobre a CETIP é para mostrar que, praticamente todos 
os instrumentos financeiros com os quais vamos trabalhar nesse capítulo 
(exceto ações, opções padronizadas, títulos públicos custodiados no SELIC 
etc.) estão registrados lá. Isso dá uma garantia de que as regras contratuais 
de cada instrumento financeiro deverão ser cumpridas. Esse é o papel de uma 
central de liquidação e custódia. 
Com esse pano de fundo, a seguir listamos os títulos privados 
negociados na CETIP, suas características, legislação etc. 
Relembrando que a estratégia dessa aula e procurar apresentar 
definições formais, de fontes oficiais, para evitar imprecisões. 
 
Debêntures 
São valores mobiliários de renda fixa, representativos de dívida de 
médio e longo prazos de empresas. 
As debêntures podem ser emitidas por sociedades por ações, de capital 
aberto ou fechado. Para que sejam distribuídas publicamente, devem ser 
emitidas por companhias de capital aberto com prévio registro na CVM 
(Comissão de Valores Mobiliários). 
São regidas (suas regras de emissão, distribuição etc.) pelas leis 
6385/76 e 6404/76 e as Instruções CVM nº 404, 400 e 476 (leitura 
recomendada), as debêntures dão aos seus detentores direito de crédito sobre 
a companhia emissora e possuem características particulares de prazo e 
rentabilidade definidas em sua escritura de emissão. Essa escritura especifica 
as condições da emissão, os direitos dos possuidores e os deveres da 
emitente, descrevendo todas as características do papel: valor nominal; 
indexador pelo qual o valor é atualizado; prazo; forma de cálculo; 
rentabilidade proposta pelo emissor; fluxo de pagamento; e condições que 
devem ser obedecidas pela companhia emissora ao longo da vida útil do ativo. 
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Há duas formas de debêntures: nominativas ou escriturais. Quanto à 
classe, podem ser simples, conversíveis (normalmente conversíveis em 
instrumentos patrimoniais, como ações) ou permutáveis, além de poder ter 
garantia real, flutuante (situação em que se trocam as garantias ao longo do 
contrato), quirografária (sem garantia real) ou subordinada (que não tem 
prioridade no recebimento). 
O valor nominal das debêntures é atualizado ao longo da existência do 
título, de acordo com as características previamente estabelecidas na escritura 
de emissão. Os negócios realizados com debêntures no mercado secundário 
podem ser diferentes do seu preço na curva, em função das condições de 
mercado e liquidez, o que dá origem aos preços de negociação. Além disso, 
por determinação do Banco Central, os investidores institucionais são 
obrigados a marcar suas carteiras a mercado. 
Nesse link 
(http://www.debentures.com.br/exploreosnd/consultaadados/emissoesdedebe
ntures/caracteristicas_d.asp?tip_deb=publicas&selecao=CCRD18) há um 
exemplo de debênture, emitida pela CCR, com vencimento em 15/12/2018, 
pagando 124% do CDI. 
Os títulos de dívida privada nos EUA costumam ser promessas de 
pagamento de juros fixos periódicos (normalmente semestrais), com 
devolução do principal ao final. 
Aqui no Brasil é mais comum títulos atrelados a índices de preços 
(inflação) ou de juros (SELIC ou DI). 
O apreçamento desses títulos já vimos na Aula 00, em que discutimos 
os tipos de fluxos dos títulos de renda fixa, taxas de retorno etc. 
As debêntures podem ter cláusulas com exigências sobre determinadas 
condições financeiras da empresa. Podem exigir múltiplos máximos de 
endividamento, ratings mínimos entre outros itens que assegurariam a saúde 
da empresa tomadora do empréstimo. Essas cláusulas são conhecidas como 
covenants, e normalmente a punição para a empresa é a antecipação do 
vencimento da dívida. 
Temos visto no Brasil muitas empresas descumprirem esses covenants, 
como Usiminas e Oi, por exemplo. Como as dívidas costumam ser bem 
relevantes, os detentores dos papéis, reunidos em Assembleia Geral de 
Debenturistas, podem optar por dar um waiver (autorização) para a 
Companhia descumprir os covenants. Normalmente repactuam as taxas de 
juros para dar esse waiver. 
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É muito rara a antecipação da dívida. 
A Petrobras, quando não publicou o balanço no quarto trimestre de 
2014, ficou sob risco de antecipação de até US$ 90 bilhões de dívidas. 
O covenant (que não chegou a ser descumprido) era exigência de 
apresentação dos balanços auditados. 
 
Nota Comercial, Nota Promissória ou Commercial Paper 
É um título de curto prazo utilizado por empresas que buscam recursos 
para financiar capital de giro. 
É emitido por S/As (sociedades anônimas), de capital aberto ou 
fechado, como forma de captação de recursos junto a investidores que 
possuem o direito de crédito contra ela. A colocação da Nota Comercial é feita 
por meio de oferta pública por instituição integrante do sistema de distribuição. 
A principal característica que diferencia o título de outros direitos de 
crédito é o prazo de emissão. É uma captação de curto prazo, com máximo de 
180 dias para companhias de capital fechado e 360 para as de capital aberto. 
Para mitigar o risco de necessidade de caixa, as companhias emitem as notas 
promissórias, tendo como vantagem a maior rapidez de estruturaçãodeste 
tipo de operação. 
Para o investidor a remuneração da Nota Comercial costuma ser 
atrativa. Pode ser indexada a taxas prefixadas ou pós-fixadas, como DI, SELIC, 
IPCA, TJLP, entre outros. Mas, apesar de ser distribuída por instituições 
financeiras, o risco de crédito é do emissor e não do banco distribuidor. 
As Notas são parecidas com as debêntures, mas normalmente não 
apresentam garantias reais e seu prazo é bem mais curto. 
Antes de prosseguir, vale tratar das definições diversas para as 
garantias desses instrumentos: 
Garantia Real: O cumprimento da obrigação é garantido por meio de 
bem imóvel (hipoteca) ou móvel (penhor). 
Garantia fidejussória: Garantia prestada por pessoas e não por bens. 
Em caso de inadimplemento a satisfação do débito será garantida por um 
terceiro. As modalidades mais comuns são Aval e Fiança. 
 
Letra de Câmbio 
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É um título representativo de operação de crédito. 
O instrumento possibilita que o devedor (sacado) confira ao registrador 
da Letra de Câmbio (sacador/aceitante) ordem de pagamento do valor devido. 
Esses títulos podem ser negociados pelos registradores e emitidos com 
remuneração pré ou pós-fixada. Podem ser aceitantes de Letras de Câmbio os 
bancos múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento e as 
sociedades de crédito, financiamento e investimento. 
 
 
 
É importante notar que o mecanismo da letra de câmbio, detalhado no 
Código Civil, é uma matéria bem mais jurídica do que financeira. 
O modelo padrão de LC está na imagem anterior. 
 
Letras Hipotecárias 
São títulos de renda fixa emitida pelas instituições financeiras 
autorizadas a conceder créditos hipotecários. São emitidas com lastro de 
créditos garantidos por hipoteca de primeiro grau de bens imóveis. A maior 
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emissora desses títulos hoje é a Caixa Econômica Federal. As instituições 
financeiras se utilizam das letras hipotecárias para captar dinheiro e financiar 
certas linhas de crédito imobiliário. 
O prazo mínimo de aplicação é de 180 dias e o prazo máximo, apesar 
de não ser estipulado, em geral, não ultrapassa 24 meses. 
A rentabilidade deste tipo de aplicação está vinculada ao valor nominal 
do financiamento imobiliário, ajustado pela inflação ou variação do CDI 
(Certificado de Depósito Interbancário), e pode ser pré-fixada, flutuante e pós-
fixada. 
Quanto aos riscos, a letra hipotecária representa um título de renda fixa 
com risco do emissor (Caixa, por exemplo). Já se os mutuários que tenham 
recebido os créditos hipotecários não honrarem seus compromissos com a 
instituição emissora (bancos), esta deverá efetuar os pagamentos ao 
investidor. 
A circular (nº 1.393, de 7/12/1988, leitura recomendada) que 
determina que a garantia da operação seja a caução (garantia) de créditos 
hipotecários de que sejam titulares, garantidos por primeira hipoteca. A 
circular determina, também, que as instituições financeiras que tenham 
emitido este instrumento devem manter controles paralelos de modo a 
identificar quais os créditos que servem de garantia para cada letra. 
A Caixa Econômica Federal é o maior emissor e o risco dela não 
performar é pequeno. Além disso, as LHs têm garantia real, isto é, o próprio 
imóvel financiado com seus recursos. As aplicações em letras hipotecárias 
também são garantidas pelo fundo garantidor de crédito – FGC. 
Quanto à tributação, sobre as LHs não incidirá IOF, pois o prazo mínimo 
de aplicação é de 6 meses. Também é isenta de imposto de renda. Não é um 
instrumento facilmente acessível a pequenos investidores. 
 
Para detalhes sobre a tributação de Renda fixa, ver no link 
http://www.anbima.com.br/informe_legislacao/arqs/tabelaIR.pdf 
 
A leitura é fortemente recomendada, pois é aplicável a todos os 
instrumentos descritos nessa aula. 
 
 
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Letra Financeira 
É um instrumento destinado a alongar o prazo de captação das 
instituições financeiras 
Funciona como uma “debênture” dos bancos. Normalmente tem 
rentabilidade superior ao CDI (pois é de longo prazo, mínimo 24 meses), mas 
não está acessível com facilidade a pequenos investidores. O ativo visa alongar 
a forma de captação dos bancos, proporcionando melhor gerenciamento entre 
o ativo e o passivo dessas instituições. Foi criada pela Medida Provisória nº 
472, de dezembro de 2009, e regulamentada pelas resoluções do CMN – 
Conselho Monetário Nacional no. 3.836/2010 e 4.123/2012 (leituras 
recomendadas). 
Um dos seus principais diferenciais é ter prazo mínimo de dois anos 
para o vencimento, sem possibilidade de resgate total o parcial antes desse 
prazo. Outra característica é o fato do ativo ter valor nominal unitário mínimo 
de R$ 150 mil (R$ 300 mil se contiver cláusula de subordinação). 
A LF pode ser registrada por bancos múltiplos, comerciais, de 
investimento, de desenvolvimento, sociedades de crédito, financiamento e 
investimento, caixas econômicas, companhias hipotecárias, sociedades de 
crédito imobiliário e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES). A remuneração pode ser por taxa de juros prefixada - combinada ou 
não com taxas flutuantes - ou por índice de preços, e admite o pagamento 
periódico de rendimentos em intervalo de, no mínimo, 180 dias. 
As ofertas públicas de distribuição de Letras Financeiras foram 
regulamentadas pela Instrução nº 488 (leitura recomendada) editada pela 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 16 de dezembro de 2010. A CVM 
também autoriza que ofertas públicas de Letras Financeiras sejam feitas 
automaticamente, desde que os emissores tenham registrado previamente, 
junto à Comissão, um Programa de Distribuição Contínua – PDC. O PDC 
permite que sejam realizadas diversas distribuições públicas de um mesmo 
tipo de Letra Financeira, possibilitando aos emissores aumentar o volume de 
títulos emitidos, dependendo das condições de mercado. 
As instituições financeiras podem adquirir LF de sua emissão, a 
qualquer tempo, somente para efeito de permanência em tesouraria e venda 
posterior. O montante em tesouraria não pode ultrapassar 5% do total emitido 
sem cláusula de subordinação e considerando neste montante as letras das 
entidades componentes do mesmo conglomerado. 
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Falaremos mais sobre cláusula de subordinação quando tratarmosde 
operações estruturadas e securitização. 
IMPORTANTE! Veja que sempre coloco que o instrumento não é 
“facilmente” acessível a investidores pequenos. Alguns deles são exclusivos 
para investidores qualificados ou profissionais. Porém há gestores que 
oferecem, via fundos de fundos, acesso a outros fundos e outros instrumentos 
que não estariam disponíveis ao pequeno investidor. Portanto não dá para falar 
que NÃO é acessível, pois uma operação estruturada pode dar acesso ao 
pequeno investidor. 
 
Cédulas de Crédito Bancário 
É um título representativo de promessa de pagamento em dinheiro 
decorrente de operação de crédito. É muitíssimo utilizado para capitalizar 
empresas que tem muitos créditos junto a consumidores finais etc. 
A CCB é um título de crédito que pode ser emitido por pessoa física ou 
jurídica, na forma cartular (em papel) ou escritural, em favor de uma 
instituição financeira (IF), representando uma promessa de pagamento 
decorrente de operação de crédito. A IF em favor de quem é emitida a CCB é a 
instituição registradora da CCB. 
Quando alguém contrata um empréstimo com uma instituição 
financeira, como cartão de crédito, crédito rotativo na conta corrente tem 
contra si a emissão uma CCB. 
A CCB é um título executivo extrajudicial, ou seja, não depende de 
autorização judicial para cobrança, e representa dívida certa, líquida e exigível 
pela soma nela indicada. 
Pode ser emitida sem garantia. 
É possível criar um certificado representativo de um conjunto de 
cédulas (CCCB – Certificado de Cédulas de Crédito Bancário ou 3CB). Neste 
caso, a emissora assume as responsabilidades de depositária e mandatária do 
titular do certificado, cabendo-lhe promover a cobrança das cédulas e entregar 
o produto da cobrança do seu principal e encargos ao titular do certificado. 
 
 
 
 
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Títulos de financiamento do Agronegócio 
Apresentaremos vários títulos ligados ao Agronegócio, com suas 
definições simplificadas, pois serão importantes mais adiante quando 
tratarmos de CRA e LCA em securitização. 
CPR - Cédula de Produto Rural. Permite ao produtor rural ou a 
cooperativas obter recursos para desenvolver produção ou empreendimento 
com comercialização antecipada ou não. 
É uma promessa de entrega futura de produtos rurais. Por meio desse 
instrumento, seus emitentes — produtores rurais, suas associações e 
cooperativas — recebem pagamento à vista relativo à venda (com entrega 
futura) de mercadorias. 
As CPRs têm sido utilizadas como instrumento de financiamento, 
proporcionando a negociação da safra agrícola sem endividamento 
referenciado em taxas de juros e a redução das pressões sazonais de preços 
das mercadorias. 
Trata-se de um título cambial (não é de dólar, é mais no significado de 
troca) negociável em mercado de balcão e em bolsa de mercadorias. 
O título é cartular, antes do registro, e escritural ou eletrônico enquanto 
permanecer registrado. Nas negociações com a CPR Financeira não há 
incidência de IOF. 
CRP - Cédula Rural Pignoratícia. É um título representativo de 
financiamento rural concedido por integrantes do Sistema Nacional de Crédito 
Rural. A CRP é uma modalidade de cédula de crédito rural com promessa de 
pagamento em dinheiro. É emitida por pessoa física ou jurídica tomadora do 
financiamento rural. 
É extraída com base no penhor rural e passa a valer como título de 
crédito autônomo e negociável. É um título de ampla utilização na concessão 
do crédito rural, especialmente pelas instituições financeiras oficiais. 
CDA e WA. Certificado de Depósito Agropecuário e Warrant 
Agropecuário. São títulos de crédito que representam promessa de entrega 
de produtos agropecuários. 
O CDA foi regulamentado para substituir o “conhecimento de depósito”. 
O WA, por sua vez, é um título de crédito que confere direito de penhor sobre 
a mercadoria descrita no CDA correspondente. Ambos são títulos de execução 
extrajudicial. 
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O CDA e o WA podem ser garantidos por aval bancário ou seguro, e 
negociados em conjunto ou isoladamente. São tributados como ativos 
financeiros com isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). 
CDCA - Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio. É um 
título de crédito nominativo, de livre negociação e representativo de promessa 
de pagamento em dinheiro, vinculado a direitos creditórios originários de 
negócios realizados entre produtores rurais (ou suas cooperativas) e terceiros, 
inclusive financiamentos ou empréstimos. 
É emitido exclusivamente por cooperativas de produtores rurais e 
outras pessoas jurídicas que exerçam atividades de comercialização, 
beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos agropecuários ou de 
máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária. Pode ser 
também distribuído por meio de oferta pública. 
Este ativo é também utilizado como lastro para as operações com LCA. 
 
Títulos de financiamento do ramo imobiliário 
Apresentaremos os títulos ligados ao setor imobiliário, com suas 
definições simplificadas, pois serão importantes mais adiante quando 
tratarmos de CRI e LCI em securitização. 
CCI - Cédula de Crédito Imobiliário. Instrumento originado pela 
existência de direitos de crédito imobiliário com pagamento parcelado. A 
cédula é emitida pelo credor, com o objetivo de facilitar e simplificar a cessão 
do crédito e podem contar ou não com garantia. 
A CCI agiliza a negociação de créditos, uma vez que a cessão pode ser 
feita mediante o endosso no próprio título, sem necessidade de uma 
formalização com um contrato de cessão. Seu diferencial reside no fato de que 
sua negociação ocorre independentemente de autorização do devedor, uma 
característica indispensável para adequar o crédito imobiliário às condições de 
negociação no mercado financeiro e de capitais. 
Possui remuneração por taxa pré ou pós-fixada, inclusive por índices de 
preços, de acordo com o direito creditório nela representado. 
Emissor, nesse caso, é o detentor do crédito imobiliário e o devedor é 
aquele que deve diretamente o crédito representado pela CCI. A CCI pode ser 
integral, representando a totalidade do crédito, ou fracionária, representando 
parte dele, podendo ser emitidas de uma só vez, ou ao longo do tempo. 
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Pode ser emitida com ou sem garantia, real ou fidejussória. 
 
Características dos instrumentos financeiros apresentados 
Há diversos outros instrumentos financeiros negociados na CETIP, mas 
esses apresentados tem característica de instrumento direto de captação de 
recursos, sem passar por processo de estruturação ou securitização. 
Os outros instrumentos, como os certificados de depósitos bancários, 
LCIs, LCAs, CRIs etc., serão apresentados aseguir nos capítulos próprios de 
securitização e depósitos à vista e a prazo. 
Com relação ao cálculo do valor presente de cada ativo apresentado, 
não difere em nada do discutido nas aulas anteriores (Aula 00 e Aula 01) e, ao 
que parece, não é o foco das questões da prova do BACEN relacionadas aos 
títulos. 
 
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4. SECURITIZAÇÃO E CRÉDITO ESTRUTURADO 
Os instrumentos financeiros tratados anteriormente, em sua maioria, 
funcionam como forma direta de capitalização para as empresas. Mas a 
maioria deles tem negociação entre a empresa e uma instituição financeira, 
apesar de alguns permitirem a compra direta por pessoas físicas e fundos. 
O mais comum, entretanto, é “empacotar” esses instrumentos, 
normalmente promessas de recebimento de juros e principal, em novos ativos 
e vender ao mercado em geral, tanto no varejo quanto institucional. 
 
CRÉDITO ESTRUTURADO 
Ao contrário das formas tradicionais de dívidas, tratadas em parte no 
capítulo anterior, operações estruturadas de crédito permitem mitigação de 
riscos através de: 
 Garantias reais (alienação fiducária, hipoteca, direitos sobre 
recebíveis – over collateral ou não, aplicações financeiras em 
geral, ações ou cotas, fianças, seguros de crédito) ou fidejussórias 
(aval de sócios, de terceiros): Reduz o risco, pois eleva a 
expectativa de recebimento em caso de default. 
 Procedimentos operacionais que direcionem ou garantam o fluxo 
de recursos ao credor. Ex: apontamento de conta para 
pagamento dos recebíveis, escrow accounts / contas vinculadas, 
covenants, registro em cartório, formatação jurídica da dívida 
(Ex: CCB). São contas que, às vezes, nem passam pelo cedente 
do crédito (que tomou o empréstimo). 
 Proteção aos índices de Basiléia do credor. Ex: cessão definitiva 
de dívida, vinculação à Res. CMN 2921. 
 Receitas extras para o estruturador (instituição financeira): fees 
de estruturação e distribuição e possibilidade de captação de 
recursos com lastro na dívida (ex: LCI, LCA e DPGE). 
 Securitização de ativos. 
Perceba que securitização é uma forma de crédito estruturado, um 
pouco mais sofisticada. Mas nem todo crédito estruturado é uma securitização. 
Na prática quando uma instituição financeira consegue organizar um 
conjunto de recebíveis, empacotá-los com outros direitos (e também deveres) 
e oferecer ao público em geral, trata-se de crédito estruturado. 
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Antes de prosseguir, uma explicação para o que seria over collateral. 
Collateral, falando em termos simples, seria a separação de algum ativo em 
garantia de uma dívida, que poderá ser “chamado” para honrar o pagamento 
da mesma. Over collateral, é quando a instituição ofecere MAIS garantias do 
que o valor da dívida. Isso é comum em FIDCs, pois permite que o gestor do 
fundo troque créditos ruins por créditos bons, pois tem mais direitos do que o 
valor da dívida. 
 
Securitização 
Vem da expressão em inglês “securities”, o que nos leva a entender 
securitização como o processo de transformar um conjunto de instrumentos 
financeiros em uma security (valor mobiliário) com características próprias, 
contrato próprio. 
Processo pelo qual um emissor segrega um portfólio de ativos e emite 
um novo instrumento de dívida ou valor mobiliário por meio de um veículo 
independente com prioridades distintas de recebimento em relação ao portfólio 
original. 
São exemplos de securitização: 
 Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) 
 Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) emitidos por 
securitizadoras 
 Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) emitidos por 
securitizadoras 
 Certificados de Cédula de Crédito Bancário (CCCB) emitidos por 
instituições financeiras IF 
 Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) 
É importante notar que alguns sites definem securitização pelo lado do 
passivo, ou seja, do devedor. Mas é uma visão inadequada para a realidade 
brasileira, pois o que se transfere REALMENTE é o direito de recebimento. 
Apesar de ser uma dívida de alguém, normalmente quem empacota é quem 
tem direito de receber e não de pagar. 
Antes de prosseguir definindo as características dos principais veículos 
de securitização, vale mostrar o modelo norte-americano que deu origem a 
alguns dos instrumentos securitizados que temos por aqui. 
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Já falei do filme anteriormente, mas reforço aqui a recomendação. 
Vejam o filme “A Grande Aposta”, pois há ótima discussão sobre CDOs e CDSs, 
instrumentos que trataremos nessa aula e adiante. 
 
CDO – Collateralized Debt Obligation 
Esse instrumento foi bastante criticado durante a crise do subprime nos 
EUA, pois permitiu uma expansão muito rápida dessas hipotecas de alto risco. 
Antes da “invenção” do CDO, as hipotecas de alto risco acabavam 
ficando na carteira dos emissores, pois não havia demanda para tamanho 
risco. Grandes compradores como os fundos de pensão não poderiam investir 
nesses títulos e hedge funds achavam que o risco não compensaria o retorno. 
Imagine um banco que empresta dinheiro para interessados em 
comprar imóveis. Concede, por exemplo, R$ 1 bilhão em créditos imobiliários, 
garantidos pelos imóveis. 
Esses R$ 1 bilhão gerarão um fluxo anual de, digamos, R$ 100 milhões 
por ano. 
Antes dos CDOs, para passarem esses créditos adiante, os bancos 
criavam uma SPE (sociedade de propósito específico) que recebia os direitos 
de todos esses créditos. 
Essa SPE teria, então, o direito de receber o dinheiro dos mutuários e 
ainda levava as garantias dos imóveis. O que fazia essa SPE? Emitia cotas, por 
hipótese, 1 milhão de cotas e fazia um IPO (initial private offer) ou uma 
emissão privada, para captar o dinheiro e repassar ao banco, como 
contrapartida da cessão dos créditos (compra de carteira de créditos). 
Antes de ir a mercado o banco (ou a SPE) contratava uma agência 
classificadora de risco (rating agency, como Moody´s, S&P, Fitch etc.) para 
indicar qual seria o risco daquele pacote de recebíveis (normalmente 
diversificado). Imaginemos que o risco ficasse em BB (nem ruim, nem bom). 
Para esse risco de crédito as pessoas aceitariam, por exemplo, receber 
9% ao ano. 
Uma conta simples mostra que, a 9% ao ano, o valor presente do fluxo 
(consideraremos perpétuo apenas para fins de ilustração) seria de R$ 1,1 
bilhão (R$ 100.000.000/0,09). 
A SPE vende então as cotas e capta R$ 1,1 bi e paga ao banco esse 
valor. O banco já tem um ganho de 10% (de R$ 1 bi para R$ 1,1 bi) e os 
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cotistas da SPE ficaram com o risco dos mutuários. O banco, com esse 
dinheiro, pode emprestar novamente a outros mutários. 
Uma cota dessa SPE é um ativo securitizado. É uma MBS (mortgage 
backed security). Se na SPE houvesse outros ativos, como crédito estudantil, 
crédito privado de longo prazo etc., suas cotas (ativos) seriam classificadas 
como ABS (asset backed security). 
Isso é interessante, mas não atendia a públicos que precisavam de mais 
segurança (fundos de pensão) e também àqueles com maior apetite para risco 
(hedge funds). 
O CDO veio para transformar essa SPE num veículo que pudesse 
atender a diversos públicos, diversos apetites por risco e retorno. 
Imagine que a mesma SPE, porém, em vez de oferecer MBSs sem 
distinção entre eles (todos com o mesmo risco, pagando 9% ao ano no 
máximo), conferisse às cotas algum grau de prioridade no recebimento dos 
pagamentos dos mutuários. 
Pensemos o seguinte. 40% das cotas estariam em uma tranche 
(divisão) Sênior, que teria prioridade de recebimento em relação às outras. 
40% das cotas estariam numa tranche intermediária, chamada mezanino, e 
receberia após o pagamento das cotas senior. 
Por fim há uma tranche subordinada (20% das cotas), que é a primeira 
a arcar com qualquer default ou crédito não performado. 
A SPE tem todo o direito de fazer isso. Ela não é obrigada a vender 
cotas com direitos iguais. 
Se temos uma estrutura como essa e aqueles R$ 100.000.000 que vêm 
todo ano têm uma estimativa média de apenas 3% de inadimplemento, 
quando é que as tranches superiores vão parar de receber seus valores? 
Praticamente nunca. Por isso elas eram classificadas pelas agências 
de risco como AAA, ou risco baixíssimo. Como são AAA podem pagar, por 
hipótese, 6% ao ano e podem ser vendidas para fundos de pensão, pois são de 
risco baixo e são aceitas pelas regras desses veículos. 
As tranches intermediárias também são quase inatingíveis, pois o 
default só começaria a atingi-las se a inadimplência chegar a níveis 
absurdamente altos. As agências poderiam classificá-las como AA ou A. Por 
serem de baixo risco, poderiam se contentar com, por exemplo, 8% ao ano. 
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Então temos 40% das cotas vendidas para tranches senior, 40% para 
tranches mezanini e 20% para tranches subordinadas, junior ou equity. 
Lembre-se que a SPE vendeu os títulos por R$ 1,1 bi (10% a mais do 
que o crédito original, que foi o ganho do banco). 
Vamos assumir que as cotas senior pagaram R$ 440.000.000 pelo 
direito, as cotas mezanino R$ 440.000.000 e as cotas equity R$ 220.000.000, 
totalizando R$ 1,1 bilhão. Cada cota tem um valor igual, porém direitos 
diferentes. 
Dos R$ 100.000.000 por mês, quanto deveria ser destinado para cada 
tranche? 
 R$ 440 milhões x 6% = R$ 26,4 milhões 
 R$ 440 milhões x 8% = R$ 35,2 milhões 
 Para as cotas júnior ou equity, o que sobra = R$ 38,4 milhões 
menos a inadimplência. 
 Como eles (equity) pagaram R$ 220 milhões, a rentabilidade da 
cota júnior, se todos pagarem, seria de 17,45% (38,4 / 220). 
Nos EUA imaginava-se que, mesmo em empréstimos imobiliários de alto 
risco, a inadimplência jamais passaria de 8%. Se ocorresse essa inadimplência, 
no caso, sobraria para as cotas junior R$ 30,4 milhões, uma rentabilidade de 
13,81%. 
Perceba algo interessante nesse instrumento financeiro. 
Não é o risco específico dos ativos ou dos empréstimos que “cria” as 
tranches AAA, mas a diferenciação de direitos sobre o crédito DENTRO do 
próprio veículo financeiro (SPE). 
Por isso havia nos EUA CDO´s com tranches AAA mesmo que TODOS 
os seus recebíveis fossem de baixa qualidade. Como a inadimplência, mesmo 
quando muito alta, não passaria de 8% a 10%, as tranches superiores 
SEMPRE receberiam seus direitos. 
Naturalmente os bancos não contavam que a inadimplência, 
principalmente para hipotecas subprime, de alto risco, bateria todos os 
recordes e destruiria o valor desses ativos garantidos nas dívidas. 
Aqui no Brasil os CRAs, CRIs e os FDICs costumam ter estrutura 
semelhante a essa. 
Só que, como são muitas vezes ativos garantidos em recebíveis de uma 
empresa do agronegócio ou incorporadora imobiliária, os próprios originadores 
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do crédito integralizam as cotas júnior, como forma de compromisso com a 
operação. Assumem o primeiro risco de default. 
Após a crise do subprime os CDOs passaram a ser vistos como veículos 
para fraude, mas, como deve ter ficado claro, são apenas uma engenhosa 
forma de atender diferentes públicos com um mesmo ativo, de risco 
homogêneo. 
Apesar de parecer estranho empacotar um monte de hipotecas com 
risco CCC, péssimos pagadores, e conseguir extrair desse veículo (SPE) cotas 
com classificação AAA, não há nada de errado, impossível ou fraudulento nisso. 
Ainda que a inadimplência pudesse chegar a 50%, as tranches mais 
elevadas continuariam a receber sua remuneração contratada. 
Ainda que possa ter havido fraudes no mercado americano, a estrutura 
de um CDO não é, em si, fraudulenta. É bem engenhosa e continua servindo 
muito bem ao mercado de crédito, inclusive no Brasil (onde há diferenças da 
estrutura, mas o conceito é o mesmo). 
Antes de falar propriamente dos instrumentos securitizados, precisamos 
introduzir os conceitos de LCI e LCA, que são instrumentos de captação 
bancária, com destinação dos recursos para a área imobiliária e do 
agronegócio. 
 
LCI – Letra de Crédito Imobiliário 
É um instrumento de captação bancária e seus recursos captados 
devem ser aplicados em financiamentos imobiliários. 
A LCI tem sido um dos instrumentos de renda fixa mais procurados pelo 
investidor pessoa-física, por contar com isenção de Imposto de Renda para 
esse público (quase extinta por medida provisória em 2015, ainda há risco de 
extinção dessa isenção). Representa uma importantíssima fonte de recursos 
para o setor imobiliário, pois possui como lastro créditos imobiliários. 
São emitidas por instituições financeiras (Ifs) – bancos comerciais, 
múltiplos e de investimento, além de sociedades de crédito imobiliário, 
associações de poupança e empréstimo e companhias hipotecárias – e são 
regulamentadas pela a Lei n° 10.931/2004 e a Circular do Banco Central nº 
3.614/12 (leitura recomendada). Sua remuneração pode ser por taxa pré ou 
pós fixada. 
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Importante que o investidor saiba que, ao comprar uma LCI, assume o 
risco primário do emissor (Instituição Financeira) e conta com a segurança 
adicional de estar vinculado à carteira da de crédito imobiliário da instituição 
financeira.

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