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Livro Eletrônico Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 Paulo Portinho Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71 AULA 02 – OPERAÇÕES E INSTRUMENTOS DO MERCADO FINANCEIRO APRESENTAÇÃO E TÍTULOS PÚBLICOS; TÍTULOS PRIVADOS DE DÍVIDA; AÇÕES ORDINÁRIAS E PREFERENCIAIS; SECURITIZAÇÃO; OPERAÇÕES COMPROMISSADAS; DEPÓSITOS À VISTA, A PRAZO E INTERFINANCEIRO; FUNDOS DE INVESTIMENTO; CONTRATOS FUTUROS, A TERMO, SWAPS E OPÇÕES; DERIVATIVOS DE CRÉDITO SUMÁRIO RESUMIDO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 1 2. TÍTULOS PÚBLICOS ............................................................................. 4 2.1. OPERAÇÕES COMPROMISSADAS ...................................................... 16 3. TÍTULOS PRIVADOS DE DÍVIDA ........................................................... 18 4. SECURITIZAÇÃO E CRÉDITO ESTRUTURADO ........................................ 30 5. DEPÓSITOS À VISTA, A PRAZO E INTERFINANCEIRO ............................. 46 6. FUNDOS DE INVESTIMENTO ................................................................ 50 7. AÇÕES ORDINÁRIAS E PREFERENCIAIS ................................................ 59 8. QUESTÕES RELACIONADAS AOS TEMAS ............................................... 65 9. GABARITO DAS QUESTÕES COM COMENTÁRIOS .................................... 68 1. INTRODUÇÃO O programa dessa aula é bastante extenso, daria para preencher um livro inteiro, a depender da profundidade exigida. Mas olhando o banco de dados das questões dos últimos concursos, e aliando essa informação com o fato de que outras aulas abordarão (ou abordaram) mais profundamente temas como derivativos e apreçamento de títulos, entendo que o modelo de aula deva ser mais teórico, mais genérico e menos jurídico e financeiro. Quem assistiu ao filme “A Grande Aposta” deve lembrar que o personagem principal, em determinado momento do filme, pede a um banco para estruturar um derivativo de proteção contra default (evento de crédito de não pagamento), conhecido como credit default swap. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 71 Era um instrumento financeiro, mas, como TODOS esses instrumentos, na verdade, o que está por detrás é um complexo contrato em termos jurídicos bem estritos e rigorosos. Há contratos de produtos financeiros relativamente simples, que ainda assim contabilizam 200 páginas, se for necessário listar todas as hipóteses de default, cláusulas de antecipação (covenants), fianças, garantias etc. E isso vale para os produtos financeiros elencados nesta aula. Os títulos de dívida públicos são padronizados, de forma que o investidor raramente lê cláusulas específicas do contrato do título. Mas um título de dívida privado costuma ter lançamento público (ou esforços restritos), com documentação que atinge, facilmente, 600 páginas no site da CVM. Outro ponto importante, que vai balizar nossa aula, é que alguns dos instrumentos financeiros elencados parecem fazer parte do dia-a-dia de um analista do BACEN. Ao exigir conhecimento sobre Depósitos interbancários (DI), de operações compromissadas (relação Tesouro-BACEN), SWAPS (atuação do BACEN no mercado de câmbio, por exemplo), parece-nos que o objetivo é que o candidato já tenha um bom conhecimento, ao menos na teoria, do que significam essas operações e como o BACEN se relaciona com elas na gestão das finanças públicas. Em resumo, vamos apresentar um quadro bem completo sobre os instrumentos e operações apresentados, porém menos com foco no “decoreba” de suas características jurídicas e mais com foco no que significam para o BACEN e para o sistema financeiro nacional. Mas é fortemente recomendado que as leis, instruções da CVM, códigos de autorregulação, resoluções e decretos colocados nesta aula também sejam lidos pelo aluno. Digo isso porque não é impossível que a prova do BACEN pergunte algo pontual, como o percentual máximo por emissor em um fundo de investimentos ou percentual mínimo de direitos creditórios em um FDIC. Mas podem ficar tranquilos no que se refere à matemática envolvida nessas operações, pois trataremos em aulas específicas, como já fizemos nas aulas anteriores, que mostraram como se calcula os valores presentes dos títulos públicos, de fluxos financeiros com cupons etc.. Outro ponto a respeito dessa aula. Algumas das definições apresentadas estarão baseadas em sites de reguladores e outras autoridades, como BACEN, CVM, ANBIMA, CETIP etc. Isso é importante, pois são os depositários oficiais para a maioria desses instrumentos e operações. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 71 A estratégia será apresentar uma lista extensiva dos instrumentos financeiros, a partir das definições formais presentes em sites de reguladores, de autorreguladores, de autarquias ou nas próprias leis. Não cabe aqui espaço para definições recriadas ou reescritas, pois a maioria dos instrumentos financeiros é definido por leis, regulamentos, portarias, resoluções etc. Alguns dos títulos não são mais emitidos ou distribuídos, mas têm negociação em mercado secundário, portanto serão apresentados nesta aula. Entendo que o material apresentado deverá ser suficiente para a resolução das questões ao final. Ainda, dada a possibilidade de alteração de detalhes dos títulos via lei ou outro instrumento normativo, os dados estão atualizados até o dia 06.05.2016. Havendo alguma mudança relevante, o texto será alterado oportunamente. Por fim, parte de Opções, Derivativos, Contratos Futuros e a Termo, Swaps e Derivativos de Crédito serão tratadas em aulas específicas sobre derivativos. Mãos à obra! Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 71 2. TÍTULOS PÚBLICOS Títulos públicos são instrumentos eminentemente de renda fixa (juros contratados), emitidos por entes do poder executivo (hoje apenas governo federal) com objetivo de financiar os gastos e as necessidades de recursos dos governos. Os títulos podem ser atrelados a índices diversos. De inflação, relacionados à taxa SELIC, de câmbio etc. Normalmente pagando uma taxa de juros além da variação desses indicadores. Na aula anterior mostramos o cálculo de um título atrelado à inflação. O investidor pessoa física pode comprar títulos da dívida pública federal de três maneiras: 1. Tesouro Direto. É um programa que facilita o acesso do pequeno investidor ao mercado de títulos, permitindo compras e vendas de valores baixos via internet.Mais detalhes ver no link http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-conheca-o- tesouro-direto. 2. Através de Instituições Financeiras: nesse caso, o investidor precisa se cadastrar junto a um banco comercial ou de investimento ou a uma corretora ou distribuidora de títulos e valores mobiliários regularmente habilitados no sistema eletrônico disponibilizado pelo Banco Central e solicitar a aquisição dos títulos. Geralmente, essa forma de aplicação só está disponível para pessoas com muitos recursos à disposição para investir. 3. Fundos de Investimento e de previdência privada: aqui o investidor participa comprando cotas de fundos que apliquem seus recursos, ou parte deles, em títulos públicos federais. Esse tipo de aplicação é acessível para investidores de várias faixas de renda, mas estes não têm total autonomia nas decisões sobre alocação de seus recursos, uma vez que a administração das carteiras fica a cargo dos gestores dos fundos. Se for pessoa jurídica, poderá acessar os títulos da seguinte forma: 1. Pessoa Jurídica Financeira: As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, que sejam titulares de conta de custódia no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) e de conta Reservas Bancárias ou Conta de Liquidação no Sistema de Transferência de Reservas (STR), ambos administrados pelo Banco Central, podem adquirir Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 71 títulos públicos federais no mercado primário, participando diretamente das ofertas públicas. No mercado secundário, podem adquirir títulos mediante negociação direta com outra instituição financeira, que, de igual forma, seja participante dos referidos Sistemas. 2. Pessoa Jurídica Não Financeira: Empresas, Entidades Fechadas de Previdência Complementar ("Fundos de Pensão"), Sociedades Seguradoras, Operadoras de Planos de Saúde e demais instituições não classificadas no item anterior somente podem adquirir títulos públicos federais, no mercado primário e no mercado secundário, por meio de uma instituição financeira ou instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, desde que atendidos os requisitos acima. Aqui convém diferenciar e ilustrar alguns termos. Mercado primário é o mercado onde o trânsito financeiro se dá entre o emissor original e o tomador original. É o momento em que o Tesouro se capitaliza, pois o dinheiro vai diretamente para seu caixa. Mercado secundário é o mercado onde o trânsito financeiro se dá entre vendedores e compradores não originais (que não deram origem à operação), tendo por base títulos que já estão no mercado. Importante destacar que, mesmo que o Tesouro recompre títulos e recoloque no mercado, isso não representa atuação no mercado primário, pois o título já estaria em negociação no mercado. Em resumo, o tesouro não se capitaliza diretamente dessa forma. Sistema SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É o depositário central dos títulos que compõem a dívida pública mobiliária federal interna. É onde se processam e se registram as emissões, os resgates, pagamentos de juros etc. Uma central depositária que faz liquidação e custódia de títulos funciona como um grande registro eletrônico de todos os títulos e seus movimentos. É o que garantirá que quem comprou o título vai recebê-lo no prazo correto e quem vendeu vai receber o dinheiro, também no prazo correto. A liquidação é a operação que concretiza a negociação. A central garante os direitos das partes envolvidas. A custódia é, tão somente, o registro dos títulos e das operações. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 71 Os títulos não são mais físicos, são escriturais (emitidos na forma eletrônica apenas), por isso todo o processamento tem que se dar pelo Sistema SELIC. Essa é uma explicação simplificada, mas recomendo fortemente a leitura detalhada fornecida pelo site do BACEN. Ver no link http://www.bcb.gov.br/htms/novaPaginaSPB/selic.asp?IDPAI=SPBLIQTIT. Agente de custódia é a instituição que cuida da administração das contas de custódia dos investidores junto à BM&FBOVESPA (caso do tesouro direto), sendo responsáveis pelas informações cadastrais dos investidores, pela guarda dos títulos públicos na BM&FBOVESPA, pela intermediação financeira entre os investidores e o Tesouro Nacional e pelo recolhimento de taxas e impostos. As corretoras de valores, bancos comerciais, múltiplos ou de investimento e Distribuidoras de Valores. As contas de custódia na BM&FBOVESPA não são as mesmas do sistema SELIC. Mais adiante veremos os sistemas de liquidação de custódia da bolsa e da Cetip. Títulos e características O documento mais atual com as características dos títulos públicos, no site do BACEN, apresenta a seguinte distribuição: Letras do Tesouro Nacional (LTN) Legislação básica: Decreto nº 3.859, de 4.7.2001. Finalidade: poderão ser emitidas para cobertura de défi cit orçamentário, bem como para realização de operações de crédito por antecipação de receita, observados os limites fixados pelo Poder Legislativo. Características: a) prazo: definido pelo Ministro da Fazenda, quando da emissão do título; b) modalidade: nominativa; c) valor nominal: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); d) rendimento: definido pelo deságio sobre o valor nominal; e) resgate: pelo valor nominal, na data do vencimento; f) custódia: Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 71 Letras Financeiras do Tesouro (LFT) Legislação básica: Decreto nº 3.859, de 4.7.2001. Finalidade: destinam-se ao cumprimento dos contratos de assunção, pela União, das dívidas de responsabilidade dos estados e do Distrito Federal, nos termos da Lei nº 9.496, de 11.9.1997, bem como das operações relativas à redução da presença do setor público estadual na atividade fi nanceira bancária, nos termos da Medida Provisória nº 2.192-68, de 28.6.2001. As LFT poderão ser emitidas em duas séries distintas: Letras Financeiras do Tesouro Série A (LFT-A) e Letras Financeiras do Tesouro Série B (LFT-B). As LFT-B também poderão ser emitidas para o cumprimento dos contratos de assunção, pela União, das dívidas de responsabilidade dos municípios, nos termos da Medida Provisória nº 2.185-33, de 28.6.2001. Letras Financeiras do Tesouro Série A (LFT-A) Características: a) prazo: até quinze anos; b) forma de colocação: direta, em favor do interessado; c) valor nominal na data-base: R$1.000,00 (mil reais); d) rendimento: definido pela taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Selic, para títulos públicos federais, divulgada pelo Banco Central, acrescida de 0,0245% a.m.; e) resgate do principal: em até 180 parcelas mensais e consecutivas, vencendoa primeira no mês seguinte ao da emissão, sendo cada uma delas de valor correspondente ao resultado obtido pela divisão do saldo remanescente, atualizado e capitalizado, na data do vencimento de cada uma das parcelas pelo número de parcelas vincendas, inclusive a que estiver sendo paga; f) custódia: Selic. Letras Financeiras do Tesouro Série B (LFT-B) Características: a) prazo: até quinze anos; b) forma de colocação: direta, em favor do interessado; Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 71 c) valor nominal na data-base: R$1.000,00 (mil reais); d) rendimento: definido pela taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Selic, para títulos públicos federais, divulgada pelo Banco Central; e) resgate do principal: pelo valor nominal, acrescido do respectivo rendimento, desde a data-base do título; f) custódia: Selic. Notas do Tesouro Nacional (NTN) Legislação básica: Decreto nº 3.859, de 4.7.2001. As NTN poderão ser emitidas em dez séries distintas: A, B, C, D, F, H, I, M, P, e R sub-série 2. Por sua vez, as NTN série A poderão ser emitidas em nove sub-séries distintas: A1, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10. Apresentaremos apenas os títulos que ainda estão sendo emitidos, e outros que podem voltar a ser emitidos. Os títulos baseados em renegociações de dívidas internas e externas, de financiamento de programas de desestatização etc., podem ser lidos no link http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/finpub/cap6p.pdf: Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) Características: a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão do título; b) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o valor nominal atualizado; c) modalidade: nominativa; d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); e) atualização do valor nominal: pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês anterior, divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde a data-base do título; Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 71 f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis meses, independentemente da data de emissão do título; g) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; h) custódia: Selic. Notas do Tesouro Nacional Série C (NTN-C) Características: a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão do título; b) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o valor nominal atualizado; c) modalidade: nominativa; d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reias); e) atualização do valor nominal: pela variação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) do mês anterior, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), desde a data-base do título; f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis meses, independentemente da data de emissão do título; g) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; h) custódia: Selic. Notas do Tesouro Nacional Série D (NTN-D) Características: a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão do título; b) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o valor nominal atualizado; Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 71 c) modalidade: nominativa; d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); e) atualização do valor nominal: pela varaiação da cotação de venda do dólar dos Estados Unidos da América no mercado de câmbio de taxas livres, divulgada pelo Banco Central do Brasil, sendo consideradas as taxas médias do dia útil imediatamente anterior à data-base e à data de vencimento do título; f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral defi nida para seis meses, independentemente da data de emissão do título; g) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; h) custódia: Selic.; Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) Características: a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão do título; b) taxa de juros: defi nida pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o valor nominal; c) modalidade: nominativa; d) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); e) rendimento: definido pelo deságio sobre o valor nominal; f) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste do prazo no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral defi nida para seis meses, independentemente da data de emissão do título; g) resgate: pelo valor nominal, na data do seu vencimento; h) custódia: Selic. Notas do Tesouro Nacional Série H (NTN-H) Características: Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 71 a) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão do título; b) modalidade: nominativa; c) valor nominal na data base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); d) atualização do valor nominal: por índice calculado com base na Taxa Referencial de Juros (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, desde a data-base até a data de vencimento do título; e) resgate do principal: em parcela única, na data do seu vencimento; f) custódia: Selic. A metodologia de cálculo desses títulos já foi demonstrada na aula anterior, atentando para o fato de que o Valor Nominal Atualizado deverá ser específico para cada indexador. Títulos colocados via emissão direta Os títulos descritos anteriormente são colocados pelo Tesouro via leilões (processo competitivo de formação de taxas) em ofertas públicas. Há títulos de emissão direta, para atender finalidades específicas definidas em lei. Alguns exemplos de razões para emissões diretas: pagamento de equalizaçãode taxa de juros do Programa de Financiamento às Exportações (PROEX); securitização de dívidas, decorrente de acordos de renegociação de dívidas da própria União ou das entidades cujas obrigações foram ou venham a ser assumidas pela União e cujos principais credores são os sistemas bancários oficial e privado, fornecedores, empresas prestadoras de serviços e empreiteiras; financiamento estudantil para garantir o recebimento de dívidas previdenciárias/tributárias das Instituições de Ensino (Fies); emissões para fins de reforma agrária (TDA) etc. Os principais títulos são: Certificados Financeiros do Tesouro – CFT Títulos destinados a atender operações com finalidades específicas, definidas em lei. Os CFT podem ser emitidos em oito séries distintas. A legislação básica do CFT é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 71 Certificados da Dívida Pública – CDP Títulos emitidos com a finalidade de amortizar ou quitar dívidas previdenciárias, nos termos da Lei n° 9.711, de 20 de novembro de 1998. A legislação básica do CDP é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. Certificado do Tesouro Nacional – CTN Títulos provenientes da renegociação de dívidas originárias do crédito rural. Sua colocação é efetuada por instituição financeira credora, em favor do interessado específico, o qual deverá utilizá-lo para fins de garantia do valor do principal, em operações de renegociação de dívidas do setor rural de que trata a Resolução CMN 2.471, de 26 de fevereiro de 1998. A Legislação básica do CTN é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. CVS Títulos emitidos como forma de pagamento pela novação de dívidas de responsabilidade do Fundo de Compensações de Variações Salariais – FCVS. Tais dívidas referem-se ao saldo devedor remanescente quando do encerramento de contratos de financiamento habitacional, com cobertura do FCVS. A legislação básica do CVS é a Lei n° 10.150, de 21 de dezembro de 2000, o Decreto n° 4.378, de 16 de setembro de 2002 e a Portaria MF nº 346, de 07.10.2005. Letras Financeiras do Tesouro – Séries A e B – LFT-A e LFT-B Títulos emitidos para o cumprimento dos contratos de assunção pela União das dívidas de responsabilidade dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, nos termos da Lei n° 9.496, de 11 de setembro de 1997 e da Medida Provisória n° 2.185-35, de 24 de agosto de 2001, bem como das operações relativas à redução da presença do setor público estadual na atividade financeira bancária, nos termos da Medida Provisória no 2.192-70, de 24 de agosto de 2001. A legislação básica das LFT-A e B é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. Títulos da Dívida Agrária – TDA Títulos emitidos para o pagamento de indenizações de imóveis rurais àqueles que, para fins de reforma agrária, sofrem ação desapropriatória ou firmam acordos de compra e venda com a União. A legislação básica do TDA são as Leis nº 8.177/91 e nº 4.504/64, os Decretos nº 578/92 e nº 433/92 e a Medida Provisória nº 2.183-56/01. Notas do Tesouro Nacional – NTN Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 71 As Notas do Tesouro Nacional possuem diversas séries. Além das NTN- B, NTN-C e NTN-F anteriormente citadas, que são ofertadas por meio de leilões do Tesouro Nacional, outras séries de NTN podem ser emitidas para atender a finalidades específicas, definidas em lei. Tais títulos, em geral, pagam cupons ao longo de seu ciclo de vida. A legislação básica das NTN é o Decreto n° 3.859, de 4 de julho de 2001. Importante notar que são títulos emitidos com objetivos específicos, mas na verdade o que se quer é levantar o recurso para pagar os custos e despesas do governo (com o FIES, por exemplo). Outro ponto importante, é que esses títulos NÃO são custodiados no sistema SELIC, mas na CETIP. Veremos adiante os detalhes. Alguns exemplos das características dos títulos: Certificado Financeiro do Tesouro Série F (CFT-F) Características: a) forma de colocação: direta, em favor de interessado específico; b) modalidade: nominativa; c) valor nominal na data base: múltiplo de R$1.000,00 (mil reais); d) prazo: definido pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão do certifi cado; e) taxa de juros: definida pelo Ministro de Estado da Fazenda, quando da emissão, em porcentagem ao ano, calculada sobre o valor nominal atualizado; f) rendimento: definido pelo deságio sobre o valor nominal; g) custódia: Cetip. Certificado do Tesouro Nacional (CTN) Finalidade: prover recursos necessários à cobertura de défi cits orçamentários, observados os limites fixados pelo Poder Legislativo. Características: a) limite de emissão: definido pela Secretaria do Tesouro Nacional; b) data de emissão: dia primeiro de cada mês; Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 71 c) prazo: vinte anos; d) forma de colocação: direta; e) valor nominal: R$1.000,00 (mil reais); f) preço unitário: calculado à taxa de desconto de 12% ao ano sobre o valor nominal atualizado; g) atualização: com base na variação do IGP-M, divulgado pela FGV, ou outro índice que venha a substituí-lo; h) opção de recompra pelo emissor: com base no preço unitário, devidamente atualizado até a data da recompra, que poderá ser exercida a partir da liberação da garantia; i) modalidade: negociável, observando-se que: i.1) os títulos serão cedidos à instituição financeira credora da operação de renegociação da dívida, em garantia do principal, com cláusula resolutiva, os quais deverão permanecer bloqueados enquanto constituírem garantia e não houver manifestação do Tesouro Nacional acerca do exercício da opção de recompra; i.2) no caso de transferência dos títulos à instituição financeira, em decorrência de execução da garantia, os títulos passarão a ser considerados inegociáveis, mediante substituição do referido ativo pela Secretaria do Tesouro Nacional, especificando essa nova característica; j) resgate: em parcela única. Títulos de responsabilidade do Banco Central Atualmente, os títulos de responsabilidade do Banco Central são constituídos apenas pelas Notas do Banco Central – Série E (NBC-E), que são indexadas ao câmbio. Por força da Lei Complementar nº 101, de 4.5.2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a partir de maio de 2002, o Banco Central ficou impedido de emitir títulos públicos. As NBC-E constituem a dívida mobiliária interna emitida primariamente pelo Banco Central do Brasil, e todos os títulos estão registrados no Sistema Eletrônico de Liquidação e Custódia (Selic). Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadaspara Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 71 Notas do Banco Central do Brasil – Série Especial (NBCE) Características: a) data-base: data de referência para atualização do valor nominal; b) valor nominal na data-base: múltiplo de R$1.000,00; c) atualização do valor nominal: definida pela variação da cotação de venda do dólar dos Estados Unidos da América no mercado de câmbio de taxas livres, divulgada pelo Banco Central do Brasil, sendo consideradas as taxas médias do dia útil imediatamente anterior à data-base e à data de vencimento do título; d) taxa de juros: definida pelo Banco Central do Brasil, quando da emissão, em porcentagem ao ano, aplicada sobre o valor nominal atualizado; e) pagamento de juros: semestralmente, com ajuste de prazo no primeiro período de fluência, quando couber; o primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis meses, independentemente da data de emissão do título; f) prazo: definido pelo Banco Central do Brasil, quando da emissão do título; g) modalidade: nominativa e negociável; h) forma de colocação: ofertas públicas, cujas condições serão divulgadas pelo Banco Central do Brasil; i) resgate do principal: em parcela única, na data do vencimento; j) custódia: Selic. A seguir um quadro resumo dos títulos (fonte STN): Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 71 2.1. Operações Compromissadas Tomaremos por base a Resolução nº 3.339/2006 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que define essas operações. Em resumo, seriam operações em que em que o vendedor assume o compromisso de recomprar os títulos que alienou em data futura predefinida e com o pagamento de remuneração preestabelecida. Na mesma operação o comprador, por sua vez, assume o compromisso de revender o título ao vendedor na data acordada e com o pagamento do preço fixado. Diferencia-se das opções por ser um compromisso assumido por ambas as partes: a compra com compromisso de revenda e a venda com compromisso de recompra. As operações compromissadas devem ter pelo menos uma das partes contratantes um banco múltiplo, banco comercial, banco de investimento, banco de desenvolvimento, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedade corretora de títulos e valores mobiliários, sociedade Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 71 distribuidora de títulos e valores mobiliários ou a Caixa Econômica Federal, habilitado para a realização dessas operações. Elas são feitas por alguns motivos: Quando o banco tem um ativo do qual não quer se desfazer, seja porque recebe uma taxa de juros mais alta ou porque o banco tem conhecimento profundo sobre o devedor (e avalia melhor que o mercado), ele pode fazer uma operação compromissada, para captar dinheiro no momento imediato e recuperar o ativo depois, com preço predefinido. Nesse caso, ele só vai pagar o diferencial de juros entre o título “bom” que quer manter e o CDI (ou outro indexador), que teria que pagar pelo dinheiro tomado. O banco pode usar sua carteira de títulos públicos para levantar dinheiro, o que seria mais “barato” do que emitir um CDB, por exemplo, pois o risco dos títulos públicos é menor do que o do banco. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 71 3. TÍTULOS PRIVADOS DE DÍVIDA Antes de falar propriamente dos títulos privados, vale expor o papel da CETIP nesse mercado. A CETIP – Central de Custódia e Liquidação de Títulos desempenha um papel de integradora de diversos mercados de títulos, promovendo sua custódia, registro, registro de operações e liquidação financeira de títulos públicos e privados. Suas atividades são reguladas pela CVM e autorizadas pelo BACEN. O ambiente da CETIP é conhecido como balcão (counter) que difere do ambiente de bolsa de valores por dar aos participantes mais flexibilidade para o registro e customização na negociação de títulos e valores mobiliários de renda fixa. Pode operar com produtos customizados. A CETIP também pode registrar, custodiar e liquidar títulos públicos estaduais e municipais emitidos após 1992, títulos representativos de dívidas de responsabilidade do Tesouro Nacional, além de todos os créditos securizados da União, da Dívida Agrícola, dos Títulos da Dívida Agrária e também dos certificados financeiros do Tesouro e principalmente a custódia de Derivativos de balcão, conforme vimos no capítulo anterior. Registro A CETIP possui, atualmente, 97% do registro e depósito dos títulos de debêntures do país e tem liderança no registro de derivativos de balcão. Entre os ativos mais registrados destacam-se, atualmente, CDBs, DIs, Cotas de Fundos, Debêntures e Derivativos. A Cetip provê sistemas que garantem o registro eletrônico da colocação, o depósito e a liquidação financeira dos ativos. As instituições participantes realizam a operação em um mesmo ambiente, contemplando desde a distribuição primária até a negociação em mercado secundário. Central depositária A CETIP é, hoje, a principal depositária de títulos e ativos privados do país. O depósito de todos os ativos registrados na Cetip é feito de forma escritural, por meio de registro eletrônico em conta aberta em nome do titular. Cada ativo está sujeito a uma norma específica e possui diferentes maneiras de pagamento de juros, amortizações e resgates. Por isso a CETIP adota Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 71 procedimentos diferenciados para cada instrumento, para atender a suas características próprias. Ambiente de negociação Há três módulos. O Trader-Bonds, ferramenta para compra e venda de títulos, semelhante ao que ocorre nas mesas de bolsas de valores, a ferramenta de Leilão, que viabiliza colocação primária e de negociação secundária de ativos, venda de bens e direitos em geral e o módulo NET, que permite negociação de captação bancária e compromissadas. Nesse ambiente NET, ocorre a negociação de ativos de captação bancária como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) e Letra Financeira (LF), bem como operações compromissadas. As operações de mercado secundário envolvendo títulos públicos e debêntures são realizadas no Trader. O módulo permite a negociação,cotação, leilão e STN – Secretaria do Tesouro Nacional (específico para títulos públicos). É possível, também, realizar colocações primárias e secundárias de quaisquer ativos, custodiados ou não na Cetip. Os leilões podem ser de taxa ou PU (Preço Unitário), com a quantidade de ativos definida em lotes ou por unidade. Gestão de Riscos A CETIP oferece uma ferramenta que dá acesso em tempo real todas as informações relativas às alocações de colateral (garantias) e permitirá o lançamento das exposições a serem cobertas. Esse serviço garante aos participantes serviços de cálculo independente de exposição, batimento de exposições e gestão de colateral. O serviço de Registro com Redutor de Risco de Crédito (DRRC) permite estabelecer limite aceitável de exposição ao risco de uma parte para outra em uma determinada operação. Esse serviço segue os seguintes passos: O valor de mercado (MtM) da operação é apurado periodicamente. Quando esse valor ultrapassa o limite estabelecido pelas partes, o excedente (entre o valor de mercado e o limite) é pago pela parte devedora à parte credora. A partir daí, esse valor é incorporado ao MtM da operação e atualizado por índice acordado previamente entre as partes. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 71 Se o pagamento não for efetivado, o contrato será acelerado (liquidado antecipadamente). Esse mecanismo permite que o risco de crédito da operação, representado pelo MtM, mantenha-se sempre dentro do limite estabelecido. Instrumentos Financeiros registrados na CETIP Essa introdução sobre a CETIP é para mostrar que, praticamente todos os instrumentos financeiros com os quais vamos trabalhar nesse capítulo (exceto ações, opções padronizadas, títulos públicos custodiados no SELIC etc.) estão registrados lá. Isso dá uma garantia de que as regras contratuais de cada instrumento financeiro deverão ser cumpridas. Esse é o papel de uma central de liquidação e custódia. Com esse pano de fundo, a seguir listamos os títulos privados negociados na CETIP, suas características, legislação etc. Relembrando que a estratégia dessa aula e procurar apresentar definições formais, de fontes oficiais, para evitar imprecisões. Debêntures São valores mobiliários de renda fixa, representativos de dívida de médio e longo prazos de empresas. As debêntures podem ser emitidas por sociedades por ações, de capital aberto ou fechado. Para que sejam distribuídas publicamente, devem ser emitidas por companhias de capital aberto com prévio registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). São regidas (suas regras de emissão, distribuição etc.) pelas leis 6385/76 e 6404/76 e as Instruções CVM nº 404, 400 e 476 (leitura recomendada), as debêntures dão aos seus detentores direito de crédito sobre a companhia emissora e possuem características particulares de prazo e rentabilidade definidas em sua escritura de emissão. Essa escritura especifica as condições da emissão, os direitos dos possuidores e os deveres da emitente, descrevendo todas as características do papel: valor nominal; indexador pelo qual o valor é atualizado; prazo; forma de cálculo; rentabilidade proposta pelo emissor; fluxo de pagamento; e condições que devem ser obedecidas pela companhia emissora ao longo da vida útil do ativo. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 71 Há duas formas de debêntures: nominativas ou escriturais. Quanto à classe, podem ser simples, conversíveis (normalmente conversíveis em instrumentos patrimoniais, como ações) ou permutáveis, além de poder ter garantia real, flutuante (situação em que se trocam as garantias ao longo do contrato), quirografária (sem garantia real) ou subordinada (que não tem prioridade no recebimento). O valor nominal das debêntures é atualizado ao longo da existência do título, de acordo com as características previamente estabelecidas na escritura de emissão. Os negócios realizados com debêntures no mercado secundário podem ser diferentes do seu preço na curva, em função das condições de mercado e liquidez, o que dá origem aos preços de negociação. Além disso, por determinação do Banco Central, os investidores institucionais são obrigados a marcar suas carteiras a mercado. Nesse link (http://www.debentures.com.br/exploreosnd/consultaadados/emissoesdedebe ntures/caracteristicas_d.asp?tip_deb=publicas&selecao=CCRD18) há um exemplo de debênture, emitida pela CCR, com vencimento em 15/12/2018, pagando 124% do CDI. Os títulos de dívida privada nos EUA costumam ser promessas de pagamento de juros fixos periódicos (normalmente semestrais), com devolução do principal ao final. Aqui no Brasil é mais comum títulos atrelados a índices de preços (inflação) ou de juros (SELIC ou DI). O apreçamento desses títulos já vimos na Aula 00, em que discutimos os tipos de fluxos dos títulos de renda fixa, taxas de retorno etc. As debêntures podem ter cláusulas com exigências sobre determinadas condições financeiras da empresa. Podem exigir múltiplos máximos de endividamento, ratings mínimos entre outros itens que assegurariam a saúde da empresa tomadora do empréstimo. Essas cláusulas são conhecidas como covenants, e normalmente a punição para a empresa é a antecipação do vencimento da dívida. Temos visto no Brasil muitas empresas descumprirem esses covenants, como Usiminas e Oi, por exemplo. Como as dívidas costumam ser bem relevantes, os detentores dos papéis, reunidos em Assembleia Geral de Debenturistas, podem optar por dar um waiver (autorização) para a Companhia descumprir os covenants. Normalmente repactuam as taxas de juros para dar esse waiver. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 71 É muito rara a antecipação da dívida. A Petrobras, quando não publicou o balanço no quarto trimestre de 2014, ficou sob risco de antecipação de até US$ 90 bilhões de dívidas. O covenant (que não chegou a ser descumprido) era exigência de apresentação dos balanços auditados. Nota Comercial, Nota Promissória ou Commercial Paper É um título de curto prazo utilizado por empresas que buscam recursos para financiar capital de giro. É emitido por S/As (sociedades anônimas), de capital aberto ou fechado, como forma de captação de recursos junto a investidores que possuem o direito de crédito contra ela. A colocação da Nota Comercial é feita por meio de oferta pública por instituição integrante do sistema de distribuição. A principal característica que diferencia o título de outros direitos de crédito é o prazo de emissão. É uma captação de curto prazo, com máximo de 180 dias para companhias de capital fechado e 360 para as de capital aberto. Para mitigar o risco de necessidade de caixa, as companhias emitem as notas promissórias, tendo como vantagem a maior rapidez de estruturaçãodeste tipo de operação. Para o investidor a remuneração da Nota Comercial costuma ser atrativa. Pode ser indexada a taxas prefixadas ou pós-fixadas, como DI, SELIC, IPCA, TJLP, entre outros. Mas, apesar de ser distribuída por instituições financeiras, o risco de crédito é do emissor e não do banco distribuidor. As Notas são parecidas com as debêntures, mas normalmente não apresentam garantias reais e seu prazo é bem mais curto. Antes de prosseguir, vale tratar das definições diversas para as garantias desses instrumentos: Garantia Real: O cumprimento da obrigação é garantido por meio de bem imóvel (hipoteca) ou móvel (penhor). Garantia fidejussória: Garantia prestada por pessoas e não por bens. Em caso de inadimplemento a satisfação do débito será garantida por um terceiro. As modalidades mais comuns são Aval e Fiança. Letra de Câmbio Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 71 É um título representativo de operação de crédito. O instrumento possibilita que o devedor (sacado) confira ao registrador da Letra de Câmbio (sacador/aceitante) ordem de pagamento do valor devido. Esses títulos podem ser negociados pelos registradores e emitidos com remuneração pré ou pós-fixada. Podem ser aceitantes de Letras de Câmbio os bancos múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento e as sociedades de crédito, financiamento e investimento. É importante notar que o mecanismo da letra de câmbio, detalhado no Código Civil, é uma matéria bem mais jurídica do que financeira. O modelo padrão de LC está na imagem anterior. Letras Hipotecárias São títulos de renda fixa emitida pelas instituições financeiras autorizadas a conceder créditos hipotecários. São emitidas com lastro de créditos garantidos por hipoteca de primeiro grau de bens imóveis. A maior Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 71 emissora desses títulos hoje é a Caixa Econômica Federal. As instituições financeiras se utilizam das letras hipotecárias para captar dinheiro e financiar certas linhas de crédito imobiliário. O prazo mínimo de aplicação é de 180 dias e o prazo máximo, apesar de não ser estipulado, em geral, não ultrapassa 24 meses. A rentabilidade deste tipo de aplicação está vinculada ao valor nominal do financiamento imobiliário, ajustado pela inflação ou variação do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), e pode ser pré-fixada, flutuante e pós- fixada. Quanto aos riscos, a letra hipotecária representa um título de renda fixa com risco do emissor (Caixa, por exemplo). Já se os mutuários que tenham recebido os créditos hipotecários não honrarem seus compromissos com a instituição emissora (bancos), esta deverá efetuar os pagamentos ao investidor. A circular (nº 1.393, de 7/12/1988, leitura recomendada) que determina que a garantia da operação seja a caução (garantia) de créditos hipotecários de que sejam titulares, garantidos por primeira hipoteca. A circular determina, também, que as instituições financeiras que tenham emitido este instrumento devem manter controles paralelos de modo a identificar quais os créditos que servem de garantia para cada letra. A Caixa Econômica Federal é o maior emissor e o risco dela não performar é pequeno. Além disso, as LHs têm garantia real, isto é, o próprio imóvel financiado com seus recursos. As aplicações em letras hipotecárias também são garantidas pelo fundo garantidor de crédito – FGC. Quanto à tributação, sobre as LHs não incidirá IOF, pois o prazo mínimo de aplicação é de 6 meses. Também é isenta de imposto de renda. Não é um instrumento facilmente acessível a pequenos investidores. Para detalhes sobre a tributação de Renda fixa, ver no link http://www.anbima.com.br/informe_legislacao/arqs/tabelaIR.pdf A leitura é fortemente recomendada, pois é aplicável a todos os instrumentos descritos nessa aula. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 71 Letra Financeira É um instrumento destinado a alongar o prazo de captação das instituições financeiras Funciona como uma “debênture” dos bancos. Normalmente tem rentabilidade superior ao CDI (pois é de longo prazo, mínimo 24 meses), mas não está acessível com facilidade a pequenos investidores. O ativo visa alongar a forma de captação dos bancos, proporcionando melhor gerenciamento entre o ativo e o passivo dessas instituições. Foi criada pela Medida Provisória nº 472, de dezembro de 2009, e regulamentada pelas resoluções do CMN – Conselho Monetário Nacional no. 3.836/2010 e 4.123/2012 (leituras recomendadas). Um dos seus principais diferenciais é ter prazo mínimo de dois anos para o vencimento, sem possibilidade de resgate total o parcial antes desse prazo. Outra característica é o fato do ativo ter valor nominal unitário mínimo de R$ 150 mil (R$ 300 mil se contiver cláusula de subordinação). A LF pode ser registrada por bancos múltiplos, comerciais, de investimento, de desenvolvimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, caixas econômicas, companhias hipotecárias, sociedades de crédito imobiliário e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A remuneração pode ser por taxa de juros prefixada - combinada ou não com taxas flutuantes - ou por índice de preços, e admite o pagamento periódico de rendimentos em intervalo de, no mínimo, 180 dias. As ofertas públicas de distribuição de Letras Financeiras foram regulamentadas pela Instrução nº 488 (leitura recomendada) editada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 16 de dezembro de 2010. A CVM também autoriza que ofertas públicas de Letras Financeiras sejam feitas automaticamente, desde que os emissores tenham registrado previamente, junto à Comissão, um Programa de Distribuição Contínua – PDC. O PDC permite que sejam realizadas diversas distribuições públicas de um mesmo tipo de Letra Financeira, possibilitando aos emissores aumentar o volume de títulos emitidos, dependendo das condições de mercado. As instituições financeiras podem adquirir LF de sua emissão, a qualquer tempo, somente para efeito de permanência em tesouraria e venda posterior. O montante em tesouraria não pode ultrapassar 5% do total emitido sem cláusula de subordinação e considerando neste montante as letras das entidades componentes do mesmo conglomerado. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 71 Falaremos mais sobre cláusula de subordinação quando tratarmosde operações estruturadas e securitização. IMPORTANTE! Veja que sempre coloco que o instrumento não é “facilmente” acessível a investidores pequenos. Alguns deles são exclusivos para investidores qualificados ou profissionais. Porém há gestores que oferecem, via fundos de fundos, acesso a outros fundos e outros instrumentos que não estariam disponíveis ao pequeno investidor. Portanto não dá para falar que NÃO é acessível, pois uma operação estruturada pode dar acesso ao pequeno investidor. Cédulas de Crédito Bancário É um título representativo de promessa de pagamento em dinheiro decorrente de operação de crédito. É muitíssimo utilizado para capitalizar empresas que tem muitos créditos junto a consumidores finais etc. A CCB é um título de crédito que pode ser emitido por pessoa física ou jurídica, na forma cartular (em papel) ou escritural, em favor de uma instituição financeira (IF), representando uma promessa de pagamento decorrente de operação de crédito. A IF em favor de quem é emitida a CCB é a instituição registradora da CCB. Quando alguém contrata um empréstimo com uma instituição financeira, como cartão de crédito, crédito rotativo na conta corrente tem contra si a emissão uma CCB. A CCB é um título executivo extrajudicial, ou seja, não depende de autorização judicial para cobrança, e representa dívida certa, líquida e exigível pela soma nela indicada. Pode ser emitida sem garantia. É possível criar um certificado representativo de um conjunto de cédulas (CCCB – Certificado de Cédulas de Crédito Bancário ou 3CB). Neste caso, a emissora assume as responsabilidades de depositária e mandatária do titular do certificado, cabendo-lhe promover a cobrança das cédulas e entregar o produto da cobrança do seu principal e encargos ao titular do certificado. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 71 Títulos de financiamento do Agronegócio Apresentaremos vários títulos ligados ao Agronegócio, com suas definições simplificadas, pois serão importantes mais adiante quando tratarmos de CRA e LCA em securitização. CPR - Cédula de Produto Rural. Permite ao produtor rural ou a cooperativas obter recursos para desenvolver produção ou empreendimento com comercialização antecipada ou não. É uma promessa de entrega futura de produtos rurais. Por meio desse instrumento, seus emitentes — produtores rurais, suas associações e cooperativas — recebem pagamento à vista relativo à venda (com entrega futura) de mercadorias. As CPRs têm sido utilizadas como instrumento de financiamento, proporcionando a negociação da safra agrícola sem endividamento referenciado em taxas de juros e a redução das pressões sazonais de preços das mercadorias. Trata-se de um título cambial (não é de dólar, é mais no significado de troca) negociável em mercado de balcão e em bolsa de mercadorias. O título é cartular, antes do registro, e escritural ou eletrônico enquanto permanecer registrado. Nas negociações com a CPR Financeira não há incidência de IOF. CRP - Cédula Rural Pignoratícia. É um título representativo de financiamento rural concedido por integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural. A CRP é uma modalidade de cédula de crédito rural com promessa de pagamento em dinheiro. É emitida por pessoa física ou jurídica tomadora do financiamento rural. É extraída com base no penhor rural e passa a valer como título de crédito autônomo e negociável. É um título de ampla utilização na concessão do crédito rural, especialmente pelas instituições financeiras oficiais. CDA e WA. Certificado de Depósito Agropecuário e Warrant Agropecuário. São títulos de crédito que representam promessa de entrega de produtos agropecuários. O CDA foi regulamentado para substituir o “conhecimento de depósito”. O WA, por sua vez, é um título de crédito que confere direito de penhor sobre a mercadoria descrita no CDA correspondente. Ambos são títulos de execução extrajudicial. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 71 O CDA e o WA podem ser garantidos por aval bancário ou seguro, e negociados em conjunto ou isoladamente. São tributados como ativos financeiros com isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). CDCA - Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio. É um título de crédito nominativo, de livre negociação e representativo de promessa de pagamento em dinheiro, vinculado a direitos creditórios originários de negócios realizados entre produtores rurais (ou suas cooperativas) e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos. É emitido exclusivamente por cooperativas de produtores rurais e outras pessoas jurídicas que exerçam atividades de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária. Pode ser também distribuído por meio de oferta pública. Este ativo é também utilizado como lastro para as operações com LCA. Títulos de financiamento do ramo imobiliário Apresentaremos os títulos ligados ao setor imobiliário, com suas definições simplificadas, pois serão importantes mais adiante quando tratarmos de CRI e LCI em securitização. CCI - Cédula de Crédito Imobiliário. Instrumento originado pela existência de direitos de crédito imobiliário com pagamento parcelado. A cédula é emitida pelo credor, com o objetivo de facilitar e simplificar a cessão do crédito e podem contar ou não com garantia. A CCI agiliza a negociação de créditos, uma vez que a cessão pode ser feita mediante o endosso no próprio título, sem necessidade de uma formalização com um contrato de cessão. Seu diferencial reside no fato de que sua negociação ocorre independentemente de autorização do devedor, uma característica indispensável para adequar o crédito imobiliário às condições de negociação no mercado financeiro e de capitais. Possui remuneração por taxa pré ou pós-fixada, inclusive por índices de preços, de acordo com o direito creditório nela representado. Emissor, nesse caso, é o detentor do crédito imobiliário e o devedor é aquele que deve diretamente o crédito representado pela CCI. A CCI pode ser integral, representando a totalidade do crédito, ou fracionária, representando parte dele, podendo ser emitidas de uma só vez, ou ao longo do tempo. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 71 Pode ser emitida com ou sem garantia, real ou fidejussória. Características dos instrumentos financeiros apresentados Há diversos outros instrumentos financeiros negociados na CETIP, mas esses apresentados tem característica de instrumento direto de captação de recursos, sem passar por processo de estruturação ou securitização. Os outros instrumentos, como os certificados de depósitos bancários, LCIs, LCAs, CRIs etc., serão apresentados aseguir nos capítulos próprios de securitização e depósitos à vista e a prazo. Com relação ao cálculo do valor presente de cada ativo apresentado, não difere em nada do discutido nas aulas anteriores (Aula 00 e Aula 01) e, ao que parece, não é o foco das questões da prova do BACEN relacionadas aos títulos. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 71 4. SECURITIZAÇÃO E CRÉDITO ESTRUTURADO Os instrumentos financeiros tratados anteriormente, em sua maioria, funcionam como forma direta de capitalização para as empresas. Mas a maioria deles tem negociação entre a empresa e uma instituição financeira, apesar de alguns permitirem a compra direta por pessoas físicas e fundos. O mais comum, entretanto, é “empacotar” esses instrumentos, normalmente promessas de recebimento de juros e principal, em novos ativos e vender ao mercado em geral, tanto no varejo quanto institucional. CRÉDITO ESTRUTURADO Ao contrário das formas tradicionais de dívidas, tratadas em parte no capítulo anterior, operações estruturadas de crédito permitem mitigação de riscos através de: Garantias reais (alienação fiducária, hipoteca, direitos sobre recebíveis – over collateral ou não, aplicações financeiras em geral, ações ou cotas, fianças, seguros de crédito) ou fidejussórias (aval de sócios, de terceiros): Reduz o risco, pois eleva a expectativa de recebimento em caso de default. Procedimentos operacionais que direcionem ou garantam o fluxo de recursos ao credor. Ex: apontamento de conta para pagamento dos recebíveis, escrow accounts / contas vinculadas, covenants, registro em cartório, formatação jurídica da dívida (Ex: CCB). São contas que, às vezes, nem passam pelo cedente do crédito (que tomou o empréstimo). Proteção aos índices de Basiléia do credor. Ex: cessão definitiva de dívida, vinculação à Res. CMN 2921. Receitas extras para o estruturador (instituição financeira): fees de estruturação e distribuição e possibilidade de captação de recursos com lastro na dívida (ex: LCI, LCA e DPGE). Securitização de ativos. Perceba que securitização é uma forma de crédito estruturado, um pouco mais sofisticada. Mas nem todo crédito estruturado é uma securitização. Na prática quando uma instituição financeira consegue organizar um conjunto de recebíveis, empacotá-los com outros direitos (e também deveres) e oferecer ao público em geral, trata-se de crédito estruturado. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 71 Antes de prosseguir, uma explicação para o que seria over collateral. Collateral, falando em termos simples, seria a separação de algum ativo em garantia de uma dívida, que poderá ser “chamado” para honrar o pagamento da mesma. Over collateral, é quando a instituição ofecere MAIS garantias do que o valor da dívida. Isso é comum em FIDCs, pois permite que o gestor do fundo troque créditos ruins por créditos bons, pois tem mais direitos do que o valor da dívida. Securitização Vem da expressão em inglês “securities”, o que nos leva a entender securitização como o processo de transformar um conjunto de instrumentos financeiros em uma security (valor mobiliário) com características próprias, contrato próprio. Processo pelo qual um emissor segrega um portfólio de ativos e emite um novo instrumento de dívida ou valor mobiliário por meio de um veículo independente com prioridades distintas de recebimento em relação ao portfólio original. São exemplos de securitização: Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) emitidos por securitizadoras Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) emitidos por securitizadoras Certificados de Cédula de Crédito Bancário (CCCB) emitidos por instituições financeiras IF Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) É importante notar que alguns sites definem securitização pelo lado do passivo, ou seja, do devedor. Mas é uma visão inadequada para a realidade brasileira, pois o que se transfere REALMENTE é o direito de recebimento. Apesar de ser uma dívida de alguém, normalmente quem empacota é quem tem direito de receber e não de pagar. Antes de prosseguir definindo as características dos principais veículos de securitização, vale mostrar o modelo norte-americano que deu origem a alguns dos instrumentos securitizados que temos por aqui. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 71 Já falei do filme anteriormente, mas reforço aqui a recomendação. Vejam o filme “A Grande Aposta”, pois há ótima discussão sobre CDOs e CDSs, instrumentos que trataremos nessa aula e adiante. CDO – Collateralized Debt Obligation Esse instrumento foi bastante criticado durante a crise do subprime nos EUA, pois permitiu uma expansão muito rápida dessas hipotecas de alto risco. Antes da “invenção” do CDO, as hipotecas de alto risco acabavam ficando na carteira dos emissores, pois não havia demanda para tamanho risco. Grandes compradores como os fundos de pensão não poderiam investir nesses títulos e hedge funds achavam que o risco não compensaria o retorno. Imagine um banco que empresta dinheiro para interessados em comprar imóveis. Concede, por exemplo, R$ 1 bilhão em créditos imobiliários, garantidos pelos imóveis. Esses R$ 1 bilhão gerarão um fluxo anual de, digamos, R$ 100 milhões por ano. Antes dos CDOs, para passarem esses créditos adiante, os bancos criavam uma SPE (sociedade de propósito específico) que recebia os direitos de todos esses créditos. Essa SPE teria, então, o direito de receber o dinheiro dos mutuários e ainda levava as garantias dos imóveis. O que fazia essa SPE? Emitia cotas, por hipótese, 1 milhão de cotas e fazia um IPO (initial private offer) ou uma emissão privada, para captar o dinheiro e repassar ao banco, como contrapartida da cessão dos créditos (compra de carteira de créditos). Antes de ir a mercado o banco (ou a SPE) contratava uma agência classificadora de risco (rating agency, como Moody´s, S&P, Fitch etc.) para indicar qual seria o risco daquele pacote de recebíveis (normalmente diversificado). Imaginemos que o risco ficasse em BB (nem ruim, nem bom). Para esse risco de crédito as pessoas aceitariam, por exemplo, receber 9% ao ano. Uma conta simples mostra que, a 9% ao ano, o valor presente do fluxo (consideraremos perpétuo apenas para fins de ilustração) seria de R$ 1,1 bilhão (R$ 100.000.000/0,09). A SPE vende então as cotas e capta R$ 1,1 bi e paga ao banco esse valor. O banco já tem um ganho de 10% (de R$ 1 bi para R$ 1,1 bi) e os Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas paraBanco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 71 cotistas da SPE ficaram com o risco dos mutuários. O banco, com esse dinheiro, pode emprestar novamente a outros mutários. Uma cota dessa SPE é um ativo securitizado. É uma MBS (mortgage backed security). Se na SPE houvesse outros ativos, como crédito estudantil, crédito privado de longo prazo etc., suas cotas (ativos) seriam classificadas como ABS (asset backed security). Isso é interessante, mas não atendia a públicos que precisavam de mais segurança (fundos de pensão) e também àqueles com maior apetite para risco (hedge funds). O CDO veio para transformar essa SPE num veículo que pudesse atender a diversos públicos, diversos apetites por risco e retorno. Imagine que a mesma SPE, porém, em vez de oferecer MBSs sem distinção entre eles (todos com o mesmo risco, pagando 9% ao ano no máximo), conferisse às cotas algum grau de prioridade no recebimento dos pagamentos dos mutuários. Pensemos o seguinte. 40% das cotas estariam em uma tranche (divisão) Sênior, que teria prioridade de recebimento em relação às outras. 40% das cotas estariam numa tranche intermediária, chamada mezanino, e receberia após o pagamento das cotas senior. Por fim há uma tranche subordinada (20% das cotas), que é a primeira a arcar com qualquer default ou crédito não performado. A SPE tem todo o direito de fazer isso. Ela não é obrigada a vender cotas com direitos iguais. Se temos uma estrutura como essa e aqueles R$ 100.000.000 que vêm todo ano têm uma estimativa média de apenas 3% de inadimplemento, quando é que as tranches superiores vão parar de receber seus valores? Praticamente nunca. Por isso elas eram classificadas pelas agências de risco como AAA, ou risco baixíssimo. Como são AAA podem pagar, por hipótese, 6% ao ano e podem ser vendidas para fundos de pensão, pois são de risco baixo e são aceitas pelas regras desses veículos. As tranches intermediárias também são quase inatingíveis, pois o default só começaria a atingi-las se a inadimplência chegar a níveis absurdamente altos. As agências poderiam classificá-las como AA ou A. Por serem de baixo risco, poderiam se contentar com, por exemplo, 8% ao ano. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 71 Então temos 40% das cotas vendidas para tranches senior, 40% para tranches mezanini e 20% para tranches subordinadas, junior ou equity. Lembre-se que a SPE vendeu os títulos por R$ 1,1 bi (10% a mais do que o crédito original, que foi o ganho do banco). Vamos assumir que as cotas senior pagaram R$ 440.000.000 pelo direito, as cotas mezanino R$ 440.000.000 e as cotas equity R$ 220.000.000, totalizando R$ 1,1 bilhão. Cada cota tem um valor igual, porém direitos diferentes. Dos R$ 100.000.000 por mês, quanto deveria ser destinado para cada tranche? R$ 440 milhões x 6% = R$ 26,4 milhões R$ 440 milhões x 8% = R$ 35,2 milhões Para as cotas júnior ou equity, o que sobra = R$ 38,4 milhões menos a inadimplência. Como eles (equity) pagaram R$ 220 milhões, a rentabilidade da cota júnior, se todos pagarem, seria de 17,45% (38,4 / 220). Nos EUA imaginava-se que, mesmo em empréstimos imobiliários de alto risco, a inadimplência jamais passaria de 8%. Se ocorresse essa inadimplência, no caso, sobraria para as cotas junior R$ 30,4 milhões, uma rentabilidade de 13,81%. Perceba algo interessante nesse instrumento financeiro. Não é o risco específico dos ativos ou dos empréstimos que “cria” as tranches AAA, mas a diferenciação de direitos sobre o crédito DENTRO do próprio veículo financeiro (SPE). Por isso havia nos EUA CDO´s com tranches AAA mesmo que TODOS os seus recebíveis fossem de baixa qualidade. Como a inadimplência, mesmo quando muito alta, não passaria de 8% a 10%, as tranches superiores SEMPRE receberiam seus direitos. Naturalmente os bancos não contavam que a inadimplência, principalmente para hipotecas subprime, de alto risco, bateria todos os recordes e destruiria o valor desses ativos garantidos nas dívidas. Aqui no Brasil os CRAs, CRIs e os FDICs costumam ter estrutura semelhante a essa. Só que, como são muitas vezes ativos garantidos em recebíveis de uma empresa do agronegócio ou incorporadora imobiliária, os próprios originadores Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 71 do crédito integralizam as cotas júnior, como forma de compromisso com a operação. Assumem o primeiro risco de default. Após a crise do subprime os CDOs passaram a ser vistos como veículos para fraude, mas, como deve ter ficado claro, são apenas uma engenhosa forma de atender diferentes públicos com um mesmo ativo, de risco homogêneo. Apesar de parecer estranho empacotar um monte de hipotecas com risco CCC, péssimos pagadores, e conseguir extrair desse veículo (SPE) cotas com classificação AAA, não há nada de errado, impossível ou fraudulento nisso. Ainda que a inadimplência pudesse chegar a 50%, as tranches mais elevadas continuariam a receber sua remuneração contratada. Ainda que possa ter havido fraudes no mercado americano, a estrutura de um CDO não é, em si, fraudulenta. É bem engenhosa e continua servindo muito bem ao mercado de crédito, inclusive no Brasil (onde há diferenças da estrutura, mas o conceito é o mesmo). Antes de falar propriamente dos instrumentos securitizados, precisamos introduzir os conceitos de LCI e LCA, que são instrumentos de captação bancária, com destinação dos recursos para a área imobiliária e do agronegócio. LCI – Letra de Crédito Imobiliário É um instrumento de captação bancária e seus recursos captados devem ser aplicados em financiamentos imobiliários. A LCI tem sido um dos instrumentos de renda fixa mais procurados pelo investidor pessoa-física, por contar com isenção de Imposto de Renda para esse público (quase extinta por medida provisória em 2015, ainda há risco de extinção dessa isenção). Representa uma importantíssima fonte de recursos para o setor imobiliário, pois possui como lastro créditos imobiliários. São emitidas por instituições financeiras (Ifs) – bancos comerciais, múltiplos e de investimento, além de sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo e companhias hipotecárias – e são regulamentadas pela a Lei n° 10.931/2004 e a Circular do Banco Central nº 3.614/12 (leitura recomendada). Sua remuneração pode ser por taxa pré ou pós fixada. Paulo Portinho Aula 02 Finanças Privadas p/ BACEN (Analista Área 3 - Política Econômica e Monetária) Com Videoaulas - 2019 www.estrategiaconcursos.com.br Finanças Privadas para Banco Central - Áreas 3 e 4 Teoria e Questões Comentadas Prof. Paulo Portinho ʹ Aula 02 Prof. Paulo Portinho www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 71 Importante que o investidor saiba que, ao comprar uma LCI, assume o risco primário do emissor (Instituição Financeira) e conta com a segurança adicional de estar vinculado à carteira da de crédito imobiliário da instituição financeira.
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