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18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 1/10 Investigação I - Crimes Patrimoniais Aula 1 - Furto (art. 155 do Código Penal) INTRODUÇÃO Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de furto, com a classi�cação doutrinária. Identi�caremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identi�caremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por �m, analisaremos a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. OBJETIVOS 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 2/10 Esclarecer os elementos do tipo; Reconhecer os sujeitos do delito; Identi�car o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 3/10 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE FURTO A maioria da doutrina entende que o bem jurídico tutelado é... ELEMENTOS DO TIPO O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normaltipo normal, porém quando a de�nição típica contiver, além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormaltipo anormal. AtençãoAtenção , O objeto da tutela é a coisa alheiacoisa alheia. Neste caso, com fundamento no elemento normativo coisa alheia a coisa alheia a coisa abandonadacoisa abandonada (res derelictae) e a coisa de ninguémcoisa de ninguém (res nullius) não merecem tutela do Direito Penal. Vale ressaltar que a coisa perdidacoisa perdida (res deperdita) é tutelada pela previsão especí�ca constante do art. 169, II, do CP, pois, ainda quando perdida, a coisa não deixa de compor o patrimônio de seu proprietário pelo que se justi�ca a tutela., , Por força do especial �m de agir “para si ou para outrem”“para si ou para outrem” o "furto de uso""furto de uso" não é punido, pois o art. 155 exige que a �nalidade seja a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.para si ou para outrem., , O CÓDIGO PENAL MILITAR INCRIMINA O FURTO DE USO, CONFORME ART. 241 do CPM. Agora, vamos analisar a situação exibida no vídeo abaixo:Agora, vamos analisar a situação exibida no vídeo abaixo: VÍDEO No vídeo, o ladrão furta a carteira do homem, mas ao perceber que está sendo �lmado joga a carteira no chão e avisa ao homem, �ngindo que a carteira havia caído. Nesta situação, foi con�gurado o crime de furto? Por quê? 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 4/10 Resposta Correta Zoltan Major / Shutterstock CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Crime comumCrime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; Crime material - quanto ao resultadoCrime material - quanto ao resultado | Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima; Crime comissivoCrime comissivo | É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva; Crime dolosoCrime doloso | Não há previsão legal para a �gura culposa; Crime de forma livreCrime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; Crime instantâneoCrime instantâneo | A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; Crime unissubjetivoCrime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; Crime plurissubsistenteCrime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta. 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 5/10 APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CRIME FURTO De acordo com o princípio da insigni�cância, o Direito Penal não deve preocupar-se com bagatelas. A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido. A aplicação do princípio da insigni�cância exclui a tipicidade, porém a tipicidade em seu sentido material. Para a aplicação do princípio da insigni�cância, o Supremo Tribunal Federal exige quatro requisitos: (HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 19/11/04). ExemploExemplo , INFORMATIVO 696, STF, (CLIPPING)INFORMATIVO 696, STF, (CLIPPING) RHC N. 106.731-DFRHC N. 106.731-DF RED. PARA O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLIRED. PARA O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto, na modalidade tentada (art. 155, caput, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal), de um cartucho de tinta avaliado em R$ 25,70 (vinte e cinco reais e setenta centavos). Mínimo grau de lesividade. Ausência de periculosidade social da ação. Inexpressividade da lesão jurídica causada. Aplicação do princípio da insigni�cância. Possibilidade. Recurso provido. FIGURAS TÍPICAS Veja, a seguir, as �guras típicas do furto: Furto simplesFurto simples O furto na sua modalidade simplessimples está previsto na caput do art. 155 do Código Penal. Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Furto noturnoFurto noturno O furto noturnonoturno é uma causa de aumento de pena e está previsto no art. 155, §1ºart. 155, §1º do Código Penal. §1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.§1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. O período noturno não se confunde com noite (ausência de luz solar), devendo ser observados os costumes do local em que a comunidade se recolhe para o descanso. 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 6/10 Quanto ao repouso, o entendimento majoritário é bem expressado por LUIZ REGIS PRADO quando diz que “a majorante incide ainda que o furto ocorra em local desabitado, satisfazendo-se simplesmente com a circunstância de que seja praticado durante o momento, segundo os costumes locais, em que pessoas estejam repousando”. Este é o entendimento �rmado no STJ, conforme exemplos disponíveis aqui.aqui. (galeria/aula1/docs/a01_09_01.pdf) Furto privilegiadoFurto privilegiado O furto privilegiadoprivilegiado está previsto no art. 155, §2ºart. 155, §2º do Código Penal. §2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a§2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente apena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.pena de multa. O entendimento que prevalece é que coisa de pequeno valor é coisa de até 1 (um) salárioO entendimento que prevalece é que coisa de pequeno valor é coisa de até 1 (um) salário mínimo, porém tal valor deve ser aferido no momento da conduta.mínimo, porém tal valor deve ser aferido no momento da conduta. Súmula 511, STJ -Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto quali�cado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a quali�cadora for de ordem objetiva. Furto de energiaFurto de energia O furto previsto no art. 155, §3ºart. 155, §3º do Código Penal é o furto de energiaenergia ou qualquer outra que tenha valoreconômico, como por exemplo, a energia térmica, genética etc. §3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor§3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.econômico. Veja um exemplo: INFORMATIVO 623, STF, (2ª TURMA)INFORMATIVO 623, STF, (2ª TURMA) Furto e ligação clandestina de TV a caboFurto e ligação clandestina de TV a cabo A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado pela prática do crime descrito no art. 155, §3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: ... §3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica. HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261)HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261) (http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp? numero=97261&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M) Furto quali�cadoFurto quali�cado http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON833/galeria/aula1/docs/a01_09_01.pdf http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=97261&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 7/10 O art. 155, §4º155, §4º tipi�ca o furto quali�cadoquali�cado. §4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:§4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I -I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II -II - com abuso de con�ança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III -III - com emprego de chave falsa; IV -IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. O art. 155, §5ºart. 155, §5º prevê quali�cadora quando a subtração for de automóvel, porém é necessário que tal subtração tenha a �nalidade que o destino do automóvel seja outro Estado ou o exterior. §5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo§5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pelaautomotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)Lei nº 9.426, de 1996) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art155§5) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art155§5) Recentemente, a Lei 13.330/16 incluiu o §6º no art. 155§6º no art. 155 do Código Penal (abigeato - furto de animal), tipi�cando de forma mais gravosa a subtração de semovente (animal) domesticável de produção. §6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente§6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local dadomesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)Lei nº 13.330, de 2016) (http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2)(http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2) ATIVIDADES Vamos �nalizar esta aula com algumas atividades. Veja a situação descrita a seguir: Roman Babakin / Shutterstock, r.classen / Shutterstock, Victor Moussa / Shutterstock e Monkey Business Images / Shutterstock Agora, responda as questões de acordo com os conceitos aprendidos nesta aula: O fato de o furto ter sido cometido a noite, durante o horário de repouso, pode agravar a pena? Sim http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art155%C2%A75 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 8/10 Não Justi�cativa Fábio utilizou um pé de cabra para arrombar a porta. Isso tipi�ca o furto como quali�cado? Sim Não Justi�cativa O furto cometido por Fábio, por ter um valor acima de 1 salário mínimo, não pode ser considerado de baixo valor. Sim Não Justi�cativa O fato de Fábio ser criminoso primário, neste caso, pode fazer com que sua pena de reclusão seja substituída pela detenção ou por multa? Sim Não Justi�cativa Uma diarista foi contratada por uma determinada família para fazer os serviços domésticos. Tal contratação ocorreu em função de boas referências. Assim sendo, a família entregou as chaves do imóvel para a diarista enquanto viajavam em férias. A diarista aproveitou a ausência dos patrões e subtraiu um anel de ouro para presentear sua �lha que completava 15 anos. Neste caso, a diarista cometeu crime de: Furto simples. Furto privilegiado. Furto quali�cado mediante abuso de con�ança. Furto quali�cado mediante destreza. Furto quali�cado mediante escalada. Justi�cativa Tício, dentro do vagão do metrô, com especial habilidade, rasgou a bolsa de uma determinada pessoa e conseguiu subtrair dinheiro e cartões de crédito. Neste caso, Tício cometeu: 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 9/10 Furto quali�cado mediante abuso de con�ança. Furto quali�cado mediante destreza. Furto quali�cado mediante escalada. Furto quali�cado mediante fraude. Furto quali�cado mediante rompimento de obstáculo. Justi�cativa Assinale a seguir os requisitos para o reconhecimento do furto privilegiado: Primariedade e pequeno valor da coisa subtraída. Reincidência e grande valor da coisa subtraída. Primariedade e médio valor da coisa subtraída. Reincidência e pequeno valor da coisa subtraída. Primariedade e grande valor da coisa subtraída. Justi�cativa Glossário COM DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA 18/02/2019 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=1132974&topicId=2868820&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f… 10/10 É o furto praticado, por exemplo, com arrombamento de cadeados ou com destruição muros. COM ABUSO DE CONFIANÇA, OU MEDIANTE FRAUDE, ESCALADA OU DESTREZA Furto praticado com abuso de con�ança. A con�ança pressupõe uma determinada credibilidade, vale dizer, se entre duas pessoas não há uma relação de con�abilidade, de credibilidade, a subtração de qualquer objeto não quali�ca o furto. Sendo assim, na relação Empregado/Empregador, não necessariamente existirá con�ança. O furto mediante fraude é aquele em que o agente usa meios ardilosos para praticar a subtração, vale dizer, a vigilância sobre o bem é desviada em face da fraude praticada por quem subtraiu. Furto mediante escalada é aquele em que é praticado por meio de ingresso anormal no local, e para �ns de Direito Penal, escalada signi�ca tanto pular um muro de cinco metros, como cavar um túnel para chegar no local. Furto mediante destreza é aquele em que o agente tem especial habilidade para retirar objeto da vítima sem que esta perceba. COM EMPREGO DE CHAVE FALSA Chave falsa é qualquer instrumento que tem a possibilidade de abrir fechaduras, como por exemplo grampos, arame, pregos etc. Exemplo:Exemplo: INFORMATIVO 442, STJ (5ª TURMA)INFORMATIVO 442, STJ (5ª TURMA) Com base em precedentes deste Superior Tribunal, rea�rmou-se que o uso da chave mixa para destrancar fechadura de automóvel com �m de viabilizar o acesso à res furtiva con�gura a quali�cadora de emprego de chave falsa, o que atrai uma reprimenda maior e a incidência do art. 155, § 4º, III,do CP. MEDIANTE CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS No concurso de pessoas, a teoria adotada como regra foi a UNITÁRIA (art. 29, caput, CP) e excepcionalmente a PLURALISTA (arts. 124 e 126, CP). São requisitos para o concurso de pessoas: pluralidade de condutas; relevância causal de todas elas; liame subjetivo ou concurso de vontades e identidade de infração para todos. Exemplo:Exemplo: SÚMULA 442, STJSÚMULA 442, STJ É inadmissível aplicar, no furto quali�cado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
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