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Modernismo segunda fase

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Modernismo segunda fase 
Profª: Jane Gomes 
TURMAS 3ANOS 
Geração de 30
• O que foi a geração de 1930?
A geração de 1930 é composta por escritores da prosa modernista da segunda geração. Preocupados com o contexto sociopolítico brasileiro – alguns deles, inclusive, foram perseguidos pela ditadura de Getúlio Vargas –, esses escritores utilizaram os seus livros como veículo de reflexão política e combate ao regime vigente. Portanto, as obras desse período lançam um olhar crítico e realista sobre o Brasil da Era Vargas.
O romance de 1930 faz uma retomada do regionalismo romântico; porém, a partir de uma perspectiva realista, e não mais idealizadora. Nesse neorrealismo, além de rejeitar a idealização romântica, os autores também deixaram de lado a impessoalidade realista do século XIX. 
 
Os romances desse período resultaram de um engajamento político; portanto, trazem a visão pessoal do autor ou autora sobre a realidade brasileira.
Por ser regionalista, o enredo do romance é construído a partir da valorização do espaço, isto é, personagem e espaço tornam-se uma coisa só, pois o lugar em que vive o personagem influencia diretamente o seu comportamento. Nessa perspectiva, há uma retomada do determinismo naturalista; porém, sem o peso da inevitabilidade do destino. Para a geração de 1930, se o meio é a causa dos problemas sociais, isso se resolve ao transformar o meio.
Na prosa, temos a publicação do romance regionalista A Bagaceira (1928) do escritor José Américo de Almeida. 
Principais autores da segunda fase do modernismo brasileiro
→ Prosa de 1930
Graciliano Ramos (1892-1953): Vidas secas (1938) e Memórias do cárcere (1953).
José Lins do Rego (1901-1957): Menino de engenho (1932).
Rachel de Queiroz (1910-2003): O quinze (1930).
Jorge Amado (1912-2001): Capitães da areia (1937) e O cavaleiro da esperança (1942).
Erico Verissimo (1905-1975): O tempo e o vento (1949-1961).
→ Poesia de 1930
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Sentimento do mundo (1940) e A rosa do povo (1945).
Cecília Meireles (1901-1964): Romanceiro da Inconfidência (1953).
Vinicius de Moraes (1913-1980): Novos poemas (1938).
Murilo Mendes (1901-1975): O visionário (1941).
Jorge de Lima (1893-1953): Poemas negros (1947).
Contexto histórico
 - A segunda fase do modernismo no Brasil surgiu num contexto conturbado. Após a crise de 1929 em Nova York, (depressão econômica) muitos países estavam mergulhados numa crise econômica, social e política. 
Isso fez surgir diversos governos totalitários e ditatoriais na Europa, os quais levariam ao início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 
Além do aumento do desemprego, a falência de fábricas, a fome e miséria, no Brasil a Revolução de 30 representou um golpe de estado. O presidente da República Washington Luís foi deposto, impedindo assim, a posse do presidente eleito Júlio Prestes. • 
Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, denominado de "política do café com leite". Com a chegada de Getúlio ao poder, a ditadura no país também se aproximava com o Estado Novo (1937-1945) 
A PROSA
 Nessa fase, o grande foco da prosa de ficção foram os romances regionalistas e urbanos. 
 Preocupados com os problemas sociais, a prosa dessa fase se aproximou da linguagem coloquial e regional. Assim, ela mostrou a realidade de diversos locais do país, ora no campo, ora na cidade. 
As obras desse período trazem um enredo dinâmico, além de uma linguagem simples, o que acabou seduzindo os leitores e propiciando sucesso de vendas para alguns autores. Essas características, contudo, não são aleatórias.
 O romance de 1930, dado o seu caráter ideológico, é construído, intencionalmente, para ser sedutor e de fácil entendimento, de forma a alcançar o maior número de leitores possível. Foi uma forma de consolidar as ideias modernistas.
Características
A segunda fase do modernismo durou de 1930 a 1945 e apresentou as seguintes características:
Foco no mundo contemporâneo; Realidade social, cultural e econômica;
Reflexão sobre o sentido de existir;
Conflito espiritual: fé versus desilusão;
Influência da psicanálise de FREUD
Textos focados no contexto sociopolítico.
Nacionalismo, universalismo e regionalismo;
Liberdade no uso da linguagem;
Liberdade formal;
Perspectiva realista;
Presença de “cor local” na prosa.
José Américo de Almeida (1887-1980)
 José Américo de Almeida é o autor do romance regionalista A Bagaceira (1928), marco inicial da prosa de 30. Nessa obra, ele relata o tema da seca e da vida de retirantes. 
Obra-prima do romance regionalista moderno, hoje com trinta e duas edições em língua portuguesa, edição crítica e versões em espanhol, francês, inglês e esperanto. Sua obra, com dezessete títulos, abriga ainda ensaios, oratória, crônica, memórias e poesia.
Na narrativa há um choque de três visões que correspondem a três processos sócio-culturais distintos:
1) Visão rústica dos sertanejos, com seu sentido ético arcaico.
2) Visão brutal e autoritária do senhor de engenho, representando a velha oligarquia.
3) Visão civilizada (moderna, urbana) de Lúcio, traduzindo um novo comportamento de fundo burguês e que logo seria autorizado pela Revolução de 30. 
José Lins do Rego (1901-1957)
 José Lins do Rego publica em 1932 seu romance Menino de Engenho. Ambientada nos engenhos nordestinos, aborda a temática do ciclo de açúcar no Brasil. 
 Faz de sua obra um ciclo, chamado de “ciclo da cana-de-açúcar”, que constam das obras: Menino de engenho, Doidinho, Bangüê, Moleque Ricardo e Usina. Ainda há o “ciclo do cangaço, do misticismo e da seca”, que compreende as obras: Pedra Bonita e Cangaceiros e os romances independentes: Pureza, Riacho Doce, Água-mãe e Eurídice.
O conjunto de obras de José Lins do Rego é um marco histórico na literatura, pois representa de maneira singular o declínio do Nordeste canavieiro, principalmente na obra Fogo morto.
 Nasceu no dia 3 de julho de 1901, no Engenho do Corredor, município de Pilar, na Paraíba, propriedade do avô materno, onde passou sua infância. Fato que se tornou memorável em suas obras, nas quais freqüentemente cita a vida no engenho, o autoritarismo dos senhores de engenho, e a decadência da estrutura econômica voltada ao ciclo da cana-de-açúcar, como ele mesmo intitulou. Foi criado até os doze anos no canavieiro, em meio aos resquícios da época das senzalas e do período glorioso das oligarquias rurais e ascensão da industrialização da cana com a chegada das usinas.
Rachel de Queiroz
 Rachel de Queiroz (1910-2003) publica em 1930 seu romance intitulado O Quinze em que aborda sobre uma das maiores secas que assolou o Nordeste em 1915. A miséria, a opressão, e a vilania dos poderosos diante do sofrimento dos mais pobres.
Você sabia?
Rachel de Queiroz (1910-2003) e sua família mudaram-se para o Rio de Janeiro com o intuito de fugir da seca.
[...]
Diante de tanta fome, um dos filhos do casal, Josias, come uma raiz de mandioca cru, o que causa sua morte.
“Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra das mesma cruz."
Graciliano Ramos (1892-1953)
 Graciliano Ramos se destacou na prosa regionalista com seu romance Vidas Secas (1938). Nele, aborda diversos aspectos do sertanejo e problemas como a seca do Nordeste, a fome e a miséria dos retirantes.
 
O livro retrata a vida de pessoas que vivem no sertão brasileiro e o sacrifício delas para sobreviver. Tendo como tema a luta pela sobrevivência diante do flagelo da estiagem, o autor traz em seus personagens muito da alma nordestina nos traços de Fabiano e sua família.
Foi publicado em 1938 e aborda a problemática da seca e da opressão social no Nordeste do Brasil. É uma narrativa em terceira pessoa, com o discurso indireto livre predominante, com a finalidade de penetrar no mundo introspectivo dos personagens já que
esses não têm o domínio da linguagem necessária para estabelecer a comunicação.
Resumo da obra 
Jorge Amado (1912-2001)
Jorge Amado fez parte da geração de 30 do modernismo brasileiro, cujas obras apresentam as seguintes características:
Crítica sociopolítica
Combate ao autoritarismo
Realismo ou neorrealismo
Engajamento político
Antirromantismo
Valorização do espaço narrativo
Determinismo
Linguagem simples
Narrativa dinâmica
Cunho ideológico
 Jorge Amado foi importante no desenvolvimento da prosa regionalista e urbana com seus romances: 
• O País do Carnaval (1931): relata a vida de um intelectual brasileiro e suas considerações sobre o Carnaval e o tema da mestiçagem. 
• Cacau (1933): ambientados na fazenda de cacau no sul da Bahia, relata a vida e exploração dos trabalhadores. 
• Capitães de Areia (1937): romance urbano que retrata a vida de meninos abandonados em Salvador. 
Tieta do Agreste (1977) Tieta é uma adolescente namoradora que acaba expulsa pelo pai de Santana do Agreste por suas aventuras eróticas. Vinte e cinco anos depois, ela retorna rica e com influência política ao vilarejo.
São várias as obras de sucesso de Jorge Amado. No entanto, Capitães da areia merece destaque pelo seu teor fortemente político e por ter sido publicada no ano da instauração do Estado Novo (1937-1945), regime ditatorial de Getúlio Vargas (1882-1954). Aliás, a primeira edição do romance foi recolhida, em Salvador, e exemplares da obra foram queimados em praça pública.
Capitães da areia trata de um tema ainda bastante atual, a realidade dos meninos de rua. Assim, a narrativa passa-se nas ruas da cidade de Salvador, onde meninos sem pai nem mãe buscam sobreviver do jeito que podem, recorrendo, muitas vezes, à criminalidade, pois não têm amparo da sociedade, e as autoridades isentam-se de qualquer responsabilidade...
“[...], o dr. Chefe de Polícia se apressa a comunicar à direção deste jornal que a solução do problema compete antes ao juiz de menores que à polícia. A polícia neste caso deve agir em obediência a um pedido do dr. Juiz de Menores.”
“Não procede, sr. Diretor, porque ao juizado de menores não compete perseguir e prender os menores delinquentes e, sim, designar o local onde devem cumprir pena, nomear curador para acompanhar qualquer processo contra eles instaurado etc.”

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