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MODERNISMO BRASILEIRO Segunda Fase I



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MODERNISMO 2° FASE - Poesia (1930-1945) 
Introdução e limites 
A segunda fase do modernismo brasileiro vai de 1930, com a publicação de Alguma Poesia 
de Carlos Drummond de Andrade até o final da Segunda Grande Guerra, em 1945. Essa fase 
também será conhecida pela postura moderada devido a uma menor necessidade de ruptura 
com o passado acadêmico, ou seja, uma menor necessidade de autoafirmação. Portanto vai-se 
notar um amadurecimento e uma variação nas temáticas abordadas. 
CONTEXTO HISTÓRICO - Brasil 
Foram anos de GUERRA E AUTORITARISMO. Em 1929 acontece a quebra da Bolsa em 
Nova York, fato preocupante e sinal de que os anos seguintes seriam problemáticos, pois os 
mercados financeiros de todo o mundo foram abalados por esse evento, e o Brasil não ficou fora 
do ocorrido, o que ocasionou um efeito cascata, afetando todo o contexto ocidental. 
Nesse mesmo ano, o café brasileiro sofreu um baque tremendo porque houve uma 
supersafra aqui. O que fez o governo? Mostrando uma incapacidade descomunal, compra o 
excedente dessa mercadoria. Foi mal!!! Com a crise, o consumo desse produto diminuiu, e 
consequentemente preço do café brasileiro despenca no mercado internacional. 
Mais tarde, acontece a Revolução de 1930, que foi um movimento liderado por militares e 
políticos contra as oligarquias cafeeiras, em consequência se deu a subida ao poder de Getúlio 
Vargas, pois o governo Washinton Luiz não suportou a pressão. 
Em 1932, temos a Revolução Constitucionalista porque os paulistas não se conformavam 
com a perda de poder, porém foram derrotados. Com a nova constituição de 1934, Vargas 
legitimou-se no poder, todavia as esquerdas de uniram e formaram a Aliança Libertadora 
Nacional. Começou daí a perseguição aos opositores do governo, um deles foi o Luiz Carlos 
Prestes. O Estado Novo foi decretado em 1937, quando se deu o fechamento do Congresso 
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Nacional e Getúlio Vargas, fundamentado no fascismo europeu, exerceu o poder de maneira 
autoritária e centralizadora. 
 
Contexto histórico – Mundo 
 
No âmbito mundial, a quebra da bolsa desencadeou uma crise que levou à Segunda Guerra 
Mundial. Em países como Alemanha e Itália surgiram propostas ideológicas radicais, é o caso 
do fascismo e do nazismo. Em contrapartida dois pensamentos ganham espaço como forma de 
solução para tal contexto: o Marxismo e a Psicanálise. 
Quando a Guerra acaba em 1945, o desembarque dos aliados na Normandia para a 
retomada do poder na Europa revelou um quadro de destruição e morte. As cicatrizes deixadas 
com o lançamento das bombas atômicas contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki mostraram 
que as fronteiras da Ética haviam sido cruzadas pela ciência, adeus escrúpulos. Restava assim 
à ARTE assumir um papel de conscientizar e encontrar respostas para tamanho absurdo do 
comportamento humano. 
Propostas 
Enfim, o período que vai de 1930 a 1945 vai servir para consolidar as propostas da primeira 
fase, principalmente no que se refere ao uso do verso livre e ao cotidiano como tema recorrente. 
Há um amadurecimento na postura dos poetas na medida em que se dá uma maior preocupação 
para a política e para os temas universais. Uma das questões que definem essa fase do 
modernismo é o questionamento do porquê estar no mundo, o sentido da vida. 
Algumas correntes poéticas se desenvolvem com maior evidência como o espiritualismo 
neo-simbolista de Cecília Meireles, o surrealismo de Murilo Mendes, o regionalismo de Jorge de 
Lima, a temática amorosa de Vinicius de Moraes e a poesia social de Carlos Drummond de 
Andrade. 
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AUTORES 
Além de Vinícius de Moraes, temos que citar a grande poeta (poeta, a poeta porque ela 
assim gostava de ser chamada, nada de poetisa, ainda que exista a palavra) do período: Cecília 
Meireles. Primeira mulher a se destacar no cenário da poesia brasileira, Cecília escreveu vários 
livros de poesia em que desenvolveu as tendências da corrente espiritualista da segunda 
geração. Valorizava a sensibilidade, a intuição e a emoção como forma de interpretar o mundo. 
Um lirismo delicado caracteriza sua poesia, intimamente ligado a imagens da natureza (a água, 
o mar, o ar, o vento, o espaço, a rosa etc.) e do infinito, compondo uma atmosfera de sonho e 
de fuga. 
Não podemos nos esquecer de Jorge de Lima, autor de Poemas Negros, obra que 
ultimamente tem sido exigida como leitura obrigatória em concursos e vestibulares. Trata-se de 
um autor que passou a infância e a adolescência em engenhos de açúcar da família, na sua 
terra natal, Alagoas, conviveu com trabalhadores negros que marcariam profundamente a 
sua poesia. Formado em Medicina, desempenhou tal função até o fim da vida. Fixou-se no Rio 
de Janeiro onde se envolveu a vida política, tornando-se vereador em 1947. O início seus textos 
são marcados por influência da poesia acadêmica, mas a partir dos anos 1920 desenvolveu uma 
poética particular, apresentando com diferentes estilos. 
Outro autor dessa fase é Murilo Mendes. Uma poesia que revela tendências bastante 
distintas. De início tem influência dos primeiros modernistas, foi entusiasta seguidor da 
vanguarda surrealista, criou um estilo próprio, evocando em seus poemas imagens do 
catolicismo misturadas a universos de sonho e fantasia. Entretanto, observa-se que o 
sentido de humanidade e a consciência social associam-se à dimensão espiritual. 
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Como diz o ditado: LAST BUT NOT LEAST, por último mas não menos importante, vamos 
abordar o maior de todos, nosso poeta: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. Esse merece 
estudo à parte. Vamos a ele. 
Em 1928, o “Poema da Pedra”, como ficou conhecido, escandalizou o público e causou 
controvérsia quando foi publicado na Revista Antropofagia, e durante muito tempo – até hoje – 
tem gerado muita polêmica. Assim é o poema acima tornou-se um dos textos mais famosos da 
nossa literatura. Fica em evidência nesse texto as inúmeras tentativas de fuga do sujeito 
diante de um problema insolúvel, que vai para um lado, vai para outro e se depara com algo 
impossível de ser transposto, uma pedra. 
 
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902. Vamos ver 
como ele mesmo se define, em “Confidência de Itabirano”, 
Era filho de fazendeiros da região interiorana de Minas, estudou no colégio jesuíta Anchieta, 
de onde foi expulso aos 16 anos de idade por “insubordinação mental”, isso foi uma ignorância 
do professor de português com quem o jovem teve um atrito e culminou num evento 
desagradável para todos. Esse episódio acabou por marcá-lo por toda a vida. 
Formou-se em Farmácia em Ouro Preto mas logo se desiludiu com a profissão, de volta a 
Belo Horizonte, colaborou no jornal Diário de Minas. Influenciado pelas ideias dos autores 
paulistas, Drummond publicou seu primeiro livro de poemas em 1930 – Alguma Poesia – livro 
divisor de águas da modernidade brasileira. 
Aos poucos, tornou-se uma figura conhecida no jornalismo e na vida pública, ocupando a 
função de chefe de gabinete do então ministro da Educação, Gustavo Capanema. 
Sua atividade foi além dos limites que qualquer movimento literário pudesse abranger. De 
1930 até 1987, produziu uma obra dedicada à interpretação do mundo por meio da poesia. 
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Drummond morreu em 17 de agosto de 1987 na cidade do Rio de Janeiro, que adotou como sua 
casa. 
Para melhor entender sua obra, o estudioso Afonso Romano de Sant’Ana fez a seguinte 
divisão didática; 
 
EU MAIORQUE O MUNDO, EU MENOR QUE O MUNDO E EU IGUAL AO MUNDO”. 
 
A oposição entre eu e o mundo é a síntese do “grande sistema de oposições da obra do 
autor”. A partir dessa afirmação, seria possível considerar a fase do “Eu maior” como 
representativa de uma postura egocêntrica e irônica do sujeito da poesia frente ao mundo, 
principalmente nos seus primeiros livros. Exemplo disso é o “Poema de sete faces”. 
Com o amadurecimento do autor, as questões sociais evidenciam-se nos textos, 
considera-se a fase “Eu menor” é o que se nota em obras seguintes como Sentimento do 
Mundo. [TEXTO] “Sentimento do mundo”. 
Enfim, a igualdade entre “Eu” e mundo ocorre na sondagem metafísica da poesia de 
Carlos Drummond. Depois da postura superlativa e submissa em relação ao mundo que o 
circunda, o eu lírico busca interferir em seu ambiente e compreender o universo que o cerca, 
agora de forma mais madura e consciente. 
Entretanto esse modo de dividir a obra de Drummond é um método didático para se estudar 
e entender melhor os textos do autor. 
BIBLIOGRAFIA 
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CAMPOS, Augusto de. Revistas re-vistas: os antropófagos. In: Edição fac-similar. São 
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MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira através dos Textos. São Paulo, Cultrix, 2004. 
 
 
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