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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI AGROTURISMO ESPÍRITO SANTO TURISMO O turismo é visto como um dos fenômenos sociais mais importantes do nosso tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações. Apresenta distintos conceitos tratados de formas abrangentes, pois cada área o conceitua do seu ponto de vista. Essa observação pode ser compreendida de forma clara nas definições de Beni (2007, p. 34) que identifica que no campo acadêmico, nas empresas e nos órgãos governamentais há três dimensões para o conceito de turismo: a econômica, a técnica e a holística. http://www.sagaranaturismo.com/wp-content/uploads/2014/05/turismo-personalizado.jpg O turismo está envolto por uma série de ideias e conceitos ligados ao tema viagens e ao deslocamento. Pode remeter ao turista a ideia de férias, ao empreendedor a ideia de lucro, aos trabalhadores a ideia de geração de emprego e renda e à comunidade autóctone a ideia de desenvolvimento local (PANOSSO NETTO, 2010). O crescimento da atividade do turismo faz com que muitos autores o observem de maneiras diferentes. Como uma indústria [...] “muito mais que uma indústria de serviços, é fenômeno com base cultural, com herança histórica, meio ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações interculturais” (MOESCH, 2000, p.20). O somatório que esta dinâmica sociocultural gera parte de um fenômeno recheado de objetividade- subjetividade, que vem a ser consumido por milhões de pessoas (MOESCH, 2000). O turismo é entendido por Fonseca Filho (2007) como uma “prestação” de serviços e, portanto, deve ser diferenciado do termo indústria que passa a ideia de que a “indústria do turismo” produz de maneira seriada seguindo um determinado padrão, sendo que na realidade o produto turístico, por ser a somatória de serviços, infraestruturas e equipamentos turísticos, não é produzido aos moldes das indústrias, é intangível e impossível de ser estocado. CONCEITO DE TURISMO A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela história. Vários conceitos de turismo foram elaborados ao longo do tempo para definir essa atividade. Na década de 40, Hunziker e Krapf, citados por Ignara (2003. p.12), definiam turismo como: […] o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem como consequências das viagens e das estadas de forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma atividade produtiva. Em 1963, reúne-se em Roma a Conferência das Nações Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais para tentar um consenso sobre o conceito de turismo. Dessa forma, se elabora o primeiro conceito de turismo: Atividade desenvolvida por uma pessoa que visita um país diferente daquele de sua residência habitual, com fins distintos do de exercer uma ocupação remunerada, e por um período de tempo de pelo menos 24 horas. Esse conceito sofrerá várias modificações ao longo dos anos, incorporando, principalmente elementos provenientes das pesquisas quantitativas. Atualmente a Organização Mundial do Turismo – OMT assim define a atividade do turismo: O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve o movimento de pessoas para lugares fora do seu local de residência habitual, geralmente por prazer. (NACIONES UNIDAS / UNWTO, s/d, p. 1). Uma definição bem mais recente foi proposta por Mathieson e Wall, citados por Ignara (2003. p.13), para os quais o turismo poderia ser considerado como: […] movimento temporário de pessoas para locais de destinos externos a seus lugares de trabalho e moradia, às atividades exercidas durante a permanência desses viajantes nos locais de destino, incluindo os negócios realizados e as facilidades, os equipamentos e os serviços criados, decorrentes das necessidades dos viajantes. Uma das definições brasileiras mais conhecidas de turismo é a do pesquisador Mario Carlos Beni, que entende o turismo como [...] “um elaborado e complexo processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço” (Beni, 2007, p. 35). Em termos da legislação, pode-se considerar a Lei nº 11.771 de 17 de setembro de 2008, que dispõem sobre a Política Nacional do Turismo e o define como: “atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno um período inferior a 1 ano, com finalidades de lazer, negócios ou outros”. Também há o entendimento de que o turismo possui ciclos de vida próprios, com fases diferentes e sequenciadas. Para Butler (1980), as destinações turísticas tem um ciclo de vida próprio. A partir de um entendimento orgânico, o autor afirma que há, primeiramente, um estágio de exploração da localidade. Nesse estágio o futuro destino não possui infraestrutura específica ao atendimento dos viajantes que, em pequenos números, não alteram o ambiente físico e social e geram pouca ou nenhuma importância econômica para a localidade. O segundo estágio apresentado por Butler (1980) é chamado de engajamento ou envolvimento, pois é nesse momento que surgem algumas facilidades aos viajantes e se inicia o processo de difusão do local. O estágio seguinte é o de desenvolvimento. Nessa fase o mercado local, por meio de propaganda feita em centros emissores de turistas, divulga produtos e serviços destinados a atender à crescente demanda e, assim, a localidade se define como um destino turístico. Nessa fase é comum que o número de turistas exceda o número de habitantes do local. O quarto estágio é o de consolidação, caracterizado pela diminuição do crescimento do número de turistas e da manutenção e estabilidade do número absoluto de visitantes – que ainda é maior do que o número de habitantes. Butler (1980) aponta o quinto estágio como uma fase de estagnação caracterizada pela percepção dos problemas (ambientais, sociais e econômicos) relacionados ao elevado número de turistas em relação aos recursos disponíveis no local. Para o autor, os problemas criados pelo turismo afastam os turistas, fazendo com que o destino “saia da moda”. (SCÓTOLO; PANOSSO NETTO, 2014, p.41). BREVE HISTÓRIA DO TURISMO blogdeacebedo.blogspot.com.br/2013/07/veranos-antiguos-orillas-del-cantabrico.html A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela história. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, que evoluiu como consequência dos aspectos relacionados à produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da restauração da paz no mundo (RUSCHMANN, 1997). O turismo iniciou-se no século XVII, quando os primeiros sinais de crescimento industrial começaram a afetar a vida estabelecida há séculos. O aumento da riqueza, a ampliação da classe de comerciantes e a secularização da educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo conceito de que viajar era uma forma de educação. No decorrer dos séculos, os homens viajaram de acordo com seus meios materiais disponíveis, seus conhecimentos adquiridos e suas convicções em vigor. Houve momentos mais propícios à prática das viagens e momentos menos propícios. Um dos momentos favoráveis é este que está se vivendo nas últimas décadas. As viagens, uma das manifestações do lazer, fazem parte da programação da grande maioria das pessoas, sobretudo para aquelas que vivem em países desenvolvidos. O século XX abriu as portas para a prática do turismo em grande escala, graças às transformações proporcionadas pela Revolução Industrial. O turismo passa a integrara vida das nações. http://guia.folha.uol.com.br/exposicoes/2013/08/1332957-exposicao-de-cartoes-postais-antigos-exibe-paisagens-de- sao-paulo-a-grecia.shtml Segundo a Confederação Nacional do Comércio do Rio de Janeiro, a história do turismo no Brasil começa em 1904, com a aprovação da primeira lei de incentivos fiscais para a construção de hotéis no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. O turismo começou a se firmar no país como atividade de grande importância socioeconômica. A chegada do primeiro grupo organizado de turistas ao Rio de Janeiro, a bordo do vapor Byron, em julho de 1907, desperta a curiosidade da população e é notícia de destaque nos jornais. Também no ano de 1907, dois importantes avanços legais trouxeram impactos altamente positivos para a atividade turística: o direito a férias remuneradas (já assegurado na Europa décadas antes) e a isenção de impostos aos cinco primeiros grandes hotéis da cidade. E em 1908, exatamente um século depois da chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, pode-se dizer que a hotelaria brasileira atingia sua maioridade, com a inauguração do Hotel Avenida, símbolo da hotelaria carioca (CNC, 2007, p. 27). Grandes alterações urbanas promovidas no Rio e em São Paulo, especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a verticalização e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas principais cidades do país. Assumindo papel de destaque na paisagem paulistana, surgem os hotéis Excelsior, Terminus e São Paulo (CNC, 2007, p. 28). Nos anos de 1920, a próspera capital paulista vivia uma Belle Époque, com a inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes palacetes, em meio a um processo de embelezamento da cidade. Bons exemplos dessa fase são o Hotel Terminus, na Avenida Prestes Maia, com mais de 200 quartos, e o Hotel Esplanada, com 250 quartos. Construído ao lado do Teatro Municipal, o Esplanada tornou-se o ponto de encontro da elite paulistana. Outro marco da época é o Hotel Central, na Avenida São João, o primeiro hotel de quatro pavimentos na cidade (CNC, 2007, p. 27). Passados cinco séculos desde o desembarque dos primeiros estrangeiros nas terras brasileiras, o Turismo representa hoje o terceiro produto de exportação na balança comercial brasileira, abaixo apenas da soja em grão e do minério de ferro, com uma arrecadação em torno de US$ 4 bilhões somente com a entrada de turistas estrangeiros. No setor doméstico, os desembarques totalizaram 24,3 milhões de passageiros nos primeiros sete meses do ano, indicando um aumento de quase 20% Com relação ao ano anterior. Hoje, a cadeia produtiva do turismo continua a fazer história e a promover o desenvolvimento do Brasil. (CNC, 2007). O turismo, uma prática social que se consolida com a modernidade, é apontado como um dos fenômenos mais importantes de nosso tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações — desfrutar momentos de prazer, realizar negócios, cuidar da saúde ou participar de eventos num lugar distante do habitual. Trata-se de um fenômeno histórico complexo que causa impactos na economia, no planejamento e na gestão de localidades, nas condições de mobilidade, nas políticas de preservação ambiental, nas relações de hospitalidade e alteridade (CASTRO, 2013, p.2) Apesar da recente popularização mundial da prática do turismo, o turismo rural e pesquisas sobre tal modalidade, tem origem no final do século XIX na Europa (Áustria e Suíça), porém, assim como outras modalidades de turismo dessa época, estava restrito às elites. Em virtude do desenvolvimento econômico pautado na industrialização e das conquistas trabalhistas nos países europeus, ambos ocorridos na década de 1950, a partir do fim da Segunda Guerra, o turismo rural desponta como atividade planejada, com destaque para a França, Espanha e Itália. TIPOS E FORMAS DE TURISMO O grande desenvolvimento da atividade turística nos últimos anos criou a necessidade de se elaborarem classificações para melhor compreender as inúmeras e diferentes características das viagens, e também para possibilitar a quantificação do setor em termos comparáveis entre países, ou mesmo regiões. Todavia, a própria dinâmica se confirma como um obstáculo na classificação do turismo e, por consequência na elaboração de categorias que sejam suficientemente abrangentes. Nesse sentido, a Conferência Internacional de Estatísticas do Turismo organizada pela OMT em 1991, e cujas recomendações foram posteriormente adotadas pela Comissão Estatística das Nações Unidas, teve os seguintes objetivos: O desenvolvimento de uma definição uniforme e integrada e de um sistema de classificação das estatísticas do turismo. A implementação de uma metodologia para determinação do impacto econômico do turismo e do desempenho dos vários setores da indústria. O estabelecimento simultâneo de um meio de diálogo entre os governos e a indústria turística e um programa coerente de coleta de informação turística. Basicamente a prática do turismo é composta por três formas: • Turismo Interno: praticado por residentes de um determinado país que viajam unicamente no interior desse país. • Turismo Receptivo: compreende-se todo o conjunto de serviços de apoio e assistência destinados à recepção de pessoas provenientes de outras regiões do país ou do exterior. • Turismo Emissor: caracteriza-se pelo movimento de pessoas que viajam para fora do local habitual de residência, atraídas pelas ofertas de outras regiões do país ou do exterior. http://www.cdlbh.com.br/portal/6017/Clipping/Turismo_e_uma_atividade_economica_crescente_e_competitiva É importante ressaltar que existem países ou regiões que se caracterizam no setor de viagens como receptivos, outros como emissivos. Conforme dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo receptivo mundial tem crescido com maior rapidez nos países em desenvolvimento, tanto com relação à entrada de turistas quanto em ingresso de divisas, fator que demonstra melhor distribuição de recursos econômicos entre países nessa atividade. Atualmente, as formas de se praticar as atividades relacionadas ao turismo podem ser divididas em relação à organização da viagem como: turismo individual ou turismo organizado. O turismo individual é aquele praticado em viagens sem a intervenção de uma empresa (agência de viagens especializada). Os viajantes tomam as devidas providências por conta própria: documentação, reserva nos meios de transporte, hospedagem, levantamento de material sobre o destino, roteiros entre outros itens. Nesse caso, não é possível estabelecer previamente um orçamento preciso. DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE, VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA Veranista: indivíduos que habitualmente passa o verão fora do local onde reside. Viajante: São os indivíduos que se deslocam entre dois ou mais lugares dentro ou fora do país. Visitante: São as pessoas que se deslocam para um lugar diferente de onde mora. O tempo de permanência deve ser inferior a 12 meses. Excursionista: todo o indivíduo que em sua viagem permanece um tempo inferior a 24 horas fora do local em que residência, mas sem pernoitar. Com a finalidade de recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio. Turistas: toda pessoa, sem discriminação de etnia, sexo ou religião entra em um território contratante diferente do local de residência, com um prazo superior a 24 horas e inferior a 12 meses com o objetivo de lazer, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio. TURISMO RURAL Conforme afirma Sousa (2000), o turismo no meio rural é uma atividade que deve ser economicamentesustentável, ecologicamente correta, socialmente justa e verdadeiramente rural. A visão simplista do rural como agrícola vai ficando totalmente superada, pelo menos como campo de análise, já que novas funções vão sendo consolidadas e incorporadas nas estratégias de reprodução de muitas das famílias que habitam esse espaço. (ELESBÃO, 2007, p. 58). O deslocamento de pessoas das áreas urbanas para as rurais possui aspectos motivadores. A motivação que ocasiona o deslocamento do turista ao mundo rural está ligada ao imaginário rural dos urbanos e à busca por espaços com valores ecológicos, simbólicos e culturais a apreciar, bem como por lugares autênticos, com belas paisagens, com níveis mais baixos de poluição, ruídos e agitação que as cidades, no intuito de resgatar a nostalgia da vida próxima à natureza, a memória e as raízes históricas no passado, de obter novas experiências e conhecimentos. (FUCKS; SOUZA, 2010, p. 100). O Turismo Rural caracteriza-se por satisfazer as necessidades de todos os envolvidos, ou seja, de quem oferece e de quem recebe, promovendo uma alternativa de desenvolvimento para as comunidades rurais por meio da diversificação dos polos turísticos, como oportunidade de novas fontes de renda, de diminuição do êxodo rural, como intercâmbio cultural e consciência ecológica. (SANTOS, 2004, p. 30). A especificidade do Turismo Rural é a produção agropecuária da propriedade rural convertida em produto turístico. ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL A atividade do Turismo Rural deve ser obrigatoriamente em harmonia com os seguintes interesses: Da comunidade local Do turismo Do meio ambiente A harmonização destes fatores significa garantir a sustentabilidade da atividade através dos três elementos básicos: Elementos culturais/antrópicos Elementos ecológicos Elementos econômicos O turismo, enquanto forma moderna de intercâmbio material entre o homem e a sua natureza externa, se comparado à agricultura, por exemplo, altera substancialmente tal interação ao inserir mudanças qualitativas ao nível das relações de trabalho, tendo em vista que a natureza preservada se configura como um importante atrativo turístico. Diante disso, tem-se uma nova forma de incorporação do trabalho humano ao espaço (BEDIM, 2008, p.11). AGROTURISMO Dentro da realidade brasileira, o desenvolvimento de regiões rurais deve ser entendido como fundamental para a sociedade como um todo e como uma das poucas possibilidades restantes para a superação do quadro desordenado de desequilíbrio econômico, social, ambiental e territorial que se alastra por todo o país (Guzzatti: Tures, 2011). Segundo Turnes (1996), as diretrizes norteadoras deste processo de desenvolvimento rural devem considerar que: a) A agricultura familiar deve ser a base de um novo modelo; b) A cooperação e a solidariedade entre os atores sociais locais são fundamentais para a manutenção da sustentabilidade dos processos de desenvolvimento; c) A melhoria da qualidade de vida das populações rurais, através da criação de infraestrutura social, é um fator determinante para a perenidade dos projetos econômicos locais; d) A geração de oportunidades de ocupação da mão de obra e renda deve constituir-se em meta estratégica. Neste sentido, a revalorização dos espaços locais deve prever a criação de novas oportunidades de trabalho, priorizando as populações mais jovens. http://demalaecuia.net/sebrae-promove-seminario-sobre-turismo-rural/ Agroturismo é uma modalidade de turismo praticada no meio rural, por agricultores familiares dispostos a compartilhar seu modo de vida com os habitantes do meio urbano. Os agricultores, mantendo suas atividades agropecuárias, oferecem serviços de qualidade, valorizando e respeitando o meio ambiente e a cultural local (PARRA; CHEHADE, 2006). Os estudos de Campanhola et al. (2000) indicam ser o agroturismo “as atividades internas à propriedade, que geram ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade, devem ser entendidas como parte de um processo de agregação de serviços aos produtos agrícolas e bens não- materiais existentes nas propriedades rurais (paisagem, ar puro, etc.), a partir do ‘tempo livre’ das famílias agrícolas, com eventuais contratações de mão-de-obra externa.” Beni (2002, p. 32) apresenta o seguinte conceito de agroturismo: “[...] deslocamento de pessoas para espaços rurais, em roteiros programados ou espontâneos, com ou sem pernoite, para fruição dos cenários e observação, vivência e participação em atividades agropastoris.” O conceito seguinte do pesquisador Guzzati, 2003, pressupõe, de forma clara, o intercâmbio dos agricultores familiares com o visitante. O agroturismo “é um segmento do turismo desenvolvido no espaço rural por agricultores familiares organizados, dispostos a compartilhar seu modo de vida, patrimônio cultural e natural, mantendo suas atividades econômicas, oferecendo produtos e 80 serviços de qualidade, valorizando e respeitando o ambiente e a cultura local e proporcionando bem estar aos envolvidos” (GUZZATTI, 2003, p. 53). PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO A incessante busca de modelos e estratégias, para reforçar a ideia de desenvolvimento do agroturismo, faz com tenhamos princípios a serem seguidos, nos quais vemos abaixo: • A recepção dos turistas pelos agricultores familiares é parte integrante da atividade do estabelecimento rural; • Os agricultores familiares que recebem turistas desejam mostrar o seu trabalho e o meio ambiente onde vivem (contato com os animais, conhecimento sobre plantas, o ritmo da estação do ano etc.); • A recepção e convívio do agricultor e sua família com o turista ocorre num clima de troca de experiências e de respeito mútuo; • O agroturismo deve praticar preços acessíveis; • O agroturismo se constitui num fator de desenvolvimento local, contribuindo para manter o meio rural "vivo" - demográfica, cultural e ambientalmente – com perspectivas de futuro para os seus jovens; • O agricultor garante a qualidade dos produtos e dos serviços oferecem; • Os serviços de agroturismo são oferecidos em habitações adaptadas, oferecendo conforto, higiene e segurança; • Os serviços agroturísticos são planejados e organizados pelos agricultores familiares. É preciso ressaltar que essa modalidade de turismo é moderna e profissional, sem perder a ruralidade. De acordo com (VILARINHO, 1998) o turismo rural familiar que valoriza o meio ambiente e a cultura local, torna-se uma opção para o desenvolvimento rural, contemplando os setores econômicos capazes de criar atividades comerciais alternativas, como o objetivo de proporcionar a manutenção da população nos seus locais de origens. Assim o turismo rural apresenta a possibilidade de gerar empregos num curto espaço de tempo e a um custo razoavelmente baixo, se comparado aos demais setores econômicos. A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA No contexto brasileiro, Bricalli (2005, p. 41) afirma que “todos os empreendimentos que proporcionem lazer, recreação, descanso ou qualquer outra atividade ligada ao turismo, desde que estejam localizados em áreas rurais, podem ser classificados como turismo no espaço rural”, de modo que o turismo no espaço/meio rural abrange diversas modalidades turísticas. Essas modalidades criam diferentes formas de nomear essa atividade turística, entretanto, existe diferenças conceituais entre turismo rural e agroturismo. Carla Novaes (2004, p. 5) apresenta a definição de turismo rural da Organização Mundial do Turismo (OMT), que também destaca o turismo como atividade complementar e integrada à agropecuária. “O Turismo Rural refere-se a lugares em funcionamento (fazendas ou plantações) que complementam seus rendimentoscom algumas atividades turísticas, oferecendo geralmente alojamento, refeições e oportunidades de adquirir conhecimentos sobre as atividades agrícolas”. Um conceito apresentado pela Embratur em 1998, entendia o turismo rural como o “conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. (EMBRATUR, 1998, p. 14). O conceito de turismo no espaço rural também é adotado pelo governo federal, e abrangeria todos “os equipamentos localizados na área rural que desenvolvem atividades de lazer, recreação, esportivas, de eventos, não apresentando, necessariamente, vínculo com a produção agropecuária e a cultura rural.” (PNTRAF, 2004, p. 7). A experiência do Brasil demonstra que as diversas iniciativas de turismo que são realizadas no meio rural podem conviver de forma democrática. Além disso, muitas parcerias são possíveis, sendo baseadas em princípios de complementariedade entre ações de turismo rural e agroturismo. No entanto, isso só é possível quando está claro as diferenças e a possibilidade de coexistência entre os diferentes segmentos de turismo desenvolvidos no espaço rural. A expansão do agroturismo, segmento relativamente novo no Brasil, insere-se no momento em que o setor turístico passa por um profundo processo de transformação para adequar-se às novas exigências de um mercado, que não está interessado somente nos pacotes e destinos mais badalados – e padronizados. Esta nova tendência, a procura por experiências diferenciadas, muitas vezes de forma independente, faz com que as operadoras de turismo se especializem cada vez mais na oferta de produtos segmentados. Isso contribui diretamente para a consolidação de novos nichos, como turismo religioso, histórico, de montanha, entre tantas outras denominações. De forma geral, entendemos que o agroturismo apresenta todos os atributos do turismo rural, sobretudo pelo fato de ser uma atividade realizada no espaço rural, e ter como principais atrativos as atividades agropecuárias, os produtos para-agrícolas e o modo de vida rural. Ocorre, porém, que o diferencial do agroturismo em relação ao turismo rural diz respeito à participação direta e/ou indireta do turista em atividades comuns dos agricultores, como plantio, colheita, ordenha, entre outras. Nesse sentido, toda a oferta de agroturismo poderia ser classificada como turismo rural, porém, nem toda a oferta de turismo rural pressupõe a existência do agroturismo. (CANDIOTTO, 2007, p. 197). O pesquisador Beni (2002) afirma que dois aspectos distinguem o agroturismo do turismo rural: 1. A produção agropastoril é a maior fonte de renda da propriedade do agroturismo, de modo que o turismo gera uma receita complementar. 2. As próprias atividades agropastoris constituem o principal diferencial turístico, de modo que o turista pode participar ou não da rotina da propriedade. http://politicaemdestaque.com.br/2016/05/campos-gerais-tera-seminario-de-turismo-rural/ O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL Há pessoas que moram na cidade, outras que moram no campo. As pessoas que moram na cidade formam a comunidade urbana e as pessoas que vivem no campo formam a comunidade rural. Na comunidade urbana, há muitas coisas em comum, por exemplo, alguns serviços como eletricidade, água e esgoto tratados, transportes coletivos, comunicação, rede de bancos e um comércio muito variado. Nas cidades, as casas ou apartamentos são construídos bem junto uns dos outros. A zona rural, também chamada de campo, fica afastada da cidade. As habitações são distantes uma das outras e as propriedades, mesmo que pequenas, reservam uma privacidade. Os serviços públicos de forma geral, quando existem, são precários, essenciais para a organização rudimentar da vida social, como redes de eletricidade, telefonia e um comércio incipiente nas vilas dos lugarejos. Entretanto, a compreensão tradicional do rural como o lugar do atraso e da rusticidade e do urbano como o lugar do progresso e da modernidade, não pode mais ser tida como absoluta. Tanto o rural como o urbano tem passado por grandes transformações que fazem com que estes espaços tenham características distintas dessa visão ultrapassada. O processo de modernização da agricultura, seguido pela explosão das facilidades do acesso aos meios de comunicação, transformaram profundamente a realidade do meio rural (LINDNER et al, 2009, p.2). Essa transformação está relacionada ao crescimento das atividades não-agrícolas no Brasil. Simultaneamente a isto, diminui a supremacia das atividades agrícolas no meio rural. Essa mudança advém do contínuo declínio da capacidade da agricultura de manter e gerar postos de trabalho, além do crescimento de atividades geradoras de ocupações rurais não-agrícolas (LAURENTI, 2000). https://br.pinterest.com/pin/221802350370330917/ Essas atividades não-agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções. Dentre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e aposentadorias rurais. Entretanto, as relações entre o rural e o urbano não foram sempre, historicamente, definidas pela heterogeneidade ou pela polaridade, mas sim pelo tipo de sociedade, agrária ou urbana que vivia em determinado espaço. Mesmo os conceitos que se poderiam pensar os mais precisos e objetivos são calcados nas representações várias existentes sobre o aspecto da realidade que se pretende conceituar. Assim, por exemplo, o conceito de rural utilizado nas pesquisas do IBGE (PNADs, Censos...) é o seguinte: o que o município define como rural em seu plano diretor. Ora, o plano diretor do ordenamento espacial dos municípios é elaborado por uma equipe de técnicos, mas é submetido à aprovação das câmaras municipais. Ou seja, são critérios políticos que definem, em última análise, o que é urbano e o que é rural. E os políticos não decidem com base em critérios racionais, mas com base na tradição e nas representações que eles têm do que é o rural, já que esta história de fazer conceitos precisos e objetivos é um problema das ciências sociais e não da política. Concluindo, podemos dizer que o conceito de rural está passando por uma reelaboração (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001, p. 77). DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL Diversos autores escreveram sobre o turismo rural. Você saberia definir o que é “meio rural”? Considera-se território rural um espaço físico, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos (terrenos fora do perímetro urbano em que geralmente predominam as atividades agrícolas ou as pastagens de gado), caracterizados por critérios multidimensionais, como: ambiente; economia; sociedade; cultura; política e instituições; uma população que, como em todos os lugares do Brasil e do mundo, possui grupos sociais diferentes e se relaciona e interage com o meio. Tais critérios fazem com que os territórios rurais se diferenciem dos territórios urbanos, principalmente pela destinação da terra, ou seja, pelo uso que se faz dela, notadamente direcionado para as práticas agrícolas, e pela noção de ruralidade, ou seja, o valor que a sociedade contemporânea atribui ao meio rural e que contempla as características mais gerais desse meio: a produção; a paisagem e a biodiversidade (a variedade de espécies animais e vegetais); a cultura e um modo de vida típicos, identificados pelas atividades agrícolas, pela cultura comunitária e pela identificação com os ciclos da natureza. Também podemos definir turismo no meio rural como: Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consistem em atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: agroturismo; turismo ecológicoou ecoturismo; turismo de aventura; turismo de negócios; turismo de saúde; turismo cultural; turismo esportivo, atividades estas que se complementam ou não. (GRAZIANO DA SILVA et al., 1998: 14). A base do conceito é a dimensão econômica, o rural se caracteriza por um determinado tipo de atividade: a produção de alimentos através da criação de plantas e de animais. A esta atividade econômica, estão vinculados todos os outros traços que caracterizariam o rural, como a diferença ambiental, já que no rural o contato com a natureza é direto e constante, e a própria atividade econômica que lhe é peculiar é realizada ao ar livre (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001). http://meioambiente.culturamix.com/natureza/paisagens-urbanas-e-rurais A concepção de meio rural aqui adotada baseia-se na noção de território, com ênfase no critério da destinação da terra e na valorização da ruralidade. Assim, considera-se território um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizados por critérios multidimensionais, como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial (BRASIL, 2003). Nos territórios rurais, tais elementos manifestam-se, predominantemente, pela destinação da terra, notadamente focada nas práticas agrícolas, e na noção de ruralidade, ou seja, no valor que a sociedade contemporânea concebe ao rural. Tal valor contempla as características mais gerais do meio rural: a produção territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de vida, identificadas pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura comunitária, a identificação com os ciclos da natureza (BRASIL, 2003). Não se pretende aprofundar essa discussão, mas destacar que, para os fins deste estudo, a definição de rural tem como base características fundamentais das na paisagem e na ruralidade. CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL A paisagem rural – também composta pelo ser humano, sua cultura, suas práticas sociais e de trabalho – é um dos principais fatores de atratividade do Turismo Rural. As principais características dessa atividade referem-se a elementos, condições e aspectos que compõem a paisagem rural e configuram a ruralidade e seus principais atrativos. Conhecer essas características é fundamental para se entender a real diferença entre o chamado Turismo no Espaço Rural e o Turismo Rural (LOTTICI KRAHL, 2003, p.49 e 50). Elas podem ser abordadas sob a seguinte síntese: a) Quanto à escala Pequena escala – uma das principais características do Turismo Rural se refere à pequena capacidade de atendimento simultâneo de turistas, de modo a permitir atendimento personalizado (sem espera, sem filas, sem barulho, sem aglomerações) e a causar menor impacto ao meio. http://noticias.uol.com.br/album/bbc/2012/06/01/leitores-da-bbc-retratam-paisagens-rurais.htm#fotoNav=5 b) Quanto à localização O empreendimento de Turismo Rural geralmente está situado em locais aprazíveis, em propriedades cujas paisagens tipicamente rurais materializem o imaginário do turista, em contraponto à paisagem urbana. c) Quanto às atividades agropecuárias Outra característica básica do segmento é a manutenção das atividades produtivas tradicionais da propriedade e/ou das práticas e costumes relacionados a essas atividades, não as abandonando em virtude do sucesso conseguido com o turismo. d) Quanto à qualidade da paisagem Conservação dos recursos naturais – manutenção das condições dos mananciais, do solo, preservação ou recuperação da flora e da fauna nativas, inclusive dos aspectos paisagísticos; Conservação das características arquitetônicas e utilização de materiais construtivos típicos da região – utilização de materiais, equipamentos e serviços turísticos em harmonia com o meio rural; Cuidados com as instalações e lidas agropecuárias – cuidados que permitem ao turista observar ou participar das rotinas das atividades tradicionais da propriedade, sem descaracterizar o processo produtivo em função de sua presença. e) Quanto aos aspectos culturais Manutenção dos elementos e das estruturas tradicionais – manifestações folclóricas, culinária, produção artesanal, técnicas construtivas, celebrações, valores, modos de vida e ideais das comunidades rurais, além de elementos que referendem a história da região e das famílias. f) Quanto à diversificação dos serviços oferecidos A diversidade de serviços oferecidos ao turista depende da especificidade do ambiente, da economia, da história, das tradições, da cultura popular, das características étnicas, da exploração agropecuária, em relação à propriedade e à região. O que é oferecido ao turista varia em função do que é produzido ou é mais característico na propriedade ou na região. http://romanticoschales.com.br/turismo-rural Assim, pode-se dizer que para ser Turismo Rural, deve-se oferecer ao turista a oportunidade de desfrutar das particularidades das propriedades rurais e das peculiaridades da região, especialmente aquelas relacionadas às atividades agropecuárias. O atendimento precisa ser personalizado, para transmitir a hospitalidade do campesino ao visitante. O centro de interesse do turista que se desloca para áreas rurais está no conjunto constituído pela atividade produtiva, pela natureza e pelo modo de vida, que diferem da paisagem e do ritmo urbano (LOTTICI KRAHL, 2003.) Outra característica do segmento é o chamado “empoderamento” das comunidades, já que ele é um motivador para que a sociedade se organize para gerir a atividade turística de forma participativa. Isso cria um ambiente favorável à manutenção das características rurais da região, utilizando os recursos locais e os conhecimentos derivados do saber das populações, valorizando-os (LOTTICI KRAHL, 2003, p 24.). Segundo Perkins e Zimmerman (1995), o empoderamento é uma construção que liga forças e competências individuais com sistemas naturais e organizacionais de ajuda. Importará, portanto, desenvolver comportamentos proativos de mudança social, envolvendo organizações e recursos em torno da construção de comunidades responsáveis. O caminho será o da intervenção social e comunitária com indivíduos e organizações, consubstanciada em projetos de desenvolvimento, de combate à exclusão social, de promoção de direitos, desenhados no, e para, os âmbitos local e regional (GONÇALVES et al, 2013). A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL O agroturismo é uma a atividade que faz o homem e sua família permanecerem no campo. Faz preservar e recuperar nosso espaço rural e natural com suas características originais. Assim, a interação entre o homem do campo e suas origens se mantem, perpetua e também: Promove a preservação e recuperação de nossa história. Alimenta as atividades agrícolas tradicionais. Gera receita para o espaço rural. O agroturismo é um segmento que apresenta desenvolvimento em áreas rurais produtivas, usando como meio de hospedagem as próprias propriedades, que procuram se adequar ao novo hóspede, para atender suas necessidades, mostrando como viver em contato direto com o meio ambiente, participando das várias atividades agropecuárias desenvolvidas no meio ambiente rural, e mostrando também a importância do homem do campo para a sobrevivência do ser humano nos grandes centros urbanos. Também fazer o turista perceber as inúmeras ofertas de produtos naturais de origem local ou regional, mostrando a cultura local, a gastronomia típica e todo o mais que a natureza oferece, esperando em troca somenteser preservada. Para que haja um desenvolvimento pleno da atividade turística no meio rural é preciso que haja harmonia entre a comunidade rural, o meio ambiente e o turismo. Esses elementos unidos poderão garantir a sustentabilidade da atividade rural. O desenvolvimento da atividade rural tem que começar com a conscientização de que é importante preservar e cuidar, para que se possa explorar deixando que gerações futuras possam também preservar, cuidar e explorar. Percebemos que a atividade rural vem sendo desenvolvida muitas das vezes, sem a consciência da importância da preservação e o cuidado de causar o mínimo dando ao meio ambiente. Sabemos que atualmente todos procuram meios de agregar valores aos seus produtos, buscar novas fontes de renda a sua produção, sobreviver das suas atividades, mas, sem esquecer-se da importância da preservação daquilo que exploram, para que continue sustentável. Desta forma, a quatro elementos-chave que configuram a sustentabilidade (economia, cultura, sociedade e meio ambiente) devem envolver o turismo nas áreas rurais com uma importância redobrada, nutrindo e enriquecendo o desenvolvimento da atividade turística, ao mesmo tempo em que se configuram na matéria-prima da atividade, isto é, nos próprios recursos que favorecem e influenciam na demanda para o meio rural. Desenvolvimento turístico no espaço rural: contribuição-preservação. Fonte: Verrazi, 2008, p 32. Neste contexto, a garantia da sustentabilidade do desenvolvimento turístico necessita que algumas condições sejam cumpridas, tais como: A participação da sociedade local no desenvolvimento da atividade; A limitação das capacidades de carga dos atrativos – naturais e socioculturais; a atuação sobre as infraestruturas e equipamentos, adaptando- as aos recursos turísticos a fim de preservá-los contra possíveis agressões, dentre outros. Desta forma, o desenvolvimento do turismo rural será racional e embasado na filosofia da sustentabilidade, supondo contribuições importantes ao meio rural como: Melhora nas condições de vida da população local; Contribuição para a reativação econômica de zonas deprimidas; Geração de rendas complementares; Incorporação do trabalho remunerado da mulher; Estabilização da população local ao campo; Manutenção das atividades agropecuárias e artesanais; Manutenção e recuperação do patrimônio arquitetônico tradicional; Conservação do meio ambiente; Enriquecimento cultural da população local. A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL A industrialização crescente intensificou a urbanização, aumentando a destruição da natureza, colocando-a a disposição de poucos homens com seus interesses de lucro e poder, desprezando assim o interesse coletivo pela sustentabilidade. Neste contexto, a cultura rural acabou sendo ignorada ou considerada como sinônimo de atraso e retrocesso, e diante disso, cresceu assustadoramente a submissão e dependência do campo em relação às cidades. Uma realidade que passou a ser imposta a inúmeras comunidades rurais, que se tornaram apenas espaços produtores de matérias-primas e produtos direcionados ao consumo da sociedade urbano-industrial (ANDRADE, 2012). Assim, o patrimônio ambiental contido nessas comunidades passou a ser constantemente utilizado de forma predatória, desrespeitando sua capacidade de suportar tais impactos e resultando em problemas socioambientais. Sugiram então conflitos entre os espaços rural e urbano e entre grandes produtores rurais, ansiosos por lucro, e pequenos agricultores ligados à terra, da qual obtêm o difícil sustento. Diante desse consumo exacerbado, que gera dilapidação ambiental, disparidades sociais, incertezas e ausências de perspectivas, resta ao pequeno produtor resistir, mantendo seu vínculo harmônico com a terra de seus ancestrais, ou sucumbir, atendendo à voracidade do sistema opressor. Se a alternativa escolhida for a segunda, não há outro caminho: a contínua exploração dos recursos naturais até sua exaustão, criando o rompimento definitivo com a realidade rural, levando-o a procurar por novas oportunidades nas cidades. Ao ser expulso, o homem do campo rompe com sua cultura de contato sustentável com a terra, levando-o a vislumbrar os atrativos dos grandes centros urbanos e a criar fantasias que serão posteriormente transformadas em frustração e exclusão. Ao se dirigir à cidade grande em busca de melhorias e sem qualificação, sem emprego, sem perspectivas, ele e sua família estarão condenados à inserção nas problemáticas periferias, na maioria dos casos sem direito a condições dignas de vida, ampliando os índices de dominação, exploração, degradação e alienação, já tão comuns na sociedade atual. As populações rurais da que trabalham no agroturismo buscam reinserção econômica, social, política e até tecnológica, pela sua reafirmação, redefinição e atualização de seus modos de vida e construção de alternativas. http://www.mda.gov.br/sitemda/noticias/pronaf-saiba-como-ter-mais-renda-e-qualidade-de-vida-no-campo O índice de evasão do campo hoje é cada vez mais expressivo, e os filhos de pequenos produtores não apresentam mais a mesma vontade de permanecer no campo e trabalhar com a terra, de modo que, migram para a cidade em busca de melhores condições de vida. Sendo assim, é preciso que haja pessoas, projetos e políticas públicas voltadas para tal problemática, empreendendo ações que propiciem soluções eficazes e eficientes para que este quadro seja revertido. Para a viabilidade de se realizar o desenvolvimento local através do turismo dependeria da equalização de cinco objetivos: Preservação/conservação ambiental; Manutenção da identidade cultural; Geração de ocupações produtivas de renda; Desenvolvimento participativo Qualidade de vida. Alguns elementos importantes são considerados fatores de desenvolvimento local e de valorização cultural A manutenção da identidade cultural dos lugares como próprio fator de atividade turística; uma construção de uma via democrática para o desenvolvimento de certas localidades, articuladas pelo turismo como fator estruturante de valorização das suas potencialidades ambientais e culturais, com a participação da população local na construção ativa desse processo (BENEVIDES, 2002, p. 25). A riqueza cultural de uma comunidade, ao ser preservada como forma de manutenção do grupo, é utilizada como fomento ou elemento potencializador para a atividade turística, principalmente neste momento onde cresce o interesse pela pluralidade étnica e pela diversidade cultural existente nas diversas sociedades. http://www.noticiasjp.com/2014/10/festa-da-polenta-comemora-36-anos-e.html Parte-se do pressuposto de que a atividade turística pode contribuir para o etnodesenvolvimento local e para o enriquecimento da relação entre turistas e residentes, por meio de um aproveitamento balizado nos princípios da sustentabilidade cultural (SILVA, 2010, p. 3) Assim, o patrimônio cultural implica sentidos de permanência, pertencimento e persistência, considerando-se que a produção material e simbólica de uma determinada comunidade torna-se elo de identificação do grupo a um ethos cultural comum, vetor de transmissão e compartilhamento de memórias individuais e coletivas, e das tradições. Essas são reinterpretadas e reconfiguradas no presente, porém, mantendo-se o substrato que lhe deu origem (SILVA, 2010, p. 3) ATRATIVOS TURÍSTICOS Os atrativos turísticos exercem papel fundamental para o desenvolvimento do turismo receptivo, uma vez que compõem a oferta turística diferencial de uma localidade, ou seja, são os principais responsáveis pela atratividade das regiões turísticas, que geram os fluxos turísticos. A qualidade da oferta dessesatrativos impacta diretamente no posicionamento do destino no mercado turístico (SEBRAE, 2014). Enquanto negócio, o atrativo turístico precisa ser gerido como qualquer empresa, possuir uma gestão eficaz, ter estrutura mínima para receber clientes, oferecendo experiências positivas de forma organizada e profissional, a fim de produzir resultados positivos. Os atrativos turísticos são únicos e cada um deles possui valor e capacidade de atração específicos. Portanto, possuem diferentes características, potenciais e estruturas para a recepção de turistas. Os atrativos turísticos constituem a oferta turística diferencial de uma determinada região turística, pois são responsáveis por promover os fluxos turísticos. O consumidor escolhe o destino que irá visitar, em função da experiência turística que esse destino oferece. Ele primeiro decide se deseja praticar atividades de aventura ou vivenciar atividades rurais, ou ainda, visitar monumentos históricos e culturais etc., entre as inúmeras possibilidades. Na sequência, ele opta pelo destino turístico que proporcione as atividades e experiências escolhidas. Sebrae-SP, 2014, p. 9. Existe outro tipo de oferta turística: a oferta turística técnica. Ela é composta pelos equipamentos e serviços existentes no destino, que dão suporte para o desenvolvimento da atividade turística, como: meios de hospedagem, meios de alimentação fora do lar, agências de turismo receptivo, manifestações culturais, artesanato, serviços de apoio ao turista, entre outros. Oferta turística diferencial Oferta turística técnica Circuito turístico Circuito Turístico: Conjunto de recursos e/ou atrativos turísticos, distribuído em um espaço geográfico determinado (que apresenta vários eixos de deslocamento, permitindo diversos itinerários), que dê identidade peculiar e diferenciada ao local. Pode organizar-se formalmente por meio de consórcios ou outras formas associativas. A existência de circuitos turísticos conduz à formatação de produtos turísticos atrativos e de roteiros, facilitando assim, o acesso da região a mercados consumidores. O bom funcionamento do sistema produtivo do turismo receptivo rural ou urbano depende da oferta turística diferencial e da oferta turística técnica. Porém, a oferta turística diferencial é decisiva para atrair os turistas e iniciar a “engrenagem” que movimenta esse sistema. As características do conjunto de atrativos turísticos influenciam diretamente na identidade e vocação turística do destino (turismo rural, cultural, de aventura, de natureza, entre outros), indicando possibilidades de constituição de negócios e das tipologias de turismo que podem ser implementadas e consolidadas (Sebrae, 2014). Existe uma tendência atual na busca do natural, do orgânico, do particular, fatores que contribuem para a valorização do Turismo Rural. Dessa forma, os elementos que o caracterizam devem ser estimulados visando se aprimorar as atividades, os produtos e serviços ofertados pelas propriedades rurais. A paisagem, a natureza, a cultura, o modo de vida das comunidades tradicionais; os processos produtivos, a proximidade e a hospitalidade são os principais fatores de atratividade do Turismo Rural. Neste sentido, é preciso identificar, na região e no âmbito das propriedades rurais, os atrativos capazes de materializar as expectativas e os desejos dos turistas. É preciso, ainda, explorar algumas possibilidades oferecidas pelo Turismo Rural, as quais devem ser convertidas em vantagens práticas: a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham, necessariamente, de paisagens com recursos turísticos extraordinários: Esses recursos são importantes atrativos turísticos, mas a valorização da paisagem natural não se restringe apenas à sua existência. O fundamental é que, para o turista, a paisagem represente um indicador de que ele está fora do seu ambiente de rotina. Assim, a fauna, a flora, a topografia e o uso do solo trazem as marcas da cultura e das comunidades residentes, fazendo desses elementos atrativos pelo fato de constituírem uma paisagem tipicamente rural e que, portanto, se contrapõem ao cotidiano do turista. b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a outros segmentos: Não é preciso, necessariamente, criar estruturas na região e nas propriedades, e sim adaptar as que já existem de modo a garantir conforto e segurança aos turistas. Tais estruturas podem ser residenciais ou de serviço, mas devem manter suas características rústicas. Nesse caso, o turista não busca luxo, e sim autenticidade e certa rusticidade, mas com qualidade e conforto. c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos núcleos emissores: A localização facilita o deslocamento dos visitantes, que podem visitar as propriedades rurais, ainda que disponham de apenas um dia ou de um final de semana. A curta distância torna o Turismo Rural uma atividade acessível a mais pessoas. A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL Experiência é o conhecimento adquirido pela prática ou observação. Para oferecer experiência turística é necessário superar os aspectos triviais e convencionais do turismo receptivo, como propiciar a encenação de atores para contar história de determinado local turístico. Além do aspecto lúdico e prazeroso, o turista rural tem a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, interagir e experimentar uma situação que fica marcada por muito tempo. A vivência no mundo rural é uma prática que propicia a participação do turista em lidas, oficinas ou atividades que sejam atípicas ou incomuns. Portanto, são as situações em que o turista realmente participa, se envolve e interage. Ele é mais do que um expectador. Um exemplo comum é a participação em oficina culinária, que faz parte da visita ao atrativo turístico rural. Outros exemplos de experiências e vivências, que podem ser oferecidas nos atrativos turísticos rural: Dramatizações para contar uma história, um “causo” uma lenda. Apresentações de grupos culturais (teatro, música e dança) e folclóricos. Gastronomia típica para degustação e participação de oficinas culinárias. Reprodução de “atmosfera, ambiente e cenário”, tornando determinado local com características temáticas. Oficinas (culinária, cerâmica, vinho, cachaça, artesanato, pintura, queijo, pães, bolos e muitas outras). Rotina: participação de plantio ou colheita de produtos, cuidados com animais e preparo de refeições ou prato típico. http://ooutrolado.com/cafe-caipira/ A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL A vivência do agroturismo é caracterizada por atividades lúdicas e do dia-a-dia das propriedades rurais, tais como: ordenha, coleta de ovos, cavalgada, coleta de frutas e verduras, gastronomia, entre outras. Salles (2006) cita algumas atividades de vivência desenvolvidas nas propriedades, tais como: Hortas orgânicas; Hortas medicinais; Pomares; Ordenha; Tosquia; Trato; Trilhas; Cavalgadas; Pesca. O perfil do turista que procura pelo turismo rural, enquadra-se como mediocêntricos: pessoas motivadas pela quebra da rotina, busca pelo descanso, aventura, gastronomia e tratamento de saúde; e experimentais: desejam conhecer e experimentar modos de vida diferentes. As características destes perfis é a busca por vivenciar novos jeitos de vida, e também a quebra da rotina, fatores encontrados nas propriedades rurais, que desenvolvem a atividade turística. Outro fator que caracteriza os turistas que buscam por esta atividade é o contato com a natureza (Mtur, 2010). A atividade turística de vivência é geradora de novas experiências pessoais e sensoriais. Ela promove o encontro com a história, com a cultura, com os valores, sabores, momentos e àquele sentimento bucólico ao qual só o campo nos remete.Nesse sentido, Sun Tung e Ritchie, (2011, p.1369) afirmam que o papel central dos planejadores do turismo é: ''Facilitar o desenvolvimento de um ambiente (ou seja, o destino) que aumenta a probabilidade de que os turistas podem criar suas próprias experiências memoráveis de turismo”. Os autores ainda definiram experiência turística como. Uma avaliação individual subjetiva (afetiva, cognitivo e comportamental) de eventos relacionados à sua atividade turística que começa antes (ou seja, planejamento e preparação), durante (ou seja, no destino), e depois da viagem (ou seja, o recolhimento). (Sun Tung e Ritchie, 2011, p. 1369). Por fim, o turismo no mundo rural e suas nuances vem apresentando considerável crescimento e pode ser uma alternativa para a sustentabilidade e sobrevivência dos pequenos agricultores, pois incentiva a diversificação das atividades no campo e gera trabalho para os membros da família, mas não se deve esquecer que uma atividade como esta deve ser bem planejada, com participação de todos os atores envolvidos, para evitar impactos irreversíveis à natureza, e, principalmente no que diz respeito à cultura e tradições locais. ESTRUTURA TURÍSTICA A atividade turística requer investimentos em infraestrutura de meios de hospedagens e de lazer. É sabido que estes objetos técnicos juntamente com o quadro sócio ambiental, caracterizam os lugares turísticos e podem favorecer o seu desenvolvimento. Neste contexto, o turismo passa a ter papel fundamental na produção do espaço e na valorização do rural, podendo também melhorar a condição de vida da população local. Entretanto, para que as comunidades possam usufruir dos benefícios gerados pela atividade turística, torna-se necessário preservar não apenas os atrativos naturais, mas também a cultura da população local (CORREA, 2006, p.7). Em função disso, como outros empreendimentos econômicos, as atividades relacionadas a lazer/turismo, também requerem apoio do poder público em diferentes escalas, principalmente no que diz respeito a melhoria da infraestrutura viária, divulgação, elaboração de normas para regulamentar a atividade, bem como a sua fiscalização. Portanto, seu desenvolvimento deve estar alicerçado na interação de diferentes atores, tanto público quanto privado, envolvendo as escalas local/regional, nacional/global. Os equipamentos e serviços turísticos rurais englobam tudo o que está relacionado às áreas de recreação, lojas, aos banheiros, aos restaurantes, à estrutura de hospedagem, aos vestiários, aos locais de descanso, caminhos, destinação do lixo, água, energia elétrica, entre outros (Figura 20). No empreendimento do agroturismo, cada área tem um uso específico, conforme suas características e suas necessidades estruturais. No entanto, é preciso levar em conta que todas as instalações deverão ser projetadas em harmonia com o meio ambiente. http://www.agrosoft.org.br/br/tag/agroturismo SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO VISITANTE O meio rural oferece uma série de serviços e atividades aos seus visitantes. Neste item, apresentam-se alguns serviços e equipamentos turísticos, bem como atividades turísticas que podem ser desenvolvidas nas propriedades rurais ou na região: a) Serviços e equipamentos turísticos: serviços, edificações e instalações indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística e que existem em função dela: Hospedagem – estabelecimentos que oferecem alojamento e serviços necessários ao conforto do hóspede. No Turismo Rural, as maiores frequências são fazenda-hotel/ hotel-fazenda, hospedagem domiciliar (quarto nas propriedades rurais, cama e café, alojamento) e pousada; Alimentação – pode ser oferecida por restaurantes tradicionais ou por propriedades rurais, que geralmente oferecem café colonial, almoço e jantar com pratos típicos, degustação de produtos caseiros; Guiamento, condução e recepção – atendimento e orientação ao turista individual ou em grupo, via centro de informações turísticas, agências e operadoras de turismo receptivo, guias ou condutores locais (muitas vezes os próprios agricultores, artesãos ou proprietários rurais); Transporte no local – serviços específicos para deslocamento no destino: ônibus de excursão, vans, traslados, bem como veículos rurais (passeio de trator, de charrete). b) Atividades que podem ser praticadas pelo visitante: atividades cuja prática estão relacionadas ao meio rural, encontradas nas propriedades rurais brasileiras: Atividades agropecuárias Agricultura – cultivo de espécies vegetais úteis para a alimentação humana e animal ou como matéria-prima para indústria têxtil, farmacêutica etc. Plantação de cereais, frutas, hortaliças, leguminosas etc.; Criação de animais – inclui todos os tipos de manejo de animais: bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura, suinocultura, piscicultura etc. Atividades de transformação – referem-se à transformação de matéria-prima vegetal, animal ou mineral: produção agroindustrial (compotas, doces, bebidas, farinhas, panificação, laticínio, ervas, polpas) ou manual (facas, panos e bordados, mesas, instrumentos musicais); Atividades ecoturísticas – atividades de interação com a natureza, que incentivem o comportamento social e ambientalmente responsável: trilhas, observação da fauna (pássaros, borboletas, jacarés, peixes) e da flora (espécies vegetais nativas, parques, etc.), caminhadas na natureza, trilhas, banhos de cachoeiras e rios, cicloturismo; Aventura – atividades recreativas e não competitivas que envolvem riscos controlados e assumidos: arvorismo, bóia-cross, rapel, tirolesa, montanhismo, mountain-bike, trekking, turismo fora de estrada; Atividades interativas com gado – abrangem atividades que envolvam a interação do homem com cavalo, jumento, burro, boi, carneiro etc para desempenho de alguma lida no campo ou para lazer, esporte e aventura: ordenha, cavalgadas, campeadas, torneios, comitivas, tropeadas ou outras denominações regionais, passeios de carroça, rodeio, hipismo; Pesca – compreende a prática da pesca amadora: pesque-pague, pesca em rios, lagos, represas; Atividades esportivas – compreendem os jogos e disputas competitivas, com a presença de normas definidas: corrida de moto, de bicicleta, de aventura, rali, canoagem, caça e tiro; Atividades pedagógicas – atividades de cunho educativo que auxiliam no processo ensino-aprendizagem, comumente promovidas por escolas e realizadas pelos respectivos grupos de estudantes. É o chamado Turismo Rural Pedagógico, um recurso motivador de aprendizagem, capaz de auxiliar na formação dos alunos - reforçando conceitos como o de cidadania, consciência ambiental e patrimonial – e de fornecer experiências de vida em grupo: aulas práticas interpretativas do ambiente, palestras informativas, vivências e experiências variadas nos ambientes visitados, incluindo participação em colheitas, ordenhas, trato de animais; Atividades culturais/Manifestações populares – acontecimentos ou formas de expressão relacionados à música, dança, teatro, artes plásticas, literatura, folclore, saberes e fazeres locais, práticas religiosas ou manifestações de fé: rodas de viola, folia de reis, crenças, catira, rezas, novenas, “contação de casos”; http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2012/11/escassez-de-bambu-prejudica-producao-de-artesanato-em- baependi.html Produção de artesanato – objetos produzidos manualmente ou com equipamentos rudimentares, em pequena escala, característicos da produção de artistas populares da região, utilizando matéria-prima regional; (Figura 21). Observação da arquitetura típica ou histórica – contempla as construções típicas do campo (açude, capela, curral, estufa), as técnicas e materiais construtivos peculiaresou da região (pau-a- pique, sapé, madeira, pedra e outros) e as construções históricas (engenho, alambique, casa de farinha, vinícola); Visita a museus e casas de cultura – locais destinados à apresentação, guarda e conservação de objetos de caráter cultural ou científico: museu da cachaça, museu do folclore, vinícola desativada, moinho; Gastronomia – práticas e conhecimentos relacionados com a arte e técnica de cozinhar. Relaciona-se com o aprendizado e a degustação de pratos de consumo tradicionais da região, utilizando ingredientes locais. QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO A qualidade de um serviço é fator determinante no desenvolvimento da atividade turística. Entretanto, é um conceito particularmente subjetivo que pode, no entanto, ser caracterizado através de alguns indicadores. Uma forma de maximizar a chance desta relação, prestadores de serviços — turistas ser bem sucedida é estabelecer um referencial de qualidade que garanta confiabilidade nesta relação. Para prestar um conjunto de serviços que atenda e/ou exceda as expectativas dos clientes faz-se necessário conhecer quais são suas necessidades e desejos, e a partir daí, estabelecer critérios que harmonizem as práticas relativas a comercialização deste serviço. A qualidade de uma experiência turística dependente de uma variedade de fatores, o que dificulta a adoção de uma definição clara e precisa. O fato de o produto turístico ser o resultado da conjugação de uma série de subsistemas, tanto do ponto de vista dos poderes públicos quanto da iniciativa privada, com elementos de natureza tangível e intangível, agrava essa dificuldade (MOREIRA, 2010). A importância da qualidade na atividade turística vem sendo percebida pelos diferentes órgãos que atuam no setor, inclusive por aqueles que se dedicam diretamente à atividade do turismo em área rural, e algumas iniciativas neste sentido começam a ser discutidas e implementadas em alguns lugares (Figura 22). A qualidade de serviço percebida pelo cliente pode ser considerada como um julgamento sobre a superioridade desse serviço que é o resultado das diferenças entre as expectativas e as percepções do cliente (Parasuraman et al., 1985; Grönroos, 1990). Cronin e Taylor (1922; 1994) defendem que a qualidade do serviço deveria estar baseada nas percepções do cliente relativamente aos serviços prestados. Para Albrecht e Bradford (1992) a qualidade representa a capacidade que um serviço tem para satisfazer uma necessidade, para resolver um problema ou para fornecer valor acrescentado. http://www.booking.com/hotel/es/alqueria-blanca.pt-pt.html Apesar das várias definições sobre o que qualidade realmente significa, um denominador comum sobressai: a satisfação das necessidades dos clientes. Assim, pode concluir que a qualidade está fortemente relacionada com a satisfação dos clientes e está é alcançada quando as expectativas dos clientes igualam ou superam as suas experiências e percepções (MOREIRA, 2010). O Plano Nacional do Turismo (PNT) para 2003 a 2007, desenvolvido pelo ministério do turismo, traz em seu conjunto de programas um pacote voltado para a questão da qualidade, denominado macro programa de qualidade do produto turístico. Abrangem duas vertentes, uma delas relacionada à normatização da atividade turística e outra referente a um programa de qualificação profissional. A ABRATURR — Associação Brasileira do Turismo Rural desenvolveu um programa de capacitação com foco na qualidade, que foi incorporado pelo Ministério do Turismo e foi apresentado no documento Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil (2003). Este documento propõe como sua quinta diretriz a capacitação voltada para a preparação de agentes e atores envolvidos na atividade para atuarem voltados para a qualidade. Indica como estratégias a identificação das diferentes necessidades de capacitação; a avaliação de programas, metodologias e possíveis parceiros; a elaboração conjunta de políticas, programas e projetos específicos de profissionalização; a promoção de 47 cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional; o apoio e promoção de cursos e seminários de capacitação em desenvolvimento local e regional; o apoio e promoção de eventos locais, regionais, nacionais e internacionais. AGROINDÚSTRIA No final da década de 90 do século XX, surgem programas de estímulo a agroindústrias familiares em todo país. A agregação de valor aos produtos da agricultura familiar é mais que uma tradição, é uma forma de aumentar a renda das famílias rurais, valorizar a cultura e gerar ocupação. A atividade da agroindústria é uma das grandes alternativas de agregação de valor ao produto rural, com o beneficiamento do produto “in natura”. Com a implantação do turismo na propriedade, isto se potencializa, na medida em que a comercialização do produto pode se dar dentro da própria propriedade, suprimindo o custo de distribuição e contribuindo para diversificar os atrativos do empreendimento. Por meio da agroindústria artesanal, o alimento é processado e conservado, sem que haja adição de elementos químicos, como aditivos e conservantes artificiais. Isso é possível graças às várias tecnologias que seguem o método tradicional, cultural e regional de transformação de alimentos. Com isso, os alimentos duram mais e não perdem suas características específicas (cor, sabor e aroma). Diversos estudos tem mostrado que as agroindústrias familiares, de modo geral, têm encontrado dificuldades para sua consolidação. Dentre os empecilhos, podemos citar como fundamental a incompatibilidade da escala de produção das agroindústrias familiares com as exigências dos grandes circuitos de mercado, pautada pela padronização e regularidade no fornecimento (SIVEIRA, 2010). Junto a isso, vieram exigências sanitárias buscando a legalização dos empreendimentos de processamento artesanal de alimentos, através de investimento em instalações e equipamentos, exigidos pela legislação sanitária vigente. http://www.emater.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=80 A pressão da legislação sanitária vigente leva a um processo de substituição de procedimentos artesanais de produção por procedimentos industriais, onde o fundamento é a padronização do produto, a garantia de que aquela marca não apresenta variação nem em qualidade, nem em características do produto, devido a procedimentos técnicos e operações de máquinas sob rígido controle, enquanto o artesanal é o império do como fazer, da variável humana, da diferenciação (Silveira; Heinz, 2005). Nesse contexto, surge o problema com a inflexibilidade da legislação diante de uma pequena escala de produção e um consumo quase imediato, situação da produção artesanal desenvolvida na agricultura familiar. Associando qualidade a estrutura física, a legislação condena esta produção artesanal à informalidade, pois seria necessário um investimento necessário para sua regularização, além de suas possibilidades e interesse. E, justamente nas pequenas unidades de processamento de alimentos, “a qualidade dos alimentos (...) está mais ligada à qualidade da matéria prima, à saúde e higiene das pessoas que manipulam os alimentos, à higiene das instalações, ao fluxograma operacional dos trabalhos da agroindústria etc...” (PREZZOTTO, 2002, p.9). Diante de tal realidade, “a questão fundamental é quais critérios de qualidade devem ser adotados em circuitos locais e regionais de produção, distribuição e consumo, considerando que seu contexto é diverso da base epistêmica de que parte a legislação sanitária” (SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004, p. 219). Dessa forma, uma série de estratégias implementadas no sentido de buscar a viabilização econômica das propriedades rurais e que, ao mesmo tempo, podem aumentar a atratividade turística dedeterminados territórios, a saber: a) Beneficiamento e processamento mínimo de matérias-primas de origem animal ou vegetal, transformando-as em embutidos, conservas, produtos lácteos, compotas, bebidas, artigos de vestuário, decorativos, utilitários etc. Esses processos agregam valor e qualidade à produção agropecuária ou ao extrativismo, além de servir como aproveitamento do excedente. b) Apresentação dos produtos: utilização de embalagens especiais que valorizem a aparência dos produtos e o uso de materiais recicláveis e da região, destacando a identidade local. c) Produção de alimentos ambientalmente correta: a sociedade valoriza cada vez mais métodos sustentáveis de produção de alimentos para se ter uma alimentação saudável e ambientalmente correta. Destacam-se as práticas baseadas na agroecologia, agricultura orgânica, agricultura ecológica, agricultura biodinâmica e outras (Figura 24). d) Diversificação da produção: plantio e criação de variadas espécies – de plantas e animais – a fim de proporcionar ao turista novos sabores e experiências, devendo ser privilegiadas as plantas e os animais da região. e) Certificação dos produtos: selos orgânicos, de comércio justo e solidário, de origem: a certificação é mais uma garantia para o turista de que está de fato consumindo um alimento de qualidade (Figura 25). http://www.sul21.com.br/jornal/agroindustria-familiar-triplica-renda-do-pequeno-produtor/ ARTESANATO O artesanato, em todo o mundo, voltou a ser valorizado. O artesanato vem ganhando destaque no Brasil e no mundo, impressionando aqueles que têm curiosidade em saber de onde vem e como é feito. Assim, o artesanato passou a ser explorado com grande repercussão no setor turístico. De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE (1999), a identidade de um país é, em grande parte medida, construída com elementos recorrentes em seus produtos e serviços, sejam estes de origem industrial ou artesanal. http://www.nordestecerrado.com.br/cooperafis-cooperativa-regional-de-artesas-fibras-do-sertao-ba/ Os artesão e artesãs que residem no meio rural não dispensam suas atividades rurais. Em razão disso, o artesanato insere-se como um complemento no orçamento da agricultura e pecuária familiar, assim como nos povos e nas comunidades tradicionais, propiciando uma interação com as atividades econômicas e turísticas (EMATER, 2015). Dentre os atrativos culturais o artesanato vem se destacando consideravelmente no setor turístico por ser um produto de grande valor histórico-cultural. Conforme Ribeiro (2003), a primeira mais importante condição de atração turística é sem dúvida, a beleza e a diversidade ambiental e cultural de locais receptivos e as regiões brasileiras manifestam o que tem de mais rico e diversificado destes aspectos (FRANÇA, 2005). Liberdade e diversidade são atributos do trabalho criativo, são também palavras que podem definir nosso tempo. A esses valores agregamos a qualidade. Entendendo-se esta como sinônimo de pesquisa e inovação no conceito, na forma e na escolha de materiais e de técnicas, é também qualidade de execução, respeito à ecologia e uma dose de poesia. Podemos dizer que, hoje, também faz parte da qualidade uma atenção às raízes culturais do próprio país, ou região (FRANÇA, 2005). Assim, promover a integração e socialização de conhecimentos e experiências, nas áreas de artesanato e agroturismo, com vistas à qualificação da ação extensionista, e considerando as relações de gênero, raça e etnia são um dos objetivos do trabalho artesanal. BIBLIOGRAFIA CEPAGRO. Agroturismo. Disponível em <http://www.cepagro.org.br/projetos/ Agrotur.html>>. Acesso em 02/04/2007. FRANCISCO JÚNIOR, J.C. Processo de desenvolvimento do ecoturismo em Brotas. In: OLIVEIRA, C.G.S. ET AL (ED). I Congresso Brasileiro de Turismo (1999: Piracicaba). Anais. Piracicaba: FEALQ, 1999. p.229-233. PORTUGUEZ, A. P. Agroturismo e Desenvolvimento Regional. São Paulo, SP: Mussite, 1999. PIRES, P dos S. A dimensão conceitual do ecoturismo. Turismo – Visão e Ação. V. 1, n. 1, p. 75-91, 1998. RIBEIRO, M. Turismo rural em Portugal. In: ALMEIDA, J. A.; RIEDL, M., FROEHLICH, J.M., (Ed). Turismo rural e desenvolvimento sustentável. Santa Maria: Departamento de Extensão Rural/UFSM, 1998. p. 169-190
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