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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH Licenciatura em História - EAD UNIRIO/CEDERJ PRIMEIRA AVALIAÇÃO ONLINE 2020.2 DISCIPLINA: HISTÓRIA MEDIEVAL COORDENAÇÃO: ANA PAULA LOPES PEREIRA Nome: Paloma de Oliveira Rocha Matrícula: 17116090268 Polo: Duque de Caxias Caro (a) aluno (a): Essa é a sua Primeira avaliação online. Leia os enunciados com atenção e procure ser claro e objetivo na elaboração de suas respostas. Leia atentamente as Instruções abaixo: • Leia atentamente o comando • Revise suas respostas e verifique se as ideias estão claras; • Esta avaliação é individual; • A resposta deve conter no máximo 4 laudas Boa prova!!! Prezado (a) aluno (a), Os critérios de avaliação das questões dissertativas da sua avaliação online são os seguintes: • Correção do português; • Clareza e qualidade da argumentação (coesão/coerência). Com base na leitura das aulas da plataforma, das aulas-texto do livro História Medieval e dos textos de Jérôme Baschet, Gênese da Sociedade cristã: A Alta Idade Média e Ordem Senhorial e crescimento feudal escreva um texto refletindo sobre o processo histórico que engloba a crise do Império Romano do Ocidente, a experiência carolíngia de unidade cristã, o advento do Islã como força civilizacional e o processo que a partir do século XI leva ao apogeu da sociedade feudal. Destaque as transformações sócio- politicas, religiosas e econômicas que culminaram com o apogeu da sociedade feudal no século XIII. Orientações: A introdução deve enunciar brevemente quais os pontos que serão destacados na redação - pelo menos duas mudanças nas estruturas de poder e duas mudanças nas estruturas sociais, citando também ao menos dois autores da bibliografia - a conclusão, em um parágrafo, deve conter um pequeno resumo do processo histórico analisado para fechar a ideia central. O presente trabalho visa discutir sobre a Crise do Império Romano do Ocidente, o seu diálogo com a experiência carolíngia para consolidação de uma unidade cristã até o processo que a partir do século XI possibilitou o apogeu da sociedade feudal. Além disso, comentar o advento do islã como uma força civilizadora. Para elucidarmos o norte condutor do trabalho, iremos optar por duas perspectivas: o processo de poder construído na relação entre carolíngios e o bispado de Roma e a construção das relações de suserania e vassalagem. Com isso, iremos nos pautar no trabalho de Jérôme Baschet1 e de Renata Rozental Sancovsky2. Dessa forma, partirmos pensando alguns elementos construídos na crise do Império Romano, pois se torna importante para entendermos o choque estabelecido entre os mundos romano e germânico. Para o historiador Perry Anderson3, a principal crise do século III foi a relacionada ao modo de produção escravista nas provinciais ocidentais, onde a mão-de-obra se ampliou através de guerras expansionistas que possibilitou também a formação de grandes lotes de latifúndios que utilizava esse modelo produção. No mundo oriental, ocorreram formações de pequenas e médias propriedades que não utilizavam em proporções preponderante a mão-de-obra escrava. Com isso, quando ocorreu a diminuição da expansão ocorreu uma crise de produtiva pela falta de escravos, inclusive, produzindo revoltas camponesas e escravas. Paralelamente, ocorreu a intensificação da orientalização romana e abandono de províncias ocidentais pela estrutura de poder. Dentro do campo social no ocidente, houve o fortalecimento das migrações ao campo e a emergência de modelo de colonato como forma de trabalho. Além disso, os princípios religiosos se tornaram mais radicais através da inspiração dos modelos orientais (um exemplo foi a grande perseguição de Cristãos). Entretanto, após vencer Diocleciano, em 313, Constantino escolheu uma religião ocidental para impor novas bases ao Estado Romano que foi o Cristianismo através do Edito de Milão e, consequentemente, trazendo paz aos cristãos perseguidos anteriormente. Além disso, em 330 fundou Nova Roma (Constantinopla) como nova capital do Império. Depois, em 391, Teodósio tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano e quase toda população era batizada. Além disso, o Ocidente ficou sobre o controle de generais de origem germânica, que agiram na defesa do Império, mas não 1 - BASCHET, J. A Civilização Feudal. Do Ano Mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. pp.23-46 2 - SANCOVSKY. R. R.. Formação e cristianização dos reinos “bárbaros” na Península Ibérica: suevos e visigodos. História Medieval, vol.1, Aula 6, p. 139-161. 3 - ANDERNSON. P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Editora brasiliense, 1987. conseguiram impedir a continuidade da onda migratória. Inclusive, a parte oriental reconheceu a formação de uma monarquia ostrogoda na Itália, quando o último imperador romano foi deposto em 476. A partir disso, a esfera ocidental acompanhou a fragmentação do poder e o fortalecimento do bispado de Roma possibilitando o crescimento de uma Civilização cristã Ocidental. O latim, os conceitos políticos de República e Império, a organização administrativa dividida, a hierarquia social e guerreira, o colonato como forma de trabalho no ocidente, a conversão ao cristianismo dos reis germânicos e o crescimento do bispado Romano são elementos para entendermos essa passagem histórica fundamental. O século VI foi marcado por uma segunda onda de penetração dos povos germânicos no lado ocidental. Inúmeros povos praticaram essa penetração, mas os francos foram os únicos que conseguiram se estabelecer como uma força política, porque no século V Clóvis conseguiu unificar tribos dispersas, com isso, empreendo conquistas militares que levaram os francos a conquistarem a Gália. A partir disso, tivemos a fundação da dinastia merovíngia, onde o nome era oriundo de seu avô, o Rei Meroveu. Entretanto, não podemos abandonar a percepção que a conversão de Clóvis ao cristianismo foi crucial para o seu fortalecimento político. Porém, por que a Igreja Católica aceitaria essa aliança? Os católicos tinham interesse na fundação de um estado forte que faria frente aos borgúndios e visigodos que eram adeptos do arianismo (uma heresia para os católicos). Além disso, fortaleceu o bispado de Roma, dessa forma, emergindo o papado romano. O estado merovíngio se organizou através do fundamento da fidelidade pessoal, que era um princípio da antiga tradição germânica conhecida como comitatus (lealdade de um grupo de guerreiros a um chefe mais velho e sábio4). Porém, no mundo merovíngio visava criar laços de dependência pessoal, inclusive, a dependência pessoal também existia no mundo romano através do colonato, ou seja, a dependência pessoal se firmou como elemento consolidado no mundo ocidental. Um outro ponto importante é fato de o reino ser visto como uma propriedade privada do rei, com isso, com a morte do rei, a terra era partilhada entre seus herdeiros. Além disso, as terras eram administradas pelos “prefeitos do palácio”, ou majordomus que ganharam muito poder com o passar dos tempos. Com isso, com a morte de Clóvis, o reino foi dividido em: a Nêustria, a Austrásia, a Aquitânia e a Borgúndia. Com o passar 4 . CALAINHO, D. História Medieval do Ocidente. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p. 26. do tempo, encontramos no século VII, o governo dos chamados “reis indolentes” que ampliaram as doações territoriais e foram perdendo sua autoridade. A partir disso, os poderes dos exércitos começaram a ser administrados pelos Prefeitos do Palácio, com isso, em 732 possibilitando Carlo Martel, oriundo da Austrásia, prefeito do palácio, bloquear o avanço muçulmano na Europa Ocidental. Dessa forma, obteve forte autoridade e sendo visto como “salvador” do cristianismo. Sendo assim,o seu filho Pepino o Breve obteve apoio da Igreja e foi coroado rei dos Francos e dando início a Dinastia dos Carolíngios. Essa nova aliança se deu pelo interesse contra as ameaças bizantinas e de lombardos na Itália, ou seja, um respaldo militar e de poder. Um outro ponto foi que essa aliança possibilitou a fundação dos Estados Pontifícios nas terras centrais da Itália em 754. Entretanto, foi com o filho de Pepino, Carlos Magno (768 – 814), que o Império Carolíngio se consolidou politicamente. Em 800, Carlos Magno foi coroado pelo Papa, porque era o sonho papal a emergência de um novo império sólido, centralizado e cristão. Ademais, essa aliança coibiu os praticantes do arianismo e aumentou o número de paróquias, dioceses e arquidioceses. Posteriormente a isso, Carlos Magno empreendeu importantes ações que centralizaram o poder e evitaram a regionalização imperial, que foram: O Império foi dividido em condados, marcas e ducados que os seus governadores representavam localmente o rei, arrecadavam impostos e exerciam uma justiça local, por último, eram remunerados com concessão terras, ou seja, eram vassalos do rei. Um segundo fator foi uma reforma judiciária com o surgimento do Tribunal do Palácio. O terceiro e último fator foi o cargo de Missi Dominici (enviados do senhor) que viajavam o império para supervisionar as ordens reais. Porém, a vassalagem teve um aspecto dicotômico, por exemplo, ao mesmo tempo que fortaleceu a centralização, essa instituição também levou a fragmentação futura de poder, pois os privilégios do beneficium davam poderes políticos aos vassalos. Um outro aspecto que levou a crise do império carolíngio foi que no século IX, Luís, o piedoso (filho de Carlos Magno) teve a redução da expansão territorial e diminuindo a concessão territorial. Ademais, com a morte de Piedoso, o território foi dividido por seus três filhos depois de uma forte luta sucessória que culminou em 843 no Tratado de Verdun que dividiu o império em três partes: França Ocidental (controlado por Carlos, o calvo), Lotaríngia (dominada por Lotário) e a França Ocidental (dominada por Luís, o germânico), com isso, enfraquecendo de vez o poder centralizador. Por último, tivemos uma nova onda de invasão que assolou o Ocidente no século IX com os Normandos, que dominaram parte da Bretanha e norte da França; ao leste, tivemos o forte avanço dos magiares. Dessa forma, ocorreu o fortalecimento dos poderes locais como condes, duques e marqueses e, com isso, implodindo qualquer unidade centralizadora e estabelecendo a estrutura feudal na Europa ocidental. Dessa forma, podemos perceber como se estabeleceu a fragmentação de poder do mundo feudal e como ocorreu a hegemonização da Igreja Católica no Ocidente através das alianças com os Francos, principalmente, na dinastia Carolíngia. Paralelo a isso, tivemos no final do século VI e as primeiras décadas do século VII, a emergência do Islã através das ações de Maomé. Com isso, vimos a emergência de um modo civilizatório rivalizador ao cristianismo, como atesta Renata Rozental Sancovsky: Do universo de pensamento de Muhammad ibn Abdallah (570-632 d.C.), ou “Maomé”, como ficou conhecido no Ocidente o mundo árabe vê surgir uma proposta de civilização absolutamente original, cuja ideia de submissão incondicional a Deus deveria substituir os códigos de conduta social e fé, tradicionalmente praticados pelas tribos árabes e pelos seus esquemas familiares desorganização política. Rompendo com as visões belicistas, Maomé se afastava dos padrões ancestrais no relacionamento das tribos árabes, e instituiu um modelo de organização comunitária baseada no ideal da Ummah, a unidade intertribal. O princípio da guerra como ideal instrumento de conquista, que não intencionava a destruição física ou a eliminação cultural dos conquistados (salvo no combate às diversas expressões de paganismo), se estenderia aos modelos de centralização política que regeram a expansão islâmica após a morte do Profeta, em 632.5 (p. 189) Dessa forma, o trabalho buscou demonstrar a emergência da estrutura feudal através da relação entre ascensão dos francos ao poder e sua aliança com a Igreja Católica através do bispado de Roma, principalmente, a partir da Dinastia Carolíngia. Além disso, visamos discutir como a vassalagem estruturou a fragmentação do poder típica da estrutura feudal e intensificada com a permanência de ondas invasoras como no século IX. Por último, mostramos a presença paralela da emergência de um novo modelo civilizatória a partir da experiência do Islã. 5 - SANCOVSKY, R. R. História Medieval, vol. 1, Aula 8, p. 189
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