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Profa. Gabriela de Melo Kohns HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DA MICROBIOLOGIA, IMUNOLOGIA E DE SUAS APLICAÇÕES. 1. Conceitos gerais Microbiologia é o ramo da ciência que estuda os microrganismos, como as bactérias, vírus e fungos. Mikros = pequeno; Bio e logos = estudo da vida Dessa forma, a microbiologia pesquisa todos os aspectos dos microrganismos, como o seu modo de vida, fisiologia, metabolismo, reprodução, relação com o meio ambiente e demais espécies, morte, etc. Imunologia é o ramo da ciência que busca estudar o sistema imunológico e as condições que podem afetá-lo. O sistema imunológico é composto por células como os linfócitos, que atuam na defesa do corpo contra microrganismos. A imunologia estuda as doenças imunológicas e autoimunes, as reações de hiper sensibilidade, os casos de rejeição após transplantes, a aplicabilidade de soros e vacinas, casos de alergia, antibióticos, etc. 2. Os primeiros Microbiologistas e Imunologistas A microbiologia já era motivo de curiosidade entre os homens desde a era primitiva, ainda que eles não soubessem do que se tratava. Desde aquela época, eles buscavam o entendimento sobre as doenças que surgiam. Durante muito tempo as doenças foram consideradas “castigos divinos” e, por isso, a origem das doenças contagiosas ficou apenas no campo das especulações. O surgimento do microscópio foi um fato importante para a evolução dos estudos na área da microbiologia. https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/fisiologia Robert Hooke (1635 – 1703) Anton van Leeuwenhoek (1632 – 1723) Edward Jenner (1749 – 1823) Descreveu e publicou em 1665 a estrutura celular da cortiça através da utilização do microscópio. Com o microscópio também deu importante contribuição ao estudo da estrutura das células, pois foi o primeiro a ser capaz de visualizar as células individualmente. A descoberta de Hooke marcou o início da teoria celular “todos os seres vivos são compostos de células”. Foi o primeiro a observar microrganismos vivos através de lentes de aumento. Ele escreveu mais de 300 cartas à Sociedade Real Inglesa descrevendo o que ele chamou de “animálculos” que ele via através de seu modesto microscópio de uma única lente. Os desenhos detalhados sobre os “animálculos” de águas de rios, saliva, fezes e em material removido de seus dentes, foram identificados com representações de bactérias e protozoários. Essas cartas alertaram o mundo para a existência de formas microscópicas de vida e originaram a microbiologia. Contribuiu com o desenvolvimento inicial da vacinação. Conta-se que uma senhora que trabalhava em uma fazenda ordenhando vacas gabava-se que não pegava varíola porque já tinha contraído antes a menos séria varíola bovina das vacas que ela ordenhava. Um surto de varíola em 1788 provou que ela estava certa. Todos os pacientes de Jenner que já tinham tido varíola bovina não contraíram varíola. No ano de 1796, Jenner provou sua teoria infectando um garoto primeiro com varíola bovina e depois com varíola. Ele descobriu que o garoto estava imune à doença. Jenner chamou seu tratamento de vacinação. Louis Pasteur (1822 – 1895) Robert Koch (1843 – 1910) Era um químico francês que se dedicou ao estudo dos microrganismos. Interessou-se pela indústria de vinhos franceses e pela função dos microrganismos na produção de álcool. Pasteur fez uma série de experimentos definitivos. Um dos principais processos foi provar que a teoria da geração espontânea (abiogênese) não era verdadeira. Pasteur deu um grande impulso na tecnologia de alimentos. O processo de preservação dos alimentos pela pasteurização foi criado por esse ilustre cientista, e o nome do processo de pasteurização foi dado em sua Médico alemão foi o primeiro a descobrir o agente do carbúnculo e o bacilo da tuberculose. É considerado um dos precursores da moderna bacteriologia, dedicou-se a pesquisas sobre agentes bacterianos e a transmissão de doenças, bem como ao estudo da higiene e de epidemias. Suas teses aumentaram a expectativa de vida e melhoraram a saúde da população e são consideradas verdadeiros fundamentos da microbiologia moderna. Nessa época, não havia ainda microscópios eletrônicos (apenas ópticos) e, desta forma, as bactérias eram os menores agentes que podiam ser visualizados e examinados. Koch conseguiu detectar o agente causador da tuberculose, identificando pela primeira vez na História um micro-organismo patogênico, recebendo o Prêmio Nobel de Medicina em 1905. Joseph Lister (1827 – 1912) Alexander Fleming (1881– 1955) 3. Avanços da microbiologia e imunologia através da microscopia. A Microbiologia é uma ciência que foi impulsionada com a descoberta do microscópio. O primeiro microscópio foi descoberto através de um experimento feito por dois fabricantes de óculos holandeses. Zacharias Jansen, juntamente ao seu pai, Hans, inseriram diversas lentes em um tubo e constataram que ao observar um objeto ao fim do aparato era possível vê-lo de forma muito mais ampliada do que o observado através de uma lupa. Considerado pai da cirurgia moderna, foi o primeiro a utilizar uma solução de fenol em 1865 (antisséptico), o qual reduziu o número de mortes por infecções pós- operatórias. Lister publicou os métodos para esterilização de bandagens, compressas cirúrgicas, instrumental cirúrgico e assepsia de feridas. Com isso ele introduziu a cirurgia asséptica. Antes do conceito da esterilização, os hospitais eram verdadeiros campos de massacres, onde, a maioria dos pacientes pereciam de infecções. Bacteriologista escocês, Fleming serviu no Corpo Médico durante a Primeira Guerra Mundial. Ele se tornou interessado no problema de controlar infecções causadas por bactérias e continuou suas pesquisas depois da guerra. Fleming descobriu a penicilina, o primeiro antibiótico, o que marcou uma revolução na Medicina. Conta-se que em 1928, Fleming estava preparando sua rotineira amostra de culturas de bactérias quando notou que algo estava matando as bactérias, ao investigar, descobriu que era um bolor de pão chamado penicilina. Howard Walter Florey e Ernst Boris Chain ajudaram a aperfeiçoar a penicilina, e eles dividiram em 1945 o O impacto dessa invenção para a ciência veio algum tempo depois através de Robert Hooke que, em 1665, detalhou as suas descobertas microscópicas sobre pulgas e cortiça. Em 1675, Leeuwenhoek após produzir as suas próprias lentes, obteve um microscópio com maior poder de ampliação. Com isso, foi possível pela primeira vez descrever bactérias e células sanguíneas, já que os microscópios de Leeuwenhoek possibilitavam uma ampliação de até 280x Existem dois tipos de microscópios: Ópticos que podem produzir imagens com aumentos de 20 a 1500 vezes, dependendo das lentes. As imagens produzidas recebem o nome de fotomicrografia. Eletrônicos que podem produzir imagens com aumentos de 5 mil a 400 mil vezes. As imagens produzidas por esse tipo de microscópio são chamadas de eletromicrografia. A diferença básica entre o microscópio óptico e o eletrônico é que o eletrônico não utiliza a luz, mas sim feixes de elétrons. No microscópio eletrônico não há lentes de cristal e sim bobinas, chamadas de lentes eletromagnéticas. Estruturas do microscópio óptico Microscópio eletrônico Foi inventado em 1931 pelo físico alemão Ernst Ruska e vem sendo aperfeiçoado desde então. Vírus só podem ser visualizados a partir de microscópios eletrônicos com aumento de 50 mil vezes. As bactérias podem ser observadas em microscópios óticos com aumento a partir de 100 vezes. Tipos de microscópios eletrônicos: De transmissão - usado para a observação de cortes ultrafinos; De varredura capaz de produzir imagens de alta ampliação para a observação de superfícies; De tunelamento para visualização de átomos. 4. Origem da vida A maioria dos cientistas consideram que a vida surgiu na Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos. Assim, todos os seres vivos que conhecemos hoje derivam de um mesmo grupo ancestral. Por processos evolutivos, esse grupo deu origem aos demais grupos de seres vivos. Durante muitos anos acreditou-se que algumas formas de vida poderiam surgir espontaneamente da matéria morta, do lixo, do solo úmido e de pilhas de roupas sujas. Essa teoria é chamada de “geração espontânea” ou “abiogênese”. Redi realizou um experimento no qual provou ser impossível surgir vida a partir de matéria inanimada. O mesmo separou seis frascos, colocando em cada pote vários pedaços de carne. Com uma gaze cobriu três frascos, deixando outros três aberto, e ficou observando o que ocorria com o passar das horas. O cientista percebeu que os frascos com gaze mantinham os pedaços de carne frescos, ou melhor, sem nenhuma larva sobre as carnes, mas os frascos descobertos começaram a apresentar larvas. Se a teoria da abiogênese a afirmava que que vidas poderiam surgir espontaneamente de matéria inanimada, por que então não surgiram larvas nos dois potes? Mesmo assim, a teoria da geração espontânea continuou forte. Anos depois, o inglês John Needham afirmou que, depois de aquecer um caldo nutriente (como um caldo de galinha) e deixá-lo esfriar, logo surgiam micro-organismos espontaneamente. Se deixarmos qualquer frasco com o mínimo de nutrientes em contato com o ar, sabemos que os microorganismos do ar se depositam e contaminam. Óbvio? Nem tanto. Já pensou nas condições de estudo na época? Nos instrumentos que eles tinham à disposição? Quando os defensores da geração espontânea eram questionados sobre o fato de os frascos fechados não terem bichos, eles argumentavam que, nesses frascos fechados, não existia a mesma quantidade de força vital (oxigênio) que havia nos abertos. Por isso, nada cresceria. Louis Pasteur cientista já renomado na época, mudou os rumos da teoria da abiogênese realizando um outro experimento. Pasteur colocou caldos nutritivos em dois frascos e os aqueceu até a ebulição (pensava assim que todos os microorganismos presentes no caldo estariam mortos pelo calor). Deformou o gargalo de um dos frascos, que ficou alongado e curvo como um S. Deixou os dois frascos em repouso para tentar observar neles algum vestígio de contaminação. Enquanto o frasco com gargalo de cisne mantinha o caldo com aspecto límpido, o outro frasco, com abertura com acesso mais fácil ao ambiente, já apresentava sinais de contaminação com seu caldo opaco. Para provar que os micro-organismos do ambiente eram os responsáveis por essa contaminação, ele quebrou a ponta do frasco em forma de pescoço de cisne e também observou que, depois de algum tempo, ele ficava contaminado como o outro frasco. Pasteur conseguiu demonstrar a presença de micro-organismos no ambiente como o fator responsável pela vida no caldo, provando que nada poderia surgir espontaneamente. A teoria da abiogênese foi finalmente derrubada. 5. Classificação dos seres vivos Podemos definir os seres vivos pela presença de alguns atributos indispensáveis: São constituídos por células; Requerem energia para realizar seu metabolismo; Respondem a estímulos; Apresentam material genético; Reproduzem-se; Evoluem. Os vírus são seres acelulares que não possuem metabolismo próprio, só conseguindo se reproduzir dentro da célula de outro ser. Por causa dessas características este não é considerado como um ser vivo pela maioria dos autores. Reino Monera: engloba todos os organismos unicelulares e procariontes. O modo de nutrição desses seres pode ser autotrófico (que são aqueles capazes de produzir o seu próprio alimento) ou heterotrófico (incapazes de produzir seu próprio alimento). Fazem parte as bactérias e cianobactérias. Reino Protista: engloba seres unicelulares e pluricelulares, eucariontes, autotróficos ou heterotróficos. Exemplo: algas uni e multicelulares e protozoários. Reino Fungi: Esse reino engloba organismos unicelulares e multicelulares, eucariontes e heterotróficos. Exemplo: bolores, cogumelos, levedos, Etc. Reino Plantae: Esse reino inclui organismos multicelulares, eucariontes e autotróficos, ou seja, que produzem seu alimento. Exemplo: pinheiros, ipês, etc. Reino Animalia ou Metazoa: Nesse reino estão organismos multicelulares, eucariontes e heterotróficos. Como exemplo de representantes, podemos citar o homem, as esponjas, as águas-vivas e os peixes. 6. Taxonomia A classificação biológica ou taxonomia é um sistema que organiza os seres vivos em categorias, agrupando-os de acordo com suas características comuns, bem como por suas relações de parentesco evolutivo. No sistema de classificação biológica são usadas as categorias para agrupar os organismos segundo as suas semelhanças. A categoria básica é a espécie, que se define como os seres semelhantes que são capazes de se reproduzir naturalmente e gerar descendentes férteis. Animais da mesma espécie são reunidos em gêneros. Todos que pertencem ao mesmo gênero são agrupados em famílias, que são agrupadas em ordens, que por sua vez se reúnem em classes, reunidas em filos e por fim temos os reinos. Os reinos são, portanto, a última categoria na hierarquia e se subdividem até chegar à espécie, categoria mais básica. Então, temos: Reino ⇒ Filo ⇒ Classe ⇒ Ordem ⇒ Família ⇒ Gênero ⇒ Espécie O uso da nomenclatura científica facilita a identificação dos organismos em qualquer parte do mundo, pois um mesmo animal pode ser conhecido por diversos nomes em regiões diferentes, entretanto, para facilitar a identificação dos animais, a nomenclatura científica é adotada internacionalmente. Exemplo: Lineu desenvolveu em 1735 a nomenclatura binomial, composta por dois nomes, cujo primeiro é escrito em letra maiúscula e define o gênero, e o segundo tem letra minúscula e define a espécie. Todos os micro-organismos são denominados pelo sistema binomial onde: O primeiro nome (gênero) deve ser escrito em letra maiúscula Escherichia coli. Ambos devem estar em itálico ou se forem manuscritos sublinhados. Escherichia coli ou Escherichia coli. Em um texto científico, quando o nome de um micro-organismo já tiver sido descrito, podemos abreviar seu primeiro nome. Exemplo: E. coli. 7. Antibióticos A palavra antibiótico vem do grego e significa contra a vida (não contra a nossa vida, mas contra a vida das bactérias). Antibióticos são substâncias naturais, produzidas por outros organismos, ou sintéticas que atuam inibindo ou causando a morte de bactérias e alguns tipos de fungos. O primeiro antibiótico foi descoberto pelo médico inglês Alexander Fleming. Fleming descobriu a Penicilina quando estudava a bactéria Staphylococcus aureus, a qual era responsável por causar infecções graves em ferimentos de soldados. Fleming, após longo período de estudo, resolveu dar uma pausa nas pesquisas por alguns dias. Ele então esqueceu algumas culturas de bactéria expostas ao meio ambiente, o que provocou a contaminação por fungos. Esse descuido foi essencial, ao retornar verificou que seu material deveria ser descartado devido à contaminação. Entretanto, ao observá-lo mais atentamente, viu que, nos locais onde o fungo estava presente, a bactéria não se desenvolvia. Fleming concluiu que o fungo que fora desenvolvido ali era do gênero Penicillium e era capaz de secretar uma substância que impedia o crescimento de bactérias: a penicilina. Apesar da descoberta, a penicilina foi somente isolada em 1938, e o seu uso no primeiro paciente humano foifeito em 1940. Nome Data da descoberta Microorganismo Penicilina 1929-40 Penicillium notatum Tirotricina 1939 Bacillus brevis Griseofulvina 1939 1945 Penicilium griseofulvum Dierckx Penicilliujanczewski Estreptomicina 1944 Streptomyces griseus Bacitracina 1945 Bacillus lincheniformis Cloranfenicol 1947 Streptomyces venezuelae Polimixina 1947 Bacillus polymyxa Framicetina 1947-53 Streptomyces lavendulae Clortetraciclina 1948 Streptomyces aureofaciens Cefalosporina C, N e P 1948 Cephalosporium sp Neomicina 1949 Streptomyces fradiae Oxitetraciclina 1950 Streptomyces rimosus Nistatina 1950 Streptomyces noursei Eritromicina 1952 Streptomyces erithreus Espiramicina 1954 Streptomyces ambofaciens Vancomicina 1956 Streptomyces orientalis Kanamicina 1957 Streptomyces kanamyceticus Ácido fusídico 1960 Fusidium coccineum Lincomicina 1962 Streptomyces lincolnensis Gentamicina 1963 Micromonospora purpurea Tobramicina 1968 Streptomyces tenebraeus Os antibióticos podem ser classificados em dois grandes grupos: 1. Bactericidas: causam a morte de bactérias. 2. Bacteriostáticos: atuam impedindo a multiplicação das bactérias. Antibióticos e resistência bacteriana É um problema de saúde pública grave, responsável pelo aumento de mortes, uma vez que se torna difícil encontrar um antibiótico que seja eficiente contra bactérias resistentes. O uso incorreto, como a sua interrupção antes do tempo indicado também contribui, quando iniciamos o tratamento, as bactérias mais frágeis começam a ser eliminadas; as mais fortes, no entanto, continuam vivas por mais tempo, e, caso o antibiótico seja suspenso, essas bactérias, que ainda não morreram, multiplicam-se. Nisso os sintomas podem retornar e o antibiótico pode não ser mais eficiente para tratar o problema.
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