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PETIÇÃO INICIAL ELIDA

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RESTITUIÇÃO DE IMPORTÂNCIAS PAGAS C/C RESCISÃO 
CONTRATUAL, REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E TUTELA ANTECIPADA 
EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ 
VARA CIVEL DA COMARCA DE SENADOR CANEDO ESTADO DE GOIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELIDA MOSELI DA SILVA, brasileira, casada, auxiliar administrativo, 
portadora do RG: 3127618, inscrita no CPF: 941.903.131-49, residente e 
domiciliada na Acesso Antonio Evaristo de Morais, QD 27 L: 63 Casa: 63 Bairro São 
Francisco II, Senador Canedo-GO, sem endereço eletrônico, por seu advogado 
que esta digitalmente assina, com escritório profissional situado na Rua 83 E, 
nº125, setor sul, Goiania Go, tels. (062) 991045480 e endereço eletrônico 
gustavosilva.adv@hotmail.com, vem, com fundamento no art. 51 e seguintes do 
Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078/90, promover 
 
 
em face: 
 
NÚMERO DE INSCRIÇÃO 
10.664.513/0001-50 
MATRIZ 
COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE SITUAÇÃO 
CADASTRAL 
DATA DE ABERTURA 
27/02/2009 
 NOME EMPRESARIAL 
BANCO AGIBANK S.A 
 TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA) 
******** 
PORTE 
DEMAIS 
 CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL 
64.21-2-00 - Bancos comerciais 
 CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS 
64.61-1-00 - Holdings de instituições financeiras 
64.62-0-00 - Holdings de instituições não-financeiras 
 CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA 
205-4 - Sociedade Anônima Fechada 
 LOGRADOURO 
R MARIANTE 
NÚMERO 
25 
 
COMPLEMENTO 
9 ANDAR 
 CEP 
 
BAIRRO/DISTRITO 
 
MUNICÍPIO 
 
UF 
mailto:hdsadvogados@hotmail.com
2 
 
 
90.430-181 RIO BRANCO PORTO ALEGRE RS 
 ENDEREÇO ELETRÔNICO 
SOCIETARIO@AGIBANK.COM.BR 
TELEFONE 
(51) 3921-1056 
 ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR) 
***** 
 SITUAÇÃO CADASTRAL 
ATIVA 
DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL 
27/02/2009 
 MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL 
 SITUAÇÃO ESPECIAL 
******** 
DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL 
******** 
, fazendo-o pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas: 
 
 
PRELIMINARMENTE 
 
Da Gratuidade de Justiça 
 
 
De início, a parte autora informa e comprova documentalmente sua 
hipossuficiência econômico-financeira no sentido legal do termo e de não possuir 
condições de arcar com custas processuais e honorários advocatícios, sem que seu 
sustento e de sua família seja comprometido. 
 
De acordo com contracheque em anexo e declarações de isenção de 
imposto de renda, a requerente não possui condições de arcar com as custas 
processuais sem causar prejuízo de seu próprio sustento e de sua família. 
Atualmente está recebendo a importancia de R$ 581,10 (quinhentos e oitenta 
e um reais e dez centavos), liquidos mensais, CONFORME CONTRACHQUE EM 
ANEXO, além do mais, o pagamento dos escorchantes juros mensalmente 
debitados em sua conta bancária comprometem sobremodo sua capacidade 
econômica., razão pela qual pugna pela concessão da gratuidade da justiça. 
 
Assim, tendo em vista que a parte autora firmou declaração do estado 
de pobreza, vale dizer que não pode pagar custas processuais sem prejuízo do seu 
sustento próprio ou de sua família, requer a CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS 
ASSISTENCIAIS DA JUSTIÇA GRATUITA, para o necessário prosseguimento do 
feito, nos termos legais. 
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 M É R I T O 
 
DOS FATOS 
 
 
A parte autora entabulou com a demandada CONTRATO DE 
EMPRÉSTIMO PESSOAL de adesão, a saber: Contrato nº 1211457029 . Em 
linhas gerais o mesmo foi entabulado conforme discriminado no quadro resumo 
abaixo: 
 
 
 
CONTRATO Nº 
 
DATA 
 
VALOR DO 
CRÉDITO 
 
Nº DE 
PARCELAS 
 
VALOR DA 
PARCELA 
 
TX. JUROS 
MENSAL 
 
TX. ANUAL 
1211457029 05/07/2018 R$ 1.672,72 12 R$ 441,74 22,00% 987,22% 
 
 
 
O contrato de adesão entabulado pela requerida condicionam o 
pagamento do empréstimo por meio de desconto direto na conta corrente da parte 
autora e estrategicamente vinculado ao dia de recebimento de seu salario junto a 
prefeitura de senador canedo, uma transação denominada débito automático, que 
retém o valor integral da parcela pactuada no mesmo momento em que a 
prefeitura disponibiliza seu salário, retirando a possibilidade do consumidor optar 
por suas despesas ordinárias de maior prioridade. 
 
Consoante se extrai da análise dos documentos e da planilha acima 
colacionada, o contrato foi celebrado à base de juros extorsivos, estratosféricos e 
abusivos no percentual de 22% ao mês, respectivamente, o que caracteriza 
abuso de direito e enriquecimento sem causa da demandada. 
 
Cabe mencionar Excelencia que a parte requerente já QUITOU a 
dívida com a requerida de acordo com os valores COBRADOS pela mesma, 
conforme descontos diretamente no salario, e assim devidamente quitado, 
CONFORME CALCULOS DO PROCON EM ANEXO. 
 
Atualmente, o que a parte autora recebe, efetuado os descontos 
correspondem a mais de 50% (cinquenta por cento) do valor de seu salário, 
estando em condições de miserabilidade, visto que o saldo recebido de salário não 
é suficiente para quitar suas despesas ordinárias como água, luz, comida, 
moradia, transporte, entre outros. 
 
 
 DO DIREITO 
 
 
A situação posta em discussão é de relação de consumo, portanto, de 
aplicação da legislação consumerista. 
 
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DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS 
ABUSIVAS E ONEROSAS/O SUPERINDIVIDAMENTO DO CONSUMIDOR 
DECORRENTE DE SUCESSIVAS E IRRESPONSÁVEIS CONCESSÕES DE 
CRÉDITO: 
Inicialmente, amparado pela legislação consumerista, pugna pela 
declaração de ABUSO DE DIREITO praticado pela demandada, vez que colocara o 
consumidor em desvantagem exagerada, cuja instituição financeira, ora 
demandada, recebeu e vem recebendo mensalmente pagamento de juros 
excessivamente onerosos e muito acima da média praticada pelo mercado, sendo 
o contrato de adesão leonino, pois viola os princípios do equilíbrio contratual e da 
equidade, nos precisos termos do inciso IV do art. 51, do CDC, verbis: 
 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: 
 
[...] 
 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o 
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa- 
fé ou a eqüidade; 
 
 
Súmula nº 297, STJ/Inversão do Ônus da Prova 
 
 
Com a edição da Súmula 297 o Colendo Superior Tribunal de Justiça 
pacificou o entendimento segundo o qual o código de defesa do consumidor é 
aplicável às instituições financeiras. 
 
Dessa forma requer à luz da lei consumerista sejam aplicadas as 
disposições contidas no código defesa do consumidor determinando-se a inversão 
do ônus da prova e, por corolário, seja a requerida instada a juntar todos os 
contratos entabulados com o autor, bem como, os valores recebidos e suas 
respectivas datas, as taxas de juros cobradas, com vistas a possibilitar a liquidação 
da sentença, sob pena de restar confessa. 
 
 
 
 
O princípio do equilíbrio econômico do contrato significa que a 
sinalagma contratual leva a ordem jurídica a proteger a parte contratante contra a 
lesão e a onerosidade excessiva. No caso em tela, trata de uma pessoa sem 
conhecimentos que agiu sob premente necessidade e inexperiência, obrigou-se a 
uma prestação manifestadamente desproporcional quando comparada com a 
realidade praticada pelo mercado, o que resultou no superindividamento da 
parte consumidora. 
 
O superendividamento pode ser definido pelo descontrole financeiro 
do devedor de boa-fé que não consegue pagar as dívidas sem sacrifício da própria 
sobrevivência. Entre as razões do seu surgimento está a ampla oferta de crédito 
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no mercado com publicidade enganosa. 
 
É sabido que a ré, fornecedora de serviços, tem o dever de prestar 
informações claras e precisas aos seus consumidores, notadamente por atuar no 
ramo financeiro, em que sabidamente faz prévia análise da capacidade econômica 
do consumidor,de modo que este tenha condições de adimplir o contrato sem o 
comprometimento de suas necessidades vitais, o que não corriqueiramente é 
negligenciado pela requerida. 
 
A parte autora, com pouco conhecimento e com baixa renda e grau de 
escolaridade, enquadra-se no grupo de consumidores de vulnerabilidade 
potencializada, fazendo com que o endividamento crônico e excessivo se apresente 
com feições ainda mais dramáticas. 
 
O consumidor foi seduzido pela ré com a ideia de crédito fácil, 
contudo, ao perceber que o restante de seu salário não saldaria sequer suas 
despesas ordinárias, acaba por ser obrigada a refinanciar sistematicamente suas 
dívidas. 
A instituição financeira tinha pleno conhecimento que a parte autora já 
possuía toda margem consignada reservada e ainda assim impôs a parte autora 
parcelas elevadas. 
 
Logo, não se pode falar em livre pactuação, haja vista que a situação 
imposta a parte autora a coloca em situação de total desespero por ter seu salário 
comprometido em favor da ré, situação que decorrente da desídia e negligência da 
instituição financeira. 
 
O processo de endividamento implica na total impossibilidade de 
quitação das dívidas, levando o consumidor à aquisição de novos empréstimos 
para quitar os anteriores, um ciclo vicioso que tona a dívida eterna, impagável. 
 
Portanto, pugna pela declaração de nulidade do negócio jurídico 
firmado entre a parte autora e ré, devendo as partes retornarem ao “status quo 
ante”, sendo a parte consumidora restituída de todas as cobranças abusivas 
descontadas de seu salário pela instituição financeira, a fim de evitar o 
enriquecimento sem causa da requerida. 
 
 
 Dos Juros Abusivos/Taxa do BACEN 
 
 
Cumpre ainda observar, a instituição financeira requerida é 
notoriamente reconhecida pela prática de aplicação de juros extremamente 
elevados, merecendo a sua revisão. 
 
No caso em tela, os juros abusivos e imorais praticados pela 
requerida são da ordem de 22% ao mês ou 987,22% ao ano, respectivamente, 
o que torna a dívida impagável e insolúvel. 
 
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Ademais, a taxa média de mercado divulgada pelo BACEN para 
operações da mesma espécie à época da celebração dos respectivos contratos era 
de meros 6,50%ao mês, respectivamente, portanto, bastante inferior às taxas 
praticadas pela demandada, conforme calculos do PROCON em anexo. 
 
Neste ponto, basta a caracterização de abusividade em algum 
contrato para surgir a possibilidade de revisão, o que certamente resta desde já 
comprovado no caso posto em debate. 
 
O Colendo STJ, no julgamento do Recurso Especial 1.061.530-RS, que 
seguiu o rito estabelecido na Lei n. 11.672/2008 (Lei dos Recursos Repetitivos), 
fixou as seguintes orientações: 
 
 
"ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS: 
a) As instituições financeiras não se 
sujeitam à limitação dos juros remuneratórios 
estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), 
Súmula 596/STF; 
b) A estipulação de juros remuneratórios 
superiores a 12% ao ano, por si só, não indica 
abusividade; 
 
c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios 
dos contratos de mútuo bancário as disposições 
do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02; 
d) É admitida a revisão das taxas de juros 
remuneratórios em situações excepcionais, 
desde que caracterizada a relação de consumo 
e que a abusividade (capaz de colocar o 
consumidor em desvantagem exagerada - art. 51, 
§ 1º do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante 
às peculiaridades do julgamento em concreto". 
 
 
Dessarte, na hipótese de não ser acolhido o pedido de nulidade 
contratual e restituição do “status quo ante” das partes, pleteia-se a redução da 
taxa de juros anual dos empréstimos celebrados para a média de mercado 
apurada na data de celebração dos contratos, os quais deverão ser juntados pela 
defesa ao processo, sendo a liquidação feita ao final do processo, cujo valor 
deverá ser apurado nos termos do §3º, 4º e 5º do art. 524 do CPC. 
 
 
 Devolução em Dobro 
 
 
Ante a declaração de nulidade das cláusulas contratuais do contrato 
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de empréstimo pessoal cuja avença estabelece a cobrança de juros 
remuneratórios extorsivos, muito além da taxa média de mercado em operações 
da mesma espécie estabelecida pelo Banco Central – BACEN, pugna pela 
condenação da demandada na restituição em dobro das importâncias recebidas 
indevida e ilicitamente e que ultrapassarem essa taxa média, que deverá ser 
apurado em regular liquidação de sentença nos termos do §§ 3º, 4º e 5º do art. 
524 do CPC, sem prejuizos de futuros descontos; 
 
 
 
 
Do ponto de vista formal o contrato firmado entre as partes tem 
aparência de licitude, contudo, ao analisá-lo sob o prisma da legislação 
consumerista verifica-se de plano que a avença na verdade privilegia tão somente 
a instituição financeira, na medida em que a cobrança de altas taxas de juros a 
levou ao enriquecimento sem causa e, lado outro, a parte hipossuficiente da 
relação contratual – o consumidor, a uma situação aflitiva de pagamento de uma 
dívida infindável e que compromete seriamente sua subsistência, pois tem em seu 
salário sua única fonte de renda. 
 
Resta evidenciado o ABUSO DE DIREITO!!! 
 
Ao analisar situação análoga ao caso posto em discussão a festejada 
professora e juspublicista Cláudia Lima Marques ensina com maestria: 
 
 
"(...) o instituto aplica-se aos contratos de crédito ao 
consumo. É evidente que o fornecedor que concede crédito a 
quem não tem condições de cumprir o contrato está 
praticando abuso de direito. Embora aparentemente o 
contrato se insira na esfera do lícito, na medida em que 
satisfaça requisitos formais, na verdade o fornecedor 
pratica ato abusivo, desviando-se das finalidades sociais 
que constituem o fundamento de validade da liberdade de 
contratar, ou, mais especificamente, de fornecer o crédito" 
(in cit. Obra Direitos do Consumidor Endividado, 
Coord. Cláudia Lima Marques, RT, p. 337) 
 
 
As recentes políticas governamentais de incentivo ao consumo 
tornaram-se um grande atrativo comercial para as instituições financeiras que 
enxergaram no consumidor com o perfil do autor, v.g., um “nicho” de mercado. 
 
Outra questão importante a ser colocada, diz respeito à vergonhosa 
propaganda enganosa praticada pela parte ré mediante diárias inserções 
televisivas em que alardeia o crédito fácil e simplificado, além de uma política 
agressiva de captação de aposentados pelas ruas da cidade. Basta um simples 
caminhar pelas avenidas centrais de nossa capital para se constatar este fato que, 
aliás, tornou-se notório. 
 
DO DANO MORAL 
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O CDC por sua vez veda expressamente a propaganda enganosa ao 
estabelecer: 
 
 
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de 
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro 
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito 
da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, 
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.(grifou-se) 
 
(...) 
 
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão 
quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. 
(grifou-se) 
 
 
A situação vivenciada diariamente pela parte autora gera sentimento 
de impotência, de frustração e de revolta, pois atingem diretamente sua 
integridade psíquica, os atributos da personalidade, sua estima, restando 
caracterizado o dano moral. 
 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º consagra a tutela do 
direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos 
fundamentais, tais como a honra e a imagem das pessoas: 
 
 
"Art. 5º (...)X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação;(...)"Constitui-se em direito básico do consumidor a reparação de danos 
morais causado pelo fornecedor, conforme a dicção do art. 6º do Código de Defesa 
do Consumidor, que diz 
 
 
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: 
 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por 
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou 
nocivos 
 
 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos; 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus 
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil 
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a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências;” 
 
Pois bem, no presente caso, o dano moral decorre do próprio fato em 
si, ou seja, trata-se de dano moral puro ou "in re ipsa", isto é, que deriva 
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de modo que, provada a ofensa, "ipso 
facto" estará demonstrada a jactura moral a guisa de uma presunção natural, uma 
presunção "hominis" ou "facti", que decorre das regras da experiência comum, 
sendo igualmente inevitável seu ressarcimento. 
 
Dessa forma, tratando-se de dano moral puro pugna pela condenação 
da requerida no pagamento de valor indenizatório, fixado sob o prudente arbítrio 
de Vossa Excelência, porém, atento a valor que indenize minimamente as 
frustrações experimentadas pelo autor, o que se revestirá de caráter pedagógico 
para a requerida se abster de praticar tal conduta lesiva em relação a outros 
consumidores. 
 
 
 DA OBRIGAÇÃO DE FAZER/TUTELA DE URGÊNCIA/DA MULTA Astreintes: 
 
O artigo 497, do Código de Processo determina que o juiz concederá a 
tutela específica da obrigação nas ações que tenham por objeto o cumprimento de 
obrigação de fazer, verbis: 
 
“Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de 
fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, 
concederá a tutela específica ou determinará providências 
que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente. 
 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica 
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação 
de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a 
demonstração da ocorrência de dano ou da existência de 
culpa ou dolo.” 
 
De igual forma, o novel CPC o sistema de tutelas provisórias está 
previsto entre os arts. 294 e 311, e dele derivam substancialmente duas espécies, 
a saber: a tutela provisória de urgência e a tutela provisória de evidência. 
 
No caso em tela, visa-se a antecipação dos efeitos da futura decisão 
de mérito, conforme art. 300, caput, do CPC em vigor, in verbis: 
 
"Art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando 
houver elementos que evidenciam a probabilidade do direito 
e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo." 
 
A prova documental jungida aos autos evidencia de plano o abuso de 
direito por parte da instituição financeira, cujo ato ilegal é renovado mês a mês, o 
que resulta em lesão irreparável ou de difícil reparação na medida em que coloca a 
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parte fragilizada da relação processual - no caso em tela, o autor - em extrema 
dificuldade financeira, porquanto, os juros abusivos cobrados e debitados de seu 
salário comprometem grande parte de sua única fonte de renda. 
 
Ademais, simples consulta ao sítio do Banco Central do Brasil 
demonstra a exorbitância da taxa de juros remuneratórios cobrado pela 
demandada e a média praticada pelo mercado, restando evidenciado a fumaça do 
bom direito e o perigo da demora. 
 
 Verifica-se assim que a requerente nada mais deve, 
devendo assim ser dado baixa no contrato, visto que o valor ora pago já 
deu quitação da divida, nada mais assim devendo. 
No caso em tela a tutela específica pleiteada deverá determinar à 
demandada que se abstenha em continuar descontando do salário da parte 
requerente os escorchantes e abusivos juros contratuais, determinando-se sua 
imediata suspensão, sob pena de aplicação de multa diária astreintes a ser 
arbitrada por este juízo, nos termos da prerrogativa ditada pelo artigo 537, do 
Código de Processo Civil: 
 
 
“Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e 
poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela 
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde 
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se 
determine prazo razoável para cumprimento do preceito.” 
 
 
 DOS REQUERIMENTOS 
 
 
Nos termos do art. 334, do novel CPC o autor manifesta 
desinteresse pela autocomposição consensual, vez que notória e de 
domínio público as frustradas tentativas de conciliação com a requerida 
neste Tribunal. 
 
Por todo o exposto, requer seja(m): 
 
 
1. A concessão da tutela específica (art. 497, CPC) e fixação de multa 
diária astreintes em caso de não cumprimento da ordem judicial, pugna pela 
expedição de carta de citação no endereço acima fornecido; 
 
2. Restituição das importâncias recebidas indevidamente e a mais, ou 
seja, acima da taxa média de mercado divulgada pelo BACEN, com a devolução em 
dobro das importâncias pagas, cujo valor será apurado em liquidação de sentença 
em razão de: 3.1) pendência da concessão de tutela para sustar os descontos 
mensais e sucessivos em conta bancária; 
 
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3. Condenada no pagamento de dano moral, na importância mínima 
de R$ 12.000,00 (doze mil reais); 
 
4. Inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, 
por ser o autor a parte hipossuficiente da relação de consumo ou, em caso de 
entendimento diverso, requer provar o alegado por todos os meios de prova, 
inclusive oitiva de testemunhas, que serão oportunamente arroladas; 
 
5. Condenada no pagamento das custas processuais, honorários 
advocatícios sucumbenciais em 20% sobre o valor da causa, bem como, das 
demais despesas a que der causa; 
 
6. Após o trânsito em julgado da sentença, aplicação da multa do art. 
523, CPC, em caso de não cumprimento voluntário da sentença, 
 
7. O requerente é hipossuficiente, conforme se verifica da 
análise dos documentos juntados, razão pela qual não possui condições 
econômicas e nem financeiras de arcar com as custas iniciais e demais 
encargos processuais, sem o comprometimento de sua subsistência e de 
sua família, motivo pelo qual requer, nos termos preconizados no art. 5º, 
inciso LXXIV, da Constituição Federal, os benefícios da JUSTIÇA 
GRATUITA. 
 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 17.238,48 (DEZESSETE MIL DUZENTOS E 
TRINTA E OITO REAIS E QUARENTA E OITO CENTAVOS). 
 
Termos em que pede deferimento. 
Goiânia, 13 de Janeiro de 2020. 
 
Gustavo Silva 
OAB-GO nº 47.908 
 
Jose Pereira Alkmin 
OAB-GO 40.050

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