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Peticao inicial RMC 250121

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1 
AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA REGIONAL BANCÁRIA DA COMARCA DE 
BLUMENAU – SC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANA, brasileira, RG nº xx, CPF nº xx, residente e domiciliado à rua xx, por 
intermédio de seus procuradores, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, propor 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA NULIDADE DE CONTRATO BANCÁRIO C/C CONVERSÃO EM AVENÇA DE 
MÚTUO CONSIGNADO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA 
 
em face de BANCO OLE BONSUCESSO CONSIGNADO S.A., pessoa jurídica de 
direito privado, inscrita no CNPJ sob n°- 71.371.686/0001-75, com sede à Rua 
Alvarenga Peixoto, n° 974, 8º andar, Santo Agostinho, Belo Horizonte/MG, CEP 
30.180-120, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor a seguir: 
 
I - DOS FATOS 
 
A parte autora, na qualidade de aposentada, celebrou alguns contratos de 
empréstimos consignados, sendo a requerida uma das instituições cujo contrai tal 
obrigação. 
 
Ocorre que, quando formalizado o contrato, autorizando o desconto dos valores pela 
requerida, a autora acreditando que estava por realiza, como de costume, a 
contratação de outro empréstimo (mútuo) consignado, diante quando lhe apresentado 
inúmeros descontos e variação dos valores das prestações está não vislumbrou de 
pronto a ilegalidade da cobrança, passando-se a quitação de inúmeras parcelas até 
verificar que fora induzida a contratar algo que não objetivava, tratando-se de suposto 
“cartão de crédito consignado”. 
EMENTA 
 
• Hipossuficiência técnica e financeira do cliente. 
• Violação do dever de informação e prática abusiva. 
• Vício de consentimento pela oferta de serviço diversa 
das condições que constam escrito no contrato de 
adesão (letras pequenas, informações confusas). 
• Contrato de empréstimo consignado pessoal 
tranformado ilegalmente pelo banco em contrato de 
cartão de crédito, com reserva de margem consignável. 
• Cartão não solicitado e nem utilizado. 
• Desfazimento do negócio e reparação moral. 
 
INFORMAÇÕES RELEVANTES 
 
Tutela de Urgência 
Preferência tramitação – Idoso 
Desinteresse em audiência 
 
Contrato: xxx 
Banco: xxx 
Data da inclusão: xxx 
 
 
 
2 
 
Essa modalidade de empréstimo, funciona da seguinte maneira: o banco credita na 
conta bancária do requerente ─ antes mesmo do desbloqueio do aludido cartão e sem 
que seja necessária a sua utilização ─ o valor solicitado, e o pagamento integral é 
enviado no mês seguinte sob a forma de fatura. Se o requerente pagar integralmente 
o valor contraído, nada mais será devido. Não o fazendo, porém, como é de se 
esperar, será descontado em folha apenas o VALOR MÍNIMO desta fatura e, sobre a 
diferença, incidem encargos rotativos, evidentemente abusivos. 
 
Desde modo, o valor a ser pago no mês seguinte ao da obtenção do empréstimo é o 
valor TOTAL da fatura, isto é, o valor total obtido de empréstimo, acrescido dos 
encargos e juros. Esse pagamento deve ocorrer por duas vias: o mínimo pela 
consignação (desconto em folha) e o restante por meio de fatura impressa enviada à 
residência do consumidor com valor integral. 
 
Como dificilmente aquele que busca empréstimo consignado ─ como é o caso do 
Autor ─ tem condições de adimplir o valor total já no mês seguinte, incidirão em todos 
os meses subsequentes juros elevados sobre o valor não adimplido. Além disso, o 
desconto via consignação leva o cliente a ilusão de que o empréstimo está sendo 
adequadamente quitado. 
 
Em verdade, o cartão de crédito (plástico) contratado, muitas vezes, nem chega a ser 
encaminhado para o endereço do consumidor, tampouco as faturas ou informações 
detalhadas do débito. 
 
Ademais, a autora nunca, sequer, utilizou o aludido cartão magnético, posto que sua 
pretensão sempre foi pleitear perante à requerida certa soma em dinheiro, a título de 
mútuo, e não “cartão de crédito consignado” para uso cotidiano, como são esses 
cartões. 
 
Mas, entretanto, a requerida de maneira ilegal, quando realiza o desconto dos valores 
em sua conta bancária, realiza um “abatimento” de encargos moratórios, posto que 
não utilizado o cartão não há que se falar em outro tipo de cobrança, sendo que o 
valor principal disponibilizado não entra nesta amortização, criando uma obrigação 
eterna. 
 
Assim, por meio de tal artifício, a requerida impõe perpetuamente uma obrigação, 
porquanto não há pagamento do valor principal da dívida e, que ainda não bastasse 
tal conduta, o cálculo de pagamento dos juros são muito superiores do constante no 
contrato de mútuo consignado, haja vista utiliza os juros de cartões de crédito, 
impondo ainda mais prejuízos a autora. 
 
Por tais razões, contra a conduta abusiva perpetrada pela requerida, não há 
alternativa senão o ajuizamento da presente questio para dirimir e tutelar o direito da 
autora, declarando-se as nulidades dos contratos celebrados entre as partes, cujo se 
amoldam à situação ora posta, consoante seu direito e, por medida de imperiosa 
justiça! 
 
II - DO DIREITO 
 
II. a - PREAMBULARMENTE 
 
 
3 
 
II.a.1 - DA JUSTIÇA GRATUITA 
 
Pugna a parte autora seja deferido em seu favor os benefícios da Justiça Gratuita, 
ficando eximida ao pagamento de custas processuais e honorários de advogado, eis 
que preenche todos os requisitos previstos no art. 98 do CPC. 
 
Para fins de concessão de tal benesse, vale gizar que o Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina, por meio de seus julgados, extrai que há a possibilidade de adoção dos 
mesmos critérios utilizados pela Defensoria do Estado de Santa Catarina, vejamos: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. JUSTIÇA 
GRATUITA. DEFERIMENTO. ELEMENTOS DE CONVICÇÃO QUE 
DEMONSTRAM A IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR COM AS DESPESAS 
PROCESSUAIS. OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS UTILIZADOS PELA 
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. No âmbito 
deste Tribunal, (...), utilizam-se os parâmetros adotados pela Defensoria 
Pública do Estado de Santa Catarina, de acordo com os quais a 
hipossuficiência se caracteriza pelo percebimento de renda líquida mensal 
inferior a três salários mínimos, descontados os valores despendidos com 
aluguel de moradia e sustento de dependentes, na proporção de meio salário 
mínimo por dependente, situação que se ajusta ao caso dos autos. (TJSC, 
Agravo de Instrumento n. 4012733- 91.2017.8.24.0000, de Canoinhas, rel. Des. 
Janice Goulart Garcia Ubialli, Quarta Câmara de Direito Comercial, j. 17-10-
2017). 
 
Partindo-se da premissa de referida jurisprudência, a parte autora possui renda líquida 
de até três salários mínimos, após o abatimento do valor despendido com moradia e 
gastos com dependentes, não tendo como suportar os gastos judiciais deste processo 
que não foi interposto por sua culpa, mas sim, a busca de tutelar um direito seu, contra 
um ato abusivo da instituição financeira. 
 
Assim, consoante os documentos ora acostados, pugna pelo deferimento da Justiça 
Gratuita em seu favor, sob pena de prejuízo de sua mantença e de sua família. 
 
II.b – DO MÉRITO 
 
II.b.1 - DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
Não há dúvida que a relação entre as partes é de consumo, proveniente de contrato 
de adesão, sendo a parte autora consumidora, enquanto que a casa bancária é 
prestadora de serviços, ambos qualificados no CDC no 2º e 3º. 
 
Assim, necessária a responsabilização da instituição financeira, independentemente 
da existência da culpa, nos termos do que estipula o CDC: 
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
 
No caso dos autos existiu defeito na prestação de serviços, eis que a autora fora 
 
 
4 
ludibriada pela instituição ré, que lhe impingiu encargo que não objetivava contratar, 
o que importa na responsabilização objetiva da fornecedora. 
 
Para que se tenha uma melhor compreensão da situação em que o consumidoré 
envolvido para casos de contratação nesta modalidade, vale o esclarecimento: 
 
O cliente pensionista é habitualmente pessoa idosa ou 
pessoa com deficiência que levou ao recebimento de 
pensão. Por ser pensionista, o cliente geralmente tem 
uma renda baixa, sendo a pensão sua única fonte de 
renda que deve ser suficiente para mensalmente suprir 
suas necessidades de vida. 
 
Por ser pessoa idosa e com o nome facilitado para 
solicitar empréstimo, o idoso habitualmente é assediado 
por seus próprios familiares, pedindo ajuda para 
conseguir um dinheiro fácil e rápido, sem burocracia, 
como prometem nas propagandas. 
 
Ao pesquisar sobre as possibilidades de empréstimo as 
financeiras deixam claro que o procedimento é rápido e 
com todos os direitos garantidos, fazendo marketing 
agressivo com promessas e insistência 
 
A instituição financeira sabe a realidade de necessidade 
do idoso, e vê nele uma presa fácil, que aceitará a 
condição para resolver um problema pessoal ou ajudar 
um parente que precisa de dinheiro, sem se aprofundar 
nas condições que são explicadas apenas de forma 
muito superficial. Como está diante de um funcionário 
treinado para ser altamente gentil e cliente se sente 
confiante. 
 
 
Ocorre que a expectativa da negociação ofertada 
pessoalmente não é o que o idoso encontra escrito no 
papel, em letras pequenas, texto difícil e cheio de 
asteriscos e entrelinhas. Quando analisa profundamente 
seu extrato, seus compromissos, sente-se perdido, não 
tem informação, não tem suporte e se sente enganado, 
lesado e altamente constrangido até mesmo para buscar 
ajuda. 
Sem a providência do Poder Judiciário com ajustes para 
cada caso específico e obrigação de que as casas 
bancárias reparem as lesões causadas, cada vez mais 
os idosos no Brasil continuarão sendo enganados, ou 
seja, a decisão a ser proferida neste processo reflete não 
apenas uma questão de direito, mas uma verdadeira 
questão de justiça social. 
 
Assim, ante a hipossuficiência e fragilidade da autora na relação jurídica, busca seja 
deferido em seu favor a inversão do ônus da prova (art. 6o, VIII CDC), eis que os 
documentos carreados evidenciam a verossimilhança de suas alegações. 
 
A Autora comprova que foi lesada pela instituição financeira, haja vista seu intento ser 
somente em buscar um empréstimo consignado e, não a reserva de margem 
consignável, como promovido pela casa bancária. 
 
A Autora é consumidora hipossuficiente, pessoa de idade, frente à grande instituição 
financeira bem organizada e estrutura, que vê na consumidora uma oportunidade de 
 
 
5 
se beneficiar, pois sabe que preenche o perfil de aposentada, pessoa humilde, que à 
duras penas sobrevive com o pouco que recebe. 
 
Igualmente requer seja aplicado à presente demanda a estabilizar da relação desigual 
entre as litigantes, com a interpretação do contrato com cláusulas favoráveis ao 
consumidor, assim como a nulidade de condições excessivamente onerosas. 
 
II.b.2 - DA NULIDADE DO CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO E 
POSSIBILIDADE CONVERSÃO EM PACTO DE MÚTUO CONSIGNADO 
 
A Autora, por estar com necessidades financeira, de fato, contraiu empréstimo, 
todavia objetivava apenas a contração de empréstimos usual qual seja, aquela com 
parcelas fixas e já pré estabelecidas mas, para sua surpresa, após buscar extrato de 
débitos do INSS verificou que havia um desconto com nome de “RMC” onde, teve o 
conhecimento de que, realizara outra contratação do momento em que contraiu o 
empréstimo consignado, sendo-lhe realizado descontos mensais, com juros abusivos 
e sem data para findar tal cobrança. 
 
A instituição financeira, aproveitando da condição de hipossufiência da Autora, 
utilizando-se de ardil na confecção de INÚMEROS E CONFUSOS documentos levou 
a segunda a contratar serviço diverso do pretendido, tolhendo mensalmente quantia 
qual a Autora sequer tinha conhecimento, tratando-se de prestação vitalícia, causando 
verdadeiro prejuízo aos seus parcos rendimentos. 
 
A aludida situação encontra-se repelida quando se trata de uma relação consumerista, 
mormente violam princípios básicos e inerentes ao Direito do Consumidor, 
taxativamente explicitados no artigo 39, do CDC, em seus incisos IV e V, in verbis: 
 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro 
produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; 
(...) 
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, 
saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; 
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 
 
Tal situação, inclusive, já se encontra pacificada nas Câmaras de Direito Comercial 
Catarinense, valendo a ressalva de recente decisão, ambas de dezembro de 2020: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE 
CONTRATO, COM PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E DE 
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. DESCONTOS DE RESERVA DE MARGEM 
CONSIGNÁVEL (RMC) EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. SENTENÇA DE 
PARCIAL PROCEDÊNCIA, QUE: ANULOU O CONTRATO FIRMADO, 
RETORNANDO AS PARTES AO STATUS QUO ANTE; DETERMINOU À 
PARTE AUTORA QUE PROCEDA A DEVOLUÇÃO AO BANCO RÉU DO 
VALOR TOMADO EMPRESTADO; DETERMINOU À INSTITUIÇÃO 
FINANCEIRA O RESSARCIMENTO DOS VALORES DESCONTADOS 
INDEVIDAMENTE DO BENEFÍCIO DA PARTE DEMANDANTE, ASSIM 
COMO OUTROS PAGAMENTOS EVENTUALMENTE 
REALIZADOS; CONDENOU A PARTE RÉ AO PAGAMENTO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS À PARTE AUTORA, NO VALOR DE 
 
 
6 
R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS); E MANTEVE A TUTELA PROVISÓRIA DE 
URGÊNCIA DEFERIDA AB INITIO. RECLAMO DO BANCO DEMANDADO. 
DEFENDIDA LEGALIDADE DA CONTRATAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO, 
COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. TESE REPELIDA. 
NULIDADE CONTRATUAL, POR VÍCIO DE CONSENTIMENTO. 
FORMALIZAÇÃO DE AVENÇA DIVERSA DA PRETENDIDA. HIPÓTESE EM 
QUE A FINANCEIRA RÉ, PREVALECENDO-SE DA HIPOSSUFICIÊNCIA 
TÉCNICA DO CONSUMIDOR, INDUZIU-O EM ERRO. DEMANDANTE QUE, 
ACREDITANDO ESTAR CELEBRANDO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, 
PACTUOU CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM 
CONSIGNÁVEL. ENGANO DO CONTRATANTE DECORRENTE DA 
AUSÊNCIA DE ESCLARECIMENTOS QUANTO ÀS ESPECIFICIDADES DO 
PACTO EFETIVAMENTE AJUSTADO. VIOLAÇÃO DO DEVER DE 
INFORMAÇÃO E PRÁTICA ABUSIVA (ARTS. 6º, INC. III E 39, INC. IV, 
AMBOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA). CONFIGURAÇÃO DE VÍCIO 
DE VONTADE. ANULAÇÃO DA CONTRATAÇÃO 
ACERTADA. PRETENDIDO AFASTAMENTO DO COMANDO DE 
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. DESCABIMENTO, ANTE O DESFECHO DA 
SENTENÇA, CONFIRMADO NO PRESENTE JULGAMENTO. DANOS 
MORAIS. CASA BANCÁRIA QUE ALMEJA O EXPURGO DA CONDENAÇÃO 
OU A MITIGAÇÃO DO IMPORTE ARBITRADO. PARCIAL ACOLHIMENTO. 
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL DE CARTÃO DE CRÉDITO 
DESCONTADA DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA DEMANDANTE. 
CARTÃO NÃO SOLICITADO E NEM UTILIZADO. ACIONANTE QUE HAVIA 
ACREDITADO TER CELEBRADO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO PADRÃO. 
PRÁTICA ABUSIVA DECORRENTE DA FALTA DE ESCLARECIMENTOS 
QUANTO ÀS ESPECIFICIDADES DO PACTO EFETIVAMENTE AJUSTADO. 
ATO ILÍCITO CONFIGURADO. ABALO MORAL PRESUMIDO. DEVER DE 
INDENIZAR. MONTANTE COMPENSATÓRIO ESTIPULADO EM SENTENÇA 
- R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) - ACIMA DAQUELE ARBITRADO POR 
ESTE ÓRGÃO FRACIONÁRIO EM CASOS DESTE JAEZ. MITIGAÇÃO QUE 
SE IMPÕE PARA R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). DECISÃO MODIFICADA 
NO TÓPICO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 
PREQUESTIONAMENTO. TEMÁTICAS SUSCITADAS EXAMINADAS À 
SACIEDADE E DE FORMA FUNDAMENTADA. APRECIAÇÃO DE TODOS OS 
ARGUMENTOS E DISPOSITIVOS APONTADOS PELOS LITIGANTES 
DESNECESSÁRIA, QUANDO INCAPAZES DE INFIRMAR A CONCLUSÃO 
ADOTADA PELO JULGADOR. APELAÇÃO DA CASA BANCÁRIA 
CONHECIDA E PROVIDA PARCIALMENTE. (TJSC, Apelação n. 5002189-
37.2020.8.24.0092, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Tulio 
Pinheiro, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 17-12-2020). 
 
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDODE REPETIÇÃO DE INDÉBITO E 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PARCIAL 
PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES. TESES 
RECURSAIS QUE SE CONFUNDEM, A JUSTIFICAR 
A ANÁLISE CONJUNTA DOS RECURSOS. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO 
VIA CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL - 
RMC. DOCUMENTAÇÃO CARREADA AO BOJO DO PROCESSADO 
DEMONSTRANDO QUE A PARTE AUTORA POSSUÍA MARGEM DE 
CRÉDITO CONSIGNÁVEL DISPONÍVEL PARA CONTRATAR A 
MODALIDADE PRETENDIDA E NÃO A UTILIZADA. INSTITUIÇÃO 
FINANCEIRA QUE VIOLOU O DIREITO DE INFORMAÇÃO AO OFERTAR 
CONTRATAÇÃO MAIS ONEROSA. VONTADE DECLARADA DA PARTE 
 
 
7 
AUTORA NO SENTIDO DE CONTRATAR EMPRÉSTIMO CONSIGNADO 
PESSOAL E NÃO VIA CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM 
CONSIGNÁVEL, O QUE ENSEJA NA CONVERSÃO DO CONTRATO PARA 
A MODALIDADE PRETENDIDA. PRECEDENTES. SENTENÇA REFORMADA 
NO PONTO. DANOS MORAIS. CONDUTA NEGLIGENTE COMETIDA PELA 
CASA BANCÁRIA DECORRENTE DA UTILIZAÇÃO INDEVIDA DA RESERVA 
DE MARGEM CONSIGNÁVEL NA MODALIDADE CARTÃO DE CRÉDITO. 
REALIZAÇÃO DE DESCONTOS INDEVIDOS NO BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO DO AUTOR. DEVER DE INDENIZAR INCONTESTE. 
QUANTUM INDENIZATÓRIO. PLEITO DE MINORAÇÃO DA QUANTIA 
FIXADA PELA PARTE RÉ, ENQUANTO A PARTE AUTORA POSTULA SUA 
MAJORAÇÃO. VALOR QUE DEVE SER MAJORADO, EIS QUE FIXADO 
AQUÉM DOS PARÂMETROS UTILIZADOS POR ESTE ÓRGÃO 
FRACIONÁRIO, ATENDENDO, OUTROSSIM, OS PRINCÍPIOS DA 
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. JUROS DE MORA 
FIXADOS ACERTADAMENTE A CONTAR DA CITAÇÃO (ART. 405 DO 
CÓDIGO CIVIL). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RÉU QUE PRETENDE A 
SUA REDUÇÃO, ENQUANTO A PARTE AUTORA REQUER A 
RESPECTIVA MAJORAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA. ELEVAÇÃO DO QUANTUM 
INDENIZATÓRIO QUE REFLETE NA REFERIDA VERBA E EM 
OBSERVÂNCIA À NORMA DISPOSTA NO ART. 85, § 2º E 8º, DO CPC/2015. 
RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS. (TJSC, 
Apelação n. 5011694-51.2019.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina, rel. José Maurício Lisboa, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 
17-12-2020). 
 
Ademais, age dolosamente a instituição financeira, quando induz o contraente do 
empréstimo à erro, causando negócio jurídico anulável, por força do CC: “Art. 145. 
São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”. 
 
Ainda, não obstante, dispondo que o dolo no caso do aludido dispositivo deve ser 
aquele que dá causa à infração, o dolo, no caso em apreço, consiste em deixar de 
informar o contraente sobre os termos dos serviços contratados, de maneira voluntária 
a instituição financeira agindo nesta absoluta má-fé também incorre no que prevê o 
artigo 147 do mesmo estatuto civil, senão vejamos: 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das 
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui 
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
 
De mesmo rumo, o próprio CDC, prevê em seu artigo 6º que um dos direitos básico 
do consumidor é a clara informação sobre o produto ou serviço oferecido além, de 
toda sua composição qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos 
que apresentarem, além de proteção contra práticas e cláusulas abusivas no 
fornecimento de produtos e serviços. 
 
No caso em testilha, é incontroverso que a Autora não detinha informações claras 
sobre o serviço contratado, apenas sendo informada sobre a necessidade de 
assinatura de inúmeros documentos para ser atendido seu pedido de empréstimo 
CONSIGNADO e, não, contratar um cartão de crédito com reserva de margem 
consignável (RCM), que lhe fez um débito eterno em favor da instituição bancária. 
 
Não bastasse isso, a informação dos descontos tampouco lhe é de fácil compreensão, 
 
 
8 
haja vista, somente com acesso junto ao seu extrato do INSS que se informa o 
desconto que, todavia, não é bem demonstrado, bem como que aquele desconto não 
se presta para, sequer, pagar o que não utiliza, tratando-se de uma prestação vitalícia. 
 
Neste sentido, a jurisprudência atual é firme no sentido de rechaçar o negócio jurídico 
celebrado por ocasião da dolosa contratação, senão vejamos em ementa robusta 
sobre o tema: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE 
CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM 
CONSIGNÁVEL, C/C TUTELA DE URGÊNCIA, DANOS MORAIS E 
MATERIAIS (RMC). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECLAMO 
DA PARTE AUTORA. DEMANDANTE QUE SUSTENTA A 
OCORRÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO EM RELAÇÃO À 
CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO POR MEIO DE 
CARTÃO DE CRÉDITO COM DESCONTOS REALIZADOS EM SEU 
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO A TÍTULO DE RESERVA DE MARGEM 
CONSIGNÁVEL - RMC. TESE ACOLHIDA. CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO QUE INDICA PRÁTICA ABUSIVA DA CASA 
BANCÁRIA REQUERIDA, CONSISTENTE NA INEXISTÊNCIA DE 
INFORMAÇÃO CLARA ACERCA DA MODALIDADE CONTRATUAL 
CELEBRADA ENTRE AS PARTES. CONSTATAÇÃO, ADEMAIS, DE 
QUE NÃO HOUVE UTILIZAÇÃO, TAMPOUCO PROVA ACERCA DO 
ENVIO OU DO RECEBIMENTO DO CARTÃO DE CRÉDITO NO 
ENDEREÇO DO REQUERENTE. EVIDENTE DESVIRTUAMENTO DA 
REAL INTENÇÃO DO DEMANDANTE DE CONTRATAR 
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO COMUM, O QUAL ORIGINOU 
NEGÓCIO JURÍDICO LEONINO, FORÇANDO O CONSUMIDOR 
(APELANTE) A CONTRAIR OBRIGAÇÃO EXTREMAMENTE 
ONEROSA. MANIFESTA PRÁTICA ABUSIVA E VIOLAÇÃO DAS 
NORMAS DE PROTEÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR. 
EXEGESE DOS ARTS. 6º, III E 39, V, DO CDC. RECURSO PROVIDO 
NO PONTO PARA RECONHECER A NULIDADE DO CONTRATO 
FIRMADO ENTRE AS PARTES. IMPERIOSO RETORNO DOS 
CONTRATANTES AO STATUS QUO ANTE, COM POSSIBILIDADE DE 
COMPENSAÇÃO DOS VALORES ENTRE OS LITIGANTES, NOS 
TERMOS DO ART. 368 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. REQUERENTE 
QUE DEVE DEVOLVER O VALOR RECEBIDO A TÍTULO DE 
EMPRÉSTIMO DE DINHEIRO, DEVIDAMENTE ATUALIZADO, 
E INSTITUIÇÃO FINANCEIRA REQUERIDA QUE DEVE RESTITUIR, 
DE FORMA ATUALIZADA E SIMPLES, TODA A QUANTIA 
DESCONTADA DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO POSTULANTE 
A TÍTULO DE RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. "Quando se 
desvirtua ou se sonega o direito de informação, está-se agindo em 
sentido diametralmente oposto a boa-fé objetiva, ensejando, 
inclusive, a enganosidade. A informação deve ser clara, objetiva e 
precisa, pois, do contrário, equivale ao silêncio, vez que influi 
diretamente na manifestação de vontade do consumidor sobre 
determinado serviço ou produto - corolário da confiança que o 
consumidor deposita no fornecedor. O banco, ante as opções de 
modalidades de empréstimo ao consumidor, sem dotá-lo de 
 
 
9 
informações sobre os produtos, fez incidir um contrato de cartão 
de crédito com reserva de margem consignável, quando o interesse 
do consumidor era simplesmente obter um empréstimo, haja vista 
que o cartão de crédito nunca foi usado [...]" (Apelação Cível n. 
0301831-55.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Des. Guilherme Nunes 
Born, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 13-12-2018). 
 
"A prática abusiva e ilegal de contrair modalidade de empréstimo 
avesso ao objeto inicialmente pactuado é conduta infensa ao 
direito, sobretudo quando a Instituição Financeira, ao difundir seu 
serviço, adota medida anômala ao desvirtuar o contrato de mútuo 
simples consignado, modulando a operação via cartão de crédito 
com reserva de margem. Ao regular seus negócios sob tal ótica, 
subverte a conduta que dá esteio as relações jurídicas, incidindo em 
verdadeira ofensa aos princípios da transparência e da boa fé contratual, 
situando o consumidor em clara desvantagem, provocando, por mais 
das vezes, a cobrança de valores reconhecidamente descabidos e 
infundados, gerando toda sorte de injusto endividamento. Na hipótese, 
constata-se devidamente demonstrada a consignação ilegal da reserva 
de margem consignável (RMC) em cartão de crédito jamais utilizado 
pela demandante. Assim, resta inequívoca a nulidade contratual, 
retornando-se a relação ao "status quo ante" [...]" (Apelação Cível n. 
0301157-67.2017.8.24.0042, de Maravilha, rel. Des. Robson Luz 
Varella, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 29-10-2018). 
 
"Não obstante a constatação de que o consumidorjamais optou por 
efetuar empréstimo consignado pela via de cartão de crédito, o 
reconhecimento da nulidade de tal pacto importa, como 
consequência lógica, o retorno das partes ao status quo ante, ou 
seja, o consumidor deve devolver montante que recebeu (apesar de 
não haver contratado), sob pena de enriquecer-se ilicitamente, ao 
passo que ao banco cumpre ressarcir os descontos indevidamente 
realizados no benefício previdenciário do contratante." (Apelação 
Cível n. 0302945-30.2016.8.24.0082, da Capital, rel. Des. Gilberto 
Gomes de Oliveira, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 4-10-2018) 
[...]" (Apelação Cível n. 0302606-07.2017.8.24.0092, da Capital, rel. Des. 
Dinart Francisco Machado, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 13-
11-2018). 
 
PLEITO DE CONDENAÇÃO DA CASA BANCÁRIA DEMANDADA AO 
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 
ACOLHIMENTO. EVIDENTE VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ CONTRATUAL 
E DO DEVER DE INFORMAÇÃO. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. 
ABALO ANÍMICO CONSUBSTANCIADO NO FATO DE QUE OS 
DESCONTOS REALIZADOS, MÊS A MÊS, NO PARCO BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO DO AUTOR, COLOCARAM O ORA APELANTE 
EM EVIDENTE SITUAÇÃO TEMERÁRIA, TENDO EM VISTA A 
EXPROPRIAÇÃO INDEVIDA E DURADOURA DE VERBA DE 
CARÁTER ALIMENTAR. RECLAMO PROVIDO NO PONTO. "Nas 
relações de consumo o fornecedor de serviços responde objetivamente 
na reparação de danos causados aos consumidores, nos casos de 
 
 
10 
defeito ou por informações não prestadas ou inadequadas (art. 14 do 
Código do Consumidor). Assim, para a configuração do dever de 
indenizar, necessária a prova do ato ilícito, do dano e nexo causal entre 
a conduta do agente e os prejuízos causados (arts. 186 e 927 do Código 
Civil). Tratando-se, no caso, de pessoa que percebe aposentadoria 
por tempo de contribuição equivalente a menos de um salário 
mínimo (R$ 937,00), embora o valor descontado possa sugerir 
quantia ínfima, se considerada isoladamente, afigura-se 
significativa quando suprimida por período duradouro, a estampar, 
no caso, inequívoco abalo anímico, sobretudo quando neste 
montante, agrega-se valores não entabulados [...]" (Apelação Cível n. 
0301099-64.2017.8.24.0042, de Maravilha, rel. Des. Robson Luz 
Varella, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 20-11-2018). 
 
QUANTUM INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO DA VERBA EM R$ 10.000,00 
(DEZ MIL REAIS) QUE SE MOSTRA RAZOÁVEL PARA REPARAÇÃO 
DO DANO E CONDIZENTE COM AS CONDIÇÕES ECONÔMICAS 
DAS PARTES, ALÉM DE SATISFAZER O CARÁTER PEDAGÓGICO 
E INIBIDOR DA SANÇÃO. "Na hipótese em análise, trata-se de 
pessoa cujo benefício previdenciário perfaz a cifra de pouco menos 
de um salário mínimo mensal, enquanto que a responsável pela 
reparação é instituição financeira dotada de grande poder 
econômico com larga atuação no mercado creditício. Sopesando 
tais circunstâncias, principalmente em atenção ao caráter punitivo 
pedagógico da condenação, entende-se adequada a fixação do 
"quantum" indenizatório em R$ 10.000,00 (dez mil reais), corrigidos 
pelo INPC, a partir do presente arbitramento, e com incidência de 
juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, desde o evento danoso 
(Súmulas 362 e 54 do STJ, respectivamente) [...]" (Apelação Cível n. 
0301650-54.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Des. Robson Luz Varella, 
Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 11-12-2018). 
 
REQUERIMENTO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO. NÃO 
ACOLHIMENTO. VIABILIDADE DA RESTITUIÇÃO NA FORMA 
SIMPLES. ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. IMPERIOSA INVERSÃO. 
PARTE RÉ (APELADA) QUE DEVE SER RESPONSABILIZADA PELO 
PAGAMENTO INTEGRAL DAS CUSTAS PROCESSUAIS E DOS 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS NA SENTENÇA 
SINGULAR. HONORÁRIOS RECURSAIS. PROVIMENTO PARCIAL 
DO APELO. HIPÓTESE QUE INVIABILIZA A MAJORAÇÃO DOS 
ESTIPÊNDIOS PATRONAIS EM GRAU RECURSAL. ENTENDIMENTO 
CONSOLIDADO PELO TRIBUNAL DA CIDADANIA (RESP N. 
1.573.573/RJ) E ACOMPANHADO POR ESTE ÓRGÃO 
JULGADOR. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 
(TJSC, Apelação n. 5000814-35.2019.8.24.0092, do Tribunal de Justiça 
de Santa Catarina, rel. Rejane Andersen, Segunda Câmara de Direito 
Comercial, j. 15-12-2020). 
 
Ainda, a conduta suso mencionada é criminosa à luz do que preleciona o artigo 67 do 
CDC, quando induz o cliente à erro, posto que pratica publicidade enganosa, 
consoante assim positivado: “Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou 
 
 
11 
deveria saber ser enganosa ou abusiva. Pena Detenção de três meses a um ano e 
multa”. 
 
Entrementes, o negócio jurídico é de todo nulo, por ferir tanto dispositivos do Código 
Civil quanto, mais condundentemente, o CDC, dada o caráter diverso da contratação 
qual a Autora buscara quando da celebração do negócio Jurídico, ferindo os princípios 
mais básicos como o da transparência e da boa-fé, não olvidando-se do dever de 
respeito que deveria ter a instituição bancária não celebrando negócio jurídico 
totalmente nulo! 
 
Desta feita, consoante o todo alegado não resta outra alternativa senão a 
possibilidade da manutenção do negócio jurídico em seus termos iniciais pretendidos 
pela Autora, anulando e convertendo aquele abusivo por medida de direito. 
 
II.b.3 - DA DIFERENÇA ENTRE AS TAXAS DE JUROS REMUNERATÓRIOS 
 
É cediço que as taxas praticadas na modalidade de empréstimo consignado são muito 
mais baixas do que aquelas dispostas quando realizada a contratação de cartão de 
crédito. Logo, caso mantida a contratação abusiva, esta relação jurídica da qual a 
parte autora se socorro nos autos, apenas trará ônus exacerbado ao contratante. 
 
Diz-se isto, mormente os valores pagos à título de empréstimo consignado já é pré 
fixado quando de sua contratação ao passo que, na modalidade de cartão de crédito 
os juros são cíclicos e exorbitantes. 
 
Assim, uma vez alternada a modalidade da contratação (de cartão de crédito para 
empréstimo consignado) se faz necessária a aplicação da taxa média de mercado 
estipulada pelo Banco Central à época da contratação. 
 
Neste norte, realizada a alteração e adequação do contrato de cartão de crédito, 
passando este a figurar na modalidade de empréstimo consignado, há de ser 
readequada, também, a taxa aplicada conforme preconiza a legislação e 
jurisprudência. 
 
Nesta toada extrai-se da jurisprudência, senão vejamos: 
 
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE 
DÉBITO C/C COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DO 
INDÉBITO. CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO NA MODALIDADE DE 
DESCONTO DA MARGEM CONSIGNÁVEL DE BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO ATRAVÉS DE DÉBITO EM CARTÃO DE CRÉDITO (RMC). 
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES. 
RECURSO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. AVENTADA LEGALIDADE DO 
EMPRÉSTIMO, NA MODALIDADE DE DESCONTO DE MARGEM 
CONSIGNÁVEL EM CARTÃO DE CRÉDITO (RMC). TESE RECHAÇADA. 
MALGRADO A PARTE AUTORA RECONHEÇA A EXPRESSA PACTUAÇÃO, 
NÃO VEIO AOS AUTOS O CONTRATO CELEBRADO ENTRE AS PARTES, 
TAMPOUCO OS EXTRATOS DO CARTÃO DE CRÉDITO. NEGATIVA 
GENÉRICA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO É SUFICIENTE PARA 
DERRUIR AS ASSERTIVAS VERTIDAS À INICIAL. SUFICIENTEMENTE 
COMPROVADO QUE A PARTE AUTORA VISAVA À CONCESSÃO DE 
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, SENDO-LHE IMPOSTO, ENTRETANTO, 
 
 
12 
EMPRÉSTIMO EM FORMA DIVERSA. UTILIZAÇÃO DO CARTÃO DE 
CRÉDITO NÃO COMPROVADA. PRÁTICA ABUSIVA DA INSTITUIÇÃO 
FINANCEIRA. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. POSSIBILIDADE, 
ENTRETANTO, DE ADAPTAÇÃO DO CONTRATO ENTÃO VIGENTE PARA 
A OPERAÇÃO DE SIMPLES EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, MAIS 
FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR. RECURSO DA PARTE AUTORA. 
TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS JUROS DE MORA. 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. JUROS DE MORA DA CITAÇÃO E 
CORREÇÃO MONETÁRIA DO ARBITRAMENTO. SENTENÇA ALTERADA 
NO PONTO. QUANTUM REPARATÓRIO ARBITRADO EM PRIMEIRO 
GRAU. PLEITO DE MAJORAÇÃO. VALOR ARBITRADO NA ORIGEM QUE 
SE MOSTRA ADEQUADO ÀS FINALIDADES DA REPARAÇÃO CIVIL. 
SENTENÇA QUE SE MANTÊM. ALTERAÇÃO DOS ÔNUS DA 
SUCUMBÊNCIA EM RAZÃO DO NOVO RESULTADO DA DEMANDA. 
RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS. (TJSC, 
Apelação Cível n. 0302659-47.2017.8.24.0040, de Laguna, rel.Rogério 
Mariano do Nascimento, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 07-03-2019). 
 
Colhe-se lúcido excerto do acórdão suso ementado, ipsis litteris: 
 
Em situações assim, em que resta incontroverso o aperfeiçoamento do 
empréstimo através da liberação do montante em favor do consumidor, 
necessário se faz a manutenção da avença com sua adequação à 
modalidade de empréstimo consignado, sob pena de enriquecimento 
ilícito da aderente. Assim, os descontos decorrentes do 
financiamento bancário devem ser adequados ao empréstimo 
consignado, cujos juros remuneratórios devem observar a taxa 
média divulgada pelo BACEN, referente aos empréstimos 
concedidos aos aposentados/pensionistas à época da contratação, 
sendo os valores deduzidos do benefício da autora descontados do 
saldo devedor até a quitação integral do empréstimo. (grifo nosso) 
 
Desta feita, imperiosa a alteração do contrato dolosamente proposto da modalidade 
diversa da pretendida pela Autora, para aquela inicialmente pleiteada, como também 
a aplicação da taxa de juros remuneratórios publicada pelo Banco Central à época da 
contratação, nos moldes legais vigentes. 
 
II.b.4 - DA NECESSIDADE DE NOVO CÁLCULO DO SALDO DEVEDOR EM FACE 
DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL 
 
Alterada a modalidade de empréstimo para a inicialmente pretendida, necessário se 
faz, também a apuração dos valores a serem devolvidos para a Autora. 
 
Entrementes, para que ocorra um proveito por parte da Autora dos valores a serem 
dispendidos pela instituição financeira, o Égrégio Tribunal de Justiça tem adotado 
parâmetros para a realização e readequação do saldo devedor dos empréstimos, bem 
como o ressarcimento da Autora dos valores pagos ilicitamente. 
 
O acórdão abaixo ementado trouxe algumas digressões sobre tal situação, senão 
vejamos: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. "AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DESCONTO 
 
 
13 
EM FOLHA DE PAGAMENTO/AUSÊNCIA DO EFETIVO PROVEITO 
CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS COM 
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA". TOGADA DE ORIGEM 
QUE JULGA PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS DEDUZIDOS 
NA EXORDIAL. IRRESIGNAÇÃO DO BANCO. DIREITO INTERTEMPORAL. 
DECISÃO PUBLICADA EM 19-10-18. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL DE 2015. PROCESSUAL CIVIL. CONSTATAÇÃO, DE 
OFÍCIO, DE ATUAÇÃO EXTRA PETITA. SENTENÇA QUE SE MOSTRA 
INCONGRUENTE COM OS LIMITES DA CAUSA DE PEDIR E PEDIDO. 
DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA QUE SE IMPÕE. PROCESSO EM 
CONDIÇÕES DE IMEDIATO JULGAMENTO. INCIDÊNCIA DO ART. 1.013, § 
3º, INCISO II, DO CÓDIGO FUX. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO 
COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC). DESCONTOS 
REALIZADOS DIRETAMENTE NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA 
REQUERENTE, PESSOA HIPOSSUFICIENTE E COM PARCOS 
RECURSOS. CONTEXTO PROBATÓRIO QUE INDICA QUE A AUTORA 
PRETENDIA FORMALIZAR APENAS AVENÇA DE EMPRÉSTIMO 
CONSIGNADO. INEXISTÊNCIA DE ADEQUADA DECLARAÇÃO DE 
VONTADE QUANTO À CELEBRAÇÃO DE AJUSTE DE CARTÃO DE 
CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO À UTILIZAÇÃO DO CARTÃO 
DE CRÉDITO E TAMPOUCO DO SEU ENVIO PARA O ENDEREÇO DA 
CONSUMIDORA. PRÁTICA ABUSIVA CONFIGURADA. INTELIGÊNCIA DO 
ART. 39, INCISOS I, III E IV DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
PRECEDENTES DESTE AREÓPAGO. IMPERATIVA DECLARAÇÃO DE 
INEXISTÊNCIA DO DÉBITO DECORRENTE DA "PROPOSTA DE ADESÃO 
CARTÃO DE CRÉDITO E CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO". 
IMPERATIVA CONVERSÃO DO AJUSTE PARA A MODALIDADE DE 
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, COM AS ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS. 
COGENTE RECÁLCULO COM COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ 
ADIMPLIDOS PELA CONSUMIDORA, ADITADOS DE CORREÇÃO 
MONETÁRIA DESDE A DATA DE CADA DESEMBOLSO INDEVIDO E JUROS 
DE MORA, ESTES A CONTAR DA CITAÇÃO, POR FORÇA DO ART. 397, 
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL E 219, CAPUT, DO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL. REPETIÇÃO SIMPLES DO INDÉBITO EM CASO DE 
CONSTATAÇÃO DE SALDO CREDOR EM FAVOR DA CONSUMIDORA. 
DANO MORAL. CABAL MATERIALIZAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO DEVER DE 
INFORMAÇÃO E INOBSERVÂNCIA À BOA-FÉ CONTRATUAL. AFERIÇÃO 
DO ABALO ANÍMICO EXPERIMENTADO PELA AUTORA PELA ANÁLISE 
CONJUNTA DOS SEGUINTES ASPECTOS: (A) EMPRÉSTIMO BANCÁRIO 
REALIZADO EM MODALIDADE DIVERSA DAQUELA ALMEJADA PELA 
AUTORA, OCASIONANDO DESVANTAGEM EXAGERADA E 
CONSEQUÊNCIAS FINANCEIRAS INESPERADAS; (B) DESCONTOS 
INDEVIDOS SOBRE VERBA DE CARÁTER ALIMENTAR E DIMINUIÇÃO DA 
MARGEM DE CRÉDITO CONSIGNADO DISPONÍVEL A REQUERENTE; (C) 
CONTEÚDO DA AVENÇA QUE NÃO PERMITIU O CONTROLE PRÉVIO DA 
COMPOSIÇÃO DO SALDO DEVEDOR, BEM COMO A COMPREENSÃO DA 
EVOLUÇÃO DA DÍVIDA; E (D) IMPOSIÇÃO DA QUITAÇÃO POR MEIO DE 
PARCELA MÍNIMA DO CARTÃO DE CRÉDITO, REDUNDANDO NA 
OBRIGATORIEDADE DE CONTRATAÇÃO DE CRÉDITO ROTATIVO 
QUANTO A PARCELA REMANESCENTE, COM CONSEQUÊNCIAS 
FINANCEIRAS DÍSPARES E MAIS GRAVOSAS EM RELAÇÃO ÀQUELA QUE 
INICIALMENTE INTENCIONAVA A DEMANDANTE. CONTEXTO FÁTICO 
QUE AUTORIZA A CONDENAÇÃO DA REQUERIDA AO PAGAMENTO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ÔNUS SUCUMBENCIAIS. AUTORA 
QUE DECAIU DE PARTE MÍNIMA DOS PEDIDOS VERTIDOS NA PEÇA 
 
 
14 
DEFLAGRATÓRIA. DEVER DA CASA BANCÁRIA DE ARCAR COM A 
TOTALIDADE DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 86, PARÁGRAFO ÚNICO, DO 
CPC/2015. PEDIDOS VAZADOS EM CONTRARRAZÕES. PLEITO DE 
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA CONFERIDO NA 
ORIGEM A AUTORA. TESE REJEITADA. REQUERIDA QUE NÃO LOGROU 
ÊXITO EM POSITIVAR A ALEGADA SUFICIÊNCIA FINANCEIRA DA 
INSURGENTE. BALIZAMENTOS DO ART. 5º, INCISO XXXV, DA "CARTA DA 
PRIMAVERA" E DOS ARTS. 98, CAPUT, E 99, §§ 2º E 3º, AMBOS DO 
CPC/2015. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DA AUTORA. INOCORRÊNCIA DE 
QUALQUER DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 80 DO NOVEL CÓDIGO 
DE PROCESSO CIVIL. GARANTIA CONSTITUCIONAL DE DIREITO DE 
AÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 5º INCISO XXXV DA "CARTA DA 
PRIMAVERA". PLEITO DEFENESTRADO. HONORÁRIOS 
SUCUMBENCIAIS RECURSAIS. INTELIGÊNCIA DO ART. 85, §§ 1º E 11º, DO 
CÓDIGO FUX. VIABILIDADE, EM TESE, DE FIXAÇÃO DE OFÍCIO EM 
RAZÃO DA DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA NESTE GRAU DE 
JURISDIÇÃO COM JULGAMENTO OPERADO NA FORMA DO ART. 1.013, § 
3º DO CPC/2015. VERIFICAÇÃO, CONTUDO, DA INEXISTÊNCIA DE 
OFERECIMENTO DE CONTRARRAZÕES AO RECURSO. VERBA 
SUCUMBENCIAL RECURSAL QUE DEIXA DE SER ESTABELECIDA. 
RECURSO PREJUDICADO. (TJSC, Apelação Cível n. 0301090-
05.2017.8.24.0042, de Anchieta, rel. José Carlos Carstens Köhler, Quarta 
Câmara de Direito Comercial, j. 12-03-2019). 
 
Do corpo do aresto, se extrai: 
 
Assim, configurada a prática abusiva, nula é a manifestação de vontade da 
Consumidora em relação à contratação de empréstimo via cartão de crédito 
com contrato de reserva de margem consignável, sendo imperativa a 
determinação de conversão do contrato para empréstimo consignado, por ser 
este o ajuste cuja formalização foi pretendida pela Autora, conforme 
expressamente consignado na exordial, devendo serem seguidas as seguintes 
diretrizes: 
(i) o montante liberado na conta da Autora (fl. 51) - R$ 939,00 (novecentos e 
trinte e nove reais) - seja descontado do benefício previdenciário da 
Requerente como empréstimo consignado desde quando celebrado; 
(ii) o número de parcelas do ajuste deve levar em consideração o valor máximo 
por prestação de R$ 39,40 (trinta e nove reais quarenta centavos), por ter sido 
este o montante mensal descontado da Autora quando da celebração do 
negócio jurídico, desde que dentro da margem consignável disponível (fl. 52); 
(iii) deve haver o recálculo do montante, computados juros remuneratórios 
dentro dos balizamentos de empréstimos consignados com a taxa autorizada 
para desconto em benefícios previdenciários, observado como máximo o teto 
para operações iguais; 
(iv) verificar-se-á a compensação de tudo aquilo que a Requerente adimpliu a 
título de juros remuneratórios de cartão de crédito e demais consectários 
vinculados a esta modalidade contratual; 
(v) ainda no que se refere à compensação, os valores pagos a maior - cartão 
de crédito consignado - deverão ser aditados monetariamente pelo INPC desde 
a data de cada desembolso e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês a 
contarda citação; e 
(vi) caso haja saldo positivo em favor da Autora, depois de efetuado o recálculo 
global, faz jus a mesma à repetição simples do indébito, e não em dobro como 
busca a Recorrente. 
 
 
15 
 
Neste diapasão o v. Acórdão atacou diametralmente a questão acerca da forma de 
realização do novo cálculo em favor da Autora, ressalvado, data vênia, a questão de 
repetição simples determinada, posto que, ao nosso sentir, deve ser realizada em 
dobro, consoante preconiza o artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do 
Consumidor, atacado no seguimento da presente peça. 
 
II.b.5 - DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO CONFORME O CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR 
 
Conforme dito alhures, realizada a compensação dos valores em favor da Autora e, 
havendo saldo em benefício da mesma, há de ser aplicado o disposto no artigo 42, 
parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor, in verbis: 
 
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto 
a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à 
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, 
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano 
justificável 
 
Dita norma se amolda ao caso em viso, mormente é retumbante que a Autora fora 
alijada e prejudicada quando da contratação do empréstimo, sendo a quantia 
descontada da mesma como Reserva de Margem Consignável (RMC) indevida e, 
assim, possível de restituição em dobro consoante suso mencionado. No caso em 
testilha, evidente o dolo da instituição financeira, o que viabiliza a aplicação da aludida 
sanção, como será demonstrado. 
 
Agira a instituição financeira de má-fé, objetivando extrair, para si, vantagem ilícita, 
promovendo a criação de uma nova modalidade de negócio jurídico qual seja, a 
reserva de margem consignável por meio de expedição de cartão plástico para uso 
na modalidade de crédito o que inexiste, posto que é consabido que o cartão de crédito 
é contratação qual a instituição bancária disponibiliza cero valor como meio de crédito 
rotativo, mas não crédito rotativo extraído de outro crédito (empréstimo consignado) 
para tal fim. 
 
A intenção é clara, porquanto ao passo que o contrato de empréstimo consignado as 
taxas aplicadas são deveras menores daquela disposta nos contratos de cartão de 
crédito, trazendo prejuízos eis que, ante a natureza se tornará impossível o 
adimplemento daquele valor inicial disposto como reserva de margem consignável, 
cingindo-se a Autora à apenas realizar o pagamento deste juros mensais. 
 
Por esta razão, é latente que a conduta abusiva da instituição financeira que realiza 
esta cobrança indevida de maneira velada e, dolosamente, impõe um débito eterno 
para com a mesma trazendo desvantagem na relação consumerista. 
 
Em recente decisão, o Pretório Catarinense se manifesta no mesmo sentido: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL 
CUMULADA COM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES EM DOBRO E 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE 
IMPROCEDÊNCIA.INSURGÊNCIA DA PARTE 
 
 
16 
AUTORA. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E TERMO DE ADESÃO A 
CARTÃO DE CRÉDITO COM ABATIMENTO DE "RESERVA DE MARGEM" 
(RMC) DIRETAMENTE NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO 
PELO DEMANDANTE. DEFENDIDA A ILEGALIDADE DO CONTRATO. 
TESE ACOLHIDA. PRÁTICA ABUSIVA EVIDENCIADA. FALHA NA 
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO QUE MERECE REPRIMENDA JUDICIAL 
AMPARADA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CONTRATO 
ANULADO. RETORNO DAS PARTES AO STATUS QUO 
ANTE. RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE QUE 
DEVE OCORRER NA FORMA DOBRADA. EXEGESE DO PARÁGRAFO 
ÚNICO DO ART. 42 DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA. PERMITIDA A 
COMPENSAÇÃO, NOS TERMOS DO ART. 368 DO CÓDIGO CIVIL. DANOS 
MORAIS. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. COMPENSAÇÃO PECUNIÁRIA 
DEVIDA. PRECEDENTES DESTA CORTE. QUANTUM COMPENSATÓRIO 
ARBITRADO DE ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO 
CASO. INVERSÃO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA EM RAZÃO DO 
RESULTADO DO JULGAMENTO. HONORÁRIOS RECURSAIS. ART. 85, 
§§ 1º E 11, DO CPC/15. CRITÉRIOS CUMULATIVOS NÃO PREENCHIDOS 
(STJ, EDCL NO AGINT NO RESP 1.573.573/RJ). RECURSO 
CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Apelação n. 5021506-23.2019.8.24.0038, 
do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Jaime Machado Junior, Terceira 
Câmara de Direito Comercial, j. 17-12-2020). 
 
Ainda, comprovando o entendimento sedimentado nas Cortes, colige-se julgado do 
ano de 2018, senão vejamos: 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DESCONTO EM FOLHA DE 
PAGAMENTO, CUMULADA COM PEDIDOS DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO 
E DE DANOS MORAIS. DEMANDANTE QUE ADUZ TER PACTUADO 
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E SIDO SURPREENDIDA COM DESCONTO 
DE RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) EM SEU BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO, VINCULADA À CONTRATAÇÃO DE CARTÃO DE 
CRÉDITO NÃO SOLICITADO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA 
PARA CONVERTER O CONTRATO DE "CARTÃO DE CRÉDITO 
CONSIGNADO" PARA SIMPLES "EMPRÉSTIMO CONSIGNADO" E 
DETERMINAR A ADEQUAÇÃO DOS DESCONTOS À MODALIDADE DE 
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO AUTORIZADA PELA AUTORA. APELO DO 
BANCO DEMANDADO. [...] POSTULADA DEVOLUÇÃO DOS VALORES 
INDEVIDOS NA FORMA DOBRADA. ACOLHIMENTO. APROPRIAÇÃO 
INDEVIDA E REITERADA DE IMPORTES ORIUNDOS DE BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO. CULPA GRAVÍSSIMA. ENGANO JUSTIFICÁVEL NÃO 
DEMONSTRADO PELO RÉU. APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA NO 
ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR, QUE SE FAZ IMPERATIVA. [...] Nessa senda, tem 
entendido esta Corte que o ato de se apropriar indevidamente de valores 
de benefício previdenciário configura hipótese de culpa gravíssima, 
equiparada, portanto, ao dolo, razão pela qual sujeita a casa bancária que 
assim proceder à restituição em dobro dos valores descontados, na forma 
do artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor. 
(Apelação Cível n. 0310866-43.2017.8.24.0005, de Balneário Camboriú, rel. 
Des. Tulio Pinheiro, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. em 23-08-2018). 
 
Assim, deve ser reconhecida a possibilidade da restituição em dobro por parte da 
instituição financeira, consoante o aludido. 
 
 
 
17 
II.b.6 - DOS DANOS MORAIS 
 
Por tal atitude, a instituição financeira deve ser compelida à indenizar a Autora, diante 
da flagrante ilegalidade perpetrada contra uma pessoa de certa idade, leiga e que 
recebe parcos rendimentos oriundos de longos e árduos anos de trabalho. 
 
Trata-se Excelência, de prejuízo diante da indução, à erro, da Autora quando, sem 
qualquer orientação devida à singela pessoa, faz com que esta contrate um cartão de 
crédito gerando uma dívida vitalícia à esta. 
 
O abalo é inconteste, mormente a Autora está sendo tolhida de certa quantia mensal, 
por longos anos e, que, diante de seus parcos rendimentos, faz com que este valor 
seja necessário para a manutenção da vida um aposentado/pensionista, sendo 
considerada verba alimentar. 
 
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, de maneira lúcida e se colocando no papel 
de pessoa simples que, por muitas vezes, é aposentado/pensionista de poucas 
posses e rendimentos, cujo laboraram anos para poderem se aposentar (muitas vezes 
não recebendo o valor que dispunhas como salário) já decidiu que a relação de 
consumo e hipossuficiência destes configura dano moral in re ipsa, senão vejamos: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DESCONTO EM 
FOLHA DE PAGAMENTO E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. 
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. AUTORA QUE PRETENDIA OBTER 
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. EFETIVAÇÃO DE CONTRATO DE CARTÃO 
DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL - RMC. 
DESCONTOS NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DESTINADOS AO 
PAGAMENTO MÍNIMO INDICADO NA FATURA DO CARTÃO. TAXA DE 
JUROS INCOMPATÍVEIS COM A ESPÉCIE CONSIGNADA. PRÁTICA 
ABUSIVA. ADEQUAÇÃO DA MODALIDADE CONTRATUAL QUE SE 
IMPÕE. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. DANO MORAL PRESUMIDO. 
DEVER DE INDENIZAR. REPETIÇÃO DO INDÉBITO NA FORMA SIMPLES. 
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO. (TJSC, 
Apelação Cível n. 0301181-95.2017.8.24.0042, de Maravilha, rel. Des. Cláudio 
Barreto Dutra, Quinta Câmara de Direito Comercial, j. 27-09-2018). 
 
Ainda: 
 
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL 
DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RMC 
CUMULADA COM PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO 
POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PARCIAL 
PROCEDÊNCIA.INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES.EMPRÉSTIMO 
CONSIGNADO E TERMO DE ADESÃO A CARTÃO DE CRÉDITO COM 
DESCONTO DE "RESERVA DE MARGEM" (RMC) DIRETAMENTE NO 
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO PELA DEMANDANTE. 
NULIDADE DO PACTO DECLARADA.RECURSO DA INSTITUIÇÃO 
FINANCEIRA. DEFENDIDA A LEGALIDADE DO CONTRATO. TESE 
AFASTADA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO QUE MERECE 
REPRIMENDA JUDICIAL AMPARADA NO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR. PACTO ANULADO. RETORNO DAS PARTES AO STATUS 
QUO ANTE MANTIDO.APELO DA AUTORA. RESTITUIÇÃO DOS VALORES 
PAGOS INDEVIDAMENTE QUE DEVE OCORRER NA FORMA DOBRADA. 
 
 
18 
EXEGESE DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DA LEGISLAÇÃO 
CONSUMERISTA. REFORMA DO DECISUM NA PARTE. DANOS MORAIS. 
ATO ILÍCITO CONFIGURADO. COMPENSAÇÃO PECUNIÁRIA DEVIDA. 
PRECEDENTES DESTA CORTE. QUANTUM COMPENSATÓRIO 
ARBITRADO DE ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO 
CASO. REDIMENSIONAMENTO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA EM RAZÃO 
DO RESULTADO DO JULGAMENTO.HONORÁRIOS RECURSAIS. 
MAJORAÇÃO DEVIDA. ART. 85, §§ 1º E 11, DO CPC/15. CRITÉRIOS 
CUMULATIVOS PREENCHIDOS (STJ, EDCL NO AGINT NO RESP 
1.573.573/RJ).RECURSO DA AUTORA CONHECIDO E 
PROVIDO. RECURSO DO BANCO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJSC, 
Apelação n. 5003982-73.2020.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina, rel. Jaime Machado Junior, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 
17-12-2020). 
 
Do acórdão se extrai: 
 
(...) conforme exaustivamente delineado neste decisum. Outrossim, nos 
termos do entendimento consolidado por esta Corte, o abalo moral em 
casos deste jaez é presumido. A propósito, corrobora-se as palavras 
do eminente Desembargador Guilherme Nunes Born proferidas em caso 
similar: [...] A sensação de menosprezo e de inferioridade com que 
foi submetido o consumidor ensejaram angústias além do dissabor 
cotidiano oriundo das relações em sociedade, haja vista que 
valores oriundos de sua subsistência foram manipulados e 
restringidos por ato ilícito do banco réu. [...](Apelação Cível n. 0310 
973-87.2017.8.24.0005, de Balneário Camboriú. Rel. Des. Guilherme 
Nunes Born, j, em 30.08.2018). 
 
Neste diapasão, consoante a atitude realizada pela instituição bancária, como também 
o pacífico entendimento sobre o tema, é medida imperativa o deferimento de 
indenização em favor da Autora, seja pelo ato ilícito cometido, seja como medida 
pedagógica e inibitória para que tais abusos sejam descontinuados pela primeira. 
 
Deferida a indenização, imperioso discorrer acerca do quantum indenizatório, posto 
que consoante o suso mencionado, além da reparação pelo ato realizado pela 
instituição bancária o valor deve ser, também, para coibir a reintegração da prática 
pela mesma. 
 
É cediço que “o quantum indenizatório deve ser fixado levando-se em conta os 
critérios da razoabilidade, bom senso e proporcionalidade, a fim de atender seu 
caráter punitivo e proporcionar a satisfação correspondente ao prejuízo 
experimentado pela vítima sem, no entanto, causar-lhe enriquecimento, nem estimular 
o causador do dano a continuar a praticá-lo.”. (Apelação Cível n. 0302945-
30.2016.8.24.0082, da Capital, rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, Terceira Câmara 
de Direito Comercial, j. 04-10-2018). 
 
Ainda, quanto a relação das partes, por certo que: 
 
O valor arbitrado, portanto, não poderá ser inexpressivo em alusão ao porte 
financeiro do banco demandado, tampouco exacerbado ao ponto de causar o 
enriquecimento sem causa do postulante. No caso em exame, tem-se de um 
 
 
19 
lado a autora qualificada como pensionista (evento 1 - petição inicial) e do outro 
uma das maiores instituições financeiras do país. (TJSC, Apelação n. 5003982-
73.2020.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Jaime 
Machado Junior, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 17-12-2020). 
 
Nesta senda, resta claro o poderio econômico da instituição bancária e, de outro lado, 
a Autora pessoa já de idade avançada que recebe parcos rendimentos oriundos de 
anos de trabalho e que é retirado sem qualquer pudor pela primeira. 
 
Assim, não como ser arbitrado um valor irrisório frente à criar na mente da instituição 
financeira sentimento de que “o errado compensa e é lucrativo”, tampouco trazer o 
sentimento de desrespeito ao dano promovido pela mesma. 
 
Neste norte, pugna-se pelo pagamento de indenização por danos morais em favo da 
Autora em valor não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) vez que, servirá como 
medida pedagógica e reparatória da ilicitude cometida pela instituição financeira. 
 
E, por conseguinte, insta frisar que no valor arbitrado deve incidir a correção monetária 
pelo INPC, à partir da data de prolação de sentença ou acórdão (súmula 362 do 
Superior Tribunal de Justiça), bem como os juros moratórios devem respeita a monta 
de 1% ao mês, a contar do evento danoso (data do primeiro desconto operado 
diretamente no benefício previdenciário da autora ou assinatura do contrato no caso 
de inexistência do primeiro), conforme preconiza a súmula 54 do Superior Tribunal de 
Justiça. 
 
De mesmo rumo a jurisprudência do Egrégio Tribunal Catarinense: 
 
Na hipótese em análise, trata-se de pessoa cujo benefício 
previdenciário perfaz a cifra de pouco menos de um salário mínimo 
mensal, enquanto que a responsável pela reparação é instituição 
financeira dotada de grande poder econômico com larga atuação 
no mercado creditício. Sopesando tais circunstâncias, 
principalmente em atenção ao caráter punitivo pedagógico da 
condenação, entende-se adequada a fixação do "quantum" 
indenizatório em R$ 10.000,00 (dez mil reais), corrigidos pelo INPC, 
a partir do presente arbitramento, e com incidência de juros de 
mora de 1% (um por cento) ao mês, desde o evento danoso 
(Súmulas 362 e 54 do STJ, respectivamente) [...]. (Apelação Cível n. 
0301650-54.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Des. Robson Luz Varella, 
Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 11-12-2018). 
 
Desta feita, é medida que se impõe a condenação da instituição bancária à indenizar 
a Autora, consoante os termos suso alegados. 
 
II.b.7 - DA TUTELA DE URGÊNCIA 
 
Diante da lesão ao direito da Autora, mister se faz o restabelecimento de seu direito, 
de imediato, conforme o todo alegado e documentos ora acostados. 
 
Dispõe o CPC: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver 
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao 
 
 
20 
resultado útil do processo”. 
 
No caso dos autos, conforme os extratos juntados à esta exordial têm-se que os 
descontos continuam sendo realizados e, assim, mês após mês, lesando a Autora. 
 
Outrossim, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, que origina o 
pedido liminar reside no fato de que os valores descontados trazem prejuízos à 
manutenção da subsistência da Autora, sem olvidar que o desconto é realizado no 
benefício desta, reconhecidamente verba de caráter alimentar o, que, por si só, já 
demonstra a grave lesão ocasionada pela instituição financeira. 
 
Assim, requer-se a concessão da tutela de urgência para determinar a imediata 
suspensão dos descontos relativos aos valores relacionado à Reserva de Margem 
Consignável (RMC), até decisão definitiva e, em caso de descumprimento desde já, 
requer, em caso de não cumprimento por parte da instituição financeira multa no 
importe de R$ 1.000,00 (hum mil reais) mensais até a retirada do desconto. 
 
III - DO DESINTERESSE NA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO 
 
A Autora, ainda, se manifesta a teor do que dispõe o artigo 319, inciso VII, do CPC, o 
seu desinteresse na designação e realização de audiência de conciliação, porquanto 
é consabidoque em casos análogos são infrutíferas os atos conciliatórios, bem como 
tratando-se de matéria relativa à direito requer-se, também, após apresentada a 
manifestação à contestação, o julgamento antecipado do feito. 
 
Entrementes, em caso de interesse em transigir no feito a instituição financeira pode 
formular proposta, por escrito, por ocasião da apresentação de contestação ou, 
mesmo, entrar em contato com os patronos da Autora. 
 
IV - DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto, requer: 
 
a) Seja concedido o benefício da Justiça Gratuita em favor da parte autora, 
observando o disposto no artigo 98, parágrafo 1°, incisos I ao IX, do CPC. 
 
b) Seja deferida a tramitação em carater preferencial em razão da parte autora 
ser pessoa idosa. 
 
c) Seja o feito analisado sob a ótica do CDC, deferindo-se a inversão do ônus da 
prova em desfavor da instituição financeira (art 6º, VIII). 
 
d) Que seja concedida a TUTELA DE URGÊNCIA para determinar a suspensão 
dos descontos relativos aos valores relacionado à Reserva de Margem Consignável 
(RMC), até decisão definitiva e, em caso de descumprimento. Desde já, requer, em 
caso de não cumprimento por parte da instituição financeira multa no importe de R$ 
1.000,00 (um mil reais) mensais até a retirada do desconto. 
 
e) Manifesta a parte autora o desinteresse na audiência de conciliação que dispõe 
o artigo 319, inciso VII, do CPC. 
 
 
 
21 
f) Seja determinada a citação da parte ré, para, querendo, apresentar resposta 
no prazo legal, sob pena das sanções legais. 
 
g) Seja deferida a produção de todas as provas em direito admitidas, nos termos 
do artigo 369 do CPC, em especial, a juntada de documentos, requisições de 
informação, perícia judicial, depoimento pessoal e oitiva de testemunhas. 
 
h) Ao final, julgar TOTALMENTE PROCEDENTE a presente demanda para: 
 
h.1) Declarar a nulidade do contrato de cartão consignado e determinar a sua 
consequente conversão à modalidade de empréstimo consignado; 
 
h.2) Limitar os juros remuneratórios a taxa média de mercado publicada à 
época da contratação, se mais favoráveis à parte consumidora; 
 
h.3) Determinar o cálculo do valor descontado até o efetivo cumprimento de 
sentença, em consonância ao delineado na presente peça e julgados, 
especialmente aquele constante nos autos de Apelação Cível nº 0301090-
05.2017.8.24.0042 (TJSC); 
 
h.4) Após, realizada (ou não) as compensações estabelecidas e, subsistindo 
saldo credor em favor da Autora, determinar sua repetição dobrada, como 
determina o artigo 42, parágrafo único, do CDC; 
 
h.5) Condenar a instituição financeira ao pagamento de indenização por danos 
morais, em valor não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), acrescido dos 
consectários legais (correção monetária pelo INPC, desde a sua determinação 
e súmulas 362 e 54 do Superior Tribunal de Justiça). 
 
i) A condenação da parte ré ao pagamento de custas processuais e honorários 
advocatícios nos termos do artigo 85, § 2o do Código de Processo Civil. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
 
Termos em que pede deferimento. Em 22/02/2021.

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