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CONCEPÇÕES TEÓRICAS NA PROPAGANDA Fernanda Lery Pereira Constante A estética na propaganda Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar estética. Analisar a estética visual e textual na criação da propaganda. Reconhecer as influências e o poder da estética na propaganda. Introdução Neste capítulo, você vai fazer uma viagem no tempo, entrando no mundo da filosofia e revisitando filósofos como Aristóteles e Platão, para conseguir entender alguns conceitos como estética, signos, semiótica e catarse. Veremos que conceitos vindos da Grécia antiga, apesar de revisitados e atualizados, estão muito presentes em nossa vida atual. Você vai entender o que é estética visual e textual e qual o papel desses dois conceitos na publicidade e na propaganda. Verá suas carac- terísticas, peculiaridades, singularidades, bem como a relação da publi- cidade com a propaganda e suas influências no indivíduo. Analisaremos também o papel, o poder e as influências da estética na propaganda e em nossa vida diária. Um assunto que engloba teoria, filosofia e história, mas que também continua fazendo parte da vida de todos nós, exercendo influência direta em nossas ações, atitudes e comportamentos de compra. Filosofia e estética Para entendermos o que é estética, vamos iniciar pela origem da palavra. A palavra estética se origina do grego aisthésis, que signifi ca percepção, sensação, sensibilidade e de ica que, por sua vez, signifi ca relativo a. Conceitualmente, estética é um ramo da fi losofi a que estuda o belo, os fundamentos da arte, bem como as reações, sensações, sentimentos e emoções que qualquer elemento pode causar nos indivíduos. A estética estuda também a ideia de obra de arte e criação, e ainda, a relação entre matérias e formas nas artes. A privação da beleza, ou seja, o feio, também faz parte do objeto de estudo da estética. Desde o início dos tempos, a estética e a beleza foram, inúmeras vezes, questionadas e estudadas por diversos filósofos. Cada um deles conceituando esses termos de forma própria e distinta. Para Platão, por exemplo, o belo fazia relação direta com o bom e o verdadeiro. O belo era colocado em um plano ideal, onde havia harmonia e proporção entre os elementos e onde tudo era perfeito. No entanto, esse conceito também ultrapassava o plano material. Na teoria platônica, a beleza suprema estava contida, principalmente, no campo das ideias. Platão se preocupava, ainda, com o lugar que o belo ocupava no mundo e defendia a ideia de que, para algo ser realmente belo, não deveria existir algum tipo de interesse no objeto. A beleza estaria simplesmente contida em si própria. Já para Aristóteles, a estética tinha como base dois princípios realistas: a teoria da imitação e a catarse. A teoria aristotélica contrariava a platônica no sentido de acreditar que a beleza era sim concreta e material, não abrangendo o campo do abstrato e das ideias. Além disso, Aristóteles afirmava que, para que se alcançasse uma estética artística bela, era necessário haver simetria, equilíbrio e seguir alguns conceitos de composição. Ele fazia então total relação da beleza com a ordem, harmonia e grandeza. Catarse É um termo com origem filosófica, originário da palavra kátharsis que, em grego, significa purificação pessoal, limpeza. Para Aristóteles, a catarse acontecia por meio de uma grande descarga de emoções e sentimentos que o indivíduo passava após ter contato com alguma forma de arte. Ele acreditava que vivenciando os dramas das artes e peças teatrais, por exemplo, o espectador conseguiria livrar-se dos seu próprios dramas e angústias. Com o crescimento do cristianismo no continente europeu, a ideia do belo acabou sendo muito vinculada a Deus. Dessa forma, era Deus que estabelecia e determinava uma forma suprema do bem e da beleza, transportando aos seres, por Ele criados, alguma forma de beleza. Foi no século XVII que o estudo da estética e do belo atingiu seu apogeu. O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel afirmou que a beleza era uma das armas mais poderosas que o homem possuía para superar seu trágico destino. Hegel classificava o destino humano como trágico, pois este vivia em A estética na propaganda2 uma realidade dividida entre dois extremos: um deles como sendo o mundo natural, onde estão as paixões e a sensibilidade que tornam o homem frágil, e o mundo perfeito das ideias. Para Hegel, o homem vivia atormentado por essa dicotomia e cabia à beleza da arte livrá-lo dessa contradição. Por meio das obras do filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgartem, em 1750, a estética ganhou autonomia como ciência, separando-se da lógica, da ética e da metafísica. Seu novo estudo considerava que a natureza era in- tencionalmente alterada pelas pessoas e, ao mesmo tempo, eram adicionados elementos sociais e de sentimentos a essa realidade, então, percebida. Nessa nova visão, o processo criativo estaria espelhado na própria atividade artística, o que contrariava o prévio entendimento e definição grega que avaliava a arte como imitação da realidade. Com o passar dos tempos, essas teorias foram mudando e absorvendo características com maior relatividade em relação ao belo. Seu amadurecimento se deu graças ao trabalho de Kant, na obra Crítica da faculdade do juízo (2012), onde afirmava haver um equilíbrio entre a compreensão e a imaginação, equilíbrio este que poderia ser captado por todo e qualquer indivíduo. Para ele, a beleza era algo objetivo, já o gosto individual, era a capacidade humana de julgar o belo. Este sim, caracterizado como subjetivo e sem lógica. Os juízos de gosto, para Kant, diferentemente dos juízos de conhecimento, não eram teóricos, nem dependiam de conceitos, sendo, portanto, subjetivos. Foi Kant também quem diferenciou o belo do sublime: para ele o belo tinha limitação, vinha da natureza e tinha forma de algum objeto. O sublime era o ilimitado, não portador de uma forma e pensado além da sua totalidade. Pensando em conceitos mais contemporâneos, temos obras do grande filósofo, escritor, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano Umberto Eco, que falam tanto a respeito da beleza (História da beleza, 2004), quanto da feiura (História da feiura, 2007). Para Eco, para se chegar ao belo era preciso que se percorresse um longo caminho pela interpretação. Atualmente, os conceitos de beleza e feiura estão muito presentes em nossa vida. Estão associados à beleza física (por sinal, muito cobrada), associados a padrões de comportamento e, consequentemente, muito discutidos. É impor- tante salientar que tais conceitos e padrões variam conforme a sociedade e a cultura nas quais estão inseridos, mas, mesmo assim, ditam regras e modas entre as pessoas, gerando efeitos na forma de nos relacionarmos com o próximo e nos posicionarmos dentro da sociedade como um todo. No entanto, mesmo tendo sua origem na filosofia, o conceito que cada pessoa tem de beleza pode demonstrar e revelar muito sobre suas formas de ser, de ver e levar a vida. O que buscam, e o que veem em relação ao belo, tratando este como referência 3A estética na propaganda ao amor, como objeto artístico ou como tantos outros objetos, atitudes e sentimentos que nos cercam. Com todo esse significado e interferência na vida das pessoas, como você vê a questão da estética do belo no mundo da propaganda? Realmente não é um trabalho fácil para os profissionais do marketing e da propaganda lidar com conceitos tão subjetivos e, ao mesmo tempo, ter que persuadir e conven- cer milhares de pessoas com juízos de gostos tão diferentes a comprar um produto ou usufruír de um determinado serviço. A estética, o belo e a feiura são elementos de trabalho no design, na publicidade e na propaganda. A estética na propaganda Quais são os elementos que a publicidade, a propaganda e o marketing utili- zam para trabalhar a estética, o belo e persuadir os consumidores? Se formos analisar qualqueranúncio, material gráfi co, material digital, comercial de TV, ou qualquer tipo de mídia, veremos que trabalham com imagens e textos, lin- guagem verbal e não verbal. Mas, o que a imagem e os textos têm em comum? O que os une? Tanto as imagens, quanto os textos, são signos! Vamos entrar agora em uma série de conceitos para que possamos entender, com clareza, a presença, a importância, o papel e a relação das imagens e dos textos na propaganda. O que são signos? Signos são os códigos visuais ou textuais, os elemen- tos representativos de uma língua ou cultura. São códigos materiais que representam alguma coisa. Trazendo esse conceito para a propaganda, se pensarmos em um layout, os signos serão todos os elementos que o compõe: os personagens, as cores, as ilustrações, os textos, os modelos, os slogans, as perspectivas, e tudo o mais que o compuser. Cada signo, por sua vez, tem um significante e um significado. O significante é o que percebemos através do signo. É seu elemento tangível. Já o significado é o conceito, o que ele, realmente, significa. Por exemplo: se falarmos ou lermos a palavra “cadeira”, esse som ou essa imagem da palavra escrita são os significantes de um só significado - o conceito em si, de uma cadeira (objeto feito para sentar). Logicamente, existe uma ciência que estuda todos esses signos e ela tem um nome: semiótica. A semiótica abrange o estudo de todos os elementos que representam algum significado para o ser humano e isso inclui elementos da linguagem verbal e não verbal. Ela busca entender ainda como o ser humano interpreta tudo isso e também o ambiente que o envolve, estudando como cada pessoa atribui um significado a tudo que a rodeia. A origem da semiótica é A estética na propaganda4 bastante antiga, vem desde os tempos da filosofia grega e, até chegar aos dias de hoje, já passou por muitas mudanças e atualizações. Mas, por envolver o estudo dos signos, essa disciplina está presente e transita entre muitas áreas e não fica difícil imaginar que a comunicação é uma delas. A publicidade e a propaganda trabalham em cima do uso de signos verbais e não verbais para realizar qualquer tipo de comunicação. Sendo assim, a semiótica, a publicidade e a propaganda possuem uma ligação muito estreita sendo, as primeiras, objetos de análise e estudos da semiótica e podendo, inclusive, auxiliar na descoberta de ferramentas e mecanismos mais apropriados para serem trabalhados pela linguagem publicitária. Para Souza e Santarelli (2006, apud FERREIRA; SANTANA, 2013), os estudos voltados para a análise da imagem em anúncios publicitários iniciaram- -se com o francês Roland Barthes, no ano de 1964. Segundo os autores, Barthes foi o primeiro investigador a pensar em um anúncio impresso como algo a ser investigado, apresentando denotações e conotações das imagens utilizadas, analisando as funções de linguagem e fazendo um estudo com o cruzamento entre o uso de imagens e o texto. Hoje, a semiótica está nas universidades e, por já ser uma ciência bastante conhecida e reconhecida, o estudo dos signos visuais e textuais é rotineiro. E a propaganda, conhecendo o assunto com profundidade, faz uso da semiótica no momento da criação de suas peças. Uma determinada cor não está ali por acaso, uma certa expressão ou elemento visual também não. Tudo tem um sentido, uma razão e um objetivo final: conquistar e convencer o consumidor a comprar um produto ou usufruir de um serviço. Imagem A palavra imagem vem do latim imago e significa representação visual de um objeto ou de uma pessoa. Tem relação com algo que não necessariamente remeta ao visível, mas que toma emprestado alguns traços do visual. Além disso, uma imagem é extre- mamente dependente de um sujeito que a decodifique e reconheça, não existindo, portanto, sem a presença e participação deste. Uma imagem tem um sentido próprio, ela é uma mensagem visual e, portanto, caracteriza-se como uma linguagem. Sendo, então, uma linguagem, 5A estética na propaganda uma imagem é um instrumento de comunicação e de expressão, assim como os textos falados ou escritos. Nem sempre o que se pretende comunicar (incluindo aqui tanto a linguagem verbal como a não verbal) é percebido, pelo receptor, da forma como o profis- sional de criação espera. Muitas vezes a comunicação pode não agradar. E isso não é algo apenas subjetivo, que dependa apenas do gosto do receptor. Essa reação, aceitação ou não aceitação, depende de padrões culturais previamente definidos, que estejam disponíveis a todos e que sejam de conhecimento do emissor da mensagem. A escolha dos elementos textuais e visuais, por parte de um profissional de criação, nem sempre corresponde aos padrões e à preferência do receptor. Tal situação apenas nos comprova que, para uma conclusão eficaz em um processo de comunicação (publicitária ou não), é preciso que haja uma relação de reciprocidade e de empatia entre emissor e receptor, ou seja, o emissor precisa colocar-se no lugar e assumir o papel ativo do receptor. Só assim aumentará as chances de atingir sucesso com seu anúncio ou com o que quer que esteja querendo comunicar. A relação entre imagem e texto Para o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard (1993, apud JOLY, 2007, p. 135), “[...] palavra e imagem, é como cadeira e mesa: para estar à mesa necessitamos das duas”. Essa analogia nos mostra que, apesar da especifi cidade de cada signo (palavra e imagem), eles se completam e têm necessidade um do outro para serem efi cazes. Nesse sentido, veremos aqui, então, as relações existentes entre texto e imagem, baseadas em Santaella e Nöth (1997). Tais relações podem acontecer da redundância à discrepância e são descritas a seguir. Relação de redundância: se apresenta quando o visual complementa o verbal, quando os dois apresentam-se de forma semelhante e comunicam a mesma informação. São os casos de ilustrações em livros, que estão ali para ilustrar ou complementar o que já aparece na forma textual. O visual é colocado como uma forma “inferior” ao textual. Relação de informatividade: ocorre quando a imagem informa mais que o texto, ou seja, o visual domina o verbal. Como exemplos temos os manuais explicativos. Nesse caso, o visual é tido como “superior” ao textual. A estética na propaganda6 Relação de complementariedade: aqui visual e textual possuem o mesmo grau de importância, completam-se. Não são redundantes, apenas o visual completa o verbal e vice-versa. Relação de discrepância ou contradição: como o próprio nome já diz, nesse tipo de relação os conteúdos visual e verbal estão em situação de discrepância, contradizendo-se. Segundo a tipologia de Mitchell (1986), existem cinco tipos de imagem: as imagens gráficas (esculturas, pinturas e desenhos), as imagens óticas (espelhos e projeções), as imagens perceptíveis (fenômenos e ideias), as imagens mentais (sonhos, fantasias e ideias) e as imagens verbais (descrições e metáforas). É importante falarmos também a respeito da linguagem verbal, pois ela é responsável pelo lado psicoemocional do indivíduo, já que afeta o estado de ânimo, bem como as emoções. É a linguagem verbal também que, na realidade, é responsável por determinar a impressão de verdade ou de falsidade de uma imagem ou de uma mensagem visual. Uma imagem não é considerada verda- deira ou falsa por aquilo que ela representa, mas sim por causa daquilo que nos é dito ou escrito em relação ao que ela representa. Se nós mesmos admitirmos o comentário da imagem como verdadeiro, a julgaremos como verdadeira, mas, se não o aceitarmos, a julgaremos como falsa. É importante salientar que essa situação tem dependência direta com a expectativa do receptor. Outro ponto importante a ser levantado aqui, é que o texto de um anúncio ou de qualquer material gráfico publicitário também precisa de uma estética visual. Também precisa ser agradável e atraente ao receptor. Por exemplo: o diretor de arte precisa definir tamanhos de fonte, tiposde fonte, proporção e disposição das informações, o uso e escolha correta das cores. Um anúncio, primeiramente, chama a atenção pelo seu visual e depois pelo seu conteúdo. Se, visualmente, o receptor não se interessar pela peça apresentada, nem mesmo vai ter interesse em se aprofundar sobre o que estamos falando ou divulgando. Isso significa que a estética visual não está vinculada apenas ao uso de uma imagem, mas também ao visual como um todo e ao que estamos querendo comunicar. 7A estética na propaganda Estética e poder Podemos dizer que vivemos hoje em uma sociedade formada por uma diver- sidade multimídia de linguagens. Estamos rodeados de imagens e estímulos visuais e sensoriais por todos os lados. Estamos vivendo uma rotina onde o mundo virtual está claramente sobreposto ao real e somos também infl uen- ciados por imagens e diversos tipos de conteúdo. Nesse sentido, sem mesmo sair da nossa casa, sem precisar ligar a TV ou abrir o jornal. A propaganda acompanha-nos pelas ruas, por toda a nossa rotina diária, em nossos pequenos aparelhos de telefone celular. Diante desse turbilhão de informações e do crescimento da concorrência, a propaganda precisa, cada dia mais, trabalhar de forma criativa para chamar a atenção dos seus consumidores e para fazer com que aquele produto seja escolhido em relação a um outro, da concorrência. E mais, não estamos falando apenas em concorrência entre produtos “iguais”, apenas de marcas diferentes. Com a crise que nosso país está vivendo, uma ida ao cinema concorre com uma roupa nova. Um pacote de viagem para a família, concorre com aquele anúncio de um carro com cheirinho de novo. Produtos diferentes concorrem entre si, mas, qual deles vai ganhar a briga? Aquele que melhor persuadir! Aquele que convencer o consumidor de que o que ele está apresentando vai satisfazer mais que outro à necessidade atual, ou àquele desejo latente pois, como sabemos, uma decisão de compra faz muito mais uso de nosso lado emocional do que do nosso lado racional. Mas onde quero chegar com essas informações, que podem até parecer óbvias a você? Justamente no que vamos tratar neste capítulo: no poder da estética. Ela tem grande parte do poder daquele produto ser escolhido pelo consumidor, em detrimento de tantos outros também comunicados, mesmo que estejam expostos ou anunciados ao seu lado. A imagem e o poder das marcas Com o passar dos anos, as marcas começaram a ser valorizadas não só por seus atributos físicos, mas também por uma cadeia de signifi cados e um conjunto de valores que elas simbolizam: os sonhos, as ideias e os valores que representam, a forma como se comunicam e, inclusive, pelos atributos como missão, visão e valores da empresa que as produzem. Podemos dizer que as marcas são reconhecidas ou valorizadas através de uma identidade própria, que assumem perante os consumidores. Nesse sentido, a estética e “o belo” devem estar presentes em todos esses itens e, não apenas na apresentação física dessa marca, na forma do seu logotipo. Isto para que possam persuadir A estética na propaganda8 os consumidores em todos os sentidos e não apenas no físico, ou no visual, que remete à sua apresentação. Qual o objetivo desse envolvimento total? Fazer com que o consumidor tenha plena certeza das suas decisões. Dessa forma, se uma marca representa um conceito, uma identidade, as marcas que consumimos podem dizer muito sobre quem somos. E é justa- mente isso que pode fazer uma marca ser tão desejada por um indivíduo, por representar características, conceitos ou estilos de vida dos quais ele quer ser identificado ou reconhecido, por demonstrar satisfazer suas necessidades ou desejos sociais ou culturais. Um exemplo disso é uma bolsa Louis Vuitton, ou mesmo um automóvel Porsche. Os dois, cada um em sua proporção, sim- bolizam status. Por outro lado, temos que pensar que ter um produto de qualidade é de suma importância, no entanto, seu sucesso depende, em grande parte, da boa propagação de sua imagem. É bastante comum uma marca com melhor qualidade e menor preço vender menos que uma marca concorrente de menor qualidade e de preço mais elevado. Isso por que? Pela forma como esta segunda se comunica. Pela forma como ela se vende e aí está, mais uma vez, o poder da estética. De como aquela marca “aparenta” ser. De como ela está consolidada na mente do consumidor e não de como ela realmente é. Você quer ver bons exemplos do poder da estética na propaganda? Vou relatar aqui algumas características de produtos e de sua comunicação visual e vamos ver a qual marca você as remete. Garrafa de refrigerante, com uso predominante da cor vermelha; marca vinculada à tecnologia que faz o uso de uma maçã; marca esportiva que tem em seu logotipo três linhas retas paralelas; marca de postos de gasolina que faz referência a uma concha; marca que tem como slogan “energia que dá gosto”; marca que tem como posicionamento a frase “amo muito tudo isso”. Você respondeu Coca-Cola, Apple, Adidas, Shell, Nescau e McDonalds? Pois então aí estão seis exemplos da importância, do poder e do bom uso da estética visual e textual. Tais marcas, através de seus logotipos, sua comunicação e sua forma de divulgação, ocuparam um lugar especial na sua memória, não precisando de esforço algum para serem lembradas. Podemos concluir, então, que a estética na propaganda exerce um poder enorme em nosso emocional e também em nosso racional. Muitas vezes so- mos impactados de forma subliminar, mas, outras vezes de forma totalmente consciente. O que interessa, é que essas marcas ocupam um espaço não só em nossa cabeça, mas também em nossos atos de consumo. A estética, tanto visual, quanto textual, é um poderoso aliado das vendas na propaganda e na publicidade. Por esse motivo, ela deve ser trabalhada sobre todos os ângulos pelos profissionais criativos na publicidade, na propaganda e no marketing. 9A estética na propaganda ECO, H. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2004. ECO, H. História da feiúra. Rio de Janeiro: Record, 2007. FERREIRA, R. M. C.; SANTANA, D. O. A semiótica aplicada à publicidade: um estudo sobre diferentes anúncios impressos da marca de cosméticos Seda. Signos do Consumo, v. 5, n. 1, p. 117-127, 2013. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/signosdoconsumo/ article/view/70467/73241>. Acesso em: 14 dez. 2018. GODARD, J.-L. Ainsi parlait Jean-Luc. Fragments du discours d’um amoureux des mots. Télérema, n. 2278, 8 sept., 1993. JOLY, M. Introdução à análise da imagem. Lisboa, PO: Ed. 70, 2007. 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