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Estética Artística

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
UNIDADE 1 – ESTUDO DOS FUNDAMENTOS DA ESTÉTICA E DA FILOSOFIA 
DA ARTE .................................................................................................................... 6 
1.1 Concepções de Filosofia .................................................................................... 6 
1.2 Problemas da Filosofia ...................................................................................... 8 
1.3 Estética como disciplina filosófica / Filosofia da Arte ....................................... 13 
UNIDADE 2 – INTRODUÇÃO À REFLEXÃO ESTÉTICA, POÉTICA E CRÍTICA 
SOBRE A OBRA DE ARTE ...................................................................................... 19 
UNIDADE 3 – DISCUSSÃO SOBRE O CONCEITO DE BELO, PRAZER ESTÉTICO
 .................................................................................................................................. 23 
3.1 O belo em parábola – começo de conversa .................................................... 23 
3.2 O belo de Platão a Hegel ................................................................................. 25 
3.3 Atitudes cotidianas do ser humano: foco na estética ....................................... 29 
3.4 O prazer estético em Jauss ............................................................................. 33 
3.5 Características formais para a definição do belo ............................................. 35 
UNIDADE 4 – FUNÇÃO SOCIAL DA ARTE E QUESTÕES RELACIONADAS À 
PRODUÇÃO, RECEPÇÃO E CIRCULAÇÃO DA OBRA DE ARTE EM 
DIFERENTES CONTEXTOS HISTÓRICO-CULTURAIS .......................................... 40 
4.1 Os níveis de função social da arte ................................................................... 44 
4.2 A função social da arte na educação escolar .................................................. 45 
4.3 Produção, recepção e circulação da obra de arte em diferentes contextos 
histórico-culturais ................................................................................................... 48 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51 
 
2 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
Numa acepção simplista, a priori podemos definir estética como uma 
compreensão baseada nos sentidos, ou seja, compreender o mundo pelos sentidos 
e, mais, interpretar simbolicamente o mundo. 
Arte, cultura e Filosofia se entrelaçam e juntas elas nos levam a 
compreender muito das vivências interiores e exteriores do ser humano e do mundo 
que o rodeia com toda sua riqueza de animais, vegetais, sentimentos e emoções e 
suas respectivas lógicas. 
A Arte nos mostra ideias e situações através do ponto de vista do artista nos 
levando para a cultura que ajuda a entender os comportamentos sociais que, por 
sua vez, nos leva para a Filosofia que contribui para refletirmos mais profundamente 
sobre as questões do nosso tempo, que fecha o ciclo nos levando novamente para a 
Arte. 
Assim, podemos dizer que a finalidade da Filosofia é tornar as coisas mais 
aprofundadas, mesmo que se tornem de um entendimento mais difícil, é suspeitar lá 
onde ninguém desconfia, é provocar angústia lá, onde tudo parecia transparente, 
seguindo caminhos sinuosos, partilhados pela própria realidade que é o eu, o outro 
eu e o mundo da natureza (ARANHA; MARTINS, 1986; CHAUÍ, 1995). 
A Filosofia nos chama a assumir uma posição diante do fato de no mundo do 
homem, a ter a coragem de enfrentar com toda a lucidez o anti-humano, de aceitar o 
desafio do irracional para talvez torná-lo racional. Mas a Filosofia nos lembra 
também que todo homem é Sísifo, falando a recomeçar eternamente a procura de 
respostas ao questionamento que lhes é natural, que faz parte do ser humano 
(GILES, 1984). 
Não há, portanto, como falar em Estética sem citar Filosofia a todo o 
momento. 
Conhecida como Filosofia da Arte, a estética é o estudo da forma ideal ou da 
beleza! 
Estética (percepção, sensação) é um ramo a Filosofia que tem por objeto o 
estudo da natureza do belo e dos fundamentos da Arte. Ela estuda: 
• o julgamento e a percepção do que é considerado belo; 
3 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
• a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, 
• as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; 
• a ideia de obra de arte e de criação; 
• a relação entre matérias e formas nas artes. 
Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da beleza, ou 
seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo. 
A publicação da obra Aesthetica do filósofo alemão Baumgarten, por volta de 
1750, levou a estética a adquirir autonomia como Ciência, destacando-se da 
metafísica, lógica e da ética. A nova abordagem do autor permitia aos artistas 
alterarem a natureza, adicionando sentimentos à realidade percebida, 
compreendendo, então, de outra forma, o prévio entendimento grego clássico que 
entendia a Arte principalmente como mimesis da realidade. 
 
Figura 1: Aesthetica, Baumgarten (1750). 
 
Na Antiguidade – especialmente com Platão, Aristóteles e Plotino – a 
estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro 
formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançada 
identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. 
Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de 
outros ramos filosóficos, o que está claro na obra de Baumgarten. 
4 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Pauli (1997) nos coloca que no âmbito do Belo, dois aspectos fundamentais 
podem ser particularmente destacados: 
• a estética iniciou-se como teoria que se tornava ciência normativa às custas 
da lógica e da moral – os valores humanos fundamentais – o verdadeiro, o 
bom, o belo. Centrava em certo tipo de julgamento de valor que enunciaria as 
normas gerais do belo; 
• a estética assumiu características também de uma metafísica do belo, que se 
esforçava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis: 
reflexo do inteligível na matéria (Platão), manifestação sensível da ideia 
(Hegel), o belo natural e o belo arbitrário (humano), entre outros. 
Mas este caráter metafísico e, consequentemente, dogmático da estética 
transformou-se posteriormente em uma Filosofia da Arte, na qual se procura 
descobrir as regras da Arte na própria ação criadora (Poética) e em sua recepção, 
sob o risco de impor construções a priori sobre o que é o belo. Neste caso, a 
Filosofia da Arte se tornou uma reflexão sobre os procedimentos técnicos 
elaborados pelo homem, e sobre as condições sociais que fazem um certo tipo de 
ação ser considerada artística (PAULI, 1997). 
A estética também possui um sentido amplo, ou acepção ampla, em que 
estuda, além do sentimento estético, ainda o belo e a arte, que são os principaiscausadores desse apreciável sentimento. A denominação tomada neste sentido 
amplo reúne três assuntos com peculiaridades semelhantes, sem, contudo, se 
unirem numa só disciplina de saber. 
Separados os três planos ou três áreas inconfundíveis, eles ficariam 
assim: 
• o sentimento estético se mantém como capítulo da Psicologia; 
• o belo, quando entendido como a perfeição em destaque, é um capitulo da 
Ontologia; 
• da arte se ocupam as ciências formais, a saber, a Filosofia da Arte e a 
tecnologia da Arte (PAULI, 1997). 
Simplificando, a estética estuda o sentimento estético e os objetos que o 
produzem, tais como o Belo e a Arte. Se for reduzido ao estudo de belo, a estética 
estuda o belo e sua propriedade de produzir o sentimento estético. E reduzindo ao 
5 
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estudo da arte, a estética investiga a arte e sua propriedade de agrado estético 
(PAULI, 1997). 
 
Figura 2: Arte. 
 
Quando se trata do “belo” e do prazer estético, podemos inferir que as 
discussões são muitas, em várias direções, sem muitos consensos, haja vista o 
ditado popular: “quem ama o feio, bonito lhe parece”! 
Pois bem, estética, Filosofia, belo, prazer, função social da Arte e problemas 
relacionados à produção, recepção e circulação de obras de arte em diferentes 
contextos históricos culturais fazem parte das reflexões deste módulo. 
Desejamos boa leitura, mas antes duas observações se fazem necessárias: 
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa 
ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença 
para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para 
que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das 
ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se 
tratando, portanto, de uma redação original. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir 
para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 
6 
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UNIDADE 1 – ESTUDO DOS FUNDAMENTOS DA ESTÉTICA 
E DA FILOSOFIA DA ARTE 
 
1.1 Concepções de Filosofia 
Filosofia, do grego Filosophia: philos – amor, amizade + sophia – sabedoria) 
é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, 
discussão, formação e reflexão de ideias (ou visões de mundo) em uma situação 
geral, abstrata ou fundamental. 
Marilena Chauí (2000) em seu convite à Filosofia é extremamente didática 
para nos explicar pontos essenciais ao entendimento da mesma. 
Vejamos: 
A Filosofia originou-se da inquietação gerada pela curiosidade humana em 
compreender e questionar os valores e as interpretações comumente aceitas sobre 
a sua própria realidade. As interpretações comumente aceitas pelo homem 
constituem inicialmente base e fonte de todo o conhecimento. Essas interpretações 
foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram 
inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência 
das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em 
conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como 
aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada 
relação humana. 
A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as 
inquietações que assolam o campo das ideias e utiliza-se de experimentos para 
interagir com a sua própria realidade. Assim, a partir da inquietação, são 
organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias 
agregadas ao conhecimento humano. 
 
Contudo, o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se 
suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o 
campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto na 
sua ampliação. Neste contexto, a filosofia surge como “a mãe de todas as Ciências”. 
Resumindo: a Filosofia consiste no estudo das características mais gerais e 
abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
� mente (pensar); 
� matéria (o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo); 
� razão (lógica), demonstração e verdade. 
Segundo a mesma autora, há três formas de se conceber a Filosofia: 
1º) Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais Ciências são 
parte dela. Dominou na Antiguidade e Idade Média. Sua característica principal é a 
negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, 
produzindo estas um saber imperfeito, provisório. Um conhecimento é filosófico ou 
não é conhecimento. Desse modo, o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo 
às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia 
trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos. 
Chauí também cita uma afirmativa de Hegel: “uma coisa são o processo de origem e 
os trabalhos preparatórios de uma ciência e outra coisa é a própria ciência.”. 
2º) Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar 
e unificar seus resultados. Bacon atribuiu à Filosofia o papel de ciência universal e 
mãe das outras ciências. Todo o iluminismo participou do conceito de Filosofia como 
conhecimento científico. 
3º) Crítica: a Filosofia é juízo sobre a Ciência e não conhecimento de 
objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, 
condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a Filosofia não 
aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada propriamente de 
“conhecimento”. 
Platão é quem inicia esta nova linguagem, a Filosofia como a conhecemos, a 
busca da essência, a Ontologia dos conceitos universais em detrimento do 
conhecimento vulgar e sensorial. Anteriormente a ele, a Filosofia era discursada por 
sábios, era o amor pela sabedoria daqueles que haviam experimentado a própria 
ignorância, conceito, ao que parece, atribuído por Pitágoras. 
Por muito tempo, a Filosofia concebia tudo o que era conhecimento, basta 
ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange desde a Física até Ética. Ainda hoje, é 
difícil definir o objeto exato da Filosofia. 
Mas, como objetos próprios, podemos citar: 
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a) Metafísica: concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do 
conhecimento do ser (Ontologia), do que transcende o sensorial e também daTeologia. 
b) Epistemologia: estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria Ciência e de 
como seria possível a apreensão deste conhecimento. 
c) Ética: para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria 
como devemos viver e agir. 
d) Estética: a busca do belo, seu conceito e questões. O entendimento da Arte. 
e) Lógica: a busca da verdade, sua questão, a razão (CHAUÍ, 2000). 
 
1.2 Problemas da Filosofia 
Filosofar é uma atitude natural do homem (GILES, 1984): 
� a minha experiência depende da existência do outro, e a nossa existência (a 
minha e a dele) estão inseridas na natureza, o que para a Filosofia é 
justamente entender a evidência e o sentido profundo dessas realidades (do 
eu, do outro, da natureza); 
� filosofar é uma busca criativa de soluções e questões que, por sua natureza, 
não encontram solução definitiva. A Filosofia nos convoca a procurar 
certezas, fundamentando-as em bases sólidas, apesar das ambiguidades e 
dificuldades que a realidade apresenta, ou mesmo, até por causa delas; 
� Sócrates nos mostrou que o ato de filosofar e os atos de viver são 
inseparáveis, também nos ensinou que a atitude de filosofar só pode começar 
quando reconhecemos que nada sabemos; 
� a atitude filosófica nunca espera encontrar soluções já prontas, já inseridas 
nestas realidades. A Filosofia é a procura incansável e constante da evidência 
do sentido; 
� a Filosofia exige a volta constante à fonte de todas as ideias, ou seja, ao 
mundo vivido e a nós mesmos. Ela ensina o homem a evitar a armadilha que 
consistiria em se fechar no mundo da introspecção, num mundo todo “seu”. A 
Filosofia nunca se confunde com a ideologia e muito menos com a 
mistificação; 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
� a Filosofia nos incita e nos desafia a manter um constante contato com todos 
os fatos e todas as experiências, numa atitude radical de olhar crítico, e com 
esse radicalismo, numa verdadeira renúncia. 
 
Mas como surgem os problemas filosóficos? 
Aristóteles explica que os problemas filosóficos têm suas origens no 
espanto, na inquietação e perplexidade que os homens sentem diante de uma 
realidade que desejam entender. Nenhum problema filosófico, entretanto, é isolado 
ou independente de uma rede de conjunto de problemas que refletem a 
interdependência entre o eu, o outro e o mundo da natureza. 
Abaixo temos uma pequena lista de problemas que a Filosofia ajuda a 
solucionar. Vejamos: 
 
a) O problema da classificação 
Toda afirmação, como também toda negação, implica, de duas, uma: ou em 
colocar um indivíduo ou um objeto dentro de uma classe de indivíduos ou objetos, 
ou se detectar a incompatibilidade do indivíduo ou do objeto com a classe. 
Exemplo: Marcos é homem, quer dizer colocar um indivíduo; Marcos, dentro 
da classe que tem por característica a animalidade racional, ou seja, a classe 
“homem”. Por outro lado, a proposição: Marcos não é cavalo, nega a presença de 
Marcos à classe dos cavalos. 
 
b) O problema da mudança e da estabilidade 
Esse problema surge do aparente conflito entre a experiência sensível (que 
afirma a realidade da mudança, do movimento, de transformações) e a razão, que, 
mesmo admitindo a mudança, afirma a presença de algo que permanece estável e 
inalterável através da mudança. 
Exemplo: Eu tenho a impressão de ser fundamentalmente a mesma pessoa 
que nasceu vinte ou mais anos atrás, apesar de todas as modificações e 
transformações fisiológicas e psicológicas pelas quais passei. Essa impressão tem 
algum fundamento? Ou trata-se simplesmente de uma ilusão? 
 
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c) O problema das essências 
Entende-se por essência aquilo que todos os membros de determinada 
classe de indivíduos compartilham ou tem em comum, exemplo: todos os homens 
têm em comum essência à animalidade racional. 
O problema agir: valores e liberdade. 
A liberdade existe ou não? E se existe, qual o sentido a dar a esta palavra? 
 
d) O problema do gosto na Arte 
Todos nós temos as nossas preferências por este ou aquele tipo de música, 
esta ou aquela peça musical; em se tratando do problema da sociedade justa, 
Aristóteles já definia o homem como um animal político, aquele que não vive 
sozinho, mas precisa de seus semelhantes para existir e para realizar-se como 
pessoa. 
 
e) O problema da comunicação: a linguagem 
O fato da necessária convivência do homem com seu semelhante provoca a 
necessidade de comunicação. O problema do passado e da sua influência no 
presente. A Filosofia afirma que cada um de nós é a soma das suas experiências 
passadas. 
 
f) A questão do método na Filosofia, o significado e finalidade 
A meta da razão é a compreensão da realidade. Conforme René Descartes, 
a razão, ou seja, o bom-senso é a coisa mais compartilhada do mundo. O poder de 
bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina 
o bom senso e a razão, é normalmente igual em todos os homens. A diversidade de 
nossas opiniões não provém do fato de uns serem mais racionais do que outros, 
mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não 
considerarmos as mesmas coisas. 
Se a evidência estiver a favor do meu juízo, deve mantê-lo, se estiver contra, 
eu devo rever a minha posição ou rejeitá-la. E, no caso de não haver evidência, nem 
a favor ou contra, devo assumir a atitude de dúvida, ou suspender o juízo. 
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O método que surge como resultado da dúvida hiperbólica, a realidade só 
comporta dois valores: o verdadeiro ou falso. Descartes coloca como duvidoso e, 
portanto, falso, tudo o que pensamos conhecer. Não posso duvidar do fato de que 
eu estou duvidando. E é nesse fato que Descartes encontra o “ponto de 
Arquimedes”, que lhe dará a possibilidade de afastar tudo o que poderia motivar a 
menor dúvida. Duvidar, afirmar, negar, conhecer, sentir, todos estes atos são 
sinônimos e revelam a evidência da existência do eu pensante. 
Podemos ainda falar do método da dialética, da Fenomenologia, da análise 
linguística e estruturalista. O método da dialética é uma realidade do mundo, do 
homem e da história que ressalta o desenvolvimento através da luta. 
Tanto para Marx como para Hegel, o método da dialética é o único meio de 
compreender o mundo real. Para Marx, nesse processo, nada substitui o contato 
com o mundo objetivo material de que toda a análise deve ser feita em função desta 
sua característica fundamental. 
A realidade que o método da dialética analisa (desmembra para melhor 
entender) e reconstrói (pois se trata de um todo que desmembramos 
conceitualmente, em termos de ideias, para melhor entender) é sempre uma 
realidade concreta, palco de movimentos e realizações constantes. 
A dialética nos revela as contradições histórico-sociais. Trata-se de 
transformar o mundo e não de simplesmente limitar-se a interpretá-lo. As ideias são 
resultado da prática e do contato do homem concretocom o mundo material. 
O método da dialética será o método da revolução, que por sua vez será o 
resultado da dialética da luta de classe entre os que possuem os meios de 
produção, a classe capitalista, e os que nada possuem além da força de trabalho 
que vendem pelo preço mais barato à classe capitalista (a classe proletária). 
A Fenomenologia como método tem por intuito primeiro elaborar uma 
descrição rigorosa da realidade. Husserl chama de fenômeno aquilo que se oferece 
à minha observação intelectual, isto é, a observação pura. Para poder chegar a esta 
observação pura, é necessário deixar de lado todas as ideias preconcebidas; o que 
o método fenomenológico exige é que se inicie a partir daquilo que serve 
diretamente, quando a pessoa não deixa desviar do fenômeno. 
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 O método fenomenológico ensina-nos a ver e a viver a realidade do eu, do 
outro e do mundo da natureza, de modo diferente, no seu significado, na sua 
evidência radical, na sua essência. 
O método da análise linguística pretende preparar o instrumento adequado 
para que a Filosofia se torne possível e praticável. Às vezes, para expressar o 
significado de uma palavra ou de uma expressão, basta indicar um sinônimo, ou 
quase um sinônimo. 
O método de análise estruturalista insiste em manter a máxima fidelidade 
aos fatos, pois são estes que devem orientar a formulação de normas e símbolos 
abstratos. 
Este método realça o homem como criador dos sentidos num processo 
dinâmico de criação. A análise estruturalista refaz conscientemente o caminho que o 
homem seguiu para realizar este ato criativo num mundo inteligível, interrogante, 
falante e silencioso. 
Para irmos fechando nossas reflexões acerca da Filosofia como ponto de 
partida para a Filosofia da Arte, precisamos lembrar que é pelos seus caminhos que 
chegaremos à premissa de um “poder e dever pensar” com a finalidade de 
sondarmos o que é o seu, o eu e o do outro da natureza. 
A Filosofia propôs-se a sondar aquilo que permanece fundamentalmente 
velado, o problema do homem! 
 O problema do homem apresenta-se como uma situação de fato, definido 
pela civilização e a realidade em que ele se encontra concretamente. Em última 
análise, todas as formas do saber são solitárias, é preciso lembrar que as Ciências 
são formulações humanas, maneiras, instrumentos que o homem inventa para poder 
entender melhor a si próprio, o outro, o mundo. Ambos os esforços (Ciência e 
Filosofia), são indispensáveis e se complementam mutuamente em benefício do 
próprio homem que as formula. 
Toda Filosofia é também reflexão sobre alguma realidade mostrando a 
dependência do espírito face ao fato. Toda teoria, toda explicação científica supõe, 
inevitavelmente, uma experiência humana do mundo vivido da percepção, através 
de uma série de intermediários que a análise pode revelar. O saber científico é 
necessariamente uma explicitação de um momento na experiência do mundo vivido. 
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O cientista recolhe fatos, constrói modelos ideais desses fatos com a 
finalidade de os entender melhor. Ele não se limita a simplesmente registrar fatos, 
ele escolhe e interpreta. 
 
Guarde... 
A compreensão filosófica e a compreensão científica fundam-se no fato de 
que o homem não se reduz a um simples objeto de espaço como o objeto físico. Ele 
é, entre outras coisas, o animal que é curioso, que investiga, enfim, que deseja 
saber o porquê de toda a existência, inclusive da sua. 
 
1.3 Estética como disciplina filosófica / Filosofia da Arte 
O conceito de estética, ao longo da história, foi incorporando imposição de 
uma estética ocidental, universalista, produção artística elitizada, a influência da 
cultura industrial; a supervalorização do novo; o imediatismo; de atividades mentais 
na procura do prazer sem esforço e imediato; por gosto e opiniões dirigido pela 
cultura de massa, rompimento da sensibilidade com a educação do intelecto e a 
busca pelo belo idealizado, imposições que acarretou em um empobrecimento ou 
uma vulgarização do real significado de estética. Outra questão a se considerar é 
que, o conceito de estética ficou durante muito tempo atrelado à beleza, atualmente, 
ocorreu um rompimento, tornando-se supérfluo, pois a questão do belo depende da 
cultura em que o indivíduo está inserido (CASTILHO; FERNANDES, 2007). 
 
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Figura 3: Pintura egípcia. 
 
Enquanto especialidade filosófica, a Estética visa investigar a essência da 
beleza e as bases da arte. Ela procura compreender as emoções, ideias e juízos 
que são despertados ao se observar uma obra de arte. É natural ver esta disciplina 
levantar questões sobre a natureza da arte, as causas de seu êxito, seus objetivos, 
seus meios de expressão, sua relação com a esfera emocional de quem a produz, 
seus mecanismos de atuação – ela deriva de intenções instigantes, simbólicas ou 
catárticas? – acerca do potencial humano de entendimento do conteúdo da 
produção artística, do significado do prazer estético SANTANA, 2016). 
Segundo explicações da filósofa francesa Carole Talon-Hugon, especialista 
francesa em Estética Contemporânea, Filosofia da Arte e Teorias das Emoções, 
Estética tem uma definição aparentemente simples, mas na realidade, 
tremendamente difícil. 
Vamos acompanhar seu raciocínio: 
O Dictionnaire Historique et Critique de la Philosophie de A. Lalande (1980) 
define-a como “a Ciência que tem por objeto o juízo da apreciação que se aplica à 
distinção do belo e do feio”, mas o Vocabulaire de l’Esthetique (1990) descreve-a 
como “a Filosofia e (a) Ciência da arte”; mais consensuais, Historisches Worterbuch 
der Philosophie (1971), Enciclopaedia Filosofica (1967) e Academic American 
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Encyclopaedia (1993) definem-na como o ramo da Filosofia que trata das artes e da 
beleza. 
Se considerarmos as definições que dela nos dão os filósofos, também 
encontramos desacordos. Assim, Baumgarten definiu-a como “Ciência do mundo 
sensível do conhecimento de um objeto” (MEDITATIONS, 1735), enquanto Hegel faz 
dela a “Filosofia da Arte” (COURS D’ESTHETIQUE, 1818 -1830). 
A esta confusão, junta-se o sentido veiculado pela origem do termo: 
“estética” vem da palavra grega aisthesis que designa simultaneamente a faculdade 
e o ato de sentir (a sensação e a percepção), e esta etimologia parece designar a 
estética como o estudo dos fatos de sensibilidade no sentido lato (os aistheta) por 
oposição aos fatos de inteligência (os noeta). A estética será crítica do gosto, teoria 
do belo, Ciência do sentir, Filosofia da arte?Desta cacofonia de definições, sobressaem dois pontos. A estética é uma 
reflexão sobre um campo de objetos dominado pelos termos ‘belo’, ‘sensível’ e ‘arte’. 
Cada um destes termos encerra e implica outros e estas séries se cruzam em 
diversos pontos: ‘belo’ abre-se para o conjunto das propriedades estéticas; ‘sensível’ 
remete para sentir, ressentir, imaginar e também para o gosto, para as qualidades 
sensíveis, para as imagens, para os afetos, entre outros; ‘arte’ abre-se para a 
criação, imitação, gênio, inspiração, valor artístico, etc. Contudo, seria falso pensar 
que há temas imutáveis da estética. O do gosto, por exemplo, aparece no século 
XVII, conhece um longo eclipse no século XIX, e volta a ressurgir como tema de 
interesse no decurso da segunda metade do século XX. Em si mesmos, estes temas 
têm uma história que é a do seu tratamento teórico. 
No entanto, do ponto de vista trans-histórico, é possível dizer que esta 
esfera dos objetos da estética é muito ampla, mas não ilimitada. 
Santana (2016) também explica que as pesquisas concretizadas neste 
campo têm por meta atingir a natureza dos juízos e da intuição sobre o belo, 
compreender como agem os sentimentos na interação com os eventos estéticos, 
assim como pretendem analisar os mais diversos estilos artísticos e modalidades de 
produção. Da mesma forma a Estética também se ocupa do feio, da ausência do 
‘belo’. 
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A compreensão da Estética remonta à Antiguidade Clássica, mais 
especificamente às obras de Platão, em particular seus diálogos, ‘Íon’, ‘O Banquete’ 
e ‘Fedro’, que destacam a preocupação com o espaço que a beleza ocupa entre as 
coisas do mundo. Um reflexo desta meditação platônica é a conhecida negação de 
um recanto para os artistas na República utópica de Platão. Aristóteles também 
discute esta questão na sua famosa Poética, atendo-se especialmente ao estudo da 
tragédia, criando o famoso conceito de catarse ou purgação das emoções. 
O livro Aesthetica, do filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten, 
elaborado entre 1750 e 1758, contribui para que este antigo ramo da Filosofia 
adquira independência, distinguindo-se da Metafísica, da Lógica e da Ética. 
Segundo este autor, os criadores modificam intencionalmente a Natureza ao 
acrescentarem suas emoções à percepção do Real. Concretiza-se assim o que se 
entende como mimesis da realidade. 
Na era moderna, esta disciplina amadureceu ainda mais, graças aos 
trabalhos de Lessing, Hutcheson, Hume e, principalmente, de Kant que, em sua 
Crítica da faculdade do juízo, revela como se adquire a certeza da concretização do 
juízo sobre o belo, uma vez que este julgamento não pode ser submetido à práxis 
nem a normas, e é inerente à esfera do prazer. Ele atinge uma conclusão, a de que 
há um equilíbrio entre a compreensão e a imaginação, o que pode ser captado por 
qualquer indivíduo; assim, é possível se compartilhar com outras pessoas os juízos 
de gosto, o que proporciona a devida objetividade (SANTANA, 2016). 
Na Antiguidade Clássica, a estética não era uma disciplina autônoma, pois 
era investigada junto à lógica e à ética. A beleza, a bondade e a verdade não 
formavam categorias distintas na análise de uma obra de arte. Na era medieval 
houve uma mudança de rumo nesta história, esboçando-se o desejo de pesquisar 
questões estéticas sem levar em conta outras especialidades filosóficas. A Estética 
finalmente se estruturava enquanto teoria encarregada de ditar as regras que 
regeriam os juízos de valor sobre princípios estéticos. 
Estas novas características, que agora assumiam uma conotação 
dogmática, transmutaram-se depois em uma Filosofia da Arte, através da qual se 
busca perceber as leis que estruturam a arte no âmago do processo criativo e na 
sua recepção. Somente no século XVIII, porém, esta disciplina apartou-se 
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completamente da Filosofia. São fundamentais na compreensão contemporânea da 
Estética as obras Hípias Maior, O Banquete e Fedro, de Platão; a Poética, de 
Aristóteles; a Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant; e Cursos de Estética, de 
Hegel. 
Não podemos nos furtar a discutir um pouco sobre a teoria que, numa 
direção, é preocupação da Filosofia da Arte, ao determinar a natureza da arte. 
A teoria concebe a definição como a afirmação das propriedades 
necessárias e suficientes daquilo que está a ser definido, e esta afirmação diz algo 
de verdadeiro ou falso acerca da essência da arte, acerca daquilo que a caracteriza 
e a distingue de todo o resto. São várias as teorias, dentre elas podemos citar o 
formalismo, voluntarismo, emocionalismo, intelectualismo, intuicionismo, 
organicismo, que tentam enunciar as propriedades definidoras da Arte. Cada uma 
dessas teorias reclama ser a verdadeira teoria por ter formulado corretamente a 
verdadeira definição da natureza da arte; e reivindica que as restantes teorias são 
falsas por terem deixado de fora alguma propriedade necessária ou suficiente. 
A verdade é que, segundo alguns especialistas, a não ser que saibamos o 
que é a arte, quais as suas propriedades necessárias e suficientes, não podemos 
reagir adequadamente à arte nem dizer por que razão uma obra é boa ou melhor do 
que outra. Assim, a teoria estética não só é importante em si mesma, mas também 
em relação aos fundamentos, quer da apreciação quer da crítica de Arte. Os 
filósofos, os críticos e mesmo os artistas que escreveram sobre Arte, concordam que 
o que é primário em estética é a teoria acerca da sua natureza. 
Já falamos que em cada época, cada movimento artístico, cada Filosofia da 
Arte, tentou várias vezes estabelecer o seu ideal para depois ser sucedida por uma 
teoria nova ou revista, a qual se baseou, pelo menos em parte, na rejeição das 
teorias precedentes. Mesmo hoje, quase todos aqueles que se interessam por 
questões estéticas continuam profundamente ligados à esperança de que aparecerá 
uma teoria correta da arte. Basta inspecionar os numerosos livros sobre arte nos 
quais novas definições são apresentadas (WEITZ, 1956). 
Como completa Visinoni (2005, p. 168), a relação que se estabelece entre 
Arte e Filosofia está presente nas discussões sobre estética desde os primórdios da 
Teoria da Arte: ao se analisar a história do pensamento artístico a partir da teoria 
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mimética dos gregos até o contemporâneo espaço intelectual como experiência do 
objeto, observa-se a constante necessidade de fundamentar a prática criativa sobre 
um conceito filosófico que a torne legítima. 
 
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UNIDADE 2 – INTRODUÇÃOÀ REFLEXÃO ESTÉTICA, 
POÉTICA E CRÍTICA SOBRE A OBRA DE ARTE 
 
Segundo Balestreri (2005), Barbosa (2001) e Brasil (1997), além do 
conhecimento artístico como experiência estética direta da obra de arte, o universo 
da arte contém também um outro tipo de conhecimento, gerado pela necessidade de 
investigar o campo artístico como atividade humana. Tal conhecimento delimita o 
fenômeno artístico como: 
� produto das culturas; 
� parte da história; 
� estrutura formal na qual podem ser identificados os elementos que compõem 
os trabalhos artísticos e os princípios que regem sua combinação. 
Nessa direção, é função da escola instrumentar os alunos na compreensão 
que podem ter dessas questões, em cada nível de desenvolvimento, para que sua 
produção artística ganhe sentido e possa se enriquecer também pela reflexão sobre 
a Arte como objeto de conhecimento. 
Em síntese, o conhecimento da Arte envolve: 
a) A experiência de fazer formas artísticas e tudo que entra em jogo nessa ação 
criadora: recursos pessoais, habilidades, pesquisa de materiais e técnicas, a 
relação entre perceber, imaginar e realizar um trabalho de arte. 
b) A experiência de ler formas artísticas, utilizando informações e qualidades 
perceptivas e imaginativas para estabelecer um contato, uma conversa em 
que as formas signifiquem coisas diferentes para cada pessoa. 
c) A experiência de refletir sobre a Arte como objeto de conhecimento, no qual 
importam dados sobre a cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a 
História da Arte e os elementos e princípios formais que constituem a 
produção artística, tanto de artistas quanto dos próprios alunos (PROPOSTA 
TRIANGULAR — CONTRIBUIÇÃO DE ANA MAE BARBOSA, 2001). 
Assim, a partir desse quadro de referências, situa-se a área de Arte dentro 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais como um tipo de conhecimento que envolve 
tanto a experiência de apropriação de produtos artísticos (que incluem as obras 
originais e as produções relativas à arte, tais como textos, reproduções, vídeos, 
gravações, entre outros) quanto o desenvolvimento da competência de configurar 
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significações através da realização de formas artísticas. Ou seja, entende-se que 
aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, 
mas também a conquista da significação do que fazem, através do desenvolvimento 
das percepções estéticas, alimentadas pelo contato com o fenômeno artístico visto 
como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações 
formais (BALESTRERI, 2005; BARBOSA, 2001; BRASIL, 1997). 
É importante que os alunos compreendam o sentido do fazer artístico; que 
suas experiências de desenhar, cantar, dançar ou dramatizar não são atividades que 
visam distraí-los da “seriedade” das outras disciplinas. Ao fazer e conhecer arte, o 
aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos 
sobre sua relação com o mundo. Além disso, desenvolvem potencialidades como 
percepção, observação, imaginação e sensibilidade que podem alicerçar a 
consciência do seu lugar no mundo e que também contribuem inegavelmente para 
sua apreensão significativa dos conteúdos das outras disciplinas do currículo 
(BRASIL, 1997). 
Através do convívio com o universo da arte, os alunos podem conhecer: 
� o fazer artístico como experiência poética – a técnica e o fazer como 
articulação de significados e experimentação de materiais e suportes 
variados; 
� o fazer artístico como desenvolvimento de potencialidades – percepção, 
reflexão, sensibilidade, imaginação, intuição, curiosidade e flexibilidade; 
� o fazer artístico como experiência de interação – celebração e simbolização 
de histórias grupais; 
� o objeto artístico como forma – sua estrutura ou leis internas; 
� o objeto artístico como produção cultural – documento do imaginário humano, 
sua historicidade e sua diversidade. 
A aprendizagem artística envolve, portanto, um conjunto de diferentes tipos 
de conhecimentos, que visam a criação de significações, exercitando 
fundamentalmente a constante possibilidade de transformação do ser humano. 
Além disso, encarar a arte como produção de significações que se 
transformam no tempo e no espaço permite contextualizar a época em que se vive 
na sua relação com as demais (BRASIL 1997). 
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Apesar de encontramos nos Parâmetros Curriculares toda uma defesa para 
a reflexão das artes, é importante recebermos contribuições de outros 
pesquisadores da área como Imbroisi, Martins e Lopes (2016), os quais nos 
lembram que ao estudarmos os conceitos de beleza relacionados à estética 
percebemos que qualquer tipo de obra estabelece uma relação com o espetador, 
uma troca de sentido e significado, um testemunho histórico, social, cultural e 
religioso. Dessa forma, ao apreciar uma obra de arte é importante saber analisar os 
elementos presentes nela para que ocorra essa troca da melhor maneira possível e 
o espectador compreenda, então, o que o artista quis transmitir. 
A linguagem artística, ao contrário da linguagem cotidiana e da linguagem 
científica, não é informativa ou explicativa: é plurissignificativa, isto é, rica em 
significações e conotações. Aqui reside o seu poder sugestivo – será tanto mais 
intenso quanto maior for a nossa capacidade de interpretação, de associação e de 
inter-relação simbólica. Neste sentido, a obra de arte é uma obra aberta a diversas 
leituras que, embora diferentes, não se anulam umas às outras e que, inclusive, 
podem ser realizadas, em diferentes momentos, por uma mesma pessoa. 
A avaliação estética de uma obra de arte exige não só uma análise formal e 
técnica, mas também uma análise dos conteúdos que tenha em conta o seu caráter 
simbólico. 
A interpretação da obra de arte depende do esforço do observador. A 
compreensão de uma obra de arte pode se dar sob vários aspectos: por suas formas 
(formalista), pelas suas ações em um determinado contexto histórico refletidas na 
obra (método histórico), pelo estudo da sociedade a qual essa obra pertence 
(método sociológico) e pelos ícones e símbolos que ela carrega (método 
iconográfico). 
Muitas obras de arte contêm um grande conjunto de elementos simbólicos, 
mas que representam conceitos, ideias e seres cujo sentido não é imediatamente 
dado e que compete ao apreciador da obra descodificá-los. Em termos ideais, a 
“leitura” de uma obra implicaria que estudássemos alguns elementos como: 
1) Sua dimensão técnico-formal: os materiais utilizados e o tratamento de 
elementos (cor, desenho, luz, perspectiva, composição, entre outros). 
2) Sua dimensão simbólica ou sugestiva. 
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3) Os elementos exteriores à obra como: 
� conhecimento da história da arte; 
� conhecimento da época em que o artista vive/viveu – das transformações 
históricas, filosóficas, científicas e técnicas, da mentalidade dominante;� conhecimento de outras obras do artista e da sua evolução criativa; 
� conhecimento da interpretação que o próprio artista tinha/tem sobre a obra; 
� conhecimento das suas concepções sobre a natureza e a função da obra de 
arte; 
� dados biográficos sobre o artista. 
Enfim, ao estudarmos os conceitos de beleza relacionados à estética, 
percebemos que qualquer tipo de obra estabelece uma relação com o apreciador, 
uma troca de sentido e significado, um testemunho histórico, social, cultural e 
religioso. Dessa forma, ao apreciar uma obra de arte, é importante saber analisar os 
elementos presentes nela para que ocorra essa troca da melhor maneira possível e 
o espectador compreenda, então, o que o artista quis transmitir. 
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UNIDADE 3 – DISCUSSÃO SOBRE O CONCEITO DE BELO, 
PRAZER ESTÉTICO 
 
3.1 O belo em parábola – começo de conversa 
Perguntai a um sapo que é a beleza, o supremo belo, o to kalon responder-
vos-á ser a sapa com os dois olhos exagerados e redondos encaixados na cabeça 
minúscula, a boca larga e chata, o ventre amarelo, o dorso pardo. Interrogai um 
negro da Guiné: o belo para ele é – uma pele negra e oleosa, olhos cravados, nariz 
esborrachado. Indagai ao diabo: dir-vos-á que o belo é um par de cornos, quatro 
garras e cauda. Inquiri os filósofos: responder-vos-ão com aranzéis. Falta-lhes algo 
de conforme ao arquétipo do belo em essência, o to kalon. 
Assistia eu certa vez à representação de uma tragédia em companhia de um 
filósofo. 
- Como é belo! - dizia ele. 
- Que viu o senhor de belo? 
- O autor atingiu seu fim. 
No dia seguinte ele tomou um purgante que lhe fez efeito. 
- O purgante atingiu seu fim - disse-lhe eu. - Eis um belo purgante. 
Ele compreendeu não se poder dizer que um purgante seja belo, e que para 
chamar belo a alguma coisa é preciso que nos cause admiração e prazer. Conveio 
em que a tragédia lhe inspirara estas duas emoções, e que nisso estava o to kalon, 
o belo. 
Realizamos uma viagem à Inglaterra. Lá se representava a mesma peça, 
impecavelmente traduzida. 
Fez bocejarem todos os espectadores. 
- Oh! - exclamou o filósofo - o to kalon não é o mesmo para os ingleses e os 
franceses. 
Após muita reflexão concluiu ser o belo extremamente relativo, como o que é 
decente no Japão é indecente em Roma, o que é moda em Paris não o é em 
Pequim (AROUET, 2001). 
 
E assim vamos partir para algumas reflexões sobre o belo e o prazer 
estético. 
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A etimologia da palavra “belo” vem do latim bellus, que significa “lindo, 
bonito, encantador”, muito usado na época clássica apenas para mulheres e 
crianças, enquanto para os homens tinha sentido pejorativo. O termo belo pode ter 
vindo também do indo-europeu DW-EYE e ter relação com bônus, de “bom”, e bene, 
de “bem”. 
Quanto ao conceito, o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o 
belo como algo “que tem forma ou aparência agradável, perfeita, harmoniosa. Que 
desperta sentimentos de admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de 
perfeição”. 
O escritor Umberto Eco também aborda o conceito de belo. Na obra História 
da Beleza, ele observa que o 
 
belo – junto com gracioso, bonito ou sublime, maravilhoso, soberbo e 
expressões similares – é um adjetivo que usamos frequentemente para 
indicar algo que nos agrada. Parece que, nesse sentido, aquilo que é belo é 
igual àquilo que é bom e, de fato, em diversas épocas históricas criou-se um 
laço estreito entre o Belo e o Bom (VILAS BÔAS, 2015). 
 
Observem a ilustração abaixo: 
À esquerda, estátua “Davi”, original de Michelangelo e, à direita, imagem 
manipulada “Fat David”. Ambos partem de um mesmo referencial, porém com 
discursividades estéticas distintas. 
A releitura dessa estátua na imagem do David Gordo (Fat David) é uma 
campanha publicitária feita pela agência de publicidade Scholz & Friends, de 
Hamburgo, para a Federação Alemã de Esportes Olímpicos, que está repleta de 
discursividade estética. No pé da imagem consta originalmente a frase: “Se você 
não se mover, você vai engordar”. Ou seja, o enunciador desse discurso faz uma 
crítica à inércia da estátua, que é a maior referência ocidental do ideal de corpo 
masculino, chamando-nos a atenção a um corpo obeso, muito em função do ritmo 
de vida, das facilidades tecnológicas e da alimentação industrializada altamente 
calórica que consumimos. 
Assim, vemos que a discursividade estética pode nos proporcionar 
possibilidades (sempre híbridas) de construção de sentidos. Basicamente, podemos 
entender três aspectos de abordagem: o artístico, o publicitário e o fato jornalístico 
(VILAS BÔAS, 2015). 
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Figura 4: Campanha publicitária: David Gordo (Fat David). 
 
Vale lembrar ainda que a beleza é uma experiência (um processo cognitivo, 
mental ou ainda, espiritual) relacionada à percepção de elementos que agradam de 
forma singular aquele que a experimenta. As formas de beleza são inúmeras, e a 
ciência ainda tenta dar uma explicação para esse processo. Ao longo da história, a 
Estética, enquanto ramo da Filosofia, tentou várias vezes explicar o conceito de 
belo. 
 
3.2 O belo de Platão a Hegel 
Para Platão, filósofo grego do século V a.C., o belo está ligado a uma 
essência universal e não depende de quem observa, pois está contido no próprio 
objeto, na criação. Platão acreditava ainda que tudo o que existe no mundo sensível 
é apenas uma cópia do que está no mundo inteligível. 
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Sócrates, um dos três principais pensadores da Grécia Antiga (470 a.C.), 
acreditava que o belo era uma concordância observada pelos olhos e ouvidos, ou 
seja, o belo é permissível através dos sentidos sensoriais. Na visão de Sócrates, “o 
belo é o útil”, ou seja, a beleza não está associada à aparência de um objeto, mas 
em quão proveitoso ele for. 
Já Aristóteles, discípulo de Platão, possuía outro conceito de belo. Para ele, 
uma obra só poderia ser considerada bela se fosse capaz de promover a catarse em 
seus admiradores. Nessa concepção, a catarse nada mais é do que a purificação da 
alma e das ideias a partir de uma obra de arte e, por excelência, a catarse se dá na 
tragédia! Afinal, era por meio da tragédia que as pessoas refletiam sobre o que a 
obra mostrava, ao contrário da comédia, que apesar de divertida, não promovia uma 
reflexão. 
O conceito de belo na Estética Grega está fundamentalmente pautado na 
concepção platônica/aristotélica de mundo e, para eles, a vida e a arte se fazem 
baseadas em equilíbrio, simetria, harmonia e proporcionalidade. E, até hoje, somos 
herdeirosdessa tradição, que se projetou no Renascimento, momento histórico no 
qual tais preceitos foram revisitados, e que permeia o aspecto racional do juízo de 
gosto que propagamos na moda ainda hoje (VILAS BÔAS, 2015). 
Apesar de todos os temas, ou quase todos, serem mutáveis, ao longo dos 
tempos, novos conceitos foram surgindo para o belo, como por exemplo, se 
avançarmos pela estética alemã (século XVIII), Leibniz considerava que é na 
harmonia que percebemos o belo e o universo é apenas o reflexo da própria 
harmonia interior do homem, sendo o universo, um conjunto harmonicamente 
acabado, pois, todo o universo é dominado por uma visão estética e reintegra 
novamente o sentido de Belo e que o domínio estético não é um domínio original, 
mas, conhecimento do perfeito. 
Com relação à beleza, Baumgarten estava à frente dos demais filósofos da 
sua época, afirmando existir relação entre beleza e pensamento belo e que a beleza 
é o resultado de uma cognição do sensível. Por volta de 1750, passou a determinar 
regras para beleza estética e o estudo do que se experimenta perante a arte 
percepção, sensação, considerou que a estética é a “Ciência do conhecimento 
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sensível”. Para ele, o artista, ao criar, altera intencionalmente a natureza, 
adicionando elementos de sentimento à realidade percebida por estes. 
Nesse sentido, para Baumgarten, iguala-se ao prévio pensamento grego 
clássico que considerava a arte principalmente como mimesis da realidade. Dividiu 
em estética em duas partes: estética teórica e prática (BAYER, 1979, p.180). 
Outro filósofo de relevância para a discussão sobre estética é Emmanuel 
Kant, um dos mais importantes e influentes filósofos da modernidade. Em seus 
estudos, considerava que toda ação deve ser orientada pela razão, e que a razão 
humana é a base da moralidade. Na crítica da razão pura, apropria-se da palavra 
estética de Baumgarten, como um estudo gnosiológico denominando de estética 
transcendental. As suas concepções no campo da estética despertaram interesse 
em grandes pensadores que se surgiram depois dele. A sua ‘Crítica da Faculdade 
de Julgar’, publicada em 1790, contribuiu para as bases teóricas para todo criticismo 
romântico alemão e as fundações de uma nova Estética (CASTILHO; FERNANDES, 
2007). 
Para Kant, o prazer estético, quanto à sua natureza, não é igual a nenhum 
outro tipo de prazer, porém existe uma diferença, pois, as duas das faculdades 
intelectuais, habitualmente divergentes, estão de acordo aqui: imaginação e o 
entendimento. Esta coincidência inabitual causa-nos prazer; e esse prazer, é prazer 
estético; e, por isso, ele é desinteressado e não precisa de posse material. 
Assim, o aspecto emocional, foi ligado à estética, porque relacionou com o 
prazer e desprazer, portanto, segundo Martindale (2000), o juízo estético se resume 
em pura contemplação, não possui interesse ou desejo, não quer atribuir um 
conceito fixo, é um juízo livre na sua essência; são verdadeiros juízos individuais. 
A beleza é a única maneira de satisfação e sensibilidade, e é livre de todo 
sentimento de egoísmo, daí livre deste sentimento castrador, liberta o homem. 
Considera que o único ideal de belo é o homem, pois este é o único ser livre e 
moral. 
Quanto à Filosofia moral, Kant (apud HÖGE, 2000, p. 38) afirma que a base 
para toda razão moral é a capacidade do homem de agir racionalmente. O 
fundamento para esta lei de Kant é a crença de que uma pessoa deve comportar-se 
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de forma igual a que ela esperaria que outra pessoa se comportasse na mesma 
situação, tornando assim seu próprio comportamento uma lei universal. 
O século XIX foi um período marcado por grandes transformações, entre 
eles, o aparecimento do movimento Romântico, na Arte Romântica ocorre o 
recomeço de atividade da Ideia. Na estética alemã deste período, aparece Schiller, 
que discute a objetividade e sua cultura, mostra muita consciência sobre as 
possibilidades da Arte e seus recursos, porque, para ele, o fim estético era o de 
tornar o “instinto em arte e o inconsciente em saber” (BAYER, 1978, p. 293). 
Em sua principal obra, As Cartas sobre a Educação estética do Homem, 
Schiller, além de tratar e ser a própria obra estética, é também sociológica, pois a 
estética aparece como um suplemento da política e da nova moral. Na sua teoria, a 
virtude educadora da Arte é a junção do Moralismo e do Romantismo, porém o seu 
moralismo salva-o do romantismo. Schiller escreveu sobre estética e adaptou as 
suas próprias concepções com as de Kant, e não há dúvidas que a obra estética da 
maturidade de Schiller foi baseada nos seus primeiros pensamentos, pois o belo á a 
manifestação da humanidade ideal. 
A obra estética de Hegel é a primeira que combina a reflexão filosófica com 
uma História da Arte. A base da Filosofia hegeliana é a noção de Ideia, na qual a 
arte é a representação particular da Ideia, é a manifestação ou a própria aparência 
sensível da Ideia. Hegel defendia o belo artístico como o único com interesse 
estético. E que o belo artístico é um produto do espírito, por isso, só o podemos 
encontrar nos seres humanos e nas obras que eles produzem. 
Para Hegel, o que existe de profundo e verdadeiro na obra de arte escapa 
ao sentimento particular do belo e do gosto como aos demais sentimentos, e ele 
acrescenta que o que há de profundo na obra de arte apela não só para os 
sentimentos e para a reflexão abstrata, mas para a plena razão e para a totalidade. 
No processo estético, o sensível é espiritualizado e o espiritual aparece como 
sensibilização. Ainda sobre a concepção de belo, Hegel considera que toda obra de 
arte tem um fim em si, ela é somente um instinto natural de reproduzir e o prazer de 
ver a obra terminada, o fim das belas artes não é imitar, é despertar paixões e 
sentimentos, e acordar acontecimentos humanos por meio “dos espetáculos 
multiformes da natureza” (BAYER, 1978, p. 309). 
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3.3 Atitudes cotidianas do ser humano: foco na estética 
Werner (2015) de maneira bem simples nos coloca que o ser humano pode 
ter, ao menos, cinco atitudes distintas em relação aos objetos e eventos de sua 
existência cotidiana: 
1º. Atitude cognoscitiva. 
2º. Atitude prática (ou funcionalista). 
3º. Atitude personalista. 
4º. Atitude moral. 
5º. Atitude estética. 
 
A primeira atitude, a cognoscitiva, podemos definir como a atitude de 
identificar e catalogar os objetos, isto é, saber o que é o objeto e como se relaciona 
a outros objetos. 
Sendo assim, a pergunta feita por alguém com esta atitude é: “o que é este 
objeto?”. 
A atitude cognoscitiva é a mais importante na vida cotidiana. É a base da 
cultura. O fundamento mental desta atitude é a coleta da informação e o seu 
armazenamento pela memória. Tanto a memória pessoal quanto a memória 
registrada em livros ou, mais recentemente, através do computador. 
Asegunda atitude é a prática ou funcionalista. Podemos defini-la como o 
interesse pela utilidade (funcionalidade) dos objetos (ou eventos). A pergunta que é 
feita nesta atitude é “para que serve este objeto?”. 
A preocupação com a utilidade dos objetos (ou eventos) é uma das mais 
importantes na experiência cotidiana. É a base da ação produtiva, desde que os 
objetos possam ser instrumentos auxiliares desta ação. Saber usar os objetos, 
apreender-lhes a função, exige boa parte do nosso tempo de vida. 
A terceira atitude é a personalista. Esta atitude interessa-se pelo objeto (ou 
evento) naquilo em que o objeto possa ter algo a haver consigo próprio. 
Alguém com esta atitude perante o objeto pergunta: “O que isto tem a haver 
comigo?”, “Em que isto me afeta?”. 
Por exemplo, na peça teatral Othelo, de Shakespeare, o personagem 
principal, Othelo, vive uma situação de dúvida quanto à fidelidade de sua esposa, 
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Desdêmona. A atitude personalista, neste caso, poderia ser exemplificada por 
alguém que, assistindo a esta peça, ao invés de apreciar a encenação artística, 
aborrece-se, imaginando ver um paralelo entre o enredo e sua própria vida pessoal 
(WERNER, 2015). 
A quarta atitude possível diante dos objetos é a moralista. Esta atitude 
pergunta acerca do objeto (ou evento): “Isto é correto?” ou “Isto é adequado?”. Nós 
aplicamos nosso quadro ético de “certos e errados” ao objeto, em busca de 
enquadrá-lo em uma taxionomia das coisas que consideramos boas e más. 
Por exemplo, o filme Amadeus, de Milos Forman, ilustra, de maneira fictícia, 
uma contradição entre a atitude moral e a atitude estética de alguém. O filme retrata 
o encontro entre o grande maestro e compositor italiano Salieri – retratado como um 
indivíduo de moral rigorosa – e o genial Mozart, a quem Salieri dedica uma intensa 
admiração. 
Porém, para o desespero de Salieri, no filme, Mozart é alguém totalmente 
devasso, radicalmente contrário aos padrões morais de Salieri. A partir daí, altera-se 
a atitude estética de Salieri que, de um admirador extasiado, passa a ser um inimigo 
de Mozart, por que, a seus olhos, alguém tão devasso não poderia ser agraciado 
com um talento tão desmesurado. 
A atitude estética é diversa das quatro atitudes vistas anteriormente. Esta 
atitude também é denominada, na literatura especializada, de apreciação. 
Por exemplo, a atitude estética não é prática, ela não tem qualquer função. 
Não há uma finalidade que se alcance praticando a apreciação. Diz-se, por isso, que 
a apreciação é uma finalidade em si mesma. 
Às vezes, ocorre até mesmo do aspecto estético de um objeto interferir com 
o seu aspecto funcional. Isto é, a ornamentação pode atrapalhar o uso. Ao lado, 
vemos uma espada shotel, abissínia. 
A curvatura da lâmina, bem como a profusão decorativa em sua superfície, 
tornam-na uma arma mais decorativa do que funcional, pesada e de difícil manuseio. 
Por outro lado, a apreciação estética não decorre ou é ampliada por 
qualquer tipo ou quantidade de conhecimentos. Isto significa que alguém que 
conheça toda a história da arte não tem, teoricamente, uma apreciação mais 
qualificada do que alguém que fica, pela primeira vez, diante de uma obra de arte. 
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Figura 5: Espada shotel. 
 
Ou, também, isso explica porque podemos ter apreciações de objetos dos 
quais não conhecemos o significado. 
A esfinge (monumento da antiguidade) é outro bom exemplo. 
Nós não temos, hoje, qualquer ideia do que é esse monumento, 
(principalmente nós que estamos no ocidente), nem o que foi em sua época. 
Entretanto, independentemente disso, nós podemos apreciar as suas qualidades 
estéticas e arquitetônicas, admirar sua ousadia criativa, entre outros. 
 
Figura 6: Esfinge. 
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Por outro lado, a apreciação estética não é personalista. No momento da 
apreciação, inclusive, há uma identificação entre o sujeito apreciador e o objeto 
apreciado. Alheios a nós mesmos, é como se suspendêssemos o nosso eu, 
abstraindo-nos, como em um devaneio. A apreciação estética é distraída, inclusive 
de si mesmo (WERNER, 2015). 
Por fim, a apreciação estética não é associada ou dependente de qualquer 
conjunto de juízos morais. Isto é mais evidente quando percebemos que podemos 
apreciar esteticamente um objeto cuja função ou significado é inaceitável para a 
moral vigente. 
 
Guarde... 
O dito popular “quem ama o feio, bonito lhe parece” traduz bem essa relação 
entre o amor e o belo, percebida desde a Antiguidade, com a proposição de Platão 
de que o amor busca o belo. Ou seja, busca usar a beleza como um véu que serve 
de anteparo ao nosso inexorável remetimento à morte. Porém, cabe ressaltar, com 
Kant, qual a abordagem do belo que nos serve. Nessa perspectiva, um objeto é 
reconhecido como belo não pelo que ele é em si mesmo, mas por sua capacidade 
de nos transportar para mais além dele, sua capacidade de nos fazer transcender. 
Operar com o belo dessa maneira implica também colocar em ação uma boa dose 
de dessubjetivação. Uma boa dose de desatrelamento do próprio apego ao Eu, 
como objeto de privilegiado investimento narcísico. Busca-se, portanto, que a ênfase 
na demanda de ser amado se desloque para a celebração da atividade de amar 
(MAURANO, 2010, p. 56). 
Estética – ramo da Filosofia que tem por objeto o estudo da natureza do belo 
e dos fundamentos da arte. 
Estética em Sócrates – ele não define o que é belo, julgando-se incapaz de 
explicar o belo em si. 
Estética em Platão – o belo para ele estava no plano do ideal, mais 
propriamente a ideia do belo em si. 
Estética em Aristóteles – concebeu o belo a partir da realidade sensível, 
deixando este de ser algo abstrato para se tornar concreto. 
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Palavra vem do grego “aisthesis”, Estética significa “faculdade de sentir” ou 
“compreensão pelos sentidos”. Devemos observar que os sentidos referidos são 
visão, audição, tato, olfato e paladar. Recentemente, a Ciência incluiu o “senso de 
equilíbrio físico” também como um sentido no modo referido acima. 
A palavra aisthesis tem a mesma origem da palavra aistheticon que significa 
“o que sensibiliza”, ou seja, que afeta os sentidos. É importante observar que um 
ruído causado por algum objeto pode não ser ouvido por uma pessoa que tenha 
deficiência auditiva, portanto, ela não foi afetada ou sensibilizada. Já uma outra 
pessoa que não tenha este problema será sensibilizada pelo ruído. O resultado 
desta percepção poderá ser de incômodo. Chamaremos istode um sentimento 
causado pelo ruído na pessoa. Se esta pessoa ouve uma música, ela poderá ter um 
sentimento de prazer, de deleite. Por outro lado, ela pode escutar a música e ao 
mesmo tempo há ruídos de carros entrando pela janela, e que ela não atenta para 
eles, nem chega a identificá-los. Neste caso, estes ruídos não lhe causam nenhum 
tipo de sentimento. Talvez possa gerar nela um “incômodo” cumulativo inconsciente 
que pode ter um efeito estressante no futuro, mas não se pode dizer que causou 
nela um sentimento. Podemos perceber, portanto, que a palavra “estética” abrange a 
pessoa que é sensibilizada por algo que a afetou e que gerou nela algum tipo de 
sentimento. Portanto, isto que ocorre é uma interação entre coisas que estão no 
sujeito e coisas que estão fora dele. 
 
3.4 O prazer estético em Jauss 
A história do prazer estético da arte, segundo Jauss1, se concretiza nos três 
conceitos da tradição estética por compreender as funções produtivas, receptiva e 
comunicativa da experiência estética que se complementam entre si. São eles: A 
Poiesis, a Aisthesis e Akatharsis (BRITO, 2011). 
No plano da Poiesis, o prazer se caracteriza pela experiência produtiva que 
pode levar o indivíduo a outras dimensões como a do mundo interior ou permanecer 
no mundo real em busca da criação artística. 
 
1 Hans Robert Jauss, 1921-1997, escritor e crítico literário alemão, um dos expoentes da estética da 
recepção. Sua teoria buscar unir história e estética. 
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A Aisthesis é compreendida pelo prazer adquirido através da “experiência 
estética receptiva”, quando em posse de uma obra de arte, o horizonte de 
expectativa do leitor renova ou amplia sua percepção. 
A katharsis consiste na capacidade efetiva de transformação das 
concepções que o leitor tem do mundo e da vida diante da liberdade, legitimidade e 
autonomia da obra de arte. 
 
A Poiesis é o prazer ante a obra que nós mesmos realizamos; [...] a 
aisthesis designa o prazer estético da percepção reconhecedora e do 
reconhecimento perceptivo, ou seja, um conhecimento através da 
experiência e da percepção sensíveis; [...] e a katharsis é o prazer dos 
afetos provocados pelo discurso ou pela poesia, capaz de conduzir o 
ouvinte e o telespectador tanto à transformação de suas convicções, quanto 
à liberação de sua psique (JAUSS, 2002, p. 100-101). 
 
Essas atividades básicas da experiência estética não precisam 
necessariamente seguir esta ordem, elas estabelecem funções autônomas, mas 
relacionam entre si. As relações podem ocorrer: 
� da poiesis para aisthesis quando o criador assume o papel de observador de 
sua própria obra; 
� da aisthesis para a poiesis quando o leitor sai de sua atitude receptiva e parte 
para a produção; 
� entre poiesis e katharsis ao transformar o leitor, e também o próprio autor, por 
ser este um dos leitores de sua obra; e, 
� entre a katharsis e a aisthesis quando o ato de contemplação se configura na 
mudança de concepção. 
Com base nas funções comunicativas da experiência estética, é possível 
perceber a liberdade e autonomia que o leitor tem diante das obras artísticas. 
Mesmo em face de sua criação, o autor não consegue limitar e impor o sentido que 
compusera a sua obra, haja vista a liberdade de pensamento e a multiplicidade de 
significações que as imagens verbais ou não verbais podem sugerir aos seus 
inúmeros leitores. 
A teoria do prazer estético reformulada por Hauss, apesar de criticar as 
correntes marxistas, formalistas e estruturalistas, não as exclui, mas a partir delas, 
recria um novo conceito de estética da recepção em que o leitor tem um papel 
determinante (BRITO, 2011). 
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3.5 Características formais para a definição do belo 
Não há como discordar de Werner (2015) ao afirmar que o belo é, para 
muitos, o conceito que define a arte. Entretanto, foi apenas após o século XVIII que 
o conceito de belo foi usado para qualificar objetos que fossem produzidos pelo ser 
humano. Antes disso, o belo não era mencionado entre os objetos produzíveis por 
mão humana. Para os gregos, por exemplo, a pintura e a escultura eram estudadas 
pela poética. O século XVIII é que vai inventar o termo belas artes, com o qual, 
desde então, nós associamos arte e beleza. 
A arte de vanguarda do século XX, entretanto, tratou de separar novamente 
as esferas da arte e do belo. Muito da arte de nossos contemporâneos tem a 
intenção explícita de não ser bela, em sentido clássico. Quando pintou a célebre Les 
Demoiselles d'Avignon, Picasso poderia ter tido várias intenções (ou nenhuma) 
exceto a de querer fazer uma pintura bela. A luta que as vanguardas travaram contra 
o classicismo teve, como uma de suas consequências, a separação entre o belo e 
as artes visuais. 
 
 
Figura 7: Les Demoiselles D'Avignon, óleo sobre tela – Picasso (1907). 
 
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Ainda em relação às definições de belo, há uma tradição que remonta a 
Aristóteles, ao afirmar-se que são belos os objetos nos quais há “ordem” e 
“grandeza proporcionada”, havendo mais um elemento, a simetria. 
Esta definição tem a vantagem de definir o belo de maneira formal, isto é, 
como um conjunto de relações formais que são constantes em uma série de objetos 
diferentes. É uma definição muito aplicada na produção das artes visuais desde os 
gregos. Explicitamente ou não, grande parte da produção visual de gregos, góticos, 
renascentistas e muita arte moderna, utilizou-se de aspectos formais de ordem, 
simetria e proporção como uma norma criativa. Artistas de vanguarda como o 
holandês Mondrian irão empregar as proporções clássicas em suas pinturas 
(WERNER, 2015). 
Estas relações formais, que definem o belo, produzem uma impressão de 
serenidade, de impassividade; são, na verdade, a irrupção de traços de perfeição 
ideal, para os quais raramente há aplicação estrita no mundo real. As qualidades 
que eles evocam, muitas vezes aparecem como sobre-humanas, isto é, como 
transcendentes em relação às contingências da vida, quase como uma indiferença 
para com as pequenas imperfeições que constituem nosso dia a dia. Sendo assim, 
as imagens que se utilizam exclusivamente destes princípios formais de beleza são, 
algumas vezes, criticadas por serem demasiadas frias, distantes. 
Há outras definições do belo que partem de um ponto de vista subjetivo, isto 
é, de um ponto de vista próprio dos sentimentos humanos. Uma das definições mais 
interessantes é a de David Hume, para quem o belo é o prazer que acompanha a 
atividade sensível. 
Sobre o conceito de ordem para qualificar uma obra como bela, resume-se o 
seguinte: 
A ordem é a disposição metódica dos elementos visuais segundo certas 
relações preestabelecidas. Pressupõe-se, aqui, duas situações distintas. Primeiro, 
um elenco de elementos visuais que possam ser arranjados, isto é, cores, formas, 
pinceladas, entre

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