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OS JOGOS PEDAGÓGICOS COMO FORMA DE TRABALHAR A MATEMÁTICA Daiane Vieira Bianchini¹ Janaína Rodrigues Madeira Suzanah Dias Marques Thais de Souza Graziela de Bem Vicente² RESUMO O presente trabalho tem por objetivo apontar a relevância dos jogos pedagógicos no processo de ensino-aprendizagem diante à matemática. Aprende-se para que o ser humano possa viver em pleno exercício e autonomia de sua cidadania. Sendo assim, a educação precisa primar em aspectos que favoreçam a cidadania e levar o aluno ao alcance de patamares de compreensões e responsabilidades sociais e que também compreenda as suas próprias necessidades humanas existenciais. Ao longo da pesquisa evidencia-se que os jogos pedagógicos são de extrema relevância na aprendizagem pelo cunho lúdico que apresenta, e sendo a ludicidade um método que auxilia no desenvolvimento da aprendizagem de crianças, jovens e adultos, os jogos ao conterem esse teor, propiciarão a sua formação plena. Ensinar matemática não diz respeito a somente cálculos ou memorização de regras, mas é preciso leva-los a adquirir habilidades que resolvam os seus problemas cotidianos. Os resultados da pesquisa mostram que os jogos pedagógicos irão favorecer na aprendizagem da matemática de uma maneira prazerosa e diversificada. Por fim, os educadores precisam ter uma boa formação inicial e continuada, a fim de serem capazes de possibilitarem aos alunos experiências benéficas com os jogos. Palavras-chave: Jogo. Lúdico. Jogos e matemática. 1. INTRODUÇÃO São instigadas as capacidades de aprendizagem dos indivíduos mediante uma educação verdadeira, que é preocupada em explorar as capacidades dos mesmos, e os levar ao alcance de suas habilidades e potencialidades. De modo a justificar tal fala, os autores Marques, Perin e Santos (2013, não paginado) que: “A verdadeira educação é aquela que instiga o desejo do indivíduo a explorar, observar, trabalhar, jogar e acreditar-se”. Nesse contexto é que os educadores e a educação como um todo precisam fazer a organização dos saberes, a fim de que os estudantes sejam conduzidos a níveis de aprendizagem que 1 Acadêmicas. 2 Professora tutora externa. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagogia (PED 1848) – Prática interdisciplinar VII – 03/06/2020 2 cooperarão à sua aprendizagem efetiva, isto é, deve-se partir dos interesses dos mesmos para que então, estes sejam formados para o exercício pleno de suas cidadanias. Entende-se que a matemática faz parte do dia a dia humano, e do mesmo modo os jogos também estão à disposição na mentalidade humana, bem como prontos para servir de alvo de ludicidade e, nesse viés, da aprendizagem. Assim, este paper irá abordar a importância dos jogos pedagógicos para a aprendizagem da matemática. 2. SOBRE O JOGO Segundo Kishimoto (2011, p.18) “definir jogo não é tarefa fácil, pois esse conceito varia de acordo com o contexto em que estão inseridos. os termos jogo, brinquedo e brincadeira são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo”. A palavra “jogo” apresenta diferentes definições, dentre elas a de atividade lúdica ou competitiva em que há regras estabelecidas em que os participantes se opõem, pretendendo cada um ganhar ou conseguir melhor resultado que o outro (KIYA, 2014). Kishimoto (2011, p.26) define brincadeira como sendo: A ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo. O jogo sempre esteve presente nas sociedades. O homem, a criança, idoso ou adolescente, sempre fez uso do jogo, geralmente com finalidade lúdica, mas não somente com essa finalidade. Segundo Brougère (1998 apud WITTZORECKI 2009, p.39): “o jogo possuía, na Antiga Roma, um aspecto Religioso. [...] na Grécia Antiga os jogos eram realizados em formas de lutas, concursos, combates, atividades ginásticas, além de manifestações teatrais.” Portanto, segundo o autor, jogar representa a celebração da vida e do mundo, na qual cooperar, lutar, vencer, superar, perder eram atitudes pertinentes. Philippe Ariès (1981 apud WITTZORECKI 2009, p.40) afirma que: No cotidiano da Idade Média europeia, nas comunidades rurais, o trabalho não ocupava todo o dia e nem era tão valorizado como na atualidade. Nesse período, os jogos e divertimentos eram um dos principais meios, de que a sociedade da época dispunha, para estreitar os laços coletivos. 3 Como visto o jogo sempre esteve presente em diversas civilizações. Era uma forma pelo qual os indivíduos manifestavam sua religiosidade, aproveitavam seu tempo, cultivavam suas relações. Nos dias de hoje, o entendimento sobre o que é jogo não mudou, continua sendo visto como passa tempo, mas na educação precisa ser visto como uma ferramenta de ensino (KIYA, 2014). Corroborando com essa ideia, Bemvenuti (2009, p.30) elucida que: O jogo habita o espaço do contemporâneo com brincadeiras tradicionais, competições esportivas, jogos on line, jogos de linguagem, jogos lógico-matemáticos, jogos de azar entre outros, sempre com noção de não sério, de passatempo [...] uma ótima atividade para ocupar o tempo a fim de que o sujeito não faça outra coisa pior. Os jogos e as brincadeiras são atividades lúdicas que estão presentes em toda atividade humana. A ludicidade é uma necessidade em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social, intelectual, facilitando a aquisição de novos conhecimentos. Segundo Kishimoto (2011) o uso de jogos educativos com fins pedagógicos, cria situações de ensino-aprendizagem, onde a criança aprende de forma prazerosa e participativa. No que se refere ao aspecto cognitivo, o jogo contribui para que a criança adquira conhecimento e desenvolva habilidades e competências. Nesse sentido, o professor deve procurar proporcionar situações de aprendizagem motivadoras, conforme o nível cognitivo do aluno, em atividades que possam desafiá-lo, despertando assim seu interesse pelo que está sendo ensinado em sala de aula. O jogo deve ser visto como um importante instrumento pedagógico, que tem o intuito de facilitar a aprendizagem, onde através dos jogos, os alunos vão percebendo que é possível aprender de forma divertida, passando assim, a compreender e a utilizar regras que serão usadas no processo de ensino. 2.1 SOBRE O LÚDICO Compreende-se que com as atividades lúdicas, o aluno aprende brincando, sem imposição do professor, criando uma nova aprendizagem. Por meio do lúdico, o professor encontra uma maneira de ensinar divertida e prazerosa, onde brinquedos e brincadeiras fazem parte da prática pedagógica em sala de aula. Neste viés, Barros (2006, p.11) pontua que: 4 O verbete lúdico (adjetivo) significa: referente a, ou o que tem caráter de jogos, brinquedos e divertidos. O termo ludismo é substantivo a qualidade ou caráter lúdico. O termo ludoterapia é definido como tratamento por meio de brinquedos, divertimentos, jogos (inclusive esportivos). Um termo pouco usado é ludo, substantivo masculino que significa jogo, brinquedo, divertimento, assim como indica um tipo específico de jogos. O lúdico proporciona ao aluno uma atividade significativa, assim as brincadeiras dentro do contexto escolar são de suma importância para o desenvolvimento do aspecto intelectual, criativo e social do aluno. O professor, através de uma formação lúdica, vê nas brincadeiras uma importante ferramenta de aprendizagem. A brincadeira é uma excelente forma de aprendizagem, garantindo o desenvolvimento, a interação e a aquisição de regras. O brincar no contextoda aprendizagem deve ser levado a sério, pois requer atenção e concentração, trabalhando aspectos intelectuais e sociais. 2.2 OS JOGOS PEDAGÓGICOS E A MATEMÁTICA Entende-se que ensinar Matemática, não é somente fazer com que os alunos calculem ou memorizem regras, ou seja, é preciso levá-los a adquirir habilidades que resolvam seu problemas cotidianos de diferentes formas. Neste viés, a Matemática é uma ciência que está em evolução e o lúdico vem para auxiliar seu aprendizado. Os jogos são aliados na compreensão da matemática. Até mesmo aqueles que pensam não poderem aprender esta matéria se sentem familiarizados pelo fato de ver através dos jogos que a disciplina pode ser entendida de forma clara e objetiva, sem ser decorada. Segundo Starepravo (2010, p. 20), devemos saber usar os jogos no ensino da matemática para tirarmos o maior proveito possível: [...] Se conseguirmos compreender o papel que os jogos exercem na aprendizagem de matemática, poderemos usá-los como instrumentos importantes, tornando-os parte integrante de nossas aulas de matemática. Mas devemos estar atentos para que eles realmente constituam desafios. Para isso, devemos propor jogos nos quais as crianças usem estratégias próprias e não simplesmente apliquem técnicas ensinadas anteriormente. No lúdico, os jogos matemáticos estimulam no alunado o pensamento independente, o desenvolvimento do raciocínio, da lógica e a capacidade de resolver problemas. Cabe ao educador procurar anular a imagem de que a matemática é complexa e distante dos alunos. Smole (2007, p.11) pontua que: [...] as habilidades desenvolvem-se porque, ao jogar, os alunos têm a oportunidade de resolver problemas, investigar e descobrir qual a melhor jogada; refletir e analisar as regras, estabelecendo relações entre os elementos do jogo e os conceitos matemáticos. Dessa 5 maneira verifica-se que o jogo possibilita situações de prazer e trás consigo a aprendizagem significativa nas aulas de matemática. Assim sendo, ensinar através de jogos é um excelente método, não só para aulas mais interessantes e prazerosas, mas também para uma aproximação entre aluno e professor, despertando neste aluno a vontade de frequentar o ambiente escolar, já que aprende se divertindo. O uso do jogo na disciplina de matemática possibilita uma experiência significativa para o aprendizado dos alunos, bem como no desenvolvimento de habilidades novas. Neste viés, o aluno é motivado a pensar e ao mesmo tempo jogar. Desta forma, ele descobre e formula, aprendendo de forma plena e satisfatória. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Visto até aqui a relevância dos jogos na aprendizagem, podemos expor aqui alguns deles a serem trabalhados no ensino da matemática, como por exemplo, jogos de adivinhação da tabuada, jogos de corrida de obstáculos no papel ou desafio da adição, dominó da tabuada, jogos de tabuleiro, jogo dos pontinhos, jogo de caçada a erros, de caça aos números, e etc. O educador poderá fazer jogos recicláveis também, como o mostrado nas figuras a seguir: Figura 1 – Jogos pedagógicos matemáticos Fonte: Google Imagens. O trabalho é de cunho bibliográfico, sendo buscadas fontes que viessem de encontro à temática. Foram realizadas leituras sobre o assunto a fim de conhecer melhor a respeito. O mesmo foi feito a partir de pesquisas na internet, buscando por artigos fidedignos. 6 Figura 2 – Imagem retirada de fonte eletrônica pesquisada para o trabalho Fonte: Kiya (2014). Conforme a autora, na busca por respostas sobre como tornar o ensino mais útil e agradável tanto para os alunos e professores, descobriu-se que o uso de jogos bem como de atividades lúdicas aliadas a disciplina de matemática como métodos pedagógicos, podem ser a saída para melhorar o processo de ensino e tornar o trabalho educacional mais dinâmico. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos dias de hoje, muito se tem feito na busca por melhorar a aprendizagem dos alunos e os jogos enquanto estratégias pedagógicas, são estudados por pesquisadores e profissionais da educação de modo a encontrarem meios mais significativos e desafiadores nas situações de construção dos conhecimentos dos alunos. Os jogos para o estudioso Tizuko M. Kishimoto (2007), estão ligados ao pensamento de cada criança, mesmo que ela não os tenha conhecido ainda, já que ela cria suas fantasias por meio dos brinquedos. Sendo assim, entende-se mediante a fala do autor, que a criança já convive e traz em si traços lúdicos que, portanto, favorecerão na sua aprendizagem quando em contato com os jogos. Falando da importância da matemática, Marques, Perin e Santos (2013), dizem que ela está presente no dia a dia dos sujeitos, permeando todas as áreas do conhecimento que serão utilizadas na vida diária, sendo que, o ato de ensinar a matemática nas escolas não deverá estar distanciado dos seus principais objetivos, dentre os quais: “a construção da cidadania, o preparo para o mundo 7 do trabalho e o desenvolvimento cognitivo, conforme esclarece a Nova LDB n. 9394/96” (não paginado). Assim como a matemática é atividade humana, os jogos são estratégicos à construção de conhecimentos dentro da matemática. Sendo assim, os alunos que tem aversão a números e cálculos, podem ver a matemática como algo simples e eficaz, que pode dá prazer. Importa ainda que também os pais em casa auxiliem seus filhos a obterem prazer em aprender a matemática. Nesse modo de pensar, o pesquisador das Ciências Cognitivas e orientador em educação infantil e adulta, Alberto Silva Filho (2019), traz a dica aos pais de oferecer Jogos de Tabuleiro, Batalha Naval, Quebra Cabeças, Blocos de Construção, Dentro do Supermercado (a criança pode aprender sobre pesos, medidas, volumes e comparações), gerenciar a Mesada, conhecendo Mapas e com o pé na Estrada (questionamentos tais como: A que distância fica o lugar para onde estamos indo? Quantas cidades ou estados vamos cruzar? Quantos automóveis do modelo X vamos encontrar até chegarmos ao nosso destino?, e etc.), esportes e aprendendo com Receitas de cozinha. Assim, são inúmeras as formas que pais e professores têm à disposição para ensinar efetivamente às crianças, jovens e adultos por meio de jogos pedagógicos. 5. CONCLUSÃO Ensinar por meio do lúdico facilita a aprendizagem, e tendo o jogo uma característica lúdica, possibilita ao aluno descobertas e posturas inúmeras; o professor, mediante a relevância do jogo e do lúdico, poderá fazer a exploração destes na construção dos conhecimentos matemáticos, sendo que os estímulos não se limitarão à matemática em si, mas auxiliarão no desenvolvimento dos alunos e na sua postura mediante o dia a dia em sociedade. Além disso, a matemática por vezes traz uma característica aos alunos de repulsa, em que muitos torcem o nariz quando se tem uma aula com números e cálculos ou regras. Enquanto acadêmico-pesquisador, descobriu-se que há casos de professores que não consideram ensinar a matemática de modo a cativar os alunos, mas que também, existem e professores de matemática que, por meio de jogos, tem levado alunos até mesmo desinteressados pela escola e aulas, a terem um novo olhar pela matemática, e interesse em não evadir-se da escola. Daí se dá a relevância de um bom professor que se preocupa em ensinar de verdade aos seus alunos, e com a ludicidade que há nos jogos ele poderá favorecer e muito a aprendizagem dos seus alunos. é preciso que o professor seja dedicado e pesquisador contínuo, bem como, conhecedor de 8 seus alunos, e ter uma boa relação com os mesmos. Ele precisa deixar as suas aulas de matemática com uma perspectiva interessante, óbvio que não todo o tempo, mas a dinamicidade com o uso dos jogos, deve ser uma faceta presente em seus planejamentos. REFERÊNCIAS BARROS, Paulo Cesar de. A prática pedagógica do professor de educação física e ainserção do lúdico como um meio de aprendizagem. 2006. 127 folhas. Dissertação de Mestrado em Educação, Pontifícia Universidade do Paraná. Curitiba 2006. BEMVENUTI, Alice. O jogo na história: aspectos a desvelar. In Ulbra - Universidade Luterana do Brasil (org.). O lúdico na prática pedagógica. Curitiba: Ibpex, 2009.p.17-35. KIYA, Marcia Cristina da Silveira. O uso de Jogos e de atividades lúdicas como recurso pedagógico facilitador da aprendizagem. 2014. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/ 2014/2014_uepg_ped_pdp_marcia_cristina_da_silveira_kiya.pdf. Acesso: 02 Jun. 2020. KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a Educação. 14.ed. São Paulo: Cortez, 2011. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. 14.e.d. Petrópolis, RJ, 2007. MARQUES, Marilaine de Castro Pereira; PERIN, Clailton Lira; SANTOS, Edinalva dos. Contribuição dos jogos matemáticos na aprendizagem dos alunos da 2ª fase do 1º ciclo da escola estadual 19 de maio de alta Floresta-MT. Revista Eletrônica da Faculdade de Alta Floresta; v. 2, n. 1, 2013. SILVA FILHO, Alberto. 9 Maneiras Sensatas e Efetivas de Ensinar Matemática em Casa. Jul. 2019. Disponível em: https://www.sitededicas.com.br/artigo13.htm#link1 Acesso em: 03 jun. 2020. SMOLE, K. S. DINIZ, M. I. MILANI, E. Jogos de matemática de 6º a 9º ano. Porto Alegre: Artmed, 2007. (Série Cadernos do Mathema-Ensino Fundamental). 9 STAREPRAVO, A. R. Jogando com a matemática: números e operações. Curitiba: Aymará, 2010. WITTIZORECKI, Elisandro S. Aspectos históricos e etimológicos do jogo. In Ulbra - Universidade Luterana do Brasil (org.). Jogos, Recreação e Lazer. Curitiba: Ibpex, 2009.p.34-45.
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