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Universidade Estadual de Campinas Análise Combinatória, Probabilidade Noções de Estat́ıstica Tema 1 - Elementos da teoria de conjuntos e estruturas de contagem Prof. Laura Rifo laurarifo at ime.unicamp.br - 1o semestre 2017 - Conteúdo 1 Elementos da teoria de conjuntos 1 1.1 Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Relações entre conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3 Coleções de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.4 Produto cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.5 Mãos à obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2 Medida de contagem 9 2.1 Prinćıpio da adição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2 Algumas desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Desigualdade de Boole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Desigualdade de Bonferroni . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.3 Prinćıpio de inclusão-exclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.4 Prinćıpio da multiplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.5 Mãos à obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 3 Estruturas de contagem 19 3.1 Permutações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.2 Combinações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 3.3 Mãos à obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.4 Amostragem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Amostra ordenada sem reposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Boole.html http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Bonferroni.html ii Conteúdo Amostra ordenada com reposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Amostra não ordenada sem reposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Amostra não ordenada com reposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Mãos à obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3.5 Coeficientes multinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Mãos à obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Caṕıtulo 1 Elementos da teoria de conjuntos 1.1 Conjuntos A teoria de conjuntos é a base para todo o cálculo de probabilidades, assim como para outras áreas da matemática. Nesta seção, faremos uma pequena revisão do material necessário para este módulo. Lembremos que um conjunto é uma coleção de objetos, chamados os elementos do con- junto. Tipicamente, denotaremos os conjuntos por letras maiúsculas do começo do alfa- beto, A,B, . . . , e seus elementos por letras minúsculas do alfabeto, a, b, c, s, t, x, y, . . . . Alguns conjuntos serão denotados por śımbolos especiais, como veremos mais adiante. A afirmação de que s é um elemento do conjunto A é escrita como s ∈ A. Como conceito primitivo, um conjunto fica completamente determinado por seus elementos, A = {a1, a2, . . . }. Decorrente disto, dizemos que dois conjuntos A e B são iguais, A = B, se eles tiverem os mesmos elementos, A = B se e somente se (s ∈ A ⇐⇒ s ∈ B) . Esta relação entre pertinência e igualdade é conhecida como o Axioma da Extensão. Dados os conjuntos A e B, dizemos que A é um subconjunto de B, A ⊂ B, se todo elemento de A for também elemento de B, A ⊂ B se e somente se (s ∈ A⇒ s ∈ B) , e diremos que A ⊂ B é um subconjunto próprio de B se existe algum elemento b ∈ B que não pertence a A. Neste segundo caso, escreveremos explicitamente A ( B. 2 Elementos da teoria de conjuntos Figura 1.1: Diagrama de Euler-Venn para dois conjuntos, A ⊂ B. O conceito de inclusão de conjuntos nos permite reescrever o Axioma da Extensão da seguinte maneira A = B se e somente se (A ⊂ B e B ⊂ A) . Esta condição equivalente é a comumente usada nas demonstrações de igualdade entre dois conjuntos: primeiro mostramos que A ⊂ B e depois que B ⊂ A. Podemos representar conjuntos e relações entre eles com desenhos esquemáticos chama- dos diagramas de Euler - Venn. O diagrama da Figura 1.1, por exemplo, representa a relação de subconjunto, com A ⊂ B. Consideremos um conjunto Ω. Para cada elemento s ∈ Ω, um predicado q(s) é uma afirmação que ou é verdadeira ou é falsa. Assim, {s ∈ Ω : q(s) é verdadeira} define completamente um subconjunto de Ω: o conjunto de todos os elementos de Ω que satis- fazem q(s). Por exemplo, A = {s inteiro : s = 2k, para algum k natural } representa o conjunto dos números pares não-negativos. A existência de um conjunto a partir de um predicado é garantido pelo chamado Axioma da Especificação. Assumiremos agora a seguinte hipótese de existência: existe um conjunto. Com esta hipótese e com o Axioma da Especificação, podemos provar que existe um conjunto sem elementos. De fato, dado um conjunto Ω, basta tomar {s ∈ Ω : s 6= s}, ou qualquer outro predicado universalmente falso. Daqui também, pelo Axioma da Extensão, temos que este conjunto é único: o chamado conjunto vazio, denotado por ∅. Observe que o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto A. De fato, se isto não fosse verdade, deveria existir um elemento s ∈ ∅ que não pertence a A, o que não é posśıvel. http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Euler.html http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Venn.html Relações entre conjuntos 3 Trabalharemos, em qualquer contexto, com conjuntos que serão todos subconjuntos de um conjunto espećıfico, Ω, que chamaremos conjunto universo, no sentido de um conjunto que contém todos os elementos pertinentes ao contexto dado. 1.2 Relações entre conjuntos Lembremos que as operação básicas em teoria de conjuntos permitem definir novos conjuntos a partir de conjuntos dados. Mais precisamente, sejam A e B subconjuntos de um mesmo conjunto Ω. Definimos a união entre A e B, como o conjunto que contém todos os elementos de A ou de B, e apenas estes, A ∪B = {s ∈ Ω : s ∈ A ou s ∈ B}. A interseção de A e B é o conjunto dos elementos em comum entre A e B, A ∩B = {s ∈ Ω : s ∈ A e s ∈ B}. A diferença de conjuntos de B e A é o conjunto dos elementos que estão em B mas não em A, B \A = {s ∈ Ω : s ∈ B e s /∈ A}. O complementar de A é o conjunto de elementos de Ω que não estão em A, AC = {s ∈ Ω : s /∈ A} = Ω \A. Observe que B \A é igual a A ∩BC . (Prove.) Dizemos que os conjuntos A e B são disjuntos se sua interseção for o conjunto vazio, A ∩B = ∅. Uma discussão mais aprofundada de teoria de conjuntos pode ser encontrada no livro clássico de Halmos [4]. O projeto Laboratório de Probabilidade e Estat́ıstica da Univer- sidade do Alabama [12] disponibiliza um applet sobre o diagrama de Euler-Venn para visualizar as posśıveis relações entre dois conjuntos. 1.3 Coleções de conjuntos Podemos estender as operações anteriores para coleções finitas ou infinitas de conjuntos. http://www.math.uah.edu/stat/applets/VennGame.html 4 Elementos da teoria de conjuntos Assim, se tivermos três conjuntos A,B,C, a união deles é A ∪B ∪ C = (A ∪B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) = {s ∈ Ω : s ∈ A ou s ∈ B ou s ∈ C} , e a interseção é A ∩B ∩ C = (A ∩B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) = {s ∈ Ω : s ∈ A e s ∈ B e s ∈ C}. Mais geralmente, seja A uma coleção de subconjuntos de Ω, A = {Ai ⊂ Ω : i ∈ I}. A união da coleção A é o conjunto que combina os elementos dos conjuntos em A,⋃ A = {s ∈ Ω : s ∈ A para algum A ∈ A}, ou, escrito de outra maneira,⋃ i∈I Ai = {s ∈ Ω : s ∈ Ai para algum i ∈ I}. A interseção da coleção A é o conjunto dos elementos em comum a todos os conjuntos em A, ⋂ A = ⋂ i∈I Ai = {s ∈ Ω : s ∈ Ai para todo i ∈ I}. A Figura 1.2 mostra estes novos conjuntosa partir de uma coleção. Figura 1.2: Diagrama de Euler-Venn para a união e a interseção de uma coleção de conjuntos. Dizemos que os conjuntos da coleção A são disjuntos dois a dois se a interseção de quaisquer dois conjuntos diferentes da coleção for vazia, A ∩B = ∅ para quaisquer A ∈ A e B ∈ A , com A 6= B. Dizemos que a coleção A forma uma partição de um conjunto B se A for disjunta dois a dois e ⋃ A = B. Por exemplo, se B = {a, b, c}, então A = {{a}, {b, c}} é uma partição de B. Produto cartesiano 5 Dado um conjunto Ω, uma coleção importante é a coleção de todos os subconjuntos de Ω, chamado o conjunto das partes ou conjunto potência de Ω, que denotaremos por P(Ω) ou 2Ω. A existência desta coleção é garantida pelo Axioma das potências. Por exemplo, se Ω = ∅, então P(Ω) é o conjunto {∅}. Se Ω = {a, b}, então P(Ω) = {∅, {a}, {b},Ω}. O conjunto potência é tipicamente grande com relação ao conjunto original: se Ω tem n elementos, então P(Ω) tem 2n elementos. (Prove.) 1.4 Produto cartesiano Dados dois conjuntos A,B, definimos o produto cartesiano entre A e B, e o denota- remos por A × B, como o conjunto de pares ordenados (a, b) tais que a é elemento de A, e b é elemento de B, A×B = {(a, b) : a ∈ A, b ∈ B} . Observe que, em geral, A×B 6= B ×A. Mostre um exemplo onde a igualdade é válida e outro onde ela não é. Em geral, consideremos os conjuntos Ω1,Ω2, . . . ,Ωn. Definimos o produto cartesiano entre eles como o conjunto Ω1 × Ω2 × · · · × Ωn = {(s1, s2, . . . , sn) : si ∈ Ωi para todo i ∈ {1, 2, . . . , n}}. Se todos os conjuntos forem iguais, Ωi = Ω, denotamos o produto cartesiano como Ω n. Podemos estender esta definição para uma seqüência enumerável de conjuntos (Ω1,Ω2, . . . ) como ∏ i Ωi = Ω1 × Ω2 × · · · = {(s1, s2, . . . ) : si ∈ Ωi para todo i ∈ {1, 2, . . . }}, ou para uma famı́lia não-enumerável, como, por exemplo, {Ωt, t ∈ [0, 1]}. Neste último exemplo, podemos pensar o conjunto de ı́ndices como o tempo, e Ωt como o conjunto considerado no instante t. No caso enumerável, esta interpretação também se aplica, considerando o conjunto de ı́ndices como as etapas de um processo e Ωn como o conjunto considerado da n-ésima etapa. Denotaremos os elementos de um produto cartesiano com a notação vetorial usual (s1, s2, . . . , sn) ou simplesmente como letras de uma palavra s1s2 . . . sn. Alguns produtos do portal Matemática Multimı́dia [10] lidam com teoria de conjuntos, podendo ser utilizado como material auxiliar com os alunos. Os v́ıdeos Alice, os parado- xos e a formalização e A revanche de Alice mostram alguns dos paradoxos em teoria de http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/index.php?url=http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/VideosM3Matematica/MatematicanaEscola/ParadoxosdeAlice/ http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/index.php?url=http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/VideosM3Matematica/MatematicanaEscola/ParadoxosdeAlice/ http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/index.php?url=http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/VideosM3Matematica/MatematicanaEscola/RevanchedeAlice/ 6 Elementos da teoria de conjuntos conjuntos e suas soluções formais. Os v́ıdeos Grande hotel e Hotel de Hilbert abordam conjuntos numéricos infinitos e alguns resultados pouco intuitivos relacionados. 1.5 Mãos à obra 1. Mostre que para todo conjunto A ⊂ Ω, A ∪∅ = A e A ∩∅ = ∅. 2. Dados conjuntos A e B de um conjunto universo Ω, mostre que A∩B ⊂ A ⊂ A∪B. 3. A ⊂ B se e somente se A ∪B = B. 4. A ⊂ B se e somente se A ∩B = A. 5. Dados os conjuntos A,B,C ⊂ Ω, mostre que: A ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C, A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C, A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C), A ∪ (B ∩ C) = (A ∪B) ∩ (A ∪ C). 6. Mostre que C ⊂ A é condição necessária e suficiente para que (A ∩ B) ∪ C = A ∩ (B ∪ C). 7. Dado um subconjunto A de um conjunto universo Ω, mostre que A ∪ AC = Ω e que A ∩AC = ∅. 8. ∅C = Ω, ΩC = ∅. 9. (AC)C = A, A ⊂ B se e somente se BC ⊂ AC . 10. (Leis de De Morgan) Dados dois conjuntos A e B, mostre que (a) (A ∪B)C = AC ∩BC (b) (A ∩B)C = AC ∪BC 11. Considere o conjunto A = {0, 1, 2, 3, 4, 5}. Dê um exemplo de uma partição de A com 3 conjuntos; com 4 conjuntos. Qual é o maior número de conjuntos que uma partição de A pode ter? E o menor? 12. Mostre que, dados dois conjuntos A e B, P(A)∩P(B) = P(A∩B) e P(A)∪P(B) ⊂ P(A ∪B). Se A ⊂ B, então P(A) ⊂ P(B). 13. Mostre que, dado um conjunto A, ⋃ P(A) = A e ⋂ P(A) = ∅. 14. Obtenha P(∅), PP(∅) e PPP(∅). http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/index.php?url=http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/VideosM3Matematica/MatematicanaEscola/GrandeHotel/ http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/index.php?url=http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/VideosM3Matematica/MatematicanaEscola/HotelHilbert/ http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/De_Morgan.html Mãos à obra 7 15. Dados os conjuntos A,B,X, Y , prove que (A ∪ B) × X = (A × X) ∪ (B × X) e (A ∩B)× (X ∩ Y ) = (A×X) ∩ (B × Y ). 16. Seja Ω = {1, 2, 3, 4}× {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Este conjunto pode ser interpretado como o conjunto de resultados do lançamento de uma dado de 4 faces e um dado de 6 faces. Considere os conjuntos A = {(x, y) ∈ Ω : x é par } e B = {(x, y) ∈ Ω : x+ y = 5}. Interprete e liste os elementos de cada um dos conjuntos a seguir: Ω, A, B, A∪B, A ∩B, A \B, B \A. 17. Seja Ω = {0, 1}3. Este conjunto pode ser visto como o conjunto de resultados de três lançamentos de uma moeda (0 denotando coroa e 1, cara, por exemplo). Defina os conjuntos A = {(s1, s2, s3) ∈ Ω : s2 = 1} e B = {(s1, s2, s3) ∈ Ω : s1 + s2 + s3 = 2}. Interprete e liste os elementos de cada um dos conjuntos a seguir: Ω, A, B, AC , BC , A ∪B, A ∩B, A \B, B \A. 18. Seja Ω = {0, 1}2, o conjunto de resultados em dois lançamentos de uma moeda. Liste os elementos do conjunto das partes de Ω, P(Ω). 19. Podemos denotar um conjunto de cartas de baralho como o conjunto produto Ω = {As, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, J,Q,K} × {♣,♥,♦,♠}, onde o primeiro elemento do par ordenado indica o valor da carta e o segundo indica o naipe. Denotemos por A o conjunto de corações, e por B o conjunto de cartas com personagens. Interprete e liste os elementos dos conjuntos A, B, A∪B, A ∩B, A \B, B \A. 20. Considere a seqüência de conjuntos An = [0, 1− 1/n], para n ∈ {1, 2, . . . }. Deter- mine ⋂ An, ⋃ An, ⋂ ACn , ⋃ ACn . 8 Elementos da teoria de conjuntos Caṕıtulo 2 Medida de contagem Vimos, como axioma básico em teoria de conjuntos, que um conjunto é completamente determinado por seus elementos. Em particular, se quisermos saber quantos elementos tem um conjunto finito, basta, em prinćıpio, listar seus elementos e contá-los. Esta, no entanto, pode-se mostrar uma tarefa desmesurada. Quando trabalhamos com problemas envolvendo amostragens de um conjunto finito, por exemplo, o conjunto que queremos contar é tipicamente um conjunto grande, o que nos leva à necessidade de construir formas eficientes de contagem. Veremos, neste caṕıtulo, ferramentas básicas para determinar o número de elementos de um conjunto sem necessidade de listar todos seus elementos. Uma das regras básicas da contagem é o prinćıpio da adição da medida de contagem, também conhecido como regra da soma. Suporemos, a menos que seja explicitado o contrário, que estamos interessados em um contexto no qual o conjunto universo Ω é um conjunto finito. Neste caso, dado A ⊂ Ω, a cardinalidade de A é o número de elementos de A, e será denotado por #(A) ou simplesmente #A. A função # é chamada medida de contagem e é fundamental na teoria de probabilidades discretas. 2.1 Prinćıpio da adição Dados A e B, dois conjuntos disjuntos contendo p e q elementos, respectivamente, então A ∪B tem p+ q elementos. 10 Medida de contagem Em geral, sejam A1, A2, . . . , An uma coleção finita de subconjuntos disjuntos dois a dois de Ω. Então # ( n⋃ k=1 Ak ) = n∑ k=1 #(Ak).A visualização deste axioma é imediata: sejam A = {a, b} e B = {c, d, e}, conjuntos com #A = 2 e #B = 3; então #(A ∪ B) = #{a, b, c, d, e} = 5 = 2 + 3. Do mesmo modo, a necessidade de serem conjuntos disjuntos também é clara: se A = {a, b} e B = {b, c, d}, com #A = 2 e #B = 3; então #(A ∪B) = #{a, b, c, d} = 4 6= 2 + 3. Uma conseqüência imediata desta propriedade é que, dados dois conjuntos A e B tais que A ⊂ B, então #A ≤ #B (mostre isto). Dizemos, então, que # é uma função crescente relativa à ordem parcial dos subconjuntos de Ω e à ordem usual dos números reais. 2.2 Algumas desigualdades As seguintes desigualdades nos permitem obter limitantes para o número de elementos de um conjunto formado a partir da união ou da interseção de outros conjuntos. Desigualdade de Boole Sejam A1, A2, . . . , An uma coleção finita de subconjuntos disjuntos de Ω. Então # ( n⋃ k=1 Ak ) ≤ n∑ k=1 #(Ak). Demonstração. Vejamos inicialmente o caso n = 2, para entender o argumento da prova. Dados os conjuntos A1 e A2, consideremos os conjuntos B1 = A1 e B2 = A2 \ B1 = A2 \A1. Então B1 ∪B2 = A1 ∪A2, ou seja, #(B1 ∪B2) = #(A1 ∪A2). Como B1 e B2 são disjuntos, pelo prinćıpio da adição, #(B1 ∪ B2) = #B1 + #B2. Finalmente, como B1 ⊂ A1 e B2 ⊂ A2, temos #B1 ≤ #A1 e #B2 ≤ #A2. Assim, #(A1 ∪A2) = #(B1 ∪B2) = #B1 + #B2 ≤ #A1 + #A2 . Para n qualquer, dados os conjuntos A1, A2, . . . , An, definamos os conjuntos B1 = A1, B2 = A2 \ B1, B3 = A3 \ B2, e assim por diante, ou seja, Bk = Ak \ (A1 ∪ · · · ∪Ak−1) para k ∈ {2, . . . , n}. http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Boole.html Algumas desigualdades 11 Figura 2.1: Construção da prova da desigualdade de Boole. Observe que os elementos de B2 são os elementos de A2 que não estão em A1. Do mesmo modo, os elementos de B3 são os elementos de A3 que não estão nem em A1 nem em A2, e assim por diante. A Figura 2.1 mostra o caso para 3 conjuntos. Portanto, os conjuntos B1, B2, . . . , Bn são disjuntos dois a dois e têm a mesma união que A (Prove estas afirmações formalmente dentro da teoria de conjuntos). Desta forma #(∪Ak) = #(∪Bk). Pela regra da adição, #(∪Bk) = ∑ #Bk. Finalmente, como Bk ⊂ Ak, temos que # (∪kAk) = # (∪kBk) = ∑ #Bk ≤ ∑ #Ak, como queŕıamos provar. Em palavras, o total de elementos da união de conjuntos é menor ou igual que a soma dos totais de elementos de cada conjunto, já que se houver interseção não-vazia, contaremos os elementos da interseção mais de uma vez. 12 Medida de contagem Desigualdade de Bonferroni Seja A1, A2, . . . , An uma coleção finita de subconjuntos disjuntos de Ω. Então # (⋂ i Ai ) ≥ #Ω− ∑ i ( #ACi ) . Demonstração. Aplique a desigualdade de Boole aos conjuntos AC1 , A C 2 , . . . , A C n e use as leis de De Morgan. 2.3 Prinćıpio de inclusão-exclusão Dados os conjuntos A,B ⊂ Ω, #(A ∪B) = #A+ #B −#(A ∩B). Demonstração. Observemos que podemos escrever A ∪ B como a união dos conjuntos disjuntos A e B \A. Pela regra da adição, chegamos ao resultado. Esta fórmula nos dá o total exato de elementos de uma união, indicando que devemos so- mar os totais de elementos de cada conjunto e subtrair o total de elementos da interseção (que foram contados duas vezes). Este resultado pode ser estendido para mais de dois conjuntos, de forma natural. Por exemplo, para n = 3 conjuntos, temos que #(A ∪B ∪ C) = #A+ #B −#(A ∩B)−#(A ∩ C)−#(B ∩ C) + #(A ∩B ∩ C), que pode ser visualizado no diagrama da Figura 2.2. Figura 2.2: Diagrama de Euler-Venn para 3 conjuntos. http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Bonferroni.html Prinćıpio da multiplicação 13 Exemplo Quantos inteiros entre 1 e 1000 são diviśıveis por 3 ou 7? Denotemos por A e B os conjuntos A = inteiros entre 1 e 1000 diviśıveis por 3; B = inteiros entre 1 e 1000 diviśıveis por 7. Queremos calcular #(A ∪B). Como #A = ⌊ 1000 3 ⌋ = 333 , #B = ⌊ 1000 7 ⌋ = 142 , #(A ∩B) = ⌊ 1000 21 ⌋ = 47 , onde bxc é a parte inteira de x, pelo prinćıpio de inclusão-exclusão, temos que #(A ∪B) = 333 + 142− 47 = 428 . 2.4 Prinćıpio da multiplicação O prinćıpio da multiplicação, também conhecido como a regra do produto em contagem, se baseia na formulação de um procedimento ou algoritmo sequencial que permita gerar os objetos que devem ser contados. Em outras palavras, suponha que o procedimento de contagem pode ser visto como um processo com duas etapas. Se a primeira etapa puder ser realizada de n1 maneiras dife- rentes, e a segunda, de n2 maneiras diferentes, independentemente da maneira escolhida na etapa anterior, então o total de maneiras de realizar o processo é n1 × n2. Por exemplo, considere um grupo com 3 meninos e 4 meninas, do qual escolheremos uma dupla menino-menina. Podemos ver este procedimento como o processo de escolher um menino e, depois de ter escolhido o menino, escolher uma menina. Para o primeiro passo, temos 3 possibilidade de escolha, e para o segundo, temos 4 possibilidades, inde- pendentemente do menino escolhido. Assim, podemos formar esta dupla de 3× 4 = 12 formas diferentes. Observe que podeŕıamos ter escolhido primeiro a menina e depois o menino, obtendo o mesmo resultado final. Em geral, suponha que o procedimento pode ser visto como um processo com k passos, a serem realizados sucessivamente, e que cada passo j pode ser realizado de nj formas diferentes, independentemente das escolhas feitas previamente. 14 Medida de contagem Então o número total de formas de realizar o procedimento é igual a n1×n2× · · · ×nk, que é também o número total de posśıveis objetos gerados. Podemos visualizar este algoritmo em uma árvore de contagem. Consideremos uma árvore com k ńıveis de galhos, de modo que cada galho do ńıvel i se divida em ni+1 novos galhos no ńıvel i+ 1, para i = 1, . . . , k − 1, como mostrado na Figura 2.3. Figura 2.3: Diagrama de árvore de contagem. O total de nodos no lado direito da árvore é igual ao produto n1 n2 . . . nk. Em particular, se em cada passo do algoritmo tivermos o mesmo número de possibili- dades, n, então o procedimento completo pode ser realizado de nk maneiras posśıveis. Exemplo A placa de um carro consiste em 3 letras e 4 d́ıgitos. Quantas placas dife- rentes podem ser licenciadas? Considerando um total de 26 letras e 10 d́ıgitos, temos 26×26×26×10×10×10×10 = 175 760 000 placas diferentes. O fundamental para a correta aplicação deste prinćıpio em um problema de contagem é fazer uma formulação clara do algoritmo que gera os diversos posśıveis objetos, de modo que cada objeto seja contado e que seja contado uma única vez. Prinćıpio da multiplicação 15 Exemplo Uma bandeira é formada por 4 listras, que devem ser coloridas cada uma de uma cor, usando no máximo as cores branco, verde e cinza. Se listras adjacentes não devem ter a mesma cor, de quantas formas pode ser colorida a bandeira? Podemos ver este problema como um processo em 4 etapas, uma etapa para cada listra. Assim, a primeira listra pode ser de qualquer uma das 3 cores; a segunda não pode ser da cor anterior, então pode ser qualquer uma das outras 2 cores; o mesmo vale para a terceira e para a quarta listra. Portanto, pelo prinćıpio da multiplicação, a bandeira pode ser pintada de 3 × 2 × 2 × 2 = 24 formas diferentes, algumas delas com apenas duas cores. Exemplo Determine a quantidade de números naturais entre 100 e 999, formados com três algarismos diferentes. Observe que aqui temos duas condições: uma de que os d́ıgitos devem ser diferentes, e outra de que o primeiro d́ıgito não pode ser igual a zero. Podemos ver o problema como um processo em 3 etapas diferentes, uma para cada d́ıgito, começando, por exemplo, com o primeiro d́ıgito. Como ele não pode ser zero, temos 9 possibilidades; para o segundo algarismo, ele pode ser zero mas tem que ser diferente do primeiro, assim temos 9 possibilidades; e para o terceiro,como já foram dois, temos 8 possibilidades. Portanto, o total requerido é igual a 9× 9× 8 = 648. Neste exemplo, podeŕıamos ter começado o processo por outro algarismo, que não o primeiro. Por exemplo, se tivéssemos começado do último, teŕıamos 10 possibilidades, para o segundo algarismo, 9 possibilidades, e para o primeiro... não sabeŕıamos dizer quantas possibilidades: se o zero já tiver sáıdo, temos 8 possibilidades; e se não tiver sáıdo, temos 7 possibilidades. Ou seja, deveŕıamos saber em quantas das 9 × 10 = 90 possibilidades o 0 aparece, para poder completar a solução do problema. Exemplo Quantos números naturais de 4 algarismos, que sejam menores que 5003 e diviśıveis por 5, podem ser formados apenas com os algarismos 2, 3, 4 e 5? A recomendação para abordar o problema é começar pelo algarismo com mais restrições, até o algarismo com menos restrições. Assim, começando pelo último algarismo, temos apenas uma opção (o d́ıgito 5); para o primeiro algarismo, temos 3 opções (pois o número deve ser menor que 5000); para os outros dois, temos 4 opções para cada. Ou seja, temos 3× 4× 4× 1 = 48 números satisfazendo as condições. Em muitos problemas aplicados, tipicamente, o total de galhos de um nodo depende não só da etapa do processo como também do nodo considerado. Nesses casos, o processo 16 Medida de contagem de contagem deve ser analisado separadamente levando em conta estas condições, como no exemplo seguinte. Exemplo Quantos números pares de três algarismos podemos escrever com algarismos diferentes? Daremos três soluções para este problema. solução 1 O último algarismo pode ser escrito de 5 modos: 0, 2, 4, 6, 8. O primeiro dependerá de qual algarismo foi usado no passo anterior. Se foi zero, então o primeiro pode ser escolhido de 9 modos; se o zero não foi usado, temos 8 modos. Precisamos assim contar quantos casos têm o zero e quantos não o têm como último algarismo. Terminando em zero, temos 1 modo de escolher o último algarismo, 9 modos de escolher o primeiro, e 8, o segundo: 9× 8× 1 = 72 números. Não terminando em zero, temos 4 modos para o último algarismo, 8 para o primeiro e 8 para o segundo: 8× 8× 4 = 256. Finalmente, pelo prinćıpio da adição, o total de números satisfazendo a condição é 72 + 256 = 328. solução 2 Podemos ignorar uma das restrições. Por exemplo, ignoremos que o pri- meiro algarismo não pode ser zero. Temos assim 5 modos de escolher o último algarismo, 9 modos de escolher o primeiro e 8, o segundo: 9× 8× 5 = 360 números. Estes números incluem aqueles com 0 no primeiro algarismo, que tem que ser descontados. Começando em zero, temos 1 forma de escolher o primeiro, 4 de escolher o último, e 8, o segundo: 1× 8× 4 = 32. Portanto, temos 360− 32 = 328 números com a condição pedida. solução 3 Similarmente à estratégia anterior, consideremos todos os números com 3 algarismos diferentes: 9× 9× 8 = 648. Destes, descontamos os números ı́mpares com 3 algarismos distintos: 8× 8× 5 = 320, obtendo 648− 320 = 328 números. O v́ıdeo Desejos e o software Geometria do Táxi, dispońıveis no site do projeto Mate- mática Multimı́dia [10] tratam de algumas regras de contagem, podendo ser utilizados como material auxiliar em sala de aula. http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/index.php?url=http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Videos/VideosM3Matematica/MatematicanaEscola/Desejos/ http://www.m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Softwares/Recursos/taxi_contagem/taxi_contagem/visualizar.html Mãos à obra 17 Uma referência bibliográfica clássica é o livro de Feller [2], que aborda este tópico nos primeiros caṕıtulos, com problemas que podem ser verdadeiros desafios. Um texto muito claro é o de Análise Combinatória [1] da Coleção do Professor de Matemática, da SBM. Os seguintes exerćıcios são importantes para perceber diferentes abordagens do prinćıpio de adição. 2.5 Mãos à obra Para os seguintes exerćıcios, considere os subconjuntos A,B,C,A1, A2, . . . , An ⊂ Ω, com Ω finito. Dica: antes de fazer as demonstrações, construa pelo menos um exemplo, atribuindo valores para as quantidades e conjuntos envolvidos. 1. Mostre que #AC = #Ω−#A. 2. Mostre que #(B \A) = #B −#(B ∩A). 3. Mostre que se A ⊂ B então #(B \A) = #B −#A. 4. Suponha que Ω é um conjunto de seqüências de comprimento k, com elementos da forma (x1, x2, . . . , xk). Mostre que se cada coordenada j tiver nj posśıveis valores, independentemente das demais coordenadas, então #Ω = n1 × n2 × · · · × nk. 5. Mostre que se Ω tem n elementos, então Ωk tem nk elementos. 6. Mostre que o número de amostras ordenadas de k elementos que podem ser sele- cionadas com reposição de uma população de n objetos é igual a nk. 7. Mostre que o número total de funções de um conjunto A com n elementos em um conjunto B com m elementos é mn. Este resultado é uma motivação para usar a notação BA para o conjunto de todas as funções de A em B. 8. Suponha que Ω tem n elementos. Mostre que o conjunto das partes de Ω tem 2n elementos. Dica: para cada subconjunto A de Ω, defina a função sobre Ω que atribui o valor 0 se o elemento não pertencer a A, e 1, se pertencer. Mostre que esta função determina unicamente o subconjunto A. Quantas funções deste tipo existem? 18 Medida de contagem 9. Um experimento consiste em: primeiro, lançar um dado comum de 6 faces, depois escolher uma carta de um baralho de 52 cartas e, finalmente, lançar uma moeda comum. Quantos posśıveis resultados tem este experimento? 10. Uma moeda comum é lançada 10 vezes, observando a seqüência de resultados de cada lançamento. Quantas seqüências posśıveis há? Quantas seqüências têm exatamente 3 caras? 11. Um experimento com dados e moedas consiste em lançar um dado e depois lançar uma moeda o número de vezes mostrado no dado, observando a seqüência de resultados da moeda. Quantos resultados posśıveis existem? Quantos deles têm exatamente duas caras? 12. Um experimento consiste em lançar um dado comum de 6 faces, e: parar o ex- perimento, se o resultado for ı́mpar; ou escolher uma carta de um baralho de 52 cartas, se o resultado for par, e, neste caso, lançar uma moeda balanceada o total de vezes indicado na carta selecionada. Suponha que Ás vale 1, e as figuras valem 10. Quantos posśıveis resultados têm este experimento? 13. Quantos inteiros entre 1 e 1000, inclusive: (a) são diviśıveis por pelo menos dois dos números 2, 3, 7 e 10? (b) são diviśıveis por pelo menos três dos números 2, 3, 7 e 10? (c) não são diviśıveis por nenhum dos números 2, 3, 7 e 10? (d) são diviśıveis por exatamente um dos números 2, 3, 7 e 10? (e) são diviśıveis por pelo menos um dos números 2, 3, 7 e 10? 14. Quantos inteiros entre 1000 e 10000 não são diviśıveis nem por 2, nem por 3, nem por 5? Caṕıtulo 3 Estruturas de contagem A construção de um algoritmo para gerar os elementos de um conjunto permite deter- minar uma estrutura de contagem. Veremos aqui duas estruturas básicas: permutações e combinações. 3.1 Permutações Consideremos um conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos. Uma permutação de k elementos de D é uma seqüência ordenada de k elementos diferentes de D, (x1, x2, . . . , xk) ∈ Dk , onde xi ∈ D e xi 6= xj se i 6= j , para todos i, j. Claramente, k não pode ser maior que n. Uma permutação de n elementos de D, ou seja, uma ordenação de todos os elementos de D, é chamada simplesmente uma permutação de D. Com esta interpretação, observemos que na primeira extração, temos todos os n elemen- tos de D como posśıveis resultados. Para a segunda extração, como o primeiro elemento extráıdo não é reposto, temos n−1 posśıveis resultados. Para a terceira extração, temos n − 2 posśıveis resultados. Assim por diante, até a k-ésima extração, em que temos n− k + 1 posśıveis resultados,como mostra a Figura 3.1. Assim, pela regra do produto, temos que o total de permutações de k elementos em n, que denotaremos n(k), é igual a n(k) = n(n− 1) · · · (n− k + 1) = n! (n− k)! , onde n! = n(n− 1) · · · 1 é o fatorial de n. 20 Estruturas de contagem Figura 3.1: Árvore de contagem para uma permutação de k elementos em n. Exemplo De quantas formas diferentes podemos escolher o revezamento para goleiro entre 11 jogadores, sendo que todos devem ser goleiro em algum momento do jogo, uma única vez? Como temos 11 jogadores, temos 11! = 39916800, quase 40 milhões, de formas posśıveis. Exemplo Uma turma de alunos é formada por 6 alunos de biologia e por 4 alunos de qúımica. Eles serão classificados de acordo com seu desempenho. Suponha que não há empate na classificação. (a) Quantas classificações diferentes são posśıveis? (b) Se os alunos de qúımica forem classificados apenas entre si, e os de biologia apenas entre si, quantas classificações diferentes são posśıveis? (a) Como temos 10 alunos no total, temos 10! = 3628800 classificações posśıveis. (b) Temos 6! classificações diferentes para os alunos de biologia entre si, e 4!, para os de qúımica entre si. Pelo prinćıpio multiplicativo, temos 6! × 4! = 720 × 24 = 17280 classificações posśıveis neste caso. Exemplo Ana tem 14 livros que pretende colocar em sua estante. Destes, 7 são de Harry Potter, 3 são de Jogos Vorazes, 3 são do Senhor dos Anéis e 1 do Hobbit. Sua mãe pediu que ela arrumasse a estante de acordo com a coleção, mantendo a ordem Permutações 21 dentro de cada coleção (suponha que a mãe não sabe que o Hobbit faz parte da trilogia do Senhor dos Anéis). (a) Quantos arranjos diferentes são posśıveis? (b) E se a Ana não se preocupar com a ordem dentro de cada coleção? (a) Como os livros de uma mesma coleção devem ser ordenados, podemos ver cada coleção como um item apenas. Ou seja, devemos ordenar 4 itens, obtendo assim, 4! = 24 posśıveis ordenações diferentes. (b) Para cada uma das 4! ordenações anteriores, observe que HP pode ser ordenado de 7! formas diferentes, JV de 3!, SA de 3! e o Hobbit, apenas de 1. Temos, no total, 4!7!3!3!1! = 4 354 560 ordenações diferentes. Podemos interpretar uma permutação de k elementos de D como o resultado de um me- canismo f́ısico que extrai k elementos da população D, sequencialmente e sem reposição. Desta forma, podemos usar o prinćıpio da multiplicação e um mecanismo de extração como um algoritmo de construção de permutações de k elementos de D para contar o total de posśıveis permutações. Em todos os exemplos anteriores, os objetos a serem ordenados eram diferentes entre si. Outro problema aparece quando alguns dos objetos são indistingúıveis entre si. Exemplo Quantas ordenações diferentes podem ser obtidos com as letras da palavra matemática (desconsidere o acento da letra a)? Primeiro, suponhamos que todas as 10 letras sejam diferentes. Nesse caso, temos 10! arranjos posśıveis. Mas, no caso da palavra dada, para cada um destes arranjos, permutar os m’s entre si ou os a’s entre si ou os t’s entre si, não muda a sequência obtida. Ou seja, todas estas 2!3!2! permutações são iguais. Portanto, temos um total de 10!/(2!3!2!) = 151 200 ordenações posśıveis. Em geral, este mesmo racioćınio mostra que temos n! n1!n2! . . . nk! permutações diferentes de n objetos, quando n1 são parecidos entre si, n2 são parecidos entre si (e diferentes dos anteriores), e assim por diante. 22 Estruturas de contagem Exemplo Um torneio de xadrez tem 10 competidores, dos quais 4 são russos, 3 dos Estados Unidos, 2 da Grã-Bretanha e 1 do Brasil. Em uma lista das colocações apenas por nacionalidade, quantos resultados são posśıveis? Pelo anterior, temos 10!/(4!3!2!1!) = 12 600 resultados diferentes. 3.2 Combinações Consideremos um conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos. Uma combinação de k elementos de D é um subconjunto (não-ordenado) de k elementos diferentes de D, {x1, x2, . . . , xk} , onde xi ∈ D e xi 6= xj se i 6= j , para todos i, j. Novamente, k não pode ser maior que n. Podemos interpretar uma combinação como o resultado do mecanismo f́ısico que extrai uma amostra não-ordenada de uma população D sem reposição. Denotemos por C(n, k) o total de combinações de k elementos de um grupo de n. Observemos que cada combinação permite construir k! ordenações diferentes, ou seja, k! permutações de comprimento k dos elementos selecionados. Figura 3.2: Uma combinação de k elementos gera k! permutações desses elementos. Isto nos permite obter o total de combinações posśıveis de k elementos dentre n a partir do total de permutações de k elementos, já que n(k) = k!C(n, k) =⇒ C(n, k) = n! (n− k)! k! = ( n k ) , chamado coeficiente binomial. Este coeficiente representa, portanto, o total de com- binações posśıveis de k objetos extráıdos de um conjunto com n objetos, quando a ordem da seleção não for relevante. Combinações 23 Por convenção, definimos 0! = 1. Com isto, ( n 0 ) = ( n n ) = 1. Além disto, ( n k ) = 0, quando k < 0 ou k > n. Veja que, com esta construção reobtemos a mesma interpretação de C(n, k) que fizemos na atividade ABRACADABRA, considerando n o total de passos e k, o total de passos para a direita, a partir do vértice superior. Exemplo Um comitê de 3 pessoas deve ser formado de um grupo de 20 pessoas. Quantos comitês diferentes podemos formar? De maneira imediata, temos ( 20 3 ) = 1140 comitês diferentes. Exemplo Voltando à estante de Ana, suponha que ela vai viajar e quer levar três livros para reler. (a) De quantas formas ela pode escolher estes três livros? (b) Suponha que ela quer levar um de cada coleção para reler. Como ela já leu todos esses livros, ela sabe que o Hobbit faz parte da trilogia do Senhor dos Anéis. Neste caso, de quantas formas ela pode escolher estes livros? No primeiro item, ela tem ( 14 3 ) = 364 opções. No segundo item, para HP, ela tem 7 possibilidades, 3 para JV e 4 para SA. Assim, ela pode escolher os livros de ( 7 1 ) × ( 3 1 ) ×( 4 1 ) = 84 formas diferentes. Exemplo De um grupo de 5 mulheres e 7 homens, quantos comitês diferentes podemos formar com 2 mulheres e 3 homens? E se dois dos homens não puderem trabalhar juntos? Para a primeira parte, temos ( 5 2 ) = 10 formas de escolher as duas mulheres, e ( 7 3 ) = 35, de escolher os 3 homens. Assim, pelo prinćıpio multiplicativo, temos 350 comitês posśıveis. Com a restrição da segunda parte, temos que dos 35 grupos de 3 homens, em 5 deles, os dois homens estão juntos (o terceiro membro pode ser qualquer um dos 5 homens restantes). Assim, temos um total de 10× 30 = 300 comitês posśıveis. Exemplo Considere um conjunto de n antenas, indistingúıveis entre si, das quais m estão defeituosas e n −m funcionam. Estas antenas devem ser colocadas em fila. De quantas maneiras isto pode ser feito sem que duas antenas com defeito sejam colocadas lado a lado? Imagine que todas as antenas que funcionam são colocadas em fila. Para que não haja duas antenas defeituosas lado a lado, então entre duas antenas que funcionam pode ser http://www.ime.unicamp.br/%7Elaurarifo/ma220/lista_pascal.pdf 24 Estruturas de contagem colocada no máximo uma antena defeituosa. O mesmo vale para as posições anterior e posterior às antenas que funcionam. Como temos (n−m+ 1) posições posśıveis para as antenas defeituosas, e só pode haver no máximo uma defeituosa em cada uma destas posições, uma condição que aparece naturalmente é que m ≤ n−m+ 1. Pelo anterior, podemos alocar as antenas defeituosas nestas posições de ( n−m+1 m ) manei- ras diferentes, indicando aqui as m posições ocupadas. O racioćınio anterior nos leva a um novo algoritmo (com dois passos) para construir per- mutações: primeiro selecionamos uma combinaçãode k elementos e depois selecionamos uma ordem para estes elementos. Teorema 1 (Teorema binomial). Sejam x, y ∈ R e n número natural. Então (x+ y)n = n∑ k=0 ( n k ) xkyn−k . Demonstração. Podemos fazer a prova do teorema binomial por indução ou por um argumento combinatório. Prova por indução Quando n = 1, o lado direito da equação fica ( 1 0 ) x0y1 + ( 1 1 ) x1y0 = y + x = (x+ y)1 , comprovando a igualdade para n = 1. Suponha que a equação seja válida para um certo valor de n. Assim, (x+ y)n+1 = (x+ y) (x+ y)n = (x+ y) n∑ k=0 ( n k ) xkyn−k = n∑ k=0 ( n k ) xk+1yn−k + n∑ k=0 ( n k ) xkyn+1−k . Combinações 25 Fazendo a mudança de variável i = k + 1 na primeira soma, e i = k, na segunda, temos (x+ y)n+1 = n+1∑ i=1 ( n i− 1 ) xiyn−i+1 + n∑ i=0 ( n i ) xiyn+1−i = xn+1 + n∑ i=1 ( n i− 1 ) xiyn−i+1 + n∑ i=1 ( n i ) xiyn+1−i + yn+1 = xn+1 + n∑ i=1 [( n i− 1 ) + ( n i )] xiyn−i+1 + yn+1 = xn+1 + n∑ i=1 ( n+ 1 i ) xiyn+1−i + yn+1 = n+1∑ i=0 ( n+ 1 i ) xiyn+1−i , o que mostra que a igualdade é válida para n+ 1, concluindo a prova por indução. Prova por argumento combinatório Considere o produto (x1 + y1)(x2 + y2) . . . (xn + yn) . Sua expansão será formada pela soma de termos, cada um deles igual a um produto contendo xi ou yi (mas não ambos), para cada i = 1, . . . , n. Por exemplo, (x1 + y1)(x2 + y2) = x1x2 + x1y2 + y1x2 + y1y2 . Pelo prinćıpio multiplicativo, temos um total de 2n destes termos. Quantos destes termos contém k dos xi’s, e n− k dos yi’s? Esta escolha corresponde a escolher k posições dentre as n, para os xi’s, ficando as restantes para os yi’s. Temos assim ( n k ) destas opções. Fazendo xi = x e yi = y, para todo i = 1, . . . , n, temos o resultado. Exemplo Quantos subconjuntos existem em um conjunto Ω com n elementos? Como temos, ( n k ) subconjuntos com k elementos, o total de subconjuntos é n∑ k=0 ( n k ) = (1 + 1)n = 2n . Outra forma de provar este resultado é percebendo que podemos descrever qualquer subconjunto atribuindo 0 ou 1 a cada elemento do conjunto Ω: com 1 indicamos que o elemento pertence ao subconjunto, e com 0, que não. Assim, pelo prinćıpio multiplica- tivo, temos 2n possibilidades. 26 Estruturas de contagem Se quisermos obter o total de subconjuntos não vazios de Ω, este total é simplesmente 2n − 1. Podemos usar argumentos combinatórios para provar algumas identidades envolvendo coeficientes binomiais. Exemplo Mostre que, para 1 ≤ k ≤ n,( n k ) = ( n− 1 k − 1 ) + ( n− 1 k ) . Consideremos um conjunto com n elementos e fixemos um deles, a, digamos. Já sabemos que o total de maneiras de formar um subconjunto com k elementos é ( n k ) , que é o primeiro termo da igualdade anterior. Por outro lado, podemos pensar neste total de maneiras, considerando aqueles conjuntos que não contém o elemento a, e aqueles que o contém. Aqueles que não contém o elemento a são formados portanto com n−1 elementos: o total posśıvel destes conjuntos é ( n−1 k ) , o segundo somando do segundo termo da igualdade. Aqueles que contém o elemento a representam o total de conjuntos de tamanho k − 1 que podem ser formados com n− 1 elementos; temos ( n−1 k−1 ) deles. Com isto, terminamos a prova. Os exerćıcios desta seção mostram algumas propriedades teóricas básicas dos conceitos definidos. 3.3 Mãos à obra Nos exerćıcios abaixo, considere n,m, k inteiros não negativos. Dica: antes de fazer as demonstrações, construa pelo menos um exemplo, atribuindo valores para as quantidades envolvidas. Mais dicas para alguns dos problemas, no fim do caṕıtulo; mas só olhe as dicas depois de ter pensado no problema. 1. Mostre que ( n 0 ) = ( n n ) = 1. 2. Mostre que se n < k então ( n k ) = 0. Mãos à obra 27 3. Utilizando argumento combinatório, mostre que( n k ) = ( n n− k ) , ou seja, mostre que cada lado da igualdade representa uma forma diferente de contar a mesma coleção. 4. Utilizando um argumento combinatório, mostre que k ( n k ) = n ( n− 1 k − 1 ) . 5. Utilizando um argumento combinatório, mostre que( n+m k ) = k∑ j=0 ( n j )( m k − j ) . 6. Use o exerćıcio anterior para mostrar que( 2n n ) = n∑ j=0 ( n j )2 . 7. Utilize um argumento combinatório para mostrar que( n k ) = n∑ i=k ( i− 1 k − 1 ) , n ≥ k . Esta igualdade é chamada identidade combinatória de Fermat. 8. Utilize um argumento combinatório para mostrar que n∑ k=1 k ( n k ) = n 2n−1 . 9. Utilize um argumento combinatório para mostrar que n∑ k=1 k2 ( n k ) = n (n+ 1) 2n−2 . Dicas: Exerćıcio 3: observe que ao selecionar um subconjunto de k elementos de um conjunto de tamanho n, deixamos n− k elementos não selecionados. Exerćıcio 4: considere duas formas de escolher um comitê de tamanho k de um grupo de tamanho n; na primeira, o comitê é escolhido e depois um chefe dentre os escolhidos, 28 Estruturas de contagem e na segunda, um chefe é escolhido da população e então k − 1 membros são escolhidos do restante n− 1 membros da população. Exerćıcio 5: considere duas formas de escolher um comitê de tamanho k de um grupo de tamanho n+m com n homens e m mulheres; conte o número de comitês com j homens e k − j mulheres. Exerćıcio 7: considere o conjunto de números naturais de 1 até n. Quantos subconjuntos de tamanho k tem i como maior elemento? Exerćıcio 8: considere um conjunto de n pessoas e determine, de duas maneiras diferen- tes, o total de posśıveis opções para um comitê de qualquer tamanho com um presidente. Exerćıcio 9: considere um conjunto de n pessoas e determine, de duas maneiras diferen- tes, o total de posśıveis opções para um comitê de qualquer tamanho com um presidente e um secretário (que poderia acumular a função de presidente). 3.4 Amostragem Um dos experimentos básicos e importantes em probabilidade é o de obter uma amostra de uma população finita, o que é representado pelo experimento f́ısico de extrair objetos da população. Neste tipo de experimento, duas propriedades essenciais do procedimento de amostragem devem ser bem especificadas: • se a ordem em que os objetos são extráıdos da população é ou não importante, e • se um objeto amostrado é ou não reposto na população antes da extração seguinte. Consideremos uma população D = {d1, d2, . . . , dn} com n objetos, da qual queremos obter uma amostra de k objetos, chamados unidades amostrais. Cada uma das quatro formas posśıveis de uma amostragem será descrita com mais detalhe a seguir. Amostra ordenada sem reposição Se a ordem for importante e as extrações forem feitas sem reposição, então uma amostra de k elementos é simplesmente uma permutação de tamanho k escolhida de D. Nova- mente, pela regra do produto, o total de amostras posśıveis é igual a n(k). Este tipo de amostra é também chamado arranjo simples de classe k em n elementos. Amostragem 29 Figura 3.3: Amostra de tamanho k de uma população D com n elementos. Amostra ordenada com reposição Se a ordem for importante e as extrações forem feitas com reposição, então uma amostra é um elemento do produto cartesiano Dk, ou seja, uma amostra é um vetor (a1, a2, . . . , ak), onde ai representa o i-ésimo elemento extráıdo de D. Observemos que podemos ter coordenadas repetidas, indicando que um mesmo elemento foi extráıdo mais de uma vez. Neste caso, pela regra do produto, o total de amostras posśıveis de k elementos é igual ao total de vetores posśıveis em Dk, igual a nk. Este tipo de amostra também é chamada arranjo completo de classe k dos n elementos. Amostra não ordenada sem reposição Se a ordem não for importante e as extrações forem feitas sem reposição, então uma amostra é uma combinação de k elementos de D; neste caso, o total de amostras posśıveis é C(n, k). Este tipo de amostragem também é chamado combinação simples de k ele-mentos em n. Amostra não ordenada com reposição Finalmente, consideremos o caso em que a ordem não é importante e as extrações são feitas com reposição. As posśıveis amostras podem ter apenas um elemento repetido k vezes, ou apenas dois elementos diferentes no total de k extrações, ou apenas três diferentes, ou assim por diante, até k elementos diferentes, não-ordenados. O total de 30 Estruturas de contagem amostras posśıveis, neste caso, é igual a( k + n− 1 k ) . Este tipo de amostra é também chamado um multiconjunto ou combinação com- pleta de k elementos em n. Demonstração. Para sistematizar a contagem, denotemos por xj o total de vezes em que o j-ésimo elemento da população é observado em uma amostra, para j = 1, . . . , n. Como observamos uma amostra de tamanho k, temos que x1 + x2 + · · ·+ xn = k. O total de amostras posśıveis, corresponde portanto ao total de soluções inteiras não negativas da equação anterior, nas variáveis xi´s. Uma forma bonita de resolver este problema é via modelo de urnas e bolinhas. Consi- deremos n urnas e k bolinhas, que serão dispostas aleatoriamente nas urnas. A equação anterior representa este problema, com xi representando o total de bolinhas na i-ésima urna. Uma forma de preencher as urnas corresponde a uma solução desta equação e, portanto, a uma amostra não ordenada com reposição. Assim, basta contar o total de formas de preencher as urnas. Indiquemos as n urnas por n + 1 barras verticais |, de modo que os espaços entre as barras representam cada uma das n urnas. Indiquemos as k bolinhas por k śımbolos ◦. Por exemplo, a configuração | | ◦ ◦ ◦ | ◦ | representa 3 urnas: a primeira está vazia, a segunda tem 3 bolinhas e a terceira tem uma bolinha. Queremos contar o número de maneiras de dispor k śımbolos ◦ entre n+1 barras |. Como a primeira e a última barras devem permanecer nos extremos (já que as bolinhas não podem ficar fora das urnas), devemos considerar todas as combinações entre k śımbolos ◦ e n− 1 barras |. Com isto, o total de amostras não ordenadas e com reposição de k elementos de uma população contendo n elementos diferentes é igual a( k + n− 1 k ) . Coeficientes multinomiais 31 O software Probabilidade com urnas, dispońıvel no site do projeto Matemática Mul- timı́dia [10] trata de diversos tipos de amostragens, podendo ser utilizados como material auxiliar com os alunos. Para pensar: em um jogo de bingo, qual tipo de amostragem estamos realizando? e em uma loteria? Mãos à obra 1. Um lote contém 12 itens bons e 8 itens defeituosos. Uma amostra de 5 itens é extráıda. Determine o total de amostras contendo exatamente 3 itens bons. Considere cada um dos quatro tipos de amostragem definidos. 2. De 10 casais queremos selecionar um grupo de 6 pessoas, no qual a presença de um casal não é permitida. (a) Quantas opções existem? (b) Se o grupo também tiver que ser formado por 3 homens e 3 mulheres, quantas opções existem? 3. Considere um grupo formado por 7 homens e 8 mulheres, do qual devemos sele- cionar uma amostra de 6 pessoas. Quantas amostras diferentes são posśıveis se ela tiver que conter pelos menos 3 mulheres e pelo menos 2 homens? 4. Quantos subconjuntos de tamanho 4 do conjunto S = {1, 2, . . . , 20} contêm pelo menos um dos elementos 1, 2, 3, 4, 5? 5. Mostre que existe uma correspondência biuńıvoca entre cada par das seguintes coleções: (a) multiconjuntos de tamanho k de uma população D com n elementos; (b) sequências de 0’s e 1’s, de comprimentos n + k − 1, contendo exatamente k valores 1’s; (c) soluções inteiras não-negativas, (x1, . . . , xn), da equação x1 + · · ·+ xn = k. Cada uma destas coleções tem ( n+k−1 k ) elementos. 3.5 Coeficientes multinomiais Consideremos o conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos. http://m3.ime.unicamp.br/portal/Midias/Softwares/SoftwaresM3Matematica/probabilidade_com_urnas/urnas/ 32 Estruturas de contagem Observemos que uma combinação de j elementos de D define uma partição de D, for- mada por um conjunto A, contendo os j elementos da combinação, e AC , contendo os n− j elementos restantes. Figura 3.4: Partição de um conjunto em dois subconjuntos, com cardinalidades j e n−j. Uma generalização natural deste conceito é o de partição de D em até k subconjuntos diferentes e disjuntos dois a dois, {A1, A2, . . . , Ak}, com #Ai = ni ≥ 0, para todo i = 1, 2, . . . , k, tais que n1 + n2 + · · ·+ nk = n. Figura 3.5: Partição de um conjunto em k subconjuntos, cada um com cardinalidade ni. O total de partições posśıveis de D em até k subconjuntos, C(n;n1, n2, . . . , nk), é igual a C(n;n1, n2, . . . , nk) = n! n1!n2! . . . nk! , onde ni ≥ 0, para todo i, e ∑ ni = n. Este número é chamado coeficiente multino- mial e é denotado também por ( n n1, n2, . . . , nk ) . Demonstração. Dado o conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos, consideremos uma permutação de todos os elementos π(d1, d2, . . . , dn) = (dπ1 , dπ2 , . . . , dπn). Coeficientes multinomiais 33 Dados n1, n2, . . . , nk inteiros não-negativos tais que n1 + n2 + · · · + nk = n, definamos o conjunto A1 como o conjunto formado pelos primeiros n1 elementos da permutação anterior. Definamos A2 como o conjunto formado pelos seguintes n2 elementos da per- mutação, e assim por diante, até obter Ak definido como o conjunto formado pelos últimos nk elementos da permutação. Se para algum i, ni = 0, tomamos o conjunto Ai como o conjunto vazio. Desta forma, para cada uma das n! posśıveis permutações, constrúımos os conjuntos A1, A2, . . . , Ak da mesma maneira. Observemos que estes conjuntos são disjuntos entre si e sua união corresponde ao con- junto D, já que todos os elementos aparecem na permutação, e aparecem uma única vez. Em outras palavras, os conjuntos A1, A2, . . . , Ak definem uma partição de D. Observemos também que qualquer permutação envolvendo apenas os n1 primeiros ele- mentos, define o mesmo conjunto A1; do mesmo modo, qualquer permutação envolvendo apenas os n2 elementos seguintes, define o mesmo conjunto A2, e assim por diante. Sendo assim, dada uma permutação definindo os conjuntos A1, A2, . . . , Ak, temos n1!n2! . . . nk! permutações diferentes definindo os mesmos conjuntos A1, A2, . . . , Ak, que são aquelas que permutam apenas os elementos de cada conjunto entre si. Portanto, o total de partições diferentes de D é igual a n!/(n1!n2! . . . nk!), como que- ŕıamos provar. Exemplo Dez crianças devem ser agrupadas em dois times A e B, com 5 crianças cada. O time A jogará em uma liga e o time B, em outra. Quantas formações diferentes são posśıveis? E se os times forem jogar na mesma liga? Exemplo Consideremos o conjunto T = {1, 2, . . . , k}n. Os elementos de T são vetores de comprimento n em que cada coordenada é um valor natural entre 1 e k, como por exemplo os vetores t = (1, 1, 2, 1, . . . , 1) t = (k, k, . . . , k) t = (k, 4, 5, k, 4, 5, . . . , 5), etc. Para cada valor i ∈ {1, 2, . . . , k}, denotemos por ni o total de vezes em que o valor i aparece no vetor t. Por exemplo, se n = 3 e k = 5, T é o conjunto de todos os vetores com três coordenadas, onde cada coordenada é um valor inteiro entre 1 e 5. Para o vetor t = (3, 3, 2), temos 34 Estruturas de contagem que n1 = 0 = n4 = n5, já que os valores 1, 4 e 5 não aparecem no vetor, e n2 = 1 e n3 = 2, já que o valor 2 aparece uma vez e o valor 3 aparece duas vezes. Com esta definição, podemos perceber que a soma n1 +n2 + · · ·+nk deve ser igual a n, que é o total de coordenadas do vetor t. Então, o total de seqüências em T tais que o valor i ocorre ni vezes, para i = 1, 2, . . . , k, é igual a C(n;n1, n2, . . . , nk). Demonstração. Para provar o resultado, consideremos um conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos. Observemos que cada t ∈ T = {1, 2, . . . , k}n define umapartição de D. De fato, para cada vetor t = (t1, t2, . . . , tn) ∈ T , definamos os conjuntos A1, A2, . . . , Ak de modo que o elemento di ∈ D pertença ao conjunto Ati , dado pela coordenada i-ésima de t. Se o vetor t não tiver nenhuma coordenada com valor igual a j ∈ {1, 2, . . . , k}, então Aj = ∅. Esta relação define biunivocamente cada partição de D a partir de t ∈ T . Portanto, o total de elementos em T é igual ao total de partições de D em até k conjuntos. Com este resultado, no exemplo anterior temos que o total de seqüências de 3 elementos de {1, 2, 3, 4, 5}, formada por um 2 e dois 3’s (e nenhum 1, 4 ou 5) é igual a C(3; 0, 1, 2, 0, 0) = ( 3 0, 1, 2, 0, 0 ) = 3! 0! 1! 2! 0! 0! = 3 · 2 · 1 2 = 3, e são elas: (3, 3, 2), (3, 2, 3), (2, 3, 3). Exemplo Consideremos n objetos de k tipos diferentes, k ≤ n, com ni elementos do tipo i, para cada i = 1, 2, . . . , n. Por exemplo, 5 cadeiras, 2 azuis, 1 branca, 1 preta e 1 verde. Admitindo que objetos de um mesmo tipo são indistingúıveis entre si, então o total de permutações distingúıveis dos n objetos é igual a C(n;n1, n2, . . . , nk). Observemos que cada permutação distingúıvel destes objetos corresponde a um único elemento de T do exemplo anterior, e cada elemento de T define uma única permutação distingúıvel, provando assim o resultado. No exemplo das cadeiras, temos portanto C(5; 2, 1, 1, 1) = 60 formas diferentes de colocar as cadeiras em linha. Coeficientes multinomiais 35 Podemos verificar isto, contando da seguinte maneira: chamemos por 1, 2, 3, 4, 5 as posśıveis posições de cada cadeira. As cadeiras azuis podem ser vizinhas nas posições 1-2, 2-3, 3-4, 4-5. Para cada uma destas, as outras 3 cadeiras podem ser ordenadas de 3!=6 formas diferentes. Do mesmo modo, as cadeiras azuis podem estar a uma cadeira de distância nas posições 1-3, 2-4, 3-5; a duas cadeiras de distância, nas posições 1-4, 2-5; e totalmente afastadas na posição 1-5. Para cada uma destas possibilidade, temos 3! formas de ordenar as restantes. Assim, temos 3!(4 + 3 + 2 + 1) = 60 posśıveis ordenações distingúıveis. O seguinte resultado generaliza o Teorema binomial e sua demonstração segue analoga- mente. Teorema 2 (Teorema multinomial). Sejam x1 . . . , xr ∈ R e n número natural. Então (x1 + · · ·+ xr)n = ∑( n n1, . . . , nr ) xn11 . . . x nr r , com soma definida no conjunto dos vetores (n1, . . . , nr) com valores inteiros não nega- tivos tais que n1 + · · ·+ nr = n. Mãos à obra 1. Em uma corrida com 10 cavalos, os três primeiros lugares são anotados. Quantos resultados posśıveis existem? 2. Uma placa de carro tem 3 letras e 4 d́ıgitos. Determine o total de placas com letras e d́ıgitos todos diferentes. 3. Quatro casais estão sentados em uma fileira com 8 cadeiras. Determine o total de arranjos em que eles podem estar sentados. Determine o total de arranjos em que eles podem estar sentados de modo que: (a) os homens fiquem juntos e as mulheres fiquem juntas; (b) os homens fiquem juntos; (c) os casais fiquem juntos. 4. Refaça o exerćıcio anterior, assumindo agora que os casais estão sentados em uma mesa redonda. 36 Estruturas de contagem 5. Em uma estante há 12 livros, dos quais 3 são de f́ısica, 5 são de matemática e 4 são de história. Determine o total de arranjos de modo que: (a) não há restrição; (b) os livros de mesmo tipo devem ficar juntos; (c) os livros de matemática devem ficar juntos. 6. Determine o total de arranjos diferentes das letras de: probabilidade, arranjo. 7. Um clube tem 20 membros: 12 homens e 8 mulheres, com os quais é necessário criar um comitê de 6 pessoas. De quantas formas pode ser composto o comitê se: (a) não há restrição; (b) o comitê deve ter 4 mulheres e 2 homens; (c) o comitê deve ter pelo menos 2 mulheres e pelo menos 2 homens. 8. Em um grupo de 10 pessoas, todas elas se apertam as mãos uma vez. Quantos apertos de mão são dados? 9. De quantos modos podemos formar uma roda com 5 crianças? 10. De quantos modos podemos distribuir 8 pessoas em dois grupos de 4 pessoas cada? Dica: a distribuição pode ser feita colocando as 8 pessoas em fila, atribuindo os 4 primeiros para um dos grupos. 11. De quantas formas podemos distribuir 12 pessoas: (a) em dois grupos de 6? (b) em três grupos de 4? (c) em um grupo de 5 e um grupo de 7? (d) em seis grupos de 2? (e) em dois grupos de 4 e dois grupos de 2? 12. Suponha que 5 dados distingúıveis de 6 faces são lançados e que a seqüência obtida é observada. Determine o total de seqüências. Determine o total de seqüências com todos os resultados diferentes. 13. Refaça o exerćıcio anterior, assumindo que os dados são idênticos. 14. Um sinal será formado usando nove bandeiras alinhadas, sendo 4 brancas, 3 ver- melhas e 2 azuis. Bandeiras da mesma cor são indistingúıveis. Quantos sinais diferentes podem ser formados? Coeficientes multinomiais 37 15. Considere dois pontos na malha inteira Z× Z, A = (0, 0) e B = (4, 3), e suponha que uma part́ıcula se move na malha somente para cima ou para a direita. (a) Quantos caminhos existem para esta part́ıcula entre A e B? (b) Quantos destes caminhos passam pelo ponto C = (2, 2)? 16. Determine o total de vetores (x1, . . . , xn) ∈ {0, 1}n tais que ∑ xi = k (responda em função de k). 17. Determine o total de vetores (x1, . . . , xk) ∈ {1, . . . , n}k tais que x1 < x2 < · · · < xk. 18. Delegados de 10 páıses devem se sentar em 10 cadeiras em fila. De quantos modos isso pode ser feito se os delegados do Brasil e de Portugal devem se sentar juntos e o da Arábia Saudita e o dos Estados Unidos não podem sentar juntos? 19. Um cubo de madeira tem uma face de cada cor. Quantos dados diferentes podemos formar gravando números de 1 a 6 sobre essas faces? 20. Quantos dados diferentes podemos formar gravando números de 1 a 6 sobre as faces indistingúıveis de um cubo de madeira? 21. Resolva o problema anterior para: (a) números de 1 a 4, tetraedro regular; (b) números de 1 a 8, octaedro regular; (c) números de 1 a 12, dodecaedro regular; (d) números de 1 a 20, icosaedro regular; (e) números 1 a 8, prisma hexagonal regular; (f) números de 1 a 5, pirâmide quadrangular regular. 22. Temos 5 pontos sobre uma reta R e 8 pontos sobre uma reta R′, paralela a R. Quantos quadriláteros convexos com vértices em 4 desses 13 pontos existem? 23. Em um torneio no qual cada participante enfrenta todos os demais uma única vez, são jogadas 780 partidas. Quantos são os participantes? 24. Considere os conjuntos Im = {1, . . . ,m} e In = {1, . . . , n}, com m ≤ n. Quantas são as funções f : Im → In, estritamente crescentes? 25. Quantos são os números naturais de 7 d́ıgitos nos quais o d́ıgito 4 aparece exata- mente 3 vezes e o d́ıgito 8, exatamente 2 vezes? 38 Estruturas de contagem 26. Quantos são os números naturais de 7 d́ıgitos nos quais o d́ıgito 4 aparece pelo menos 3 vezes e o d́ıgito 8, pelo menos 2 vezes? 27. Quantos são os p-conjuntos (isto é, subconjuntos com p elementos) de {a1, . . . , an} nos quais: (a) a1 aparece; (b) a1 não aparece; (c) a1 e a2 aparecem; (d) pelo menos um dos elementos a1, a2 aparece; (e) exatamente um dos elementos a1, a2 aparece. 28. Um conjunto A possui p elementos e o conjunto B, n elementos. Determine o número de funções f : A → B sobrejetoras para: (a) p = n; (b) p = n + 1; (c) p = n+ 2. 29. Nove cientistas trabalham em um projeto sigiloso. Por questões de segurança, os planos são guardados em um cofre protegido por muitos cadeados de modo que só é posśıvel abŕı-los todos se houver pelo menos 5 cientistas presentes. (a) Qual é o número mı́nimo posśıvel de cadeados? (b) Na situação do item (a), quantas chaves cada cientista deve ter? 30. Formam-se as combinações com p elementos extráıdos de a1, . . . , a12, as quais são escritas com os elementos em ordem crescente de ı́ndices. Quantassão as combinações nas quais o elementos a8 ocupa o 3o lugar? 31. O conjunto A possui n elementos. Determine o número de relações que podem ser constrúıdas em A: (a) sem nenhuma outra condição; (b) que sejam refexivas; (c) que sejam simétricas; (d) que sejam anti-simétricas; (e) que sejam reflexivas e simétricas; (f) que sejam reflexivas e anti-simétricas; (g) que sejam simétricas e anti-simétricas; (h) que sejam reflexivas, simétricas e anti-simétricas. 32. De quantos modos se pode iluminar uma sala que tem m lâmpadas? 33. Em uma escola, x professores se distribuem em 8 bancas examinadoras, de modo que cada professor participa de exatamente duas bancas e quaisquer duas bancas Coeficientes multinomiais 39 têm exatamente um professor em comum. (a) calcule x; (b) determine quantos professores tem em cada banca. 34. Prove que um produto de p inteiros consecutivos é sempre diviśıvel por p!. 35. Prove, usando um argumento combinatório, que os números abaixo são inteiros para qualquer n natural: (a) (2n)!/2n; (b) (3n)!/(2n3n); (c) (3n)!/(n! 2n3n); (d) (n2)!/(n!)n+1; (e) (n!)!/(n!)n−1. 36. C(1000, 500) é diviśıvel por 7? 37. Qual é o número de soluções inteiras e não negativas da equação x+ y + z = 5? 38. De quantos modos podemos comprar 3 refrigerantes em uma loja onde há 5 tipos de refrigerantes? 39. Quantas são as soluções inteiras e não negativas da inequação x+ y + z ≤ 5? 40. Quantas são as soluções inteiras da equação x + y + z = 20, com x ≥ 2, y ≥ 2, z ≥ 2? 41. Quantas são as soluções inteiras não negativas de x1 + x2 + · · ·+ x6 = 20 , nas quais exatamente 3 incógnitas são nulas? Em quantas pelo menos 3 são nulas? 42. Quantas são as soluções inteiras não negativas de x + y + z + w = 20, nas quais x > y? 43. Quantos números inteiros entre 1 e cem mil têm a soma dos algarismos igual a 6? 44. No experimento do tabuleiro de Galton (clique aqui), (a) mova a part́ıcula de (0, 0) até (10, 6), pelo caminho que você quiser. (b) gere a sequência 0011101001. Note o subconjunto e o caminho corresponden- tes; (c) gere o subconjunto {1, 4, 5, 7, 8, 10}. Note a sequência de bits e caminho cor- respondentes; (d) gere todos os caminhos de (0, 0) até (5, 3). Quantos tem? http://www.math.uah.edu/stat/applets/GaltonBoardGame.html 40 Estruturas de contagem Bibliografia [1] Morgado, A.C.O., de Carvalho, J.B.P., Carvalho, P.C.P., Fernandez, P. (2006, 9a ed.) Análise Combinatória e Probabilidade. Coleção do Professor de Matemática, Editora SBM. [2] Feller, P. (1976) Introdução à Teoria de Probabilidades e suas Aplicações. Editora Edgard Blücher. [3] Gnedenko, B. (2008) A Teoria da Probabilidade. Editora Ciência Moderna. [4] Halmos, P. (2001) Teoria Ingênua dos Conjuntos. Editora Ciência Moderna. [5] James, B. (1996) Probabilidade: um curso em ńıvel intermediário. Coleção Projeto Euclides. [6] Meyer, P. (2000) Probabilidade: aplicações à estat́ıstica. Editora LTC. [7] Ross, S. (2010) Probabilidade: um curso moderno com aplicações. Editora Bookman Co. Páginas da internet Em português [8] ALEA, Acção Local de Estat́ıstica Aplicada, Portugal. [9] Mais - Recursos Educacionais em Matemática, Brasil. [10] Matemática Multimı́dia, Unicamp. Em inglês [11] História da Matemática, Universidade de St. Andrews, Escócia. [12] Laboratório de Probabilidade e Estat́ıstica, Universidade do Alabama, EUA. http://alea-estp.ine.pt/ http://www.mais.mat.br/recursos.html http://www.m3.ime.unicamp.br/portal/ http://www-groups.dcs.st-and.ac.uk/~history/ http://www.math.uah.edu/stat/index.xhtml Elementos da teoria de conjuntos Conjuntos Relações entre conjuntos Coleções de conjuntos Produto cartesiano Mãos à obra Medida de contagem Princípio da adição Algumas desigualdades Desigualdade de Boole Desigualdade de Bonferroni Princípio de inclusão-exclusão Princípio da multiplicação Mãos à obra Estruturas de contagem Permutações Combinações Mãos à obra Amostragem Amostra ordenada sem reposição Amostra ordenada com reposição Amostra não ordenada sem reposição Amostra não ordenada com reposição Mãos à obra Coeficientes multinomiais Mãos à obra
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