Buscar

Estudos sobre os impactos urbanos gerados com a implementação do Condomínio Residencial Nico Baracat em Sinop - MT(1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Estudos sobre os impactos urbanos gerados com a implementação do Condomínio 
Residencial Nico Baracat em Sinop - MT 
Survey about urban impacts produced by Nico Baracat Residential Condominium in 
Sinop - MT 
 
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar e apontar impactos na implantação do Condomínio 
Residencial Ernandy Maurício Baracat de Arruda, um condomínio residencial de baixa renda localizado no Setor 
Industrial da cidade de Sinop, Mato Grosso, o qual pretende comtemplar mais de 3.700 famílias com a casa 
própria em um complexo habitacional vertical com mais de 220 prédios financiados pelo programa Minha Casa 
Minha Vida (MCMV) do Governo Federal. Foram realizadas vistorias no local e levantadas informaçoes junto a 
Prefeitura Municipal de Sinop e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA/MT a fim de verificar quais 
impactos serão gerados com a implantação do referido empreendimento, sendo verificado através de análise e 
consulta bibliográfica que, além das questões ambientais, a demanda de equipamentos urbanos comunitários 
como creches, escolas e U.B.S., é superior a quantidade projetada inicialmente a ser ofertada após a 
implantanção do empreendimento, considerando a densidade habitacional do local. 
Palavras-chave: : impactos; condomínio residencial; baixa renda; Minha Casa Minha Vida. 
Abstract: This scientific paper proposes to analyze and show the impacts in the implantation of a low-income 
residential condominium in Sinop, Mato Grosso. The Ernany Maurício Baracat Residential Condominium, located 
on the Industry Sector of the city, intends to offer more than 14.000 houses for families in a vertical habitational 
complex who has more than 200 buildings financed by the Federal Government Program known as Minha Casa 
Minha Vida. Visits were made and information was collected from the City Hall of Sinop and Secretaria de Estado 
de Meio Ambiente - SEMA / MT to verify what impacts will be generated with the implementation of said 
enterprise, being verified through analysis and bibliographic consultation that , in addition to environmental issues, 
the demand for community-based urban equipment such as nurseries, schools and UBS is higher than the 
amount projected initially to be offered after the implementation of the project, considering the housing density of 
the place. 
 
Keywords: impacts; residential condominium; low-income; Minha Casa Minha Vida.
1. Introdução 
A moradia é um direito básico de qualquer cidadão, 
defendido pela ONU na Declaração das Nações 
Unidas em 1948. 
 
Todo homem tem direito a um padrão de 
vida capaz de assegurar, a si e a sua família, 
saúde e bem-estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os 
serviços indispensáveis, e direito à 
segurança em caso de desemprego, doença, 
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de 
perda dos meios de subsistência em 
circunstâncias fora de seu controle (ONU, 
1948). 
A principal função de uma habitação é de abrigar os 
homens das intempéries e dos intrusos. Neste caso a 
casa deve oferecer segurança, de modo que o 
morador se sinta abrigado. Porém sua função deve 
ser além de abrigo, os habitantes precisam estar 
inseridos no território, pertencer ao grupo, como a 
vizinhança. 
Sendo habitação uma necessidade básica, 
uma aspiração do ser humano. A própria 
moradia, juntamente com o alimento e o 
vestuário se resume no principal 
investimento para a constituição de um 
patrimônio, além de relacionar-se, ao 
sucesso econômico junto a uma posição 
social mais elevada (BOLAFI, 1977). 
2. Contextualizando a Cidade de Sinop 
Aos senhores Ênio Pepino e João Pedro Moreira de 
Carvalho, sócios proprietários da Colonizadora SINOP 
S.A., empresa fundada em 1948 na cidade de 
Maringá, são atribuídos os primeiros esforços para o 
surgimento da cidade de Sinop. Em 1972, Ênio 
 
 
Pepino chegou na região do Núcleo de Consolidação 
Celeste que somava 654 mil hectares de terras e 
pertencente ao município de Chapada dos 
Guimarães. A floresta cortada pela rodovia BR-163 
desde 1970 começou a ser aberta para dar espaço 
aos núcleos de povoamento de Cláudia, Santa 
Carmem, Sinop e Vera (SOUZA, 2008). 
Apesar do núcleo de Vera ter sido o primeiro a ser 
fundado (1972) e ter sido considerado o primeiro 
centro de apoio para os colonos que chegavam 
principalmente da região Sul e Sudeste, a localização 
estratégica de Sinop as margens da rodovia federal 
BR-163 que liga Cuiabá, no extremo sul do estado de 
Mato Grosso, a Santarém, no interior do estado do 
Pará, fez de Sinop (1974) o polo de desenvolvimento 
do projeto. 
A área onde hoje se encontra a cidade de Sinop foi 
aberta seguindo um minucioso projeto de autoria do 
engenheiro Roberto Brandão, contendo com um 
detalhado memorial descritivo, inclusive com um 
estudo explicativo da potencialidade de Sinop como 
um ponto estruturador para o desenvolvimento do 
Norte do estado (CARIGNANI, 2017). 
Com um traçado retilíneo e ortogonal, o desenho 
urbano proposto por Brandão fragmentava as terras 
de Sinop segundo um cinturão verde destinada para a 
cultura agrícola ao redor de um centro político-
administrativo urbano (SOUZA, 2008). 
Oficialmente, Sinop foi inaugurada em 14 de setembro 
de 1974 contando com a presença do então Ministro 
do Interior Rangel Reis como o paraninfo. Em 27 de 
junho de 1979, a Lei nº 3.754 define Sinop como 
distrito oficial de Chapada dos Guimarães. Entretanto, 
o artigo I da Lei Estadual nº 4.156 criou o município 
de Sinop em 17 de dezembro de 1979, assegurando 
sua sede na localidade do mesmo nome a partir do 
desmembramento de suas terras dos municípios de 
Chapada dos Guimarães e Nobres (FERREIRA, 
2001). 
Configurado como a mais importante cidade do norte 
e a quarta maior do estado, Sinop é considerada um 
polo econômico regional devido a força do 
agronegócio, da indústria e pela diversidade de 
serviços oferecidos, além de uma importante rota para 
o escoamento de mercadorias pela sua proximidade 
com a rodovia BR-163. 
Segundo o estudo Região de Influência das Cidades 
feito pelo IBGE (2007), a cidade de Sinop se 
caracteriza como um centro sub-regional “A” 
juntamente com mais outras 70 cidades brasileiras, 
fazendo parte de uma categoria mediana em 
expoente de influência e polariza mais de 35 
municípios, dentre eles alguns paraenses, somando 
mais de 1 milhão de habitantes e extravasando as 
fronteiras territoriais dos mato-grossenses. Estima-se 
que em 2018 a cidade tenha apresentado população 
com pouco mais de 130.000 mil habitantes, sendo que 
mais de 90% da população está concentrada na área 
urbana. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 
para o município indica 0,807, este número elevado 
integra poucas cidades do país. 
Sinop, um município com crescimento econômico 
expoente e constante crescimento territorial durante 
os anos, vem cada vez mais necessitando e 
implantando bairros com habitações de interesse 
social para amenizar as distorções sociais. Até os dias 
atuais, segundo a Secretaria de Habitação Social do 
município, foram 07 (sete) loteamentos de interesse 
social entregues à população, sendo oferecidos 2.676 
unidades habitacionais para população de baixa 
renda. 
3. Metodologia 
Para a elaboração do presente trabalho, foram 
realizadas consultas bibliográficas e levantamento de 
dados junto a Prefeitura Municipal de Sinop e a 
Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA/MT 
sobre o conjunto habitacional, visitas ao 
empreendimento ainda em fase de obras durante a 
realização deste trabalho, a fim de verificar e 
constatar quais impactos serão gerados com a 
implantação do referido empreendimento. 
Posteriormente foram confrontados os dados obtidos 
com a literatura urbanística e ambiental, o que 
permitiu compreender melhor a magnitude do objeto 
de estudo a nível de levantar as discuções que 
precisam ser consideradas. 
4. O Condomínio Nico Baracat 
Com dados do Projeto de Partido Urbanístico cedido 
pelo Núcleo de Projetos e DesenvolvimentoUrbanos 
de Sinop (PRODEURBS), o Condomínio Residencial 
Ernandy Maurício Baracat de Arruda, comumente 
conhecido como Nico Baracat, é uma obra do 
Programa Habitacional MCMV e aprovado em 2013 
pelos órgãos municipais, caracterizado como um 
Condomínio Habitacional Multifamiliar. 
Localizado na Estrada Rosália às margens da rodovia 
de acesso a cidade de Santa Carmem, no Setor 
Industrial da cidade, o empreendimento imobiliário 
apresenta 223 blocos com 4 andares cada. São 4 
unidades de moradia por andar, o que totalizam 3.728 
apartamentos, a ser construído em 12 etapas. 
Construídos com concreto moldado in loco, 102 
blocos possuem 1 apartamento para portador de 
necessidades especiais (P.N.E.) em seus pavimentos 
térreos. 
A construtora responsável pela execução do projeto é 
a Ávida Construtora e Incorporadora S.A. de Cuiabá, 
Mato Grosso, que obteve o direito de desenvolver o 
projeto a partir de licitação pública. Abaixo (figura 1), 
segue dados técnicos do projeto que pretende 
entregar a primeira fase do projeto ainda no ano de 
2019. 
Figura 1 - Quadro de áreas 
QUADRO DE ÁREAS GERAL 
Itens Áreas (m²) 
Área total 464.983,19 
Área de APP não edificável 8.194,57 
 
Área total parcelada edificável 456,788,62 100% 
Sistema viário de acesso 64.152,69 14,04% 
Área total dos condomínios 254.512,82 55,72% 
Área comercial 7.869,43 1,72% 
Área equipamento público 83.418,71 18,26% 
Área verde 46.834,97 10,25% 
Fonte: PRODEURBS, 2013. Alterado pelos autores. 
 
O empreendimento também pretende entregar em 
suas instalações 05 (cinco) creches, 02 (duas) 
escolas de ensino fundamental, 01 (uma) escola de 
ensino médio, 02 (duas) unidades básicas de saúde 
 
(U.B.S.), 01 (um) posto policial e 01 (um) centro 
comunitário. 
O custo de cada apartamento está estipulado em 
torno de R$ 61.000,00 contando com os serviços 
básicos de água, luz, pavimentação asfáltica e esgoto. 
As parcelas para quem adquirir uma unidade 
habitacional deve ser de pelo menos 5% da renda do 
comprador, que deve estar enquadrado na faixa 1 do 
programa MCMV, compreendida por famílias com 
renda mensal de até R$ 1.600,00. Cada unidade 
habitacional tem 45,66 m² e contém dois quartos, uma 
sala, uma cozinha com área de serviço e um 
banheiro. 
5. Análise de Impactos do empreendimento 
Qualquer atividade ou empreendimento mais 
expressivo desenvolvida na área urbana geram 
impactos em suas imediações e, para uma boa gestão 
do tecido urbano é de extrema necessidade a 
elaboração de Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) 
previamente a aprovação e implementação de 
atividades e empreendimentos de grande expressão. 
O Ministério das Cidades (2016) anuncia que: 
O Estudo de Impacto de Vizinhança baseia-
se no princípio da distribuição dos ônus e 
benefícios da urbanização, funcionando com 
um instrumento de gestão complementar ao 
regramento ordinário de parcelamento, uso e 
ocupação do solo, no processo de 
licenciamento urbanístico, o EIV possibilita a 
avaliação previa das consequências da 
instalação de empreendimentos de grande 
impacto em suas áreas vizinhas, garantindo 
a possibilidade de minimizar os impactos 
indesejados e favorecer impactos positivos 
para coletividade. (M. CIDADES, 2016) 
Desta forma, esta sessão apresenta uma análise 
sobre alguns dos impactos a serem gerados com a 
implantação do Condomínio Nico Baracat. 
5.1 Adensamento populacional 
Um dos impactos mais relevantes a ser gerado com a 
implantação do conjunto habitacional Nico Baracat 
certamente será o adensamento populacional numa 
área até então pouco povoada, utilizada basicamente 
pelo setor industrial madeireiro ao longo dos anos. 
Conhecer a densidade residencial é de suma 
importância para realizar o dimensionamento e 
localização da infraestrutura dos equipamentos 
sociais, e de serviços públicos como esgoto, luz, 
água, escolas, transporte coletivo, dentre outros, 
parâmetros esses a serem discutidos ao longo do 
trabalho. 
O empreendimento pretende entregar para a 
população sinopense um total de 3.728 moradias e 
assim contemplar 14.912 pessoas com casa própria. 
Como já é sabido, a área total do empreendimento é 
de 464.393,19 m² (46,44 ha). Com isso, a densidade 
populacional no bairro nestas condições será entorno 
de 321 hab./ha, muito próximo a uma das regiões 
mais densamente povoadas do País, o centro de São 
Paulo, que possui cerca de 400 hab./ha. 
Em súmula, avalia-se de forma positiva o 
adensamento populacional proporcionado com a 
implantação do empreendimento, caso o mesmo 
consiga cumprir com seu papel social e tornar-se 
economicamente sustentável. Se houver maior 
planejamento, a cidade pode ser beneficiada com a 
criação de comunidades urbanas mais conectadas, 
dinâmicas e sustentáveis. 
5.2 Equipamentos públicos comunitários 
A Lei Federal nº 6.766/1979, que dispõe sobre o 
parcelamento do solo para fins urbanos, define 
equipamentos públicos comunitários como aqueles 
destinadas as atividades de educação, cultura, saúde, 
lazer e similares, enquanto os equipamentos públicos 
urbanos são os destinados ao abastecimento de 
água, coleta e tratamento de esgoto, energia elétrica, 
coleta de águas pluviais, rede telefônica e gás 
canalizado. Há uma expressiva diferenciação entre 
esses dois tipos de equipamentos urbanos, porém 
ambos são muito importantes para a manutenção da 
vida nas cidades. 
Segundo Gouveia (2002), para a construção de 
cidades mais inclusivas e com condições favoráveis 
de habitá-las, alguns índices devem ser seguidos 
quanto a instalação de equipamentos públicos 
urbanos e comunitários. Aplicando os conceitos 
apontados pelo autor para o Residencial Nico Baracat, 
um conjunto habitacional de baixa renda que pretende 
abrigar 14.912 pessoas, tem-se os seguintes números 
(figura 2): 
Figura 2 - Demanda de equipamentos comunitários. 
Equipamento 
público comunitário 
Índice base para o cálculo Quantidade necessária 
Raio de 
influência por 
unidade 
Número de 
atendimento por 
equipamento 
Equipamentos de 
educação infantil 
Número de vagas igual a 
24,5 % da população 
3.654 vagas para alunos 
de até 6 anos 
300 m 300 alunos 
Equipamentos de 
ensino fundamental 
Número de vagas igual a 
23,4% da população 
3.490 vagas para alunos 
de 7 a 14 anos 
1.500 m 1.500 alunos 
Equipamentos de 
ensino médio 
Número de vagas igual a 
5,08% da população 
758 vagas para alunos a 
partir de 14 anos e adultos 
3.000 m 3.000 alunos 
Postos de saúde 
1 unidade a cada 3.000 
habitantes 
5 unidades 8.000 m 
1 a cada 3.000 
pessoas 
Postos policiais 1 a cada 20.000 habitantes 1 unidade - 
1 a cada 20.000 
habitantes 
Fonte: GOUVEIA, 2002. Alterado pelos autores. 
É de suma importância que tais quantidades de vagas 
de escolas e a quantidade de postos de saúde sejam 
respeitadas e distribuídas pelo terreno de forma a 
garantir equidade na oferta destes serviços em toda a 
extensão do empreendimento, facilitando o acesso a 
todos e diminuindo os deslocamentos se comparados 
a um cenário de concentração de cada serviços em 
único lugar. É importante também observar a 
abrangência e a área de influência desses 
equipamentos comunitários favorecendo sua 
distribuição de forma equânime. 
 
A partir da análise do projeto, foi observado que os 
dois postos de saúde previstos não estão condizentes 
com a demanda do novo bairro, uma vez que seria 
necessário a presença de pelo menos 05 (cinco) 
unidades de saúde básicas para o empreendimento. 
Em relação aos centros de ensino infantil, foi 
identificado que as creches a serem construídas no 
bairro são cinco do tipo-B com capacidade de 
atendimento de até 224 crianças em dois turnos ou 
112 crianças em 1 turno integral. De antemão, é 
possível identificar que as creches irão oferecer 1.120 
vagas para crianças de até 6 anos, cerca de 3,25x 
inferior ao recomendado. 
As escolas de ensino fundamental são 02 (duas) com 
12 salas de aula cada, com 45 alunos por sala, o que 
seria considerado uma lotação aceitável. Estasescolas oferecerão 960 vagas para estudantes de 7 a 
14 anos, apresentando um déficit de 2.530 vagas em 
relação ao recomendado. 
O mesmo cenário se repete com as escolas de ensino 
médio, que será ofertada apenas uma no bairro e 
deve oferecer um pouco mais de 500 alunos em suas 
12 salas, atendendo assim apenas ¾ da demanda 
exigida. 
Já o posto policial é suficiente para a ocasião, haja 
vista que um único posto atende até 20.000 pessoas, 
número superior a quantidade de moradores que terá 
o empreendimento posterior sua implantação total. 
6. Licenciamento ambiental 
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 
6.938, de 31 de agosto de 1981, é o diploma legal 
criador do instituto do Licenciamento Ambiental no 
Brasil, estando em vigor até os dias atuais, embora 
editada pela Carta promulgada da Constituição 
Federal de 1988, pois foi recepcionada pela Carta da 
República. 
O licenciamento ambiental é o procedimento no qual o 
poder público, representado por órgãos ambientais, 
autoriza e acompanha a implantação e a operação de 
atividades, que utilizam recursos naturais ou que 
sejam consideradas efetiva ou potencialmente 
poluidoras. É uma obrigação legal prévia à instalação 
de qualquer empreendimento ou atividade que utilize 
recursos ambientais considerados efetiva ou 
potencialmente poluidores ao meio ambiente. 
O inciso I, do Artigo 1º da Resolução CONAMA nº 
237/97, define o licenciamento ambiental como sendo: 
O procedimento administrativo pelo qual o 
órgão ambiental competente licencia a 
localização, instalação, ampliação e a 
operação de empreendimentos e atividades 
utilizadoras de recursos ambientais, 
consideradas efetiva ou potencialmente 
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer 
forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições 
legais e regulamentares e as normas 
técnicas aplicáveis ao caso (CONAMA, 
1997). 
É obrigação do empreendedor, prevista em lei, buscar 
o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, 
desde as etapas iniciais de seu planejamento e 
instalação até a sua efetiva operação. Antunes (2006), 
conceitua o licenciamento ambiental como sendo: 
Um dos diferentes procedimentos de controle 
ambiental, adotados pelo Estado, cujo 
objetivo é o de assegurar que as atividades a 
ele submetidas gerem o menor impacto 
ambiental possível. O procedimento de 
licenciamento ambiental tem origem a 
requerimento do interessado, ou de ofício, e 
se encerra coma concessão ou a negativa do 
alvará respectivo, isto é, uma licença ou 
autorização ambiental, conforme o caso 
(ANTUNES, 2006). 
No Estado de Mato Grosso, o procedimento encontra-
se disciplinado pelo artigo 17 do Código Estadual do 
Meio Ambiente (Lei Complementar nº 38, de 21 de 
novembro de 1995) e pelos artigos 30 e 31 da Lei 
Complementar nº 592, de 26 de maio de 2017, bem 
como pela Portaria nº 04, de 12 de janeiro de 2006 e 
Termos de Referência específicos constantes no site 
da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – 
SEMA/MT. 
A respeito da atividade de Edificações, a Lei 
Complementar nº 232, de 26 de maio de 2005, em 
seu Artigo 22, Parágrafo único, acrescentou ao 
Código Estadual do Meio Ambiente uma importante 
exigência quanto ao percentual de 10% (dez por 
cento) de área verde, incluindo praças públicas, 
parques e canteiros centrais para a averbação do 
mesmo. 
Ainda no que tange ao licenciamento ambiental, a 
Resolução CONSEMA nº 85 de 24 de setembro de 
2014, dispõe sobre as atividades a serem licenciadas 
pelo município, a depender do porte, potencial 
poluidor e da natureza da atividade. 
Sinop é um dos 46 municípios no Estado de Mato 
Grosso já aptos a fiscalizar e emitir licenças 
ambientais de impacto local, chamados municípios 
descentralizados (SEMA/MT, 2019). Quanto a 
atividade do condomínio residencial Nico Baracat, a 
Resolução CONSEMA nº 85/2014, em seu Anexo 
Único, limita ao município quanto ao licenciamento 
ambiental para Condomínio Vertical Plurifamiliar, em 
100 (cem) apartamentos. Assim, coube à Secretaria 
de Estado do Meio Ambiente – SEMA/MT analisar e 
emitir as devidas licenças. 
Conforme o Artigo 1º, II da Resolução CONAMA nº 
237/97, licença ambiental é o: 
Ato administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente estabelece as 
condições, restrições e medidas de controle 
ambiental que deverão ser obedecidas pelo 
empreendedor, pessoa física ou jurídica, 
para localizar, instalar, ampliar e operar 
empreendimentos ou atividades utilizadoras 
dos recursos ambientais consideradas 
efetiva ou potencialmente poluidoras ou 
aquelas que, sob qualquer forma, possam 
causar degradação ambiental (CONAMA, 
97). 
Após a obtenção das licenças, deu-se início às obras 
e considerando os pontos a serem analisados durante 
o processo de licenciamento ambiental, para esta 
atividade e, principalmente, considerando-se a 
população 14.912 habitantes, tem-se estimado que o 
empreendimento irá gerar diariamente 14.912,0 m³ de 
efluentes líquidos domésticos, considerando a 
população de baixa renda e o valor de 100 
litros/pessoa/dia estabelecido pela NBR 7229 de 
setembro de 1993. Oliveira & Henkes (2016), 
 
afirmaram que, de acordo com a Organização das 
Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de 3,3 
m³/mês (cerca de 110 litros de água por dia) para 
atender às necessidades de consumo e higiene. No 
entanto, no Brasil, o consumo por pessoa pode 
chegar a mais de 200 litros/dia, sendo que Bruni 
(1993), considera essa média de consumo em torno 
de 250 litros/dia por pessoa. 
No processo ambiental protocolizado junto à 
SEMA/MT foi apresentada a proposta de um sistema 
de tratamento de efluentes domésticos composto por 
rede coletora e encaminhamento dos efluentes a uma 
ETE compacta tipo Reatores UASB, Tanque de 
Aeração por Ar Difuso, Decantador Secundário com 
Filtragem Mista, Sistema de Floculação/Coagulação, 
Filtração e Desinfecção por Cloro Saluta, sendo 
caracterizado como um tratamento biológico de 
sistema contínuo, sendo este aprovado pela referida 
Secretaria. 
O sistema contará ainda com tratamento preliminar 
com a finalidade de reter o material grosseiro como 
plásticos, papéis e areia do efluente, Estação 
Elevatória de Esgoto e Caixa Divisora de Vazão. 
Segundo o projeto da ETE compacta apresentado, a 
eficiência de tratamento do sistema proposto é 
superior a 90% no que diz respeito a remoção da 
carga orgânica. 
O tratamento do efluente doméstico foi dimensionado 
para que, havendo um aumento de contribuição de 
vazão e carga orgânica, possa ser ampliado em 
módulos e estes módulos terão etapas anaeróbias, 
etapas aeróbias (aeração mecânica), decantação e 
desinfecção. O lodo gerado pelo tratamento será 
direcionado ao aterro sanitário, enquanto que o biogás 
gerado será direcionado ao queimador de gases ou 
filtro desodorizante. A vazão final do plano de 
operação da ETE será de 720,00 m³/dia de esgoto. A 
área para instalação do sistema será de 512,00 m², 
para uma população a ser atendida de 6.000 usuários. 
O lançamento dos efluentes tratados será através de 
emissário junto ao Córrego Nádia, afluente do 
Córrego Nalva, conforme outorga de lançamento 
emitida através da Portaria nº 702, de 06 de setembro 
de 2017, localizado nas coordenadas geográficas S 
11º54’46,00” e W 56º03’03,36”, com vazão máxima 
diária de lançamento de 0,015 m³/s (ou, 0,015m³/s x 
3.600s x 24h → 1.296,00 m³/dia, para no máximo 
12.960 habitantes, considerando dados da NBR 
7229/1993 de 0,1 m³/pessoa/dia), válida até 30 de 
agosto de 2027. 
A respeito da Portaria de Outorga nº 702/2017, 
constatou-se que as coordenadas geográficas 
informadas não correspondem ao real local a ser 
lançado os efluentes tratados, estando esta a 
aproximadamente 62 km do possível local de 
lançamento proposto pelo empreendedor no Córrego 
Nádia (figura 3). 
Figura 3 - Mapa de localização da ETE segundo o 
licenciamento existente. 
 
Fonte: Google Earth Pro®, 2019. Alterado pelos autores. 
Diante da constatação, foi encaminhado via correio 
eletrônicoà Gerência de Outorga – GOUT/SEMA/MT, 
através do endereço 
gerenciadeoutorga@sema.mt.gov.br a observação 
feita na realização deste trabalho para que possam 
tomar as devidas providências a respeito. 
7. Conclusão 
A partir das análises feitas, é possível inferir que a 
densidade populacional do empreendimento 
Condomínio Residencial Nico Baracat, quando 
implantado em sua totalidade, será de cerca de 321 
hab/ha, muito acima da densidade habitacional do 
município que está em 2,8 pessoas/ha, segundo 
último CENSO de 2010. 
Ao referir-se aos equipamentos públicos comunitários, 
é possível observar que apesar de o bairro estar 
previamente planejado com escolas e creches, a 
quantidade de vagas a serem oferecidas está abaixo 
do recomendado por Gouveia (2002). O autor traz 
índices urbanísticos que, ao serem trazidos para a 
realidade do objeto de estudo, revela que a demanda 
por escolas e creches é muito maior que a quantidade 
de vagas a serem oferecidas. A mesma realidade foi 
encontrada na oferta de serviços públicos, que a partir 
das análises feitas, é possível constatar que a 
quantidade de U.B.S. é inferior ao recomendado pelo 
autor. 
Por fim, ao que tange ao licenciamento ambiental, o 
empreendimento possui Licença de Instalação vigente 
(LI nº 69279/2018, válida até 05 de setembro de 
2021), cabendo ao órgão ambiental competente 
realizar fiscalizações regularmente para que, quando 
em operação, o empreendimento venha a causar 
menos impactos possíveis ao meio ambiente local. 
Ressalva-se ainda que para a entrega dos 
apartamentos, o empreendedor deverá solicitar à 
SEMA/MT a devida Licença de Operação, a qual 
somente será emitida após o término das obras. 
8. Referências 
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 2006. 
Rio de Janeiro: Lúmen Júris. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS – ABNT. NBR 7229: Projeto, construção 
e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio 
de Janeiro, p. 15. 1993. 
BOLAFFI, Gabriel. A casa das ilusões perdidas: 
aspectos socioeconômicos do Plano Nacional de 
Habitação. São Paulo: Brasiliense: Cebrap, 1977. 
BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição [da] 
República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal. 
 
BRASIL. Decreto nº 7.007. 2006. Diário Oficial do 
Estado do Mato Grosso, Cuiabá, MT. 
BRUNI, J. C. A água e a vida. Tempo Social, v. 5, n. 
1/2, p. 53-65, 1993. Disponivel em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0103-
20701993000100053&lng=pt&nrm=iso&tlng=en 
Acesso em 15/04/2019 
CARIGNANI, Gisele. A BR – 163 como elemento 
estruturados de novas cidades no interior do 
Estado de Mato Grosso: o caso de Sinop e Lucas 
do Rio Verde. Rio de Janeiro – RJ. UFRJ. 2016. 
CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – 
CONSEMA. Resolução CONSEMA nº 85. 2014. 
Disponível em: 
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=275428> 
Acesso em 12/04/2019. 
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – 
CONAMA. Resolução nº 237. 1997. Disponível em: 
<https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/resolucao-
conama-237-1997-dispoe-sobre-a-revisao-e-
complementacao-dos-procedimentos-e-criterios-
utilizados-para-o-licenciamento-ambiental.htm> 
Acesso em 29/03/2019. 
M. CIDADES. Estudo de Impacto de Vizinhança. 
Brasília/DF. 2016. 
MATO GROSSO. Lei Complementar nº 38. 1995. 
Disponível em: 
<http://app1.sefaz.mt.gov.br/sistema/legislacao/LeiCo
mplEstadual.nsf/9e97251be30935ed03256727003d2d
92/589a53ac84391cc4042567c100689c20?OpenDocu
ment> Acesso em 12/04/2019. 
MATO GROSSO. Lei Complementar nº 592. 2017. 
Disponível em: 
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=344078> 
Acesso em 12/04/2019. 
ONU - Organização das Nações Unidas. 
DECLARAÇÂO DOS DIREITOS HUMANOS. 1945. 
Disponível em: < 
https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/
> Acesso em: 10 abr 2019. 
OLIVEIRA, Ana Paula Nunes de & HENKES, Jairo 
Afonso. Condomínios sustentáveis: desafios da 
escassez dos Recursos Naturais. R. gest. sust. 
ambient., Florianópolis, v. 4, n. 2, p. 602 - 625, out. 
2015/mar. 2016 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – PNMA. 
Lei nº 6.938. 1981. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm> 
Acesso em 05/04/2019. 
SEMA-MT. Termos de Referência Padrão. 
Disponível em: 
<http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_d
ocman&Itemid=873> Acesso em 14/04/2019. 
SEMA/MT. Secretaria de Estado do Mato Grosso. 
Disponível em: <http://www.sema.mt.gov.br> Acesso 
em 15/04/2019. 
SOUZA, Edison Antônio. História de Sinop: 
Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná. In: 
BARROZO, João Carlos. Mato Grosso do sonho a 
utopia de terras. Cuiabá: EdUFMT/Carlini & Caniato 
Editorial, 2008. 
TEIXEIRA, Luciana. A colonização no norte de Mato 
Grosso: O Exemplo da Gleba Celeste. Universidade 
Estadual Paulista. Dissertação. Presidente Prudente, 
2006. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp0
12588.pdf>. Acesso em: 10 abril 2019. 
 
Darlan Buffon
Máquina de escrever
Decreto Federal 6514/2008

Outros materiais