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a minha trajetória profissional como também da psicóloga Izabel Carvalho que participava de uma das sessões de musicoterapia. Ao convidar os pacientes para participarem da atividade, que nesse dia foi com pacientes adultos dos internamentos masculino e feminino, a psicóloga encontrou resistência em alguns pacientes, por estarem debilitados e terem que se locomover para a sala onde iria ser realizada a atividade. Uma jovem paciente que se encontrava muito triste por estar doente e hospitalizada, após muita insistência da psicóloga, é levada na cadeira de rodas para participar da atividade. Ao término da sessão, na qual cantamos com muito entusiasmo, lemos algumas mensagens e fizemos algumas reflexões, essa paciente, ao voltar para seu leito, não mais quis mais a cadeira de rodas, preferiu ir caminhando, pois aquela atividade lhe tinha feito tão bem, que subitamente ela se encheu de energia e alegria, voltando até a sorrir. 144 Diante de experiências como esta, podemos constatar que apenas o medicamento não basta para curar o paciente. Que estes precisam de um tratamento coadjuvante, auxiliado pela Pedagogia Hospitalar, um olhar integral de suas dimensões físicas, afetivas e cognitivas, como afirmam os pesquisadores Barros (2008), Kohn (2010) e Ceccim (1999). Os trabalhos realizados através dos projetos eram pensados e desenvolvidos a partir de muita pesquisa e apoio de toda equipe. Foram momentos em que a área educacional passou a ser bastante respeitada por todas essas iniciativas e pelos resultados dos trabalhos alcançados. Durante a realização dessa pesquisa, vários artigos foram escritos e apresentados em eventos científicos. A exposição desta pesquisa e troca de conhecimentos entre os pesquisadores foi de grande importância para a realização deste trabalho. Em uma dessas participações, no IV Encontro Internacional Educação e Contemporaneidade - EDUCON em 2010, pude perceber a curiosidade dos presentes ao indagarem sobre os projetos quando apresentei o artigo intitulado “Pedagogia Hospitalar: possibilidades educacionais na área da saúde”. Em outros momentos percebia a surpresa dos ouvintes quando relatava sobre as políticas públicas que regulamentam essa atividade nos hospitais, como foi o caso no I Congresso Nacional de Educação Especial e Inclusiva quando apresentei o trabalho sob o título “As políticas públicas que implementam a pedagogia hospitalar em uma perspectiva inclusiva”, como vários outros trabalhos que tivemos a oportunidade de partilhar contribuindo com a pesquisa cientifica nos eventos acadêmicos. Assim, pudemos legitimar os trabalhos educacionais dentro do HRAM numa perspectiva humanística, na qual a humanização e as atividades lúdico-educativas provaram ser viáveis no ambiente de saúde, sendo que a adesão dos pacientes e dos funcionários foi significativa, aceita e partilhada pela equipe de profissionais da saúde – médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicóloga, nutricionista e pelos funcionários de todos os setores. Os projetos superaram as nossas expectativas; diante das incertezas de sua viabilidade, pode-se constatar a eficácia de cada projeto a cada passo iniciado, na adaptação da proposta à realidade encontrada no dia-a-dia no hospital. 145 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pesquisar sobre a origem do hospital e conhecer sua história, nos proporcionou a compreensão da trajetória de um hospital centenário, que mesmo enfrentando problemas administrativos e financeiros, como muitos hospitais públicos do país, pode contemplar ações educacionais inovadoras dentro do ambiente hospitalar, e durante algum tempo manter uma equipe multidisciplinar atendendo aos pacientes hospitalizados. Consideramos as ações educacionais implantadas no Hospital Regional Amparo de Maria – HRAM como ações de humanização hospitalar, pois têm como finalidade beneficiar os pacientes em várias dimensões: na satisfação em participar das atividades, na alegria provocada pelas atividades lúdicas, pelo aprendizado que nunca cessa, mesmo estando hospitalizados e, por fim, na qualidade de vida do paciente, na aceleração de sua melhora e, consequentemente, na diminuição do tempo de hospitalização. Foi possível verificarmos possibilidades de realização de ações pedagógicas que influenciaram no tratamento do paciente, ajudando na ressignificação de sentimentos que se manifestam na criança hospitalizada quando internadas no hospital e se deparam com uma realidade diferente daquela que viviam: medo, tensão, ansiedade, tristeza, ressignificados em sentimentos de confiança, compreensão, paciência, alegria. O marco temporal delimitado para o nosso estudo foi suficiente para que pudéssemos acompanhar a implantação do serviço de pedagogia dentro do HRAM, em Estância (SE); acompanhando o início e, provavelmente, o encerramento das atividades educacionais daquela unidade de saúde, pois o hospital, atualmente sob intervenção judicial e novo gerenciamento, desvinculou alguns integrantes da equipe multidisciplinar alegando contenção de despesas e priorização das atividades fins da unidade hospitalar. Por esta razão os projetos estão parados. Não queremos pensar que possam ser inviabilizados. Acreditamos que apenas seja uma fase, e que após sua reestruturação, este estabelecimento de saúde, pioneiro no estado de Sergipe em humanização hospitalar e ações educacionais, possa voltar a ser modelo de humanização, devolvendo à criança e ao adolescente o direito de desfrutar de alguma forma de lazer e educação dentro do hospital, pois com este trabalho, conseguimos, durante o período de 2005 a 2010 vencer a dor com os remédios, e o sofrimento com a alegria, desenvolvendo um 146 tipo de tratamento mais holístico, que pensava o ser humano em suas múltiplas dimensões, com respeito, atenção, afetividade em busca da qualidade no atendimento e no tratamento. Dentro dessa perspectiva da humanização da área da saúde, surgem diferentes discussões e teorias que apresentamos no segundo capítulo. As denominações Pedagogia Hospitalar, Escolarização Hospitalar e Classe Hospitalar são discutidas pelos pesquisadores que defendem pontos de vista distintos, pois cada uma dessas denominações apresenta especificidades e limitações em suas ações educativas. Entretanto, têm em comum o fato de desenvolverem essas ações em hospitais, com pacientes em idade escolar que, embora hospitalizados, possam ter o direito de ser assistidos educacionalmente. Os teóricos que respaldam este trabalho de investigação trazem posicionamentos distintos. Fonseca (2010), Matos e Mugiatti (2009) defendem a terminologia Escolarização Hospitalar. Documentos orientadores do Ministério da Educação e pesquisadoras como Gabardo (2002) e Zardo (2007) tratam de Classe Hospitalar; Ortiz e Freitas (2005) Barros (2008), Vasconcelos (2010) e Kohn (2010) entendem as ações lúdico-educativas como atividades da Pedagogia Hospitalar. Nós comungamos deste último posicionamento, quando observamos impossibilidades que estruturam uma escolarização ou classe hospitalar, devido à estrutura arquitetônica dos hospitais gerais, à falta de uma equipe multidisciplinar e de parcerias com as secretarias estaduais e municipais de educação. Partilhamos desta concepção, pois as ações lúdicas também podem ser consideradas educativas e, por fim, porque todas as ações dentro do hospital, sejam elas na brinquedoteca, na biblioteca, na sala de música ou na produção de tarefas escolares, têm algo em comum: foram orientadas pedagogicamente, com fins de aprendizagem em diferentes níveis, seja para a aceitação da condição atual, seja para aprender conteúdos escolares. No decorrer da pesquisa, procuramos entender aspectos da infância, da importância do brinquedo e da brincadeira para a criança, para que pudéssemos compreender projetos e propostas de trabalho lúdicos desenvolvidos