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NOÇÕES DE DIREITO PENAL ÍNDICE Aplicação da lei penal. Princípios da legalidade e da anterioridade. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar do crime. Lei penal excepcional, especial e temporária. Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. Pena cumprida no estrangeiro. Efi cácia da sentença estrangeira. Contagem de prazo. Frações não computáveis da pena. Interpretação da lei penal. Analogia. Irretroatividade da lei penal. Confl ito aparente de normas penais. ....................................................................................................................01 O fato típico e seus elementos. Crime consumado e tentado. Pena da tentativa. Concurso de crimes. Ilicitude e causas de exclusão. Excesso punível. Culpabilidade. Elementos e causas de exclusão. ..................................................................................................04 Imputabilidade penal. ...........................................................................................................................................................................................................09 Concurso de pessoas. ...........................................................................................................................................................................................................10 Crimes contra a pessoa. .......................................................................................................................................................................................................10 Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................................16 Crimes contra a fé pública. .................................................................................................................................................................................................21 Crimes contra a administração pública ..........................................................................................................................................................................24 Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos). ..........................................................................................................................................................................31 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal. .........................................................................................................................................32 Corrupção De Menores (Lei Nº 12.015/2009) .............................................................................................................................................................40 1 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL 1 APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 1.1 PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE. 1.2 A LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO. 1.3 TEMPO E LUGAR DO CRIME. 1.4 LEI PENAL EXCEPCIONAL, ESPECIAL E TEMPORÁRIA. 1.5 TERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL. 1.6 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO. 1.7 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA. 1.8 CON- TAGEM DE PRAZO. 1.9 FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA. 1.10 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL. 1.11 ANALOGIA. 1.12 IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL. 1.13 CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS LEI PENAL Características Por via das normas incriminadoras, o Direito Penal prescreve condutas ilícitas, atribuindo sanções, como se pode ver na parte especial do Código Penal. Por sua vez, por meio das normas não incriminadoras, o Direito Penal formula proposições jurídicas das quais se extrai o conteúdo imperativo da respectiva norma, como se verifi ca na parte geral do Código Penal (BITENCOURT, 2010, p. 159). Fonte Fonte pode ser associada à origem, nascimento, surgimento. Por “fonte do Direito” deve-se entender a origem primária da norma jurídica (BITENCOURT, 2010, p. 160). Kelsen afi rma que fonte é o fundamento de validade jurídico- -positiva das normas (KELSEN, 1974, p. 258). O Direito Penal, como todos os outros ramos do Direito, também tem suas fontes. Há duas divisões primarias para as fontes do direito penal, sendo elas materiais e formais. As fontes materiais são as fontes de produção, ou seja, como a norma penal é originada. Compete à união legislar sobre matéria penal, porém, como exceção, pode haver delegação por lei complementar para os Estados legislarem. No que se refere às fontes formais, tem-se que estas são classifi cadas em dois tipos: a) fonte formal imediata; b) fonte formal mediata. a) Fontes formais imediatas: Decorrem por meio de legislações, como a Constituição Federal, legislações infracons- titucionais, tratados, regras, convenções de direito internacional e súmulas vinculantes. b) Fontes formais mediatas: São os costumes, doutrina e jurisprudência. Há quem defenda que os princípios gerais do direito e a analogia também são fontes formais mediatas do Direito Penal. Interpretação Para Karl Larenz, toda norma jurídica requer interpretação (LARENZ, 1997, p. 284). O Direito Penal compreende di- versos métodos de interpretação, como com base nos órgãos Legislativo, Judiciário ou com base na doutrina. A interpretação autêntica é a fornecida pelo Poder Legislativo, no momento da elaboração da Lei Penal. A interpre- tação jurisprudencial é aquela feita pelos órgãos julgadores, como tribunais. A interpretação doutrinária corresponde à doutrina, interpretação revelada pelos estudiosos, escritores do direito penal, sendo científi ca ou fi losófi ca. Quantos aos meios de interpretação, pode-se considerar a interpretação gramatical, histórica, lógica ou sistemática. A interpretação gramatical ou literal leva em consideração a parte escrita, as palavras contidas no texto legal. Por sua vez, a interpretação histórica compreende o fator histórico envolvido, com a fi nalidade de entender o sentido e as razões da lei. Por fi m, a interpretação lógica pretende entender a lógica do texto legal, para assim descobrir fundamen- tos a ser seguidos. No que se refere aos resultados, tem-se a interpretação declarativa, extensiva e restritiva. A declarativa pretende expressar somente o resultado linguístico, ou seja, a concordância entre o sentido literal (interpretação gramatical) e a lógica (interpretação lógico-sistemática) da norma. Neste resultado, não há uma inter- pretação além do que esta exposto no texto normativo. Quanto à interpretação extensiva, pretende-se entender a interpretação, deixando de ser literal, ou seja, conclui-se que a norma falou menos do que queria falar, devendo-se ampliar seu alcance ou sentido por meio da interpretação. Por fi m, a interpretação restritiva procura reduzir ou limitar o alcance do texto interpretado, na tentativa de encon- trar seu verdadeiro sentido. Procura minimizar o sentido ou alcance das palavras que objetivam refl etir o direito contido na norma jurídica (BITENCOURT, 2010, p. 175). user Realce user Realce user Realce 2 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Vigência Há leis que prescrevem data de início e fi m de vigên- cia, enquanto outras somente prescrevem data de início de vigência, considerando-se vigentes até que seja re- vogada. Leis temporárias contém datas de vigência preorde- nada. Leis excepcionais condicionam sua efi cácia a condi- ções determinantes, como em caso de guerra, epidemias. Aplicação A lei penal deve ser anterior a pratica delitiva, caso contrário incidirá o princípio da irretroatividade. Neste sentido, o artigo 1º do Código Penal prevê que: “Não há crime sem lei anterior que o defi na. Não há pena sem prévia cominação legal”. Lembre-se que o conjunto de normas incriminadoras é taxativo, ou seja, o fato é típico (esta em lei) ou atípico (não esta em lei) (JESUS, 2014, p. 23). LEI PENAL NO TEMPO A Lei Penal encontra sua efi cácia entre a entrada em vigor e a cessação de sua vigência, não alcançandoos fatos ocorridos antes ou depois dos limites, ou seja, não retroage e nem tem ultra-atividade. Este é o princípio tempus regit actum. a) O princípio da irretroatividade tem sua vigência so- mente na lei mais severa, sendo que em caso de lei mais benéfi ca é possível a retroatividade. b) É possível a aplicação de uma lei não obstante ces- sada a sua vigência, desde que mais benéfi ca em face de outra, posterior. Essa qualidade da lei, pela qual tem efi cácia mesmo depois de cessada a sua vigência, recebe o nome de ultra-atividade (JESUS, 2014, p. 25). c) Quanto a Lei mais benéfi ca, tem-se que esta pre- valece sobre a mais severa, prolongando-se além do ins- tante de sua revogação ou retroagindo ao tempo em que não tinha vigência. É ultra-ativa e retroativa. Ou seja, ela prevalece tanto em caso da antiga lei, quanto em caso de nova lei, sempre em favor do acusado. d) Em caso de Lei mais severa, jamais haverá a re- troatividade (princípio da irretroatividade), nem a efi cácia além do momento de sua revogação (ultra-atividade). A Lei posterior é aquela promulgada em último lu- gar. Determina-se a anterioridade e a posterioridade pela data da publicação e não pela data da entrada em vigor (JESUS, 2014, p. 27). Formas de choques entre leis a) Abolitio criminis: Quando uma nova lei deixa de considerar crime fato anteriormente considerado crime. b) Novatio legis incriminadora: Quando a nova lei pas- sa a considerar crime algo que não era antes, esta não poderá retroagir a fatos passados, anteriores a sua vi- gência, já que não há crime sem lei anterior que o defi na (nullum crimen sine praevia lege). c) Novatio legis in pejus: A lei que de alguma forma pode agravar a situação do acusado não retroagirá. (Art. 5º, XL da CF). Em caso de confl ito de duas leis, a anterior, mais benigna, e a posterior, mais severa, aplicar-se-á a mais benigna. (BITENCOURT, 2010, p. 187). d) Novatio legis in mellius: Quando uma lei nova, mes- mo sem descriminalizar o fato, prevê novo tratamento mais favorável ao acusado, deve-se prevalecer esta, mes- mo que o processo se encontre em fase de execução. Não se fere o princípio da coisa julgada. Leis Excepcionais e Temporárias Leis excepcionais são aquelas promulgadas em casos de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, epidemias etc... (JESUS, 2014, p. 32). São leis temporárias aquelas que possuem vigência previamente fi xada pelo legislador, a qual determina a data em que a lei entrará em vigência e sairá. (JESUS, 2014, p. 32). LEI PENAL NO ESPAÇO A Lei Penal tem vigência em todo território nacional, com base no princípio da territorialidade, nacionalidade, defesa, justiça penal universal e representação. a) Territorialidade: Consiste no entendimento o qual a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a determinou. (Como nos casos de delegação por Lei Complementar) (JESUS, 2014, p. 38). Em caso de Lei penal brasileira, tem-se a aplicação em todo território nacional, independente da nacionalidade do agente, vítima ou do bem jurídico lesado. (BITENCOURT, 2010, p. 198). b) Nacionalidade ou personalidade: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do criminoso, não importando onde o fato ilícito foi praticado. O Estado tem o direito de exigir que o seu nacional no país estrangeiro tenha determinado comportamento. Esse princípio apresenta duas formas: 1) personalidade ativa: Casos em que consi- dera apenas a nacionalidade do autor do delito, independente da nacionalidade do sujeito passivo do delito; 2) personalidade passiva: nesta hipótese importa somente se a vítima do delito é nacional, ou seja, o bem jurídico deve ser do próprio Estado, vítima ou do cocidadão. #FicaDica c) Defesa, real ou proteção: Leva em consideração a nacionalidade do bem jurídico lesado pelo crime, inde- pendente do local de sua prática ou da nacionalidade do criminoso (JESUS, 2014, p. 38). d) Justiça Penal Universal, universalidade ou cosmo- polita: Qualquer Estado pode punir qualquer crime, seja qual for à nacionalidade do criminoso ou da vítima, não importando o local de sua prática. Para a imposição da pena, basta o criminoso estar dentro do território nacio- nal (JESUS, 2014, p. 38). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 3 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL e) Representação ou bandeira: Ocorre quando a Lei Penal de determinado país também é aplicável aos de- litos cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizados no estrangeiro e alí não venham a ser julgados (JESUS, 2014, p. 38). O Brasil adota o princípio da Territorialidade como re- gra (artigo 5º do Código Penal), possibilitando como ex- ceção os princípios da defesa/proteção (art. 7º, I e § 3º); da nacionalidade ativa (art. 7º, II, b); da Justiça Universal (art. 7º, II, a); e da representação (artigo 7º, II, c). Entende-se por território nacional a soma do espaço físico (ou geográfi co) com o espaço jurídico (espaço físi- co por fi cção, por equiparação, por extensão ou território fl utuante). Por território físico entende-se o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado (solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa – 12 milhas marítimas de largura, me- didas a partir da linha de baixa-mar do litoral continente e insular – e espaço aéreo correspondente). Para os efeitos penais, consideram-se como exten- são do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do gover- no brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e as aeronaves brasileiras (matriculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, em alto-mar ou no espaço aé- reo correspondente (art. 5°, § 1°, CP). É também aplicável a lei brasileira aos crimes cometi- dos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo cor- respondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil (art. 5º, § 2°, CP) (CUNHA, 2018). Extraterritorialidade As hipóteses de extraterritorialidade estão previstas no artigo 7º do Código Penal, constituindo exceções as hipóteses do artigo 5º. A extraterritorialidade incondicionada se encontra no artigo 7º, inciso I, que prevê casos em que a Lei Brasileira será aplicada ao delito cometido no estrangeiro, sem a necessidade das condições do artigo 7º, § 2º do Código Penal. São os casos de extraterritorialidade incondicionada: os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (princípio da defesa ou real, pois se preo- cupa com a nacionalidade do bem jurídica) b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pú- blica, sociedade de economia mista, autarquia ou funda- ção instituída pelo Poder Público; (princípio da defesa ou real, pois se preocupa com a nacionalidade do bem jurí- dica) c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (princípio da defesa ou real, pois se preocupa com a nacionalidade do bem jurídica); d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (são três correntes acerca do princípio aplicável a esta hipótese: princípio da justiça penal universal (porquan- to o Brasil se obrigou, por meio de Tratado, a coibir o genocídio, não importando o local onde foi praticado); princípio da defesa ou real (pois é genocídio é julgado pelo Brasil apenas quando envolver brasileiros); ou prin- cípio da nacionalidade ativa (este está errada, pois não se exige apenas que o agente seja nacional; pode ser tam- bém o ser levado em consideração o domicílio no Brasil). A corrente que prevalece é a primeira, ante a natureza supralegal dos tratados internacionais sobre direitos hu- manos. (MORAES). Nestes casos, o criminoso poderá sercondenado pela lei brasileira, independente de absolvido ou condenado no estrangeiro. Por sua vez, a territorialidade condicionada esta pre- vista no artigo 7º, II do Código Penal. São casos de extraterritorialidade condicionada: os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (princípio da justiça penal universal) b) praticados por brasileiro; (princípio da nacionalidade ativa) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasi- leiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (princípio da representação). Ainda tem-se o § 2º e o § 3º, que apresentam o se- guinte: § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasi- leira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi pra- ticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co- metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Por conta das condições do § 2º do Artigo 7º do Códi- go Penal, consideram-se os casos do inciso II do mesmo artigo casos de extraterritorialidade condicionada. Imunidade Imunidade diplomática: É um privilégio proporciona- do aos representantes diplomáticos estrangeiros, obser- vando sempre o princípio da reciprocidade. (HUNGRIA, 2016, p. 156). Conforme a Convenção de Viena, Decreto nº 56.435/65, o diplomata fi ca sujeito à jurisdição do Es- tado que representa. Constitui-se, assim, uma causa de exclusão de pena. (LEIRIA, 1981, p. 118-119). A imunidade se estende para todos os funcionários e agentes diplomáticos das orga- nizações internacionais, como ONU, OEA, quando em serviço, incluindo-se os familiares (BITENCOURT, 2010, p. 205). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 4 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Imunidade Parlamentar: Trata-se de uma prerrogati- va parlamentar, sendo do próprio Parlamento, e não do parlamentar, sendo também irrenunciável. Decorre, as- sim, da função exercida, dividindo-se em duas espécies: a) Imunidade material ou absoluta: Corresponde à imunidade no exercício do mandato, por suas opiniões, palavras e votos, não incidindo em aspectos penais, ci- vis, disciplinares. É uma inviolabilidade pela manifestação do pensamento que é inerente ao exercício do mandato (senadores, deputados, vereadores) (BITENCOURT, 2010, p. 206). b) Imunidade formal ou relativa: Refere-se à prisão, ao processo, a prerrogativa de foro (processo e julga- mento) (BITENCOURT, 2010, p. 206). Concurso aparente de normas A Lei não regula as situações de concurso aparente de normas, problema resolvido por meio da interpre- tação, com base na conduta ou no fato, na pluralidade de normas coexistentes e na relação de hierarquia ou de dependência entre essas normas (BITENCOURT, 2010, p. 223). Utiliza-se princípios orientadores, quais são: a) espe- cialidade; b) subsidiariedade; c) consunção. Há estudio- sos que incluem o princípio da alternatividade neste rol. a) Especialidade: A norma especial é predominante a norma geral. (Exemplo: Lei de Drogas – Lei 11.343/06 prevê que o acusado é o primeiro a ser ouvido, mediante interrogatório, na fase de instrução, enquanto o Código Penal prevê que será o último. Pelo princípio da especia- lidade, aplica-se a norma especial, a Lei de Drogas). b) Subsidiariedade: Ocorre quando há uma relação de primariedade e subsidiariedade entre duas normas ao descrever graus de violação de um mesmo bem jurídico, de forma que a norma subsidiária é afastada pela aplica- bilidade da norma principal. A condição de subsidiariedade pode ser expressa (descrita na lei – art. 132 do CP, por exemplo) ou táci- ta (não descrita – como no caso do crime de dano [art. 163 do CP] que é subsidiário do furto com destruição ou rompimento de obstáculo; a violação de domicílio do crime de furto ou roubo). (BITENCOURT, 2010, p. 225). c) Consunção: Conhecido também como princípio da absorção. Ocorre quando um crime constitui meio ne- cessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, como, por exemplo, lesões corporais que determinam a morte são absorvidas pelo homicídio; o furto com arrombamento em casa habitada absorve a aplicação do crime de dano e violação de domicílio. O principio que aparentemente é essencial para o concurso aparente de normas é o da especialidade, ou seja, nos casos de existên- cia de lei especial, aplica-se este princípio. #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. POLÍCIA FEDERAL – Agente Federal da Polícia Fe- deral- CESPE- 2004: Célio praticou crime punido com pena de reclusão de 2 a 8 anos, sendo condenado a 6 anos e 5 meses de reclusão em regime inicialmente se- mi-aberto. Apelou da sentença penal condenatória, para ver sua pena diminuída. Pendente o recurso, entrou em vigor lei que reduziu a pena do crime praticado por Célio para reclusão de 1 a 4 anos. Nessa situação, Célio não será benefi ciado com a redução da pena, em face do princípio da irretroatividade da lei penal previsto cons- titucionalmente. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. A Lei penal retroagirá neste caso, tendo em vista o benefício que trará para o réu. Lem- bra-se que a lei penal retroage mesmo que a sentença condenatória já esteja transitada em julgado. O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. CRIME CONSUMADO E TENTADO. PENA DA TENTATIVA. CONCURSO DE CRIMES. ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO. EXCESSO PUNÍVEL. CULPABILIDADE. ELEMENTOS E CAUSAS DE EXCLUSÃO. TEORIA DO TIPO Tipo pode ser considerado o conjunto dos elementos do fato punível descrito na Lei penal, o qual exerce fun- ção limitadora e individualizadora das condutas huma- nas penalmente relevantes. A teoria do Tipo criou a tipicidade, apresentada como característica do delito, com fundamento na teoria causal da ação, concebida por Franz Von Liszt. Com a evolução, criou-se uma metodologia para distinguir as característi- cas do tipo, dividindo-se em tipicidade, antijuricidade e culpabilidade (BITENCOURT, 2010, p. 303). Crime doloso e crime culposo O crime doloso é aquele que acontece quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- -lo, ou seja, ocorreu pela vontade de concretizar o crime. O crime culposo, por sua vez, ocorre quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia, ou seja, por falta de cuidado no agir. Modalidades de dolo: a) Dolo direto: quando o sujeito visa certo e determi- nado resultado (ex: esfaquear para matar alguém). b) Dolo indireto: não tem certo e determinado resul- tado, variando-se em dolo alternativo (aquele que tem a user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 5 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL intenção de um ou outro resultado, como ferir ou matar alguém); e dolo eventual (quando o sujeito admite o ris- co do resultado). Modalidades de culpa: a) Culpa inconsciente: ocorre quando o sujeito atua sem consciência do resultado que poderia ocorrer; b) Culpa consciente: o sujeito prevê o resultado, po- rém não acredita que irá acontecer, confi ando nas suas habilidades. (Exemplo: corridas ilegais de carro, embria- guez ao dirigir). A culpa consciente é diferente do dolo even- tual, no primeiro o sujeito não quer o resul- tado, confi ando que não irá acontecer, en- quanto no segundo o sujeito assume o risco, sendo indiferentese acontecer o resultado. #FicaDica Ausência de dolo pode ser FATO ATÍPICO. #FicaDica a) Imprudência: É a prática de um fato perigoso des- necessário (Exemplo: dirigir em alta velocidade). b) Negligência: É a falta de atenção, preocupação (Exemplo: Deixar arma de fogo perto de uma criança. c) Imperícia: É a falta de habilidade técnica para algo (Exemplo: Médico que não sabe fazer cirurgia, mas a faz). O Direito Penal brasileiro aceita somente a culpa exclusiva da vítima, ou seja, não existe a fi gura da culpa concorrente (entre a víti- ma e o acusado). #FicaDica Crime preterdoloso Ocorre quando há o dolo na ação/omissão antece- dente, mas a culpa no consequente, ou seja, acontece quando o delinquente produz resultado mais grave que pretendia. Exemplo: Sujeito deseja roubar uma pessoa, porém mata sem querer a vítima durante o roubo. Crime preterdoloso e crime qualifi cado pelo resul- tado Atente-se que não são sinônimos, já que o crime qua- lifi cado pelo resultado, ao contrário do preterdoloso, o resultado ulterior, mais grave, derivado involuntariamen- te da conduta criminosa, lesa um bem jurídico que, por sua natureza, não contém o bem jurídico precedente- mente lesado (BITENCOURT, 2010, p. 343). Exemplo: Lesão corporal seguida de morte é preter- doloso, enquanto o aborto seguido de morte da gestante é qualifi cado pelo resultado, ou seja, nunca se conseguirá matar uma pessoa sem ofender sua saúde ou integridade corporal (como a lesão corporal seguida de morte), en- quanto para matar alguém não se terá necessariamente de fazê-lo abortar (aborto com ou sem consentimento da gestante, qualifi ca-se pelo resultado) (BITENCOURT, 2010, p. 343). Erro de Tipo Erro de tipo é aquele que recai sobre circunstância elementar da descrição típica. É a falsa percepção da rea- lidade sobre um elemento constitutivo de crime (BITEN- COURT, 2010, p. 325). Divide-se em duas espécies, sendo: a) erro de tipo essencial, o qual sempre exclui o dolo (para fatos ine- vitáveis), porém podendo-se punir pela culpa caso seja evitável; b) erro de tipo inevitável (ou acidental), o qual exclui a tipicidade por algo subjetivo do crime. Tipos de erro essencial: a) Erro de tipo incriminador: Aquele que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da fi gura típica incriminadora ou a presença de requisitos permis- sivos (JESUS, 2014, p. 118). b) Erro de tipo permissivo: Caso o sujeito, por erro plenamente justifi cado pelas circunstâncias do fato, su- ponha estar em face de alguma causa de exclusão de ilicitude, como legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito ou estado de ne- cessidade, este fi ca isento de pena. Pode-se punir por culpa (JESUS, 2014, p. 118). c) Erro de proibição: Se o sujeito não tem a possibili- dade de saber que o fato é proibido, a culpabilidade fi ca afastada. Ressalta-se que somente ocorre a isenção de pena em caso de desconhecimento inevitável da proi- bição, já que se for evitável cabe apenas diminuição da pena de um sexto a um terço. Tipos de erro acidental: a) Erro sobre a pessoa: Ocorre quando o sujeito atin- ge uma pessoa supondo se tratar da pessoa que deveria atingir. É um erro entre pessoas, ou seja, o autor desejava acertar uma, mas acertou outra acreditando ser a pes- soa certa. As condições ou qualidades da vítima real são desconsideradas, considerando somente as qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. b) Aberratio Ictus (Erro na execução): É a aberração ao ataque ou desvio do golpe. Ocorre quando o sujeito, pretendendo atingir uma pessoa, vem a ofender outra. Aplica-se somente aos crimes dolosos. Exemplo: Erro de pontaria, quando o projétil devia-se da trajetória acer- tando outra pessoa no disparo (JESUS, 2014, p. 326). c) Aberratio criminis (Resultado diverso do preten- dido): É o desvio do crime. Enquanto na aberratio ictus existe erro de execução quanto à pessoa (erra a pessoa, a vítima), na aberratio criminis erra-se um bem jurídico. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Erros Essenciais Erro de tipo incriminador (art. 20 do CP) Fato Típico Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º do CP) Excludente de ilicitude Erro de proibição (art. 21 do CP) Culpabilidade Erros acidentais Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º do CP) Relação com a vítima Aberratio Ictus (art. 73 do CP) Relação com a vítima Aberratio Criminis (art. 74 do CP) Relação com bem jurídico Classifi cação Jurídica dos crimes Crime material: Aquele que existe um resultado previsto em lei, sendo exigida sua consumação, ou seja, deve-se ter um dano efetivo. Exemplo: Homicídio (art. 121 do CP). Crime Formal: Aquele que existe um resultado previsto em lei, mas não é exigida sua consumação, ou seja, não é necessário um dano efetivo, bastando-se a vontade de concretizá-lo. Exemplo: Extorsão (art. 158 do CP). Crime de Mera Conduta: Aquele em que a conduta já consuma o crime. O tipo penal não descreve um resultado (naturalístico), apenas uma conduta, ou seja, basta fazer a conduta. Exemplo: Omissão de Socorro (art. 135 do CP). Crime Complexo: Aquele que é necessária uma fusão de dois ou mais crimes. Exemplo: Crime de Roubo (art. 157 do CP), nada mais é que o crime de furto (art. 155 do CP) com grave ameaça (art. 147 do CP). Crime Comum: Aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. Crime Próprio: Há agentes próprios, somente pode ser praticado por determinadas pessoas, como os crimes prati- cados por funcionário público. Crime de Mão Própria: Aquele que somente o autor pode praticar, não tendo a possibilidade de pedir para outra pessoa fazer. Exemplo: Falso testemunho (art. 342 do CP). Crime consumado: Aquele concretizado, com todos os elementos do tipo penal. Crime tentado: Ocorre quando o crime não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do sujeito. Crime falho: É a tentativa perfeita. Crime de ação única: Ocorre quando o agente pratica o tipo penal que descreve somente um verbo, uma conduta. Exemplo: Homicídio, bastando-se matar alguém. Crime de ação múltipla (conteúdo variado ou tipo misto): O tipo penal tem mais de uma conduta, um verbo. Exem- plo: O artigo 122 diz induzir, instigar ou auxiliar alguém a suicidar-se, ou seja, três verbos. Crime Unissubjetivo (unilateral, monossubjetivo ou concurso eventual): Quando o tipo penal possibilita a pratica do crime por uma pessoa. Ressalta-se que pode ser praticado por mais pessoas também. (Exemplo: Homicídio – art. 121 do CP). Crime Plurissubjetivo (concurso necessário): Quando o tipo penal somente possibilita a pratica delitiva por várias pessoas. (Exemplo: Formação de quadrilha – art. 288; Rixa – art. 137). Crime Unissubsistente: Crime praticado por apenas um ato, não havendo a possibilidade de fracionar em atos. (Exemplo: Injúria –art. 140 do CP). Crime Plurissubsistente: Aquele que pode ser praticado por mais de um ato. (Exemplo: Homicídio – Art. 121 do CP). Crime de Forma Livre: Quando não há um modo a ser seguido, um jeito certo a ser praticado. (Exemplo: Homicídio- Art. 121 do CP). Crime de Forma Vinculada: Quando há uma forma a ser seguida. (Exemplo: Estupro – Art. 213 do CP – Deve-se ter a conjunção carnal). Crimes comissivos e omissivos a) Comissivo: Aquele crime que é necessária uma ação positiva visando o resultado criminoso. Exemplo: Homicídio, onde matar alguém é uma ação. b) Omissivo: Pode ser próprio, quando o agente fi ca em omissão diante de algo, ou seja, uma inatividade que constitui crime. (Exemplo: Omissão de socorro, ou seja, o agente deveria salvar, mas fi cou inativo sem justifi cativa); ou impróprio, quando a omissão é o meio pelo qual se alcançará o resultado, a pretensão do autor, a vontade delitiva. (Exemplo:Salva-vidas que deveria salvar uma pessoa, mas deixou de salvar por ser um desafeto pessoal – responde por Homicídio Doloso consumado). Nestes crimes, o agente responde não pela simples omissão, mas pelo resultado decorrente desta, já que estava, juridicamente, obrigado a impedir. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 7 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Crimes de dano ou perigo a) Crime de Dano: Aquele que se consuma com a efe- tividade de um dano. (Exemplo: Lesão Corporal – Art. 129 do CP). b) Crime de Perigo: Aquele que não exige um dano, apenas o perigo de dano. (Exemplo: Periclitação a vida ou saúde de outrem - Art. 132 do CP). Crimes de perigo concreto: Quando deve ser comprovado o perigo do crime, a situação de risco corrida pelo bem juridicamente pro- tegido. Crimes de perigo abstrato: É presumido, não precisando ser provado o perigo concreto do ato, a lei já entende como perigoso indepen- dente de prova. #FicaDica Causas de extinção de punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Iter Criminis As fases do delito podem ser compreendidas em: a) cogitação; b) atos preparatórios; c) execução; d) consu- mação. a) Cogitação: Não constitui fato punível quando não se projeta no mundo exterior, não ingressa na execução do crime. b) Atos preparatórios: Em regra não tem tentativa, sendo fato atípico. Exceção: Associação criminosa, já que pode punir o crime com apenas atos preparatórios; crime de petrechos para falsifi cação de moeda; terrorismo pela Lei de Antiterrorismo. c) Execução: Momento que esta acontecendo a prati- ca delitiva. Exemplo: escalando o prédio para furtar. d) Consumação: conformidade entre o fato e a norma penal, momento em que se atinge o resultado preten- dido. Consumação e tentativa Crime consumado: Aquele concretizado, com todos os elementos do tipo penal. Crime tentado: Ocorre quando o crime não se consu- ma por circunstâncias alheias a vontade do sujeito. A tentativa diminui a pena de um terço a dois terços, levando-se em consideração o momento da execução, ou seja, quanto mais perto da consumação, menos dimi- nuição terá. Não há tentativa em crimes culposos, preterdolosos, contravenções, omissivos próprios (ex: omissão de so- corro), unissubsistentes (ex: injúria-ato único), crimes de atentado. Concluí-se que o iter criminis pode ser interrompido de duas maneiras: a) pela vontade do agente: resultando em desistência voluntária ou arrependimento efi caz. b) por interferência de terceiros ou fato alheio a von- tade do agente: confi gurando-se a tentativa. Desistência voluntária e arrependimento efi caz A desistência voluntária esta prevista no artigo 15 do Código Penal, devendo-se ocorrer no começo da execu- ção, ou seja, o agente desiste de continuar a execução do crime que ainda esta iniciando. Não há crime nesta hipótese, sendo o fato atípico. Por sua vez, o arrependimento efi caz, também previs- to no artigo 15 do Código Penal, ocorre quando o agen- te inicia a execução, completando os atos executórios, porém impedindo por vontade própria a produção do resultado e a consumação. Neste caso, o agente só res- ponderá pelos atos já praticados. (Furto, mas impede o resultado por vontade própria, restando somente à inva- são de domicílio). No arrependimento efi caz o agente não produz o resultado, não consuma o crime por vontade própria, caso contrário seria tentativa. #FicaDica A Lei de antiterrorismo prevê a punição para atos preparatórios. #FicaDica Arrependimento posterior Previsto no artigo 16 do Código Penal, ocorre quan- do o agente se arrepende posteriormente a consumação do delito. Somente pode ser reconhecido caso o agente restitua a coisa até o oferecimento da denúncia em pro- cesso criminal. O Supremo Tribunal de Federal entende que a resti- tuição da coisa pode ser considerada desde que seja 50 % do valor ou da coisa, ou seja, é admitida a reparação parcial no arrependimento posterior. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 8 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Há requisitos para o reconhecimento do arrependi- mento posterior, devendo-se ser: a) crime sem violência ou grave ameaça; b) a reparação deve ser até o recebi- mento da denúncia (podendo ser de apenas 50% confor- me entendimento de STF). O arrependimento posterior pode diminuir a pena de um terço a dois terços. O quantum da diminuição se dará na velocidade da restituição da coisa. Nos casos de crimes tributários (Lei 8.137/90; artigo 334 e 168 –A do CP), se restituído o valor total do prejuízo a qualquer momento, extingue a punibilidade. #FicaDica Crime impossível Previsto no artigo 17 do Código Penal, o crime impos- sível é aquele que seria impossível de ser concretizado, ou seja, após a prática do fato vê-se que era impossível sua consumação, pela inefi cácia absoluta do meio ou im- propriedade do objeto material, tornando-se o fato atí- pico por força do artigo 387, III do Código de Processo Penal. Exemplos: I- O agente aperta o gatinho com uma arma descar- regada (inefi cácia do meio de execução) II- Mulher achando estar grávida tenta abortar (im- propriedade do objeto material). III- Loja vazia no momento do furto (impropriedade do objeto material). ILICITUDE – Excludentes de ilicitude. O fato para ser punível deve ser típico (previsto em lei), ilícito (antijurídico) e culpável (culpabilidade). Há determinadas hipóteses que não confi guram fato ilícito. São elas: Estado de necessidade Ocorre quando o sujeito pratica o fato para salvar pe- rigo atual que não praticou ou nem pode evitar. Neste caso, exclui-se a ilicitude do fato. Em caso de sacrifício não razoável, pode-se diminuir a pena de um terço a dois terços. Legítima Defesa Usar moderadamente meios para repelir injusta agressão atual ou eminente sua ou de outrem. Neste caso, exclui-se a ilicitude do fato. Ressalta-se que a vingança afasta a legítima defesa. Há a legítima defesa putativa, a qual o agente supõe a existência de uma agressão injusta, mas esta não existe na realidade, no mundo real. Pode, neste caso, diminuir a pena. O Policial que dispara sua arma contra de- linquente armado que esta apontando uma arma para o mesmo age em legítima defesa. #FicaDica A palavra-chave para legítima defesa é AGRESSÃO. #FicaDica Estrito cumprimento do dever legal Exclui-se a ilicitude com base no dever imposto pela Lei, como exemplo o policial que age com mandado de prisão. Funcionário público é a palavra-chave. #FicaDica Exercício regular de direito Ocorre quando o agente age dentro dos limites em que a Lei autoriza, quando é um direito deste exercer algo que para outros seria uma conduta criminosa. Exem- plo: Lutador de MMA que pratica lesão corporal contra adversário durante a luta. Ofendículas (cerca elétrica, vidro no muro, arame) é considerado legitima defesa pela doutrina predominante. #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE- 2013: Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fi - sicamente por um desconhecido, também maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do agressor com um guarda - chuva e continue desferindo nele vá- rios golpes,mesmo estando o desconhecido desacorda- do. Nessa situação hipotética, João incorre em excesso intensivo. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. O excesso intensivo ocorre quando o agente age sem moderação enquanto a agressão está em curso, enquanto o excesso extensivo ocor- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL re quando o agente reage excedendo em sua rea- ção após o agressor ter acabado sua agressão. Deste modo, a questão se trata de um excesso extensivo. TEORIA GERAL DA CULPABILIDADE A culpabilidade é a reprova daquele que deveria agir de acordo com os mandamos da Lei. Exclui-se a culpabilidade por: a) Ausência de imputabilidade Ocorre para menores de idade, embriaguez completa acidental (por fora maior) e patológica. Consta esclarecer as modalidades de embriaguez: I- Embriaguez preordenada: Ocorre quando o agente se embriaga para praticar o crime. É uma causa agravante de pena. II- Embriaguez voluntária ou culposa: Ocorre quando o agente se embriaga por negligência ou por vontade própria. Neste caso, o agente responde pelo delito como se estivesse sóbrio. III- Embriaguez acidental ou involuntária: Ocorre quando o agente se embriaga por caso fortuito ou força maior (ex: desconhecendo ou não sabendo que estava ingerindo droga). Em crime com embriaguez acidental completa, afas- ta-se a imputabilidade, excluindo-se a culpabilidade; sendo embriaguez acidental incompleta, diminui-se de um terço a dois terços a pena. IV- Embriaguez patológica: É considerada doença mental. Afasta-se a imputabilidade, excluindo-se a cul- pabilidade por inimputabilidade. b) Por ausência de potencial conhecimento da ilici- tude É o erro de proibição inevitável, ocorrendo quando o agente imagina ser proibido o permitido, bem como aquele que pensa ser permitida a conduta proibida. Caso o erro seja evitável, deve-se reduzir a pena pelo artigo 21 do Código Penal, de um sexto a um terço. Em se tratando de erro inevitável, exclui-se a culpabilidade. c) Por ausência de exigibilidade de conduta diversa Divide-se em duas modalidades: I – Coação Moral Irresistível: Afasta-se a culpabilidade do fato, punindo-se o coautor pelo ato do coagido. II- Obediência hierárquica: Deve-se punir somente o autor da ordem, o superior hierarquicamente, excluindo- -se a culpabilidade do agente. EXERCÍCIO COMENTADO 1. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE – 2013: Considerando a distinção doutrinária entre a culpabilidade de ato e culpabilidade de autor, julgue o seguinte item: Tratando-se de culpabilidade pelo fato individual, o juízo de culpabilidade se amplia à total personalidade do au- tor e a seu desenvolvimento. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Neste caso a culpabilidade seria pela conduta de vida do autor, já que o juízo de cul- pabilidade pela personalidade do autor se trata de di- reito penal do autor. Relembra-se que o direito penal do fato é adotado pelo Brasil e a culpabilidade não analisa o autor (direito penal do autor), mas sim o fato (direito penal do fato). 2. POLÍCIA FEDERAL – Escrivão da Polícia Federal – CESPE – 2014: Considere a seguinte situação hipotética. Hiran, tendo ingerido voluntariamente grande quantida- de de bebida, desentendeu-se com Caetano, seu amigo, vindo a agredi-lo e a causar-lhe lesões corporais. Nessa situação, considerando que, em razão da embria- guez completa, Hiran era, ao tempo da ação, inteiramen- te incapaz de entender a ilicitude de sua conduta e de determinar-se de acordo com este entendimento, pode- -se reconhecer a sua inimputabilidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Nessa situação Hiran pode ser pu- nido, já que a embriaguez foi voluntária. IMPUTABLIDADE PENAL IMPUTABILIDADE A ausência de imputabilidade ocorre, como se sabe, para menores de 18 anos de idade, doentes mentais ou pessoas com desenvolvimento mental incompleto ou re- tardado. Entretanto, consta esclarecer que a embriaguez completa acidental (por força maior) e a patológica tam- bém são excludentes de culpabilidade. Vejamos as mo- dalidades de embriaguez: I- Embriaguez preordenada: Ocorre quando o agente se embriaga para praticar o crime. É uma causa agravante de pena. II- Embriaguez voluntária ou culposa: Ocorre quando o agente se embriaga por negligência ou por vontade própria. Neste caso, o agente responde pelo delito como se estivesse sóbrio. III- Embriaguez acidental ou involuntária: Ocorre quando o agente se embriaga por caso fortuito ou força maior (ex: desconhecendo ou não sabendo que estava ingerindo droga). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Em crime com embriaguez acidental completa, afas- ta-se a imputabilidade, excluindo-se a culpabilidade; sendo embriaguez acidental incompleta, diminui-se de um terço a dois terços a pena. IV- Embriaguez patológica: É considerada doença mental. Afasta-se a imputabilidade, excluindo-se a cul- pabilidade por inimputabilidade. Resumo: Em caso de imputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a ab- solvição do acusado será imprópria, podendo-se aplicar medida de segurança. Em caso de menoridade (art. 27 do CP), aplicar-se-á medida socioeducativa (adolescentes -ECA) Por fi m, em caso de embriaguez acidental completa ou patológica (que demonstra a incapacidade total do acusado), exclui-se a culpabilidade. CONCURSO DE PESSOAS. CONCURSO DE AGENTES Um fato punível pode ser obra de um ou de vários agentes, leia-se sujeitos ativos do crime, devendo-se ter um acordo de vontade, liame subjetivo para pratica de- litiva. A Teoria Monista entende que todos (autor, co-autor e partícipe) respondem pelo mesmo crime, de acordo com sua culpabilidade. (Exemplo: o sujeito que empresta a arma de fogo, colaborando assim no homicídio doloso, deve ser denunciado por homicídio, porém em acordo com sua culpabilidade). a) Autor: É aquele que domina a situação (teoria do domínio do fato), tem colaboração essencial para o su- cesso do crime. A autoria pode ser reconhecida independentemente de o agente praticar ou não o núcleo do tipo penal, ou seja, o mandante, quem contratou a prática delitiva, deve ser considerado autor, já que teve o domínio do delito. b) Coautor: Somente ocorre quando há dois ou mais autores do crime em acordo de vontade e domínio do fato. Cada um tem uma função dentro da prática deliti- va, o coautor tem função essencial, já que se subentende que caso este pare, o crime poderá ser frustrado. Na coautoria não há relação de acessoriedade entre os criminosos, mas sim de imediata imputação recípro- ca, já que todos desempenham uma função fundamental com objetivo comum (BITENCOURT, 2010, p. 490). O autor da pratica delitiva pode ser o intelectual, o elaborador da prática delitiva, enquanto o coautor será o executor. Este é um caso de autoria indireta, ou mediata, já que o autor do delito somente elaborou e organizou o crime, sendo executado por outro, o coautor. c) Participação: Chega-se a conclusão que alguém é partícipe do crime pelo método de exclusão. Ocorre quando a contribuição para o crime é acessória, não ten- do grande importância para o sucesso delitivo (Exemplo: Dar faca ou arma para alguém praticar um crime). Diminui-se a pena de um sexto a um terço, de acordo com o artigo 29 do Código Penal. Se partícipe quis participar de um crime menos grave, porém durante a prática delitiva ocorre outro crime mais grave, este responderá somente pelo crime que quis par- ticipar. Entretanto, aumenta-se a pena até a metade nos caso em que o partícipe quis participar de crime menos grave, porém era previsível o resultado mais grave. Exemplo 1: O partícipeempresta um pé de cabra para um crime de roubo, mas o autor estupra a vítima tam- bém. O partícipe responde só pela participação no roubo. Exemplo 2: O partícipe empresta arma de fogo para um crime de roubo em uma residência, porém durante a prática delitiva de roubo o autor vem a matar a vítima para garantir o crime (latrocínio). Caso seja comprovada a previsibilidade do resultado, pode-se aumentar a pena até a metade. CRIMES CONTRA A PESSOA. Teoria geral Os crimes contra a pessoa estão no início da parte es- pecial do Código Penal, sendo um título do Código Penal, contendo capítulos e seções. O título “crimes contra a pessoa” tem os seguintes capítulos: I- Crimes contra a vida; II- Lesões Corporais; III- Periclitação da vida e da saúde; IV- Rixa; V- Crimes contra a honra; VI – Crimes contra a liberdade individual. Vejam- -se, todos os crimes previstos neste título tem como ob- jeto a pessoa, sendo a vida, saúde, honra, liberdade etc... Vejamos agora os crimes em espécie conforme dis- posto no Código Penal. TÍTULO I CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro- vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualifi cado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula- ção ou outro recurso que difi culte ou torne impossivel a defesa do ofendido; user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- dade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis- tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú- blica, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con- sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mu- lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profi ssão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em fl agrante. Sendo doloso o homi- cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o cri- me é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da in- fração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me- tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio- res ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com defi ciência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da ten- tativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual- quer causa, a capacidade de resistência. Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a infl uência do estado puerperal, o próprio fi lho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu con- sentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alie- nada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualifi cada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos an- teriores são aumentadas de um terço, se, em conse- quência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natu- reza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre- cedido de consentimento da gestante ou, quando in- capaz, de seu representante legal. CAPÍTULO II DAS LESÕES CORPORAIS Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III perda ou inutilização do membro, sentido ou fun- ção; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Diminuição de pena § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio deviolenta emoção, logo em seguida a injusta provoca- ção da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de du- zentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an- terior; II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de dois meses a um ano. Aumento de pena § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des- cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale- cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- tação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re- dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste ar- tigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- mentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de defi ciência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fe- deral, integrantes do sistema prisional e da Força Na- cional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com- panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexu- ais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está conta- minado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fi m de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas le- gais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuida- do, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de na- tureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluí- do pela Lei nº 10.741, de 2003) user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Exposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos. Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos- sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao de- samparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluí- do pela Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (In- cluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fi m de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa- do, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) CAPÍTULO IV DA RIXA Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os con- tendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen- te fato defi nido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi- cadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen- sivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elemen- tos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de defi ciência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo au- mentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é co- metido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 14 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL II - contra funcionário público, em razão de suas fun- ções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de defi ciência, exceto no caso de injúria. (In- cluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusão do crime Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação pu- nível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científi ca, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publici- dade. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fi ca isento de pena. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se as- sim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infe- re calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofen- dido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfa- tórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somen- te se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofen- dido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) CAPÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor- respondentes à violência. § 3º - Não se compreendem na disposição deste ar- tigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen- timento do paciente ou de seu representante legal, se justifi cada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. Ameaça Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar- -lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante re- presentação. Sequestro e cárcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi- to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) V – se o crime é praticado com fi ns libidinosos. (Inclu- ído pela Lei nº 11.106, de 2005) § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Redução a condição análoga à de escravo Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de- gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fi m de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 15 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fi m de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Tráfi co de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median- te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fi nalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In- cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi- gência) III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com defi ciência; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-pendência econômica, de autoridade ou de superio- ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) IV - a vítima do tráfi co de pessoas for retirada do ter- ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agen- te for primário e não integrar organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Violação de domicílio Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as- tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas de- pendências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co- metido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. § 4º - A expressão «casa» compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde al- guém exerce profi ssão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»: I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Violação de correspondência Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor- respondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sonegação ou destruição de correspondência § 1º - Na mesma pena incorre: I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; Violação de comunicação telegráfi ca, radioelétrica ou telefônica II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfi ca ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação tele- fônica entre outras pessoas; III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho ra- dioelétrico, sem observância de disposição legal. § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfi co, radioelétrico ou telefônico: Pena - detenção, de um a três anos. § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 16 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO P EN AL Correspondência comercial Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou supri- mir correspondência, ou revelar a estranho seu con- teúdo: Pena - detenção, de três meses a dois anos. Parágrafo único - Somente se procede mediante re- presentação. SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS Divulgação de segredo Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conte- údo de documento particular ou de correspondência confi dencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º Somente se procede mediante representação. (Pa- rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo- sas ou reservadas, assim defi nidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Violação do segredo profi ssional Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profi ssão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante re- presentação. Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co- nectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fi m de obter, adulterar ou destruir dados ou infor- mações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta defi nida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos co- merciais ou industriais, informações sigilosas, assim defi nidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência I - Presidente da República, governadores e prefeitos; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Se- nado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câ- mara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência IV - dirigente máximo da administração direta e in- direta federal, estadual, municipal ou do Distrito Fe- deral. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Art. 154-B. Nos crimes defi nidos no art. 154-A, so- mente se procede mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas con- cessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. O título II da parte especial do Código Penal conta com 8 capítulos, sem seções. Os capítulos discorrem so- bre os crimes de: I- Furto, II- Roubo e Extorsão,
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