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Concurso_PC_RJ_-_Simulado_comentado

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Professor Sidney Martins Língua Portuguesa Instagram: @professorsidneymartins 
 
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Ajuste fiscal esbarra na injusta carga tributária brasileira 
Recessão afetou consumo, fonte de mais da metade da arrecadação nacional. Países 
desenvolvidos preferem taxar renda e patrimônio. 
O ajuste fiscal do governo produziu um resultado oposto ao pretendido, como se vê 
no Orçamento proposto para 2016, com um rombo de 30 bilhões de reais e estimativas de 
que a dívida pública só cairá no último ano da gestão Dilma Rousseff. Não era difícil 
imaginar o tiro no pé. Ao contrário dos países desenvolvidos, a carga tributária brasileira, 
principal fonte de dinheiro do poder público, concentra-se no consumo. E este recuou 
junto com o PIB, graças à recessão causada pelo ajuste. 
Em 2013, último dado disponível na Receita Federal, 51,3% da arrecadação no País 
nasceu da taxação sobre o comércio de bens e serviços. Entram na conta impostos federais 
(Cofins, PIS e IPI), o ICMS estadual e o ISS municipal. Nos países ricos, o peso da 
tributação do consumo é bem menor. Na média dos filiados à Organização para a 
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), é de 34%, segundo dados de 
2010. Na OCDE, prefere-se taxar mais a renda e o patrimônio (38% da carga total) do 
que no Brasil (22%). 
O consumo é a base do maior imposto do País, o ICMS, que em 2013 respondeu por 7,5 
pontos percentuais da carga tributária de 35,9%. No primeiro semestre, porém, o varejo 
teve o pior resultado em 12 anos. Não podia ser diferente. Graças ao ajuste fiscal, houve 
500 mil demissões de janeiro a julho, algo inédito desde 2002. A taxa oficial de 
desemprego subiu de 4,3% para 7,5%, enquanto a renda média estacionou em 2,1 mil 
reais mensais. Não surpreende que a Cofins, quarto maior tributo do País, tenha, de 
janeiro a julho, gerado 3% a menos do que na comparação com os mesmos sete meses de 
2014. Uma perda de 5 bilhões de reais. 
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sabe da importância do consumo para as finanças 
públicas. No segundo semestre de 2014, antes de ser chamado para o cargo, Levy 
publicou um artigo sobre “Robustez Fiscal”. Escreveu ele: “A maior incidência dos 
tributos no Brasil se dá sobre a cesta de consumo, onerada tanto pelos impostos federais 
quanto estaduais e municipais (ICMS, IPI, ISS e PISCOFINS). Essa incidência é muito 
maior do que na maioria dos países, inclusive desenvolvidos, e tem efeitos negativos 
sobre a distribuição de renda.” 
http://www.cartacapital.com.br/ajuste-fiscal-e-coisa-seria-6342.html
http://www.cartacapital.com.br/blogs/cartas-da-esplanada/orcamento-de-2016-preve-deficit-de-30-5-bilhoes-de-reais-260.html
http://www.cartacapital.com.br/201ca-divida-publica-e-um-mega-esquema-de-corrupcao-institucionalizado201d-9552.html
http://www.cartacapital.com.br/uma-fortuna-de-200-bi-protegida-do-ir-da-pessoa-fisica-3229.html
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Os “efeitos negativos sobre a distribuição de renda” podem ser traduzidos em linguagem 
didática. “No ato do consumo, o rico, o pobre e a classe média pagam o mesmo imposto. 
Se o imposto é elevado, pior ainda, porque o pobre pagará uma carga desproporcional à 
sua renda. Portanto, melhor é que o imposto sobre o consumo seja baixo”, diz o 
economista João Sicsú, ex-diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto 
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 
Os alimentos são um exemplo ilustrativo dos efeitos perversos da tributação sobre o 
consumo. A alimentação tem um peso aproximado de 20% no orçamento das famílias 
brasileiras. Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo 
(Fiesp), a taxação média nos alimentos é de 17%. Nos principais países da União 
Europeia, diz Sicsú, é de 5%. Na Inglaterra, é zero. Em 34 dos 50 estados norte-
americanos, idem. 
Para Sicsú, a crise fiscal brasileira oferece uma oportunidade para se discutir a reforma 
do sistema tributário, de modo a reequilibrar o ônus entre os segmentos da sociedade. Ao 
mesmo tempo em que desoneraria o consumo, afirma, o Estado deveria carregar mais na 
taxação da renda e do patrimônio, especialmente sobre os mais ricos. Opções para a nova 
equação não faltam. 
Os lucros e dividendos recebidos por sócios e donos de empresas são isentos de imposto 
de renda, jabuticaba existente só no Brasil e na Estônia, segundo o economista Rodrigo 
Orair, pesquisador do Ipea. Nas contas dele, acabar com a mordomia poderia render uns 
50 bilhões de reais por ano. 
O imposto de renda cobrado das pessoas físicas tem alíquota máxima de 27,5% no Brasil. 
É a menor alíquota máxima entre todos os 116 países que tiveram seus sistemas tributários 
pesquisados por uma consultoria, a KPMG. Nos Estados Unidos, o teto é de 39,6%. Japão 
e Chile cobram 40%. Inglaterra, Austrália e França, 45%. 
O IPTU dos fazendeiros, o ITR, rende 800 milhões de reais por ano e deveria gerar bem 
mais, segundo o economista José Roberto Afonso, incrédulo com uma arrecadação 
“insignificante em um país de tais dimensões”. 
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Os impostos sobre herança e doações também oferecem “um enorme espaço fiscal”, na 
opinião dele. A taxação das heranças morde no máximo 8% e representa irrisórios 0,09% 
da carga tributária total, 4 bilhões de reais em 2013. Na Inglaterra, diz Sicsú, a mordida 
chega a 40%. No Chile, a 35%. No Japão, a 55%. Na França, a 60%. 
Proposto pelo governo ao Congresso com previsão de déficit, a lei orçamentária de 2016 
deverá sofrer ajustes durante sua votação pelos parlamentares até dezembro. Há boas 
chances de vingar uma solução via aumento de impostos. “A perda do grau de 
investimento”, diz o relator-geral do orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR), “é 
mais cara do que algum aumento de carga tributária. O setor produtivo sabe disso e vai 
apoiar.” 
Será que o capital também toparia uma reformulação mais profunda da tributação 
nacional? (Carta Capital, por André Barrocal) 
01) O único segmento do texto que não se enquadra no seu próprio tema central é: 
 
a) “...acabar com a mordomia poderia render uns 50 bilhões de reais por ano.” 
b) “Nos países ricos, o peso da tributação do consumo é bem menor.” 
c) “O consumo é a base do maior imposto do País, o ICMS...” 
d) “...melhor é que o imposto sobre o consumo seja baixo” 
e) “A alimentação tem um peso aproximado de 20% no orçamento das famílias 
brasileiras.” 
 
Comentário: O tema central do texto gira em torno de dois conceitos: consumo e 
imposto. Todas as opções se referem direta ou indiretamente a essas duas ideias, 
exceto a letra A 
 
Gabarito: A. 
 
02) O texto se vale de diversas estratégias argumentativas, que têm por objetivo sustentar a 
ideia central do texto sobre o fato de a recessão ter afetado o consumo. 
A alternativa que NÃO apresenta uma forma de estratégia é: 
a) Fato-exemplo 
b) Dados estatísticos 
c) Argumento de autoridade 
d) Comparação 
e) Contra-argumentação 
 
Comentário: Ocorre “fato-exemplo” quando se explicita uma constatação a fim de 
exemplificar determinado ponto. Isso ocorre em alguns momentos do texto, como no 
primeiro parágrafo. Os “dados estatísticos” são usados como forte recurso retórico, 
devido ao peso dos números sobre uma tese. Isso ocorre em alguns momentos do 
texto; basta ver o elemento “%”. O “argumento de autoridade ou “testemunho de 
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autoridade” ocorre quando se cita alguém importante/relevante ou aquilo que este 
alguém disse dentro do assunto tratado. Isso ocorre no texto quando se apresenta o 
nome e o cargo de alguém. A “comparação” se estabelece no texto quando se 
comparam países e seus modos de tributação. A “contra-argumentação” é uma 
estratégiaretórica que apresenta uma ideia diferente da tese usada pelo autor do texto 
para em seguida refutá-la, a fim de enfraquecer tese alheia. Isso não ocorre no texto. 
 
Gabarito; E. 
 
03) “A taxação das heranças morde no máximo 8% e representa irrisórios 0,09% da carga 
tributária total, 4 bilhões de reais em 2013.” 
O segmento acima tem dois elementos sublinhados, que podem ser substituídos sem 
prejuízo do sentido, por duas palavras de sentido não figurado. 
a) Come / insignificantes 
b) Devora / desimportantes 
c) Retira / diminutos 
d) Consome / significativos 
e) Suprime / relevantes 
 
Comentário: Os verbos “comer” e “devorar” têm sentido figurado, por isso as opções 
A e B estão excluídas. Os adjetivos “significativos” e “relevantes” têm sentido 
diverso de “irrisórios”. Logo, as opções D e E estão excluídas. Sendo assim, por 
exclusão, a melhor resposta é a letra C. 
 
Gabarito: C. 
 
04) “E este recuou junto com o PIB, graças à recessão causada pelo ajuste.” 
A expressão destacada têm papel coesivo semelhante a determinada expressão abaixo. 
Aponte-a. 
a) A despeito de 
b) Em face de 
c) Em prol de 
d) À guisa de 
e) Com o escopo de 
 
Comentário: A primeira expressão indica concessão; a segunda indica causa, por isso 
pode substituir “graças a”; a terceira indica favor/benefício; a quarta indica modo; a 
última indica finalidade. 
 
Gabarito: B. 
 
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.05) O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações 
visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à: 
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para 
transmitir a ideia que pretende veicular. 
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”. 
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre 
e o espaço da população rica. 
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico. 
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de 
descanso da família. 
 
Comentário: A polissemia, propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar múltiplos 
significados, está presente na expressão “rede social”, que, graças aos recursos visuais, não pode 
ser confundida com as redes sociais virtuais, como Facebook, Twitter etc. Portanto, é a melhor 
opção de resposta; Ironia é uma figura que consiste em empregar determinada palavra ou 
expressão em sentido oposto ao seu sentido habitual. Isso não se verifica na charge; Homonímia 
ocorre quando as palavras apresentam a mesma grafia e/ou a mesma pronúncia e significados 
distintos. Isso não se verifica na charge; Personificação é uma figura caracterizada pela atribuição 
de uma propriedade de um ser vivo, ser humano ou animal, a um ser abstrato ou concreto 
inanimado. Isso não se verifica na charge; Antonímia ocorre quando as palavras apresentam, entre 
si, significados opostos. Isso não se verifica na charge. 
 
Gabarito: A. 
O jeitinho brasileiro e o homem cordial 
 
O jeitinho caracteriza-se como ferramenta típica de indivíduos de pouca influência 
social. Em nada se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo 
de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas 
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e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", 
"jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada". 
Sérgio Buarque de Holanda, em O Homem Cordial, fala sobre o brasileiro e uma 
característica presente no seu modo de ser: a cordialidade. Porém, cordial, ao contrário 
do que muitas pessoas pensam, vem da palavra latina cor, cordis, que significa coração. 
Portanto, o homem cordial não é uma pessoa gentil, mas aquele que age movido pela 
emoção no lugar da razão, não vê distinção entre o privado e o público, detesta 
formalidades, põe de lado a ética e a civilidade. 
Em termos antropológicos, o jeitinho pode ser atribuído a um suposto caráter 
emocional do brasileiro, descrito como “o homem cordial” pelo antropólogo. No 
livro Raízes do Brasil, esse autor afirma que o indivíduo brasileiro teria desenvolvido 
uma histórica propensão à informalidade. Deve-se isso ao fato de as instituições 
brasileiras terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral, não havendo diálogo 
entre governantes e governados, mas apenas a imposição de uma lei e de uma ordem 
consideradas artificiais, quando não inconvenientes aos interesses das elites políticas e 
econômicas de então. Daí a grande tendência fratricida observada na época do Brasil 
Império, que é bem ilustrada pelos episódios conhecidos como Guerra dos Farrapos e 
Confederação do Equador. 
Na vida cotidiana, tornava-se comum ignorar as leis em favor das amizades. 
Desmoralizadas, incapazes de se impor, as leis não tinham tanto valor quanto, por 
exemplo, a palavra de um “bom” amigo. Além disso, o fato de afastar as leis e seus 
castigos típicos era uma prova de boa-vontade e um gesto de confiança, o que favorecia 
boas relações de comércio e tráfico de influência. De acordo com testemunhos de 
comerciantes holandeses, era impossível fazer negócio com um brasileiro antes de fazer 
amizade com ele. Um adágio da época dizia que “aos inimigos, as leis; aos amigos, tudo”. 
A informalidade era – e ainda é – uma forma de se preservar o indivíduo. 
Sérgio Buarque avisa, no entanto, que esta "cordialidade" não deve ser entendida 
como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir; no entanto, 
suas razões animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais. 
(In: www.wikipedia.org - com adaptações.) 
6 - De acordo com o texto, é incorreto afirmar que: 
a) o jeitinho brasileiro é um comportamento típico de indivíduos de pouca influência 
social e avessos a formalidades. 
b) a instituição do jeitinho tem origem, segundo os antropólogos, no comprovado caráter 
emocional do brasileiro. 
c) a imposição de leis e de ordens tidas como artificiais pode explicar a propensão do 
brasileiro para driblar normas. 
d) na sociedade colonial, era comum observar que o brasileiro tendia a valorizar a amizade 
em detrimento da própria lei. 
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e) o indivíduo que utiliza a ferramenta do jeitinho age por emoção, ignorando os limites 
entre as esferas pública e privada. 
Comentário: Na letra A, as afirmações podem ser verificadas no texto: “o jeitinho 
brasileiro é um comportamento típico de indivíduos de pouca influência social” está 
literalmente expresso na primeira linha do texto. E “avessos a formalidades” está no fim 
do segundo parágrafo “detesta formalidades”; 
Na letra B, ocorre uma pegadinha muito comum nas provas de concursos públicos. Houve 
a troca de uma palavra do texto por outra. Na alternativa aparece a palavra 
COMPROVADO e no texto original a palavra é SUPOSTO. Isso é o suficiente para 
assinalar o erro na alternativa. Como estamos procurando a opção incorreta, a letra B é o 
nosso gabarito; 
Na letra C, a afirmação está correta e pode ser verificada no terceiro parágrafo: “No 
livro Raízes do Brasil, esse autor afirma que o indivíduo brasileiro teria desenvolvido 
uma histórica propensão à informalidade. Deve-se isso ao fato de as instituições 
brasileiras terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral, não havendo diálogo 
entre governantes e governados, mas apenas a imposição de uma lei e de uma ordem 
consideradas artificiais, quando não inconvenientes aos interesses das elites políticas e 
econômicas de então.”; 
Na letra D, a assertiva está perfeita e pode ser observada no quarto parágrafo: “Na vida 
cotidiana, tornava-secomum ignorar as leis em favor das amizades. Desmoralizadas, 
incapazes de se impor, as leis não tinham tanto valor quanto, por exemplo, a palavra de 
um “bom” amigo. Além disso, o fato de afastar as leis e seus castigos típicos era uma 
prova de boa-vontade e um gesto de confiança, o que favorecia boas relações de comércio 
e tráfico de influência. De acordo com testemunhos de comerciantes holandeses, era 
impossível fazer negócio com um brasileiro antes de fazer amizade com ele.”; 
Na letra E, a afirmação está correta e pode ser verificada no quinto parágrafo: “Sérgio 
Buarque avisa, no entanto, que esta "cordialidade" não deve ser entendida como caráter 
pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir; no entanto, suas razões 
animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais.”. 
 
Gabarito: B. 
 
7 - Com relação à estruturação do texto e dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir: 
I. O segundo parágrafo introduz o tema, discorrendo sobre a origem etimológica de 
jeitinho. 
II. O quarto parágrafo apresenta um fato que busca explicar a disposição para a 
informalidade nas relações comerciais. 
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III. O quinto parágrafo esclarece as diferenças entre as noções de cordialidade e 
passividade, que não são sinônimas. 
Assinale: 
a) se somente a afirmativa I está correta. 
b) se somente a afirmativa II está correta. 
c) se somente a afirmativa III está correta. 
d) se somente as afirmativas II e III estão corretas. 
e) se todas as afirmativas estão corretas. 
 
Comentário: Vamos analisar as proposições. 
A primeira proposição afirma que o segundo parágrafo introduz o tema do texto, 
discorrendo sobre a origem etimológica de jeitinho. Contudo, a afirmação não é válida, 
pois o tema foi introduzido no PRIMEIRO parágrafo: “O jeitinho caracteriza-se como 
ferramenta típica de indivíduos de pouca influência social. Em nada se relaciona com um 
sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se 
busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o 
jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se 
"dar bem" em uma situação "apertada".”. 
A segunda proposição está correta e pode ser verificada no quarto parágrafo 
mesmo: “Na vida cotidiana, tornava-se comum ignorar as leis em favor das amizades. 
Desmoralizadas, incapazes de se impor, as leis não tinham tanto valor quanto, por 
exemplo, a palavra de um “bom” amigo. Além disso, o fato de afastar as leis e seus 
castigos típicos era uma prova de boa-vontade e um gesto de confiança, o que favorecia 
boas relações de comércio e tráfico de influência. De acordo com testemunhos de 
comerciantes holandeses, era impossível fazer negócio com um brasileiro antes de fazer 
amizade com ele. Um adágio da época dizia que “aos inimigos, as leis; aos amigos, tudo”. 
A informalidade era – e ainda é – uma forma de se preservar o indivíduo.”. 
A terceira proposição também está correta e pode ser verificada no quinto 
parágrafo do texto: “Sérgio Buarque avisa, no entanto, que esta "cordialidade" não deve 
ser entendida como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir; 
no entanto, suas razões animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais.”. 
Dessa forma, apenas as afirmações II e III estão corretas. 
 
Gabarito: D. 
 
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8. No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e à colocação do pronome, 
a alternativa que completa corretamente a frase "O palestrante deu um conselho..." é: 
a) à alguns jovens que escutavam-no. 
b) à estes jovens que o escutavam. 
c) àqueles jovens que o escutavam. 
d) à juventude que escutava-o. 
e) à uma porção de jovens que o escutava. 
 
Comentário: Na letra A, não podemos ter o acento indicativo da crase porque o pronome 
indefinido ALGUNS não admite artigo, portanto o termo A seria apenas uma preposição 
exigida pelo verbo DAR. Outro erro ocorre em relação ao processo de colocação 
pronominal, pois o pronome relativo QUE é uma palavra atrativa e, por isso, o pronome 
oblíquo átono deve ficar antes do verbo, formando uma próclise. 
Na letra B, o acento indicativo de crase está incorreto, pois o pronome demonstrativo 
ESTES não admite artigo. Portanto, o termo A é apenas uma preposição exigida pelo 
verbo. A colocação pronominal da frase está correta. 
Na letra C, está tudo correto. O acento grave indicativo de crase ocorre sempre que um 
termo anterior exige a preposição A e o posterior for um dos demonstrativos 
AQUELE/AQUELES, AQUELA/AQUELAS, AQUILO. Assim, a fusão se dá com o A 
dos demonstrativos. O processo de colocação pronominal está correto, já que a próclise 
se dá pela presença do pronome relativo QUE. 
Na letra D, a crase está correta, pois o verbo DAR exige a preposição A e o substantivo 
feminino JUVENTUDE admite o artigo A. Porém, o processo de colocação pronominal 
está inadequado porque o pronome relativo QUE é uma palavra atrativa e no caso em 
questão deveria ocorrer uma próclise. 
Na letra E, não ocorre crase diante de artigo indefinido UMA. O termo A na estrutura é 
apenas uma preposição exigida pelo termo anterior. O processo de colação pronominal 
está adequado. 
 
Gabarito: C. 
 
9. Está plenamente correta a pontuação do seguinte segmento: 
(A) Poder viver um homem sem acesso à civilização. Não pode: embora haja muitos que 
pensem o contrário. O que não é evidentemente, o caso do cronista. 
(B) O poeta Álvares de Azevedo, no século XIX, parecia alimentar a mesma convicção 
do cronista. Embora fosse um romântico, o poeta ridicularizava os idealistas que, 
tendenciosamente, omitiam as agruras da vida natural. 
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(C) O cronista é um dos maiores humoristas nossos, sem receio de ofender pontos de vista 
alheios, costuma atacar o senso comum; no que este tem de vicioso e sobretudo, artificial. 
(D) Provavelmente se sentirão hostilizados, aqueles que defendem as delícias da vida 
natural. Em compensação: os que relutam em aceitá-la, muito se divertirão com essa 
crônica. 
(E) Não se privaria o cronista, do conforto que oferecem instalações sanitárias, em nome 
de uma vida mais pura e mais rústica. Por que haveríamos de renunciar aos ganhos da 
civilização, pergunta-se a ele? 
 
Comentário: Vamos analisar as opções. 
Na letra A. Resposta incorreta. O período estaria corretamente pontuado da seguinte 
forma: "Poder viver um homem sem acesso à civilização? Não pode, embora haja muitos 
que pensem o contrário. O que não é, evidentemente, o caso do cronista." Em outras 
palavras, o trecho "Poder viver um homem sem acesso à civilização" é uma interrogação 
direta, devendo, portanto, ser finalizado por ponto de interrogação. O que se sucede a esse 
trecho é a resposta "Não pode", seguida de uma oração subordinada adverbial concessiva, 
introduzida pelo conectivo embora, razão por que se justifica o emprego da vírgula. Por 
fim, o excerto adverbial evidentemente deve ser isolado por vírgulas, a fim de denotar a 
intercalação entre a forma verbal é e o predicativo. 
Na letra B. Resposta correta. Em "O poeta Álvares de Azevedo, no século XIX, parecia 
alimentar a mesma convicção do cronista", a expressão adverbial no século XIX foi 
empregado entre vírgulas para denotar a intercalação entre o sujeito e o predicado. 
Continuando o trecho contido na assertiva em análise, em "Embora fosse um romântico, 
o poeta ridicularizada os idealistas que, tendenciosamente, omitiam as agruras da vida 
natural.", a vírgula foi empregada após o adjetivo romântico para denotar a antecipação 
da oração subordinada adverbial "Embora fosseum romântico". Por sua vez, as vírgulas 
antes e depois de tendenciosamente justificam-se pela intercalação da expressão adverbial 
entre o sujeito e o predicado. 
Na letra C. Resposta incorreta. A vírgula após o vocábulo "nossos" deve ser substituída 
por um ponto, para indicar o encerramento de uma ideia, o término de um período: O 
cronista é um dos maiores humoristas nossos. Sem receio de ofender pontos de vista 
alheios, costuma atacar (...). A vírgula após alheios justifica-se pela presença do termo 
explicativo "Sem receio de ofender pontos de vista alheios". Por sua vez, o sinal de ponto 
e vírgula foi inadequadamente empregado, pois infringiu uma das condições básicas: não 
podemos separar o a forma verbal "atacar" do complemento "no que este tem de vicioso". 
Por fim, o vocábulo "sobretudo" deve ser isolado por vírgulas: (...) e, sobretudo, artificial. 
Na letra D. Resposta incorreta. A primeira vírgula, após hostilizados, separa 
inadequadamente o predicativo do sujeito "aqueles que defendem das delícias da vida 
natural": Aqueles que defendem as delícias da vida natural se sentirão hostilizados(,) 
provavelmente. Por sua vez, o sinal de dois-pontos também foi empregado 
inadequadamente após a expressão "Em compensação". No lugar desse sinal de 
pontuação dever-se-ia ter empregado a vírgula: Em compensação, os que refutam (...). 
Por fim, a vírgula antes de "muitos" também foi empregada incorretamente. Conforme 
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vimos, não podemos separar o sujeito do predicado. Logo, a reescritura correta do excerto 
é: Provavelmente se sentirão hostilizados aqueles que defendem as delícias da vida 
natural. Em compensação, os que relutam em aceitá-la muito se divertirão com essa 
crônica. 
Na letra E. Resposta incorreta. A primeira vírgula, empregada após o vocábulo cronista, 
separa inadequadamente o objeto indireto (do conforto) da forma verbal privaria. 
Observem como ficaria a construção do trecho na ordem direta: O cronista não se privaria 
do conforto (...). 
Gabarito: B. 
10. A afirmativa escrita de modo inteiramente claro e correto é: 
(A) Com a navegabilidade do Oceano Ártico, vai ficar esposto a quantidade de riquesas 
que existe nessa região. 
(B) A opção pela nova rota, conhecida como Passagem Nordeste, que economizou 
distâncias, também reduziu o consumo de combustível. 
(C) Para se fazer com segurança a travessia de mares gelados prescisa haver muito 
cuidado e precalção contra os perigos que surgem. 
(D) Não se deve extranhar a cobissa de alguns países para explorar os recursos naturais 
que vão ser encontrados no Ártico. 
(E) Para percorrer a rota que é feita abitualmente as embarcações estão sugeitas aos riscos 
permanentes trazidos por placas de gelo. 
 
Comentário: A redação clara e correta é encontrada na assertiva B. Sendo assim, vamos 
analisar os erros das demais opções. 
A) Resposta incorreta. O vocábulo esposto foi grafado incorretamente. O correto seria 
exposto. Além disso, essa mesma palavra deve concordar com o substantivo a que se 
refere: (...) vai ficar exposta a quantidade. Por sua vez, o vocábulo riquesas (substantivo 
abstrato derivado de adjetivo) deveria ter sido grafado com z: riquezas. Por fim, o verbo 
existir deveria ter concordado com substantivo riquezas, forma substituída pelo pronome 
relativo que: (...) riquezas que existem nessa região. 
C) Resposta incorreta. Aqui, há alguns erros. Primeiramente, temos uma oração 
subordinada adverbial antecipada, ou seja, antes da oração principal. Por essa razão, 
dever-se-ia ter empregado a vírgula após o adjetivo gelados: Para se fazer com segurança 
a travessia de mares gelados, prescisa haver (...). Notem que, nesse mesmo trecho, o verbo 
precisar foi incorretamente grafado com SC. No decorrer no período, o substantivo 
precaução foi incorretamente grafado com L. 
D) Resposta incorreta. A forma verbal extranhar estaria corretamente grafada se, em lugar 
do x, fosse empregada a consoante s: estranhar. Por sua vez, o vocábulo cobissa também 
está errado, devendo ser corrigido pela forma cobiça. 
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E) Resposta incorreta. Primeiramente, temos uma oração subordinada adverbial 
antecipada, ou seja, antes da oração principal. Por essa razão, dever-se-ia ter empregado 
a vírgula após o vocábulo abitualmente: Para percorrer a rota que é feita abitualmente, as 
embarcações (...). Notem que a grafia correta seria habitualmente (com H). Por fim, o 
adjetivo sugeitas deve ser grafado com j: sujeitas. 
Gabarito: B. 
 
 
POR QUE O BRASILEIRO COMPRA LIVROS, MAS NÃO LÊ! 
Dos grandes autores, Saramago foi o mais comprado no ano que termina. Mas não 
terá sido o mais lido – Faulkner, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha também tiveram 
mais compradores que leitores. Por quê? São autores difíceis. Difíceis em quê? Eles 
propõem problemas aos leitores, a começar pelo problema da forma. O leitor médio 
brasileiro só alcança o nível dos autores de entretenimento puro, de autoajuda ou 
curiosidades. Não o constato para me vangloriar, pois a cultura intelectual não confere 
em si qualquer superioridade. 
E por que a maioria dos brasileiros compradores de livros não consegue ler autores 
“de proposta”, que nos fazem estranhar a realidade, usando para isso alguma criatividade 
formal? A primeira resposta é óbvia: o nível da educação brasileira é baixo. Assim 
continuará nas próximas décadas, se não reformarmos o ensino. 
Uma segunda resposta é que a filosofia morreu. Filosofia, como sabe o leitor, tem 
muitas acepções. A mais elementar é a de sabedoria. Uma acepção mais elevada é a 
disciplinar, sinônima de história da filosofia: sucessão de escolas, grandes pensadores e 
sistemas de pensamento que nos empurravam no antigo colegial. Nesses dois sentidos, a 
filosofia continuará viva por muito tempo. Mas não é em qualquer deles que falo ao dizer 
que a filosofia morreu; e sua morte é uma razão de os leitores brasileiros não conseguirem 
curtir autores como Saramago. É na acepção seguinte. 
A filosofia que morreu foi a arte de interpelar o mundo, a começar por si mesmo, 
elaborando narrativas críticas da vida. Uma crença das últimas gerações é a do presente 
contínuo: passado e futuro, experiência e projeto, fundamento e destino, não servem 
para nada. Não o constato com saudade do tempo em que as humanidades entupiam os 
currículos; não há nada no passado que deva ser trazido de volta. 
Saramago vendeu muito, mas foi pouco lido. O português é um autor filosófico. 
Cada um dos seus romances propõe, sem resolver, um problema, a começar pela forma 
com que nos apresenta suas interpelações. É um autor difícil. Nós é que de uns anos para 
cá ficamos fáceis. 
(Joel Rufino dos Santos, Revista Época, com adaptações) 
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11. No segmento “Não o constato para me vangloriar...” (parágrafo 1), o pronome 
empregado em terceira pessoa refere-se: 
A) ao autor do texto em análise 
B) ao leitor médio brasileiro 
C) ao parágrafo seguinte àquele em que o pronome se insere 
D) ao período que precede aquele em que o pronome se insere 
E) ao problema da forma enfrentado pelos autores 
 
Comentário: Nessa questão, trabalhou-se o conceito de coesão, ou seja, quando um 
termo faz referência a outro. Aqui, é importante que o candidato volte ao texto. Quando 
o autor diz “Não o constato”, quer dizer que constata algo (representado pelo pronome 
oblíquo). Deve-se identificar o que foi constatado pelo autor. A constatação é de que “O 
leitor médio brasileiro só alcança o nível dos autores de entretenimento puro, de autoajuda 
ou curiosidades.”. Isso está no período anterior, portanto a resposta só pode ser a letra D. 
 
Gabarito:D. 
 
12. No trecho “Filosofia, como sabe o leitor, tem muitas acepções. A mais elementar é a 
de sabedoria.”, na afirmativa em destaque, faz-se uma referência: 
A) à fonologia do termo “sabedoria” 
B) à morfologia do vocábulo “sabedoria” 
C) à sintaxe da frase em destaque 
D) à grafia simples da palavra “filosofia” 
E) à etimologia da palavra “filosofia” 
 
Comentário: Quando o autor diz que a acepção mais elementar é a sabedoria, quer dizer 
que é o sentido mais simples ou essencial, no caso é a sabedoria. Para isso, faz-se 
necessário o conhecimento da palavra filosofia cuja etimologia é philia que significa 
amizade e amor fraterno; a segunda significa sabedoria ou simplesmente saber. Filosofia 
significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. 
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Gabarito: E. 
 
13. Dentre os segmentos abaixo, aquele cujo verbo pode ser flexionado no singular ou no 
plural, sem prejuízo semântico-gramatical, é: 
A) “E por que a maioria dos brasileiros compradores de livros não consegue...” (l. 10/11) 
B) “Mas não terá sido o mais lido...” (l. 2) 
C) “Assim continuará nas próximas décadas...” (l. 13/14) 
D) “...não servem para nada...” (l. 27/28) 
E) “Cada um dos seus romances propõe...” (l. 32) 
 
Comentário: Vamos às opções! 
 
(A) Em “a maioria dos brasileiros” encontramos sujeito partitivo (ou seja, a parte de um 
todo). Segundo a regra, quando há esse tipo de sujeito, o verbo tem duas possibilidades 
de concordância: concorda com o núcleo do sujeito – a maioria (termo no singular); ou 
concorda com o especificador – dos brasileiros (termo no plural). 
(B) “Mas não terá sido o mais lido” – o verbo refere-se a Saramago (sujeito no singular). 
(C) o sujeito simples no singular está no período anterior: o nível da educação brasileira 
continuará. Só há possibilidade do uso do verbo no singular. 
(D) o verbo está posposto ao sujeito composto, portanto deve ficar apenas no plural – 
“passado e futuro, experiência e projeto, fundamento e destino, não servem para nada”. 
(E) Em “Cada um dos seus romances propõe...”, o verbo concorda com “um”, ou seja, 
fica no singular. 
 
Gabarito: A. 
 
14. Marque a frase gramaticalmente correta. 
a) As milhares de torcedoras lotaram a arena. 
b) Só havia 1,9 milhões na conta do político. 
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c) Coitado dos policiais sem salário... É triste! 
d) Reprovaram-se as primeira e segunda série. 
e) Só elogiaremos um e outro aluno esforçado. 
 
Comentário: Vamos às opções! 
(A) “Milhar” é substantivo masculino, logo o artigo deve ficar no masculino: “Os 
milhares de torcedoras...”. 
(B) “1,9 milhão” é o certo, pois equivale a “1 milhão e novecentos mil”. Note que o 
vocábulo “milhão” fica no singular, pois concorda com o número inteiro, antes da vírgula. 
(C) Quando se usa um adjetivo anteposto a um substantivo preposicionado, o adjetivo 
concorda normalmente, logo o certo é “Coitados dos policiais...”. 
(D) Quando se usam dois ou mais numerais ordinais, referindo-se a um substantivo, há 
apenas essas possibilidades: “a primeira e segunda série(s)”, “a primeira e a segunda 
série(s)”, “as séries primeira e segunda”. Olho vivo! 
(E) Eis o gabarito!!! Com a expressão “um e outro”, o substantivo fica no singular e o 
adjetivo também, preferencialmente: “um e outro aluno esforçado”. Por isso, a frase está 
correta! 
Gabarito: E. 
15. Marque a frase gramaticalmente incorreta. 
a) Por que ele é insensível a suas emoções? 
b) Ela ficou acordada até as duas da tarde. 
c) João – o aluno agressivo – foi advertido. 
d) Referiram-se a sua mãe, e não a nossa. 
e) A gente ajudou as polícias civil e militar. 
Comentário: Vamos às opções! 
(A) O emprego de “por que” está correto, pois equivale a “por qual razão”, introduzindo 
frase interrogativa. Sobre a ausência de crase antes do pronome possessivo, fique 
tranquilo (a) e aprenda de uma vez por todas: o artigo definido é facultativo antes de 
pronome possessivo adjetivo, ou seja, de pronome possessivo que vem antes de um 
substantivo. Logo, se o artigo é facultativo, pode ou não haver crase. Pense: o adjetivo 
“insensível” exige a preposição “a”, mas o artigo antes do pronome possessivo adjetivo é 
facultativo, logo existem duas possibilidades de construção: “Por que ele é insensível a 
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suas emoções?” (só preposição, sem artigo) ou “Por que ele é insensível às suas 
emoções?” (preposição + artigo). Enfim, a frase está gramaticalmente correta, sem 
nenhum erro gramatical. 
(B) A crase é facultativa depois da preposição “até”, pois essa é a única preposição que 
pode (ou não) ser seguida da preposição “a”. Se não se usar a preposição “a” depois da 
preposição “até”, não haverá possibilidade de crase. Se se usar a preposição “a” depois 
da preposição “até”, haverá possibilidade de crase. Simples assim! Portanto, há dupla 
possibilidade de construção: “Ela ficou acordada até as duas da tarde” (preposição “até” 
seguida de artigo definido “as”) ou “Ela ficou acordada até às duas da tarde” (preposição 
“até” seguida de preposição “a”, que se junta com o artigo definido “as”, implicando 
crase). preposição “até” seguida de artigo definido “as”) 
(C) O aposto explicativo pode ser separado por vírgulas, parênteses ou travessões. 
Portanto, a frase está gramaticalmente correta. 
(D) Eis o gabarito!!! Lembra-se do que eu falei na letra A? Então... O artigo é facultativo 
antes de pronome possessivo ADJETIVO, ou seja, é facultativo antes de pronome 
possessivo que vem antes de substantivo. Portanto, se o pronome possessivo não for 
adjetivo, e sim substantivo (ou seja, um pronome possessivo que não vem antes de um 
substantivo, e sim o substitui), o artigo antes dele será obrigatório, tornando a crase 
obrigatória. Veja: “Referiram-se a sua mãe, e não à nossa” (quem se refere se refere A + 
A nossa = À nossa). Sim, faltou o bendito acento grave antes do pronome possessivo 
substantivo “nossa”, tornando a frase gramaticalmente incorreta! “Mas, Pestana, por que 
não há acento também em A SUA MÃE?” Resposta: leia o comentário da letra A. 
(E) A expressão “a gente” é coloquial, e não culta, mas ela não torna a frase 
gramaticalmente incorreta, pois dizer que uma frase é gramaticalmente incorreta significa 
que ela tem erro gramatical, isto é, fere alguma regra gramatical (relativa a emprego de 
classe gramatical, concordância, regência, crase, pontuação, colocação pronominal, 
ortografia, acentuação, etc.). Portanto, se não há erro gramatical, a frase está perfeita! 
Sobre a concordância em “polícias civil e militar”, saiba que, quando há um 
substantivo determinado por mais de um adjetivo, há dupla possibilidade de 
concordância: “as polícias civil e militar” ou “a polícia civil e a militar” (só o 
Bechara e a banca Cespe admitem outra possibilidade, a saber: “a polícia civil e 
militar”). 
Gabarito: D. 
 
	O jeitinho brasileiro e o homem cordial

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