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EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – ENEM 2019 BIOLOGIA – PARTE 1 E 2 ORGANIZADOR: ZÉLIO CABRAL 1ª. EDIÇÃO – BRASIL - 2019 "Há biologia em tudo, mesmo quando você está se sentindo espiritual" (Helen Fisher) "Estou fascinado com a ideia de que a genética é digital. Um gene é uma longa sequência de letras codificadas, como informações do computador. A biologia moderna está se tornando muito mais um ramo da tecnologia da informação" (Richard Dawkins) “Se você tem metas para um ano. Plante arroz Se você tem metas para 10 anos. Plante uma árvore Se você tem metas para 100 anos então eduque uma criança Se você tem metas para 1000 anos, então preserve o meio Ambiente.” (Confúcio) DEDICATÓRIA Ao único que é digno de receber toda honra e toda glória, a força e o poder. Ao Deus eterno, imortal, invisível, mas real. A ele, dedico esta Apostila de Biologia I e II, Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo. SUMÁRIO Introdução Capítulo 1 – Moléculas, Células e Tecidos Estrutura e fisiologia celular: membrana, citoplasma e núcleo. Divisão celular. Aspectos bioquímicos das estruturas celulares. Aspectos gerais do metabolismo celular. Metabolismo energético: fotossíntese e respiração. Codificação da Informação Genética. Síntese Protéica. Diferenciação celular. Principais tecidos animais e vegetais. Origem e evolução das células. Noções sobre células-tronco, clonagem e tecnologia do DNA recombinante. Aplicações de biotecnologia na produção de alimentos, fármacos e componentes biológicos. Aplicações de tecnologias relacionadas ao DNA a investigações científicas, determinação da paternidade, investigação criminal e identificação de indivíduos. Aspectos éticos relacionados ao desenvolvimento biotecnológico. Biotecnologia e sustentabilidade. Capítulo 2 – Hereditariedade e diversidade da vida Princípios básicos que regem a transmissão de características hereditárias. Concepções pré- mendelianas sobre a hereditariedade. Aspectos genéticos do funcionamento do corpo humano. Antígenos e anticorpos. Grupos sanguíneos, transplantes e doenças auto-imunes. Neoplasias e a influência de fatores ambientais. Mutações gênicas e cromossômicas. Aconselhamento genético. Fundamentos genéticos da evolução. Aspectos genéticos da formação e manutenção da diversidade biológica. Capítulo 3 – Identidade dos seres vivos Níveis de organização dos seres vivos. Vírus, procariontes e eucariontes. Autótrofos e heterótrofos. Seres unicelulares e pluricelulares. Sistemática e as grandes linhas da evolução dos seres vivos. Tipos de ciclos de vida. Evoluções e padrões anatômicos e fisiológicos observados nos seres vivos. Funções vitais dos seres vivos e sua relação com a adaptação desses organismos a diferentes ambientes. Embriologia, anatomia e fisiologia humana. Evolução humana. Biotecnologia e sistemática. Capítulo 4 – Ecologia e ciências ambientais Ecossistemas. bióticos e Fatores abióticos. Habitat e nicho ecológico. A comunidade biológica: teia alimentar, sucessão e comunidade clímax. Dinâmicas de populações. Interações entre os seres vivos. Ciclo biogeoquímicos. Fluxo de energia no ecossistema. Biogeografia. Biomas brasileiros. Exploração e uso de recursos naturais. Problemas ambientais: mudanças, efeito estufas; desmatamento; erosão; poluição da água, do solo e do ar. Conservação e recuperação de ecossistemas. Conservação da biodiversidade. Tecnologias ambientais. Noções de saneamento básico. Noções de legislação ambiental: água, florestas, unidades de conservação. Biodiversidades. Capítulo 5 – Origem e Evolução da Vida A Biologia como ciência: história, métodos, técnicas e experimentação. Hipóteses sobre a origem do Universo, da Terra e dos seres vivos. Teorias da evolução. Explicações pré-darwinistas para a modificação das espécies. A teoria evolutiva de Charles Darwin. Teoria sintética da evolução. Seleção artificial e seu impacto sobre ambientes naturais e sobre populações humanas. Capítulo 6 – Qualidade de vida das populações humanas Aspectos biológicos da pobreza e do desenvolvimento humano. Indicadores sociais, ambientais e econômicos. Índice de desenvolvimento humano. Principais doenças que afetam a população brasileira: caracterização, prevenção e profilaxia. Noções de primeiros socorros. Doenças sexualmente transmissíveis. Aspectos sociais da biologia: uso indevido de drogas. Gravidez na adolescência. Obesidade. Violência e segurança pública. Exercícios físicos e vida saudável. Aspectos biológicos do desenvolvimento sustentável. Legislação e cidadani INTRODUÇÃO Ser aprovado na matéria de Biologia no Enem 2019 é o sonho da maioria dos jovens e é uma tarefa simples, porém não é fácil. É simples porque se você usa o método de estudos certo não terá problemas em passar, mas é difícil porque se você não souber o caminho certo morrerá na praia. Todo ano milhões de jovens se inscrevem no Enem em busca do sonho de entrar na faculdade, mas infelizmente são poucos que conseguem, A prova do ENEM tem como foco identificar potencialidades. O candidato bem sucedido será aquele que não apenas possui os conhecimentos adquiridos no ensino médio, mas que também sabe aplicá-los às mais diferentes situações. Aprender como passar no ENEM fica muito mais fácil depois de compreender o que as universidades buscam num candidato. Muitos vestibulares cobram que os candidatos apliquem conhecimentos bastante específicos na resolução de suas questões. Já as questões do ENEM são interdisciplinares, ou seja, cobram que o candidato consiga unir diferentes áreas do conhecimento. É uma tendência que vem se fortalecendo já há mais de uma década: a busca por candidatos que tenham suas habilidades mais voltadas para o raciocínio do que para a “aplicação de fórmulas”; o que as universidades querem é selecionar candidatos comprovadamente inteligentes, não apenas aqueles que são bons em decorar os conteúdos do ensino médio. Para saber como passar no ENEM você precisará avaliar seus conhecimentos em todas as disciplinas, porém, as ferramentas da Biologia são indispensáveis, por isso, o autor desta apostila http://vestibulandoansioso.com/enem/ resolveu compila-la, para que o estudante possa gabaritar esta disciplina tão importante para o ingresso na tão sonhada universidade. Boa Sorte e bons estudos! Zélio Cabral Organizador da apostila Capítulo 1 – Moléculas, Células e Tecidos As células são componentes fundamentais de todos os organismos vivos do planeta Terra. Cada célula dá estrutura e funcionamento ao ser vivo do qual a célula faz parte, ou seja, a célula é a unidade morfofisiológica dos seres vivos. Os menores organismos são unicelulares e microscópicos, enquanto que os organismos maiores são pluricelulares. Os seres unicelulares, evidentemente, não formam tecidos, mas podem constituir colônias. Os organismos unicelulares ocorrem em grande quantidade em todos os ambientes. Grande parte da biomassa dos solos é composta de bactérias. Os seres multicelulares podem ser compreendidos como uma complexa “edificação” onde células semelhantes se agrupam formando tecidos, e estes, os órgãos. Os seres pluricelulares apresentam muitos tipos de células, que diferem em tamanho, forma e função. Assim, nos animais, temos os tecidos nervoso, muscular , adiposo, etc. Nos vegetais há os tecidos: meristema, parênquima, colênquima, etc. Nos fungos, a célula é denominada hifa. O agrupamento de hifas é chamado micélio, mas este não é considerado um tecido verdadeiro como o das plantas e animais. Os seres do reino Protista são eucariontes e compreendem as algas unicelulares e os protozoários. Estrutura geral das células Todas as células apresentam uma mesma estrutura formada de membrana plasmática, citoplasma e núcleo (ou nucleóide). A seguir pormenorizamos um pouco os componentes básicos celulares: A membrana plasmática A membrana plasmática (também denominada membrana citoplasmáticaou plasmalema) é um delgadíssimo envoltório que delimita a célula e lhe dá individualidade. Quimicamente, a membrana plasmática é composta de lipídios (notadamente fosfolipídios) e proteínas atraídos uns aos outros por interações hidrofóbicas não covalentes. Como resultado, a membrana é uma estrutura flexível, embora resistente, que permite à célula mudanças de forma e tamanho. A membrana consegue controlar a passagem das substâncias polares para dentro e para fora da célula. As proteínas de membrana, além de constituírem a estrutura da membrana, atuam como transportadores de solutos específicos, recebem sinais externos, dão identidade antigênica à célula e atuam como enzimas. O citoplasma Denomina-se citoplasma todo o conteúdo celular compreendido pela membrana plasmática. O citoplasma é composto de um colóide aquoso chamado citossol. No citoplasma das células eucariontes (que compõem o organismo dos animais, plantas fungos e protistas) estão mergulhadas estruturas membranosas, as organelas. As células procariontes (que são as células das bactérias) são de estrutura mais simples e não apresentam organelas. O citossol também é denominado hialoplasma, e as organelas também são conhecidas por orgânulos ou organóides. Encontram-se, dissolvidas no citossol, enzimas, moléculas de ARN-mensageiro, açúcares pequenos, íons, aminoácidos, nucleotídeos, e estruturas onde ocorre a síntese de proteínas, os ribossomos. (1) nucléolo (2) núcleo (3) ribossomos (pontos pequenos) (4) vesícula (5) retículo endoplasmático rugoso (6) complexo de golgi (7) Citoesqueleto (8) retículo endoplasmático liso (9) mitocôndria (10) vacúolo (11) citoplasma (12) lisossomo (13) centríolos dentro do centrossoma O núcleo (nos eucariontes) ou nucleóide (nos procariontes): a região onde se localiza o material genético. Com poucas exceções (como as hemácias de mamífero) todas as células vivas possuem um núcleo ou um nucleóide, onde o genoma (conjunto total de genes de um organismo) é armazenado. As moléculas de ADN (ácido desoxirribonucléico) são muito longas e ficam compactadas (“empacotadas”) dentro do núcleo ou nucleóide como complexos de ADN associado a proteínas específicas. O nucleóide das bactérias não é envolvido por uma membrana, estando, assim, em contato direto com o citoplasma. Já nos organismos de células mais complexas o material genético (ADN) é envolvido por uma dupla membrana lipoprotéica, a carioteca ou envelope nuclear. O núcleo dos eucariontes é uma organela, pois é composto de estrutura membranosa. Histórico O início do estudo da Biologia das células deu-se no século XVII, com as investigações do inglês Robert Hooke (1635-1703) e do holandês Antony van Leeuwenhoek (1632-1723). Em 1665, Hooke publica o livro Micrographia, no qual descreve e ilustra a estrutura celular da cortiça, um tecido vegetal de revestimento. Em 1675, Leeuwenhoek aperfeiçoa o microscópio e descobre uma grande variedade de formas de vida unicelulares, incluindo as bactérias (em 1683). No ano de 1824, Dutrochet conclui que todos os tecidos, animais e vegetais, são compostos por pequenas unidades, as células. Em 1830, Meyen faz a suposição de que cada célula vegetal é uma unidade isolada e independente e capaz de construir suas estruturas internas. No ano seguinte, 1831, Robert Brown identifica o núcleo celular. Em 1832, Dumortier observa a divisão celular em algas. Von Mohl, no ano de 1839, descreve em detalhes o fenômeno da mitose. No período de 1838-1839, Schleiden e Schwann defendem a doutrina celular, afirmando que todos os organismos são constituídos de células e que o metabolismo e o desenvolvimento dos tecidos são o resultado da atividade celular. Em 1858, Virchow corretamente explica que toda célula é originada de outra célula preexistente, e que as células, como unidades da vida, são também o local primário das causas das doenças. Durante os anos de 1880 a 1898, observaram-se as organelas: plastos, mitocôndrias e aparelho de Golgi. Em 1907, Harrison consegue desenvolver um meio para o crescimento de células animais em laboratório, assim futuros estudos de metabolismo celular podem ser conduzidos sob condições experimentais controladas. No século XX, entre os anos de 1930 a 1946 foi desenvolvido o microscópio eletrônico que possibilita o estudo da ultraestrutura celular. Paralelamente, o surgimento de técnicas de Bioquímica e Biologia Celular como o fracionamento celular, a histoquímica deram um avanço extraordinário ao conhecimento sobre as células e os organismos. A partir da década de 60, desvendou-se o papel codificador e regulador dos ácidos nucléicos sobre o metabolismo e o crescimento da célula por meio da síntese de proteínas. Células procariontes As células dos organismos procariontes se caracterizam por não possuírem organelas. Os seres procariontes compreendem as bactérias, que se dividem em arqueobactérias e as eubactérias. As arqueobactérias habitam ambientes de condições extremas como águas muito salinas, águas quentes e ácidas, regiões profundas dos oceanos e pântanos. Há diferenças de estrutura genética e de composição lipídica entre as eubactérias e as arqueobactérias. As eubactérias são as mais estudadas e conhecidas, pois têm grande importância ecológica, industrial e médica. Nas eubactérias incluem-se as cianobactérias (estas últimas também conhecidas pela antiga denominação “algas cianofíceas” ou “algas azuis”). As células procariontes são geralmente bem pequenas, tendo 0,5 a 10 micrômetros de diâmetro. Apresentam, na região conhecida como nucleóide, uma molécula circular de ADN não combinada com proteínas básicas (histonas). Em grande parte das bactérias existem moléculas pequenas de ADN circular, são os plasmídios. Estes são independentes do ADN do nucleóide e conferem resistência a toxinas e antibióticos. Ocorre parede celular, que tem composição química diferente da parede celular das plantas. Nos procariontes, a parede celular contém peptidoglicanos (polímeros de glicídio unidos por ligações cruzadas de aminoácidos. Da sua superfície externa a bactéria pode projetar estruturas curtas, semelhantes a cabelos, denominadas pilos, que servem para a adesão a outras células. A síntese de proteínas tem lugar em pequenos ribossomos livres no hialoplasma. Os procariontes não possuem citoesqueleto, um complexo de proteínas fibrilares que dá forma e movimento nos eucariontes. Algumas bactérias têm flagelos de estrutura simples, de cerca de 20 nanômetros de diâmetro. Os flagelos servem para dar propulsão à célula no seu meio ambiente. A composição destes flagelos é a proteína flagelina, diferentemente dos eucariontes, onde os flagelos são feitos de microtúbulos, estes constituídos da proteína tubulina. Alguns procariontes são autotróficos e podem fixar o nitrogênio atmosférico em aminoácidos usados em síntese de proteínas. As cianobactérias têm um extenso sistema de membranas fotossintéticas mergulhadas em seu citossol, nestas membranas existem pigmentos como a clorofila. Células Eucariontes As organelas citoplasmáticas A organização interna das células eucariontes é complexa. O citoplasma acha-se dividido em compartimentos, delimitados por membrana, as organelas. Geralmente, os livros-texto de Biologia fornecem esquemas didáticos de células eucariontes. São bons exemplos os esquemas de célula animal e vegetal encontrados em Amabis (1994) págs. 58 e 59. O professor deve sempre ressaltar aos seus alunos que os esquemas didáticos de células procuram representar conjuntamente todas as organelas possíveis de existir em uma célula. Porém, de acordo com sua especialização, uma célula apresentará certas organelas, mas não apresentará outras. Como exemplo, temos que uma célula da raiz não terá cloroplastos, mas uma célula da folha possuirá cloroplastos. No caso dos animais, como exemplo, um hepatócito terá um núcleo muito ativo e não possuirá flagelo; já um espermatozóide usará um flagelo para se locomover e o seu núcleo será muito compactado. Além das organelas dos eucariontes, existem outrasestruturas que compõem as células: Parede celular As células são caracterizadas não somente pelo seu conteúdo e organização interna, mas também por uma complexa mistura de materiais extracelulares que, nas plantas é referida como parede celular (a parede celular diferencia as células vegetais das células animais). Esta parede é constituída, principalmente, de carboidratos, proteínas e de algumas substâncias complexas. Estes componentes são sintetizados dentro da célula e transportados através da membrana plasmática para o local onde eles se organizam. A parede celular possui diversas funções: A parede celular possui diversas funções: Atua como um exoesqueleto celular, possibilitando a formação de uma pressão positiva dentro da célula (turgescência) e, consequentemente, a manutenção da forma da célula; Por resistir à pressão de turgescência, ela se torna importante para as relações hídricas da planta; A parede celular permite a junção de células adjacentes; Determina a resistência mecânica das estruturas do vegetal, permitindo que muitas plantas cresçam e se tornem árvores de grandes alturas; A resistência mecânica das paredes do xilema também permite que as células resistam às fortes tensões criadas dentro dos vasos, o que é fundamental para o transporte de água e minerais do solo até as folhas; Em sementes, os polissacarídeos da parede das células do endosperma ou dos cotilédones funcionam como reservas metabólicas. Na maioria das paredes celulares, isso não ocorre; Alguns oligossacarídeos presentes na parede celular podem atuar como moléculas de sinalização, durante a diferenciação celular e durante o reconhecimento de patógenos e simbiontes. Embora a parede celular seja permeável para pequenas moléculas, ela atua como uma barreira à difusão de macromoléculas, sendo a principal barreira à invasão de patógenos. Estruturalmente, pode-se dividir a parede celular, de fora para dentro, em: Lamela Média,Parede Primária e Parede Secundária. A Lamela Média é uma fina camada de material, considerada o cimento que promove a junção de paredes primárias de células adjacentes. É constituída de substâncias pécticas (ácido péctico, pectato de cálcio e de magnésio) e de proteínas (não são as mesmas encontradas no restante da parede celular). A lamela média juntamente com a parede primária origina-se da placa celular que é formada durante a divisão celular (telófase). As Paredes Primárias são formadas em células jovens em crescimento. Algumas paredes primárias, tais como aquelas do parênquima de bulbos de cebola, são muito finas (100 nm) e possuem arquitetura simples. Outras paredes primárias, tais como aquelas encontradas em colênquima ou em epidermes, podem ser bem mais espessas e conter múltiplas camadas. A parede primária é constituída de celulose, hemiceluloses, pectinas, proteínas e compostos fenólicos. As paredes secundárias são formadas após a célula parar de crescer. Elas são ricas em celulose e lignina (Tabela 2). No entanto, elas podem conter polissacarídeos não celulósicos (principalmente aqueles classificados como hemiceluloses) e proteínas. A parede secundária pode tornar-se altamente especializada em estrutura e função, refletindo o estado de especialização celular. As células do xilema de árvores, por exemplo, apresentam paredes secundárias bastante espessas, que são reforçadas pela presença de lignina. Isto é fundamental para o transporte de água a longa distância. Grãos de armazenamento e gotículas lipídicas As células podem armazenar substâncias de reserva em seu citoplasma. Deste modo, encontramos grãos de amido (em vegetais), glicogênio (em animais e fungos), paramilo (em algas), gotículas de gordura (em muitas células, como as de animais, fungos, etc.). Ribossomos Os ribossomos são o local da síntese protéica nas células. Podem estar livres no hialoplasma ou aderidos à face externa das membranas do retículo endoplasmático. Centríolos Estruturas de forma cilíndrica compostas de microtúbulos protéicos. Os centríolos são ausentes em procariontes e em vegetais superiores. Durante a divisão celular, em seu redor, forma-se o fuso mitótico. Retículo endoplasmático Rede de túbulos e cisternas achatadas mergulhados no citoplasma. Dentre suas várias funções ressaltamos o metabolismo de lipídios (incluindo a síntese de esteróides e fosfolipídios) e a síntese de proteínas para exportação. Aparelho de Golgi Esta organela também é denominada complexo de Golgi ou, simplesmente, Golgi. Esta organela foi descoberta pelo citologista italiano Camillo Golgi que viveu no século XIX. Observa-se, no aparelho de Golgi, a síntese de enzimas e a gênese de lisossomas, estas organelas responsáveis pela digestão celular. Lisossomas Estas organelas são vesículas esféricas repletas de enzimas hidrolíticas que atuam em pH ácido. No animais e protistas, os lisossomas digerem partículas alimentares provindas do exterior da célula, mas também podem degradar organelas envelhecidas da própria célula num processo conhecido como autofagia. As plantas não possuem lisossomas e a função semelhante destes é feita pelos vacúolos. Mitocôndrias Têm sua estrutura formada de duas membranas que delimitam uma matriz coloidal onde encontram-se enzimas, íons, dentre outras substâncias. No interior das mitocôndrias ocorre a degradação oxidativa de ácidos graxos e de grupos acetil (provindos da degradação da glicose). Neste processo oxidativo (denominado respiração celular), participam o oxigênio molecular, as enzimas do ciclo de Krebs e a cadeia respiratória, e são sintetizadas 36 moléculas de ATP (trifosfato de adenosina). Cloroplastos Há, nas células vegetais, organelas relacionadas com a síntese de glicídios, os plastos. Os cloroplastos são os plastos mais abundantes nos vegetais. Têm cor verde pois apresentam grande quantidade do pigmento clorofila, responsável pela absorção de luz no processo de fotossíntese. Assim, como as mitocôndrias, os cloroplastos possuem duas membranas concêntricas que delimitam uma região coloidal, o estroma. Mergulhado no estroma, existe um sistema de membranas. Parte da fotossíntese acontece no conjunto de membranas internas e parte se dá no estroma do cloroplasto. Pelo processo de fotossíntese há a síntese de substâncias orgânicas como, por exemplo, a glicose. Divisão celular. Aspectos bioquímicos das estruturas celulares. Os cromossomos são responsáveis pela transmissão dos caracteres hereditários, ou seja, dos caracteres que são transmitidos de pais para filhos. Os tipos de cromossomos, assim como o número deles, variam de uma espécie para a outra. As células do corpo de um chimpanzé, por exemplo, possuem 48 cromossomos, as do corpo humano, 46 cromossomos, as do cão, 78 cromossomos e as do feijão 22. Note que não há relação entre esse número e o grau evolutivo das espécies. Os 23 pares de cromossomos humanos. Os cromossomos são formados basicamente por dois tipos de substâncias químicas: proteínas e ácidos nucléicos. O ácido nucléico encontrado nos cromossomos é o ácido desoxirribonucléico – o DNA. O DNA é a substância química que forma o gene. Cada gene possui um código específico, uma espécie de “instrução” química que pode controlar determinada característica do indivíduo, como a cor da pele, o tipo de cabelo, a altura, etc. Cada cromossomo abriga inúmeros genes, dispostos em ordem linear ao longo de filamentos. Atualmente, estima-se que em cada célula humana existam de 20 mil a 25 mil genes. Os cromossomos diferem entre si quanto à forma, ao tamanho e ao número de genes que contê Células haplóides e diplóides Para que as células exerçam a sua função no corpo dos animais, elas devem conter todos os cromossomos, isto é dois cromossomos de cada tipo: são as células diplóides. Com exceção das células de reprodução (gametas), todas as demais células do nosso corpo são diplóides. Porém, algumas células possuem em seu núcleo apenas um cromossomo de cada tipo. São as células haplóides. Os gametas humanos – espermatozóides e óvulos – são haplóides. Portanto os gametas são células que nãoexercem nenhuma função até encontrarem o gameta do outro sexo e completarem a sua carga genética. Nos seres humanos, tanto o espermatozóide como o óvulo possuem 23 tipos diferentes de cromossomos, isto é, apenas um cromossomo para cada tipo. Diz-se então que nos gametas humanos n= 23 (n é o número de cromossomos diferentes). As demais células humanas possuem dois cromossomos de cada tipo. Essas células possuem 46 cromossomos (23 pares) no núcleo e são representadas por 2n = 46. Nas células diplóides do nosso corpo, os cromossomos podem, então, ser agrupados dois a dois. Os dois cromossomos de cada par são do mesmo tipo, por possuírem a mesma forma, o mesmo tamanho e o mesmo número de genes. Em cada par, um é de origem materna e outro, de origem paterna. Tipos de divisão celular As células são originadas a partir de outras células que se dividem. A divisão celular é comandada pelo núcleo da célula. Ocorrem no nosso corpo dois tipos de divisão celular: a mitose e a meiose. Antes de uma célula se dividir, formando duas novas células, os cromossomos se duplicam no núcleo. Formam-se dois novos núcleos cada um com 46 cromossomos. A célula então divide o seu citoplasma em dois com cada parte contendo um núcleo com 46 cromossomos no núcleo. Esse tipo de divisão celular, em que uma célula origina duas células-filhas com o mesmo número de cromossomos existentes na célula mãe, é chamado de mitose. Portanto, a mitose garante que cada uma das células-filhas receba um conjunto complementar de informações genéticas. A mitose permite o crescimento do indivíduo, a substituição de células que morrem por outras novas e a regeneração de partes lesadas do organismo. Mas como se formam os espermatozoides e os óvulos, que têm somente 23 cromossomos no núcleo, diferentemente das demais células do nosso corpo? Na formação de espermatozoides e de óvulos ocorre outro tipo de divisão celular: a meiose. Nesse caso, os cromossomos também se duplicam no núcleo da célula-mãe (diploide), que vai se dividir e formar gametas (células- filhas, haploides). Mas, em vez de o núcleo se dividir uma só vez, possibilitando a formação de duas novas células-filhas, na meiose o núcleo se divide duas vezes. Na primeira divisão, originam-se dois novos núcleos; na segunda, cada um dos dois novos núcleos se divide, formando-se no total quatro novos núcleos. O processo resulta em quatro células-filhas, cada uma com 23 cromossomos. ASPECTOS BIOQUÍMICOS DAS ESTRUTURAS CELULARES As substâncias orgânicas são moléculas mais complexas, sendo muitas vezes, macromoléculas como, por exemplo, os carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e ácidos nucleicos. Os carboidratos são a base da nossa alimentação e responsáveis pelo fornecimento de energia. Os carboidratos são divididos em: Monossacarídeos: é o principal combustível para a célula, possuem função plástica e servem para “construir” as estruturas do nosso corpo. Por exemplo, glicose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose. Dissacarídeos: são formados pela união de dois monossacarídeos a partir de uma síntese por desidratação, não produzem energia imediata, são hidrolisados para formar monossacarídeos e aí sim produzem energia. Por exemplo, maltose (glicose + glicose), sacarose (glicose + frutose) e lactose (glicose + galactose). Polissacarídeos: constituídos por várias moléculas de monossacarídeos. São insolúveis em água e divididos em dois grupos, os estruturais (celulose e quitina) e energéticos (amido nas plantas e glicogênio em fungos e animais). LIPÍDIOS Os lipídios possuem diversas funções biológicas. São insolúveis em água e solúveis apenas em solventes orgânicos, como o álcool e o éter. São divididos em: Carotenoides: atuam como pigmentos, absorvem luz e são precursores da vitamina A (importante para a visão, evitando a cegueira noturna). Cerídeos: tem função protetora, como impermeabilizar as superfícies das folhas e frutos. Por exemplo, ceras. Fosfolipídios: compostos por ácidos graxos, fosfatos e glicerol. A membrana plasmática é formada por uma bicamada de fosfolipídios que atua uma barreira entre a célula e o ambiente externo. Triglicerídeos: formados pela união de três ácidos graxos com glicerol. Constituem a forma mais eficiente em armazenar energia. São divididos em ácido graxos saturados e ácidos graxos insaturados. Por exemplo: óleos e gorduras Esteroides: são consideradas moléculas sinalizadoras, precursoras de hormônios como o estrogênio, progesterona e testosterona. O colesterol é um lipídio do grupo dos esteroides que é naturalmente produzido pelos animais no fígado (colesterol endógeno) e pode ser absorvido a partir dos alimentos (colesterol exógeno). O excesso de colesterol pode estimular o aparecimento de doenças vasculares como a aterosclerose. PROTEÍNAS As proteínas são macromoléculas complexas formadas pela associação de aminoácidos. Possuem diversas funções: (i) estrutural: participam das estruturas dos tecidos. Por exemplo, colágeno e queratina; (ii) enzimática: aceleram as reações químicas e reduzem a energia de ativação. A eficiência das enzimas depende de três fatores: temperatura, pH e concentração do substrato; (iii) hormonal: vários hormônios produzidos em nosso organismo são de origem proteica. Por exemplo, insulina e glucagon; (iv) proteção: na presença de antígenos, o organismo produz proteínas de defesa denominadas, anticorpos; (v) transporte: o oxigênio é transportado por proteínas denominadas, hemoglobinas. As vitaminas são substâncias essenciais, obtidas através da alimentação, que estimulam e regulam atividades metabólicas dos organismos. São divididas em: hidrossolúveis (C, B1, B2, B6, B12, entre outras) e lipossolúveis (A, D, E e K). Os ácidos nucleicos são as moléculas com a função de armazenamento e expressão da informação genética. Existem basicamente dois tipos de ácidos nucleicos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA). Aspectos gerais do metabolismo celular. Metabolismo energético: fotossíntese e respiração A energia da célula é proveniente de lipídios (gorduras), proteínas e principalmente de carboidratos (açúcares). Depois de ingeridas, essas moléculas passam por uma série de reações químicas no organismo, a fim de produzir energia para que as células possam executar todas as suas funções. Esse processo é conhecido como Metabolismo. O metabolismo é normalmente dividido em dois grupos: anabolismo e catabolismo. Anabólicas ou de Síntese: Produzem novos compostos (moléculas mais complexas) a partir de moléculas simples (com consumo de energia). Catabólicas ou de Degradação: Produzem grandes quantidades de energia livre a partir da decomposição ou degradação de moléculas mais complexas (carboidratos, lipídios e proteínas). Metabolismo energético: fotossíntese e respiração. Energia para a vida Um dos principais fatores limitantes a vida dos seres vivos é a obtenção de energia para as suas atividades. De acordo com a teoria heterotrófica, os primeiros seres vivos seriam procariontes heterotróficos vivendo num meio aquático, de onde retirariam nutrientes, formados na atmosfera e acumulados nos lagos e oceanos primitivos. Devido á sua grande simplicidade, estes seres utilizariam processos igualmente rudimentares para retirar energia dessas moléculas de que se alimentavam. Esse mecanismo seria semelhante à fermentação realizada ainda por muitos organismos atuais. Há mais de 2 bilhões de anos, surgiram os primeiros organismos autotróficos, procariontes capazes de produzir o seu próprio alimento através da fotossíntese. Este processo revolucionário, além de permitir a sobrevivência dos autotróficos, também serviu aos heterotróficos, que passaram a alimentar-se deles. A fotossíntese levou á acumulação de oxigênio na atmosfera terrestre, permitindo a algumas linhagens de procariontes tirar partido do poder oxidante dessa molécula para retirar muito mais energia dos nutrientes, através da respiração. Os organismos retiram energia das mais diversas moléculas orgânicas (açucares, aminoácidos, ácidos graxos, etc.),mas a glicose é a mais freqüente, tanto na fermentação como na respiração. Para a fermentação ou respiração os organismos heterotróficos obtém a glicose se alimentado dos únicos que produzem glicose, os organismos autotróficos fotossintetizantes. Atualmente, apenas algumas bactérias e fungos utilizam o processo de fermentação para obter energia. Todos os outros organismos, sejam autótrofos (algas e plantas) ou heterótrofos (algumas bactérias, fungos e protozoários e animais), se utilizam da respiração aeróbica, um processo de obtenção de energia muito mais eficiente do que a fermentação. Codificação da Informação Genética A hipótese de que o DNA hereditário continha um informação genética foi levantada por Gamow, com isso o organismo podia saber o fenótipo que devia realizar. Esta informação genética é constituída através de um código, que é chamado de código genético. Segundo Watson e Crick, cada filamento de DNA é composto por uma sequência de nucleotídeos, e cada nucleotídeo é formado por 3 moléculas: ácido fosfórico + desoxirribose + base nitrogenada. Os únicos constituintes que variam ao longo do filamento são as bases nitrrogenadas: (A) adenina, (T) timina, (C) citosina e (G) guanina. Veja na figura abaixo: Os códigos são sistemas de símbolos utilizados para traduzir informações através de várias formas. No código genético, os símbolos são representados através de 4 letras (A,T, C e G) que correspondem às 4 bases nitrogenadas. São 20 aminoácidos que devem ser codificados e somente 4 símbolos. Se a cada letra correspondesse somente um aminoácido, teríamos informação para somente 4 aminoácidos. Se a informação fosse composta por arranjos de 2 letras com repetição, teríamos somente 16 palavras, que ainda é insuficiente. Por isso, o código genético é formado por 3 bases que identificam um aminoácido, temos assim um total de 64 arranjos diferentes com repetição, em número suficiente para codificar os 20 aminoácidos. Ó Chamamos de CÓDON a sequência de 3 bases que codifica um aminoácido. Cada códon é uma sequência de três bases que codificam um aminoácido. As abreviaturas para os aminoácidos são as seguin tes: Ala = alanina, Arg = arginina, Asn = asparagina, Asp = ácido aspártico, Cys = cisteína, Glu N = glutamina, Glu = ácido glutâmico, Gly = glicina, His = histidina, Ileu = isoleucina, Leu = leucina, Lys = lisina, Met = me-tionina, Phe = fenilalanina, Pro = prolina, Ser = serina, Thr = treonina, Try = triptofano, Tyr = tirosina, Vai = va-lina; STOP = terminal. Atualmente o código genético foi totalmente decifra do. Os códons do RNA-m para os vinte aminoácidos estão relacionados na tabela abaixo. Propriedades do código O código genético apresenta duas propriedades: a degeneração e a universalidade. A análise da tabela da codificação dos aminoácidos mostra que um aminoácido pode ser codificado por mais de um códon. A degenera ção consiste na existência de “sinônimos”, ou seja, na existência de vários códigos para cada aminoácido. O código genético é basicamente o mesmo para todos os organismos. Em outras palavras, ele é universal, o que sugere uma origem comum para todos os seres vivos. Três dos 64 códons existentes (UAA, UAG e UGA) são chamados de códons sem sentido, ou seja, não codificam nenhum aminoácido. Tais códons são termi nais, isto é, indicam o término de um císton. Síntese Protéica O processo de síntese proteica, também denominado de tradução, baseia-se na leitura do RNA mensageiro e na união de aminoácidos correspondentes à sequência de códons (sequência de três bases nitrogenadas) presentes nesse RNA. Na http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/dogma-central-biologia-molecular.htm http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/rna.htm síntese proteica, ocorre, portanto, a conversão de informações contidas nas moléculas de RNA em proteínas. → Quais são os tipos de RNA necessários para a síntese proteica? Para que a síntese de proteínas ocorra, é necessária a ação do RNA mensageiro (mRNA), RNA ribossômico (rRNA) e RNA transportador (tRNA): rRNA - Esse RNA é responsável por formar os ribossomos, o local onde ocorre a síntese proteica. Essas organelas destacam-se pela ausência de membrana e por serem formadas por duas subunidades, uma pequena e uma grande; mRNA - Esse RNA possui as sequências de base que guiarão a síntese proteica; tRNA – Esse RNA é o responsável por carregar os aminoácidos que formarão a nova molécula de proteína. → Quais são as etapas da síntese proteica? Observe o esquema de um ribossomo realizando a síntese de uma proteína De uma maneira resumida, podemos dizer que o processo de síntese proteica ocorre em três etapas: iniciação, alongamento e finalização. O processo inicia-se quando uma subunidade ribossomal pequena liga-se ao mRNA no códon de iniciação, o qual é identificado por uma molécula de tRNA que transporta metionina. http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/proteinas.htm http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/molecula-rna.htm http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/ribossomo.htm O tRNA possui o anticódon UAC, o qual se emparelha com o códon AUG, o chamado códon de início da tradução. Após esse processo, a subunidade grande do ribossomo liga-se à subunidade pequena, tornando o ribossomo completo. O local onde o tRNA transportador da metionina encaixa-se no ribossomo é chamado de sítio P. Posteriormente, esse sítio é ocupado pelo tRNA, que transporta a cadeia polipeptídica que está sendo formada. Ao lado desse sítio encontra-se o sítio A, o qual aloja o tRNA, que, por sua vez, transporta o aminoácido que será colocado na cadeia polipeptídica que se forma. Após o tRNA alojar- se no sítio P, um novo tRNA aloja-se no sítio A e inicia-se a fase de alongamento. Após a ligação dos dois primeiros tRNA, os aminoácidos ligam-se por ligações peptídicas e ocorre o deslocamento do ribossomo sobre a molécula de mRNA para as próximas três bases. O tRNA que transportava a metionina desprende-se, e o segundo tRNA segue em direção ao sítio P, deixando o sítio A livre para outro tRNA. A molécula de mRNA é transportada códon a códon pelo ribossomo até encontrar um códon de terminação UAA, UAG ou UGA, que indica o fim da cadeia polipeptídica. Nesse momento, o fator de liberação garante a separação de todos os componentes e proporciona a liberação do polipeptídio completo. Essa última etapa é conhecida como finalização. → O que são polirribossomos? Algumas vezes um mRNA não está sendo traduzido apenas por um ribossomo, sendo possível observar vários ribossomos em um mesmo mRNA e a formação de várias cadeias polipeptídicas em diferentes estágios. O conjunto de ribossomos que traduzem o mesmo mRNA é chamado de polirribossomo. Diferenciação celular A diferenciação celular consiste em um conjunto de processos que transformam e especializam as células embrionárias. Após estas https://www.infoescola.com/citologia/celulas-tronco-embrionarias/ transformações, sua morfologia e fisiologia são definidas, o que as tornam capazes de realizar determinada função. Após a fecundação, a vida do organismo inicia-se com apenas uma única célula. Nesse sentido, todas as demais células que dela se originarem pela divisão celular (mitose) terão as mesmas informações genéticas, no entanto, exercerão funções diferentes por conta da expressão gênica. Em outras palavras, cada diferente tipo de célula possui a inibição ou a ativação de determinados grupos de genes, responsáveis por definir a função de cada uma delas. A expressão gênica controla quatro processos para que a célula inicial origine perfeitamente o embrião. São eles: Proliferação celular, garantindo que muitas células sejam produzidas; Especialização celular, permitindo que as células se expressem de forma diferenciada para exercerem suas funções; Interação entre as células, promovendo a coordenação e comportamento das células em relação às células vizinhas; Movimentação celular, possibilitando que as células se organizem próximas às células com características em comum para a formaçãodos tecidos e órgãos. Após a fecundação, o zigoto, já com aproximadamente 100 células, atinge o estágio de blástula. Nesta fase ocorrerão as primeiras diferenciações: as células que compõem a massa externa da blástula darão origem aos anexos embrionários, enquanto as células da massa interna darão origem a todos os tecidos e órgãos do embrião. Às células da massa interna é dado o nome de células- tronco embrionárias e são classificadas como pluripotentes. À medida que a especialização celular vai avançando, vão surgindo as primeiras células envolvidas com a formação de tecidos específicos: são as células-tronco multipotentes. Um tecido corresponde a um conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si, que realizam determinada função em um organismo. Num organismo já formado, ocorrerão apenas dois tipos de células: as células tronco multipotentes e as células unipotentes. Estas https://www.infoescola.com/embriologia/fecundacao-fertilizacao/ https://www.infoescola.com/biologia/mitose/ https://www.infoescola.com/embriologia/anexos-embrionarios/ últimas correspondem a células que já sofreram diferenciação completa, mas que não possuem a capacidade de originar outras células se não as delas. Algumas destas células possuem uma capacidade muito pequena de se dividir, como as células nervosas e os neurônios. Principais tecidos animais e vegetais Tecido é uma massa organizada de células com uma função específica que forma uma parte distinta de uma planta ou animal. Resulta de processo de diferenciação, na qual certos genes são ativados e outros inativados. Essa expressão diferencial de genes interfere no formato e no conteúdo das células. Assim, para cumprir suas funções, as células de diferentes tecidos tem diferentes organizações e frequência de organelas. Por exemplo, o tecido muscular, de alta demanda energética, apresenta grande quantidade de mitocôndrias e uma organização de citoesqueleto que permite sua contração. Tecidos Animais São 4 os tecidos animais: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Falamos bastante desses tecidos em sala de aula. https://www.infoescola.com/sistema-nervoso/neuronios/ Tecidos Vegetais Os tecidos vegetais que mencionarei aqui surgiram nas plantas vasculares. Para entendê-los, vamos pensar que essas plantas devem: 1) Ter um sistema de revestimento, que a proteja do meio externo 2) transportar água, sais minerais e matéria orgânica 3) Fazer fotossíntese http://1.bp.blogspot.com/-jehZd_xVS_s/TmQOUBdtRtI/AAAAAAAAASY/0_BB_9-o93Q/s1600/tecidos+animais.jpg 4) ter um sistema de sustentação (assim como nós temos o nosso sistema esquelético). Os tecidos vegetais estão organizados em sistemas: 1) O sistema dérmico: forma a cobertura mais externa de proteção da planta 2) O sistema vascular: compreende os tecidos condutores Xilema e floema, que está emerso no sistema fundamental 3)Sistema fundamental, relacionado tanto ao suporte da planta (esclerênquima e colênquima), como a fotossíntese (parênquima). Esses sistemas se formam através de processo de diferenciação, a partir do Meristema, que contém células totipotentes. Assim, a partir de células meristemáticas várias outras células são produzidas: http://2.bp.blogspot.com/-ItvEGYPXID4/TmQZokBTogI/AAAAAAAAASc/rqCmWMuJ9D0/s1600/tecidos+vegetais+diferenciacao.jpg Os elementos de vaso são células mortas, lignificadas. São produzidas por apoptose, e fazem parte do xilema. As células companheiras são vivas, e participam do floema. A fibra também é uma célula morta, lignificada, resulta de apoptose, e é constituinte do esclerênquima, tecido de sustentação de partes da planta que não mais se alongam. O colênquima sustenta órgãos jovens em crescimento. O parênquima está envolvido com fotossíntese, armazenamento e secreção. Um órgão da planta apresenta todos esses sistemas. Como exemplo, vamos estudar a folha. A Folha http://3.bp.blogspot.com/-PoW82sRdF8w/TmQa39PhYkI/AAAAAAAAASg/geVurs5cpzQ/s1600/tecidos+vegetais+diferenciacao2.jpg Quando tecidos vegetais são tema de questão, geralmente essa questão trata de um corte de uma folha. O aluno deve saber reconhecer cada um dos seus constituintes e suas funções: 1)Cutícula: camada de lipídio que reduz a perda de água. Ela é espessa em folhas de plantas de regiões secas. 2) Epiderme: tecido que reveste as faces superior e inferior da folha. Na epiderme inferior encontramos estômatos. Eles são menos numerosos em plantas que ocorrem em ambientes secos. Nessas, os estômatos podem ocorrer em câmaras ( ou criptas) com tricomas ("pelos"), que reduzem a perda de água por evaporação. 3)Parênquima clorofiliano: Realiza fotossíntese. Pode ser paliçádico (com células justapostas) ou lacunoso (com maior espaço com ar entre as células). O parênquima clorofiliano lacunoso é o que apresenta maior taxa de fotossíntese. 4)Feixe vascular: ocorre na nervura da folha. Nele são encontrados o Xilema (transporta seiva bruta, constituído de células mortas lignificadas) e o Floema ( transporta seiva elaborada, constituído de células vivas). Analise, com muita atenção, cada figura abaixo, investigando cada elemento morfológico da folha, revisando suas funções. Perceba a presença,nesse órgão, dos três sistemas:revestimento (epiderme), vascular (xilema e floema) e fundamental (parênquima). http://1.bp.blogspot.com/-pYZs1PpzWvI/TmQh_FgdfuI/AAAAAAAAATE/DOpDru_7qVM/s1600/folha-144-g.jpg http://1.bp.blogspot.com/-6x8EDUh3sBc/TmQf0mOu6DI/AAAAAAAAASs/v9VZ_a5tMJI/s1600/estrutura-da-folha.jpg http://2.bp.blogspot.com/-6St8DXH-idA/TmQf1kzl4LI/AAAAAAAAAS0/YqcqgwVSqjU/s1600/corte+folha.jpg http://3.bp.blogspot.com/-alUObeC92h0/TmQf2Xw-b2I/AAAAAAAAAS4/PMfbfzo3OqI/s1600/Corte+da+folha.jpg Pronto, agora que você viu vários cortes de folha, nomeie os elementos morfológicos de uma folha: O estômato Vale destacar, na folha, a função do estômato. É ele que controla as trocas de gases que ocorrem na folha. http://3.bp.blogspot.com/-D6kuWVcev74/TmQf23mg73I/AAAAAAAAAS8/aaivOQGN2q4/s1600/epiderme_vegetal.jpg http://3.bp.blogspot.com/-HSTz1JBJmlI/TmQf1BbXUYI/AAAAAAAAASw/pHJV0hHpYaU/s1600/corte+folha+completar.gif Como dito, estômatos em criptas com tricomas apresentam menor perda de água por evaporação. Essa formação é vantajosa para plantas de ambientes secos: http://2.bp.blogspot.com/-XW66Fqm3YoA/TmQf3bm9QwI/AAAAAAAAATA/C6kX6MrA23c/s1600/epiderme+e+estomato.jpg http://2.bp.blogspot.com/-6St8DXH-idA/TmQf1kzl4LI/AAAAAAAAAS0/YqcqgwVSqjU/s1600/corte+folha.jpg Origem e evolução das células histórico As células, base dos estudos de biologia - fundamentais para a prova do Enem -, foram descobertas com o auxílio de um microscópio pelo cientista inglês Robert Hooke (1635 – 1703), a partir de uma cortiça que tem a função de proteger os troncos das árvores. Ele observou pequenas cavidades que seriam a parede celular das células mortas e deu-lhes o nome de células (diminutivo latino de cella, lugar fechado, pequeno cômodo). Na década de 1820, foi feita outra descoberta, a visualização do núcleo. Na década de 1830, um botânico e um zoólogo concluíram que a célula era a unidade básica de todas as plantas e animais. Assim surgia o conceito de que todos os seres vivos são formados por células (teoria celular). Mais descobertas foram feitas ao longo do século XIX, quando concluiu-se que a célula corresponde à unidade morfológica e fisiológica dos seres vivos. Origem e evolução das células Com base em estudos, as primeiras células surgiram na terra há 3,5 bilhões de anos, no começo do período pré-cambriano. A hipótese é que componentes da atmosfera primitiva, composta por amônia (NH_3_3), metano (CH_4_4), água (H_2_2O), gás hidrogênio (H_2_2) e gás carbônico (CO_2_2) sofreram influência de descargas elétricas oriundas de tempestades frequentes, dos raios ultravioletas e do calor. Com isso, os componentes combinaram-se formando as primeiras moléculas orgânicas. Tais moléculas teriam se aglomerado, formando aglomeradosprotéicos e, assim, dado origem às primeiras formas de vida primitivas, que se alimentavam dos compostos carbônicos inorgânicos presentes nos aglomerados, ou seja, seriam heterotróficos (hetero = diferente; trofo = alimento). A partir do metabolismo desses aglomerados, formaram-se novos compostos. Os primeiros seres primitivos teriam sido anaeróbios, já que ainda não existia oxigênio na atmosfera. Outra característica é que esses seres teriam a capacidade de se auto reproduzir, mantendo sua individualidade, ou seja, seu DNA. Mecanismos evolutivos favoreceram o surgimento de organismos autotróficos, que utilizavam o gás carbônico, água e energia do sol para produzir seu próprio alimento. Com isso, estes produziram oxigênio liberado na atmosfera durante o processo da fotossíntese, possibilitando o aparecimento de seres cada vez mais diversificados, complexos e pluricelulares. Os primeiros seres vivos seriam: Simples; Unicelulares; Heterotróficos; Fermentadores; Anaeróbicos. Hipótese de endossimbiose Os primeiros seres vivos possuíam uma organização muito simples, eram procariontes (pro = primitivo; cario = núcleo). O processo evolutivo a partir dessas células mais simples originou células de organização mais complexas, chamadas de eucariontes (eu = Verdadeiro) Uma das hipóteses mais aceitas para o processo evolutivo das células eucariontes defende que as células procariontes teriam englobado células bacterianas determinando uma relação ecológica chamada de simbiose, pela qual a célula fornece proteção do meio externo e nutriente e o microrganismo favorece maior rendimento e aproveitamento energético através do processo de respiração celular, sendo assim mutuamente vantajosa. Diante disso, as mitocôndrias e cloroplastos são organelas supostamente derivadas desta associação (FIGURA 1). A hipótese de endossimbiose foi formulada pela microbiologista americana Lynn Margulis em 1981, no livro “Symbiosis in CellEvolution”. As mitocôndrias possuem dupla membrana, assim como muitas bactérias, e a membrana interna das mitocôndrias não são similares à membrana citoplasmática das células. As mitocôndrias e cloroplastos também possuem seu próprio DNA em forma circular - assim como as bactérias - e sua própria síntese de proteínas, que não interferem na atividade da síntese nuclear. Além disso, os ribossomos dessas organelas encontradas nas células eucariontes são semelhantes aos ribossomos nas células procariontes, favorecendo assim a ideia da teoria da endossimbiose. Apesar de aceita pela comunidade científica, algumas questões ainda são levantadas com relação à hipótese endossimbiótica, pois experimentos mostraram que essas organelas não sobreviveriam fora da célula e que algumas proteínas codificadas pelo DNA nuclear são essenciais para o funcionamento das mitocôndrias e dos cloroplastos. No entanto, essa associação, ao longo de milhares de anos, poderia ter ocasionado uma associação dependente que sofreram uma coevolução com as células. Noções sobre células-tronco, clonagem e tecnologia do DNA recombinante CÉLULA-TRONCO O que é As células-tronco são células com a capacidade de se transformar (diferenciar) em qualquer célula especializada do corpo, ou seja, células características de uma mesma linhagem. Elas são capazes de se renovar por meio da divisão celular mesmo após longos períodos de inatividade e induzidas a formar células de tecidos e órgãos com funções especiais. Diferente de outras células do corpo, como as células musculares, do sangue ou do cérebro, que normalmente não se reproduzem, células-tronco podem se replicar várias vezes. Isso significa que a partir de uma cultura de células-tronco é possível produzir milhares. Contudo, os pesquisadores ainda não têm conhecimento vasto do que induz a proliferação e autorrenovação dessas estruturas. Outro enigma que desafia os cientistas é a questão da diferenciação: como células indiferenciadas simplesmente passam a ter funções especializadas, como os gametas e células sexuais? Sabe-se que, além dos sinais internos controlados por genes, o processo é ativado também por sinais externos, incluindo a secreção de substâncias químicas por outras células, o contato físico com células vizinhas e a influência de algumas moléculas. Embora muitos laboratórios de pesquisa consigam induzir a diferenciação pela manipulação de fatores de crescimento, soro e genes, os mecanismos detalhados que regem o processo não são claros. Entretanto, encontrar a resposta para o problema pode ampliar o potencial terapêutico das células-tronco, já que células, tecidos e órgãos poderiam ser produzidos em laboratório ou recuperados no próprio corpo. Além disso, forneceria uma compreensão bem maior sobre doenças como o câncer, desencadeadas pela divisão anormal das células. Tipos As células-tronco podem ser classificadas em totipotentes, quando conseguem se diferenciar em todos os tecidos do corpo humano, e pluripotentes ou multipotentes, quando são capazes de se transformar em quase todos os tecidos, exceto placenta e anexos embrionários. Células-troncooligotentes diferenciam-se em poucos tecidos, células-tronco unipotentes se trasformam em um único tecido. Essas estruturas podem ser divididas, de acordo com a origem, basicamente em células-tronco derivadas de tecidos embrionários (somáticas) e células-tronco derivadas de tecidos não-embrionários (adultas). Células-tronco pluripotentes poderiam, teoricamente, derivar de qualquer célula humana. Células-tronco embrionárias são aquelas que formam o interior do blastocisto, um aglomerado celular que dará origem a tecidos e órgãos necessários ao desenvolvimento do feto. A maioria das pesquisas atuais utiliza este tipo de célula-tronco para produzir mais células-tronco, que podem ser congeladas e divididas em laboratório. Posteriormente, são divididas e estimuladas para se tornarem células ou tecidos especializados. Células-tronco adultas são células indiferenciadas encontradas no meio de células diferenciadas que compõem as estruturas do corpo. Elas têm a função de renovar e reparar os tecidos do corpo. Acredita-se que residam em nichos dos tecidos, algumas nas camadas externas de pequenos vasos sanguíneos, onde permanecem sem se dividir até que isso seja necessário. Por existirem em quantidades reduzidas no corpo e pela dificuldade que apresentam para se dividir em relação às embrionárias, a produção em laboratório desse tipo de célula-tronco é limitada. Mesmo assim, cientistas desenvolvem a cada dia novos métodos para incrementar a cultura e manipulação destas células para utilização em tratamentos de lesões ou doenças. Células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) são células adultas que foram geneticamente reprogramadas para o estágio de células-tronco embrionárias. Estudos estão sendo realizados para avaliar como a técnica poderia ser utilizada de forma segura em seres humanos. Em animais, a introdução de fatores de reprogramação celular com vírus pode, eventualmente, desencadear tumores. Entretanto, a estratégia parece promissora na medida em evitaria, teoricamente, a rejeição. Curiosidades Há cinco décadas o pesquisador Leroy Stevens descobriu um tumor no saco escrotal de um rato de laboratório. Ao examinar o animal, identificou vários tecidos, incluindo dentes e cabelos. A partir desta constatação, traçou a origem do tumor e deu início ao estudo das células-tronco. Somente 30 anos mais tarde, cientistas norte-americanos e ingleses conseguiram isolar células-tronco embrionárias a partir do blastocisto de um roedor. Em 1998, duas equipes independentes anunciaram o isolamento de células-tronco embrionárias humanas. Em 2008, uma equipe anunciou a criação de um coração usando células-tronco de ratos e tecidos próprios do animal, como vasos sanguíneos e válvulas. Contudo, o órgão batia apenas com 2% da potência normal. Em julho de 2010, cientistas anunciaram a criação de um pulmão de rato “artificial” com células-tronco. O tecido funcionou apenas duas horas, pois coágulos de sangue se formaram. Recentemente, pesquisadoresdos Estados Unidos descobriram uma forma de produzir quantidades aparentemente ilimitadas de células-tronco adultas em laboratório. A equipe descobriu que células endoteliais – os blocos básicos do sistema vascular – produzem fatores de crescimento que induzem o crescimento de culturas de células. Mesmo diante da possibilidade de produção de células-tronco em grandes quantidades, muitas mães doam o sangue do cordão umbilical do filho que nasceu para bancos de células-tronco, já que ali se encontra um grande número de células-tronco hematopoiéticas. A ideia é que esse material fique disponível para ser usado no futuro por alguma pessoa compatível, para tratar doenças como leucemia. 2º O texto sobre clonagem foi retirado do site só biologia O que é clonagem? A Clonagem é um mecanismo comum de reprodução de espécies de plantas ou bactérias. Um clone pode ser definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado. A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para possibilidade de clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada. Para entendermos porque esta experiência foi surpreendente, precisamos recordar um pouco de embriologia. Todos nós já fomos uma célula única, resultante da fusão de um óvulo e http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia.php um espermatozoide. Esta primeira célula já tem no seu núcleo o DNA com toda a informação genética para gerar um novo ser. O DNA nas células fica extremamente condensado e organizado em cromossomos. Com exceção das nossas células sexuais, o óvulo e o espermatozoide que têm 23 cromossomos, todas as outras células do nosso corpo têm 46 cromossomos. Em cada célula, temos 22 pares que são iguais nos dois sexos, chamados autossomos e um par de cromossomos sexuais: O núcleo da célula contém os 23 pares de cromossomos. XX no sexo feminino e XY no sexo masculino. Estas células, com 46 cromossomos, são chamadas células somáticas. Voltemos agora à nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozoide. Logo após a fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de totipotentes. Na fase de oito a dezesseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após 72 horas, este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto. É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias pluripotentes. A partir de um determinado momento, estas células somáticas – que ainda são todas iguais – começam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o organismo: sangue, fígado, músculos, cérebro, ossos etc. Os genes que controlam esta diferenciação e o processo pelo qual isto ocorre ainda são um mistério. O que sabemos é que uma vez diferenciadas, as células somáticas perdem a capacidade de originar qualquer tecido. As células descendentes de uma célula diferenciada vão manter as mesmas características daquela que as originou, isto é, células de fígado vão originar células de fígado, células musculares vão originar células musculares e assim por diante. Apesar de o número de genes e de o DNA ser igual em todas as células do nosso corpo, os genes nas células somáticas diferenciadas se expressam de maneiras diferentes em cada tecido, isto é, a expressão gênica é específica para cada tecido. Com exceção dos genes responsáveis pela manutenção do metabolismo celular (housekeeping genes) que se mantêm ativos em todas as células do organismo, só irão funcionar em cada tecido ou órgão os genes importantes para a manutenção deste. Os outros se mantêm “silenciados” ou inativos. Texto adaptado de Zatz, Mayana. “Clonagem e células- tronco”. Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725. 3º texto retirado do site Só Biologia A tecnologia do DNA recombinante Cada fragmento de DNA, que foi clivado e separado do resto do material genético, contém um ou mais genes. Lembre-se que cada gene origina uma proteína, portanto ao estudarmos o gene estamos estudando a proteína que ele codifica. Mas o que devemos fazer para estudar o gene? Devemos introduzi-lo no material genético (no DNA) de um hospedeiro para que ocorra a transcrição do gene, em mRNA, e a tradução em proteína. O hospedeiro é um organismo que se multiplica (se reproduz) rapidamente, como por exemplo, as bactérias. Quando as bactérias http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/recombinante.php se reproduzem por bipartição elas transmitem ao seus “filhos” o seu material genético, portanto se neste material conter o fragmento de DNA de estudo, em pouco tempo teremos milhões de bactérias com o gene. O plasmídio é o material genético circular não ligado ao cromossomo que fica espalhado pelo hialoplasma das bactérias. Ele sofre o mesmo processo do DNA cromossomal de transcrição e tradução, além de, se multiplicar a cada divisão celular, passando uma cópia para cada célula “filha”. O plasmídio é retirado das células bacterianas para que se possa inserir o gene de estudo, para depois recolocá-lo na bactéria. Para entendermos melhor vamos conhecer esse processo passo a passo (acompanhe na figura): 1. Os pesquisadores querem estudar um gene humano que produz uma proteína que não se sabe a função. 2. Os pesquisadores “recortam” (utilizando enzimas de restrição), do DNA humano, o gene de interesse. 3. Esse fragmento de DNA contendo o gene é multiplicado por PCR para obtermos várias cópias do mesmo fragmento (ou da mesma informação). 4. A mesma enzima que clivou o gene do DNA humano é utilizada para clivar o plasmídio bacteriano. Lembre-se que o fragmento de DNA, ao ser clivado, gera pontas adesivas que são complementares ao plasmídio se este for clivado com a mesma enzima. 5. A seguir o plasmídio clivado é misturado com os fragmentos de DNA (contendo o gene) e uma enzima chamada ligase “cola” os fragmentos ao plasmídio, produzindo o chamado DNA recombinante. Isso feito, o DNA recombinante é introduzido em uma bactéria hospedeira. 6. A bactéria hospedeira é colocada em um meio nutritivo seletivo, apenas aquelas que possuem o DNA recombinante crescem, formando colônias. Após muitas gerações de bactérias, o produto da expressão dos genes, as proteínas humanas, são purificadas das bactérias (são separadas das proteínas das bactérias). Esse método produz uma grande quantidade de proteínas humanas possibilitando assim, seu estudo. Aplicações de biotecnologia na produção de alimentos, fármacos e componentes biológicos. Atualmente, os meios de comunicação têm divulgado inúmeras descobertas atribuídas ao uso de tecnologias avançadas associadas à biotecnologia. Alimentos transgênicos, modificados geneticamente, clonagem e tantas outras descobertas associadas ao tema predispõe a cada dia a necessidade de se saber pelo menos do que se trata essa tal biotecnologia. A Biotecnologia apresenta várias definições de acordo com o olhar a ela lançado, mas de uma forma bem simples, é um conjunto multidisciplinar de conhecimentos que visa o desenvolvimento de métodos, técnicas e meios associados a seres vivos, macro e microscópicos, que originem produtos úteis e contribuam para a resolução de problemas. Não devemos pensar, entretanto, que a biotecnologia é uma prática que exija o uso de computadores e sequenciadoresde DNA, muito pelo contrário, a humanidade utiliza seres vivos para vários processos desde a Antiguidade. Podemos com isso traçar uma breve linha do tempo: Antiguidade – Utilização de microrganismos para a preparação de alimentos e bebidas. Século XII – A destilação do álcool. Século XVII – Cultivo de fungos na França. Século XVIII – Jenner cria as premissas para as vacinas através da inoculação de um vírus em uma criança. 1981 – Obtenção da primeira planta geneticamente modificada. 1997 – Nasce Dolly, a primeira ovelha clonada. 2003 – Iniciado o processo de clonagem de espécies de animais ameaçados de extinção. Desta forma, temos que a inovação e o desenvolvimento de novos produtos é uma constante e está presente em nosso dia a dia sem que percebamos. Assim, a biotecnologia busca, através de sua ação, formas que possam contribuir para amenizar ou até mesmo resolver problemas causados pela ação destruidora humana. Assim, há o desenvolvimento em relação à questão ambiental de microrganismos modificados para tratamento de águas contaminadas por esgoto, outros poluentes e, até mesmo, petróleo. Em relação à agricultura, temos o desenvolvimento de plantas transgênicas que podem ser mais nutritivas, que necessitem de menos agrotóxicos e que sejam mais resistentes às pragas, reduzindo o uso de inseticidas. Quanto à pecuária, temos a formação de embriões, o desenvolvimento de animais transgênicos e o aprimoramento de vacinas e medicamentos de uso veterinário. Em relação à saúde humana, a aplicação da biotecnologia é utilizada no desenvolvimento de novas vacinas, hormônios, medicamentos e antibióticos. A biotecnologia é um assunto que atrai a atenção de simpatizantes e opositores em todo o mundo, sendo que muitas vezes o enfrentamento entre grupos divergentes é inevitável. Devemos sempre ter a consciência de que não é o instrumento em si que é negativo ou prejudicial e sim o uso ou destino que damos a ele. Fabrício Alves Ferreira Graduado em Biologia Fonte: Brasil Escola A matéria abaixo foi retirada do site do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) A Biotecnologia está presente em várias áreas como agricultura, agroenergia, saúde, indústria e em outras áreas. Agricultura A agricultura e a biotecnologia se aliaram para tornar o cultivo de plantas mais eficiente. Pragas, doenças e problemas climáticos, por exemplo, sempre foram obstáculos à produção de alimentos. Porém, a engenharia genética permitiu a criação de tecnologias que reduzem as perdas e aumentam a produtividade das lavouras. Esta associação já permitiu o desenvolvimento de espécies vegetais resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas. As variedades geneticamente modificadas (GM) ou transgênicas proporcionam melhoria das práticas de cultivo e incremento na quantidade e na qualidade dos produtos agrícolas, reforçando a renda dos produtores e favorecendo o crescimento econômico. No caso das plantas transgênicas tolerantes a herbicidas ou resistentes a insetos, a vantagem é a facilitação do manejo de plantas e insetos invasores, o que resulta na redução da quantidade de aplicações de defensivos químicos. Já existem vegetais que apresentam estas duas características reunidas e que representam uma alternativa eficiente para os agricultores. Além das vantagens agronômicas, essas variedades favorecem a preservação da biodiversidade e diminuem a necessidade de ampliação da área plantada, com diminuição nas perdas no campo. Cientistas de todo o mundo trabalham também no desenvolvimento de plantas com características complexas modificadas, cuja expressão envolve vários genes, a exemplo da tolerância ao estresse hídrico (seca). O futuro também aponta para a criação de vegetais transgênicos, que contenham propriedades nutricionais melhoradas ou que produzam medicamentos. Alimentação Estima-se que quase 100% dos de todos os alimentos processados contenham pelo menos um ingrediente derivado de soja ou milho, duas das culturas para quais foram desenvolvidas mais variedades transgênicas. Segundo o relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), em 2013 foram plantados 175,3 milhões de hectares com OGMs. No Brasil, que ocupa o segundo lugar em área plantada com sementes provenientes da biotecnologia, com 40,3 milhões de hectares, a taxa de adoção da soja e milho GM é de 92% e 90% respectivamente. http://cib.org.br/wp-content/uploads/2014/02/2014_JamesClive_ISAAAExecutiveSummary_Port.pdf Há mais de 25 anos, bactérias, leveduras e fungos GM atuam diretamente nos processos de fermentação, preservação e formação de sabor e aromas de muitas bebidas e alimentos do dia- a-dia, a exemplo de queijos, carnes embutidas, picles, pães, massas, cerveja, vinho, sucos e adoçantes. À medida que os cientistas fazem novas descobertas, outras características e variedades estão sendo incluídas na lista de alimentos transgênicos. O Brasil, por exemplo, se destaca no cenário internacional por ter aprovado a primeira variedade GM de feijão do mundo, desenvolvida inteiramente em uma instituição pública de pesquisa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Esse feijão é resistente ao vírus do mosaico dourado, causador de uma doença que prejudica seriamente a produtividade das plantações dessa leguminosa. Ao redor do mundo, há pesquisas com arroz, banana, beterraba, cana-de-açúcar, laranja, mamão, mandioca e muitas outras plantas. O objetivo é expressar nessas espécies as mais diferentes características a exemplo de outras resistências a insetos, fungos e vírus, tolerância a outros princípios ativos e à seca, além de melhorias em suas composições nutricionais. Aplicações de tecnologias relacionadas ao DNA a investigações científicas, determinação da paternidade, investigação criminal e identificação de indivíduos. Na espécie humana, o material genético é diplóide e se localiza nos núcleos das células constituindo 23 pares de cromossomos. Os gametas, elementos haplóides, apresentam 23 cromossomos. Na fertilização, com a união de um espermatozóide e um óvulo, o número diplóide da espécie é reconstituído na célula ovo. Assim, sem exceção, nos indivíduos da espécie, cada progenitor contribui com 23 cromossomos na formação de cada um dos seus descendentes. Como os cromossomos são elementos formados por ácido desoxi-ribonucleico (DNA), observa-se, na espécie humana, que o DNA é herdado quantitativa e qualitativamente, na proporção de 50%, de cada um dos progenitores. A tipagem humana através do conhecimento da estrutura do DNA, a mais moderna metodologia aplicada mundialmente na identificação humana, tem como berço experimentos realizados há menos de 20 anos, quando, em 1985, Jeffreys e colaboradores descreveram a ocorrência no genoma humano de regiões hipervariáveis caracterizadas por apresentarem seqüências nucleotídicas repetidas “in tandem”. Estas observações levaram à constatação da ocorrência de um polimorfismo de tamanho de fragmentos de restrição (“RFLP-restriction fragment lenght polymorphims”) quando da digestão do DNA por enzima de restrição, cujo sítio de ação se localiza nos limites das repetições “in tandem”. As regiões hipervariáveis do DNA podem ser devidas à trocas de seqüências de nucleotídeos e tem como conseqüência a criação ou eliminação de sítios para enzimas de restrição. Este tipo de polimorfismo do genoma pode ainda ser decorrente da inserção ou deleção de nucleotídeos ou de segmentos de DNA em posições aleatórias da molécula. Por qualquer desses processos, são gerados fragmentos alélicos de tamanhos diferentes. As diferentes seqüências do DNA contendo unidades repetitivas “in tandem” se caracterizam como alelos codominantes que são transmitidos à prole de modo mendeliano. O avanço dos estudos demonstrou a ocorrência de um número significativo de seqüências que se repetiam “in tandem” em diferentes cromossomos humanos. O conhecimento da sequência de nucleotídeos que compõem a unidade que se repete em um locus VNTR possibilita a detecção do mesmo, e a determinação do seu tamanho,através de uma sonda molecular específica. O conjunto de alelos de loci VNTRs é específico para cada indivíduo, com exceção de gêmeos univitelinos. O polimorfismo verificado em regiões constantes do genoma humano, denominadas de VNTR (Variable Number of Tandem Repeats), foi desde então aplicado na identificação humana individual específica. A análise do polimorfismo de tamanho das seqüências VNTRs do DNA humano pode ser procedida a partir de quantidades tão pequenas quanto 0,1 – 1 mg da macromolécula. Nos anos que se seguiram, estudos realizados por diferentes grupos levaram à descoberta no DNA genômico de outras seqüências hipervariáveis, cujas unidades repetitivas eram significativamente menores quando comparadas às VNTR. A detecção de tais seqüências, denominadas de STR (Small Tandem Repeats), em amostras de DNA humano é dependente de amplificação pela técnica de PCR. Os fragmentos de diferentes tamanhos detectados após amplificação de diferentes loci STR produzirão um conjunto de alelos ou perfil alélico específico para cada indivíduo. Para a análise de DNAs preparados a partir de sangue ou semem desidratados, ossos, bulbo capilar, saliva, pele, esfregaços anal, oral ou vaginal, por exemplo, são requeridas amplificações por PCR de seqüências STRs tendo em vista ainda a, muitas vezes, diminuta quantidade de DNA (ordem de nanogramas) e o alto grau de degradação das moléculas de DNA. A comparação do perfil alélico de uma amostra biológica com aquele de um suspeito determinará se ele foi ou não o “doador” daquela amostra biológica. Desta forma, a tipagem por DNA de amostras biológicas coletadas em cenas de crime, de restos mortais, etc. passou a ser utilizada mundialmente para dar suporte à investigações criminais. No início da última década, o DNA mitocondrial, molécula de DNA extra-nuclear presente apenas nas mitocôndrias, passou a fazer parte do arsenal biotecnológico utilizado para a identificação humana. O DNA mitocondrial é uma herança exclusivamente materna. A molécula contém 16.569 pares de bases e foi completamente sequenciado por Anderson e colaboradores em 1981. Através desta mais recente metodologia, um indivíduo pode ser identificado através da comparação do seu DNA mitocondrial com aqueles de seus parentes genéticos maternos. Investigações através deste tipo de DNA consistem em sequenciar e comparar as regiões hipervariáveis HVI e HVII do DNA mitocondrial de evidências biológicas e de indivíduos referências à luz do conhecimento da sequência padrão publicada por Anderson e colaboradores. A análise do DNA mitocondrial é a metodologia de escolha para a identificação humana a partir de ossos e dentes obtidos de restos humanos antigos, investigações criminais onde as únicas evidências são pelos sem bulbos ou quando somente DNA altamente degradado é obtido de evidências biológicas. A metodologia é ainda utilizada em estudos antropológicos e evolutivos. O avanço do conhecimento científico sobre a estrutura da molécula de DNA resultou na geração de ferramentas tecnológicas que se tornaram imprescindíveis na área da identificação humana. As técnicas de tipagem humana através da análise de regiões hipervariáveis do DNA genômico e o sequenciamento do DNA mitocondrial permitem a identificação inequívoca de indivíduos e a exata determinação da origem de qualquer material biológico. A partir da descoberta das regiões hipervariáveis no DNA, investigações genéticas têm possibilitado a resolução de disputas envolvendo direito de família e de nacionalidade. O emprego das inovações surgidas em conseqüência da evolução do conhecimento científico nessa área se estendeu à investigação criminal e, hoje, profissionais com profundos conhecimentos de Biologia Molecular, Genética e Estatística, expertos em identificação humana por DNA, fazem parte dos quadros técnico-científicos de serviços relacionados com a segurança pública em diversos países. Assim, é observado mundialmente o emprego da tipagem humana por DNA como instrumento adicional importante na produção de provas relacionadas com ações de investigação de paternidade, maternidade, crimes sexuais e homicídios, por exemplo, tornando- se de relevante importância para os poderes judiciário e executivo. Nos dias atuais, o emprego desta tecnologia é amplo em processos que envolvem material biológico como evidência, visto que, devido ao seu alto poder discriminativo, é possível vincular ou não suspeitos a diversos tipos de crimes. Aspectos éticos relacionados ao desenvolvimento biotecnológico. Biotecnologia e bioética As questões que se discutem no presente estudo de forma alguma pretendem ser postulados contrários aos avanços da biotecnologia. Afinal, como enunciou o Professor Jeremy Rifkin em sua obra O Século da Biotecnologia: “Quem não aprovaria os extraordinários avanços vindos dos laboratórios de biotecnologia ?(1). Ocorre que se de um lado as novas tecnologias ligadas à manipulação do DNA (combinação de genes) prometem o alcance a um melhor modo de viver, de outro existem questões não respondidas que nos remetem a medos e inquietações, mormente porque várias delas devem ser submetidas a tratamento jurídico, para, ao menos, oferecer segurança social face às conseqüências que podem causar. Essa questão nos remete à necessidade de monitoramento e reflexão a respeito da chegada da biotecnologia ligada à engenharia genética para que possamos minimizar os riscos das gerações futuras. Tal monitoramento deve ser efetivado através de uma ampla discussão a respeito dos aspectos éticos ligados a utilização das descobertas biotecnologicas. O presente trabalho procura, ao tratar dessas novas descobertas refletir sobre as questões éticas a elas pertinentes. Alguns segmentos da comunidade científica preocupam-se com esse aspecto ou seja, nos termos do pensamento do italiano Giovanni Belinguer, em seu “Questões de Vida. ética ciência e saúde”, existe consolidada uma preocupação com a carência de regras internacionais, a par das guidelines de alguns Estados, a respeito da experimentação e aplicação do DNA recombinante, em contrapartida, adverte que as leis com validade internacional, ao seu ver, serão permissivas e consensiosas da possibilidade de se patentear novas espécies vivas, tal discussão somente foi aberta nos EUA devido ao inequívoco interesse das empresas biotecnológicas e à vista da proibição de se patentear, em Países europeus, organismos superiores tais como animais domésticos. Há, portanto, uma já evidenciada carência de regras internacionais na experimentação ligada à clonagem de seres humanos e ao patenteamento das formas vivas, alguns podem até alertar para existência de farta documentação, porém, o que nos preocupa relativamente às regras jurídicas que têm como objeto a clonagem e o patenteamento de genes é a ausência de sistematização com a conseqüente generalização para delimitar as obrigações dos Estados em face desta questões científicas. É evidente, como proposto por Jamis Roze, que as descobertas biológicas, pela riqueza que apresentam, merecem reflexão pelo Direito, posto que é a partir delas que se observam fenômenos mundiais sociais e portanto jurídico-políticos, tais como os paradígmas de superioridade racial, cultural, econômica e religiosa, que constituem obstáculos sociais, no mais das vezes artificiais, que vão refletir no mundo jurídico e nas relações entre os Estados. O paradígma da superioridade científica é paralelo ao da superioridade econômica, ambos possuem viés político que pode ser fator deformante nas relações estatais por impedir, de acordo com Jacques Maritain, a agregação de valores positivos nas relações internacionais atravancando a busca por um humanismo integral. Nesse momento cabe introduzir enfoque ético e jurídico que o tema exige. A Bioética, segundo Belinguer, é termo utilizado como referência aos problemas éticos derivados das descobertas e da aplicação das ciências Biológicas. Devemos então partir de questões práticas a respeito das novas descobertas na área de biotecnologia. São elas: A possibilidade
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