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Política de Seguridade Social (Previdência, Saúde e Assistência) Autor: Paulo Sergio Matoso, João Aloncio Pereira Machado Tema 01 A Linguagem no Campo do Direito seç ões Tema 01 A Linguagem no Campo do Direito Como citar este material: MATOSO, Paulo Sergio, MACHADO João Aloncio Pereira. Política de Seguridade Social (Previdência, Saúde e Assistência): A Linguagem no Campo do Direito. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 01 A Linguagem no Campo do Direito 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • O processo de transformação da realidade efetiva em realidade conceptual. • A constituição da realidade por meio da linguagem que admite que aquilo que não pode ser dito não existe. • A linguagem em uma abordagem do direito. • A linguagem e o sistema na perspectiva do Direito Positivo e da Ciência do Direito. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Contribuições para a Seguridade Social – À Luz da Constituição Federal, da autora Fabiana Del Padre Tomé, editora Juruá, 2002, Livro-Texto N°. Roteiro de Estudo: Paulo Sergio Matoso João Aloncio Pereira Machado Política de Seguridade Social 6 Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Como transformar a realidade efetiva em realidade conceptual? • No processo jurídico, o que pode ser considerado real? • Quais as formas de comunicação no campo do Direito? • Como entender os processos de linguagem e o sistema no campo do Direito Positivo e da Ciência do Direito? CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA A Linguagem no Campo do Direito Caro(a) aluno(a), sobre a obra Contribuições para a Seguridade Social: à luz da Constituição Federal, a autora Fabiana Del Padre Tomé conduz a todos pelos caminhos dos fundamentos constitucionais e das contradições doutrinárias na disciplina jurídica. Esta seção introdutória delimitará o tema e a metodologia adotada, ou seja, o financiamento da seguridade social será tratado. Trata-se de um tema bastante complexo, uma vez que para a compreensão da realidade não há limites. Nesse sentido, Tomé (2002, p. 21-22) “traça a Semiótica a distinção entre o objeto imediato e o objeto dinâmico: o primeiro é o objeto tal como está representado no signo; o segundo, o objeto que está fora do signo, determinando-o”. A relação entre esses dois objetos, apesar da proximidade, não existe, ou seja, é “assintótica”. Se houver uma intenção de aprofundar o estudo sobre esses objetos, a autora sugere a procura de “novas informações por meio da experiência colateral”, não ficando restrito a apenas um aspecto desta relação. 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Toda experiência tem base em uma referência sistematizada, e vale aqui o dito popular de Lavoisier: “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Logo, para Tomé (2002, p. 22), “todo conhecimento pressupõe um modelo, um sistema de referência, que deve necessariamente ser indicado”. Ainda assim é fundamental realizar um “corte metodológico” e de fácil entendimento, uma vez que é a metodologia que contribuirá com as questões estruturais da linguagem no campo do direito. Feito o corte metodológico, será priorizado o debate em torno das normas da ordem jurídica, principalmente aquelas relacionadas ao “financiamento da seguridade social”. Para uma melhor compreensão, serão trazidos para o centro do debate conteúdos relacionados à “Filosofia do Direito e à Teoria Geral do Direito”, no sentido de, como sugere a autora, “reconhecermos a norma jurídica, para, depois, efetuarmos sua análise e descrição” (TOMÉ, 2002, p. 23). Neste processo, o conhecimento ocorre por meio da linguagem, e, portanto, não pode haver limites nesta comunicação. Para Tomé (2002, p. 24), “a linguagem não cria efetivamente o mundo, mas sim, a sua compreensão”. É por meio da linguagem que o mundo se abre e, assim, torna-se possível acessar efetivamente objetos físicos, transformando a realidade do entorno em conhecimento. Essa linguagem, segundo Tomé (2002 apud FRANCO, 2011, p. 24), “surge como forma de transformar a realidade efetiva em realidade conceptual, sendo que apenas esta é objeto do conhecimento”. A autora ainda argumenta que “o conhecimento pressupõe a existência de um conceito; o conceito pressupõe a existência de linguagem; o conhecimento pressupõe a existência de linguagem”. A linguagem cria a realidade no sentido de que aquilo que não pode ser dito não existe. Este é um assunto interessante, uma vez que a existência ou não de determinado objeto só importa se sua autossustentação for determinada pela linguagem. Tomé (2002 apud CARVALHO, 2011, p. 26) admite que “a realidade social é constituída pela linguagem da realidade social, sobre a qual incide a linguagem prescritiva do direito positivo, juridicizando fatos e condutas, desenhando o campo da facticidade jurídica”. Um fato só existe se for possível contá-lo, caso contrário, ainda que haja provas do acontecido, seus efeitos jurídicos tornam-se sem efeito. O inverso também pode ocorrer: não havendo o fato, mas sua descrição, para a justiça, “estará constituído”. 8 A linguagem é composta por “signos”, e, para tanto, é necessário que estes estejam organizados “de forma que sirvam à comunicação”. Tomé (2002 apud FALCÃO, 2011, p. 27) afirma que “entende-se a linguagem como sendo o uso dos sinais que possibilitam a comunicação, isto é, o conjunto dos sinais intersubjetivos”. Entender o significado da linguagem é pressuposto para entender o “conhecimento científico” e seus métodos. Neste caso, a linguagem é um conjunto de palavras, gestos, imagens, e, portanto, é por meio dela que as pessoas se expressam. É verbalizada, quando se utiliza da palavra (escrita ou falada), e não verbalizada, quando se utiliza de outras formas de comunicação, por exemplo, placas e sinais. É a capacidade do indivíduo de comunicar-se. A linguagem, para o direito, é de suma importância, uma vez que o objeto desta ciência só pode ser apresentado neste formato de comunicação. Os fatos jurídicos existem porque na linguagem prescrita do direito se pode contar. Um recurso que deve ser lançado mão neste processo é o da semiótica que, para a autora, apresenta-se em uma relação entre a palavra (falada ou escrita), o objeto e seu significado individual e a ideia ampla da significação deste objeto referido. Essa linguagem não está isenta de ruídos que dificultam a comunicação, e, por isso, uma análise criteriosa se faz necessária. Para Tomé (2002, p. 29), “a ambiguidade é um caso de incerteza designativa, ocorrendo quando coexistirem dois ou mais significados relativamente a uma única palavra”. É fundamental o cuidado com as terminologias, e para a Ciência do Direito é imprescindível conhecer a linguagem, principalmente em todos os seus limites e desafios. Quando se analisa o sujeito é que se consegue diferenciar a linguagem do Direito Positivo da linguagem da Ciência do Direito. O Direito Positivo tem relação com a técnica, enquanto e a Ciência do Direito tem com o científico. Segundo Tomé (2002, p. 33), percebe-se uma contribuição valiosíssima da semiótica aos dogmas jurídicos, quando são apresentados dois discursos, ou seja, só assim “é possível o estudo, pela Ciência do Direito, das proposições prescritivas do direito positivo, sem que se faça qualquer confusão entre ambas”. Para entender o sistema do Direito Positivo e o sistema da Ciência do Direito é preciso fazer uma parada estratégica e conceituar o que é sistema. Na literatura, sistema é todo um conjunto de elementos interligados, formando uma organização. É um ajuste, uma combinação que forma um conjunto. No sistema, tudo é funcional, ocorrendo uma comunicação entre seus componentes. Há uma sinergia, o que faz com que se cumpra com eficiência a finalidade do LEITURAOBRIGATÓRIA 9 sistema. Para Tomé (2002,p. 34), “qualquer sistema implica elementos, relação e unidade”. No Direito Positivo, há “lacunas e contradições” entre seus componentes, fazendo com que haja uma nova interpretação de sua conduta. Já na Ciência do Direito, o que é relevante é a “coerência entre suas unidades”. LEITURAOBRIGATÓRIA LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo Direito e Linguagem: os entraves lingüísticos e sua repercussão no texto jurídico processual, de Daniel Roepke Viana e Valdeciliana da Silva Ramos Andrade. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, 2011. Disponível em: <http://www.fdv.br/publicacoes/ periodicos/revistadireitosegarantiasfundamentais/n5/2.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014. Este artigo ampliará seus conhecimentos sobre a relação entre Direito e linguagem, os entraves linguístico-gramaticais e sua interferência na compreensão textual, dificultando o andamento processual. Vídeos Assista ao vídeo: Programa Tema Jurídico Facisa – Linguagem Jurídica e Juridiquês. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Jb4puIahpC0>. Acesso em: 02 jan. 2014. O Programa Tema Jurídico entrevista a Professora Euda de Araujo Cordeiro, do Curso de Direito da Facisa e discute a linguagem jurídica e as possibilidades de mudança. 10 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: No processo de ampliar o conhecimento, argumente, com suas próprias palavras, os pressupostos iniciais sobre linguagem e tipologia no campo do direito. Vale a con- sulta em sites e documentos que possam auxiliá-lo(a) neste conhecimento prévio. Questão 2: O termo Semiótica foi utilizado no texto para traçar a distinção entre o objeto ime- diato e o objeto dinâmico. Assinale a res- posta correta: a) Semiótica indica a ciência dos sintomas em medicina. b) Semiótica indica a doutrina dos sinais. c) Semiótica é a teoria geral dos signos, a disciplina que estuda os elementos representativos no processo de comunicação. d) Semiótica é a doutrina de todos os tipos possíveis de signos sobre a qual se funda a teoria dos métodos de investigação utilizados por uma inteligência científica. e) Todas as anteriores estão corretas. Questão 3: Nas alternativas a seguir, marque (V) para Verdadeira ou (F) para Falsa: AGORAÉASUAVEZ 11 a) ( ) A relação assintótica ocorre quando os objetos imediato e dinâmico nunca se tocam. b) ( ) A experiência colateral consiste na procura de outros signos que tragam dife- rentes informações sobre o objeto dinâmi- co, sabendo que este último jamais poderá ser capturado na sua integralidade consti- tutiva. c) ( ) A ciência não é obrigada a ter um método. d) ( ) Todo conhecimento pressupõe um modelo, um sistema de referência, que deve necessariamente ser indicado. Questão 4: Relacione a 1ª coluna com a 2ª coluna: I - Sintática II - Semântica III - Pragmática ( ) Analisa o vínculo do signo com seu sig- nificado. ( ) Estuda os signos relacionados entre si. ( ) Ocupa-se da relação entre os signos e seus usuários. Questão 5: Ter por base a descrição ou interpretação dos elementos mais simples pertencentes ao objeto, com a finalidade de resolver a problematização a partir do estudo dos ele- mentos decompostos desse objeto é o con- ceito de: a) Método. b) Método analítico. c) Realidade objetiva. d) Direito positivo. e) Vaguidade. Questão 6: O direito admite e reconhece como reais apenas os fatos constituídos na forma lin- guística. De acordo com o texto, como é constituída a realidade social no caráter constitutivo da linguagem? Questão 7: Tomé (2002) cita a obra de Raimundo Be- zerra Falcão, que discorre sobre o proces- so de linguagem e sua composição. Que conceito de linguagem o autor traz? Questão 8: A Semiótica apresenta três dimensões, identificadas no texto por: sintática, se- mântica e pragmática. Para além dessas dimensões, no âmbito jurídico, podem ser observadas e estudadas de outra forma. Explique esta afirmação. AGORAÉASUAVEZ 12 Questão 9: Considerando a ambiguidade como um caso de incerteza designativa, ocorrendo quando coexistirem dois ou mais significa- dos relativamente a uma única palavra, cite exemplos de como a ambiguidade pode se subdividir no processo de linguagem jurídi- ca? Questão 10: A norma fundamental, em um sistema nor- mativo, exerce a mesma função dos pos- tulados de um sistema científico. A autora cita a obra de Norberto Bobbio. Como ele define postulados? AGORAÉASUAVEZ 13 Neste tema, você aprendeu como transformar a realidade efetiva em realidade conceptual. Viu também o que pode ser considerado real no processo jurídico. Entender o significado da linguagem é pressuposto para entender o conhecimento científico e seus métodos, mas principalmente entendê-los no campo do Direito Positivo e da Ciência do Direito. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO TOMÉ, Fabiana Del Padre. Contribuições para a Seguridade Social: à Luz da Constituição Federal. Curitiba: Juruá, 2002. REFERÊNCIAS 14 Ambiguidade: que pode ser tomado em mais de um sentido. Assintótica: é o método de descrever o comportamento de limites. Intersubjetivos: no campo jurídico, ocorre quando existem dois ou mais indivíduos com interesse recaindo sobre um mesmo interesse. Linguagem: refere-se à capacidade humana para aquisição e utilização de sistemas de comunicação. Métodos: é o caminho para se chegar a um fim. Semiótica: é a teoria geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas de significação. Signos: é uma coisa que é usada, referida ou tomada no lugar de outra coisa. GLOSSÁRIO 15 Questão 1 Resposta: Linguagem é tudo aquilo que se refere à capacidade humana para aquisição e utilização de sistemas de comunicação. Pode ser semântica e sintática, ou seja, na primeira deve se considerar cada objeto na sua totalidade, permitindo eficácia na aplicação da lei, enquanto que na sintática determinado termo pode ser analisado somente pelo uso de regras gramaticais. Questão 2 Resposta: E Questão 3 Resposta: a. V; b. V; c. F; d. V Questão 4 Resposta: Resposta: II – I – III Questão 5 Resposta: B Questão 6 Resposta: É constituída pela linguagem da realidade social, sobre a qual incide a linguagem prescritiva do Direito Positivo, juridicizando fatos e condutas, desenhando o campo da facticidade jurídica. Questão 7 Resposta: Entende-se linguagem como o uso dos sinais que possibilitam a comunicação, isto é, o conjunto dos sinais intersubjetivos. GABARITO 16 Questão 8 Resposta: O plano sintático consiste nas relações hierárquicas, de coordenação, subordi- nação, fundamentação e derivação das normas; o semântico, nas conexões entre o texto normativo e as normas jurídicas, bem como nas acepções dos vocábulos jurídicos; e o pragmático, no relacionamento da norma com seus emissores e destinatários Questão 9 Resposta: Pode ser homonímia, como é o caso do termo “manga”, que designa uma fruta ou uma parte do vestuário; apresentar-se sob a forma de polissemia, quando um mesmo termo designa significados conectados metaforicamente (é possível que a palavra “pesado” refira-se a um livro, a uma tonelada de ferro ou a uma pessoa cansativa); ou, ainda, ser do tipo processo-produto, quando a palavra fizer alusão tanto a uma atividade como a seu resultado (o termo “contrato” pode designar o ato de contratar ou os documentos resultantes dessa atividade). Questão 10 Resposta:Os postulados são aquelas proposições primitivas das quais se deduzem outras, mas que, por sua vez, não são deduzíveis e são colocados por convenção ou por outra pretensa evidência destes. GABARITO
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